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DIAGNSTICO RURAL PARTICIPATIVO (DRP) UMA FERRAMENTA NECESSRIA
PARA
INVESTIGAO/INTERVENO: EXPERINCIA DO PROJETO CAJUSOL NO
TERRITRIO DO SERID (RN)
rea Temtica: Desenvolvimento e Espao: aes, escalas e
recursos
Suzaneide Ferreira da Silva Menezes1
Mrcia Egina Cmara Dantas2
Maria Clara Torquato Salles3
Paulo Cezar Filho4
Alyana Karla do Nascimento Duarte5
Jos Larcio Bezerra Medeiros6
RESUMO
O Projeto Cadeias Produtivas do Caju e do Girassol: Tradio e
Inovao na perspectiva da Economia
Solidria e Tecnologias Sociais CAJUSOL um projeto de pesquisa e
extenso que tem o Governo do Estado do Rio Grande do Norte atravs
da Fundao de Apoio a Pesquisa do Estado do Rio Grande do
Norte (FAPERN) como proponente. Como estratgia de
operacionalizao adotou-se a subdiviso deste
projeto em dois subprojetos onde a A UERN, atravs da Pr-Reitoria
de Extenso - PROEX, coordena as
aes e responsvel pelas aes de carter social, incluindo a
elaborao do Diagnstico Rural
Participativo e a capacitao na rea de polticas pblicas,
participao e cidadania nas comunidades
objeto de interveno do sub-projeto CAJUCULTURA SOLIDRIA NO
SERTO/RN (CPCRN),
atuando nos territrios da cidadania Au/Mossor, Serto do Apodi e
Serid no ramo da cajucultura. O
estudo em evidncia se constitui na anlise do uso do Diagnstico
Rural Participativo DRP como ferramenta de coleta de dados com foco
no desenvolvimento local das comunidades rurais,
especificamente o projeto de assentamento Z Milans e a
comunidade rural Buraco de Lagoa, ambas
pertencentes ao Territrio da Cidadania do Serid no municpio de
Lagoa Nova, que fazem parte do
projeto CAJUSOL. O DRP assim como a arte de planejar compreende
um processo poltico-
administrativo, permeado por conhecimentos poltico, pedaggico e
de valorizao da pessoa humana,
alm de ser resultado de ao em permanente estado de construo.
Nesse cenrio o DRP se torna uma
alternativa para coletar informaes acerca de uma dada realidade,
sem que estejamos atrelados ao uso de
tcnicas tradicionais. Este tipo de instrumento proporciona o
envolvimento da comunidade na construo
e identificao de sua prpria realidade. A apreenso da comunidade
sobre sua realidade afere a essa
tcnica um cuidado especial em no se deixar influenciar pela
carga emocional que perpassam os laos
afetivos gerados pela vida em comunidade. A aplicao do DRP o
levantamento de informaes locais
a partir da participao dos comunitrios a respeito dos seguintes
questionamentos: Quem somos? O que
temos? O que queremos? E como fazer? Nesse objetivou-se
apreender a realidade local a partir do olhar
dos agricultores e agricultoras acerca de suas problemticas e
possibilidades de resolutividade. Em ambas
as localidades o DRP revelou que existem grupos articulados,
sejam estes de jovens ou de cunho
religioso, com dinmicas especficas, porm atuantes em prol de
temticas vinculadas a sua
especificidade.
1 Doutora em Cincias Sociais pela Universidade Federal do Rio
Grande do Norte UFRN, Prof representante da UERN no
Projeto CAJUSOL. Email: [email protected];
[email protected]; Fone: (84) 3316-0448 / 3315-2182. 2
Mestranda em Sociedade, Ambiente e Tecnologia pela Universidade
Federal Rural do Semirido UFERSA e bolsista do
Projeto CAJUSOL. Email: [email protected] 3 Mestranda em
Cincias Naturais pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
UERN e voluntria do Projeto
CAJUSOL. Email: [email protected] 4Ps-graduando em
Educao Ambiental e Geografia do Semirido pelo Instituto Federal do
Rio Grande do Norte IFRN e
bolsista do Projeto CAJUSOL. Email: [email protected] 5
Bacharel em Servio Social pela Universidade do Estado do Rio Grande
do Norte UERN e bolsista do Projeto CAJUSOL.
Email: [email protected] 6Bacharel em Gesto Ambiental pela
UERN e bolsista do Projeto CAJUSOL. Email:
[email protected]
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PALAVRAS-CHAVE: Levantamento de informaes, comunidades rurais,
desenvolvimento local.
ABSTRACT
The Project of Productive Chains Cashew and Sunflower: Tradition
and Innovation in view of the
Solidarity Economy and Social Technologies - CAJUSOL is a
research and extension project which has
the state government of Rio Grande do Norte through the Research
Support Foundation of the State Rio
Grande do Norte (FAPERN) as a proponent. As an operational
strategy was adopted for this project in the
subdivision where the two subprojects UERN through the Dean of
Extension - PROEX, coordinates the
actions and is responsible for the actions of social character,
including the development of participatory
rural appraisal and training in the area of public policy,
participation and citizenship in the communities
subject to sub-project intervention CAJUCULTURA SOLIDARITY IN
SERTO / RN (CPCRN),
operating in the territories citizenship Acu / Mossor, Serto do
Apodi and Serid in that branch of
cajucultura. The study highlighted that the analysis is the use
of Participatory Rural Appraisal - PRA as a
tool for data collection focusing on the development of local
rural communities, specifically the
settlement project and the rural community Milanese Ze and Hole
Lagoon, both belonging to the Territory
Citizenship Serid in the municipality of Lagoa Nova, which are
part of the project CAJUSOL. The DRP
and understands the art of planning a political-administrative,
permeated by political knowledge, teaching
and appreciation of the human person, in addition to action
result in a permanent state of construction. In
this scenario the DRP becomes an alternative to collect data
about a given reality, we are not tied to the
use of traditional techniques. This type of instrument provides
the community involvement in the
construction and identification of their own reality. The
anxiety in the community about its reality this
technique measures the special care not to be influenced by the
emotional charge that pervades the
bonding generated by community life. The application of the DRP
is collecting information from the local
community participation on the following questions: Who are we?
