<?%&*¦ ^^L ^^V'x.^^ g «^ ^élSSf|,Sf&;^ v-lEDICÇÍO, IDMINISTRIÇiO E OFFICINAS 16—Praça da* Independência—17 LADO DA *VENÍDA l6 DE NOVEMBRO, EM BELÉM fe, \ • TBLEPHONE.433 ESTADO DO mi—ESTADOS UNIDOS DO BRASIL ASSIGNÃTURIS PARA A AMAZÔNIA Semestre i6$ooo Anno 30$ooo Pagamento, assim de assignaturas como de quaesquer publicações, adiantado. Absolutamente imparcial, a FOLHA DO NORTE recebe e publica todos è quaesquer artigos, noticias e informações, comtanto que lançados em termos convenientes. ASSIGNATURAS PARA FORA DA AMAZÔNIA Semestre 208000 Anno 385000 NUMERO AVULSO DO DIA 120 RS. NUMERO ATRASADO . . . 50O » QUARTA-FEIRA, 22 de Abrilde 1896 Alvares Cabral descobre.o Monto 1'asclioal (lõOO) Anno I ú Num. 113 -3 Recebem-se publicações até ás 8 horas da noite. Idylli.o á ingleza A cása-fde moradia do dr. Morisson, coíi- sul de sua/iriagestade, a graciosa rainha Vi- ctoria, ficava;-a-duas- léguas de distancia da : nossa capital; indõ-se pelo trem-dos subuf- bios."""' ¦tzgpr1' A magnífica propriedade, assente n'um local hygienico, tinha o grandioso aspecto de xm\ palacete encantado.tal era o molde archi- tectonico nao filiado a modelo conhecido, mas farto de estatuas de relevos, com uma porta artística de ferro, vinda expressamente jaara o edificio, assim como uma escada do mes- mo metal. Notava-se no capricho ad Itoc preparado o. artista de raça, que sente e executa. A sua galeria de quadros era soberba ; os seus bronzes, • lindíssimos, sendo um gosto apreciar o mais insignificante bibelot. Enorme jardim â moderna rodeava a ha- bitaçaoV ...*:s. . , >¦ Contornando ò espaço plantado degran- •des tabpleirosde relva, uma cerca simulan- do bordas dé cestas com tufos de roseira e arvores isoladas, onde a araucária apresenta- va vários tamanhos,-assim como as magno- lias cobertas de flores,que perfumavam o am- biente. Aqui e além,, bosques mysteriosos de camelias e arvores diversas, Onde os passa- ros teciam ninhos . . . Acolá, canteiros de margaridas, zinias e saudades; - mais adiante immenso terreno culto com jasfnins e madresilvas, emquanto, isolada pelas ruas arenosas, ora largas, já es- treitas, uma cabana coberta de sapê, con- vidava a delicioso retiro d'alma, toda com- municativa ante aquella flora tropical, profusa de cascatas, de olhos d'agua rebetando por entie as pedras, a lavarem tremulas as raizes dás" palmeiras, das avencas e das sambam- haias. A melopéia dos ares murmurava cadências dé harmonia. Um verdadeiro encanto, esta tarde brasi- léira, com deliciosos tons dourados a tingi- rem a encosta dos morros, espelhando-se n'um lago de luxuosa vegetação, águas cal- mas ligeiramente tintas de azul, onde mira- vam-se ondulantes os bambuzaes e á noite, n fulgor das estreitas.. . a^t^giu Por uma álea de sabugueiros em flor, com os ramos miúdos, formando delicioso docel de verdura, um casal muito joven, caminha- vá n'um tê/e-â-tíle amoroso. .,.- Ella, parecia uma dessas walkrias ideaes com os seus cabellos louros e olhos cor de anil; elle alto, esbelto, bigode fino, perfeito typo degentleman, vestido de flanella branc-, chapéo de palha grossa com fita preta pas- sada, ramo de violeta na botocira,.posta j>e- Ias próprias mãos da recem-rasada, que "es- - tava ruborecida por aiguma cousa que elle lhe dizia muito bàxinho .... E lentamente, ajnorosamcirte, entraram na cabana, emçaanto uma senhora aha e secea acompamado uma moGiahí^e^djezer,, seis annos, stguida de um grandjfeaô^nègrb -ferptrdo', pàaíTa"'ã7l?fiêJíáTràt'" te nos ouvidos o doce ruido