Top Banner
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO MARINA MONTE DE HOLLANDA DIÓGENES ESQUINA 3 ESCOLA DE ARTES PERFORMATIVAS PARA A CIDADE DE NATAL/RN Natal/RN 2014
79

Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

Jul 29, 2020

Download

Documents

dariahiddleston
Welcome message from author
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Page 1: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

MARINA MONTE DE HOLLANDA DIÓGENES

ESQUINA 3

ESCOLA DE ARTES PERFORMATIVAS PARA A CIDADE DE NATAL/RN

Natal/RN

2014

Page 2: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

2

MARINA MONTE DE HOLLANDA DIÓGENES

ESQUINA 3

ESCOLA DE ARTES PERFORMATIVAS PARA A CIDADE DE NATAL/RN

Trabalho Final de Graduação apresentado ao curso de

Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, como requisito para a obtenção do grau de

Arquiteta e Urbanista, no semestre letivo 2014.2

Orientadora: Profª Bianca Carla Dantas de Araújo

Natal/RN

2014

Page 3: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade Federal do Rio Grande do

Norte / Biblioteca Setorial de Arquitetura.

Diógenes, Marina Monte de Hollanda.

Esquina 3: escola de artes perfomativas para a cidade de Natal-RN/

Marina Monte de Hollanda Diógenes. – Natal, RN, 2014.

78f. : il.

Orientadora: Bianca Carla Dantas de Araújo.

Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura.

1. Escola de artes – Arquitetura – Monografia. 2. Edifício vertical –

Monografia. 3. Acústica – Monografia. 4. Flexibilidade – Monografia. 5.

Modulação – Monografia. I. Araújo, Bianca Carla Dantas de Araújo. II.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE15 CDU 727

Page 4: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

3

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Suzete e Gutemberg, e

aos meus irmãos, João Victor e Dirceu,

por todo o apoio e amor incondicional. A

vocês eu dedico qualquer vitória

alcançada em minha vida.

Page 5: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

4

AGRADECIMENTOS

Acima de tudo e de todos eu agradeço a Deus, pela capacidade por ele me

dada para chegar até aqui, por seu meu guia, meu protetor, e a base de tudo que

tenho e sou.

Aos meus pais, pelo apoio incondicional oferecido durante toda minha vida,

sempre incentivando e vibrando minhas conquistas acadêmicas, me ensinando o

melhor caminho para seguir, apoiando minhas decisões e estando comigo em todos

os momentos.

Aos meus irmãos, por se mostrarem grandes exemplos para mim, e pelo amor,

apoio e paciência demonstrados durante a realização desse trabalho,

Aos meus amigos de curso, em especial aqueles que estão comigo desde os

primeiros trabalhos em grupo, bem como suas respectivas famílias, que sempre

souberam receber e apoiar todas as dificuldades passadas por nós durante o curso.

A amizade construída na graduação vai muito além dos trabalhos acadêmicos

realizados nesses cinco anos, são laços construídos que durarão por toda a vida. A

Ana Luísa, Lorena, Heloisa, Mariana e Theo, eu só tenho a agradecer por serem o

que são, e por todos os aprendizados adquiridos juntos.

Aos demais amigos, que embora não estivessem por dentro dos assuntos

relacionados diretamente a este trabalho, souberam dar o apoio necessário para que

eu chegasse até aqui, vibrando minhas vitórias e lutando pelo meu sucesso.

A minha orientadora, Bianca Dantas, pela dedicação, paciência, e competência

retratada em todos os conhecimentos repassados para mim a fim de viabilizar a

execução desse trabalho, e aos demais professores da UFRN, que direta ou

indiretamente, contribuíram para a minha formação em Arquitetura e Urbanismo.

Por fim, agradeço a todos que de alguma maneira contribuíram para a

realização desse trabalho, bem como para o resultado alcançado durante os anos de

graduação.

Page 6: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

5

RESUMO

DIÓGENES, Marina Monte de Hollanda. Esquina 3: escola de artes performativas

para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e

Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Natal, 2014.

Este trabalho tem como tema a elaboração do anteprojeto de uma escola de

artes performativas – teatro, dança e música – para a cidade de Natal/RN, estudando

aspectos teóricos de flexibilidade na arquitetura e conforto acústico e os colocando

em prática na execução do anteprojeto. Em seguida apresenta-se a caracterização do

terreno escolhido, sob os aspectos de condicionantes ambientais e legais, analisando

as aplicações do conceito desejado ao edifício. Como resultado final, esse trabalho

resulta em uma escola de teatro, dança e música, executada em um edifício vertical,

com blocos modulados e aplicando conceitos relacionados ao sistema construtivo no

campo da arquitetura.

Palavras-chave: Edifício vertical; Acústica, Flexibilidade; Modulação.

Page 7: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

6

ABSTRACT

This work has as the theme the preparation of the draft of a school of performing

arts, theater, dance and music to the city of Natal / RN, studying theoretical aspects of

flexibility in architecture and acoustic comfort and putting them into practice in

implementing the bill. Then it will introduce the characterization of the chosen site,

under the aspects of environmental and legal constraints, analyzing the applications of

the desired building concept. As a final result, this work results in a school for drama,

dance and music performed on a vertical building with modular and applying concepts

related to building system in the field of architecture blocks.

Keywords: Vertical building; Acoustics, Flexibility; Modulation.

Page 8: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Ambiente com divisórias em Drywall – Conceito de adaptação ............................................ 18

Figura 2: – Allianz Arena, Munich, Germany: Herzog and De Meuron – Conceito de transformação . 18

Figura 3: - Screen Machine 2, UK: Toutenkamion - Conceito de mobilidade ....................................... 19

Figura 4: SmartWrap Building, New York, USA: Kieran - Conceito de integração................................ 19

Figura 5: Quadro síntese dos conceitos de flexibilidade ....................................................................... 20

Figura 6: Utilização de materiais absorventes em auditórios ............................................................... 22

Figura 7: Utilização de materiais refletores .......................................................................................... 22

Figura 8: Transmissão do ruído aéreo ................................................................................................... 23

Figura 9: Transmissão do ruído de impacto entre pavimentos ............................................................ 23

Figura 10: Método Box-in-a-box ........................................................................................................... 23

Figura 11: Estrutura dos painéis de gesso acartonado ......................................................................... 24

Figura 12: Aplicação do gesso acartonado em paredes e forros .......................................................... 24

Figura 13: Esquema de gesso acartonado com aplicação de lã mineral ............................................... 25

Figura 14: Aplicação do isolante acústico no sistema de divisórias drywall ......................................... 25

Figura 15:Esquema de aplicação do piso flutuante .............................................................................. 26

Figura 16: Aplicação do Isover Optima Piso .......................................................................................... 27

Figura 17: Sala de espetáculo do Teatro Riachuelo .............................................................................. 28

Figura 18: Detalhe divisórias de gesso .................................................................................................. 29

Figura 19: Poltronas do Teatro Riachuelo ............................................................................................. 30

Figura 20: Difusores acústicos ............................................................................................................... 30

Figura 21: Localização dos painéis difusores ......................................................................................... 30

Figura 22: Configuração da plateia tradicional ..................................................................................... 31

Figura 23: Demarcação das poltronas a serem retiradas na configuração do show de pista .............. 32

Figura 24: Estruturas moduladas utilizadas para o novo palco ............................................................ 32

Figura 25: Fachada do Studio Corpo de Baile........................................................................................ 33

Figura 26: Sala de ensaio na sede anexo ............................................................................................... 34

Figura 27: Sala de aula de dança ........................................................................................................... 34

Figura 28: Sala de aula de ballet infantil ............................................................................................... 34

Figura 29: Sala de aula de dança ........................................................................................................... 34

Figura 30: Visão interna da entrada da escola ...................................................................................... 35

Figura 31: Espaço de convivência e lazer .............................................................................................. 35

Figura 32: Área comum de espera da sala de ensaio do anexo ............................................................ 35

Figura 33: Loja de artigos de dança ....................................................................................................... 35

Figura 34: Escola de Música da UFRN ................................................................................................... 36

Figura 35: Escola de Música da UFRN - Vista posterior e estacionamento........................................... 36

Figura 36: Sala de aula coletiva ............................................................................................................. 37

Figura 37: Sala de aula de piano............................................................................................................ 37

Figura 38: Pátio central de circulação entre os pavimentos ................................................................. 38

Figura 39: Pátio central com iluminação natural .................................................................................. 38

Figura 40: Porta acústica da sala de gravação ...................................................................................... 38

Figura 41: Utilização de materiais absorventes na sala de aula ........................................................... 39

Figura 42: The Lego House - Studio BIG ................................................................................................ 40

Figura 43: The Lego House, vista panorâmica ....................................................................................... 40

Page 9: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

8

Figura 44: Divisão administrativa de Natal/RN ..................................................................................... 43

Figura 45: Localização do bairro de Petrópolis e do terreno escolhido ................................................ 44

Figura 46: Dimensões do terreno de projeto ........................................................................................ 44

Figura 47: Pontos de interesse no entorno do terreno ........................................................................ 45

Figura 48: Aplicação da rosa dos ventos de Natal no terreno .............................................................. 45

Figura 49: Aplicação da carta solar de Natal no terreno ....................................................................... 46

Figura 50: Estudo de ruídos do terreno ................................................................................................ 47

Figura 51: Vagas de estacionamento de veículos ................................................................................. 49

Figura 52: Zoneamento vertical do edifício .......................................................................................... 51

Figura 53: Croqui inicial da proposta .................................................................................................... 55

Figura 54: Opção 01 - Térreo ................................................................................................................. 56

Figura 55: Opção 01 - 1º pavimento ..................................................................................................... 56

Figura 56: Opção 01 - 2º pavimento ..................................................................................................... 56

Figura 57: Opção 01 - 3º pavimento ..................................................................................................... 56

Figura 58: Opção 01 - 4º pavimento ..................................................................................................... 57

Figura 59: Opção 01 - volumetria em lego ............................................................................................ 57

Figura 60: Opção 02 em croqui - pavimento térreo .............................................................................. 58

Figura 61: Opção 02 em lego - pavimento térreo ................................................................................. 58

Figura 62: Opção 02 em croqui - 1º pavimento .................................................................................... 58

Figura 63: Opção 02 em lego - 1º pavimento........................................................................................ 58

Figura 64: Opção 02 em croqui - 2º pavimento .................................................................................... 58

Figura 65: Opção 02 em lego - 2º pavimento........................................................................................ 58

Figura 66: Opção 02 em croqui - 3º pavimento .................................................................................... 59

Figura 67: Opção 02 em lego - 3º pavimento........................................................................................ 59

Figura 68: Opção 02 em croqui - 4º pavimento .................................................................................... 59

Figura 69: Opção 02 em lego 4º pavimento .......................................................................................... 59

Figura 70: Opção final - volumetria em lego (Vista 01) ......................................................................... 59

Figura 71: Opção final - volumetria em lego 2 (Vista 02) ...................................................................... 59

Figura 72: Opção final - volumetria em maquete eletrônica (Vista 01) ................................................ 60

Figura 73: Opção final - volumetria em maquete eletrônica (Vista 02) ................................................ 60

Figura 74: Volumetria final do edifício .................................................................................................. 60

Figura 75: Chapas microperfuradas de aço ........................................................................................... 64

Figura 76: Pré-dimensionamento de colunas de aço ............................................................................ 66

Figura 77: Pré dimensionamento de vigas de aço ................................................................................ 67