What do we have? What do we want?
And how? That aimed to capture the local reality through the
eyes of farmers and farmers about their
problems and possibilities of resolution. In both locations, the
DRP has revealed that articulate groups, be
they young or of a religious nature, with specific dynamics, but
acting on behalf of issues linked to its
specificity.
KEYWORDS: Collection of information, rural communities, local
development.
INTRODUO
O Projeto Cadeias Produtivas do Caju e do Girassol: Tradio e
Inovao na perspectiva da
Economia Solidria e Tecnologias Sociais CAJUSOL um projeto de
pesquisa e extenso que tem o Governo do Estado do Rio Grande do
Norte atravs da Fundao de Apoio a Pesquisa do Estado do Rio
Grande do Norte (FAPERN) como proponente. A coordenao geral da
Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN) em sistema de parceria com a Universidade
do Estado do Rio Grande do Norte
(UERN), Universidade Federal Rural do Semi-rido (UFERSA) e a
Empresa de Pesquisa Agropecuria
do Rio Grande do Norte (EMPARN), com perodo de vigncia dois anos
(setembro de 2010 a setembro de
2012).
O projeto foi elaborado de forma coletiva e tem como misso
desenvolver tecnologias que
consolidem as cadeias produtivas de Caju e do Girassol nos
Territrios da Cidadania Serto do Apodi,
A/Mossor, Serid, Mato Grande no Estado do Rio Grande do Norte.
Como estratgia de
operacionalizao adotou-se a subdiviso deste projeto em dois
subprojetos sendo eles: CAJUCULTURA
SOLIDRIA NO SERTO/RN (CPCRN), atuando nos territrios da
cidadania Au/Mossor, Serto do
Apodi e Serid no ramo da cajucultura e o subprojeto CADEIAS
PRODUTIVAS DO GIRASSOL NO
TERRITRIO DO MATO GRANDE atuando principalmente na cadeia
produtiva do Girassol na Regio
do Mato Grande no Rio Grande do Norte. Sendo assim a UERN, a
UFERSA e a EMPARN so as
instituies responsveis pela execuo do sub-projeto CAJUCULTURA
SOLIDRIA NO SERTO/RN
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CPCRN, sendo a UFERSA a coordenadora. Portanto o objetivo deste
subprojeto de fortalecer a cultura do caju, com nfase na
agricultura familiar, atravs de aes de pesquisa e extenso,
difundindo
prticas inovadoras e de transferncia pautadas na economia
solidria, na sustentabilidade social, na
incluso social, entre outros conceitos que expressam a construo
da cidadania entre os agricultores
rurais.
A UERN, atravs da Pr-Reitoria de Extenso (PROEX), coordena as
aes de
responsabilidade desta IES, onde, responsvel pelas aes de carter
social, incluindo nesta a elaborao
do Diagnstico Rural Participativo e a capacitao na rea de
polticas pblicas, participao e cidadania.
Isto , uma oportunidade de efetivao das funes constitucionais
das instituies de ensino superior que
tem como princpio a indissociabilidade entre o ensino, pesquisa
e extenso.
O estudo em evidncia se constitui na anlise do uso do Diagnstico
Rural Participativo DRP como ferramenta de coleta de dados com foco
no desenvolvimento local das comunidades rurais,
especificamente o assentamento de Z Milans e a comunidade de
Buraco de Lagoa, ambas pertencentes
ao Territrio da Cidadania do Serid no municpio de Lagoa Nova,
que fazem parte do projeto CAJUSOL
com mais 12 comunidades, pertencentes a sete municpios,
estrategicamente inserido no Programa
Territrio da Cidadania do Governo Federal, que tem como
centralidade o desenvolvimento regional
sustentvel e a garantia de direitos sociais. Neste projeto h a
preocupao com a garantia da participao
da sociedade e a integrao entre as polticas pblicas evitando o
xodo rural ao mesmo tempo em que
busca a superao das desigualdades regionais (PROGRAMA TERRITRIO
DA CIDADANIA, 2008).
Frente ao exposto, compreende-se que para intervir nesta
realidade preciso conhec-la, e
para tal a metodologia do Diagnstico Rural Participativo (DRP)
funciona de parmetro para a apreenso
das demandas dessas localidades assim como auxilia a definio das
estratgias necessrias a interveno
que caracteriza as aes extensionistas.
OBJETIVO
Analisar o uso da Metodologia do Diagnstico Rural Participativo
(DRP) enquanto uma
ferramenta necessria para a apreenso da realidade e interveno a
partir da experincia do projeto
CAJUSOL /RN, mas precisamente nas comunidades rurais
beneficiadas pelo projeto com foco no
desenvolvimento local a partir da territorialidade, sendo estas
o assentamento de Z Milans e a
comunidade de Buraco de Lagoa.
FUNDAMENTAO TERICA
1 - DIAGNSTICO RURAL PARTICIPATIVO INSTRUMENTO DE
INVESTIGAO/INTERVENO
A apreenso da realidade a partir do DRP no um fato novo, porm, o
uso desta tcnica se
modifica a partir do referencial terico/metodolgico de quem a
est utilizando associado ao projeto de
sociedade ao qual se vincula. Sendo assim, buscou-se a aproximao
a algumas experincias que tiveram
esse instrumento como eixo norteador como a Poltica Nacional de
Assistncia Tcnica e Extenso Rural
(PNATER), onde a cabe a Assistncia Tcnica de Extenso Rural
(ATER), fazer uso dessa ferramenta
enquanto um mecanismo de investigao ou apreenso da realidade, os
quais podem chamar de
diagnstico. Nesse contexto, o diagnstico fundamental para a
formulao de planos estratgicos com
foco no desenvolvimento local de comunidades rurais envolvidas,
no caso com a cajucultura.
