UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LINGUAGEM ESCRITA E ORAL Fátima Regina de Araújo Orientador: Professor Mestre Robson Materko Rio de Janeiro Agosto/2001
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DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LINGUAGEM ESCRITA E ORAL REGINA DE ARAUJO.pdf · aprendizagem na linguagem oral e escrita, ... ao mesmo tempo que outros são mais rápidos. ... planejada
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO A VEZ DO MESTRE
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LINGUAGEM
ESCRITA E ORAL
Fátima Regina de Araújo
Orientador: Professor Mestre Robson Materko
Rio de Janeiro Agosto/2001
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO A VEZ DO MESTRE
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LINGUAGEM
ESCRITA E ORAL
Fátima Regina de Araújo
Trabalho monográfico apresentado como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Psicopedagogia
Rio de Janeiro Agosto/2001
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus que com sua força espiritual me ajudou a acreditar no poder de sua presença para que eu confiasse em minha potencialidade.
Agradeço a meus pais, que com palavras
de incentivo me ajudaram a ficar sempre fortalecida para seguir em frente.
Agradeço a minha irmã, que com carinho
e incentivo me ajudou a ingressar neste curso. Agradeço ao meu futuro marido, que com
paixão e paciência, pode compreender as minhas horas de ausência para a conclusão desta monografia.
culturais, problemas físicos ou de saúde, anomalias neurológicas ou problemas
no processamento de informações (dislexia e disgrafia em crianças). A habilidade
para determinar que fator ou fatores levam a um problema de aprendizagem
possibilita uma identificação precoce e decisão diagnóstica apropriada da criança
que apresenta uma excepcionalidade.
A classificação de uma criança como portadora de deficiência requer que
ela apresente comportamentos relacionados com uma ou mais das sete
categorias mencionadas. Além disto, a criança assim classificada precisa
demonstrar a necessidade de educação especial ou serviços médicos ou
psicológicos relacionados.
O ser humano é constituído por um todo organizado de sistemas com
profunda vinculação entre si. Não será feita aqui uma classificação dos distúrbios,
apenas será considerado grupos de acordo com suas causas principais, haja visto
que muitos deles têm mais de uma causa e em todos há interferência de mais de
um fator, seja ele somático ou psíquico.
As causas responsáveis pelos distúrbios são mais ligadas ao indivíduo em
si do que q parte exterior, ou seja, a parte aonde o mesmo está inserido. Serão
expostas aqui todas elas para que se tenha um prévio entendimento, haja visto
que o detalhamento será feito mais adiante:
Causas físicas
São aquelas representadas pelas perturbações somáticas transitórias ou
permanentes. São provenientes de qualquer perturbação do estado físico geral da
criança, tais como febre, dor de cabeça, dor de ouvido, cólicas intestinais, anemia,
asma, verminoses e todos os males que atinjam o físico de uma pessoa, levando-
a a um estado anormal de saúde.
Causas sensoriais
Estas causas têm como responsáveis os órgãos dos sentidos, pois eles
comandam a percepção que o indivíduo tem do meio exterior. Qualquer problema
que afete os órgãos responsáveis pela visão, audição, gustação, olfato, tato,
equilíbrio, reflexo postural ou os respectivos sistemas de condição entre esses
órgãos e o sistema nervoso, causará problemas no modo de a pessoa captar as
mensagens do mundo exterior e, portanto, dificuldade para ela compreender o
que se passa ao seu redor.
Causas neurológicas
São as perturbações do sistema nervoso, tanto do cérebro, como do
cerebelo, a medula e dos nervos, isto porque, o sistema nervoso comanda as
ações físicas e mentais do indivíduo. Então, qualquer distúrbio em uma dessas
partes se constituirá em um problema de maior ou menor grau, de acordo com a
área lesada.
Causas emocionais
Pode se chamar também distúrbios psicológicos, ligados às emoções e aos
sentimentos dos indivíduos e à sua personalidade. Esses problemas geralmente
não aparecem sozinhos, eles estão associados a problemas de outras áreas,
como por exemplo da área motora, sensorial e etc.
Causas intelectuais ou cognitivas
Estas causas dizem respeito a inteligência do indivíduo, ou seja, à sua
capacidade de conhecer e compreender o mundo em que vive, de raciocinar
sobre os seres animados que o cercam e de estabelecer relações entre eles.