Figura 78: Laje pré-moldada de concreto armado ................................................................................ 67

Figura 79: Parede convencional de alvenaria ....................................................................................... 69

Figura 80: Parede dupla de alvenaria .................................................................................................... 69

Figura 81: Divisórias no sistema drywall ............................................................................................... 69

Figura 82: Aplicação de isolamento acústico na vedação de drywall ................................................... 69

Figura 83: Ambientes que apresentam sistema construtivo com isolamento acústico - pavimento

térreo..................................................................................................................................................... 70

Figura 84: Ambientes que apresentam sistema construtivo com isolamento acústico - 1º pavimento

............................................................................................................................................................... 71

Figura 85: Ambientes que apresentam sistema construtivo com isolamento acústico - 2º pavimento

............................................................................................................................................................... 71

Figura 86: Ambientes que apresentam sistema construtivo com isolamento acústico - 3º pavimento

............................................................................................................................................................... 72

Page 10: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

9

Figura 87: Ambientes que apresentam sistema construtivo com isolamento acústico - 4º pavimento

............................................................................................................................................................... 72

Figura 88: Piso vinílico Acoustic - Fademac ........................................................................................... 73

Figura 89: Gesso acartonado com chapas perfuradas .......................................................................... 73

Figura 90: Manta Optima piso - Isover .................................................................................................. 74

Figura 91: Portas acústicas .................................................................................................................... 75

Figura 92: Esquema de composição da porta acústica ......................................................................... 75

Page 11: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

10

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Programa de necessidades - Studio Corpo de Baile - Sede principal ................................... 34

Quadro 2: Programa de necessidades - Studio Corpo de Baile - Sede anexo ....................................... 34

Quadro 3: Prescrições urbanísticas do Plano Diretor ........................................................................... 48

Quadro 4: Programa de necessidades - pavimento térreo ................................................................... 51

Quadro 5:Programa de necessidades - 1º pavimento .......................................................................... 52

Quadro 6: Programa de necessidades - 2º pavimento ......................................................................... 52

Quadro 7: Programa de necessidades - 3º pavimento ......................................................................... 53

Quadro 8: Programa de necessidades - 4º pavimento ......................................................................... 53

Quadro 9: Peças do brinquedo lego ...................................................................................................... 54

Quadro 10: Dados urbanísticos do terreno e da edificação ................................................................. 65

Quadro 11: Modulação estrutural do edifício ....................................................................................... 66

Page 12: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

11

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 13

1. FLEXIBILIDADE APLICADA À ARQUITETURA ................................................................. 16

2. CONFORTO ACÚSTICO .......................................................................................................... 21

3. ESTUDOS DE REFERÊNCIA .................................................................................................. 28

3.1. TEATRO RIACHUELO – NATAL/RN .............................................................................. 28

3.2. STUDIO CORPO DE BAILE ............................................................................................. 33

3.3. ESCOLA DE MÚSICA – UFRN ........................................................................................ 36

3.4. THE LEGO HOUSE – STUDIO BIG ................................................................................ 39

4. METODOLOGIA DE PROJETO .............................................................................................. 41

5. CONDICIONANTES PROJETUAIS ........................................................................................ 43

6.1. O TERRENO ........................................................................................................................... 43

6.1.1. Análise bioclimática ................................................................................................ 45

6.2. CONDICIONANTES LEGAIS ........................................................................................... 47

6.1.2. Plano Diretor de Natal (2007) ..................................................................................... 47

6.1.2. Código de Obras do Município de Natal (2004) ..................................................... 48

6.1.3. Norma de Acessibilidade NBR 9050/2004 ............................................................... 49

6.1.4. Código de Segurança e Prevenção contra Incêndio e Pânico do Estado do

Rio Grande do Norte ................................................................................................................ 49

7. METAPROJETO ............................................................................................................................ 51

7.1. PROGRAMA DE NECESSIDADES ..................................................................................... 51

7.2. PARTIDO ARQUITETÔNCIO ............................................................................................... 53

7.3. EVOLUÇÃO DA PROPOSTA ............................................................................................... 55

8. MEMORIAL DESCRITIVO E JUSTIFICATIVO DO PROJETO ............................................. 61

8.1. DESCRIÇÃO GERAL DO EQUIPAMENTO ....................................................................... 61

8.1.1. Implantação e Cobertura (Prancha 01) ........................................................................ 61

8.1.2. Subsolos (Pranchas 02 e 03) ........................................................................................ 62

8.1.3. Pavimento térreo (Prancha 4) ....................................................................................... 63

8.1.4. Primeiro a terceiro pavimento (Pranchas 05, 06 e 07) .............................................. 63

8.1.5. Quarto pavimento (Prancha 08) .................................................................................... 64

8.1.7. Fachadas (Pranchas 11 e 12) ....................................................................................... 64

8.2. ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS ........................................................................................... 65

8.2.1. Índices urbanísticos ........................................................................................................ 65

8.2.1. Sistema Construtivo ........................................................................................................ 65

Page 13: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

12

8.2.2. Dimensionamento dos reservatórios de água .................................................................... 68

8.2.3. Recomendações acústicas .................................................................................................... 68

CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................... 76

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 77

Page 14: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

13

INTRODUÇÃO

Teatro, música e dança, são, conjuntamente, conhecidos como artes

performativas, ou seja, as artes que se desenvolvem por meio da performance, onde

o espetáculo depende do corpo, da face, e da apresentação de um indivíduo ou grupo.

Diferente das artes plásticas, onde a interação com o artista ocorre através de um

objeto físico, a arte performativa é uma arte do espaço.

Essas três artes relacionadas à performance pessoal do artista podem ser

encontradas desde as culturas da antiguidade. Nos tempos modernos, o ensino das

atividades artísticas vem se mostrando cada vez mais importante para o

desenvolvimento humano e da sociedade, que valoriza a arte e suas diversas

modalidades de forma cada vez mais digna.

O prodigioso avanço tecnológico do atual panorama da sociedade contemporânea indica uma crescente valorização da capacidade de reinventar processos e formas e para a criação de novos meios de expressão e arte. Tal valorização aponta para uma mudança até hoje inusitada, ou seja, o mundo está premiando os criativos: atores, músicos, artistas visuais e corporais, entre muitos outros. Tudo isso deixa claro que a sociedade pós-industrial não é mais centrada na produção de bens materiais, mas na produção de informação, valores, estética, entretenimento. Isso quer dizer que estamos diante de uma sociedade que se humaniza (...). Muito mais tempo está e estará, cava vez mais, disponível para atividades prazerosas, convívio de lazer, de esporte, de atividades propriamente culturais. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2000, p.9).

Especificando cada uma das modalidades artísticas apresentadas, a dança

sempre esteve presente na história da humanidade. Na pré-história dançava-se pela

vida e pela sobrevivência. Com a evolução do homem, a dança obteve características

sagradas, os gestos eram místicos e acompanhavam rituais. Na Grécia, a dança

ajudava nas lutas e na conquista da perfeição do corpo, tornando-se profana na Idade

Média e ressurgindo como expressão de valor nos tempos do Renascimento.

Atualmente, no contexto educacional brasileiro, a dança é definida como

conteúdo da disciplina de Artes, e nas atividades rítmicas e expressivas de educação

física. No contexto desse trabalho, a dança aparecerá em seu conceito da disciplina

de artes, buscando o ensino da modalidade a fim de modificar a vida dos estudantes

para melhor, além de propor o nível profissionalizante para a carreira do dançarino.

Page 15: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

14

O teatro, assim como a dança, surgiu a partir do desenvolvimento do homem,

através de suas necessidades. Ao longo do tempo, ele também foi evoluindo, sendo

uma das maiores fontes de entretenimento e cultura. O ensino do teatro, por sua vez,

é fundamental no processo da educação. A partir dele, as relações interpessoais

podem ser mais abertas, sendo utilizado por diversos programas de socialização.

Além disso, como carreira profissionalizante, o teatro abre portas para diversos

trabalhos artísticos no mercado de trabalho, sendo imprescindível como complemento

as outras artes, como a dança e a música.

A finalidade de representar, tanto no princípio quanto agora, era e é oferecer um espelho à natureza; mostrar a virtude seus próprios traços, à infâmia sua própria imagem, e dar à própria época sua forma e aparência. (HAMLET, Ato III, cena II).

A multiplicidade de fatores artísticos conduz a síntese teatral. Arte impura, por certo, captando aqui e ali todos os instrumentos capazes de produzir o maior impacto no espectador. A riqueza em sua composição torna teatro uma das artes mais sedutoras que alcança o público pela síntese ou pelo agrado superior de um ou outro elemento. Certos espetáculos obtêm êxito pela harmonia total da realização. (MAGALDI, 2002, p.10).

A música, por fim, apresenta-se como disciplina histórica, inserida na história

da arte e no estudo da evolução cultural dos povos. Como disciplina musical,

geralmente é uma divisão da musicologia e da teoria musical. Seu estudo, como

qualquer área da história é trabalho dos historiadores, embora frequentemente seja

realizado por musicólogos.

A relação do ser humano com a música apresenta grande caráter cultural,

apresentando características e denominações específicas para cada povo. Por sua

grande importância no contexto artístico e por ser peça fundamental das demais

modalidades artísticas, o estudo da música deve ser incentivado, seja para formação

pessoal, seja para profissionalização de músicos atuantes no mercado artístico.

Analisando a disponibilidade de equipamentos dessa tipologia na cidade de

Natal/RN, identifica-se que a grande maioria dos espaços destinados ao ensino das

artes estão localizados em construções adaptadas, em que a organização dos fluxos

e ambientes se encontra limitada por estruturas e barreiras já existentes. Assim, a

construção de um edifício que seja concebido e executado especialmente para tal

finalidade será de grande valia para a cidade, uma vez que o edifício será bem

preparado para seus usos.

Page 16: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

15

Portanto, objetiva-se com esse trabalho o desenvolvimento do anteprojeto de uma

Escola de Artes Performativas (teatro, dança e música) para a cidade de Natal/RN,

executada em um edifício vertical, com pavimentos que visem aspectos de

flexibilidade e condicionantes de conforto ambiental.

Primeiramente, serão expostos os embasamentos teóricos quem nortearam o

desenvolvimento do projeto, aspectos esses relacionados com o conforto acústico e

a flexibilidade na arquitetura. Em seguida, serão apresentados os estudos de

referência diretos e indiretos realizados como técnicas de entendimento dos usos e

formas para o equipamento. Feito isso, será apresentada a metodologia de projeto

adotada, seguidos pelos condicionantes projetuais e finalmente a apresentação do

anteprojeto da escola de artes performativas.

Page 17: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

16

1. FLEXIBILIDADE APLICADA À ARQUITETURA

Atualmente, devido as mudanças ocasionadas nos costumes e no cotidiano da

sociedade, assim como pelas necessidades associadas ao tempo e a tecnologia das

construções, faz-se necessário pensar em uma arquitetura que se adapte as

necessidades do usuário e do entorno, que visa cada vez aspectos como praticidade

e sustentabilidade.

Em Besseti (2002), a arquitetura é entendida como a arte de projetar edifícios

que devem ser construídos com a finalidade de atender as necessidades dos

usuários, buscando, dessa forma, o seu conforto, bem estar e segurança.

Villa (2008), entende a flexibilidade na arquitetura como “toda configuração

construtiva e formal que permita uma diversidade de formas de uso, ocupação e

organização do espaço, ao longo da vida do edifício, como resposta as múltiplas e

multáveis exigências da sociedade”.