O DRP assim como a arte de planejar compreende um processo
poltico-administrativo,
permeado por conhecimentos poltico, pedaggico e de valorizao da
pessoa humana, alm de ser
resultado de ao em permanente estado de construo. Por ser um
processo dinmico e em constante
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construo, sofre preconceitos entre os pesquisadores
tradicionais, como se esse procedimento no tivesse
rigor cientfico, j que envolve a populao desde o seu
planejamento at o fim do seu ciclo de vida.
Sem dvida a participao da populao de forma efetiva pressupe uma
predisposio da
equipe de pesquisadores em fazer uso da dialogicidade freireana,
alm do dilogo interdisciplinar, no s
entre saberes cientficos, mas tambm como o saber popular. A
garantia da participao torna essa
investigao/interveno um processo interativo, baseando-se numa
troca de saberes e intenes em prol
de um projeto de sociedade melhor pautado nos princpios de
solidariedade.
A equipe de pesquisadores e extensionistas partiram da
perspectiva de que a lgica de
entendimento deveria ser aberta as adversidades, as diferenas e
ao redesenho de concepes pr-
estabelecidas. Sendo assim, era preciso ampliar o leque de
interpretao da realidade e do que realmente
estvamos querendo e possibilitando com o uso desse instrumento,
visto que existe uma rede de conceitos
e prticas que perpassam de forma transversal a aplicabilidade do
DRP. Considerando esse marco
conceitual capaz de auxiliar de forma qualitativa a formao cidad
dos acadmicos envolvidos e dos
moradores das comunidades rurais.
Para que visualizemos a complexidade desse processo iniciamos a
reflexo pelo entendimento
de que a indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a
extenso tambm nos levam a aproximao s
polticas pblicas, aos impactos que essa aproximao provoca no
exerccio da extenso. Portanto,
fundamental entender que esse tipo de ao produz impactos que
precisam ser considerados, sendo estes,
expressos em quatro diretrizes para a Extenso Universitria:
Impacto e transformao; interao
dialgica; interdisciplinaridade e indissociabilidade ensino
pesquisa extenso, conforme descriminao abaixo:
Impacto e transformao: estabelecimento de uma relao entre a
Universidade e outros setores
da Sociedade, com vistas a uma atuao transformadora, voltada
para os interesses e necessidades
da maioria da populao e implementadora de desenvolvimento
regional e de polticas pblicas.
Essa diretriz consolida a orientao para cada ao da Extenso
Universitria: frente
complexidade e a diversidade da realidade, necessrio eleger as
questes mais prioritrias, com
abrangncia suficiente para uma atuao que colabore efetivamente
para a mudana social.
Definida a questo, e preciso estud-la em todos seus detalhes,
formular solues, declarar o
compromisso pessoal e institucional pela mudana, e atuar;
Interao dialgica: desenvolvimento de relaes entre universidade e
setores sociais marcadas
pelo dilogo, pela ao de mo-dupla, de troca de saberes, de
superao do discurso da hegemonia
acadmica que ainda marca uma concepo ultrapassada de extenso:
estender sociedade o conhecimento acumulado pela universidade para
uma aliana com movimentos sociais de superao de desigualdades e de
excluso;
Interdisciplinaridade: caracterizada pela interao de modelos e
conceitos complementares, de
material analtico e de metodologias, buscando consistncia terica
e operacional que estruture o
trabalho dos atores do processo social e que conduza
interinstitucionalidade, construda na
interao e inter-relao de organizaes, profissionais e
pessoas;
Indissociabilidade ensino pesquisa extenso: reafirmando a
extenso como processo acadmico justificando-lhe o adjetivo
universitrio , em que toda ao de extenso dever estar vinculada ao
processo de formao de pessoas e de gerao de conhecimento, tendo o
aluno
como protagonista de sua formao tcnica para obteno de
competncias necessrias atuao
profissional, e de sua formao cidad reconhecer-se agente da
garantia de direitos e deveres, assumindo uma viso transformadora e
um compromisso. Na aplicao dessa diretriz abre-se um
captulo especial, o da participao da Extenso Universitria (PLANO
NACIONAL DE
EXTENSO, 1999, p.4).
Estabelecer relaes entre o DRP e as diretrizes acima descritas
por si um desafio, pois
como verificar o impacto e as transformaes geradas a partir das
aes desenvolvidas? Como tornar a
interao dialgica e interdisciplinar no exerccio da
indissociabilidade ensino pesquisa extenso, quando este sem dvida o
n grdio da extenso. Diante do exposto compreende-se que o uso do
DRP
no pode ser visto de forma isolada, est associada a outros
fatores, incluindo-se: o estabelecimento da
relao com a sociedade; a interveno a partir do conhecimento da
realidade, a articulao da ao com
duas novas necessidades latente que so as polticas pblicas e a
perspectiva da territorialidade, de forma
-
que h impacto e transformao na realidade posta.
Em meio a esse contexto levamos em considerao que as pessoas com
as quais
trabalharemos devem se sentir confiantes de que a equipe
compartilha sentimentos de pertencimento, que
esto comprometidos com a superao das desigualdades e excluso, em
suas vrias configuraes.
Assim, passamos a ser integrantes do processo, co-responsveis
com o desenvolvimento local e,
consequentemente com a efetivao do compromisso da
universidade.
Nesse cenrio o DRP se torna uma alternativa para coletar dados
acerca de uma dada
realidade, sem que estejamos atrelados ao uso de tcnicas
tradicionais. Este tipo de instrumento
proporciona o envolvimento da comunidade na construo e
identificao de sua prpria realidade. A
apreenso da comunidade sobre sua realidade afere a essa tcnica
um cuidado especial em no se deixar
influenciar pela carga emocional que perpassam os laos afetivos
gerados pela vida em comunidade. De
acordo com Verdejo (2006), o DRP uma metodologia declaradamente
no tecnicista, que visa propiciar
a produo de conhecimento interativo, valorizando as competncias
reais dos sujeitos envolvidos em
cada processo.