dáfflíít Beijo, —Crê,- miss Lucy, que a July sejaSeTOpre1 . amada? perguntou a mais velha á sua jovem companheira. —Talvez, Mary; se ella souber graduar o seu amor. —Como ? ... Como ? . . .. —Trabalhando para nao arrefecel-o. O amor nüo se cifra unicamente na união ma- trimonial que une os seres; no amor, ha sem- pre um casal, isto é, dois entes que se esti- mam, que se comprehendem, que gostam de estar juntos, que sentem necessidade de nao estarem sós, de se communicarem, desde que o coração liga á suave interprete das grandes syrnpathias, como 6 também dos grandes ódios. Nós as mulheres, nao pode- mos deixar de amar até mesmo a mais in- significante cousa que oecupe detidamente a nossa imaginação, por ser isso devido á nossa constituição physiologica. A nossa alma photographa em si quadros que, uma vez' impressos, jamais se apagam. Tu, por exemplo, já vives pelo coração, como eu tenho vivido. —Sim ! .... o coração! . . . murmurou, sa- cudindo a leviana cabeça, emquanto o cao lhe fazia festa, alongando o pescoço para as mãos cahidas ao longo do lamber-lhe corpo. —Eis a prova do .que avanço, confirmou miss Lucy, designando o animal. Elle afag i- -te por instineto, retribuindo-te o affecto. A' nossa alma é mister actividade e constância afim de obter triumpho nas virtudes que a elevam tao alto. Nella, como no coração, impera a doçura, o amor e o culto do de- ver. '—E póde-se chegar nesse caso ao mais completo aperfeiçoamento ? —Sim, minha querida, com o cultivo das- dores, que oxalá jamais solhas, respondeu, ao passo que olhava em "direcçao ao lago que lhes ficava á vista, emquanto os noivos, embebidos na sua lua de mel, atravessavam o jardim em caminho da habitação. Q sol descia aos poucos; fresca aragem balouçava o bambuzal. Desprendendo o bote, a professora e.a discípula fizeram-se ao largo, batendo os re- mos na agua brandamente, n'um rythmo compassado, quebrando a monotonia das águas . . . O animal debruçou-se na borda, revendo no remanço das águas a nobre cabeça avel- ludada, firmado nas patas dianteiras. IONEZ SAIU NO. ^\.e>m.& Descartes NO 3.° CENTENÁRIO DO SEU NASCIMENTO Car òien qiCil soil vrai que choque hotnme e.U oÒliçtf de procurer, attinnt qu'il est eu Ini, te bien des aulrrs, et que rVj/ propretnent *)ie valotr rien que de nyitre utile à Personjte, toutefois il est vrai aussi que vos soins se doiveut rtendre pias loitt que le tetnps prê&cnt et qu'il est òon d'oinetl/e les clioses que apportcraient peut t*tre quelque profit à eeu.v qui vivent, torsque. c\est à dessein d'snfaire d\iutres qui en itpportent davantage à nos neveu.v. DESCARTES — Discoura d» Ia mcthod». A Singer Vibrante dá doz contos do róis a quaJquor das suas rivaes quo se apresento como igual ou melhor. PELO EXTRANGEIR-0 ITÁLIA : As autoridades foram forçadas a tomar providencias para evitar manifestações de desagrado por oecasião do regresso de Ba- rãtièri. Por esse tempo, dizem telegrammasu. a opinião cada vez mais se accentuava con-' tra a paz; todos querem a continuação da guerra até que Menelik seja vencido. —Por oecasião cia discussão do credito solicitado ao parlamento pelo novo gabinete Rudini, pedio a palavra em Monto Citorio o jleputado Sanguiliano, que combateu em termos enérgicos a idéa do abandono do território africano pelas forças italianas alli em operações, verberando ao mesmo tempo O tratado de paz, que se pretende concluir com Menelik, por julgal-o humilhante para a Itália. Tara que a altivez desta nao soflra, será necessário, segundo o orador, continuar d guerra e submetter o inimigo á custa mesmo vílnr .mm> ,n/>.nasos sa cri fi cips. —O marquez de Rudini, presidente do conselho de ministros, cumprindo a pro- mossa que fizera ao general Moccnni, ex- ministro da guerra do passado gabinete apresentou á câmara dos deputados docu- •fêSiíi^-SS^SS. com;probatórios de que o jf. Crispi"jnl^âríxr^gõciáçoír^epã^TOiri,: ¦^-Tft^^tíiíç...