É importante lembrar que o sistema nervoso tem também papel importante
nesses distúrbios. O modo pelo qual o indivíduo conhece o mundo, sua maior ou
menor capacidade de estabelecer relações, de criar coisas novas, de inventar, de
construir e de buscar soluções diferentes para um mesmo problema vão depender
muito de suas estruturas mentais e de sua capacidade intelectual.
Causas educacionais
O tipo de educação que a pessoa recebe na infância irá condicionar
distúrbios de origem educacional, que a prejudicarão na adolescência e na idade
adulta, tanto no estudo como no trabalho. Portanto, as falhas de seu processo
educativo terão repercussões futuras.
Causas sócio-econômicas
Diferente das outras causas, essas não se revelam no aluno. São
problemas que se originam no meio social e econômico, ou seja, no meio físico
social onde vivem têm poder sobre eles, podendo ser favorável ou desfavorável a
sua subsistência e também as suas aprendizagens.
Será feito nos próximos subtítulos uma exploração maior.
3.1 – Causas físicas
São perturbações orgânicas, que envolvem a saúde, podendo ter as origens
mais diversas e tempo de duração variáveis e causar inúmeros problemas de
saúde, tanto na criança como no professor, afetando o processo de ensino e
aprendizagem.
Pode se classificar as causas em dois grupos:
Perturbações transitórias e perturbações permanentes.
Perturbações transitórias
São aquelas que podem atingir tanto o professor como os alunos, irá
depender de seu grau de intensidade para que se tenha o período de duração, ou
seja, são passageiros, pois terminam com a cura da doença ou com a eliminação
da perturbação.
Estes são exemplos deste tipo de perturbação:
1) dores de um modo geral;
2) doenças parasitárias;
3) febre resultante de qualquer processo infeccioso ou inflamatório, que
também é um fator negativo no processo de ensino e aprendizagem;
4) doenças alérgicas;
5) doenças infantis como sarampo, catapora, etc.
Perturbações permanentes
São obstáculos que impedem o bom desenvolvimento do aluno em termos
de aprendizagem, e que são devidos a qualquer tipo de deficiência orgânica
permanente. Incluem-se nesses casos os deficientes físicos que: não possuem
um órgão; não possuem um membro; não possuem um dos dedos ou tenha a
paralisia.
Estão incluídos aqui os indivíduos de má formação congênita ou
hereditária.
A desnutrição causa sérios distúrbios na aprendizagem, pois colabora para
o surgimento da anemia, prejudicando assim a vitalidade da criança. Isto ocorre
porque as proteínas, como se sabe, contribuem para a formação dos nervos e do
sistema nervoso em geral, ou seja, a falta delas no organismo impede os nervos
de se desenvolverem normalmente.
3.2 – Causas sensoriais
São todas as causas que envolvem distúrbios dos órgãos dos sentidos e
suas ligações com o sistema nervoso central, áreas cerebrais sensoriais e com
dos movimentos. Cada órgão do sentido possui um meio para atingir
negativamente o processo ensino-aprendizagem.
3.3 – Causas neurológicas
Como já foi comentado, o sistema nervoso comanda os outros sistemas do
nosso corpo e sendo assim, ele interfere em muitas atividades e em especial na
parte que diz respeito a aprendizagem.
Os distúrbios neurológicos podem atingir tanto crianças quanto adultos
dando origem a problemas de fala, locomoção, memória, funcionamento do
cérebro e outros. Será comentado aqui somente os que mais freqüentemente se
transformam em problemas de aprendizagem, de leitura, fala e escrita, pois as
dificuldades nestas áreas conduzem a outras dificuldades de aprendizagem, haja
visto que o aluno irá precisar da leitura e da escrita para compreender outras
disciplinas e se conduzir na vida sozinho. Para que se tenha um entendimento
melhor dos distúrbios neurológicos, serão mostrados a seguir alguns deles:
a) lesão cerebral
A lesão cerebral atinge um dos centros nervosos vitais da aprendizagem
que irá retardar o andamento normal do processo de aprendizagem.