Por outro lado, no significa que seja uma metodologia fcil de
ser conduzida, mesmo sendo
uma ferramenta que requer e conduz a prtica do empoderamento,
que tem nas famlias de agricultores
rurais a certeza de que esto habilitados a identificar demandas,
a propor mudanas e aes que
possibilitem a superao dos desafios e dificuldades e acima de
tudo de ser capaz de conquistar essas
mudanas. Assim como, o empoderamento no algo a ser desenvolvido
e nem estimulado de forma
abrupta, requer tempo, mudanas culturais em que os sujeitos
assumem a responsabilidade promover a
sua participao, se fazendo ouvir e saber ouvir.
Constata-se a necessidade de fortalecer a participao da populao,
que assume o processo
de deciso e gesto de seus destinos, portanto DRP um conjunto de
tcnicas e ferramentas que permite que as comunidades reflitam sobre
a sua realidade e a partir da comecem a autogerenciar o seu
planejamento e desenvolvimento (VERDEJO, 2006, p.6). Trata-se de
um novo redesenho de posturas, de compartilhar conhecimentos e
experincias. Implica, portanto, potencializar e emponderar os
participante
a desenvolver suas capacidades de juntos identificarem suas
problemticas e potencialidades,
compartilhando conhecimentos e experincias e, com isso
gerenciando suas potencialidades de superao
das problemticas identificadas.
Corrobora-se com Schonhuth e Kievelitz (1994), quando faz
referencia a uma variedade
metodolgica que permeia o uso desse instrumento, portanto, no h
uma nica forma de execut-la. No
entanto exigem-se tcnicas qualitativas e interativas de anlise e
planejamento que apiam o processo de
aprendizagem dos grupos envolvidos mediante um dilogo, em que a
dimenso relacional encontra-se
latente. A dimenso relacional refere-se a sua articulao a
questes ambientais, de vivencia, da relao
homem-sociedade e homem/natureza, portanto no estamos limitando
essa discusso relao causa-
efeito, mas a que nada existe por acaso. O ponto de partida est
centrado na cidadania, na capacidade das
polticas pblicas em garantir condies estruturais, sociais,
educacional, cultural e econmica para uma
vida digna (FIGUEIREDO,2007).
A complexidade relacional de entender a realidade provoca e impe
um novo olhar para as
estratgias de resolutividade das problemticas identificadas, das
quais no se admite aes localizadas,
pontuais e imediatistas. A esse respeito Figueiredo (2007)
coloca que, as prticas sociais so desafiadas,
por isso,
[...] torna-se essencial considerar as estruturas
poltico-ambientais que ligam o local e o global,
alcanando uma amplitude que incorpore aquilo que chamamos de
crtica da sustentabilidade
numa diretriz que transcenda o economicismo e supere as
propostas de responsabilizao de
indivduos, que caracterizam a responsabilidade das polticas
capitalistas globalizantes,
constituintes de culturas capitalsticas [...]. (FIGUEIREDO,
2007,p.75)
A abordagem posta por Figueiredo provoca a partir da perspectiva
freireana uma releitura do
mundo, em que por meio do dilogo, da comunicao oral, dos
relatos, enfim, das representaes sociais,
-
ou seja, na imagem construda. Compreende-se que uma metodologia
voltada ao trabalho em grupo,
produo em conjunto de conhecimento, interpretao e solues
participativas de situaes e/ou
problemas. Sendo assim, o diagnstico participativo contribui
para o conhecimento e anlise local de
acordo com a percepo de cada um, sem prevalecer somente opinio
daqueles que esto coordenando o
processo de aplicao da ferramenta. Sem dvida, o envolvimento dos
moradores essencial, visto que
so os protagonistas de sua histria.
Aparentemente esse instrumento metodolgico se apresenta
equivocadamente como uma
metodologia fcil, capaz de fazer um levantamento de informaes e
anlises de forma simplificada. Essa
compreenso esconde um perigo para a investigao e pode falsear as
informaes necessrias a
interveno. Geralmente se utiliza essa metodologia quando se
precisa fazer um rpido levantamento de
dados, pois trabalha com uma linguagem comum. Entretanto, esta
pode facilitar o dilogo entre a equipe e
a comunidade, despertando a discusso sobre os problemas e a
situao local, mas tambm pode coibir a
participao de pessoas que no dominam a arte da alfabetizao, por
isso em vez de facilitar a
participao de todos pode provocar excluso, comprometendo a
coleta de informaes, que tem a
interao e o dilogo aberto seu diferencial.
O DRP quando utilizado de forma participativa, orientada a
partir de um referencial terico
que esteja compatvel com a anlise pretendida, isto , crtica,
dialgica e interdisciplinar capaz de
promover a apreenso da fala dos envolvidos sem as amarras de
casusmo ou para a submisso dos
acontecimentos a partir de sua naturalizao, como o caso da
violncia domstica ou contra grupos
minoritrios, pobreza extrema, entre outras problemticas
denominadas de questo social.
A postura terico/metodolgica e tico/poltico pautado na garantia
de direitos subsidia a
auto-identificao de determinado grupo tico, ao mesmo tempo em
que resgata o sentimento de
pertencimento a um lugar (BROSE, 2001). Sendo assim, entra em
cena o carter qualitativo das analises
geradas de forma interativa, gerando aprendizagem e
consequentemente novas tecnologias, pautadas no
trabalho coletivo, momento relevante para apreenso, interpretao
e resolutividade de situaes
conflitantes.
