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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA HIPERATIVIDADE X INDISCIPLINA Por: Tarna Morena do Nascimento Leal Pontes Orientador Prof.ª Solange Monteiro Rio de Janeiro 2014 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL
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DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

May 07, 2023

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Page 1: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

HIPERATIVIDADE X INDISCIPLINA

Por: Tarna Morena do Nascimento Leal Pontes

Orientador

Prof.ª Solange Monteiro

Rio de Janeiro

2014

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

HIPERATIVIDADE X INDISCIPLINA

Apresentação de monografia à AVM

Faculdade Integrada como requisito parcial

para obtenção do grau de especialista em

Psicopedagogia.

Por: Tarna Morena do Nascimento Leal

Pontes

Page 3: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

AGRADECIMENTOS

À minha família, por sua capacidade de

acreditar em mim e investir em mim.

Mãe, seu cuidado e dedicação foi que

me deram, em alguns momentos, a

esperança para seguir.

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DEDICATÓRIA

Este trabalho é dedicado às pessoas que

sempre estiveram ao meu lado pelos

caminhos da vida, me acompanhando,

apoiando e principalmente acreditando

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RESUMO

O presente trabalho tem o objetivo de esclarecer o que é hiperatividade,

através de análises e pesquisas recentes sobre o assunto. Após essa definição

é feito um paralelo entre Hiperatividade e Indisciplina, onde serão pontuados

casos claros onde a Indisciplina é tratada como Hiperatividade e vice-versa.

Além disso, são usados alguns recursos poéticos que expressam os valores

tradicionais familiares que contribuem diretamente para os casos de

indisciplina. Fazendo uma reflexão sobre as principais causas da Indisciplina

em crianças e adolescentes. A pesquisa conta também com algumas

entrevistas de pais e professores que lidam diretamente com casos

confirmados e não confirmados de Hiperatividade e indisciplina. Busca-se a

opinião deste e sugestões para o melhor tratamento ao portador de TDAH.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada para o desenvolvimento da pesquisa consiste

em análise de livros, jornais e revistas no primeiro capítulo onde o assunto

discutido e o que é Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH),

quais suas principais causas, como tratá-lo e conta também com a opinião de

alguns profissionais especializados nessa área.

Após essa definição conceitual a respeito do problema busca-se uma

reflexão sobre o que é Hiperatividade e o que é Indisciplina? Qual a atitude dos

pais? O que deve ser feito em nesses casos?

Buscou-se apoio também em entrevistas a pais e professores que

convivem com essa realidade cada vez mais constante em sala de aula.

Page 7: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE (TDAH) 10

CAPÍTULO II

INDISCIPLINA 21

CAPÍTULO III

HIPERATIVIDADE OU INDISCIPLINA? 32

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40

ÍNDICE 42

ANEXO 1 43

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8

INTRODUÇÃO

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH),

segundo Goldstein (2006), é um distúrbio que atinge cerca de 3-5% dos

indivíduos durante toda a vida. Em se tratando de Brasil, a epidemiologia de tal

transtorno, em estudos mais recentes, aproxima-se destes valores.

Apesar de haver uma profundidade grande de estudos sobre o tema,

esse assunto ainda é pouco conhecido e divulgado, e o número de indivíduos

afetados acaba sendo subestimado, afinal, muitos pais não buscam auxílio e o

diagnóstico fica comprometido ou não é feito.

Este transtorno, por vezes, acaba por ser responsável pelo

desestruturamento familiar, uma vez que a família, por não busca auxílio

profissional, comumente trata o portador de TDAH simplesmente como

malcriado, levado e indisciplinado, um erro grave, que pode comprometer o

desenvolvimento destes indivíduos.

Segundo um artigo publicado no jornal British Journal of Psychiatry e

divulgado em um site sobre hiperatividade, as crianças que possuem TDAH

são, na verdade: "criativas, trabalhadoras, energéticas, calorosas, inventivas,

leais, sensíveis, confiantes, divertidas, observadoras, práticas”. Potenciais

facilmente alcançados quando são tomadas medidas necessárias ao

tratamento.

Lidar com a criança com TDAH requer, compreensão, aceitação do

problema e tratamento especializado. Sendo assim, é de grande valia que o

diagnóstico seja feito precocemente e para tal é indispensável o conhecimento

sobre o assunto e atenção dos pais, parentes e dos profissionais inseridos no

contexto educacional e formação intelectual destas crianças.

Assim sendo, o presente trabalho tem o objetivo de esclarecer o que

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é hiperatividade, através de análises e pesquisas recentes sobre o assunto.

Após essa definição é feito um paralelo entre Hiperatividade e Indisciplina,

onde serão pontuados casos claros onde a Indisciplina é tratada como

Hiperatividade e vice-versa. Além disso, são usados alguns recursos poéticos

que expressam os valores tradicionais familiares que contribuem diretamente

para os casos de indisciplina. Fazendo uma reflexão sobre as principais

causas da Indisciplina em crianças e adolescentes. A pesquisa conta também

com algumas entrevistas de pais e professores que lidam diretamente com

casos confirmados e não confirmados de Hiperatividade e indisciplina. Busca-

se a opinião deste e sugestões para o melhor tratamento ao portador de TDAH.

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Capítulo I

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE

ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE (TDAH)

1.1- O que é TDAH?

Ao nascer cada criança desenvolve seu caminho e sua

personalidade agindo e pensando de forma única. Recebe influência direta de

seu círculo familiar e assim começa o desenvolvimento de sua personalidade.

Ao observar crianças em fase de crescimento interior e exterior nota-se que

elas possuem aptidões, habilidades e temperamentos diferentes. Desta forma

cabe a instituição familiar a formação integral deste pequeno ser, para que este

possa alcançar seu potencial e se tornar um adulto virtuoso e seguro. No

entanto, com as mudanças ocorridas na sociedade, a instituição familiar

transforma seus valores básicos e fundamentais, relegando ao ambiente

escolar a educação das crianças. O poeta Gibran Khalil Gibran escreve um

poema de 1926 que enfatiza o papel das mães na construção do ser.

Ser mãe é ajudar o filho a largar a chupeta e a mamadeira. É leva-lo para a escola e segurar suas mãos na hora da vacina. Ser mãe é se deslumbrar em ver o filho se revelando em suas características únicas, é observar suas descobertas. Sentir sua mãozinha procurando a proteção da sua, o corpinho se aconchegando debaixo dos cobertores. Ser mãe é ler sobre uma tragédia no jornal e se perguntar: ‘e se tivesse sido meu filho? Ser mãe é descobrir que se pode amar ainda mais um homem ao vê-lo passar talco, cuidadosamente, no bebê ou ao observá-lo sentado no chão, brincando com o filho. É se apaixonar de novo pelo marido, mas por razões que antes de ser mãe consideraria muito pouco românticas. Ser mãe é ouvir o filho falar da primeira namorada, da primeira decepção e quase morrer de apreensão na primeira vez que ele se aventurar ao volante de um carro. É ficar acordada de noite, imaginando mil coisas, até ouvir o barulho da chave na fechadura da porta e os passos do jovem, ecoando portas adentro do lar. Ser mãe é aguardar o momento de ser avó, para renovar as etapas da emoção, numa dimensão diferente de doçura e entendimento. Ser mãe é estreitar nos braços o filho do filho e descobrir no rostinho minúsculo, os traços

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maravilhosos do bem mais precioso que lhe foi confiado ao coração: um espírito imortal vestido nas carnes de seu filho. Mãe: a palavra mais bela pronunciada pelo ser humano. (GIBRAN apud ACORDO COLETIVO, 2011, p.1).

Apesar de altamente carregado de emoções, o poema expressa o

que se acredita ser as funções básicas de uma mãe, que é cuidar do seu filho

acima de tudo e de todas as dificuldades que a criança certamente encontrará

em sua formação. Atualmente está em evidência uma deficiência que atinge

grande parte das crianças e adultos em graus diferentes, essa deficiência que

exige paciência e perseverança não só da família, mas também da escola é

conhecida como TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade).

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH),

segundo Goldstein (2006), é um distúrbio que atinge cerca de 3-5% dos

indivíduos durante toda a vida. Em se tratando de Brasil, a epidemiologia de tal

transtorno, em estudos mais recentes, aproxima-se destes valores.