b) disfunção cerebral mínima
Isto significa dizer um mal funcionamento do cérebro, devido a fatores
hereditários ou a má formação do embrião durante a vida uterina, traumas
sofridos pelo feto na hora do parto ou ainda a problemas adquiridos pelo
indivíduo após o parto. Este termo foi utilizado no lugar de lesão, porque a
maioria dos distúrbios de aprendizagem não se deve a uma causa
traumática irreversível, ou seja lesão cerebral. São devidos a pequenos
prejuízos da estrutura cerebral. O indivíduo portador desta disfunção
apresenta combinações variáveis e déficit de percepção, conceituação,
linguagem, memória, controle de atenção, dos impulsos ou da função
motora. O que interessa à educação é que esta disfunção pode se
manifestar durante os anos escolares, principalmente na pré-escola e no 1º
Grau, com uma variedade de dificuldades especiais de aprendizagem.
Os problemas de comportamento estão dentro desta disfunção, e
estes, provocam nas crianças comportamentos bastantes diversificados.
São, geralmente, crianças agressivas, barulhentas, exibicionistas e não
aceitam regras de educação social. Isto provoca problemas em sala de
aula pois a criança não consegue se concentrar para ter atenção
necessária para o entendimento do conteúdo.
Existem várias dificuldades que estão associadas ao DCM, mas só
interessa neste contexto, as que estão ligadas a linguagem oral escrita:
a) Disgrafia: dificuldade de utilização dos símbolos gráficos para
exprimir idéias. É identificada pelo traçado irregular das letras e
pela má distribuição das palavras no papel. A criança consegue
copiar o texto, porém quando este mesmo texto é ditado, ou então
quando esse texto é uma dissertação, surgem sérios problemas de
escrita.
b) Disortografia: é a falta de capacidade de apresentar uma escrita
correta, com o uso adequado dos símbolos gráficos. A criança não
respeita a individualidade das palavras. Junta palavras, troca
sílabas e/ou omite sílabas ou palavras.
Os portadores de DCM têm os seguintes comportamentos de
verbalização:
- fala muito alto;
- conversam sem parar;
- se pronunciam sem serem chamados;
- choram, gritam e riem muito;
- ameaçam bater nos colegas e mesmo no professor.
As causas neurológicas não podem ser ignoradas em momento algum
numa avaliação diagnóstica é a primeira a ser investigada.
3.4 – Causas emocionais
O fator emocional tem participação importante na aprendizagem, ou seja,
qualquer desequilíbrio que afete esta parte causa danos na estrutura psicológica
do indivíduo fazendo surgir reações que irão afetar seu comportamento social e
conseqüentemente na aprendizagem.
A criança que possui esse desequilíbrio apresenta os seguintes quadros:
1) comportamento retraído;
2) subnormalidade mental;
3) comportamento agressivo;
4) ansiedade;
5) medos e fobias;
6) comportamentos psicóticos.
3.5 – Causas intelectuais ou cognitivas
A parte intelectual assim como a anterior também é importante na
aprendizagem, pois em termos de escolarização, quase todas as aprendizagens
exigem do indivíduo seu conteúdo intelectual, e é a partir de seu intelecto que ela
irá se adaptar a novos conhecimentos e as condições mutáveis da vida. O
indivíduo deve ter a capacidade de aprender e aproveitar-se da experiência.
Os distúrbios intelectuais podem ser quantitativamente para mais ou para
menos, deles resultando respectivamente indivíduos superdotados e subdotados.
3.6 – Causas educacionais
A escola, como se sabe, foi criada para formar o indivíduo e sendo assim,
ela deve conter em sua estrutura todo um preparo para que este objetivo seja
atingido. O ambiente escolar, físico ou social, deve ser o mais agradável possível
onde a criança irá encontrar respostas para os seus questionamentos. Não se
pode esquecer da metodologia, pois esta não poderá ficar fora da realidade social
do aluno.
4. Distúrbio de aprendizagem da linguagem escrita
Este distúrbio trata de uma dificuldade significativa no desenvolvimento das
habilidades relacionada com a escrita. Esse transtorno não se explica nem pela
presença de uma deficiência mental, nem por escolarização insuficiente, nem por
um déficit visual ou auditivo, nem por alteração neurológica. Classifica-se como tal
apenas se produzem alterações relevantes ao rendimento acadêmico ou nas
atividades da vida cotidiana. A gravidade do problema pode ir desde erros na
soletração até erros na sintaxe, estruturação ou pontuação das frases, ou na
organização de parágrafos.