Esse cenrio propcio ao dilogo com a multiplicidade do
pensamento, nem sempre
consensual ou conflitante. H, portanto, o entendimento de que no
apenas o conhecimento acumulado
que garante o xito do uso dessa metodologia, mas tambm a(s)
forma(s) como produzido esse
conhecimento e sua contextualizao, haja vista termos entre as
quinze comunidades diferenas, muito
embora sejam projetos de assentamento do INCRA ou comunidades
com propriedades privadas, sem
reas coletivas. O que h de comum entre estas o fato de
pertencerem ao Programa Territrio da
Cidadania, alm de serem produtoras da cajucultura, mas mesmo
assim, em nveis diferenciados seja em
produo ou de beneficiamento. o recriar desse conhecimento que
faz a diferena e, isto, possvel se
tivermos como veio condutor o interagir e no o repasse de
contedo, que pena essncia fere a filosofia
do projeto.
A dialogicidade possibilita a fuso do saber popular com o
conhecimento especializado.
Portanto, a percepo, o envolvimento das pessoas, o grau de
articulao e mobilizao so essenciais,
assim como o processo de negociao entre grupos sociais
existentes e que so relevantes no desenho da
realidade, demandas e potencialidades. Cabe ento reforar que o
DRP a bssola, o guia para o processo
de interveno, bem como no h um modelo nico, cada realidade exige
tcnicas adequadas, da a
necessidade de procedimentos metodolgicos diferentes,
politicamente e eticamente compatveis ao
projeto emancipatrio e de desenvolvimento local. Sendo assim,
tem-se como centralidade a obteno
direta e rpida de informaes primrias, conseguidas atravs da
participao de grupos representativos
dentro das comunidades em questo (CORDOVA, 2008).
Por gerar conhecimentos primrios requer maior ateno dos
pesquisadores em distinguir o
que relevante, a partir de sua classificao de prioridade
elencada pelos comunitrios, isto a ser
solucionada a curto, mdio e longo prazo, conforme a expectativas
destes. Mas como saber se a
interpretao do DRP a que a comunidade expressou. Nesse contexto,
de fundamental importncia a
revalidao, que um processo de igual importncia, no qual os
pesquisadores mobilizam os moradores
para que possam socializar os dados apreendidos e sistematizados
e, consequentemente possam ser
-
validados ou modificados a partir da apreciao dos moradores.
A apreciao coletiva possibilitou a socializao dos dados obtidos
na primeira etapa do
processo investigativo, bem como fortaleceu o vinculo
estabelecido entre a equipe e os comunitrios, que
so de confiabilidade e respeito. Estabeleceram-se relaes
institucionais e, sobretudo, ampliou-se o
compromisso para com o desenvolvimento local. Na efetivao do
processo de validao do DRP foi
assegurada a ampla divulgao e mobilizao dos moradores, a fim de
que todos tivessem a oportunidade
de opinar acerca da caracterizao da comunidade, de suas
problemticas, suas possibilidades e
potencialidades de enfrentamento a realidade posta.
Para a efetivao dessa segunda etapa a revalidao aconteceu a
apresentao dos dados,
identificando o que seria possvel fazer na prpria comunidade e
os que requerem maior fortalecimento da
associao, visto que demanda ao poltica de negociao com os
poderes pblicos municipais.Ainda
nesse houve a rediscusso entre seus pares se as demandas
apontadas eram ou no reais, se atendiam as
expectativas e anseios da comunidade, alm de coletivamente
apontarem qual a prioridade a ser
trabalhada em parceria com a equipe do projeto.
Frente ao exposto compreende-se que esse instrumento metodolgico
de cunho participativo
no pode est dissociado das demais atividades do projeto CAJUSOL,
nem pode ser um momento
estanque ou pontual. Portanto, faz-se necessrio conhecer um
pouco mais as comunidades beneficiadas
pelo projeto.
CARACTERIZAO DA REA DE ESTUDO
As comunidades de Z Milans e Buraco de Lagoa objeto desse estudo
pertencem ao municpio
de Lagoa Nova (RN), que se situa na mesorregio Central Potiguar
e na microrregio Serra de Santana,
limitando-se aos municpios de Bod, Santana dos Matos, Currais
Novos, Cerro Cor, So Vicente e
Tenente Laurentino Cruz (CPRM, 2005).
Em relao populao local, segundo o ltimo Censo de 2010, a populao
total residente
de 13.990 habitantes, dos quais 6.927 so do sexo masculino e
7.063 do sexo feminino, sendo que 6.805
vivem na rea urbana e 7.185 na rea rural (IBGE, 2010).
As duas comunidades beneficiadas com o projeto CAJUSOL, possuem
distines que no
podem ser ignoradas, em relao ao processo de formao. A
localidade de Buraco de Lagoa uma tpica
comunidade,em sua maioria so familiares, que se aproximaram por
inmeras situaes, desde a compra
ou posse de terra, por relaes familiares ou parentescos, por
gostar do lugar, emfim, se estabeleceram e
contriburam direta e indiretamente para sua composio. Nesse
contexto, podemos entender o termo
comunidade a partir da integrao via territorialidade,
poltico-administrativa, associativa, organizao social, juno de
produtores, demanda especificas de atividades ou no, mvel ou fixa,
de populao
pendulares ou estveis (BARTLE, 2011).
A segunda foi constituda de forma diferente, haja vista ser esta
um assentamento. Por ser
constituda a partir do Projeto de Assentamento Z Milans
apresenta outro tipo de formao, no menos
importante, apenas diferente, em termos de interesses. O
conceito de assentamento foi difundido em
meados da dcada de 70 a partir dos Movimentos de Reforma Agrria.
Para o Instituto Nacional de
Colonizao e Reforma Agrria (INCRA), os assentamentos so o
retrato fsico da reforma agrria,
espao onde se estabelecem relaes de convivncia, em alguns casos,
aps a emisso do termo de posse
da terra transfere-a para os trabalhadores rurais sem terra, a
fim de que a cultivem e promovam seu
desenvolvimento econmico.