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), de a-

cordo com Poeta (2004), consiste num dos distúrbios comportamentais mais

comumente diagnosticado na infância. A doença se caracteriza por desaten-

ção, tendência à distração, impulsividade e excessiva atividade motora em

graus inadequados à faixa do desenvolvimento da criança. Sua sintomatologia

tem início antes dos sete anos de idade, muito embora a maioria dos indivíduos

apenas seja diagnosticada após alguns anos do início das manifestações, dada

a dificuldade diagnostica ou mesmo a ausência de suspeitas por parte dos cui-

dadores destas crianças. É característica da doença que seus sintomas sejam

observados em diferentes ambientes e situações como em casa, na escola ou

no trabalho. Sim, no trabalho! Pois em 67% dos casos o distúrbio se mantém

na fase adulta, principalmente quando não diagnosticado e tratado.

Comumente o distúrbio só é reconhecido quando a criança ingressa

na escola, pois é o período em que as dificuldades de atenção e inquietude são

percebidas com maior frequência pelos professores, quando comparadas com

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outras crianças da mesma idade e ambiente. Estas crianças mostram-se agita-

das, mudam frequentemente de atividades, apresentam problemas na organi-

zação acadêmica e dificuldade de manter uma relação de amizade com as de-

mais crianças de sua idade. Um excessivo nível de atividade é tipicamente ob-

servado, manifestando-se como movimentos corporais desnecessários, impul-

sividade, assim como antecipação de respostas e inabilidade para esperar um

acontecimento. Dificuldade de aprendizagem, perturbações motoras (equilíbrio,

noção de espaço e tempo, esquema corporal, etc.) e fracasso escolar são ma-

nifestações que acompanham o transtorno hiperativo. Quanto mais estruturado

o ambiente e quanto maior o número de demandas, mais o comportamento

desvia-se do esperado, enquanto que em situações pouco estruturadas e com

baixo número de demandas é menos possível distinguir essas crianças de seus

colegas “normais”.

É sempre importante salientar que essas crianças também são, fre-

quentemente, capazes de controlar os sintomas com esforço voluntário ou em

atividades de grande interesse, sendo o videogame o exemplo mais clássico,

tanto para a literatura sobre o assunto, quanto para os pais e cuidadores des-

tas crianças. Motivo pelo qual muitas vezes a criança é taxada, de maneira de-

preciativa, como “vagabunda”, “preguiçosa” ou “não quer nada com a vida” por

exemplo.

Pesquisadores americanos afirmam que as sequelas do TDAH atin-

gem de 2 a 2,5% dos adultos, que apresentam falta de atenção, impulsividade,

irritabilidade, intolerância e frustrações. O TDAH é uma síndrome heterogênea,

sendo que a etiologia é multifatorial, dependendo de fatores genéticos e adver-

sidades biológicas e psicossociais. Pesquisas têm relacionado o TDAH a fato-

res genéticos em pelo menos 80% dos casos; se os pais apresentam o trans-

torno, há um risco de duas a oito vezes maior que seus filhos venham a apre-

sentá-lo, o que também ocorre em famílias com transtorno de humor, transtor-

no de ansiedade, dependência de álcool e, provavelmente, transtorno anti-

social de personalidade. Mesmo assim, a psicoterapia tem se mostrado muito

eficiente para o manuseio e tratamento destes indivíduos, contribuindo muito

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para o entendimento desta doença. É, portanto, um problema importante, da-

das as implicações que vão desde dificuldades no desempenho escolar, até

problemas psicológicos e sociais na vida do indivíduo.

Para detectar essa dificuldade é necessária uma análise profunda e

criteriosa que conta com profissionais ligados ao âmbito pedagógico e

terapêutico. O objetivo é tornar esse ser humano seguro e capaz de enxergar

suas possibilidades interiores respeitando suas deficiências. No entanto a tão

falada hiperatividade pode ser associada a simples casos de “má criação”.

Dessa forma, é necessário estabelecer uma rigorosa atuação profissional para

saber exatamente qual o caso em questão. Para tal, esses diversos

profissionais que contam com o auxílio da escola e da família, por exemplo:

devem saber como funciona a desobediência, a dificuldade de aprendizagem,

os problemas inerentes ao ambiente escolar, a organização dos direitos e

deveres da criança, o respeito entre irmãos e familiares, e acima de tudo

manter atitudes positivas para a autoestima das crianças.

TDAH não desaparece na fase adulta, como dito anteriormente,

seus sintomas são levemente diferenciados, sendo os principais o tédio, baixa

autoestima, ansiedade, instabilidade de humor, depressão, dificuldades de

relacionamento, falta de autocontrole, deficiência de memória e abuso de

substâncias. Esses sintomas desde os mais leves aos mais graves trazem

consequências para a vida pessoal, acadêmica, social e profissional. As

consequências desses sintomas podem desenvolver outras doenças ou

estresse fazendo com que adultos tenham uma vida conturbada e necessitem

com maior frequência de tratamento neurológico, psiquiátrico e apoio

pedagógico. Nessas entrevistas é necessário que o profissional tenha acesso

ao histórico do paciente, para que possa identificar o grau desse transtorno,

sendo ideal que aja conversas com familiares, colegas de trabalho e pessoas

do convívio diário. Após essa avaliação adequada é preciso desenvolver um

diagnóstico, verificar a dificuldade de aprendizagem, a existência de outras

doenças neurológicas e dar início ao tratamento com o maior grau de

especificidade em relação ao quadro apresentado por cada indivíduo, tendo em

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vista o caráter heterogêneo da doença.

Essas avaliações devem ser feitas enquanto se é criança, pois desta

maneira haverá um acompanhamento contínuo e fica mais fácil prevenir

problemas ou sequelas dos mais diversos níveis do desenvolvimento

psicossocial nestes pacientes. Caso isso não ocorra, poderá surtir efeitos

altamente negativos na vida adulta. Afinal, a ideia de que “ele está no mundo

da lua” ou “é um desastrado” acaba por dificultar ainda mais esse

desenvolvimento.

Os pais encontram sérias dificuldades quando o filho não se

comporta bem, principalmente fora de casa. Os pais necessitam redobrar a

vigilância com essa criança e muitas vezes desconhecem a presença do

quadro de hiperatividade. Essa criança acaba atraindo para si toda a atenção

da família e muitas vezes, se não houver informação, essa atenção se torna

algo negativo, pois castigos e surras não surtirão o efeito desejado, pelo

contrário, tornarão a situação pior

A maioria dos estudiosos dos casos de hiperatividade a tratam como

uma doença, mas a outros que a veem apenas como um distúrbio,

encontrando dessa maneira uma maior aceitação e confiabilidade por parte dos

pais. Seguindo estas linhas de pensamento, a hiperatividade seria resultado de

um mau funcionamento na área pré-frontal do cérebro, e há também um fator

que é fundamental nesse processo, a hereditariedade. Crianças cujos pais ou

irmãos tenham TDAH correm risco de possuir também esse distúrbio ou

dificuldade de atenção, como já vimos.

Não há uma cura para a hiperatividade, o tratamento é diversificado

e se aplicam de maneiras diferentes nos mais diferentes casos. Sendo assim a

família precisa compreender como tratar adequadamente o hiperativo.

De acordo com pesquisas atuais o melhor tratamento é o uso de

medicamentos somados ao tratamento psicológico. No entanto, cada paciente

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recebe um tratamento exclusivo de acordo com sua necessidade que consiste

em: utilizar a medicação, conversas com profissionais, esclarecimento sobre

hiperatividade, auxílio pedagógico, etc. Seguindo a orientação profissional é

possível que os hiperativos tenham uma vida dentro da normalidade.

É necessário que seja levado em consideração a dificuldade dessa

pessoa, mas também deve-se pontuar suas qualidades, afinal, segundo alguns

tabloides norte-americanos, grandes celebridades e gênios da História são

portadores de TDAH tais como: Whoopi Goldberg, Robin Williams, Thomas

Edison, etc. Caso não seja encontrado um modelo positivo de tratamento ao

portador de TDAH a vida deste pode ser transformada em algo negativo e

totalmente entediante, gerando assim uma série de conflitos e dificuldades de

relacionamentos tanto no ambiente familiar como no social.