Costuma-se apresentar outras alterações superpostas, como os transtornos
do desenvolvimento na leitura, transtornos do desenvolvimento da linguagem do
tipo expressivo e receptivo, transtorno do desenvolvimento matemático, transtorno
do desenvolvimento da coordenação ou de habilidades motoras e, também com
transtorno de conduta de tipo desorganizado.
O exercício depende da gravidade, vindo desde os traços, no segundo ano
do primeiro grau, nos casos mais graves e aos 10 anos, no quinto ano do
segundo segmento do primeiro grau, ou inclusive mais tarde nos casos mais
leves. Foram observados mais casos em familiares de primeiro grau com
problemas no desenvolvimento da linguagem e da aprendizagem escolares do
que na população em geral.
Esse transtorno costuma apresentar diversas áreas alteradas, tais como o
soletrar, a sintaxe escrita em contraste com os resultados da sintaxe oral, a
organização do texto, a coesão, ou seja, conexão gramatical, transicionais e
lexicais, coerência, sentido da audiência, habilidades cognitivo – sociais,
idealização/abstração, etc. A sintaxe escrita pode ser medida através da
combinação de orações da complexidade sintática da escrita expontânea e das
tarefas de identificação. Todas estas alterações ilustram a linha das pesquisas
atuais e as perspectivas de futuro, rigorosas e científicas, de abordar as
dificuldades de aprendizagem na escrita.
Tendo como base os conhecimentos atuais sobre os processos cognitivos
implicados na conduta de escrever, justamente como o avanço da
neuropsicologia cognitiva e da linguagem, ao mesmo tempo que da a psicologia
cognitiva em geral, e foram propostas diversos modelos modulares sobre o
funcionamento mental da escrita. As afirmações da psicologia da escrita tal como
as da psicologia da leitura, tem base em dados clínicos procedentes de lesões
celebrais, neuropsicologia cognitiva e neurologística, em dados experimentais
muito controlados, tais como: dados de simulação através de computador, dado
procedente da metodologia observacional e dados procedentes da metodologia
seletiva. Esses enfoques têm a virtude de supor modelos completos de explicação
da escrita, além de explicar com clareza as características de sua alteração à
forma de avaliação e intervenção. A partir desses modelos disgráficas ou o atraso
na escrita vão sentido ao refletir em alterações em algum dos modelos ou
submodelos que representam processos ou subprocessos implicado na escrita.
“A escrita é um processo complicado que vai exigir vários anos de esforço escolares para a sua aprendizagem e que, evidentemente, não culmina com a aquisição dos simples automatismo gráfico, ao contrário. Igualmente, a escrita não é a leitura mas, ao contrário, envolve habilidades diferentes e relativamente independentes.” (GARCIA, 1998, p.194)
É necessário citar aqui os quatro processos cognitivos envolvidos na escrita
mais importantes, assim como, seus respectivos subprocessos. São eles:
1. Planejamento de mensagem
O planejamento da mensagem que se quer escrever suponha a tomada de
decisões a cerca da finalidade e do conteúdo que se pretende escrever, motivo
pelo qual será necessário selecionar informações congruentes como objetiva.
Essas informações podem ser proporcionadas pelo entorno ou podem ser
extraídas das experiências e da memória ao longo prazo do sujeito que irá
realizar uma conduta escrita.
Escrever supõe solucionar, assim como transmitir uma mensagem, como
influir na mente do leitor e supõe a tomada de decisões diversas que tenha haver
com o que será escrito, como será escrito, a quem será dirigido o escrito, etc. Se
bem que, antes de escrever algo, é necessário saber o que se vai escrever, esses
processos são os que consomem mais tempo nas tarefas da escrita, apesar de
não ser a mesma coisa escrever para uma audiência que para outra, e não é a
mesma coisa escrever um texto descritivo que conceitual.
