1 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11& 13 th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017,ISSN 2179-510X DO PODER DAS BRUXAS AO PODER POLÍTICO TRAJETÓRIA DAS MULHERES NEGRAS NO EXERCÍCIO DE PODER Maria Conceição Costa 1 Ana Lúcia Francisco 2 É preciso desafiar os (as) estudiosos (as) a perguntarem não apenas sobre quem trata a pesquisa, mas também para quem ela é destinada. Esta dúvida quanto ao para quem não diz respeito apenas à defesa, mas, sim a quem é capaz de agir e demonstrar sua atividade. Essa atividade é representada através das formas epistemológicas e discursivas. (LADSON-BILLINGS. 2006, pag. 269) Resumo: O presente estudo pretende historicizar a participação das mulheres negras nos espaços de poder tomado como exemplo os casos emblemático de Angela Davis, ativista e teórica estadunidense e Benedita da Silva, parlamentar brasileira , que passaram situações carregadas de violência física e simbólica,pensado o exercício do poder. Conjugando os termos gênero, raça e poder, numa perspectiva interseccional (Krenshaw,1989). A pesquisa narrativa - bibiográfica será o recurso principal na compreensão das trajetórias e para isso realizaremos uma pesquisa cartografia como método ajudará no mapeamento do processo. Mais que um método, um posicionamento cartográfico será a nossa forma de realizar a pesquisa, entendendo-se o método Cartográfico como processual, baseado no que formularam Deleuze e Guattari ( Kastrup e Barros, 2010). Como resultado preliminar, pretendemos criar uma metanarrativa acerca a vida dessa mulher, compreendendo o impacto dessas trajetórias no feminismo negro, no processo de empoderamento das mulheres negras brasileiras nos exercício de poder e participação nas políticas públicas. Palavras chaves: raça e gênero, poder, interseccionalidade, feminismos, angela davis. APRESENTAÇÃO O trabalho, ora apresentado, é o resultado da proposta do Projeto de Tese desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica - Doutorado, da Universidade Católica de Pernambuco. A reflexão nos leva a crer que, sendo um trabalho em construção, significa um projeto não pronto ou não acabado, mas tão somente uma Projeto caminhante, precisando passar pela análise crítica de pesquisa a que este encontro se propões. Desta feita, buscaremos melhorá-lo na forma e no conteúdo, compreendendo que o caminho da pesquisa agora vislumbra-se, incluindo 1 Maria Conceição Costa - Doutoranda/Programa de pós-graduação em psicologia clínica /Universidade Católica de Pernambuco-UNICAP/Brasil. 2 Ana Lúcia Francisco - Orientadora/Programa de pós-graduação em psicologia clínica /Universidade Católica de Pernambuco-UNICAP/Brasil.
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DO PODER DAS BRUXAS AO PODER POLÍTICO TRAJETÓRIA … · É no solo norte-americano que blackfeminism e as intelectuais negras começaram a produzir formulações teóricas de um
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Seminário Internacional Fazendo Gênero 11& 13thWomen’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017,ISSN 2179-510X
DO PODER DAS BRUXAS AO PODER POLÍTICO
TRAJETÓRIA DAS MULHERES NEGRAS NO EXERCÍCIO DE PODER
Maria Conceição Costa1
Ana Lúcia Francisco2
É preciso desafiar os (as) estudiosos (as) a perguntarem não
apenas sobre quem trata a pesquisa, mas também para
quem ela é destinada. Esta dúvida quanto ao para quem não
diz respeito apenas à defesa, mas, sim a quem é capaz de agir e
demonstrar sua atividade. Essa atividade é representada
através das formas epistemológicas e discursivas.
(LADSON-BILLINGS. 2006, pag. 269)
Resumo: O presente estudo pretende historicizar a participação das mulheres negras nos espaços de
poder tomado como exemplo os casos emblemático de Angela Davis, ativista e teórica
estadunidense e Benedita da Silva, parlamentar brasileira , que passaram situações carregadas de
violência física e simbólica,pensado o exercício do poder. Conjugando os termos gênero, raça e
poder, numa perspectiva interseccional (Krenshaw,1989). A pesquisa narrativa - bibiográfica será o
recurso principal na compreensão das trajetórias e para isso realizaremos uma pesquisa cartografia
como método ajudará no mapeamento do processo. Mais que um método, um posicionamento
cartográfico será a nossa forma de realizar a pesquisa, entendendo-se o método Cartográfico como
processual, baseado no que formularam Deleuze e Guattari ( Kastrup e Barros, 2010). Como
resultado preliminar, pretendemos criar uma metanarrativa acerca a vida dessa mulher,
compreendendo o impacto dessas trajetórias no feminismo negro, no processo de empoderamento
das mulheres negras brasileiras nos exercício de poder e participação nas políticas públicas.
Palavras chaves: raça e gênero, poder, interseccionalidade, feminismos, angela davis.
APRESENTAÇÃO
O trabalho, ora apresentado, é o resultado da proposta do Projeto de Tese desenvolvido no
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica - Doutorado, da Universidade Católica de
Pernambuco. A reflexão nos leva a crer que, sendo um trabalho em construção, significa um
projeto não pronto ou não acabado, mas tão somente uma Projeto caminhante, precisando passar
pela análise crítica de pesquisa a que este encontro se propões. Desta feita, buscaremos melhorá-lo
na forma e no conteúdo, compreendendo que o caminho da pesquisa agora vislumbra-se, incluindo
1 Maria Conceição Costa - Doutoranda/Programa de pós-graduação em psicologia clínica /Universidade Católica de
Pernambuco-UNICAP/Brasil. 2 Ana Lúcia Francisco - Orientadora/Programa de pós-graduação em psicologia clínica /Universidade Católica de
Pernambuco-UNICAP/Brasil.