1.2 - Atitudes corretas para o portador de TDAH

De maneira geral, agir corretamente, isto é, proceder de maneira

assertiva diante de transtornos psiquiátricos e psicossociais usualmente

esbarram em duas regras. A primeira diz respeito a quando tratar e a segunda

como tratar. Parece simples, mas responder essas perguntas é motivo de

grandes discussões infindas entre os mais renomados autores e especialistas

dentro da área medico-assistencial.

De acordo com a autora do livro Mentes Inquietas, Silva (2009),

baseia sua resposta para a primeira questão baseada na seguinte dialética:

“Conforto X Desconforto”.

Por definição a maioria dos sintomas psiquiátricos ganham

importância, tanto diagnostica quanto clínica de acordo com sua influência na

vida dos pacientes. É importante que haja risco de dano a vida do paciente,

seja físico ou psicossocial (desconforto) para que as medidas terapêuticas

ganhem sentido em ser tomadas. Assim sendo, os próprios indivíduos com

TDAH devem avaliar se sua forma de viver, pensar e agir está lhe

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proporcionando conforto ou não.

Quando lidamos com adultos esta avaliação é sempre mais fácil,

afinal o adulto tem maior capacidade para se auto avaliar ou mesmo prever ou

refletir sobre os resultados de suas ações. No entanto, quando lidamos com

crianças e adolescentes, esta avaliação se torna mais difícil. Faz-se necessária

a ação dos pais, cuidadores e profissionais outros que lidem com estra criança

para identificar a presença deste desconforto. Sabemos que manifestações de

infelicidade ou sofrimento tem suas manifestações conscientes ou

inconscientes, sendo vital a opinião ou o relato dos indivíduos a volta destes

doentes.

Uma vez munidos desta noção inicial, devemos convir que o

manuseio destes indivíduos se baseia em três pilares importantes: informação

e conhecimento sobre o assunto, apoio técnico profissional e terapêutica

medicamentosa e psicoterapia.

O primeiro pilar é autoexplicativo, afinal sem conhecimento e

compreensão nada seria feito, sequer o diagnóstico. Quanto mais se souber

sobre o TDAH, tanto para os profissionais educadores, os cuidadores e o apoio

técnico, mais fácil será a tomada de condutas com estes indivíduos. Não só

conhecer a doença de maneira geral, mas conhecer o paciente no seu âmbito

individual, suas peculiaridades, suas queixas e as queixas de seus familiares,

suas dificuldades, suas frustrações não somente relacionadas a doença, sua

maneira de agir e pensar e seu espectro de doença, afim de elaborar uma

terapia específica voltada para as necessidades do indivíduo. Lembremos que

nenhum tratamento advém de posturas passivas. É necessário buscar sempre

informação, trocar ideia e experiências com outros doentes, conhecer os

remédios, ter atenção aos seus efeitos, compromisso com o tratamento, e mais

que tudo, acreditar em seus resultados.

Escolher o profissional para auxiliar e tratar esses doentes também é

um ponto importante neste tópico. Nem todo profissional é o ideal para todo

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paciente, lembremos que os profissionais também são seres humanos e cada

qual com sua individualidade. É preciso procurar o profissional médico que

mais lhe agrada, com quem o paciente consegue ter uma conversa franca e

aberta, expor seus problemas, suas necessidades, e mais ainda, compreender

as informações dadas pelo profissional. É importante que se escolha um

profissional quem além dessas características, também possua profundo

conhecimento sobre o assunto em questão.

O apoio técnico é sempre de suma importância. Quando surge a

suspeita de doença, seja pelos pais, professores, parentes, cuidadores ou dos

mesmos em uníssono, o médico deverá ser procurado para que se inicie

tecnicamente a busca diagnóstica, uma vez que a procura diagnóstica já se

iniciou após a primeira suspeita e a ansiedades para solucionar a questão já é

motivo de desconforto para o paciente e seus contatos sociais.

De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatística nas Doenças

mentais IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - DSM IV) o

diagnóstico é obtido quando o paciente atende a pelo menos seis dos nove

critérios de um ou de ambos os domínios da síndrome (hiperatividade/

impulsividade e desatenção) em pelo menos dois locais de avaliação distintos,

como por exemplo em casa e na escola. Confere-se assim a classificação de

tipo predominantemente Hiperativo/impulsivo (apenas presentes seis ou mais

dos critérios de impulsividade/hiperatividade), de tipo predominantemente

"Desatento" (apenas presentes seis ou mais dos critérios de desatenção), ou

do tipo "Combinado".

Existem ainda milhares de detalhes a cerca deste diagnóstico que

apenas é preciso quando realizado por profissionais de grande experiência,

mesmo que isso nem sempre seja o suficiente para tal. Feito o diagnóstico, ou

mesmo ainda em fase de confirmação é mais do que hora de dar início a

mudanças no estilo devida destes pacientes.

O apoio técnico nada mais é do que criar uma rotina pessoal que

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facilite a vida do paciente com TDAH, de maneira a compensar, pelo menos em

parte as deficiências causadas pela doença.

Sendo assim, é necessário que os pais acompanhem o

desenvolvimento escolar da criança, orientando-a na realização de suas

atividades, ajudando-o a compreender suas limitações e buscando suas

habilidades. Estabelecer horários regulares de maior produtividade, de

atividade física, repouso, refeições. Organizar estes cronogramas sempre com

a ajuda do filho com TDAH, buscando sua cumplicidade em seu tratamento. No

entanto, para que isso ocorra é necessário que haja um ambiente tranquilo,

organizado, com todo o material escolar em seu devido lugar, de modo que não

seja necessário a criança ficar procurando objetos quando deveria estar

estudando, evitando qualquer forma de distração. A distração da vez deve ser o

aprendizado, a dinâmica do ambiente deve ser voltada para o aprender, na

tentativa de tornar a situação agradável e estimulante. O ambiente deve ser do

agrado da criança, fazendo com que o mesmo sinta-se à vontade, a luz disso,

algumas crianças possuem a habilidade de estudar com a televisão ou som

ligados, outras necessitam do silêncio para se concentrar, cabe aos pais e

outros educadores descobrir o melhor ambiente junto ao seu aluno e garantir

que as tarefas sejam realizadas com êxito. É ideal também que o espaço seja

limpo, sem objetos espalhados. A utilização de um planejamento de ensino e

uma agenda ajuda a garantir que não será esquecida nenhuma tarefa. Guardar

referências que sejam úteis ao ensino da criança. Ter uma pequena biblioteca

em casa é também de grande valia, pois o contato diário com os livros

aproxima e desperta o interesse da leitura, e o mais eficaz é que os pais

reservem um tempo de leitura junto ao filho, estimulando-o a ler e mais uma

vez torne esta experiência dinâmica.

Não é o objetivo deste trabalho entrar em detalhes quanto ao

tratamento farmacológico destas crianças. Sendo assim vamos nos ater a

como proceder diante da necessidade da medicação.

Não somente as tarefas da criança devem ser organizadas, mas

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seus cuidados também. É importante que os horários das medicações sejam

respeitados e as orientações gerais sejam seguidas, sempre buscando a

cumplicidade do paciente em seu tratamento. É importante atentar para efeitos

colaterais que contraindiquem o uso das drogas em questão, que os

medicamentos nunca sejam deixados ao alcance destas crianças, visto que

possuem altos riscos de intoxicação. Após receber o diagnóstico e a conduta

terapêutica não é hora de esquecer do médico e sim de tê-lo como um

companheiro para a vida inteira. As doses e as medicações precisam ser

sempre reavaliadas e os efeitos controlados a fim de permitir que essas

crianças vivam da maneira mais próxima do esperado para sua idade.

Ao contrário do senso comum, o objetivo da psicoterapia não é ir a

fundo das memórias e vivencias destas crianças buscando traumas ou vivencia

negativas, baixa autoestima como causas de seus problemas. O

psicoterapeuta, munido do diagnóstico de TDAH deve proceder de maneira

diretiva, objetiva, estruturada e orientada a metas. Dentre as mais variadas

formas de abordagem psicoterapêutica que preenchem tais critérios.