2. Construção sintática
Escrever um texto supõe faze-lo em frases e ajustado a regras e estruturas
gramaticais próprias à língua em que se escreve e que dependem do objetivo que
se persiga do estilo que se escreva. Existem diversos elementos, como o tipo de
oração, o uso de palavras funcionais, o uso de sinais de pontuação. Para
escrever a mensagem, devemos encaixa-la numa mesma estrutura gramatical
que lhe dará forma e determinará o sentido daquilo que se escreva. Existem
diversos elementos, como o tipo de oração, o uso de palavras funcionais, o uso
de sinais de pontuação. Para escrever a mensagem, deveremos encaixá-la numa
estrutura gramatical que lhe dará forma e determinará o sentido daquilo que se
escreva.
3 – Recuperação dos elementos léxicos
Trata-se de selecionar as palavras pertinentes e adequadas para encaixá-
las na armação produzida pela leitura léxica. Essa seleção acontecerá em
diversas direções, visto que na memória de longo prazo existem “armazéns”
diferentes para a forma lingüística das palavras do que para o significado. Ainda
que os processos de busca da palavra aconteçam automaticamente, isso nem
sempre é assim. O que acontece é que a busca da palavra se submete a uma
série de restrições de matiz, estilo e redundância.
Foram consideradas duas rotas de acesso a palavra: uma rota visual ou
ortográfica ou direta, que permite a extração da palavra, a partir do “depósito
grafênico” na memória operativa; A outra rota, indireta ou fonológica, supõe a
extração da palavra, a partir do “depósito grafênico” na memória de longo prazo,
passando por “mecanismos de conversão fonema-grafema” para o “depósito de
pronúncia”. Em ambos os casos, conectam-se o léxico com o sistema semântico,
ou memória de longo prazo para os significados das palavras.
A rota ortográfica pode interpretar palavras familiares e conhecidas e com
ortografia arbitrária, enquanto a rota fonológica permite a interpretação de
palavras nunca vistas e pseudopalavras desde que sejam regulares. A rota
ortográfica supõe a presença prévia, na memória da palavra que se vai ativar,
enquanto que, com a rota fonológica, isso não é necessário, posto que se baseia
na aplicação de mecanismos de transformação de fonema a grafema.
4 – Módulos motores
O grafema ainda não está traduzido em movimentos. É necessário
selecionar os alógrafos pertinentes ou formas diversas que possam apresentar os
grafemas para o que, será necessário recorrer ao armazém alográfico, na
memória de longo prazo, recuperar os alógrafos e traduzi-los em movimentos. Os
movimentos relativos a cada alógrafo estão na memória de longo prazo ou
armazém de padrões motores gráficos, que deverão ser passados à memória de
curto prazo ou operativa, na qual se especificam seqüências, direção, tamanho
proporcional das letras e traços, etc. As tarefas puramente externas, em nível
motor, seriam a fase terminal da escrita. Converter toda a escrita numa tarefa
terminal puramente perceptivo-motora é um erro, posto que escrever é uma tarefa
fundamentalmente lingüística, na qual devem ser considerados os processos
anteriores a esta.
Processos intervenientes na tarefa da escrita
Não intervêm os mesmos processos no ditado que na cópia, na escrita à
mão ou à máquina, na escrita compreensiva que na não compreensiva. Não
intervêm os mesmos processos na escrita de palavras familiares que na das não
familiares ou pseudopalavras. Na realidade, caberia falar de várias rotas, segundo
o tipo de escrita ou tarefa que se realize. Até mesmo dentro de cada tarefa, por
exemplo, no ditado, podem participar diversas rotas.
Uma rota possível consiste em partir da análise acústica dos sons, na qual
se identificam os fonemas componentes das palavras. A seguir, se produz um
reconhecimento das palavras que estão representadas no léxico auditivo e
ativação das respectivas palavras. Produz-se a extração do significado do sistema
semântico. Depois, ativa-se a forma ortográfica passa ao depósito grafêmico,
iniciando os processos motores com a depuração dos alógrafos e dos padrões
motores gráficos antes de executar-se externamente a escrita dos respectivos
grafemas. Essa rota supõe a compreensão do significado da escrito e a aferição
da ortografia correta.