Ao se pensar em flexibilidade na arquitetura, é importante analisar, então, as

alterações tanto a longo quanto a curto prazo, exigindo ambientes com múltiplas

funções para suprir o dinamismo das diversas atividades.

Assim, na medida em que um único ambiente pode ser utilizado para mais de

uma função específica, o conceito de flexibilidade está entrando em vigor. Por se

adequar as necessidades, esse sistema apresenta grande enfoque na

sustentabilidade, uma vez que evita a execução de obras e elimina custos para a

adequação de um determinado espaço.

Por flexibilidade entende-se aqui a capacidade de estruturas construídas, equipamentos, materiais, componentes, elementos e processos construtivos em atender a exigências e/ou circunstâncias de produção e/ou utilização multáveis, sem que para isso haja variações significativas na quantidade de recursos necessários à sua produção e/ou utilização. (DORFMAN, 2004)

De acordo com Teixeira (2011), a flexibilidade, ao ser aplicada em um projeto,

pode aparecer embasada sobre vários conceitos, como margem e excesso, como

metodologia de projeto com flexibilidade, mas também conceitos de técnicas de

aplicação, como adaptação, transformação, mobilidade e interação.

Page 18: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

17

Trabalhar com o conceito de margem e excesso significa trabalhar com folgas

no dimensionamento dos ambientes, permitindo, assim, ampliação e multiplicidade de

usos sem precisar de reforma. Segundo Dorfman (2004), as folgas são definidas como

algo que “permitam a um edifício atender a um leque de funções o mais amplo

possível”. Entretanto, ele também afirma que as “folgas, por sua vez, exigem

montantes de recursos superiores àqueles necessários à garantia de desempenhos

ótimos”.

Assim, tem-se o conceito de margem e excesso com uma alternativa coerente

a aplicação da flexibilidade no projeto, no entanto, pode não condizer com aspectos

importantes como otimização e racionalização de materiais e custo, devendo assim

ser bem estudado e aplicado ao projeto.

Quanto as opções de técnicas de aplicação da flexibilidade na execução do

projeto, estas devem vir acompanhadas de um planejamento estrutural do edifício.

Assim, quando se busca fáceis modificações no layout e nos fluxos, deve-se propor a

utilização de materiais que permitam grandes vãos, como o aço, o concreto armado e

o concreto protendido. Assim, o sistema de modulação de uma edificação facilita a

liberdade projetual de um pavimento diferenciado, por exemplo, além de contribuir

para a racionalização da obra.

Inserido nesse contexto, o conceito de adaptação é, segundo Teixeira (2011),

um dos tipos de flexibilidade mais complexos por variar conforme a forma e o uso, e

também por não ter uma característica física identificável com os outros tipos. Do

ponto de vista prático, o conceito de adaptação é destacado pelo grande uso de

divisórias, que além de delimitar e integrar os ambientes, ainda permitem a

multifuncionalidade

Page 19: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

18

Figura 1: Ambiente com divisórias em Drywall – Conceito de adaptação

Fonte: TEIXEIRA, 2011.

O Conceito de transformação, por sua vez, são as “alterações físicas que

modificam a aparência da edificação e refletem nas suas formas de uso”. (TEIXEIRA,

2011). Como exemplo desse tipo de aplicação, tem-se o uso de coberturas que se

abrem através de um sistema motorizado, cortinas nas fachadas se abrindo e

fechando, e o uso do Led (light-emitting diode) que permite a mudança na cor e

formação estética da fachada.

Figura 2: – Allianz Arena, Munich, Germany: Herzog and De Meuron – Conceito de transformação

Fonte: TEIXEIRA, 2011.

Page 20: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

19

A flexibilidade alcançada por meio da mobilidade, é um conceito relacionado ao

movimento, ao deslocamento da edificação de um lugar para o outro, seja sobre rodas

ou de forma desmontável. Geralmente, tratam de espaços de uso temporário,

necessitando atuar, portanto, na edificação como um todo.

Figura 3: - Screen Machine 2, UK: Toutenkamion - Conceito de mobilidade

Fonte: TEIXEIRA, 2011.

Por fim, a flexibilidade também busca trabalhar com a interação entre os

ambientes internos, e também entre em relação com o entorno e paisagem construída

no presente ou no futuro. Esse conceito trabalha, então, com a parte interior e exterior

da edificação, preocupando-se em gerar uma composição harmoniosa do edifício com

o ambiente em que está inserido.

Figura 4: SmartWrap Building, New York, USA: Kieran - Conceito de integração

Fonte: TEIXEIRA, 2011.

Page 21: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

20

Quando aos conceitos de técnicas da flexibilidade na arquitetura atual, Teixeira

(2011), sistematizou a aplicação de cada um no quadro síntese a seguir.

Figura 5: Quadro síntese dos conceitos de flexibilidade

Fonte: TEIXEIRA, 2011.

Além desses conceitos e técnicas, outra forma de se atingir a flexibilidade é por

meio do design, fazendo uso de materiais que permitam a mobilidade e adaptação do

local. Trata-se, portanto, da utilização de móveis multifuncionais, que completam a

arquitetura na aplicação do conceito de flexibilidade. Nos projetos contemporâneos,

observa-se que os edifícios vêm sendo projetados com vãos cada vez maiores,

cabendo ao mobiliário, portanto, a função de repartição dos ambientes.

A utilização do conceito de flexibilidade na arquitetura é, dessa forma, a

inclusão de uma responsabilidade social e ambiental no processo de projeto, uma vez

que além de otimizar os custos e a vida útil da edificação, ainda favorece as questões

da sustentabilidade, tão discutidas nos dias atuais.

Page 22: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

21

2. CONFORTO ACÚSTICO

As questões referentes ao conforto acústico se apresentam, no campo da

arquitetura atual, como um dos fatores determinantes para a eficiência de um projeto

arquitetônico, sendo muitas vezes o principal objetivo de diversas decisões de projeto

adotadas. Segundo SCHMID (2005), a acústica é provavelmente o aspecto de maior

complexidade em um ambiente construído, uma vez que, numa mesma obra, deve

variar suas características para realçar efeitos diversos.

O conforto acústico existe quando o ambiente proporciona boa inteligibilidade da

fala (ou clareza musical) e ausência de sons indesejáveis no ambiente, criando uma

sensação de paz e bem-estar. Dependendo do caso, o conforto acústico pode

depender de uma boa absorção sonora, de um eficiente isolamento acústico, ou de

ambos simultaneamente. A partir disso, tem-se os conceitos de condicionamento e

isolamento acústico.

De acordo com Solon do Valle (2009), “condicionamento acústico consiste em criar

uma sonoridade agradável dentro de um ambiente, controlando a reverberação e os

ecos, consertando problemas modais e promovendo uma resposta frequente

adequada ao tipo de utilização”. Inserido nesse contexto, outro conceito bastante

importante é a reverberação, definida como o som que permanece no ambiente

mesmo depois que sua produção seja cessada. Esse fenômeno é combatido mediante

a inserção de objetos e superfícies absorventes, recuperando-se, assim, a clareza dos

sons gerados, perdendo-se em amplificação (VALLE, 2009).

Um dos fatores para trabalhar a adequação acústica é o tempo de reverberação

ótimo, que se define como o tempo de reverberação adequado para determinado

ambiente e atividade, expresso em segundos, que vai ser alcançado através do

equilíbrio entres os materiais refletores e absorventes utilizados.

Page 23: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

22

Figura 6: Utilização de materiais absorventes em auditórios

Figura 7: Utilização de materiais refletores

Fonte: http://div-som.com.br/ Fonte: http:// scielo.br/

Assim, na acústica arquitetônica, é fundamental a combinação adequada entre o

ambiente sonoro e a atividade desenvolvida. Por exemplo, quando a atividade

principal destinada a um ambiente for a comunicação sonora, o ambiente deve

favorecer a transmissão da mensagem de forma mais direta possível. No caso de

ambientes que se destinem a atividades musicais, por outro lado, é necessário não só

o silêncio, mas também que o ambiente se adicione a atuação dos músicos e

instrumentos, para que o resultado desejável seja alcançado. Portanto, a sala deve

estar adequada acusticamente.

Dessa forma, identifica-se que as três modalidades praticadas na edificação

proposta neste trabalho, necessitam de uma atuação mútua entre um ambiente de

silêncio e um ambiente que também se some a atuação dos diversos fatores musicais,

a serem utilizados nas diversas atividades praticadas.

Além da preocupação com o condicionamento acústico dos ambientes, é

imprescindível a preocupação do projeto com o isolamento acústico entre os

ambientes e entre a edificação e o meio externo. De acordo com Valle (2009), “o

isolamento acústico consiste em não deixar passar som de dentro para fora, nem de

fora para dentro de um ambiente”. Para que o projeto seja isolado de forma eficiente,

ele deve ser preparado contra duas formas de transmissão sonora: a transmissão

aérea – pelo ar –, ou de impacto, transmitida através da estrutura (paredes, lajes e

pisos).

Page 24: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

23

Figura 8: Transmissão do ruído aéreo

Figura 9: Transmissão do ruído de impacto entre pavimentos

Fonte: http://www.isover.com.br/ Fonte: http://www.isover.com.br/

No presente projeto, o edifício é tratado para ser isolado dessas duas maneiras.

Uma das formas conhecidas e eficazes de promover o isolamento acústico dos

ambientes é a Lei da Massa, que afirma que “quanto mais pesada a barreira acústica,

maior o impedimento para o som passar de um lado para o outro desta barreira”

(DBGRAUS). Além da Lei da massa, a lei da massa-mola-massa defende que “quanto

mais alternância de materiais com espessuras e densidades diferentes maior o

isolamento acústico”. (DBGRAUS).

Do ponto de vista prático, existem diversos métodos para trabalhar com paredes,

pisos e tetos, influenciando na escolha a necessidade de isolamento do ambiente,

aliada com a relação custo-benefício e a disponibilidade de espaço do equipamento.

O método Box-in-a-box, por exemplo, trata do mais perfeito método de isolamento

acústico, segundo Valle (2009). Ele consiste de uma “caixa” totalmente flutuante e

acusticamente isolada do prédio principal.

Figura 10: Método Box-in-a-box

Fonte: http:// territoriodamusica.com/

Page 25: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

24

Embora seja a opção mais indicada do ponto de vista do isolamento acústico, o

sistema box-in-a-box não é perfeitamente viável a depender do tipo da edificação, uma

vez que apresenta elevado custo, estrutura pesada e considerável uso de espaço.

Assim, para a execução de um edifício mais leve e viável, pode-se optar por outras

alternativas em busca do eficaz isolamento e condicionamento acústico dos

ambientes.

Dessa maneira, seguindo o princípio do sistema massa-mola-massa, é possível a

utilização de materiais mais leves e de fácil instalação, como o uso do sistema de

drywall, composto por perfis metálicos, chapas de gesso acartonado e lã mineral em

seu interior.

Figura 11: Estrutura dos painéis de gesso acartonado

Figura 12: Aplicação do gesso acartonado em paredes e forros

Fonte: http:// 2mdivisorias.com.br/ Fonte: http:// 2mdivisorias.com.br/

As divisórias de gesso acartonado se destacam pelo bom resultado desde o

canteiro de obras, passando pelo consumidor final e o desempenho pós-ocupação.

Durante as obras, o sistema é favorecido pela redução da quantidade de material

transportado, facilidade de instalação, mínimo desperdício e redução da mão de obra,

com consequente redução de custo e tempo de execução da obra. (PLACO s/d).