A TCC é a que mais se destaca. A Terapia Cognitivo

Comportamental (TCC) baseia-se, para a atuação da prática na clínica, em

uma série de teorias que são usadas para desenvolver planos de tratamento e

orientar as ações terapêuticas. Essa abordagem tem como base que o

princípio de nossa cognição controla nossas emoções e comportamentos,

sendo assim, o modo como agimos ou nos comportamos pode interferir em

nossos padrões de pensamentos e emoções. É com este princípio que por

meio da chamada reestruturação cognitiva, isto é, a substituição de crenças,

pensamentos, e interpretações negativistas e disfuncionais por formas menos

depressogênicas ou ansiogênicas e mais baseada na realidade, além de

tarefas de casa, seguir planejamentos feitos junto ao psicoterapeuta com intuito

de gradativamente enfrentar situações consideradas impossíveis para essas

crianças.

Fica claro neste momento que a tarefa não é fácil e fica mais difícil

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quando não existe conhecimento sobre o assunto e/ou bem como negligencia

dos pais ou outros educadores. Embora esta doença possa ser confundida ou

associada a outros transtornos e entidades clínicas ou psicossociais, estas

diferenciações em sua maioria cabem ao profissional médico. Para o leigo e

isso inclui o paciente e seus familiares e professores o aspecto mais importante

é identificar quando algo começou a sair da normalidade e não se trata apenas

de indisciplina. Para tal é importante que desenvolvamos o conhecimento sobre

o que é indisciplina de fato e suas causas não biológicas.

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CAPÍTULO II

INDISCIPLINA

2.1 - Definição

O dicionário Aurélio, de maneira simples, define que disciplina,

dentro de um contexto psicossocial, é o conjunto dos regulamentos destinados

a manter a boa ordem em qualquer assembleia ou corporação, a boa ordem

resultante da observância desses regulamentos ou submissão ou respeito a um

regulamento, caracterizando “indisciplina” como a falta de disciplina. Assim

sendo, na prática, definir o que é ser disciplinado ou não se torna muito difícil,

uma vez que sua definição depende de sua inserção em um contexto

sociocultural. De acordo com a Professora Tervisol (2008):

A questão da indisciplina no contexto escolar é um dos temas que mobiliza gestores, professores, técnicos, pais e alunos de diferentes escolas brasileiras. Entretanto, apesar deste tema constituir-se como objeto de preocupação no meio educacional é de um modo geral, superficialmente debatido. Por falta de uma definição assertiva das palavras disciplina e indisciplina (cada indivíduo tem sua própria definição baseada no meio social e cultural ao qual se desenvolveu) cria-se um discurso impregnado por preconceitos e mitos do senso comum. Estes aspectos se agravam se considerarmos que os trabalhos de investigação realizados ainda são relativamente escassos (TREVISOL, 2008, p.2).

Tendo em vista que, de maneira geral, disciplina se define pelo respeito

e submissão a regulamentos, a entrada no ambiente escolar, em virtude do

contato com novas regras, na maioria das vezes, diferentes das regras do

convívio familiar, acaba sendo o momento onde são mais comuns as

manifestações de indisciplina, principalmente quando levamos em

consideração a grande variedade cultural dentro de nosso país

A indisciplina no ambiente escolar é decorrente de uma série de fatores

tais como, problemas familiares, bullying, TDAH, outros tipos de distúrbio

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neuropsicológico, falta de orientação dos pais e a delimitação e afirmação de

território.

Mas como fazer para diferenciar a indisciplina decorrente de fatores

psicossociais da indisciplina decorrente de doença, no ambiente escolar?

Ao contrário de uma criança indisciplinada, a criança com TDAH sabe

que seu comportamento acarretará em prejuízos e reprimendas (insight), mas o

descontrole de sua capacidade volitiva, traduzida por impulsividade, o priva de

ponderar tais consequências, agindo de maneira inadequada e caindo sobre

ele todas as críticas fazendo com que a criança se sinta “deslocada” e

“defeituosa”, sem que isso culmine em uma futura adequação comportamental.

Para fins de objetividade a criança sem esse transtorno consegue ponderar a

situação se esquivando de resultados ou desfechos insatisfatórios.

O aumento dos casos de indisciplina vem se intensificando de tal forma

que os pais e a escola não sabem como agir e, de fato, não há uma

metodologia infalível que se aplique de uma maneira geral a todos eles. O

resultado é o que vemos atualmente. Pais que afirmam não saber o que fazer

com os filhos, professores em estado de pânico e assim por diante. Sendo

assim o primeiro passo para a discussão sobre a indisciplina é estabelecer um

contanto de qualidade entre os âmbitos escolar e familiar, para que diante de

seus depoimentos seja possível traçar estratégias em uníssono e com caráter

de complementaridade entre os pais e os profissionais de educação.

Alguns autores defendem que os pais necessitam de um maior rigor,

afeto e energia no tratamento aos filhos. La Taille (1996) afirma que:

(...) crianças precisam sim aderir a regras e estas somente podem vir de seus educadores, pais ou professores. Os ‘limites’ implicados por estas regras não devem ser apenas interpretados no seu sentido negativo: o que não poderia ser feito ou ultrapassado. Devem também ser entendidos no seu sentido positivo: o limite situa, dá consciência de posição ocupada dentro de algum espaço social – a família, a escola, e a sociedade como um todo. (LA TAILLE, 1996, p.9).

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Em concordância a essa afirmação os pais necessitam de um

planejamento familiar e educacional durante a chegada dos filhos de modo que

eles possam se adaptar e as crianças já cresçam em um ambiente estruturado

e tranquilo, dessa maneira elimina-se grande parte do problema, afinal a

criança que é indisciplinada por conta dos desajustes familiares já não será

mais se esse ambiente for de estabilidade.

O professor também acaba por permitir que essa “má criação”

oriunda do ambiente familiar se estabeleça na escola, afinal, muitos

professores já estão cansados, desatualizados e desqualificados, esses

profissionais não induzem os seus alunos a reflexão, eles condicionam os

educandos a reprodução do pensamento. Dessa maneira o aluno que possui

vasto acesso a informação deixa de respeitar o professor como uma fonte de

conhecimento, pois as aulas deixam de ser produtivas, não há participação do

corpo discente, eles não veem uma utilidade prática no que diz o professor e

assim as aulas que deveriam ser dinâmicas e interativas acabam por se tornar

algo entediante, abrindo dessa maneira espaço para a manifestação da

indisciplina. É claro que se compreende a situação do professor mal

remunerado, estressado, mas não é esse o foco da discussão no presente

trabalho. O que necessitamos é de medidas que reparem e auxiliem a melhoria

do ensino e, consequentemente, a diminuição dos casos de indisciplina, além

da qualificação do profissional para saber trabalhar com os casos de TDAH,

que muitas vezes não são identificados e não recebem seu devido tratamento.

O processo ensino-aprendizagem coloca o aluno no foco dessa

prática, logo o professor deve mostrar para o aluno as diversas possibilidades

que ele possui, desenvolvendo nele a necessidade de buscar o conhecimento

e não impor regras e conhecimentos que não condizem com a realidade do

mesmo. Afinal a realidade da grande maioria dos alunos é que os pais

trabalham e eles ficam em casa sendo na maioria dos casos responsáveis pelo

seu cuidado pessoal e escolar, então se essa criança, que já possui uma

relativa autonomia, não se sentir motivada a participar ela não o fará e ainda irá

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estragar o que puder. Na escola o aluno liga-se a outros grupos sociais, é

preciso delimitar seu espaço, e nada mais empolgante que “mostrar sua

capacidade” desestabilizando o professor. Este comportamento é copiado e

reproduzido servindo de modelo para outros alunos também indisciplinados.

A maneira como se define indisciplina é o grande problema, pois

está ligado diretamente à contribuição e participação dos alunos no processo

da aprendizagem, a escola necessita também de uma homogeneidade de

pensamento acerca do assunto, é preciso identificar as reclamações dos

educadores e suas habilidades de trabalho. Dessa forma fica claro que precisa-

se estabelecer uma metodologia interna entre a comunidade escolar onde essa

metodologia irá variar de região para região. Logo a criação de método deve

ser feita por cada escola, pois em cada escola há uma infinidade de

pensamento que não são exatamente iguais, então não há uma cartilha a nível

nacional que deva ser seguida nesse caso.