^,',^ ,. •"'¦" 'u *, ;,;/**";" ¦¦-¦-Esses-, tíoçü.raentó^sjaó. fôçããráé^' O', -âe-MárçoVér^^'«m quójaindalgériaíoárijeíi gocios da Itália o gabinete transacto. Tao formal desmentido á contestação feita pelo general Mocenni' causou viva im- pressão no seio da câmara. —Na mesma câmara dos deputados, o sr. de Farines pronunciou um discurso em que apreciou e combateu a política do novo gabinete italiano, criticando acerbamente as medidas tomadas com relação ás questões que no momento assoberbam a Itália. ¦ —Na câmara dos deputados, o sr. barão de Sonnino, ex-ministro do thesouro do ga- binete Crispi. depois de referir-se demora- damente á guerra da Abyssinia e ás diffi- cuidados que aflligcm a nação, propoz uma ordem do dia simples, declarando que todos os partidos e facções políticas devem con- graçar-se e alliar-se estreitamente quando se trata da dignidade da pátria. —Apreciando em 20 de Março, em todas as suas minudénciàs, a situação ctitica da Itália e enumerando todas as desgraças que sobre ella se têm accumulado nestes últimos tempos, o deputado Taroni, pronunciou vio- lento discurso, em que responsabilisou a monarchia como principal causadora de to- Cartesius immortal! reformador audaz! Philosopho soldado, o combater te apraz ! Se o braço o glaudio abanda, a pensadora mente Descobre na sciencia um novo gladio ingente, Raio fulminador que desbarata e aterra Os erros que á razão declaram dura guerra! No Methodo, legaste á intelligencia humana O meio de vencer essa opprèssão tyranna, Dos eloü desrçtar da tenebrosa liga ' Que mascara a verdaíe' e a deturpai-a obriga ! Teu gênio glorioso aproximou um dia O calculo isolado então da Geometria! . E claro ficou logo a distineçao exacta Entre a noção concreta e aTelação abstracta! E dessa concepção brotou profusamente Do progresso ulterior a rápida corrente ! Mas, nao paraste áfii, renovador activo, E tentaste, o primeiro, o saber positivo Dispor em um systema audacioso, enorme No qual a natureza inteira se conforme A' lei do movimento e a maehina universal Abranja em seu impulso o impulso do animal! Porém, contradirçao ! excepto o pensamento ! Contradicçao falai ao vasto monumento ! A synthese objectiva empieza é va, precária Em desprender de si um ünico e geral Phenomeno que dê a construcção final! O presentido embora, o raciocínio exerces : Da intuição pessoal nos frágeis alicerces ! Retrograda illusão ! empreza prematura, Como ensinar nos veio a synthese futura, Aquella que condemna e faz um só assumpto Da Physica e a Moral em todo seu conjuneto, Aquella que firmou que só na Humanidade O Mundo se congrega e torna-se unidade!" Descartes, ainda assim e quão grande o teu esforço ! Longe dos que hoje em dia em deprimente escorço Exlranhos ao passado, alheios ao porvir, O morto. Aictotnatisniò intentam resurgir!.,. pusado, viste bem, na impávida sciencia, "A coragem sujeita ao freio da prudência. Aureolado já no pedestal da gloria, Quando Harney descreveu no sangue a trajectoria Tu desvendaste á luz a tròpega rotina, Que cega repelliá a sabia e sa doutrina! Do ser vivo entreviste a. base da estruetura ! Em toda parte, enfim, ò gênio teu fulgura! Cartesius immortal! honra dá* espécie humana ! Sublime precursor da Syntheae que irmana No seio do planèTtí'-,HS *atia$ gerações ! Em teu altar deponha hu"ijJul.3|»oblações ! Saudando o nome teu tres áec^jos através, Vencedor me curvo a teus sagradas"pi* '¦ .