Para o usuário, esse sistema se apresenta vantajoso por possibilitar maior

flexibilização nos layouts, pois as paredes não precisam ser locadas sobre vigas,

possibilidade de execução de paredes curvas, além de do ganho de até 4% da área

útil, resultado da redução das espessuras das paredes (CIOCCHI 2003). Além disso,

há a facilidade na execução da manutenção e da realização de reformas, boa

resistência ao fogo e capacidade de isolamento térmico (a camada de ar entre as

Page 26: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

25

placas atua como isolante), e acústico, principalmente se utilizados os materiais

específicos no vazio interior, como lã mineral (PLACO s/d).

Figura 13: Esquema de gesso acartonado com aplicação de lã mineral

Fonte: http:// placo.com.br/

Figura 14: Aplicação do isolante acústico no sistema de divisórias drywall

Fonte: http://anovavisaodivisorias.com.br/

As divisórias de gesso acartonado consistem de duas ou três folhas compostas

por placas de gesso. As placas são fixadas a perfis metálicos próprios, e os espaços

entre as folhas devem ser preenchidos com lã de vidro/rocha a fim de melhorar o

isolamento acústico. (VALLE 2009).

Além do gesso acartonado, a madeira também pode ser utilizada como divisória

de ambientes para alcançar o isolamento acústico. Entretanto, por apresentar uma

massa específica equivalente a cerca de ¼ da do gesso, faz-se necessário a utilização

de espessuras maiores para se atingir o mesmo resultado. Logo, não se apresenta

Page 27: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

26

como o material mais adequado como sistema construtivo ao tipo de equipamento,

mas o seu estudo é fundamental.

As estruturas de parede, piso e teto, devem ser mecanicamente desacopladas

da estrutura predial, uma vez que o ruído pode ser transmitido através das estruturas.

As paredes duplas, para que sejam realmente eficientes, devem ter seus montantes

pousados sobre tiras de borracha, de preferência do tipo neoprene de impacto.

(VALLE 2009).

Quanto ao isolamento necessário ao piso, é importante a utilização do piso

flutuante, sistema que evita a propagação do ruído para o restante da estrutura predial.

Além disso, outro sistema bastante indicado contra o ruído de impacto pode ser o

Isover Optima Piso (painel rígido, constituído por lã de vidro aglomerada com resina

sintética), a ser instalado entre a laje e o contrapiso durante a construção do edifício.

Figura 15:Esquema de aplicação do piso flutuante

Fonte: http:// territoriodamusica.com/

Page 28: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

27

Figura 16: Aplicação do Isover Optima Piso

Fonte: http://www.isover.com.br/

Assim, objetivando a utilização de materiais leves, é bastante comum o uso da

madeira. Segundo Valle, pode-se usar duas chapas de compensado ou Wall de 20mm

sobreposta montadas sobre coxins. Além disso, recomenda-se a utilização de

espaçadores de madeira entre os coxins e as chapas do piso. Dessa forma, o sistema

se transforma em um “colchão de ar”, que é preenchido com lã de vidro ou de rocha

para se obter o efeito massa-mola-massa (VALLE 2009).

Atualmente, em consequência da necessidade relacionada ao conforto

sustentável e preocupação com o meio ambiente, encontra-se também a possibilidade

de isolamento através de materiais ecologicamente corretos, isto é, o reuso dos

materiais. Assim, o mercado vem propondo a utilização da raspa de pneu de borracha

como material isolante para preencher sistemas construtivos, além do isolamento com

o uso da lã de garrafa PET, a exemplo do Isosoft Piso (Trisoft).

Por fim, o teto também necessita da mesma preocupação das demais

estruturas, devendo ser apoiado sobre as paredes ou pendurado da laje original.

Assim, com a execução do teto flutuante, completa-se a vedação acústica do

ambiente, podendo ser construído em gesso ou em madeira (MDF). É importante frisar

que sob esse sistema de isolamento de forro é aplicado o forro acústico absorvente

ou refletor, a fim de condicionar acusticamente o ambiente.

Page 29: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

28

3. ESTUDOS DE REFERÊNCIA

3.1. TEATRO RIACHUELO – NATAL/RN

O teatro Riachuelo foi inaugurado em dezembro de 2010, na cidade de Natal/RN,

no terceiro piso de lojas do shopping Midway Mall, pertencente ao grupo Guararapes

Confecções S.A. Apresenta uma área de aproximadamente 6.000 m² e se comporta

como um espaço cultural multiuso, uma vez que pode abrigar as mais diversas

modalidades culturais em sua programação.

Figura 17: Sala de espetáculo do Teatro Riachuelo

Fonte: Acervo do Teatro Riachuelo

Quanto ao seu sistema construtivo, encontra-se um diferencial, uma vez que

se trata de uma construção montada sobre uma estrutura pré-fabricada já existente.

Em relação ao projeto acústico do teatro, deve-se considerar os aspectos que

objetivam tanto o isolamento quanto o condicionamento acústico. O estudo de caso

realizado pela arquiteta Cecília Azevedo de Oliveira Sales, como projeto de pesquisa

pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, identifica quais foram os métodos

e materiais utilizados no projeto do teatro para alcançar esses objetivos.

É importante observar que, devido a multiplicidade de usos no equipamento,

este deve ser trabalhado para obedecer as necessidades acústicas de todos os usos

pertinentes ao local, teatro, palestras, música, espetáculos, etc.

De acordo com o estudo de caso, o fechamento da sala de espetáculos se deu

a partir de paredes de gesso (drywalll) com acabamento tipo sanduiche, sendo

composta por duas placas e gesso + lã de rocha + três placas de gesso.

A depender do nível de isolamento desejado para cada ambiente, destacam-

se três tipos de paredes: três placas de gesso + lã de rocha + duas placas de gesso;

Page 30: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

29

uma placa de gesso + lã de rocha + duas placas de gesso; e uma placa de gesso +

vazio + uma placada de gesso. Assim, são especificados os três tipos de paredes

usadas no esquema a seguir.

Figura 18: Detalhe divisórias de gesso

Fonte: SALES, 2011.

Prosseguindo com a especificação dos materiais, os ambientes internos que

precisavam de um nível de absorção maior foram tratados com painéis pendurados

em MDF laminado sobre placas de lã de vidro.

Além do trabalho realizado com paredes e forros, houve a preocupação quanto

a correta especificação do revestimento para absorver os impactos gerados sobre os

pisos, que são todos em chapas de aço – coeficiente de absorção quase nulo. Para

isso, tanto no interior da sala quanto nos ambientes de circulações sociais, adotou-se

o uso do carpete, material com ótimas propriedades absorventes.

Uma vez tratadas as paredes, forros e pisos, é necessária a preocupação

quanto aos acessos dos ambientes, destacando a importância do tratamento acústico

das portas. Dessa maneira, os ambientes que necessitam de um controle acústico

foram contemplados por portas de madeira maciça, acopladas com um a guilhotina

retrátil em sua face inferior. A guilhotina e a borracha disposta ao longo do batedor da

porta impedem a passagem das ondas sonoras através das brechas.

Em complemento, é imprescindível a especificação dos materiais adequados

que ocasionam a absorção do som, como cortinas e poltronas, por exemplo. No teatro,

as poltronas utilizadas são classificadas como “medianamente/ muito” estofadas,

revestidas em tecido e com espuma de alta densidade no assento e no encosto.

Page 31: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

30

Assim, elas são responsáveis por absorver as vibrações do ar, e consequentemente

contribuir para o condicionamento acústico do ambiente.

Figura 19: Poltronas do Teatro Riachuelo

Fonte: SALES, 2011.

No contexto do condicionamento acústico, destaca-se a necessidade de

proporcionar o tempo ótimo de reverberação para um recinto, além da boa distribuição

sonora. Para isso, o teatro conta de painéis de madeira localizados nas laterais da

boca de cena, responsável por gerar reflexões sonoras em variadas direções, e

permitindo a inteligibilidade do som em todas as partes do teatro.

No forro, as placas perfuradas presentes no teto da sala de espetáculos,

apresenta função de absorção de parte do som emitido pela fonte, além de servirem

de apelo estético característico ao local.

Figura 20: Difusores acústicos

Figura 21: Localização dos painéis difusores

Fonte: SALES, 2011. Fonte: SALES, 2011.

Page 32: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

31

Além do estudo de caso voltado para as questões de conforto acústico

referentes ao projeto, ele também apresenta aspectos de flexibilidade em seu

conteúdo. A casa de espetáculos, por possibilitar usos diversos, apresenta duas

possibilidades de layout, a configuração de plateia original, e a configuração pista.

O estudo de caso realizado por SALES (2011), afirma que a capacidade de

público do teatro Riachuelo nos moldes tradicional da plateia sentada, consiste de

1.504 pessoas, sendo 703 na plateia, 88 nas frisas, 216 nos camarotes, 407 no balcão

e 40 usuários destinados ‘as cadeiras extras/PNE.

Figura 22: Configuração da plateia tradicional

Fonte: SALES, 2011.

Para formatar a configuração pista, algumas fileiras precisam ser retiradas,

enquanto outras fileiras possuem poltronas de encostos rebatíveis, como

esquematizado na figura 23. Após a retirada dessas fileiras e o rebaixamento das

poltronas, praticáveis modulados são colocados, elaborados com o mesmo

revestimento da sala de espetáculos, para o fechamento da plateia inferior, nivelando-

a com o palco e o salão principal.

Page 33: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

32

Figura 23: Demarcação das poltronas a serem retiradas na configuração do show de pista

Fonte: SALES, 2011.

Para alcançar essa flexibilidade, o teatro conta com estruturas moduladas de

1,20m x 2,00m, que são utilizadas tanto para o fechamento do fosso da plateia A,

quanto para a elevação do novo palco construído a cima do palco existente, para as

atividades na configuração pista.

Figura 24: Estruturas moduladas utilizadas para o novo palco

Fonte: Acervo do Teatro Riachuelo

Por todas as características e especificações exportas, identifica-se que o

teatro Riachuelo, além de ser referência cultural para a cidade, também se comporta

Page 34: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

33

como um modelo de sistema construtivo, destacando as preocupações do projeto

quanto a funcionalidade, sistema estrutural e conforto acústico.

3.2. STUDIO CORPO DE BAILE

O Studio Corpo de Baile, inaugurado em 1997, atua como uma escola de dança

de diversas modalidades para crianças e adultos. A sede principal, localizada na Rua

Dr. Carlos Passos, 1738 – Morro Branco, Natal/RN, foi executada através de uma

residência preexistente, com adaptações e ampliações ao longo do tempo, incluindo

um anexo do outro lado da rua, afim de acolher novas turmas e modalidades.

Figura 25: Fachada do Studio Corpo de Baile

Fonte: Acervo pessoal

No total, a escola apresenta um público de aproximadamente 360 alunos,

divididos entres as diversas modalidades que a escola oferece, são elas: Ballet

clássico, jazz, dança contemporânea, dança de salão, dança de rua, dança flamenca

e sapateado. Além disso, são oferecidas aulas de yoga, além de uma parceria com o

Studio Corpo Pilates, academia de pilates situada no anexo do espaço físico da

escola.