Segundo artigo publicado por Aquino (1998), A indisciplina e a escola

atual:

Uma primeira hipótese de explicação da indisciplina seria a de que o aluno de hoje em dia é menos respeitador do que o aluno de antes, e que, na verdade, a escola atual teria se tornado muito permissiva, em comparação ao rigor e à qualidade daquela educação de antigamente. Esse primeiro entendimento, mais de cunho histórico, da questão disciplinar precisa ser repensado urgentemente. E a primeira coisa a admitir é que essa escola de antigamente talvez não fosse tão "de excelência" quanto gostamos de pensar hoje em dia. Vejamos por quê. Nossa memória costuma aplicar alguns truques em nós. Às vezes, é muito fácil incorrermos numa espécie de saudosismo exacerbado, idealizando o passado e cultivando lembranças de alguns fatos que não aconteceram ou que não se desenrolaram exatamente do modo com que nos recordamos deles. Portanto, se recuperarmos o modelo dessa escola do passado para cotejarmos nossos problemas pedagógicos atuais, precisamos recuperar também o contexto histórico da época, pelo menos em parte. Não é possível trazer de volta aquela escola sem o entorno sociopolítico de então.

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É muito comum nos reportarmos à escola de nossa infância com reverência, admiração, nostalgia. Pois bem, na verdade, essa escola anterior aos anos 70 era uma escola para poucos, muito poucos. Uma escola elitista, portanto. Exclusão, pois, é um processo que já estava lá, nessa escola de antigamente, hoje tão idealizada. Eram elas escolas militares ou religiosas, e algumas poucas leigas, que atendiam uma parcela muito reduzida da população. Perguntemo-nos, por exemplo, se ambos nossos pais tiveram escolaridade completa de oito anos. Lembremo-nos então de nossos avós, se eles sequer chegaram a frequentar escolas! Quanto mais recuarmos no tempo, mais veremos como escola sempre foi um artigo precioso, difícil de encontrar no varejo social. Todos se lembram, ou pelo menos já ouviram falar, dos exames de admissão e, portanto, dos níveis "primário" e "ginasial". Pois é, esse é um bom exemplo de como essas tais escolas de excelência do passado eram fundamentalmente segregacionistas e elitistas, atendendo uma parcela pequena e já privilegiada da população. O exame de admissão representava o que hoje conhecemos como o vestibular para as universidades públicas, já na passagem do primário para o ginásio. Inclusive, vale lembrar que a partir do início dos anos 70 o primário e o ginasial deixaram de existir, dando lugar ao "primeiro grau" (e mais recentemente ao "ensino fundamental"), agora com oito anos consecutivos. Desta feita, oito anos passaram a ser o tempo mínimo e obrigatório de escolaridade - uma conquista e tanto! Além disso, o número de vagas e estabelecimentos de ensino foi ampliado consideravelmente, democratizando cada vez mais o acesso à escola. Entretanto, as conquistas que o povo brasileiro obteve do ponto de vista da democratização do acesso ao ensino formal, com a abertura de novas escolas/vagas e os oito anos mínimos, continuam um projeto inacabado, uma tarefa por se encerrar, uma vez que, decorridas quase três décadas da penúltima grande reforma do ensino brasileiro, ainda não conseguimos fazer valer integralmente essa proposta de democratização lá desencadeada. Outro assim, o grande desafio dos educadores atuais passou a ser a permanência "de fato" das crianças na escola - o que, sabidamente, se consegue apenas com a qualidade do ensino ofertado. Essa é a grande tarefa dos educadores brasileiros na atualidade: fazer com que os alunos permaneçam na escola e que progridam tanto quantitativa quanto qualitativamente nos estudos. Mesmo porque escolaridade mínima e obrigatória é um direito adquirido de todo aquele nascido neste país. E desse princípio ético-político, e também legal, não podemos abrir mão sob hipótese nenhuma.

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Quando conseguirmos fazer com que a cada criança corresponda uma vaga numa escola, bem como condições efetivas para que lá ela permaneça (e queira permanecer) por pelo menos oito anos, algo de radicalmente revolucionário terá acontecido neste país! Contudo, é curioso comparar o contingente da população efetivamente atendido pelas escolas hoje e aquele de antigamente. De certa forma, a porcentagem efetiva de aproveitamento escolar é ainda semelhante àquela de antes. Poucos são aqueles que conseguem permanecer na escola até o final do segundo grau, e menos ainda frequentar uma universidade, consolidando-se assim a famosa mas indesejável "pirâmide" educacional brasileira. Parece, então, que ainda não conseguimos fazer valer aquele célebre artigo da Constituição de 1988, o de número 205, que prega: "educação é um direito de todos e um dever do Estado e da família". É tarefa de todos nós (principalmente os educadores) garantir uma escola de qualidade e para todos, indisciplinados ou não, com recursos ou não, com pré-requisitos ou não, com supostos problemas ou não. A inclusão, pois, passa a ser o dever "número um" de todo educador preocupado com o valor social de sua prática e, ao mesmo tempo, cioso de seus deveres profissionais. Outro dado que precisa ser reconfigurado com certa imparcialidade quando evocamos essas escolas do passado é o fato de que elas eram fundamentalmente militarizadas no seu funcionamento cotidiano. E o que isso significa? Se buscarmos exemplos em nossa memória, veremos isso com clareza: as filas, o pátio, o uniforme, os cânticos, e particularmente a relação de medo e coação que tínhamos com as figuras escolares (que descuidadamente nomeamos hoje como "de respeito"), revelavam um espírito fortemente hierarquizado/hierarquizante da época, desenhando os contornos das relações institucionais. É possível afirmar, então, que essa suposta escola de excelência de antigamente funcionava, na maioria das vezes, na base da ameaça e do castigo - traços nítidos de uma cultura militarizada impregnada no cotidiano escolar daquela época sombria da história brasileira. Estamos nos referindo, é claro, à ditadura militar. Assim, quando constatamos que nosso aluno de hoje não viveu esses tempos históricos obscuros, que ele é fruto de outras coordenadas históricas - e agora estamos nos referindo à abertura democrática -, fica claro que precisamos estabelecer outro tipo de relação civil em sala de aula. É óbvio que uma relação de respeito é condição necessária (embora não suficiente) para o trabalho pedagógico. No entanto, podemos respeitar alguém por temê-lo ou podemos

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respeitar alguém por admirá-lo. Mas, convenhamos, há uma grande diferença entre esses dois tipos de "respeito". O primeiro funda-se nas noções de hierarquia e superioridade, o segundo, nas de assimetria e diferença. E há uma incongruência estrutural entre elas! Antes o respeito do aluno, inspirado nos moldes militares, era fruto de uma espécie de submissão e obediência cegas a um "superior" na hierarquia escolar. Hoje, o respeito ao professor não mais pode advir do medo da punição - assim como nos quartéis - mas da autoridade inerente ao papel do "profissional" docente. Trata-se, assim, de uma transformação histórica radical do lugar social das práticas escolares. Hoje, o professor não é mais um encarregado de distribuir e fazer cumprir ordens disciplinares, mas um profissional cujas tarefas nem sequer se aproximam dessa função disciplinadora, apassivadora, silenciadora, de antes. Em contraposição, boa parte dos profissionais da educação ainda parece guardar ideais pedagógicos que preservam, de certa forma, a imagem dessa escola de antigamente e desse professor repressor, castrador. Muitas vezes, para esses profissionais o bom aluno do dia-a-dia é aquele calado, imóvel, obediente. Será este um bom aluno, de fato? É muito estranho tomar uma descrição do cotidiano escolar do século passado ou do meio desse século, e perceber que as escolas atuais têm um funcionamento ainda parecido, em termos das normas disciplinares, com aquelas escolas do passado. A punição, a represália, a submissão e o medo ainda parecem habitar silenciosamente as salas de aula, só que agora, por exemplo, por meio da avaliação. Não é verdade que muitas vezes alguns professores chegam a ameaçar seus alunos com a promessa de provas difíceis, notas baixas etc? Não será isso também outra estratégia dissimulada de exclusão? O que dizer, então, das expulsões ou das "transferências"? Sob esse ponto de vista, talvez a indisciplina escolar esteja nos indicando que se trata de uma recusa desse novo sujeito histórico a práticas fortemente arraigadas no cotidiano escolar, assim como uma tentativa de apropriação da escola de outra maneira, mais aberta, mais fluida, mais democrática. Trata-se do clamor de um novo tipo de relação civil, confrontativa na maioria das vezes, pedindo passagem a qualquer custo. Nesse sentido, a indisciplina estaria indicando também uma necessidade legítima de transformações no interior das relações escolares e, em particular, na relação professor-aluno. Assim, resta uma questão: afinal de contas, escola para quê? Sabemos hoje que, por meio da exclusão de grande maioria da população, aquela escola do passado não visava, em absoluto, o preparo para o exercício da cidadania. E a escola e o professor de hoje? O que eles visam, a bem da verdade? Qual

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o seu papel e função? São diferentes daqueles da escola de antes? Se assim o forem, quais resultados temos obtido concretamente? Enfim, estamos a serviço ainda da exclusão ditatorial ou da inclusão democrática? (AQUINO, 1998, p.1)

Tomando por base esse fragmento do artigo de AQUINO, Julio

Groppa, a escola demorou a acompanhar a modernização da sociedade atual,

dessa forma ela ficou atrasada em relação a esses novos padrões e

atualmente busca-se estar modernizando a cada dia mais o ambiente escolar,

no entanto os alunos estão sempre a frente nesse processo de modernização,

afinal eles nasceram diretamente conectados a era da Internet ao passo que os

educadores tiveram que se adaptar a essa nova geração tecnológica. O

exemplo disso é que as crianças possuem grande habilidade com celulares,

câmeras digitais e computadores enquanto há pessoas que encontram

enormes dificuldades para executar funções básicas.

