UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA ALIMENTOS FUNCIONAIS E APOIO FAMILIAR PARA O PACIENTE COM CÂNCER Por: Teresa Raquel Tavares Serejo Orientador Maria Esther de Araújo Co-orientadora Giselle Böger Brand São Luís 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL
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DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de células do corpo. Estes podem se diferenciar pela velocidade de
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AVM FACULDADE INTEGRADA
ALIMENTOS FUNCIONAIS E APOIO FAMILIAR PARA O
PACIENTE COM CÂNCER
Por: Teresa Raquel Tavares Serejo
Orientador
Maria Esther de Araújo
Co-orientadora
Giselle Böger Brand
São Luís
2013
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AVM FACULDADE INTEGRADA
ALIMENTOS FUNCIONAIS E APOIO FAMILIAR PARA O
PACIENTE COM CÂNCER
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Saúde da Família.
Por: Teresa Raquel Tavares Serejo
AGRADECIMENTOS
A Deus, a meus pais, aos professores
do curso, orientadora e co-orientadora,
cônjuge, filho e amigos.
DEDICATÓRIA
A Deus e à família.
RESUMO
O binômio dieta-saúde representa um novo paradigma no estudo dos
alimentos. Neste contexto, surge a compreensão de que a alimentação
adequada exerce um papel além do que fornecer energia e nutrientes
essenciais, enfatizando, também, a importância dos constituintes não-
nutrientes, que, em associação, são identificados pela promoção de efeitos
fisiológicos benéficos, podendo prevenir ou retardar doenças tais como as
cardiovasculares, câncer, infecções intestinais, obesidade, dentre outras. Os
alimentos funcionais são alimentos que provêm à oportunidade de combinar
produtos comestíveis de alta flexibilidade com moléculas biologicamente ativas,
como estratégia para consistentemente corrigir distúrbios metabólicos,
resultando em redução dos riscos de doença. Objetivos: Delinear, na literatura
científica, o papel dos alimentos funcionais na quimioprevenção e tratamento
do Câncer; Analisar o uso dos alimentos funcionais na oncologia; Apresentar
mecanismos farmacológicos por meio dos quais os alimentos funcionais
possam atuar como fator protetor do câncer. Metodologia: Adotou-se a
metodologia de estudo quantitativo em associação à qualitativa, tendo, como o
instrumento de coleta de dados adotado, o levantamento na base de dados
MedLine e Scielo nos últimos cinco anos, recuperando os textos integrais de
todas as metanálises, revisões sistemáticas e reuniões de consenso
envolvendo os alimentos funcionais e prevenção do câncer, utilizando, como
palavras-chaves, alimentos funcionais, câncer, prevenção. Resultados e
Conclusão: Os estudos de análise dos alimentos funcionais devem continuar
sendo realizados com o intuito de esclarecer o verdadeiro papel destes frente
ao câncer e ratificar a importância do apoio familiar e da dieta na abordagem
desta doença, que já é reconhecida, mesmo sendo os componentes
alimentares quimiopreventivos pouco fundamentados.
A metodologia utilizada foi do tipo qualitativo associada à
quantitativa no que se refere ao mínimo de informações necessárias para
subsidiar o presente estudo.
Optou-se pela Revisão Sistemática, onde há a possibilidade de
integrar a informação existente sobre o uso dos alimentos funcionais e o apoio
familiar no tratamento do Câncer através do agrupamento e análise dos
resultados procedentes de estudos primários realizados em locais e momentos
diferentes por grupos de pesquisa independentes, permitindo a geração de
evidência científica na temática que dê suporte na implementação e execução
de diversos programas de saúde.
Nesta perspectiva, o instrumento de coleta de dados adotado foi
levantamento na base de dados MedLine e Scielo nos últimos anos,
recuperando os textos integrais das metanálises , revisões sistemáticas e
reuniões de consenso envolvendo pacientes com diagnóstico de Câncer e
tratamento. Baseando-se nos estudos de Garofolo, A. et al, Miller et al e
Santos e Cruz (2001).