O que tem de comum nessas duas localidades o fato do agricultor
familiar ser a centralidade,
a mo de obra familiar se torna predominante, portanto, espao
este de incentivo das polticas pblicas
voltadas ao desenvolvimento rural. A agricultura nesses moldes e
em espaos de convivncia coletiva se
constitui capacidade de inovao e integrao de produtos. A
agropecuria financiada pelo Estado tem
gerado renda agrcola embora ainda no esteja ainda de forma
ideal, visto que est atrelada ou
basicamente sustentada em crdito e assistncia tcnica que sofrem
com a descontinuidade ou com a
-
inadimplncia dos agricultores. Portanto, na contramo da busca
pelo desenvolvimento rural sustentvel,
cujo processo implica na valorizao do agricultor familiar na
perspectiva de mediador e estimulador da
resolutividade de suas problemticas sociais e de valorizao do
conhecimento local.
METODOLOGIA
A aplicabilidade desse instrumento metodolgico compreendeu um
momento mpar no
processo de aprendizagem e do uso de uma ferramenta em que a
participao da populao algo
inevitvel. O seu uso se deu durante as reunies entre a equipe do
projeto com as comunidades. Nesse
momento, apresentamos a proposta do subprojeto Cajucultura
Solidria no Serto do RN, suas metas,
bem como as atividades que sero desenvolvidas nas comunidades,
desde a produo at o
beneficiamento da castanha. Durante esse processo tivemos alguns
procedimentos que antecederam a sua
efetivao, na qual destacamos as estratgias de mobilizao e a
formao do Comit mobilizador
composto por lideranas da comunidade e representantes de grupos
informais, como grupo de jovens, de
mulheres, de oraes, enfim garantimos a participao de quem assim
o deseja-se fazer parte.
Percebeu-se que a formao desse Comit Mobilizador foi essencial
ao processo, assim como
gerou o sentimento de pertencimento e de responsabilidade para
com as aes a serem desenvolvidas,
bem como com o compromisso deste para com a participao, freqncia
e envolvimento nas aes
implementadas. Sendo assim, foram desenvolvidas dinmicas
grupais, dentre estas a da apresentao,
momento em que todos se apresentam a partir da indagao quem sou?
Para tal, organizou-se um circulo,
no qual os agricultores e agricultoras presentes nas reunies
foram convidados para se apresentarem.
Neste momento a equipe entregou um chapu que deveria ser
colocado na cabea de cada um e ento a
pessoa deveria se apresentar, iniciando com seu nome, a sua funo
dentro da comunidade e/ou
empreendimento ou outra informao que gostaria de
compartilhar.
A dinmica permitiu-se a quebra das barreiras comuns como a
vergonha de falar em pblico,
principalmente na frente de pessoas pouco conhecidas. A
participao dos agricultores e agricultoras foi
sendo ampliada e logo estavam todos participando. Todavia,
identificamos que os mesmos j haviam
participado de outras experincias oriundas de projetos sociais,
e que estavam desacreditados com esse
tipo de trabalho, mostraram atravs das falas que teramos que
reconquistar a credibilidade e a
aceitabilidade para se envolvam, fato este complexo haja vista
que a UERN ficara com o trabalho social e
de capacitao que para algumas pessoas resultam em trabalho
improdutivo.
Para algumas pessoas eles querem o trabalho prtico, que d
resultado imediato, o que no
ser possvel j que no atuamos com assistencialismo e nem estamos
substituindo o Estado com a
acessibilidade a programas sociais. Atuamos na construo de
conhecimento a servio da populao, da
garantia da cidadania, da articulao entre polticas pblicas e do
acesso a informao. Isto estamos
executando um projeto que tm objetivos e papeis definidos, que
devem ser vistos de forma
complementar e no estanque e dissociada ate porque as informaes
obtidas com o DRP subsidiaro as
aes da UFERSA e da EMPARN e vise versa. Lembramos que a escolha
das comunidades de Buraco de
Lagoa e Z Milans so decorrentes de reunies e critrios tcnicos
elaborados por essas respectivas
instituies levando-se em conta a cajucultura.
Para a concretizao deste pleito adotamos em primeira instncia,
aps processo de
mobilizao, a definio do referencial terico, visto que algumas
categorias tericas norteiam essa
investigao/interveno tais como: participao, desenvolvimento
sustentvel, polticas pblicas,
economia solidria, enfim as temticas que fazem parte das metas a
serem desenvolvidas pela UERN.
Associado a esse fizemos algumas pesquisas documentais com a
finalidade de caracterizar as
localidades em destaque, no qual destacamos o Plano de
Desenvolvimento Sustentvel Rural elaborado
-
enquanto meta prevista no Programa Territrio de Cidadania, dados
do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatstica (IBGE), entre outros.
Por fim, realizamos a pesquisa de campo junto aos agricultores e
agricultoras das duas
comunidades do municpio de Lagoa Nova, que atuam diretamente com
a cajucultura. Para a pesquisa de
campo adotou-se o DRP a partir de quatro matrizes, a
primeira:
1) QUEM SOMOS?, Esse questionamento refere-se a situao dos
agricultores e agricultoras, jovens, idosos, estudantes,
aposentados, pescadores, trabalham para
terceiros etc.
2) O QUE TEMOS? Os atores do processo responderam quais os
recursos e demandas a comunidade j disponibiliza para o
desenvolvimento das suas atividades.
3) O QUE QUEREMOS? Nesta so elencados as principais demandas
sugeridas pela comunidade.
4) COMO FAZER? Neste momento saberemos das comunidades de que
forma as demandas que eles elencaram podero ser realizadas.
Estes questionamentos permitem que a comunidade em parceria com
as instituies
intervenientes elaborem seus prprios diagnsticos a respeito da
realidade e necessidades locais.