Esse grande contato com a inovação tecnológica faz com que a

criança passe grande parte do seu tempo sozinha, pois está sempre conectada

à internet, então a escola é o momento onde ela possui contato físico e real

com outras pessoas. É até natural a exaltação dos mesmos em ambiente

escolar, desde de que não se fira a ordem e a disciplina. Torno a frisar que

cabe a comunidade escolar desenvolver seus métodos de trabalho, que trate

seu aluno de forma única, estabelecendo limites e regras de modo que este

aprenda a respeitar o espaço do próximo e acima de tudo valorize a imagem do

corpo docente.

E a indisciplina não está relegada somente ao aluno, é algo que

atinge e aprisiona todos a sua volta, o professor, a escola e a família. Dessa

maneira os pais e professores precisam servir de exemplo, do contrário nada

que ele diga surtirá o efeito desejado. O educando aprende não só pela

palavra, mas também e principalmente pelo exemplo.

Falar ao mesmo tempo em que o professor, atrapalhando as aulas;

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responder com grosserias; brigar com outros alunos ou mesmo entre professor

e aluno; bagunçar; ser desobediente; não fazer as tarefas escolares é

considerado indisciplina. Mas a sociedade possui novos valores, o conceito de

família não é mais o mesmo, antes as crianças não poderiam se manifestar

enquanto comiam a mesa, hoje raramente encontra-se toda a família para fazer

a refeição à mesa, isso prova que o mundo mudou e a escola permanece com

seus métodos antigos. Dessa forma o comportamento indisciplinado do aluno é

uma resposta a esse comportamento antigo adotado pelas escolas.

O aluno precisa ser considerado no meio ou momento histórico em que está inserido. O aluno que não está integrado ao processo ensino-aprendizagem passa a apresentar comportamentos que causam preocupação à escola, são manifestações que surgem na forma de agitação ou, contrária a ela, comportamentos de apatia e descomprometido. Manifestações pacíficas, quase estáticas, do silêncio e alienação às regras impostas (VASCONCELLOS, 2000). Se a disciplina constitui normas impostas para que haja uma melhoria no ambiente escolar, a anulação ou esquiva do indivíduo da convivência e da manifestação de seu modo de pensar e se expressar nesse ambiente é também uma forma de reagir às normas ou regras, portanto é uma forma de indisciplina. Volker (apud PERIN e CORDEIRO, 2004) define a indisciplina ou a não-disciplina, presente nas escolas hoje, como um posicionamento contrário ao processo educativo, onde o aluno não tem nenhuma vontade de estar na escola, não tem respeito pela escola e nem postura para frequentá-la. (TREVISOL, 2008, p.6)

2.2 - Indisciplina além do aluno

O professor que vem para ministrar sua aula desmotivado, muitas vezes, nem planeja as atividades que serão desenvolvidas, abre o livro texto e pede para os alunos estudarem cada um em sua carteira, contagia sua turma e acaba desmotivando a sala de aula. Sem deixar de considerar o elemento "expectativas" em relação a seu trabalho e a seu aluno, que norteiam todo o entusiasmo ou abnegação da atividade pedagógica. O rendimento dessa sala se vê comprometido por essas atitudes do professor. A indisciplina parece ser uma resposta clara ao abandono à habilidade das funções docentes em sala de aula, porque é só a partir do seu papel evidenciado corretamente na ação em sala de aula que os alunos podem ter clareza quanto ao seu próprio papel, complementar ao do professor (AQUINO, 1998, p.8).

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Podemos dizer que, com uma simples observação prática,

indisciplina gera indisciplina. O professor tem nas mãos as ferramentas

capazes para deixar o seu aluno se desenvolver, criar o anseio de buscar

novos conhecimentos e conquistar além do que se pretendia inicialmente. Todo

esse caminho deve ser trilhado junto ao professor, devendo ao mesmo servir

apenas de suporte para essa busca. O ato pedagógico deveria ser uma

intervenção, porém, com o despreparo para realização de tal tipo de aula, falta

de planejamento, tanto escolar como pessoal e apego a velhos métodos

pedagógicos incoerentes e que pouco surgem efeito atualmente, é inevitável

que o resultado seja a formação de sujeitos dependentes e que não

conseguem construir conhecimento por si mesmos.

O aluno que acaba entediando dentro de sala de aula por indução

do professor, consequentemente reage com desatenção e indisciplina,

envolvendo os outros alunos a desorganização e ao desperdício do tempo de

aula.

A escola necessita também cumprir suas regras e mediar

corretamente às atitudes dos alunos sem favorecimentos ou injustiça. As regras

precisam ser claras e ter como objetivo enriquecer e desenvolver a postura do

aluno, sua formação intelectual, social e cívica a serviço da vida e bens sociais

equivalentes. A supervisão e incentivo aos docentes e discentes é chave

fundamental para o cumprimento do papel da instituição, tendo também como

foco o exemplo a ser dado. Afinal, é senso comum entre estudiosos no ramo

pedagógico que só há aprendizado se há lógica na informação oferecida e não

há logica em cumprir regras, ser organizado ou disciplinado, uma vez que seus

professores ou sua instituição de ensino não o fazem.

À medida que a escola vigia e pune o aluno confirma que sua atitude é irregular e alheia ao esperado por ela, assim, ele assume a posição de excluído e não adequado ao ambiente escolar. (...) À medida que cobra do aluno o respeito, o cumprimento das normas, o bom desempenho, a escola precisa oferecer subsídios para tais práticas. Como um aluno

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irá desenvolver conceitos de justiça e praticá-los se é frequentemente injustiçado e punido, se não é ouvido ou mesmo questionado sobre o que se passa com ele? E o que é pior, na maioria das vezes, a culpa ou a origem dos fracassos e da indisciplina recai sobre o próprio aluno. O sistema escolar isenta-se de suas responsabilidades e desconsidera suas práticas excludentes.( VASCONCELLOS apud TREVISOL, 2008, p.7)

A relação familiar: pais e filhos, mães e filhos é repleta de afetividade o que dificulta a visualização dos problemas e dificuldades de forma ampla, ou seja, para um pai é difícil entender que seu filho possa ter atitudes de desrespeito diante do professor, por exemplo. Assim, a agressividade, a birra, podem surgir dentro do ambiente familiar e são fatores que podem intensificar o aparecimento da indisciplina do aluno na escola.( TREVISOL, 2008, p.8)

A citação acima feita por Trevisol (2008), é crucial para o

entendimento dos pais que não conseguem compreender que os filhos possam

ter atitudes contrárias ao que lhe é passada no ambiente familiar. No entanto

vale lembrar que a escola é o local onde a criança faz contato contínuo com

outras e acabam se influenciando positiva e negativamente.

O filho (a) não deve ser encarado como uma extensão ou mesmo

reprodução na integra de seus pais, a criança é um indivíduo novo e impar e

que necessita ser lapidada com carinho e arte. É preciso que os pais entendam

que seus filhos erram e cabe a eles, com o auxílio dos profissionais de

educação, corrigi-los e não tomar suas dores ou culpar terceiros por seus

erros, entendendo de maneira plena que o erro é esperado e compreensível,

mas a não intervenção/correção justa e disciplinada é inaceitável.