Para abrigar adequadamente todas essas modalidades, e se adequar às

diversas idades e necessidades dos alunos, o programa de necessidades é definido

a seguir:

Page 35: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

34

Quadro 1: Programa de necessidades - Studio Corpo de Baile - Sede principal

Programa de necessidades – Sede principal

Recepção 3 salas de aula Espaço Kids

Tesouraria Almoxarifado Lanchonete

Diretoria Vestiários Cantinho virtual

Gerência Lojas de artigos de dança Convivência

Sala dos professores Lanchonete Banheiros

Quadro 2: Programa de necessidades - Studio Corpo de Baile - Sede anexo

Programa de necessidades – Sede anexo

Entrada/convivência Vestiário Sala de Pilates

02 salas de aula Almoxarifado Banheiros

Figura 26: Sala de ensaio na sede anexo

Figura 27: Sala de aula de dança

Fonte: Acervo pessoal Fonte: Acervo pessoal

Figura 28: Sala de aula de ballet infantil

Figura 29: Sala de aula de dança

Fonte: Acervo pessoal Fonte: Acervo pessoal

Page 36: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

35

Quanto aos fluxos observados, identifica-se a preocupação com o

entretenimento das crianças, em especial, buscando alcançar espaços que se

integrem e tragam divertimento e segurança. Quanto as salas de aula, observa-se a

ausência de técnicas que busquem o condicionamento acústico, sendo o som

proveniente das músicas atrapalhado pelos ruídos gerados externamente à sala de

aula.

Figura 30: Visão interna da entrada da escola

Figura 31: Espaço de convivência e lazer

Fonte: Acervo pessoal Fonte: Acervo pessoal

Figura 32: Área comum de espera da sala de ensaio do anexo

Figura 33: Loja de artigos de dança

Fonte: Acervo pessoal Fonte: Acervo pessoal

Nesse estudo de caso, especificamente, identifica-se o aproveitamento quanto

a definição do programa de necessidades, dos fluxos e dos próprios usuários que

utilizarão os espaços do equipamento projetado.

Page 37: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

36

3.3. ESCOLA DE MÚSICA – UFRN

A escola de música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, projeto

do arquiteto Ubirajara Galvão, foi inaugurada em 27 de maio de 1991. O edifício é

localizado na entrada principal do Campus, próximo ao ponto de ônibus e com

estacionamento próprio para alunos e visitantes.

Figura 34: Escola de Música da UFRN

Fonte: Acervo pessoal

Figura 35: Escola de Música da UFRN - Vista posterior e estacionamento

Fonte: Acervo pessoal

O programa de necessidades do prédio é dividido em dois pavimentos,

apresentando 25 salas de aula, sendo 08 para aulas coletivas com equipamentos de

Page 38: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

37

áudio, uma sala com equipamento de vídeo conferência e 16 salas para aulas e

estudos individuais de instrumento.

Em complemento, a Escola de Música da UFRN possui ainda 16 salas

destinadas exclusivamente para o estudo de instrumento, sendo 08 com pianos de

armário; um estúdio de gravação; um auditório com 250 lugares, 02 camarins, 02

banheiros, piano, sistema de projeção, sistema de sonorização, 08 rebatedores de

som móveis e devidamente climatizado; um mini-auditório climatizado com cerca de

80 lugares, piano, camarim e datashow; uma biblioteca especializa em música; uma

sala de multimídia; um laboratório de informática; além de uma instrumentoteca com

diversos instrumentos e equipamentos de multimídia.

Figura 36: Sala de aula coletiva

Figura 37: Sala de aula de piano

Fonte: Acervo pessoal Fonte: Acervo pessoal

Além do setor educacional destinado a alunos e visitantes, o espaço físico do

edifício também conta com o setor administrativo e pedagógico da escola, com salas

de administração, direção, sala dos professores e demais necessidades específicas

ao bom desempenho da instituição.

Quanto aos fluxos, observa-se que o edifício é composto de vários pátios de

convivência, que permitem, além da iluminação natural, a integração entre os setores

e usuários do equipamento, resultando em um espaço que acolha os alunos e seus

talentos, que muitas vezes são retratados pelas trocas de informações e dons

musicais pelos corredores da escola.

Page 39: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

38

Figura 38: Pátio central de circulação entre os pavimentos

Figura 39: Pátio central com iluminação natural

Fonte: Acervo pessoal Fonte: Acervo pessoal

Outro aspecto fundamental na infraestrutura do equipamento se dá pela

preocupação com o isolamento e condicionamento acústico das salas de aula e

auditório. Identifica-se, por exemplo, nas salas de estúdio e gravação, uma grande

preocupação com o conforto acústico e qualidade sonora do ambiente, buscando-se

utilizar de materiais absorventes nas paredes, além do isolamento total de portas e

janelas.

Figura 40: Porta acústica da sala de gravação

Fonte: Acervo pessoal

Page 40: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

39

Figura 41: Utilização de materiais absorventes na sala de aula

Fonte: Acervo pessoal

Esse estudo de caso, por fim, contribui na definição e organização do programa

de necessidades do equipamento proposto, assim como dos fluxos e organização dos

espaços projetados.

3.4. THE LEGO HOUSE – STUDIO BIG

O projeto da nova sede da Lego, realizado em 2012 pelo escritório de

arquitetura Studio BIG constitui de referência formal para o presente trabalho. O

edifício é composto por blocos sobrepostos que remetem aos blocos do próprio lego,

gerando dinamicidade na forma do edifício

O edifício de 7.600 m², com blocos fieis às proporções originais, possui a

estrutura de 30 metros de altura e conta com diversos pontos de acesso em diferentes

níveis, além de jardins na cobertura e uma praça pública de 1.900 m².

Page 41: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

40

Figura 42: The Lego House - Studio BIG

Fonte: http:// blogdafal.com.br/

Essa dinamicidade da forma é o efeito desejado para a escola de artes

performativas projetada neste trabalho. Além disso, a utilização de cores, de

diferentes paginações de piso, e a preocupação de integração entre os usuários e a

edificação, são pontos positivos agregados ao projeto e quem devem ser refletidos

como referência projetual.

Figura 43: The Lego House, vista panorâmica

Fonte: http:// blogdafal.com.br/

Page 42: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

41

4. METODOLOGIA DE PROJETO

O processo de concepção do anteprojeto da escola se baseia, neste

caso, na metodologia proposta por Elvan Silva, em sua publicação “Uma

introdução ao projeto arquitetônico”. Segundo SILVA (1984) o processo

projetual na arquitetura é representável por uma progressão, que parte de

um ponto inicial e evolui em direção a uma proposta de solução.

Dessa maneira, o autor divide as etapas de projeto em programa,

estudos, anteprojeto e projeto. Para o trabalho em questão, contudo, é

valido salientar que seu objetivo é o alcance do anteprojeto arquitetônico,

deixando de contemplar alguns pormenores necessários ao projeto

executivo final de um equipamento.

Seguindo a metodologia, inicialmente foi definido o programa de

necessidades do edifício, observando as particularidades de cada

modalidade e aplicando-as no projeto. Para isso, foram realizados os

estudos de referência diretos, que possibilitaram entender o comportamento

da tipologia do edifício, observando a lista de ambientes e espaços

disponíveis e como estes se comportam entre si e com os usuários.

Uma vez definido o programa de necessidades, parte -se para o pré-

dimensionamento dos ambientes, observando também as características do

terreno e identificação de possíveis limitantes projetuais, avaliação do s

recursos materiais disponíveis e identificação dos demais condicionantes

significativos (aspectos bioclimáticos, legislação per tinente, relação com o

entorno).

Após essas definições de projeto, pode-se pensar em formas para

aliar todas as variáveis necessárias ao projeto à solução adotada. Nesse

contexto, é definido o partido arquitetônico do edifício.

Partido, na arquitetura, é o nome que se dá a consequência formal de uma série de determinantes, tais como o programa do edifício, a conformação topográf ica do terreno, a orientação, o sistema estrutural adotado, as condições locais, a verba disponível, as condições das posturas que regulamentam as construções e, principalmente, a intenção plástica do arquiteto. (SILVA, 1984)

Page 43: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

42

Definido o partido arquitetônico, elemento base para o

desenvolvimento dessa proposta, foram realizados diversos estudos e

zoneamentos objetivando aliar a solução formal desejada com os aspectos

funcionais e de conforto ambiental do edifício. Para isso, o conceito do lego ,

a ser melhor explicado no capítulo 07, se materializou, mostrando-se forte

aliado nesta etapa de concepção, em que os módulos representavam a

distribuição dos espaços, enquanto que o próprio edifício ia se

materializando enquanto forma e volume.

Assim, após diversos testes e mudanças em busca de favorecer a

maior quantidade de aspectos projetuais possíveis em uma única solução,

teve-se a definição do anteprojeto.

Page 44: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

43

5. CONDICIONANTES PROJETUAIS

6.1. O TERRENO

O terreno escolhido para a execução do projeto localiza-se na cidade de Natal/RN,

local com considerável carência de equipamentos dessa tipologia. Inserido na Região

Administrativa Leste, mais precisamente no bairro de Petrópolis, o terreno está situado

na interseção da Avenida Deodoro da Fonseca com a Rua Mipibu, sendo atualmente

utilizado como estacionamento do supermercado Nordestão.

Figura 44: Divisão administrativa de Natal/RN

Fonte: SEMURB, 2011.

Page 45: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

44

Figura 45: Localização do bairro de Petrópolis e do terreno escolhido

Fonte: SEMURB, 2011 (Editado pela autora)

O terreno apresenta uma área total de aproximadamente 2 297,84m², com

formato básico de um quadrilátero e topografia plana. O lote situa-se em uma

quadra margeada pela Avenida Deodoro da Fonseca, Rua Mipibu, Avenida

Floriano Peixoto e Rua Trairi.

Figura 46: Dimensões do terreno de projeto

Fonte: IDEMA, 2007 (Editado pela autora)

O seu entorno imediato apresenta uso do solo predominantemente comercial e

institucional, próximo a supermercado e lojas, escolas e hospitais, além de ser

Page 46: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

45

contemplado pela presença do transporte público no local e pela existência de um

ponto de ônibus em frente do terreno, benefício este almejado para os usuários da

escola projetada

Figura 47: Pontos de interesse no entorno do terreno

Fonte: IDEMA, 2007 (Editado pela autora)

6.1.1. Análise bioclimática

Uma vez escolhido o terreno, a análise bioclimática deste se destaca como ponto

de partida para as primeiras decisões de projeto a serem adotadas. Tomando-se

conhecimento das trajetórias do sol e dos ventos predominantes, é possível identificar

as potencialidades do terreno, assim como a definição dos primeiros zoneamentos.

Figura 48: Aplicação da rosa dos ventos de Natal no terreno

Fonte: IDEMA, 2007 (Editado pela autora)

Page 47: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

46

De acordo com o esquema da figura 48, e considerando que a rosa dos ventos da

cidade de Natal/RN apresenta a ventilação predominante originada da direção

sudeste observa-se que os ventos predominantes incidentes chegam em direção a

lateral do terreno, na frente que margeia a Rua Mipibu. Quanto à trajetória solar, o sol

nascente posiciona-se aos fundos do terreno, enquanto que o poente está voltado

predominantemente para a frente delimitada pela Avenida Deodoro da Fonseca.

Figura 49: Aplicação da carta solar de Natal no terreno

Fonte: IDEMA, 2007 (Editado pela autora)

Em relação aos aspectos sonoros provenientes do entono, identifica-se que

este não se constitui como uma área sensível ao ruído. Entretanto, a preocupação

com o isolamento acústico será necessária, uma vez que tanto o edifício pode se

comportar como fonte sonora para o entorno, como pode sofrer interferência do

grande ruído de tráfego existente no local.