-,3 -,3I.d£ftlarçoçle 1806./ ,; -.:^:rr:;r~^v^:"r7»;'í. i (Do~'jartuil dtrtoMytetrjoij.^-' 'v^-í*f~ .: .-¦.:„Lrr::i'.:ijj:^.'- xfira r*-sot'isV ' TK1 dos os males soffridos, terminando por fazer enthusiastica apologia da republica. As palavras do orador provocaram con- testações, protesto e tumulto, obrigando o presidente a suspender a sessão. —No dia seguinte, reaberta a sessão que havia sido suspensa em conseqüência do violento discurso proferido pelo deputado Taroni, o sr. Spirito pedio a palavra para desenvolver uma moção na qual pedia que fosse continuada a guerra na Abyssinia, até a completa victoria das ti opas italianas. O sr. de Martino, que suecedeu ao ora- dor, na tribuna, censurou severamente apo- litica alricana e disse que é tempo de pôr termo a uma lueta inglória para a Itália: o final do seu discurso foi consagrado á ho- menagem que prestava ao valor e heroísmo inexcediveis, de que- deram provas os sol- dados italianos, na África. Aõ terminar a brilhante oração, foi o ora- dor muito applaudido. —A sessão da câmara, em 24, foi assigna- lada por maior agitação do que a caracte- risada nos dias anteriores. A propósito do projeçto que disse ter for- mado o general Mocenni, ex-ministro da guena, de destituir o general Baratieri, logo após o desastre de Amba-Alagi, e chamal-o immediatainente a Roma, travou-se vivissi- ma altercaçao entre aquelle ex-ministro e o deputado Barzilafi. -Este desmentio repetidas vezes e cathego- ricamente o seu antagonista e o general Mo- çenhi invocou, em termos coléricos, diversas testemunhas, em abono das suas alfirmações. O incidente assumio proporções tao gra- ves que o presidente da câmara teve de em- pregar toda a sua auetoridade, para pôr-lhe termo. O general Mocenni negou ter-se referido á retirada do general Baratieri, depois do combate de Amba-Alagi. Disse que o deputado Barzilari, na secre ¦ taria,' recommendou-lhe o empresário Cal, que pedia 200.000 francos de indemnisação pelas perdas soífridas no contracto que ceie- brara com o governo. Tendo-se negado a auetorisar o pagamento de tal indemnisação, propez-lhe elle uma reducç.lo de 13.000 francos, com, a condição de lhe entregai logo 1.000. O deputado Barzilari, ao ouvir estas pala- vras, respondeu no meio de um indescripíi- vel tumulto:—«Recommcndci um "galantuo- mo", mas asseguro que o general Mocenni fallou-me da demissão do general Baratieri.- Mocenni replicou:—«E' falso !» Ao que contestou o sr. Barzilari:—«Mocenni mente; Mocenni ha de amanha dai-me rasaò; hoje nao pôde.» E' impossível nanai a confusão o o chu» veiro de apartes que seguiiam-se.a esta sed- na escandalosa, em que teve de intervir- o presidente da camár» para drenar os am- mos. —Em conseqüência dos insultos trocados bateram-se em duello os dois antagonistas sahindo ferido Barzilari. Ainda por esse mesmo motivo bateram-se os deputados Murátori e Colajani. —Na importantíssima sessão de 21, da câmara dos deputados, na qual foi approva- do por grande maioria, o credito de 140 mi- lhCles de liras pedido pelo governo,'para oc- correr ás necessidades do thesouro publico, ficando assim demonstrado o apoio com que pôde contar o gabinete Rudini, no parla- mento, muitos discursos, mais ou menos