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CAPÍTULO III

HIPERATIVIDADE OU INDISCIPLINA?

3.1 - Em Casa

Em qualquer ambiente é preciso se atentar a três quesitos básicos:

distração, impulsividade e hiperatividade. Não é difícil imaginar ou mesmo

chegar à conclusão de que é quase clássico e inerente ao comportamento de

toda e qualquer criança as três características citadas acima na íntegra. Qual

criança não apresenta falta de atenção em atividades prolongadas e sem

nenhum atrativo especial? Qual criança não é agitada e prefere ficar quieta

sem as correrias de sempre? Qual criança não é impulsiva por natureza e

frequentemente se envolve em situações arriscadas sem avaliar

criteriosamente a situação? É fácil perceber que avaliar estes três quesitos

depende de cautela, atenção e experiência. Afinal, é senso comum que estas

três palavras quase que definem o que é ser criança.

De maneira prática e simples, há uma regra para, pelo menos uma

primeira avaliação da criança com TDAH. A criança com TDAH é sempre MAIS.

Ela é sempre MAIS distraída, MAIS impulsiva e/ou MAIS hiperativa quando

comparada a crianças de mesma faixa etária.

Em seu livro, Mentes Inquietas: TDAH: Desatenção, Hiperatividade e

Impulsividade, a autora Silva (2009) traz dez dicas para dar os primeiros

passos rumo ao diagnóstico de uma criança com TDAH

1. Com frequência mexe ou sacode pés e mãos, se remexe no assento, se levanta da carteira. Não consegue manter-se quieta, mesmo em situações em que se espera que o faça. É o tal ´bicho-carpinteiros`, o ´Prego na carteira`, o ´motorzinho nas pernas`. 2. É facilmente distraída por estímulos externos. A criança TDAH tem a atenção tão dispersa que qualquer estimulo, um barulho, um movimento, a impede de concentrar-se em alguma tarefa por muito tempo. Principalmente se a tarefa for

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obrigatória e não despertar nenhum interesse especial. É muito difícil para ela fixar a atenção no que o professor diz se pela janela vê pessoas passando ou mesmo ouve sons produzidos pelos seus coleguinhas. Sua mente é um radar girando o tempo todo em busca de novidades.

3. Tem dificuldade de esperar sua vez em brincadeiras ou em situações de grupo, além de interromper constantemente os coleguinhas com sua tagarelice excessiva. Aqui, ela assume a figura do ´furão`, ´entrão`, ´abelhudo`, o que dificulta o relacionamento com seus pares, e é vista como uma criança encrenqueira pelos supervisores do colégio.

4. Com frequência dispara respostas para perguntas que ainda não foram completadas. A velocidade de sua língua não consegue se equiparar à de seu cérebro, e tão logo algo lhe venha à mente, ela o coloca em palavras, muitas vezes atropeladamente. Isso é uma consequência da impulsividade. A criança TDAH não consegue parar ou filtrar o fluxo de ideias que eclode em sua mente. E lá vai ela ser apelidada de ´linguaruda` ou algo do gênero.

5. Tem dificuldade em seguir instruções e ordens. A criança TDAH não é exatamente rebelde ou insubordinável. Ela apenas faz as coisas do seu jeitinho e insiste nisso. É quase sempre considerada muito teimosa, a ´mula empacada` da família e da turma. É praticamente certo que ela irá levar essa característica para a vida adulta.

6. Tem dificuldade em manter a atenção em tarefas ou mesmo atividades lúdicas. Sua atenção é fluida, escorregadia e vaporosa durante atividades prolongadas e em série, de caráter obrigatório ou mesmo em brincadeiras de grupo, que envolvam regras. Para uma criança TDAH, isso é tedioso e de fácil dispersão. No entanto, pode subitamente solidificar-se e tornar-se dura como gelo, se determinada atividade for estimulante e atrativa. Um exemplo comum é o videogame. Tais jogos unem estímulos de diversos tipos, de forma sincrônica e simultânea, comumente em grande velocidade. São imagens vivas, coloridas e dinâmicas acompanhadas por sons vibrantes que correspondem às ações empreendidas pela criança no jogo. Muitos pais e/ou cuidadores, ao observarem as crianças entretidas profundamente nesses jogos, sem se lembrar de comer, estudar ou cumprir as tarefas domesticas, concluem que elas são preguiçosas e irresponsáveis. Nada disso! O fato é que as características desses jogos conseguem ativar o cérebro de uma criança TDAH de uma forma que as atividades rotineiras não são capazes, pois não possuem as características dinâmicas necessárias. O grande ´clique` seria unir atividades educativas com meios multimídia.

7. Frequentemente muda de uma atividade inacabada para outra. Esta característica está intimamente relacionada com a anterior. Mesmo quando estão concentradas em uma tarefa ou

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projeto, crianças TDAs costumam pensar em ´n` coisas para fazer. E fazem, mas nem sempre as concluem! Da mesma forma que uma ideia que vem à mente dessa criança é imediatamente é traduzida em palavras, muitas delas também são imediatamente postas em prática. Novamente o filtro falha e a impulsividade ganha terreno. Como acabam fazendo (e pensando) muitas coisas ao mesmo tempo, deixam passar detalhes e cometem erros bobos, em função da desatenção. A ansiedade acarretada pelo fato de terem muitas coisas a fazer contribui para diminuir mais ainda sua capacidade de concentração. Crianças TDAs precisam de muito incentivo e estruturação para levar a cabo suas tarefas.

8. Tem dificuldade em brincar em silencia ou tranquilamente. Imagine uma bola voando entre móveis e peças decorativas da sala, objetos sendo derrubados durante uma corrida e muitos gritos. Imaginou? É isso mesmo . esta assertiva é autoexplicavel.

9. Às vezes fala excessivamente. É bastante comum que uma criança TDAH dê voltas entorno de um assunto antes de conseguir chegar ao ponto; ou que no meio da fala esqueça o ponto e acabe falando sobre outras coisas. Pode ser vista como ´enrolona` por pessoas menos compreensivas. Esta característica está diretamente relacionada ao item 4. Como a criança TDAH é assaltada por um fluxo incessante de ideias e imagens, ela tem dificuldade de ser concisa e objetiva ao falar. É comum que um assunto puxe outro, que puxa outro, e no instante seguinte ela já não sabe mais o porquê do seu discurso ou mesmo o que foi dito antes. É importante que pais e/ou cuidadores e professores sejam compreensivos e aprendam a enxergar o lado divertido dessas características, ajudando a criança a se concentrar no assunto em questão sem que ela se sinta inadequada.

10. vive perdendo itens necessários para tarefas ou atividades escolares. Se a criança é ´avoadinha` e frequentemente se esquece de fazer o trabalho de casa ou de levar o lanche para a escola, fique atento! Podem ser sinais de desatenção e lapsos de memória típicos do TDAH e não necessariamente, irresponsabilidade ou imaturidade. (SILVA, 2009, p. 61-64).

3.2 - Na Escola

Na escola, de maneira geral, é importante que haja conhecimento

sobre o assunto e flexibilidade para lidar com estes tipos de aluno. Não deve o

professor se deixar levar de forma passional pelo comportamento perturbador

destes tipos de aluno, nem mesmo superestimar a prevalência do transtorno

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em sua sala de aula. Nem toda criança com mau comportamento tem TDAH,

bem como nem toda criança com TDAH tem mal comportamento, tendo em

vista os mais variados espectros de manifestação da doença.

Já destacamos que quando inserida nesse novo contexto

ocupacional, a escola, completamente diferente do âmbito familiar, é comum

que tornem-se mais evidentes as características destas crianças. Nesse

momento, além do convívio social com seus pares, a criança é submetida a

uma nova organização social onde seguir regras, atingir metas, ser testado,

corrigido ou gratificado de acordo com a avaliação quantitativa e qualitativa de

suas atitudes é o alicerce principal deste novo meio. Fatalmente esta criança

apresentará dificuldades de aderir a estas mudanças se não bem

acompanhada ou identificada.

Nesse momento a função do educador sobressai e é de suma

importância na vida dessas crianças.

Embora não caiba ao professor a realização do diagnóstico do

transtorno, ele pode suspeitar da doença e, nessa situação, é dever do mesmo

alertar a família quanto à necessidade de procurar assistência profissional

especializada.