Na fase de estudo do terreno, foram realizadas medições com o aparelho

medidor de pressão sonora em dois pontos distintos de seu perímetro, indicados na

figura 50. Realizadas as medições, pode-se inferir como a propagação dos ruídos,

principalmente do tráfego de veículos, impacta o terreno. Tal estudo também interfere

no zoneamento e nas decisões de projeto adotadas.

Analisando o esquema da figura 50, observa-se que os ruídos são mais

elevados nas zonas próximas a Avenida Deodoro da Fonseca e a Rua Mipibu, sendo

amenizados a medida que se aproximam da parcela posterior do terreno.

Page 48: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

47

Figura 50: Estudo de ruídos do terreno

Fonte: IDEMA, 2007 (Editado pela autora)

6.2. CONDICIONANTES LEGAIS

O estudo da legislação incidente ao terreno é vital para os estudos iniciais de um

projeto arquitetônico. Devem ser analisados, para a legalização do projeto de acordo

com as normas, a regulamentação incidente estabelecida pelo Plano Diretor de Natal

(2007), o Código de Obras e Edificações do Município de Natal (2004), a norma de

acessibilidade NBR 9050/2004, e o Código de Segurança e Prevenção contra

Incêndio e Pânico do Estado do Rio Grande do Norte.

6.1.2. Plano Diretor de Natal (2007)

Em relação as prescrições urbanísticas presentes no plano diretor, identifica-

se que no macrozoneamento de uso da cidade Natal/RN, o bairro de Petrópolis é

considerado uma zona adensável. Sendo assim, apresenta coeficiente de

aproveitamento básico de 3,5.

Considerando, portanto, o coeficiente de aproveitamento básico do terreno em

3,5, e sabendo que sua área total é de aproximadamente 2 297,84m², a área total

construída do edifício pode alcançar, no máximo 8 042,44m².

Com relação ao gabarito máximo permito no local, o Plano Diretor estabelece

que, em zonas adensáveis, o gabarito máximo permitido é de 90 metros.

Page 49: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

48

Considerando a proposta do edifício a ser projeto, é evidente que o gabarito será

bastante inferior ao máximo estabelecido.

Outro fator fundamental presente na regulamentação trata dos recuos mínimos

estabelecidos. Por se tratar de um edifício vertical, e considerando mais uma vez o

terreno localizado em uma zona adensável, as normas prescritas para os recuos são:

Por fim, o Plano Diretor também estabelece que a taxa de ocupação máxima,

assim como a taxa de impermeabilização máxima do terreno devem ser de 80%.

Quadro 3: Prescrições urbanísticas do Plano Diretor

Prescrições urbanísticas do Plano Diretor de Natal

Aproveitamento 3,5 x 2.297,94 = 8.042,44 m²

Gabarito máximo 90 metros

Recuos Frontal = 3 + H/10

Lateral = 1,5 + H/10

Permeabilidade 20% de 2.297,84 = 459,56 m²

Ocupação 80% de 2.297,84 = 1.838,27 m²

Fonte: NATAL, 2007 (Editado pela autora)

6.1.2. Código de Obras do Município de Natal (2004)

O Código de Obras do Município de Natal define algumas funções fundamentais

para a concepção do projeto, como a caracterização das vias da cidade, de modo que

a Avenida Deodoro da Fonseca é considerada via arterial, enquanto que a Rua Mipibu

é via local.

Das definições estabelecidas pelo Código de Obras fica determinado que:

A altura dos muros não deve ultrapassar 3,00 metros;

Podem ser admitidas dimensões mínimas de dois metros e quarenta

centímetros (2,40m) de largura e quatro metros e cinquenta centímetros

(4,50m) de comprimento para a vaga.

A rampa de acesso ao estacionamento tem inclinação máxima permitida de

20%, não podendo invadir o recuo frontal de 5,00 metros.

Page 50: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

49

Para estacionamento de veículos pequenos e médios, em ângulo de 90º em

relação a via, a passagem prevista deve apresentar circulação de no mínimo

5,00 metros, para sentido único e duplo de direção.

Figura 51: Vagas de estacionamento de veículos

Fonte: NATAL, 2007

6.1.3. Norma de Acessibilidade NBR 9050/2004

A NBR 9050 define a inclinação máxima permitida para rampas acessíveis de

8,33 %, com necessidade de corrimãos. Quanto às escadas, elas devem ter largura

mínima de 1,20 m, sendo 1,50 m a largura recomendada. As portas, por sua vez,

devem ter vão livre de no mínimo 0,80 m e altura mínima de 2,10 m.

A norma de acessibilidade traz diversas definições que devem ser atentadas e

especificadas no projeto, como especificação de corrimãos, pisos táteis, e

especificações de banheiros. Na execução deste trabalho, todas as normas serão

consultadas durante toda a fase de exercício projetual.

6.1.4. Código de Segurança e Prevenção contra Incêndio e Pânico do Estado

do Rio Grande do Norte

O código de Segurança e Proteção contra Incêndio do Estado do Rio Grande

do Norte apresenta bastante importância de uso, sendo consultado sempre que

necessário. De acordo com o artigo 6, capítulo IV da norma, a escola de artes

performativas é classificada quanto a sua ocupação, como ocupação Reunião

Page 51: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

50

Pública, edificações destinadas a exposição, teatros, cinema, auditórios e colégios,

centros de cursos diversos.

Para esse tipo de ocupação, portanto, o equipamento deve atender os

seguintes requisitos:

Todas as peças de decoração confeccionadas em material de fácil combustão,

deverão ser tratadas com proteção retardante à ação do calor;

Deverá dispor de renovação de ar ambiente através de ventilação natural;

Deverá dispor de sistema de iluminação de emergência;

Ambientes com mais de 100 lugares, além das aberturas normais de entrada,

deverão dispor de saídas de emergência com largura mínima de dois metros e vinte

centímetros (2,20m), acrescendo-se uma unidade de passagem (cinqüenta e cinco

centímetros) para excedentes de 100 pessoas;

Edificações com mais de um pavimento terão escadas com largura mínima de

um metro e sessenta centímetros (1,60m), para público de até 200 pessoas,

acrescendo-se uma unidade de passagem de cinqüenta e cinco centímetros (0,55 m),

para excedentes de 200 pessoas;

É obrigatória a utilização de guarda-corpo nas sacadas, rampas e escadas, em

material resistente, evitando-se quedas acidentais.

Page 52: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

51

7. METAPROJETO

Uma vez identificados os principais aspectos relacionados ao terreno e

legislação incidente na área, as primeiras concepções de projeto começam a

aparecer.

7.1. PROGRAMA DE NECESSIDADES

O programa de necessidades da escola de artes performativas foi definido a

partir dos estudos de referência e pesquisas relacionadas ao tema. Quanto a divisão

dos setores entre os pavimentos do edifício, estes foram dispostos de modo a agrupar

as funções semelhantes em um mesmo espaço. Dessa maneira, cada modalidade

artística constituinte da escola ficou separada em um pavimento, com espaços

multiusos e de convivência compartilhados entre todos no pavimento térreo e no

ultimo pavimento.

Figura 52: Zoneamento vertical do edifício

Fonte: Elaboração da autora, 2014.

O programa de necessidades ficou definido da seguinte maneira:

Quadro 4: Programa de necessidades - pavimento térreo

AMBIENTE

Teatro

Camarim masculino

Page 53: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

52

Camarim Feminino

Administração geral

Secretaria

Tesouraria

Lanchonete

Despensa

Banheiros

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Quadro 5:Programa de necessidades - 1º pavimento

1º Pavimento – Escola de Música

Administração

Sala dos professores

Estar/copa

Intrumentotéca

Sala de aula

Cabine de estudo individual

Estúdio

Gravação

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Quadro 6: Programa de necessidades - 2º pavimento

2º Pavimento – Escola de dança

Administração

Sala dos professores

Vestiário de funcionários

Sala de figurino

Sala de aula

Fisioterapia

Banheiros

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Page 54: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

53

Quadro 7: Programa de necessidades - 3º pavimento

3º Pavimento – Escola de teatro

Administração

Sala dos professores

Depósito

Sala de aula

Sala de oficinas

Sala de figurino

Banheiros

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Quadro 8: Programa de necessidades - 4º pavimento

4º Pavimento – Espaço multiuso

Biblioteca

Lanchonete

Despensa

Copa

Depósito

Loja

Convivência

Banheiros

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Uma vez definido o programa de necessidades e o pré-dimensionamento dos

ambientes, e separando cada modalidade por pavimento, foram realizados os

primeiros zoneamentos, que começaram a tomar forma na evolução da proposta.

7.2. PARTIDO ARQUITETÔNICO

Como abordado no item referente a metodologia de projeto adotada, capítulo 5

deste trabalho, a definição de partido arquitetônico é dada por SILVA (1984), como a

sequência formal de uma série de determinantes, considerando principalmente a

intenção plástica do arquiteto. Sendo assim, juntam-se aos demais determinantes –

Page 55: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

54

atendimento a legislação, alcance do conforto ambiental e a boa relação funcional

entre os ambientes e os usuários – a intenção de um edifício composto por módulos.

A partir desse conceito, aplica-se que o projeto arquitetônico é norteado por um

conjunto de ideias centrais que irão influenciar diretamente nas decisões de projeto.

Assim, os princípios determinantes para o início do processo projetual foram:

Edifício constituído por cheios e vazios.

Estrutura modulada que viabilize a flexibilidade das paredes internas, buscando

a adaptação do edifício aos futuros avanços da tecnologia e das necessidades

dos usuários.

Zoneamento vertical executado de modo que as três modalidades artísticas

fossem separadas por pavimentos.

Integração do pavimento térreo do edifício com o entorno e seus usuários,

tornando o edifício convidativo para a população, que o teria como um grande

espaço de convivência e exposição.

Adequação do edifício com o terreno, a legislação urbanística e os

determinantes de insolação, ventilação e propagação de ruídos no entorno.

Essa série de determinantes e intenções preliminares de projeto resultou no

conceito principal que o norteou durante toda a fase de desenvolvimento e

evolução da proposta. Como conceito, portanto, têm-se o brinquedo lego e todas

as suas variações de montagem, sendo constituído por diversos módulos que se

encaixam formando inúmeras combinações.

Quadro 9: Peças do brinquedo lego

Fonte: http://revistafinal.com/

Page 56: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

55

Uma vez definido qual conceito nortearia a evolução e o desenvolvimento do

projeto, foram realizados os primeiros estudos funcionais e formais do edifício,

buscando abranger a todos os condicionantes em uma mesma proposta. Para isso

o brinquedo lego se tornou forte aliado na concepção projetual, permitindo uma

análise simultânea entre o zoneamento em planta do edifício e sua respectiva

proposta volumétrica.

7.3. EVOLUÇÃO DA PROPOSTA

A ideia de trabalhar com módulos esteve presente desde o princípio da

concepção de projeto. Entretanto, ao longo do processo criativo este foi se

modificando para atender adequadamente as necessidades funcionais, espaciais e

formais do edifício. Com a proposta dos blocos de lego como principal metodologia de

criação, pode-se começar a pensar em soluções funcionais ao mesmo tempo em que

o volume do edifício ia sendo concebido.

Outro ponto que esteve presente desde o princípio, foi a ideia de uma área

pública no térreo, buscando a integração entre o edifício e os usuários do entorno, isto

é, pessoas que estivessem passando pelas ruas. Para isso, foi traçada a necessidade

de um espaço livre que pudesse ser utilizado pelos passantes para, por exemplo,

“cortar caminho” da Rua Mipibu para a Avenida Deodoro, e com isso, aproximar as

pessoas das variadas expressões artísticas.