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Câncer 11 1.1. Patogenia do câncer 1.2. Gênese de uma célula cancerosa 1.3 Detecção precoce e diagnóstico 1.4. Fatores de risco 1.5. Espécies reativas 1.6 Estresse oxidativo 1.7. Sistema de defesa antioxidante 1.8. Câncer e o estado nutricional 1.9 Tratamento CAPÍTULO II - Alimentos funcionais 20 2.1 Histórico 2.2 Legislação 2.3 Propriedades Fisiológicas 2.4 Efeito Antitumoral dos alimentos CAPÍTULO III – Apoio familiar 39
CAPÍTULO IV- Resultados e Discussões 42 CONCLUSÃO 47
BIBLIOGRAFIA 55
ÍNDICE 59
INTRODUÇÃO
Na atual conjuntura da saúde do nosso país, muitos questionamentos
surgem a respeito da cura de algumas doenças, entre elas o câncer. Os
cientistas seguem pesquisando e tentando descobrir fórmulas para tratamento
e também para a prevenção da doença.
Neste contexto emergem os alimentos funcionais como alternativa
para quimioprevenção e tratamento do câncer. A literatura sugere que os
fatores dietéticos podem contribuir para a carcinogênese, portanto, a
progressão e controle desta doença parecem estar relacionados aos hábitos
alimentares, consumo de gorduras, carnes, produtos lácteos, frutas e vegetais,
fibras, fitoestrógenos e outros componentes dietéticos.
Na busca da alimentação saudável surge a compreensão de que o
alimento adequado será aquele que exerce um papel além do que fornecer
energia e nutrientes essenciais, o alimento adequado será aquele que poderá
desenvolver efeitos fisiológicos benéficos, podendo prevenir ou retardar
doenças tais como o câncer, doenças cardiovasculares, infecções intestinais,
obesidade, dentre outras.
A importância da dieta na abordagem ao câncer já é reconhecida,
entretanto, os componentes alimentares quimiopreventivos necessitam ser
mais bem fundamentados, além disso ,por se tratar de um problema de saúde
pública que afeta todo sistema familiar, carregada de superstições, anseios e
muito associada a morte, é essencial um suporte familiar para o paciente
acometido pelo câncer; portanto, o tema deste estudo será a importância
alimentos funcionais e o apoio familiar para o paciente com câncer.
A questão central deste trabalho será esclarecer o real papel dos
alimentos funcionais na dieta do paciente e de pessoas saudáveis, de que
forma estes podem contribuir para gerar qualidade de vida, auxiliar no
tratamento e contribuir para prevenção do câncer, bem como esclarecer o
papel da família no contexto do paciente, tendo em vista que a família é a
primeira unidade de cuidado do doente.
O tema sugerido é de fundamental relevância, pois poderá
complementar as diversas pesquisas existentes, além de informar, de forma
concisa, o papel dos alimentos funcionais no controle e prevenção do câncer e
desvelar a relevância da família junto ao paciente.
Já é sugerido na literatura que os alimentos apresentam relação com
a saúde, e os alimentos funcionais por serem alimentos com a capacidade de
combinar produtos comestíveis de alta flexibilidade com moléculas
biologicamente ativas acabam sendo estratégia para consistentemente corrigir
distúrbios metabólicos, resultando em redução dos riscos de doenças e
manutenção da saúde.
São, portanto, objetivos desta pesquisa, apresentar mecanismos
farmacológicos por meio dos quais os alimentos funcionais possam atuar como
fator protetor do câncer ; analisar o uso dos alimentos funcionais na
oncologia; atualizar profissionais de saúde envolvidos com a Oncologia
sobre as novas possibilidades de quimioprevenção do Câncer; analisar o papel
da família na recuperação do paciente oncológico.
O primeiro capítulo abordará o câncer, patogenia, gênese de uma
célula cancerosa, detecção precoce, diagnóstico, fatores de risco, estresse
oxidativo, sistema de defesa antioxidante e estado nutricional.
O segundo capítulo por sua vez, abordará os alimentos funcionais,
significado, legislação, importância, propriedades fisiológicas, tipos de
alimentos funcionais, efeito atitumoral dos alimentos.
O terceiro capítulo irá explanar sobre a importância da família no
contexto do paciente acometido pelo câncer, pretendemos revelar qual o
verdadeiro papel da família para o doente em tratamento e internação.
Por fim, no quarto capítulo serão apresentados os resultados e
discussões, neste capítulo confrontaremos alguns estudos com resultados
significativos e não significativos para nossa pesquisa.
CAPÍTULO I
CÂNCER
O CONCEITO
As várias células do corpo humano dividem-se pelo processo
chamado divisão celular, em condições normais esse processo é controlado,
ordenado e responsável pela formação, crescimento e regeneração dos
tecidos.
“Câncer é uma doença caracterizada pela multiplicação e
propagação descontroladas de formas anômalas de nossas próprias células“
(RANG, 2003, p 789).