Certamente que um professor atento é capaz de perceber a

presença de um aluno com dificuldades de ficar sentado, dificuldades para

seguir ordens, ou mesmo uma criança que literalmente quica pelas paredes da

sala de aula, mas é mais difícil imaginar a existência de uma entidade

patológica quando o mesmo se depara apenas com um discente com déficit em

seu rendimento intelectual. Como vimos, a criança com TDAH não

necessariamente apresenta o quadro de hiperatividade podendo ser

enquadrada num espectro majoritariamente desatento e com a situação atual

de nosso país, com salas superlotadas dentre outros problemas de

infraestrutura e condições de trabalho, nem sempre a atenção necessária é

dada para o aluno com dificuldades de aprendizado apenas. Visto isso ressalto

a importância do estudo constante e do conhecimento destas entidades por

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parte dos profissionais educadores.

Uma vez aventada a hipótese de TDAH o professor, além de alertar

a família deve manter uma aliança regular multidisciplinar além de um bom

vinculo professor-aluno professor-pais. É preciso entender a existência de um

problema, mas a mesma não pode servir como motivo para que haja

permissibilidade em excesso por parte do professor para com a criança. Manter

o aluno por perto, na fileira da frente, longe de distrativos. Elogiar quando o

aluno age com êxito já demonstrou-se mais eficaz do que a atitude puramente

ou prioritariamente punitiva. Estabelecer metas individuais e buscar a

participação do aluno em seu tratamento. Nos dias de hoje a vigência de

tecnologias multimídias são de extrema valia para lidar com esse tipo de aluno,

a tecnologia tem um potencial de recrutar atenção da criança com uma série de

estímulos que costumeiramente não são presentes no cotidiano de uma sala

de aula.

3.3 - Profissional Especializado

A hiperatividade está a uma linha muito tênue da indisciplina, os

sintomas básicos são praticamente os mesmos e o auxílio de um profissional é

fundamental para agir em ambos os casos. A dificuldade encontra-se em

conceituar de modo geral o que é considerado indisciplina e quando o caso for

realmente de Hiperatividade ter o tratamento adequado e até o fim. Como já foi

dito não há uma cura para a hiperatividade, mas há um controle nas ações.

Quando da suspeita de que a indisciplina é fruto de um possível

distúrbio psiquiátrico ou outro fator biológico, ou seja, quando é muito duvidoso

ou discrepante o entendimento para com as atitudes da criança ou,

principalmente, quando o mau comportamento acarreta prejuízo a vida ou

desenvolvimento da mesma, reluz em importância da adequada avaliação

profissional.

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De acordo com Santos (2010), É bem compreendido que o diagnós-

tico do TDAH é fundamentalmente clínico e comumente apoiado em critérios

operacionais de sistemas classificatórios como o DSM–IV-RTM e o CID-10.

(Quadro de critérios diagnósticos para TDAH – Anexo 1)

Os critérios do DSM-IV-RTM envolve a análise da frequência, inten-

sidade, amplitude (persistência em mais de um contexto) e duração (pelo me-

nos seis meses) da tríade sintomática desatenção-hiperatividade-

impulsividade. A desatenção se manifesta por mudanças frequentes de assun-

to, falta de atenção no discurso alheio, distração durante conversas, desaten-

ção ou não cumprimento de regras em atividades lúdicas, alternância constante

de tarefas, além de relutância no engajamento de tarefas complexas que exi-

jam organização. A hiperatividade caracteriza-se pela fala, movimentação diur-

na e noturna (durante o sono) de forma excessiva, dificuldade de ficar sentado,

enquanto a impulsividade envolve o agir sem pensar, mudança de atividades,

dificuldade de organizar trabalhos, necessidade de supervisão e dificuldade do

sujeito esperar sua vez em atividades lúdicas ou em situações de grupo. Estes

sintomas devem ser acompanhados de prejuízos significativos no desenvolvi-

mento do indivíduo (critério funcional), estar presentes em pelo menos dois (cri-

tério contextual) e ocorrer antes dos sete anos (critério temporal, um marcador

não excludente), critérios de difícil avaliação, até mesmo para profissionais ex-

perientes. Mesmo porque, a avaliação destes critérios é extremamente depen-

dente da observação da criança em diversos ambientes, o que nem sempre é

possível ser feito por apenas um indivíduo, seja ele professor, diretor, pai, mão

ou familiares.

A atuação multidisciplinar, tanto para o diagnóstico, como para o

tratamento é crucial para a condução destes casos e cada vez mais a

psicoterapia se mostra eficaz, tanto para o tratamento da doença, como para o

seu entendimento, acrescido ainda de sua eficácia para o manuseio do

indivíduo indisciplinado que não apresenta qualquer transtorno psiquiátrico e

sim psicossocial.

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CONCLUSÃO

A Síndrome reconhecida atualmente como Transtorno do Déficit de

Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma das possibilidades diagnósticas quan-

do nos encontramos diante de queixas referentes ao comportamento discre-

pante daquele esperado para a faixa etária de inteligência, e que acarrete pre-

juízo para o desenvolvimento da criança em diferentes domínios da integração

social.

É extremamente comum que crianças com TDAH sejam taxadas

como puramente indisciplinadas e a ideal atenção para esta doença que aco-

mete cerca de 5% da população não seja dada ou mesmo que a hipótese diag-

nóstica sequer seja aventada. O contrário também é verdadeiro, visto que mui-

tos pais com o fácil acesso a informação disponibilizado pela vigência da inter-

net tendem a associar o mau comportamento de seus filhos a um problema

constitucional, muitas vezes negando ou fugindo de suas responsabilidades

como peças fundamentais no desenvolvimento psicossocial de seus filhos. To-

da criança é desatenta, hiperativa e impulsiva na maioria das vezes, mas even-

tualmente a mesma desenvolve um comportamento a quem do esperado quan-

to ao quesito disciplina para sua idade e devido a inexistência de um divisor

objetivo das águas para a definição de doença e não doença, se faz necessária

uma assistência multidisciplinar para a avaliação e o desenvolvimento destes

indivíduos. Sendo por vezes cruciais a presença de terapias medicamentosas

para o manuseio adequado do quadro apresentado.

Independentemente de a criança ser indisciplinada ou hiperativa ela

pode ser trabalhada de maneira que se sinta útil em seu ambiente, realizando

atividades coletivas que a façam se exercitar e contribuir para o melhor

funcionamento das atividades diárias. Essas atividades devem ser prazerosas

e não devem parecer uma obrigação. Isso fará com que a criança sinta-se

importante e passe a valorizar o seu ambiente zelando e induzindo os outros a

fazerem o mesmo. Ao fazer isso não se deve ficar imaginando um aluno

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padrão, cada qual é livre para agir e é necessário um respeito aos limites dessa

criança, devem-se explorar ao máximo suas qualidades, ressaltando seus

valores individuais e estimulando-os a conhecer os valores do próximo e

respeitá-lo também.

Ainda há muito o que se estudar e buscar entender sobre afecções

da psique humana e para os distúrbios comportamentais isto não é diferente.

No momento a tendência que mais cresce é a de que cada indivíduo é único e

deve ser tratado como tal. Lembremos que os mais brilhantes talentos podem

estar subdesenvolvidos ou escondidos por doenças de fácil prevenção ou

tratamento, uma vez diagnosticadas ou suspeitadas.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

.

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(TDAH): aspectos relacionados à comorbidade com distúrbios da

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POETA, L. S.; ROSA NETO, F. Estudo epidemiológico dos sintomas do

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Comportamento em escolares da rede pública de Florianópolis usando a

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e Impulsividade. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

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25551998000200011&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 25, Maio, 2014.

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Acesso em 15 set. 2013.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE (TDAH) 10

1.1 O que é TDAH? 10

1.2 Atitudes corretas para o portador de TDAH 15

CAPÍTULO II

INDISCIPLINA 21

2.1 Definição 21

2.2 Indisciplina além do aluno 29

CAPÍTULO III

Hiperatividade ou Indisciplina? 32

3.1 Em Casa 32

3.2 Na Escola 34

3.3 Profissional Especializado 36

CONCLUSÃO 38 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40 ANEXO 1 43

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ANEXO 1

Quadro 1

Critérios diagnósticos, segundo o DSM-IV-TR, para o T

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(DSM-IV-TR. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 4

ed, 2002)