A elaborao dos DRPs possibilitou a construo das estratgias de
interveno das instituies envolvidas, bem como dos contedos a seres
trabalhados nos cursos a serem realizados pela
UERN, assim como suscitou demandas em que quanto elaborao do
plano estratgico de
sustentabilidade dos empreendimentos solidrios onde o projeto
atua, assim como a mediao da UERN
para com o poder pblico, cujo processo requer fortalecimento
poltico da associao das respectivas
comunidades ou a atuao destas em parceria.
Frente ao exposto, faz-se necessrio sistematizar os resultados
obtidos com esse processo e
que aes foram demandadas a partir deste processo.
RESULTADOS E DISCUSSES
As aplicaes dos DRPs ocorreram nas localidades de Buraco de
Lagoa e no Projeto de
Assentamento Z Milans, ambas do municpio de Lagoa Nova. Esse
processo foi relevante,
principalmente por ter tido como apoio o Comit Mobilizador, cujo
papel foi de mobilizao e
participao na construo desse instrumento. A partir do processo
de mobilizao fizemos dois encontros
em cada localidade em virtude da adequao da ao ao cotidiano dos
oradores, ou seja, em funo da
acessibilidade e da dificuldade em garantir a participao frente
as atividades produtivas de coleta de caju
ou outra atividade necessria a sua subsistncia e da famlia.
Este foi o primeiro desafio enfrentado pela equipe a participao
e o envolvimento dos moradores, as reunies iniciaram com um nmero
superior a 40 pessoas, depois foram reduzindo, quando
interpelados sobre a ausncia destes disseram que estavam
desiludidos com a constncia de projetos que
tiveram incio e no obtiveram resultados positivos. Restando,
portanto inmeras desconfianas para com
as instituies que intermediaram determinadas aes vinculadas ao
desenvolvimento econmico e que
restou apenas os prdios, denominados por eles de elefantes
brancos. Nesse cenrio foi preciso investir no
processo de reconquista da confiabilidade, procurando mostrar o
quanto era relevante a ao
desenvolvidas pelo projeto CAJUSOL e que estvamos requerendo
deles a oportunidade de mostrar o
quanto estvamos dispostos a intervir sem promessas, visto que
como todo projeto financiado corre o
risco de ser interrompido bruscamente mediante o no repasse de
seus recursos.
Passado esse processo desenvolvemos um processo de articulao com
o poder pblico local,
com a EMATER, as associaes locais, entre outras. A partir desse
processo de sensibilizao passamos a
nos reunir com os moradores, sendo que para a elaborao do DRP
fizemos duas reunies em cada
localidade, tendo como norte a necessidade do projeto se adequar
ao cotidiano dos moradores, assim
-
como procuramos instalar em local apropriado e visvel o cantinho
do CAJUSOL, espao este que
fixamos as informaes das aes, prazos, dias de visitas, objetivo
do projeto e da ao. O trabalho do
comit mobilizador e o cantinho do CAJUSOL contriburam para que
aumentasse o nmero de
participantes nas reunies, que em mdia eram de 40 pessoas por
reunio, dentre estes, jovens, idosos,
mulheres, homens, ou seja, no houve a garantia da perspectiva de
gnero, geracional e etnia.
A aplicao do DRP conforme metodologia adotada e descrita no item
metodologia, tivemos
quatro matrizes: Quem somos? O que temos? O que queremos? E como
fazer? Nesse objetivou-se
apreender a realidade local a partir do olhar dos agricultores e
agricultoras acerca de suas problemticas e
possibilidades de resolutividade. Como notrio possuem aspectos
comuns e divergentes que podem
confluir ou divergir aos objetivos do projeto que tem vinculao
ao fortalecimento da cajucultura com
nfase na agricultura familiar.
Em ambas as localidades o DRP revelou que existem grupos
articulados, sejam estes de
jovens ou de cunho religioso, com dinmicas especficas, porm
atuantes em prol de temticas vinculadas
a sua especificidade. Para uma melhor apreenso dos grupos,
elaboramos um grfico para mostrar os
grupos em comum e os especficos a cada uma das localidades. A
matriz Quem somos? Revelou que so
em maior nmero agricultores e agricultoras, professores,
estudantes, funcionrios pblicos e
aposentados.
Portanto na matriz O que temos? Exemplificada na figura 01,
fizemos algumas distines em
funo em relao dos itens existentes.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Jovens Pastoral da criana Homens Mulheres Associao
Buraco de Lagoa
Z Milans
FIGURA 01 Matriz O que temos? Representao grfica dos grupos
existentes.
Sendo assim, em relao aos grupos existentes podemos perceber que
a comunidade de
Buraco de Lagoa mais organizada atravs de grupos
institucionalizados, o que tem estreita relao com
o fato da comunidade Buraco de Lagoa ser formada a partir de
relaes afetivas e no impositiva
mediante a proposta de reforma agrria. Outro aspecto evidenciado
nesta primeira matriz diz respeito a
atividade produtiva, das quais destacam-se algumas culturas
comuns tipo: plantio de milho, fava, capim,
melancia, goiaba, feijo, palma, banana, manga, mandioca, pinha,
caju, entre outras mediante a prtica da
agricultura familiar. Alm desta identificamos que em Z Milans
existe a produo de leite.
Ainda com relao a atividade produtiva possvel identificar que h
distines entre essas
localidades, entretanto os empreendimentos so particulares e
outros coletivos, alguns destes encontram-
se em atividade e outros desativados, por exemplo: na comunidade
de Buraco de Lagoa temos desativada
uma minifbrica de farinha, no caso de Z Milans encontra-se
desativada a minifbrica de polpa de fruta,
que foi construda atravs de projeto, mas que encontra-se sem os
equipamentos necessrios ao seu
funcionamento, assim como no perodo de safra este utilizado por
uma empresa que se instala emprega
os moradores em temporariamente e depois a fecha, bem como h uma
fbrica de farinha tambm
fechada. Em funcionamento, uma fbrica de material de limpeza, um
empreendimento familiar que tem
gerado emprego na localidade, e uma lan hause, tambm de
propriedade particular.