vio- lentos, foram pronunciados, todos referentes á política africana, como assumpto de maior preoccupaçao do espirito publico, na actua- lidade. O dsputado Pais, adduzindo largas consi- derações patrióticas, declarou-se a favor do credito pedido, reclamando também um in- querito parlamentar contra o ministério tran- sacto, afim de apurar-se a responsabilidade que lhe cabe, nos desastres que enlutaram a Itália. Luzzatti e Hussi, em calorosas orações, manifestaram-se a favor do abandono da Erythréa pelas forças italianas, no momento que, sensata c honrosamente, parecesse mais opporluno., Pandolfi declarou-se partidário de mna política moderada.e sabiamente retrahida, isto é, a realisaçao restricta da proiílessa que fez o chefe do gabinete, sr. di Rudini, quan. do, apresentando-se á câmara, deu a conhé; cer o seu programma de governo. Tuzzi, em phrase inflammada e enérgica, apostrophando. o governo e accusáhdo-o de- compromeltcr a honra da Itália, reclamou que cessassem as negociações para o tratado de paz, entaboladas com o negus Menelik, medida essa considerada pelo orador como do mais elevado patriotismo. Cavallolti pronunciou eloqüente discurso, interrompido, a cada passo, por àpplausosj exigio como satisfação á opinião publica de toda a Itália,^óflehditla e angustiada, a res- ponsabilidade effectiva e immediàla do sr. Crispi, causador único das amarguras por que ácabãde passar a pátria e dcscjaa^paaí' na Erythréa, t^f!,Hiuu-:;o^^^osf'do,-^o^'- gramma^Mnjüç^.aprèsenâao ao'pàflánieí»tò.! pelo sr.^'Rudini;'chefe do gabinete. Fòrife, disse que;;d'gÒYèrnò ;d««isSi2#rrtfir' . tle prover ás.nec't*sidatle.rdãs colônias ita- ' TT?rn?srsem idéas condemnaveis de exnan- sâ"õ¦ íeriítõriv'. . - ' ' ¦" Pântano reclamou, da tribuna, como pro- va de moralidade e medida de alto pátrio- tismo, que fosse promovida a aceusaçao do gabinete, porquanto nao podem passar im- punes os causadores dos desastres sòfiVidos pela Itália: Cauzi, referindo-se á guerra africana, de- clarou nada mais desejar do que o prestigio nasiohal; que o actual gabinete nao tem o direito de baratear, sem incorrer 0111 crime de lesa-patriolismo. A sessão correu sempre agitadissima e cortada de incidentes, sendo enorme a con- currencia, tanto no recinto, como nas tribo- nas. —Para os fins as março estabelecera-se um aimisticio tácito entre osbelligerantés da Erythréa.« Entrcmentcs continuavam de negociações de paz em que figurava o major Salsa. —A falta d'agua sensível no acampamen- lo italiano obrigara os seus chefes a trata- rem amistosamente com os naturaes do.paiz. —A viagem do imperador Guilherme era esperada com viva ãnciedade.4 .- Pormenores sobre ella, noutra edição. >í TIM-TIMPORTIM-TIM Nao me leve a mal,seu Ulysses, 0 que vou* referir-lhe, se acaso. v. ainda náõ sabe; li com estes meus olhos que a terra fi ia e o mareia- no hao de comer. —Trata-se ?. .. —D'uma carta escripla da Europa, ao sr. Quintino Bocayuva, redactor d'O Pai:. Um discípulo do grande republicano es- creve-lhe: «As decepções que os republicanos têm ex- perimentado iio Brasil sao, pouco mais ou ' menos, iguaes, semelhantes, idênticas ás que sofireram todos áquelles que, sinceramente, sem arriêre-pensee, trabalharam, lutaram e se sacrificaram poi. if, _. „..,",73 popular, grau- diosa e humanitária. Quando o amigo fez a Republica, quantos - sinceramente republicanos, quantos altruisti- camente denodados encontrou ao seu lado ? •E poucos dias após, quantas deserções, quantas casacas viradas, quantos páos de dois bicos !