Essas células dividem-se rapidamente e tendem a ser muito
agressivas e incontroláveis, determinando a formação de neoplasias malignas.
Por outro lado um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada
de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido
original, raramente constituindo um risco de vida (INCA, 2013). Diversas
situações podem alterar o comportamento natural das células tais como:
Agentes ambientais (poluentes inalados na fumaça do cigarro, raios ultra-
violeta, toxinas ambientais); Agente biológicos (infecção por vírus);
Predisposição genética ligadas à desordens hormonais (MERCK SHARP &
DOHME, 2013).
1.1- Patogenia do câncer
“Células cancerosas manifestam quatro características, em graus
variáveis, que as distinguem das células normais: metástases; poder de
invasão; perda de função; proliferação descontrolada” (RANG, 2003, p 790).
1.2- Gênese de uma célula cancerosa
Uma mutação no DNA, herdada ou adquirida, pode transformar uma
célula normal em uma célula cancerosa. O câncer em si não é herdado, porém
um gene que sofreu mutação pode predispor o desenvolvimento deste.
O desenvolvimento do tumor maligno é um processo múltiplo que
envolve além das alterações genéticas, outros fatores epigenéticos (ação
hormonal, co-carcinógeno, e efeitos de promotores tumorais) que em si não
induzem o câncer, entretanto aumentam a probabilidade da mutação genética
resultar em câncer.
“Existem duas categorias principais de alterações genéticas, que
levam ao desenvolvimento do câncer: ativação de proto-oncogenes em
oncogenes e a inativação dos genes supressores tumorais” (RANG, 2003, p
790).
Os proto-oncogenes, são genes relacionados com o crescimento,
diferenciação e proliferação de células normais, enquanto os oncogenes são
proto-oncogenes ativados através de alterações genéticas causadas por vírus
ou carcinógenos (LOPES, 2002).
Os genes supressores tumorais, também denominados
antioncogenes, são genes capazes de suprimir as alterações malignas
(LOPES, 2002).
Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de
células do corpo. Estes podem se diferenciar pela velocidade de multiplicação
de suas células e a capacidade de invadir tecidos e órgãos vizinhos. São
exemplos destes: câncer anal, oral, de boca, colo-retal, de esôfago, de
estômago, de fígado, de pele, leucemias, linfomas, de ovário entre outros
(INCA, 2013).
Eles podem ser divididos em tumores sólidos e neoplasias
hematológicas. Os tumores sólidos podem ser:
“Tumores do sistema nervoso, formados a partir de células do sistema nervoso; Tumores de células germinativas, formados a partir de células dos órgãos reprodutivos; Melanoma, tumores formados por células pigmentadas da pele; Sarcoma, tumores que se originam das células dos músculos, gordura, ossos, tendões ou vasos sanguíneos; Carcinoma, câncer se origina dos tecidos epiteliais de revestimento, ou a formação das glândulas” (MERCK SHARP & DOHME,2013, p 01).
Já as neoplasias hematológicas podem ser:
- Linfomas: é uma forma de câncer que se origina nos linfonodos do
sistema linfático;
- Leucemias: neoplasia que se origina na medula óssea (INCA,
2013).
1.3- Detecção precoce e diagnóstico
Os exames de detecção precoce da doença servem para detectar a
possibilidade da presença de um câncer e podem contribuir para a redução dos
riscos de morte, pois este quando detectado nos estágios iniciais pode ser
tratado antes de disseminar-se. Os exames precoces não são definitivos,
geralmente são confirmados com exames adicionais.
Dois exames de detecção precoce mais utilizados em mulheres são
o Papanicolau (detectar câncer de colo uterino) e a Mamografia (detectar
câncer de mama). A determinação da concentração sérica do antígeno
prostático específico (PSA) é um exame de detecção precoce comum para os
homens (MERCK SHARP & DOHME, 2013).
A dificuldade do diagnóstico do câncer, esta relacionada ao fato do
câncer ser uma patologia com localizações e aspectos clínico-patológicos
múltiplos, podendo ser detectado em vários estágios de sua evolução
histopatológica e clínica. Ao procurar um médico, o paciente não sabe ainda a
natureza da sua doença e por isso não procura diretamente um especialista.
Setenta por cento dos diagnósticos de câncer são feitos por médicos não-
cancerologistas, o que evidencia a importância destes profissionais no controle
da doença (INCA, 2013).