Tambm h na comunidade algumas atividades que congregam as
pessoas, por exemplo: em
Buraco de Lagoa existe uma igreja catlica e outra evanglica, um
grupo de mulheres que produzem
artesanato e a associao. Em Z Milans temos apenas a igreja
evanglica. Por outro percebemos que
-
alguns benefcios existentes na comunidade no foram citados, como
orelhes, creches, escolas, gua
encanada, iluminao, entre outras. Os benefcios oriundos de bens
pblicos no se apresentam como
conquistas coletivas, por isso no foram evidenciados. Outros
fatores interessantes emergiram como a
existncia de quase 90% de cajueiro precoce o fato contrastante
que est acontecendo um desmatamento
dos cajueiros, o motivo no ficou claro, se era para substituio
por serem cajueiros improdutivos, o real
que h a venda constante de lenha proveniente dos cajueiros. Alm,
deste os agricultores sofrem com a
ausncia de assistncia tcnica resultando em ataque da plantao por
pragas, o que tem contribudo para
a perda de lavouras.
Em continuidade ao DRP abordamos a matriz O que queremos?
Exemplificada na figura 02,
onde identificamos que os anseios dessas pessoas esto
organizados em quatro eixos, o primeiro
capacitao, o segundo assistncia tcnica, o terceiro equipamentos
e o quarto a construo.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
Informtica Produo de
leite
Conservao
de alimentos
Culinria do
caju
Buraco de Lagoa
Z Milans
FIGURA 02 Matriz O que queremos? Representao grfica das
capacitaes ocorridas.
Em nvel de assistncia tcnica destacaram-se as dificuldades de
obt-las atravs da
EMATER, por isso desejam que esta acontea no s para a
agricultura desenvolvida pelos homens, mas
que tambm acontea para as mulheres, seja esta relacionada ao
combate a pragas ou a produo de
mandioca, graviola, maracuj, hortalias, entre outras, haja vista
existir a inteno destes agricultores e
agricultoras se inserir no Programa Nacional de Alimentao
Escolar ou no Programa Compra Direta.
Evidenciamos o desejo de que exista apoio a indstria no municpio
como forma de combater
o desemprego, dando maiores oportunidades de gerao de renda,
principalmente entre os jovens, bem
como a aquisio de equipamentos para a minifbrica de
beneficiamento da polpa de fruta e por fim a
construo de uma fbrica de beneficiamento do caju e da castanha,
alm da produo do doce.
Percebe-se que apesar de existir demandas especficas estas se
convergem em torno destes
eixos. Por fim, o quarto eixo Como fazer? Podemos destacar que h
demandas que podem ser demandas
em que a equipe do projeto possa assessora a associao ou grupo
de representao junto aos rgos
pblicos; outras podero ser viabilizadas pelo projeto ou
poderemos ver na prpria comunidade pessoas
que possam multiplicar seus conhecimentos repassando-os a outras
pessoas. O Projeto tambm viabilizar
uma minifbrica de caju, entretanto isso acontecer mediante
critrios tcnicos definidos entre a
EMPARN e a UFERSA.
O DRP mostrou-se bastante eficiente quanto ao seu propsito
apreender a realidade local a
partir do olhar de seus moradores. Todavia, este no um
instrumento que tem fim em se mesmo, ele
desencadeia novas demandas quanto a revalidao e a definio das
prioridades. Sendo assim, este um
processo meio, planejado com critrios tcnicos que assegurem a
sua relevncia e as medidas necessrias
a sua resolutividade que seria a fim expresso no objetivo
impulsionador da ao. Portanto, sem dvida
um instrumento que desafia a populao a pensar e agir de forma
coletiva, na qual a participao social
-
uma condio essencial.
CONSIDERAES FINAIS
O presente ensaio compreende um momento de reflexo acerca do
instrumento de
investigao o DRP o qual conduz a interveno no mbito de
localidades com formao estrutural e
poltica diferenciada. Entretanto a preocupao com a sua
aplicabilidade e rigor cientfico perpassa por
toda sua aplicao. Soma-se a essa interpretao o compromisso para
com o antes, durante e depois de
sua aplicao. Nesse nterim, planejamentos o momento de sua
realizao de forma coletiva, garantindo
desde a sua concepo at sua concluso a participao de todos os
envolvidos, sejam estes a equipe
tcnica ou moradores.
uma tcnica relativamente simples, pois pelo fato de ser
participativa pode ser confundida
com uma tcnica que no exige rigor cientfico. Por outro lado, a
se encontra o n grdio ser simples no
significa simplria, ao contrrio exige dos pesquisadores
redobrada ateno para que no acontea a
manipulao dos dados ainda em processo de formao ou em sua
anlise. O ponto de vista dos
moradores deve ser respeitado, visto que representa a apreenso
ou a representatividade dos moradores a
partir do seu cotidiano vivido. Por isso no importa se
discordamos deles ou de suas escolhas quanto a
prioridade. Os moradores so por excelncia os maiores analistas
de sua realidade, todavia, no esto
capacitados para o distanciamento do sentimento de pertencimento
a essa realidade o que comprometeria
a investigao pretendida.
Sem dvida, a conduo dos trabalhos foi muito importante haja
vista ter existido a dialogo, a
interdisciplinaridade e a perspectiva de transformao de sua
realidade a partir do conhecimento desta, no
qual se inclui as diferenas, jeito de ser, de produzir, a
diversidade cultural, os processos formativos,
enfim outros aspectos que emergem de forma sublinhar a construo
desse conhecimento. Por fim,
consideramos que o DRP deve e pode ser utilizado para a
aproximao da realidade dessas localidades,
enquanto instrumento que possibilita a indissociabilidade entre
as funes bsicas das instituies de
ensino superior, bem como possibilitou a apreenso da percepo dos
agricultores e agricultoras de sua
realidade e suas potencialidade e necessidades locais.
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