Figura 53: Croqui inicial da proposta

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Page 57: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

56

A ideia inicial contava com a concepção de um edifico em um bloco quadrado,

que seria divido em dezesseis blocos de 9,60m x 9,60m. Esses blocos estariam

dispostos de modo a abrigar o programa de necessidades nos cinco pavimentos,

considerando sempre os espaços a não serem preenchidos em determinados

andares.

Para isso, iniciaram-se os zoneamentos através dos blocos do lego,

determinando quais seriam preenchidos em cada pavimento, de uma maneira em que

se adequasse as diversas necessidades formais e funcionais do edifício.

Figura 54: Opção 01 - Térreo

Figura 55: Opção 01 - 1º pavimento

Fonte: Elaborado pela autora, 2014 Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Figura 56: Opção 01 - 2º pavimento

Figura 57: Opção 01 - 3º pavimento

Fonte: Elaborado pela autora, 2014 Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Page 58: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

57

Figura 58: Opção 01 - 4º pavimento

Figura 59: Opção 01 - volumetria em lego

Fonte: Elaborado pela autora, 2014 Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Após vários estudos, observou-se que a proposta inicial havia atingido a

intenção plástica desejada, entretanto, a modulação de 9,60 x 9,60 metros não se

apresentava como a melhor solução para a problemática do edifício, visto que este

apresentaria uma proporção bastante generosa em relação ao terreno, locando-se

nos limites dos recuos estabelecidos pelo plano diretor de Natal. Com essa proposta,

portanto, a intenção de estabelecer integração do pavimento térreo do edifício como

uma passagem entre os usuários do entono não se estabeleceria coerentemente,

buscando a necessidade de aliar os pontos positivos adquiridos nessa proposta com

as mudanças realizadas para melhor adequar a modulação.

Sendo assim, foram realizados cortes de áreas em excesso, assim como de

algumas circulações internas que se apresentavam superdimensionadas, objetivando

compatibilizar a solução funcional da edificação com a intenção plástica desejada.

Em seguida, identificou-se que a melhor solução adotada para a modulação

dos blocos do edifício seria 7,20 x 7,20 metros, que além de se apresentar

proporcional entre as dimensões do próprio prédio, também estaria melhor locado no

terreno, e consequentemente melhor relacionado com o entorno.

Page 59: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

58

Figura 60: Opção 02 em croqui - pavimento térreo

Figura 61: Opção 02 em lego - pavimento térreo

Fonte: Elaborado pela autora, 2014 Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Figura 62: Opção 02 em croqui - 1º pavimento

Figura 63: Opção 02 em lego - 1º pavimento

Fonte: Elaborado pela autora, 2014 Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Figura 64: Opção 02 em croqui - 2º pavimento

Figura 65: Opção 02 em lego - 2º pavimento

Fonte: Elaborado pela autora, 2014 Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Page 60: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

59

Figura 66: Opção 02 em croqui - 3º pavimento

Figura 67: Opção 02 em lego - 3º pavimento

Fonte: Elaborado pela autora, 2014 Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Figura 68: Opção 02 em croqui - 4º pavimento

Figura 69: Opção 02 em lego 4º pavimento

Fonte: Elaborado pela autora, 2014 Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Figura 70: Opção final - volumetria em lego (Vista 01)

Figura 71: Opção final - volumetria em lego 2 (Vista 02)

Fonte: Elaborado pela autora, 2014 Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Page 61: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

60

Figura 72: Opção final - volumetria em maquete eletrônica (Vista 01)

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Figura 73: Opção final - volumetria em maquete eletrônica (Vista 02)

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Figura 74: Volumetria final do edifício

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Page 62: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

61

8. MEMORIAL DESCRITIVO E JUSTIFICATIVO DO PROJETO

8.1. DESCRIÇÃO GERAL DO EQUIPAMENTO

O anteprojeto apresentado consiste de uma escola de artes performativas para

a cidade de Natal, intitulada “Esquina 3”, que objetiva tornar o ensino das artes mais

acessível para a população, que poderá dispor de diversas práticas e conhecimentos

em um mesmo equipamento.

O terreno escolhido apresenta área total de 2.297,84 m², com uma área

construída coberta total de 5.233,64 m². O edifício é constituído de um único bloco,

composto por cheios e vazios resultantes dos módulos vazios de cada pavimento. A

escolha do escalonamento dos blocos foi realizada para, além de se aliar aos

condicionantes ambientais do terreno (insolação, ventilação e ruído), tornar-se

harmônico com a esquina existente entre a Av. Deodoro da Fonseca e a Rua Mipibu.

As partes integrantes do projeto serão descritas a seguir:

8.1.1. Implantação e Cobertura (Prancha 01)

A implantação do edifício foi resolvida, a princípio, através das normas

estabelecidas em relação aos recuos mínimos. Além disso, era desejável desde o

princípio que o bloco do edifício apresentasse considerável distância em relação aos

seus recuos frontais. Após a locação do edifício no terreno, a prioridade foi tornar

realidade a ideia inicial de todo o projeto, uma passagem que interligasse os passeios

das duas vias e integrasse o prédio com o entorno e seus usuários. Destaca-se na

implantação a existência de vagas de estacionamento para deficientes (2% das vagas

necessárias totais) e idosos (5% das vagas totais).

Como meio de incentivar a utilização do transporte alternativo, a implantação

do edifício conta com a existência de bicicletários, utilizados nos próprios canteiros de

vegetação, que apresentam para isso ferros de segurança individual para cada

bicicleta.

A cobertura do edifício, por sua vez, é concebida por diversas lajes

impermeabilizadas em diferentes níveis, apresentando isolamento térmico e acústico

Page 63: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

62

através da manta optima piso, da Isover, localizada abaixo do contra piso. Na

cobertura também se encontra o elemento utilizado para iluminação natural da área

comum de circulação entre os pavimentos (acima da escada circular em L). Além

disso, a cobertura também abriga o reservatório de agua superior, com espaço

necessário para abrigar duas caixas d’águas de fibra de vidro com capacidade de

15.000 litros, no volume acima da circulação vertical (escada enclausurada e

elevadores).

8.1.2. Subsolos (Pranchas 02 e 03)

O ponto de partida para a solução funcional dos sobsolos foram as restrições

urbanísticas em relação a área permeável mínima do terreno (20%). De acordo com

as normas estabelecidas pelo Código de Obras da cidade de Natal, considerando o

edifício como um equipamento de escola preparatória, faz-se necessário a proporção

de uma vaga a cada 50 metros quadrados. Sendo assim, o edifício necessita de 40

vagas de estacionamento, que foram divididas entre os dois subsolos. O acesso aos

subsolos é dado por uma rampa única (inclinação = 20¨%), com um patamar do

primeiro para o segundo subsolo.

No primeiro subsolo, além do espaço destinado a garagem (17 vagas de

carros), tem-se a presença do teatro multiuso, ambiente rebaixado por necessitar de

um elevado pé direito para escalonamento das poltronas. Em complemento, também

se encontra neste pavimento o reservatório inferior e a sala de gerador.

O segundo pavimento, por sua vez, apresenta toda a sua área livre para o

estacionamento de veículos, contando com 28 vagas de estacionamento de carros e

6 vagas para estacionamento de motos.

Quanto ao dimensionamento das vagas, este obedeceu ao estabelecido pela

norma do artigo 110, capítulo 7 do código de obras, afirmando que podem ser

admitidas dimensões mínimas de dois metros e quarenta centímetros (2,40m) de

largura e quatro metros e cinquenta centímetros (4,50m) de comprimento para a vaga.

Page 64: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

63

8.1.3. Pavimento térreo (Prancha 4)

O pavimento térreo é, entre todos, o que mais se integra com a implantação do

edifício, apresentando seus ambientes bastante recuados para a criação da praça de

passagem e convivência no interior do prédio. Nesse pavimento, destaca-se a

necessidade da separação dos espaços entre público e privado para que se

alcançasse a organização e a segurança da escola. O maior diferencial do pavimento

térreo é o teatro multiuso, que originou a criação do foyer e da bilheteria, assim como

dos ambientes de apoios e lanchonetes. Outro elemento de destaque no pavimento

térreo é a escada curva em L, que se apresenta também nos demais pavimentos a

fim de propor a circulação vertical, integração visual entre os pavimentos, e quebra

das formas ortogonais presentes em toda a composição do edifício.

8.1.4. Primeiro a terceiro pavimento (Pranchas 05, 06 e 07)

Nesses pavimentos estão dispostos, de fato, o programa necessário a escola

de artes performativas.

O primeiro pavimento, que dá uso a escola de música, foi localizado dentro do

zoneamento vertical para se situar no pavimento mais baixo entre os destinados

especificamente ao ensino. Tal escolha se justifica pelo conforto acústico, uma vez

que a escola de música é grande geradora de ruídos e portanto, quanto mais

rebaixada estiver, menor o campo de propagação da onda sonora. As questões

referentes a acústica também se fizeram presentes no zoneamento, uma vez que as

salas de estúdio e gravação estão localizadas nos fundos do lote a fim de favorecer o

isolamento acústico dentro desses ambientes,

Em todos os pavimentos, optou-se por concentrar as salas de aula (ambientes

de longa permanência) para as melhores fachadas. Nos casos em que houve a

necessidade de locar uma sala de aula em uma fachada menos favorecida, esta teve

suas aberturas voltadas para a melhor direção possível, buscando-se a melhor

solução em relação ao conforto térmico do edifício.

Mais uma vez tem-se o elemento da escada como objeto de destaque em cada

pavimento, que buscam a integração e junção entre as diferentes artes.

Page 65: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

64

8.1.5. Quarto pavimento (Prancha 08)

O último pavimento do edifício apresenta sua conformação de modo a gerar o

escalonamento desejado para o bloco do edifício em relação a esquina da Avenida

Deodoro da Fonseca e a Rua Mipibu. Os usuários que se deslocam através da escada

central são recebidos nesse pavimento pela área de convivência da lanchonete, local

destinado a troca de talentos e valores entre alunos e professores. Além disso, o

pavimento também conta com uma biblioteca das artes e loja de artigos específicos.

Assim, o edifício seria composto por ambientes próprios de cada escola artística

(primeiro a terceiro pavimento), mas também teria um espaço de uso comum a todos.

8.1.7. Fachadas (Pranchas 11 e 12)

Os elementos de fachada da edificação buscam um retorno ao conceito do lego

estabelecido no início do processo projetual, formado por módulos distintos de chapas

microperfuradas de aço galvanizado, impressas em cores. Esse elemento de fachada

é repetido durante todo o prolongamento do edifício, tornando-se como uma segunda

pele para o prédio. Para ser eficaz na questão de conforto e permitir a passagem de

ventilação, as chapas estão afastadas 50 cm da parede externa do edifício, sendo

sustentadas por perfis metálicos e moduladas em duas diferentes proporções (chapa

inteira e metade). Quanto as cores escolhidas, essas visam remeter o aspecto lúdico

referente às artes, assim como lembrar, mais uma vez, do conceito de lego escolhido

para o projeto.