Outra rota possível (a de pseudopalavras e de palavras pouco freqüentes)
partirá da análise acústica, irá ao mecanismo de conversão acústico-fonológico,
ao armazém de pronúncia dos sons, à fala, ao mecanismo de conversão de
fonema a grafema para chegar ao armazém grafêmico e daí, aos processos
motores incluindo a recuperação dos alógrafos e a dos padrões motores gráficos
antes de executar-se externamente a escrita.
V. Distúrbios de aprendizagem na linguagem oral
São distúrbios que dizem respeito à dificuldades que prejudicam o
desenvolvimento da fala.
Podem ser distinguidos dois tipos de transtorno da linguagem oral: os
transtornos do desenvolvimento da articulação e os transtornos do
desenvolvimento da fala, tipo expressivo e tipo receptivo, que, corresponderiam a
terminologia mais habitualmente que é a deslalia seja específica ou generalizada
(hotentísmo), de disfasias expressivas e disfasias receptivas, as quais se costuma
acrescentar o qualificativo de evolutivas ou de desenvolvimento.
Transtornos do Desenvolvimento da Articulação
Essa dificuldade ou problema pode dar-se em outros transtornos, como a
deficiência mental ou nos transtornos invasivos do desenvolvimento, ou por
alteração neurológicas ou neuromusculares, como as disartrias presentes nas
pessoas com paralisia cerebral infantil, ou por alterações mecânicas ou orgânicas
dos órgãos de fonação, como disglossias. As dificuldades costumam ser
observadas em articulação anômala de um ou vários fonema, em omissões ou
substituições de alguns fonemas por outros, ou em “linguagem infantilizada por
efeito de múltiplas dislalias ou hotentotismo.
Os efeitos desse déficit da articulação da linguagem na compreensão da
linguagem é variável, indo desde a compreensibilidade total, passando pela
parcila, até a ausência total de compreensibilidade.
Transtornos do desenvolvimento na linguagem do tipo expressivo
As dificuldades de articulação são um transtorno da fala, motivo pelo qual,
tratar-se-ia de um problema menor e recuperável. Desta forma, os transtornos do
desenvolvimento da linguagem do tipo expressivo ou receptivo deveriam estar
incluídos nos transtornos da linguagem. Essa distinção não é leviana, pois os
transtornos de linguagem são muito mais graves, e ainda que seja necessário
distinguir diferentes graus ou níveis, costumam deixar seqüelas importantes em
outros aspectos específicos do desenvolvimento, como a leitura e a escrita ou a
matemática. Essa distinção é importante de ser apresentada tanto a pais como a
professores visto que, ao nos referirmos a crianças que apresentam um
“problema de linguagem”, tende-se a considerar algo passageiro e de importância
menor, e isso, quase nunca é assim. Os pais e professores costumam identificar
um “problema de linguagem” com um simples “problema de fala” ou “dislalia”
As disfasias pressupõem um atraso ainda maior, iniciando-se as primeiras
palavras a partir dos 4 anos, com o que se supõe um atraso muito grave da
linguagem.
Para ser classificado como um transtorno específico do desenvolvimento
da linguagem do tipo expressivo, não deve estar presente uma deficiência mental,
uma escolarização, um déficit auditivo ou um déficit neurológico ou um transtorno
invasivo do desenvolvimento, como o autismo. Além disso, somente se aplica a
esta categoria diagnóstica se isto produz interferências relevantes nas
aprendizagens escolares ou nas atividades da vida diária.
Normalmente, podem soprepôr-se um transtorno de desenvolvimento da
linguagem do tipo expressivo com um transtorno do desenvolvimento da
articulação de forma mais ou menos generalizada.
“O vocabulário se desenvolve como resultado da experiência e da integração neurológica. Deve-se proporcionar às crianças oportunidades educacionais variadas, como base do desenvolvimento da linguagem. O ensino diretivo de substantivos básicos, através de recursos concretos, imitação e técnica de reforçamento deve ser seguido de instrução seqüencial de verbos, advérbios e adjetivos”. (VALETT, 1993, pg.243)
Transtornos do desenvolvimento da linguagem do tipo receptivo
Quando se observa um atraso grave ou importante no desenvolvimento da
compreensão da linguagem em relação ao resto do desenvolvimento, não-verbal,
falamos de transtorno do desenvolvimento da linguagem do tipo receptivo. Trata-
se pois, de um atraso relevante da linguagem e não da fala. Para que se aplique o
diagnóstico desse transtorno, o déficit deve afetar ou dificultar as aprendizagens
escolares ou as atividades da vida diária.