••> —Oh! seu Lucas, isso é peior que nome.;-. desculpe alguma má palavra. E' verdade que elle diz isso, naturalmente referindo-se lá ao- sul. Se elle viesse aqui, ao Pará, reformaria — logo o juizo. Sim, porque o-que en digo está dito. Aqui todo mundo era republicano ; á excepçao do conselheiro 'Pito,do dr. Bricio e mais uns seis ou sete. E' verdade que alguns protestaram quando souberam da revolução de 1,5 de Novembro, assim como digamos o sr. Virgílio Sampaio, o nosso amigo'tenente coronel Pedro da Cunha, mas esse mesmo porque tinha obrigação de defender o impe- rador, pois era moço fidalgo... —Este linha obrigação, barro essa. Se elle estivesse lá no Rio, já aqui nao está quem w$. fall.çm, ou se o imperador estivesse aqui. —Ah ! isso sim ; olhe o noaso amigo Cu- nha puxando os batalhões patrióticos de "Jlndiahy, Caraparú, Tavassuhy, Guajará- assu....'¦'''¦•."-.' —Verso? ! —Quasi. Diga-inc cá, seu Lucas, n'um ,d'esses batalhões o Ernesto iniçlez era oi li- •cjal }. . ¦—Tcnonte-ajudante. se me faz favor. —K que fim ha d'elle ? Crei' 1 que o M erielil; o arrebanhou para a Abyssinia ou está reformado. Escute mais este pedacinhodo epistolograplio: «O que nos lem faltado," e isso desde o go- verno provisório, é energia, é a perfeita con- viççiSip de que se não pôde levar a efieitn uma revolução social (evolução?) como a de So; com agua tio llôr d.: laranjeiras e mel do abelhas. O que nos falta é um governo forte e corajoso, bastante confiante na estrella do Brasil, na sua riquesa, na su.\.puianearegia7-" sua completa independerícTa^âas' oiitfásíià- '- 4f#ea.:K!-.-p - ¦ "¦¦ . ,.-•.• ',--• -.¦..„__„;-. ...;t , r—Lá isso, nao.tanto. Olhe quo no tempo --.. do" Flonaho..; hitm;^^.;^;^-*-^ '->~v*t" ..íi^Masífiw-tao poíico... porque vordade, verdade : o Brudente é frouxo, é dos taes flor tle laranjeira. Se nos pilhamos um Cas- ¦iilhpsna presidência da Republica... —;Atjuõii'é'ryniriViti do Rio_Guuute j - __ —Ora cale a bocea, que \\*na'osabeo'que eslá dizendo, homem... Se nao fosse elle o Silveira Martins ainda eslava a fazer estral- latlas no sul. E v. sabe que já tirou-se a lim- po que ellc o que queria era' a volta da mo- narchia... ²Podia queier, mas aqui no Pará é quo nao-arranjava nada. —Quem contou-lhe isso? Todo mundo adhesava, ou desàdhèsavaj que é o que é. —Nao nos julgue tão mal. Aqui no Pará, nao ha n'ionardiisla.1. Faz-se tudo á.i claran. V. nao vio aquelle cidadão que n'uni solici- tado pctlia que se acabasse com o anonv- inato da imprensa ? ²Tanto que devia ter assignado o solici- lado. —Assignou o quê !... Não, que esse ne- gocio de jamegão por baixo de lambadas c conversa fiada... —Mas que tanla gente. .. —Vem ás esmolas : hoje faz annos o Ti- ratlentes. E ninguém fallou no Joaquim Sil« verio tios Reis Montenegro.." - —Ora o diabo tio nome... . t.ucas & ur.vssrís. Folhetim da Folhado Nõrte-22-4—96 (34 LOUIS ÉNAULT GJ--A. SEGUNDA PARTE VTII (Continuação) A pedra que rola para um abysmo sem fundo nio fica menos seguramente subtraiu- da a todos os olhares. Si nao se estiver lá no momento precizo em que ella cahe, cm que algum circulo mobil encrespa tle leveasu- perficie das águas calmas, uma vez que tomou a sua immutavel e sombria tranquillidade, todo o vestígio apaga-se, e nem o mais pe- netranle olhar poderia sondar a profundeza mysteriosa. Nao poderia dar-lhe, por uma mais justa imagem, a idéa das diflículdades que Barinsky .devia encontrar na lueta que cmprehendia com tanta audatia, e que sus- tentou com tanta constância quanto