Para o diagnóstico e determinação de um tipo específico de câncer,
é essencial a obtenção de uma amostra do tumor suspeito, biópsia, para
exame microscópico. Pode ser necessária a realização de vários exames
especiais da amostra para se caracterizar o câncer.
1.4- Fatores de risco
Na epidemiologia, o risco é utilizado para definir a probabilidade de
um indivíduo sem uma doença, e exposto a determinados fatores, adquirir esta.
Os fatores de risco podem ser encontrados no ambiente físico, ser herdados ou
representar hábitos ou costumes próprios de um determinado ambiente social e
cultural (INCA, 2013).
São fatores de risco:
• tabagismo;
• alcoolismo;
• hábitos alimentares;
• hábitos sexuais;
• medicamentos;
• fatores ocupacionais;
• radiações;
Alguns medicamentos (exemplos: clornafazina e do melfalan).
A Hereditariedade também é um fator importante, Algumas famílias
apresentam um risco significativamente mais elevado de apresentar certos
tipos de câncer em comparação com outras .
1.5- Espécies reativas: radicais livres
Os radicais livres estão envolvidos no processo de envelhecimento,
bem como em aproximadamente 40 doenças, entre as quais o câncer e a
aterosclerose, o ataque dos radicais sobre o DNA, RNA e proteínas pode gerar
Licopeno “O licopeno tem ação antioxidante que protege as células contra os radicais livres. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Luteína “A luteína tem ação antioxidante que protege as células contra os radicais livres. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
COMPONENTE ALEGAÇÃO
Fibras alimentares “As fibras alimentares auxiliam o funcionamento do intestino. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Beta Glucana “A beta glucana (fibra alimentar) auxilia na redução da absorção de colesterol. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Frutooligossacaríd
eos
“Os frutooligossacarídeos – FOS contribuem para o equilíbrio da flora intestinal. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Inulina “A inulina contribui para o equilíbrio da flora intestinal. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Lactulose “A lactulose auxilia o funcionamento do intestino. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Psyllium “O psillium (fibra alimentar) auxilia na redução da absorção de gordura. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Quitosana “A quitosana auxilia na redução da absorção de gordura e colesterol. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Fitoesteróis “Os fitoesteróis auxiliam na redução da absorção de colesterol. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Probióticos “O (indicar a espécie do microrganismo) (probiótico) contribui para o equilíbrio da flora intestinal. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Bifidobacterium
lactis
“O Bifidobacterium lactis (probiótico) contribui para o equilíbrio da flora intestinal. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Bifidobacterium
animallis
“O Bifidobacterium animallis (probiótico) auxilia o funcionamento do intestino. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Proteína de soja “O consumo diário de no mínimo 25 g de proteína de soja pode ajudar a reduzir o colesterol. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
estabelecer uma dose adequada, bem como uma freqüência da ingestão.
Hsieh et al. (1998) realizaram um estudo para avaliar os efeitos
estrogênicos da genisteína no crescimento de células mamárias cancerígenas
receptores estrogênio positivas (MCF-7), in vitro e in vivo, demonstrando que a
genisteína agiu como um agonista do estrogênio em ambos experimentos, o
que resultou na proliferação das células malignas e aumento da expressão do
gen pS2, que é estrogênio dependente.
Segundo Padilha; Pinheiro (2004) em revisão bibliográfica, as
evidências científicas relacionam a genisteína à inibição dos fatores de
crescimento sérico e epidérmico de células mamárias normais, quando
comparadas às células cancerígenas. Deste modo, a ingestão de soja pode
prevenir a iniciação do câncer, mais do que inibir o crescimento de células
acometidas previamente existentes.
Alguns estudos sugerem que o consumo de derivados da soja pode
contribuir para a redução na incidência de câncer de mama, cólon e próstata,
em países como a China e o Japão29 (MESSINA, 1994). Estudos
experimentais têm demonstrado que os produtos da soja inibem a
carcinogênese em modelos animais. (POLLARD; LUCKERT, 1997).
Um estudo norte-americano, que avaliou homens adventistas,
demonstrou que aqueles que ingeriam leite de soja apresentavam redução na
incidência de Câncer de próstata em 70% (JACOBSEN, 1998). Apesar da
pouca significância estatística do estudo, o papel da soja na prevenção do CaP
merece estudos adicionais no futuro.
Diante das exposições acima, é necessário avaliar o efeito do
consumo de alimentos fontes de isoflavonas como terapêutica, em virtude dos
seus possíveis efeitos adversos, obtidos especialmente em relatos
experimentais com baixas concentrações destas. Porém, estudos
complementares devem ser estimulados. Além disso, dados recentes não
suportam a utilização de suplementação com isoflavonas (GERBER et al.,
2003).