A gravidade do problema de compreensão é variável em função dos
aspectos afetados e em relação a idade da pessoa. Podem acontecer transtornos
na compreensão da linguagem de áreas semânticas concretas ou quando se
utilizam frases complicadas ou com elementos abstratos ou lógicos, nos casos
mais leves. E podem acontecer dificuldades mais generalizadas, como os casos
graves, em que se dão alterações na compreensão do vocabulário básico, de
frases elementares, ou na discriminação de sons ou sua associação com
símbolos ou no armazenamento seqüencial e recuperação da informação
auditiva.
Dificuldades de aprendizagem da linguagem e dificuldades de aprendizagem
A aprendizagem da linguagem durante os primeiros anos de vida, apesar
de que a maioria das crianças a adquiram “sem muita dificuldade”, não é algo
simples, implicando a ação conjunta de múltiplos processos e fatores. É daí que,
quando esta aprendizagem falha em algum sentido, é possível tomar consciência
da grande complexidade que se supõe e se entusiasmar com o fato de tantas
crianças aprenderem a linguagem tão bem. Entretanto, nem todas as crianças
aprendem ao mesmo tempo. Quando o tempo de aquisição em relação a idade
real é significantemente lento e aparecem dificuldades específicas, a criança pode
apresentar uma dificuldade de aprendizagem. Como conseqüência, no seguir dos
anos escolares, essas dificuldades de aprendizagem podem tornar-se mais
evidentes e persistentes.
A aprendizagem das formas da linguagem
A aprendizagem das formas da linguagem ou categorias da linguagem
incluem a aprendizagem da fonologia, da morfologia e da sintaxe. Da fonologia,
trata-se de aprender os aspectos segmentais, da morfologia inclui o léxico, seja
de substantivos ou relacional, seja de palavras de conteúdo, como os verbos,
advérbios e nomes, ou seja de palavras funcionais como as preposições,
conjunções e etc.
A aquisição e a aprendizagem da sintaxe supõem a aprendizagem da
ordem das palavras; sejam os aspectos lineares ou hierárquicos, sejam o sujeito e
o verbo complementos, sejam os tipos de oração: a passiva ou interrogativa:
esses três aspectos formais da linguagem deverão integrar-se e conjugar-se para
a produção de formas particulares, ou seja, o que a criança diz. As crianças que
apresentam dificuldade de aprendizagem na linguagem podem ter dificuldade em
alguns desses aspectos.
Aprendizagem do conteúdo da linguagem
Um segundo aspecto, que é preciso aprender de maneira integrada com os
outros dois componentes da linguagem, é conteúdo da linguagem. Aprender a
semântica implica aprender três subcomponentes: o conhecimento dos objetos,
seja de objetos particulares ou de classes de objetos, as relações entre os
objetos, sejam reflexivos ou de um objeto consigo mesmo, tais como sua
existência ou desaparecimento, sejam as relações entre os objetos da mesma
classe, como a atribuição ou a quantidade, sejam as relações dos objetos em
diferentes classes, como a ação de um sobre outro, sua localização ou sua posse,
e as relações entre eventos, sejam intereventos, como o tempo e a causalidade,
ou sejam intra-eventos, como o tempo, o modo e o conhecimento.
Aprendizagem do uso da linguagem
As crianças devem aprender muito sobre esse compromisso. Seria
necessário incluir aqui dois aspectos: as intenções e a adaptação do contexto,
para provocar os efeitos ou funções desejadas. Deve-se distinguir as intenções do
interlocutor, dos efeitos ou funções que exerce ou produz no outro. São diversas
as funções que se deve aprender a usar: umas são intra-pessoais, como os
comentários, os jogos vocais ou a solução de problemas; e outras são
interpessoais, como as demandas, obtenção de informação ou a busca de
atenção. As necessidades comunicativas do contexto são complexas; entre elas
podem ser destacadas as não lingüísticas, como o apoio perceptivo do contexto,
seja em forma de eventos dinâmicos em si ou em outros, ou estáticos, e a
adaptação às necessidades do ouvinte, sua idade e seu conhecimento prévio.