energia, durante mais de dous annos. Dopqis de ter feito em toda Moscow pes-» quizas tao minuciosas que tinha na ver- dade direito de julgar que si Mlle. Vol- guine ahi se achasse, nao teria escapado ás suas investigações, afastou-se de junto de sua irmã. -IX Sem que precisamente houvesse rompi- mento entre elles, sem que, depois de sua primeira explicação, tivessem trocado entre si queixas nemecnsuras, a boa harmonia ti- nha-se turbado entretanto, e a intimidade de sua ligação nao, podia mais se restabelecer: era mais que evidente que doravante haveria sempre entre elles-uma recordação fastidiosa c importuna. Sem qirerer se confessar, um c outro o còmprehèridèrâm; assim essa reso- lução, que aliás havia sido firmemente tomada por Paulo, não foi nada d'esle mundo com- batida por Alexandra; porquanto ella nao podia deixar tle pensar que seu irmão, por um comportamento louco, e tanto mais cul- pado porque lhe tinha revelado de antemão todas as conseqüências prováveis, tinha-a pri- vatlo de umacompanheira cuja ausência mui- to sensível lhe era. Paulo, por sua parte, achava que a irmã tinICi sido muito fria em servil-a; c com uma injustiça indesculpável, era a ella que lançava a culpa de suas pro- ¦prias fatias. Quando chega-se a este ponto, é precizo separar-se. O principe foi aPetersburgo, onde suas primeiras faltas tinham sido esquecidas; a gloria tudo cobre ! a bravura cora que se houvera no Canca«o apagava os últimos ves- tigios do descontentamento imperial: tornou a entrar nas graças. Julgaram que ia reco- meçar seu modo tle vida habitual, e entre- gar-se ás dissipações que o tinham tornado celebre; nao aconteceu, porém, assim. Sahiu pouco, nao recebeu ninguém, surprehendeu a todos pela frieza tle suas maneiras ; a ar-> dente paixão que devorava sua alma tinha-oj transformado; o antigo homem tinha morritío' Durante os dous annos que so seguiram, perdi completamente de vista a Paulo Ba- rinsky. Nao me chegavam, como a toda Mos- cow, senão vagos rumores a seu respeito, e boatos que se contradiziam. Deve compre- hender que diante da irmã não se fallava d'elle. Pretendiam que um personagem de alta posição tinha tentado uma reconciliação entre elle e a mulher, mas que elle não se prestara a isso : também havia transpirado alguma cousa de seus, amores com Mlle. Vol- guine. Ninguém conhecia a verdadeira bis- toria; muitos arranjavam a legenda a seu modo e fantasia, fazendo mesmo certas vari- antes ao texto primitivo; uns, diziam que era uma menina seduzida e abandonada á qual tinha querido voltar, e que o havia rcpellido, e cujos desdéns muito merecidos o tinham desesperado; outros, afiançavam que o objeto d'aquella paixão violenta era uma mulher que tinha sido morta a seus olhos por um ma- rido CÍ030; também se fallava d'uma bella Circassiana apenas entrevista sob as tendas do Caucaso, e por quem em vao suspirava. Paulo deixava-os faliar, nada confessava, nem tio pouco negava, indifTcrcnte «t tudo. Pa- ifl turc rece que otinham aconselhado a viajar pelas capitães européas, onde sao fáceis as dis- tracções; mas, a não ser uma rápida viagem pela Allemanha, elle nao tinha querido dei- xar o solo da Rússia, onde julgava estar a sua amada. Um de meus primos, sentimental por na- tureza, muito joven e portanto bastante en- ti|Çziasta, tinha-se alfeiçoado a Barinsky. De- dicôlHjS^inteiramcnte com o ardor da etlaoe á pesquizã de que o principe tinha feito o alvo de sua vida. Recomeçaram juntos a essa exploração da Rússia, já de uma vez teu- tada inutilmente, confiando-se ao acaso, pois que o calculo de natla tinha servido, indo com vagar, detendo-se onde algum pre- sentimento os induzia a fazel-o, atravessa»- do cidades sem n'ellas parar, e parando em outras.