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ai as possibilidades e percalços que atravessaremos ao expormos tais idéia no Seminário
Internacional Fazendo Gênero 11 (FG).
A pesquisa qualitativa, aqui sugerida, mostra-se muita rica em possibilidades, mas longe de
inquietar mostra-nos que o cuidado com a apuração dos fatos e o desenvolver das ideias requerem
mais cuidados e compromissos éticos com caminho “cientifico” por nós adotado. Assim, a
trajetória inicial da pesquisa, refletida no Congresso, trouxe-nos essa consciência e
responsabilidade.
JUSTIFICATIVA
Os últimos anos trouxeram as formulações dos movimentos de feministas que reivindicam mais
participação política das mulheres nos espaços de poder. Nesse sentido, a presente pesquisa
pretende historicizar o exercício do poder das mulheres, tomado como exemplo narrativas
biográficas de mulheres negras, observando os modos como tais mulheres, ao experimentarem o
exercer poder foram colocadas em cheque, a despeito dos tempos em que viveram, da sua
capacidade de o exercerem , do cargo que exerceriam, de liderança ou não, assim como, a luta
como em que lugar o postulavam.
Podemos observar isso em casos que chamaremos emblemáticos trazidos das referências das
narrativas de mulheres a partir de diversos lugares e realidades, em que, possivelmente, transitavam
o exercício de poder. Falar dessas mulheres como as participantes da trajetória, elencando duas em
especial, dentro da pesquisa de tese, a partir das narrativas trazidas pelas mesmas. As narrativas
apresentadas trarão personagens como aquelas em desempenho do exercício de poder (ou não
poder), buscando compreender como sendo mulheres que tiveram algum impacto histórico por
onde passaram poderiam nos trazer a possibilidade da reflexão sobre o que seja poder e o seu
exercício para as mulheres, de modo mais geral.
As biografias de mulheres, dentre tantas outras mulheres alçadas ao campo do poder político, como
sujeito nesse exercício, justifica-se porque em nossa militância profissional (trabalho com gênero,
raça e a categoria mulher), bem como na formulação teórico-conceitual e militância social-política
nos aproximamos nos últimos anos de inquietações da teoria feminista, pensando categorias não
universais, a partir das provocações dos vários campos do feminismo que se apresentam:
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Angela Yvonne Davis , EUA - uma estrategista X umabruxa assassina insana, (nasc ida em 26 de janeiro de1944): a tivista polític a americ ana , estud iosaac adêmic a e autora de d iveros livros. Ativista dac ontrac ultura e ra d ic a l na déc ada de 1960 c omo líderdo Partido Comunista dos EUA, pa rtic ipante doPartido das Panteras Negras a través de seuenvolvimento no Movimento d os Direitos Civis.Professora aposenta da do Departamento de Históriada Consc iênc ia e ex-d iretora do Dep artamento deEstud os Feministas da Universidadeda Ca lifórnia -Santa Cruz. Foi c and ida ta a vic e- p residênc ia darepúb lic a em 1980 e 1984. Marxista . Co-fundadora daResistênc ia Crític a , uma organizaç ão que trab a lhapara abolir o c omplexo prisiona l-industria l.
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DO PODER DA RUA AO PODER POLÍTICO
Bendita da Silva, Brasil – parlamentar X favelada,(nasc ida e 11 de març o de 1942); parlamenta r, 1ªmulher negra vereadora do de janeiro (1982).Deputada Federa l por duas vezes. Em seu primeiromandato, durante a reforma da Constituiç ão do Brasil,Benedita da Silva garantiu as mulheres presid iárias odireito de permanec erem c om os seus filhos durante aamamentaç ão. 1ª mulher negra Senadora Federa l, omais a lto esc alão do Poder Legisla tivo brasileiro (1994 -eleita 2.248.861 votos). Vic e-Governadora do Estadodo Rio de Janeiro, em 2002, c om a renúnc ia do entãogovernador, assume a c hefia do Exec utivo, tornando-se assim a 1ª mulher a governar o Estado. Ministério daAssistênc ia Soc ia l (2003). Em 2010 foi eleita mais umavez para Câmara federa l.
Para a pesquisa, observaremos como as participantes, a seus tempos e modos, exercitaram ou
transitaram nas zonas de poder e sofreram por estarem em destaque ou “ameaçando” a status
quo, do poder patriarcal, passando também, a seu modo e tempo, pelo processo de silenciamento a
que esse poder político fora submetido, ao longo de tais trajetórias.
REFERENCIAL TEÓRICO
Trazemos a conceituação de gênero e raça na perspectiva de teóricas feminista negras (Carneiro,
hooks), entendo-os como conceitos sócio-históricos, longe das formulações biologizantes. Para isso,
lançaremos mãos de teorias de apoio no campo da sociologia que firma o conceito teórico de raça,
com Guimarães (2009) e embora a teoria feminista intersecccinoal (Krenshaw; Gonzalez,
Manifiesto Colectiva del Rio Combahee, 1977) nos sustente, o conceito de gênero virá também
das “clássicas” formulações teórico-políticas de autoras como Beauvoir (1949) e Scott (1989).
Pensando no método da cartografia como aquele em que todo conhecimento é implicado,
lançaremos mão, além destes conceitos acima, de outros como classe e racismo.
Traremos como aporte teórico autoras e autores que são estudiosos do tema, conjugando raça e
gênero como Bell hooks, 1989 ( em todos os seus trabalhos a autora grafa assim o seu nome);