Entre as necessidades comunicativas do contexto há as de caráter lingüístico ou
relacionadas com expressões anteriores, permitindo uma certa coerência no
discurso, e podem ser incluídas as não contingentes, como a mudança de tema
conversacional e a contingente como imitar, acrescentar informações ou
perguntar.
As dificuldades quanto a aquisição de aprendizagem da linguagem podem
ser originadas também por afecções sensoriais (surdez), infecciosas (encefalite)
ou neuromotoras (paralisia cerebral) ou neurológicas (epilepsia infantil).
Quando falamos de dificuldade de aprendizagem da linguagem, referimo-
nos a um grupo heterogêneo de transtornos com o denominador comum do
atraso significativo das capacidades lingüísticas não explicáveis por deficiência
mental ou outras causas neurológicas, tratando-se, em todos os casos, de um
atraso ou desvio relevante do desenvolvimento da linguagem que incide em
algum componente ou subcomponente tal como os antes mostrados, tratando-se
de um problema com efeito bastante persistente.
“Durante a fase pré e os anos de maternal a maioria das crianças manifesta dificuldade de articulação que desaparece gradativamente, com o resultado de maturação e experiência. Nas primeiras séries do Primeiro Grau, contudo, a crianças com problema de articulação, de certo modo podem precisar de uma educação específica e de correção da fala. Muitos problemas articulatórios podem ser evitados através de uma programação conscienciosamente desenvolvidos, para o desenvolvimento da fala na sala de aula”. (VALETT, 1993, pg.255)
CONCLUSÃO
Como vimos, os distúrbios de aprendizagem criam uma barreira que
impede o andamento normal do processo ensino/aprendizagem. Quanto maior for
o dano, maior será a possibilidade do indivíduo em ter dificuldades de se
relacionar com o conteúdo abordado.
As dificuldades de aprendizagem na linguagem oral e escrita geram
problemas nas outras áreas, principalmente naquelas onde o aluno terá de
pronunciar as palavras e escrever para desenvolver o tema. As crianças
portadoras desses distúrbios em geral, apresentam características que facilitam o
diagnóstico.
Em minha opinião, o diagnóstico é a parte mais importante no momento do
início do tratamento para a recuperação do atraso provocado pelo distúrbio. Isto
porque o diagnóstico irá expor o fato gerador do distúrbio detectado, seja ele oral
ou escrito. E também para que se obtenha um resultado diagnóstico perfeito
deve-se ter tanto um parecer didático, mostrando as falhas da aprendizagem,
quanto um parecer clínico, que pode ser dado pelo psicólogo ou pelo
neurologista.
Não se pode ter uma visão negativista desses distúrbios, pois apesar da
recuperação às vezes não ser de cem por cento, não se pode anular totalmente o
indivíduo, o qual é portador de qualquer distúrbio de aprendizagem.
Deve-se tomar cuidado para não acontecer os chamados “distúrbios
produzidos”, que são aqueles onde o indivíduo adquire o distúrbio devido a algum
problema comportamental em nível baixo mais é rotulado pela professora como
problemático e isso faz com que a mesma crie um ambiente diferenciado, fazendo
com que o aluno se ache afastado dos outros e comece a ter uma consciência
contrária de sua capacidade, ou seja, ele vai se incapacitando sem ter noção e
passa realmente a ter problemas sérios de aprendizagem que não tinha. Existem
vários tipos de problemas comportamentais, o mais simples pode ser contornado
na sala de aula, porém é importante lembrar que irá depender da noção de
domínio de classe do professor.
É de inteira consciência que o indivíduo, mesmo não tendo distúrbios de
aprendizagem, nunca estará perfeitamente dentro de todas as exigências
descritas no conceito de aprender. Somente os casos mais graves, onde a lesão
cerebral ocorreu numa parte irreversível da massa cefálica é que são
considerados clínica e pedagogicamente sem solução.
É necessário que todos se conscientizem de que estes distúrbios existem e
que alguns deles podem aparecer em qualquer indivíduo, independente do extrato
social a que pertença. Por isso deve-se fazer um esforço conjunto no sentido de