Entre os micronutrientes mais investigados por sua atuação
quimiopreventiva na carcinogênese, é importante ressaltar o papel do selênio.
No estudo realizado por Assis (2007), foi analisado o crescimento do
tumor experimental de Erlich(um adenocarcinoma mamário de camundongo
Fêmea), uma neoplasia transplantável de origem epitelial maligna, em
camundongos fêmea BALB/c de 8 semanas de idade suplementados com
vitamina E e selênio, demonstrando que o selênio não levou a uma redução do
crescimento tumoral. Porém os animais inoculados com tumor de Ehrlich e
tratados com dieta suplementada com vitamina E, apresentaram uma redução
no crescimento do tumor, devido a uma maior ativação das células imune e o
maior índice de apoptose de células tumorais.
Nesse estudo o selênio utilizado foi a selenometionina(selênio
orgânico), que não é muito efetiva na inibição de tumores quimicamente
induzidos quanto o selenito de sódio (selênio inorgânico). Em uma revisão
escrita por Milner (1984), o autor relata alguns estudos utilizando tratamento
com selênio e tumor de Ehrlich, em que o selênio foi capaz de retardar o
crescimento tumoral. Porém a forma utilizada do selênio nesse estudo foi o
selenito de sódio (selênio inorgânico)
A dosagem também pode ter influenciado para o resultado negativo
do selênio. No estudo foi administrado por via oral 25 µg/dia de selênio que
corresponde a 1µg/g de peso do animal.
Em um trabalho que avaliou várias doses de diferentes formas de
selênio, foi constatado que sob a forma de selenometionina somente foi eficaz
em uma concentração de 2 µg/g de peso, que é superior a quantidade utilizada
no estudo (ASSIS, 2007).
Em outro estudo realizado nos Estados Unidos, que analisou o
selênio e a incidência do câncer, constatou um significativo efeito protetor do
selênio sobre a incidência do câncer de próstata, embora o efeito foi restrito
àqueles com menor base PSA(antígeno prostático específico) e concentrações
plasmáticas selênio (DUFFIELD-LILLICO et al. ,2003).
Existe um ensaio clínico prospectivo, randomizado e duplamente
cego, patrocinado pela National Cancer Institute (NCI) norte-americano,
denominado SELECT, cujo objetivo é analisar o papel do Selênio, bem como
da vitamina E na prevenção do câncer de próstata em homens sadios, mais de
35000 homens estão participando desse estudo que esta acontecendo em
mais de 400 locais nos Estados Unidos, Porto Rico e Canadá.
CONCLUSÃO
As evidências epidemiológicas estão continuamente providenciando
recomendações para que as pessoas aumentem o consumo de frutas e
verduras como medida preventiva para reduzir os riscos de diversas doenças
degenerativas. Existem altíssimas correlações de efeitos benéficos de
nutrientes essenciais, ou não, que podem modificar processos celulares, com
seus efeitos fisiológicos protetores.
Diante dos dados mostrados, pôde-se verificar que os alimentos
funcionais produzem efeitos benéficos ao organismo, porém na
quimioprevenção e tratamento do câncer o que se percebe é que não há um
consenso científico.
Provavelmente o tipo de câncer, o estágio de desenvolvimento, o
agente causador, as particularidades de cada paciente, a heterogeneidade da
população estudada e as características de cada nutriente como
biodisponibilidade e concentração da dose, podem ter influenciado os
resultados dos estudos apresentados.
Por sua vez, a família apresenta-se como peça fundamental no
processo de tratamento e cura do paciente enfermo, ajudando na adesão do
paciente ao tratamento e também podendo tornar o ambiente hospitalar mais
familiar.
O caráter de proteção à saúde está ligado à redução dos riscos de
doenças e outros agravos, o qual poderá ser atingido, pela implementação
programática de uma série de medidas. Os alimentos funcionais, objeto deste
trabalho, não devem ser confundidos com “alimentos mágicos” ou com
medicamentos tradicionais. Sendo uma área de estudo importante, é
necessário um maior número de pesquisas sobre as substâncias
biologicamente ativas contidas nesses alimentos para que se possa determinar
seus efeitos benéficos com mais exatidão e quantificar as doses máximas e
mínimas que podem ser ingeridas pela população, a fim de oferecer eficácia
sem oferecer riscos de toxicidade e avaliar os efeitos colaterais através do uso
prolongado.
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