Figura 75: Chapas microperfuradas de aço

Fonte: http:// chapasperfuradas.net/

Page 66: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

65

8.2. ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS

8.2.1. Índices urbanísticos

Como já explicado, o Plano Diretor de Natal estabelece diversos índices e taxas

que devem ser atingidos na execução do projeto arquitetônico. O quadro de dados

urbanísticos da escola de artes perfomativas, bem como do seu respectivo terreno

estão expostas na tabela a seguir:

Quadro 10: Dados urbanísticos do terreno e da edificação

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

8.2.1. Sistema Construtivo

Uma vez que se objetivava a execução de uma estrutura modulada que

viabilizasse a concepção da flexibilidade dos ambientes internos, alcançado pela

utilização de divisórias em drywall, a estrutura deveria ser modulada nas duas

direções da estrutura. Para permitir a execução de grandes vãos, mantendo uma

estrutura esbelta que pudesse ser aparente e participar da composição do edifício (em

Page 67: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

66

especial no pavimento térreo), optou-se pela utilização da estrutura metálica, que se

diferencia por possuir menor dimensão das peças e redução de carga nas fundações,

além de apresentar maior facilidade de vencer grandes vão.

Quadro 11: Modulação estrutural do edifício

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Dessa maneira, o edifício é composto por pilares metálicos de secção circular

(por motivos formais do próprio edifício), e vigas metálicas de perfil I. Para o

dimensionamento desses elementos estruturais, foram utilizados os gráficos

disponíveis no livro A Concepção Estrutural e a Arquitetura, de Yopanan C. P. Rebello,

que determina o pré-dimensionamento dos pilares metálicos em relação a quantidade

de andares, e das vigas em relação ao vão (figura 76 e figura 77).

Figura 76: Pré-dimensionamento de colunas de aço

Fonte: REBELLO, 2000

Page 68: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

67

Figura 77: Pré dimensionamento de vigas de aço

Fonte: REBELLO, 2000

A partir dos gráficos estudados, identifica-se a necessidade do pilar com 30cm

de diâmetro (para sustentação de cinco pavimentos + dois subsolos), e a viga metálica

perfil I com altura de 40 cm (para vencer o vão de 7,20 metros).

Em relação a laje escolhida, optou-se pela utilização da laje pré-moldada de

concreto armado (duplo T), apoiada sobre as vigas metálicas, com altura total de 30

cm e cobrimento de 10 cm, para atender as necessidades de isolamento de ruídos.

Figura 78: Laje pré-moldada de concreto armado

Fonte: http://lajespatagonia.com/

Page 69: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

68

8.2.2. Dimensionamento dos reservatórios de água

Para o cálculo de dimensionamento dos reservatórios de água foi realizada a

previsão do número de alunos na escola, estimando-se a quantidade de 400 alunos.

Sabendo que o consumo diário por aluno é de 50 litros, tem-se que o consumo diário

de água no equipamento é de 20.000 litros.

Para prevenir possíveis interrupções no abastecimento pela rede de água, foi

calculado um volume capaz de suprir dois dias sem água, resultando em um volume

total necessário de 40.000 litros. Uma vez calculado o volume necessário, o valor total

deve destinar 60% para o reservatório superior, e 40% para o reservatório inferior.

Além disso, no reservatório superior, deve-se somar 15% do volume diário como

reserva para casos de incêndio (consumo diário = 20.000 litros). Assim, o volume

necessário de água, bem como a reserva de incêndio necessária, é dado pelo cálculo

a seguir.

Reservatório superior: 40.000 x 0,60 + 3.000 = 27.000 litros

Reservatório inferior: 40.000 x 0,40 = 16.000 litros.

Ao pesquisar nas opções do mercado, foi escolhida a caixa d’água de fibra de

vidro, da marca FortLev.

8.2.3. Recomendações acústicas

Como já dito, o edifício não só recebe a propagação de ruídos advindos do

entorno, como também se comporta como uma fonte sonora para as proximidades.

Para isso, o edifício conta com uma preocupação no sistema construtivo, optando por

quatro tipos diferentes de paredes para melhor atender as diferentes funções de cada

ambiente, especialmente relacionada as funções acústicas.

No projeto, portanto, são encontradas paredes convencionais de alvenaria

(espessura total = 15 cm), paredes duplas de alvenaria (espessura total = 25 cm), e

divisorias em drywall comuns, e divisórias em drywall com isolamento acústico entre

as chapas.

Page 70: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

69

Figura 79: Parede convencional de alvenaria

Figura 80: Parede dupla de alvenaria

Fonte: http://fkcomercio.com.br/ Fonte: http://dicascaseiras.com/

Figura 81: Divisórias no sistema drywall

Fonte: http://cerpolo.com.br/

Figura 82: Aplicação de isolamento acústico na vedação de drywall

Fonte: http:/.lusole.com.br/

Page 71: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

70

Os quatro tipos de divisórias existentes no projeto refletem as necessidades

estruturais e acústicas de cada ambiente. No pavimento térreo, o teatro é inteiramente

construído com alvenaria dupla, a fim de isolar o ambiente gerador de ruídos do

restante da edificação. As demais paredes, por sua vez, são de alvenaria

convencionar, se forem paredes externas, ou drywall, para as demais divisórias

internas dos ambientes

Figura 83: Ambientes que apresentam sistema construtivo com isolamento acústico - pavimento térreo

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

No primeiro pavimento, destinado ao ensino da música, identifica-se a

necessidade de isolamento acústico nas salas de estúdio e gravação e nas salas de

aula.

Page 72: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

71

Figura 84: Ambientes que apresentam sistema construtivo com isolamento acústico - 1º pavimento

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Figura 85: Ambientes que apresentam sistema construtivo com isolamento acústico - 2º pavimento

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Page 73: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

72

Figura 86: Ambientes que apresentam sistema construtivo com isolamento acústico - 3º pavimento

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Figura 87: Ambientes que apresentam sistema construtivo com isolamento acústico - 4º pavimento

Fonte: Elaborado pela autora, 2014

Page 74: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

73

Além do tratamento das paredes e vedações do edifício, há a preocupação do

isolamento acústico em relação aos pisos, forros e esquadrias do edifício, para

alcançar o isolamento acústico entre os ambientes, além dos mais diversos materiais

que venham a proporcionar o condicionamento acústico, como poltronas e cortinas no

teatro, materiais adequados pelas suas propriedades absorventes.

Piso Vinílico Acoustic – Fademac

Descrição: Piso vinílico da linha acoustic com PVC expandido, promovendo a

diminuição de ruídos em até 13Db.

Figura 88: Piso vinílico Acoustic - Fademac

Fonte: http://catalogodearquitetura.com.br/

Forro de gesso acartonado com chapas perfuradas

Descrição. Forro de gesso acartonado com o uso de placas perfuradas que

auxiliam na absorção acústica, que é acentuada com o uso de lã mineral ou de lã de

vidro no entreforro.

Figura 89: Gesso acartonado com chapas perfuradas

Fonte: http:// knauf.com.br/

Page 75: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

74

Manta Optima Piso – Isover

Descrição: Material usado para evitar a propagação de ruídos de impacto entre

os pavimentos. A instalação é feita entre a laje e contrapiso durante a construção do

edifício. Na cobertura, essa manta também é utilizada para adquirir o conforto térmico

e qualidade sustentável da edificação, que é coberto por diversos níveis de lajes

impermeabilizadas.

Figura 90: Manta Optima piso - Isover

Fonte: http://www.isover.com.br/

Janela de PVC acústica

Descrição: Janela de PVC acústico de vidro laminado 10 mm. Sendo o PVC um

material que, naturalmente, não conduz o som, com a instalação de vidros laminados,

duplos ou triplos, há a redução de ruídos entre 24 e 36dB.

Fonte: http://fazfacil.com.br/

Page 76: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

75

Portas acústicas

Descrição: Como o propósito das portas e janelas acústicas é fornecer uma

barreira na passagem de som de um ambiente para outro. As portas acústicas são

utilizadas em ambientes onde a transmissão sonora deve ser evitada, em especial no

teatro multiuso no térreo e nas salas de estúdio e gravação localizadas no primeiro

pavimento destinado a escola de música.

Figura 91: Portas acústicas

Fonte: http://vibrasom.ind.br/

Figura 92: Esquema de composição da porta acústica

Fonte: http://logismarket.ind.br/

Page 77: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

76

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho final de graduação realizado consistiu na elaboração de um anteprojeto

de uma escola de artes performativas para a cidade de Natal/RN, realizado em um

edifício de 5 pavimentos e atentando a diversos aspectos importantes da arquitetura,

como a flexibilidade da forma e dos ambientes, além da preocupação com o conforto

ambiental.

Durante a fase de execução do trabalho foram encontradas algumas dificuldades,

como aliar os aspectos funcionais absorvidos pelos estudos de referencia diretos com

a intenção plástica e conceito desejado, sendo este o maior desafio durante toda a

fase de evolução da proposta e desenvolvimento do projeto.

Apesar das dificuldades encontradas, acredita-se que o objetivo do trabalho foi

alcançado, atingindo a fase de concepção e solução de alternativas referentes a etapa

de anteprojeto.

Por fim, é fundamental ressaltar todo o conhecimento adquirido durante a toda a

fase de pesquisa e elaboração do projeto, sintetizando e colocando em prática o

conteúdo estudado durante todo o curso, contribuindo também para o aprendizado de

novos temas e questões da arquitetura não aprofundados durante a graduação.

Page 78: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

77

REFERÊNCIAS

_________. Prefeitura Municipal de Natal. Secretaria Municipal de Meio Ambiente e

Urbanismo. Plano Diretor de Natal: Lei complementar n. 082, de 21 de jun. de 2007.

Natal: SEMURB, 2007, 55 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a

edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2004.

CÍRICO, Luiz Alberto. Arquitetura flexível: Soluções de projeto para flexibilizar

espaços. Disponível em: <

http://www.fag.edu.br/graduacao/arquitetura/editoral/arquiteturaflexivel.PDF>.

Acesso em: 15 abr. 2014.

NATAL. Prefeitura Municipal de Natal. Secretaria Municipal de Meio Ambiente e

Urbanismo. Código de Obras e Edificações do Município de Natal: Lei

Complementar N° 055, de 27 de jan. de 2004. Natal (RN): SEMURB, 2004, 38 p.

RIO GRANDE DO NORTE, Código de Segurança e Prevenção contra Incêndio e

Pânico do Estado do Rio Grande do Norte, 1974.

SALES, Cecília Azevedo de Oliveira. Teatro Riachuelo, Natal/RN: Estudo de caso,

Natal, 2011.

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO. Breve História do Teatro. Disponível em: <

http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=102>.

Acesso em: 08 abr. 2014.

Page 79: Divisão de Serviços Técnicos - UFRN: Home · para a cidade de Natal. Trabalho Final de Graduação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Departamento de Arquitetura, Universidade

78

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO. História da Dança. Disponível em: <

http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=102>.

Acesso em: 08 abr. 2014.

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO. Música: um pouco de história. Disponível em: <

http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=102>.

Acesso em: 08 abr. 2014.

SILVA, Elvan. Uma introdução ao projeto arquitetônico. 2.ed.rev.ampl. Porto

Alegre: Ed. da Universidade, UFRGS, 1998. 125p. (Nova Série Livro-Texto) ISBN:

8570254407.

TEIXEIRA, Bruna Azevedo Reis. Flexibilidade: uma contribuição para a

sustentabilidade. Monografia apresentada ao Curso de Especialização em

Construção Civil – Universidade Federal de Minas Gerais, 2009.

VALLE, Solon do. Manual prático da acústica. 3º edição. Rio de janeiro: Editora

Música e Tecnologia, 2009.

YOPANAN, R. A Concepção Estrutural e a Arquitetura. São Paulo: Zigurate, 2009.