™ Seguia essa caminhada caprichosa desde já muitos mezes quando chegaram a Itieff. « TERCEIRA PARTI. I E' um grande e nobre cidade essa de KieíT, limadas mais antigas entre todas as cidades da Rússia, e celebre por suas magni- ficencias árchitectonicas, desde epocha re- mota da conquista dos Mongóès. Dominando ao longe, o curso do Dnieper, e edificada sobre a montanha que serve de margem ao rio, apresenta aos viajantes um aspecto imponente emajestoso. Berço da po- tencia moscovita, e metrópole da. fé religiosa do Império, a velha capital de Wladimiro o Grande alça aos ares, por entre a verdejan- te vegetação de seus jardins, uma verdadeira floresta de llexas coruscántes, emcimantlo as cupolas douradas. Por toda a parte, sobre o cimo altaneiro de sua acropole sagrada, mis- türam-se, em fraternal uniam, os symbolos d'essas duas grandes cousas que por tanto tempo teem reinado a sós sobre a huinarii- dade inteira: a guerra e a relig'ão. Os estan- dartestlo batalhas estão a lluctuar ao lado dó estandarte da cruz; a agulha cinzelada das egrejas não domina senão tle alguns pés as ameias tias fortalezas; ao lado tias bellas vi- draças coloridas das capellas, avistam-se as setteiras estreitas, que outr'ora deixavam passar a guéla escancarada dos bacamartes ou o comprido pescoço das colubrinas. Desça-se agora até ao sopé da montanha, penetre-se cm suas sombrias profundezas,, e se ha dever, soba aboboda abatida tias erv- ptas a longa fila de sarcophagos venl.es, deíi- tro dos quaes os apóstolos e os martyres dá fé orthodoxa dormem o derradeiro sotntvo I a seu lado, outros morlos, envolvidos em ri- cas roupagens, como múmias egypciàs, dei- xando ver a lace embalsamatla. Ao redor, covas muradas a pedra e cai, fazem virá lem- branca a atroz penitenc ia d'essas victimas voluntárias ri'uma tumba antecipada, para tornar mais agradável a Dons sua morte hor- rivel, no meio do horror das trevas e das torturas da fome! Kief?'« a Roma moscovita, e,como t\ Romn catholica, esta nrífesenta por toda a parte a nossos olhos as imagens da religião; mas de "'Oyligiao terrível; equeparecebem menos consylur os homens do que aterral-os, mos- trando-lhes em seu Deus-um juiz e um algoz e nao um pae . . . Mas. nao é pelo terror que se domina a triste humanidade ! Todas as semanas, quasi tottos os dias chegara u KielI as longas lilás de caravanas que vêm ajoelhar-se em frente aos altares sagrados onde brilha, sem nunca apagar-se, a chamnia tias lâmpadas inystitas, junto ás quaes mor- mura, sem nunca cançar-se, a terna oração. Ahi, no meio tle monges de todas as ordens, peregrino.? tle todas as edades e de todos os sexos visitam as catacumbas, beijam as sàn- tas reliquias^B d'ahi se valiam para sua pa- Iria f .ngtiiuqua com uma fé mais. viva, uma esperançai mais lume, uma caridade mais ar- dente. Não ciam esses, escusa tlizcl-o, os moü- vosTjuc levavam a Kieíf Paulo Bariiitky e seu omipanheiro. O príncipe pouco se importava com reli- quias: sempre tinha preferido um boudoir a lima crvpta, e teria thido muitos monges mor- los por uma mulher viva. Tinha vindo n Kiell como lei ia itio a Qutra parte. Nao estava en- tão resolvido a perseguir assim até ao lim ,|0 mundo, si o fosse precizo,' aquella que era o alvo sempre fugitivo c sempre desejado dç sua vida "' -ií-' Oi segmrj. £