Desinfecção química e física
Desinfecção química e física
OBJETIVOS
- Definições e classificações
-Spaulding e Emmons: suas contribuições
-Cenário da desinfecção em nossa prática
- O que os estudos têm evidenciado: classificação de Spaulding nos
basta?
O que é desinfecção?
Processo fisico ou quimico que destroi a
maioria dos microrganismos patogenicos de
objetos inanimados e superficies, com
excecao de esporos bacterianos
(BRASIL, 2010)
SPAULDING, E.H.; EMMONS, E.K. Which solution to use and how to use it are influenced more by the
types of bacteria to be destroyed than they are by the instrument or object to be disinfected. Am. J. Nurs.,
Philadelphia, v. 58, n. 9, p. 1238-1242, Sep. 1958.
Potencial de risco do produto
em causar infecções
Procedimentos mínimos: -Esterilização
-Desinfecção de alto nível
-Limpeza e desinfecção de nível
intermediário ou baixo nível
Desinfecção de alto nível:
Destroi a maioria dos microrganismos, inclusive
micobacterias e fungos, exceto um numero elevado de
esporos bacterianos (BRASIL, 2012)
Indicação: artigos semi-críticos - pele não íntegra ou
mucosa
Desinfecção de nível intermediário:
Destrói bactérias vegetativas, bacilo da tuberculose, fungos e vírus
lipídios e alguns não lipídicos
Desinfecção de baixo nível:
Destrói bactérias vegetativas, vírus lipídicos, alguns vírus não
lipídicos e alguns fungos
Indicação: artigos não críticos - contato com a pele íntegra ou não
entram em contato com os pacientes – mínimo limpeza
* Produtos para saude semicriticos utilizados na assistencia
ventilatoria, anestesia e inaloterapia
Rutala WA, Weber DJ, HICPAC. Guideline for disinfection and sterilization in healthcare facilities,
2008. Atlanta, GA: US Department of Health and Human Services; 2008. Disponível em:
http://www.cdc.gov/ncidod/dhqp/pdf/guidelines/disinfection_nov_2008.pdf.
MÉTODOS DE DESINFECÇÃO
- Físicos (ação térmica) ou químicos
Físicos
-Pasteurização
-Termodesinfetadora
- Lavadoras de descarga
Químicos
- Ácido peracético
- Soluções cloradas
- Álcool
- Glutaraldeído
- Quaternário de amônia
- Peróxido de hidrogênio
-Água eletrolizada
-Ortoftaldeído
DESINFECÇÃO FÍSICA (calor)
- Primeira escolha
Lavadoras termodesinfetadoras
• Tubos plásticos e metálicos: diâmetros - 3mm e comprimento -
40 cm
• Contaminação com 104 a 106 UFC bactérias vegetativas (S.
aureus, K. pneumoniae), fungos (C. albicans), Mycobacterium
terrae e Bacillus subtillis
• Termodesinfecção a 70ºC – 30 minutos
• Só não eliminou esporos (Rutala et al., 2000)
DESINFECÇÃO FÍSICA (calor)
- 94ºC em 10m
- 90ºC em 1 min
- 82ºC em 2 min
- 90ºC em 5min
- 80 a 85ºC de 1 a 3 min
Aquisição de termodesinfetadora:
• Quais os parâmetros de limpeza, enxágue, temperatura e
tempo?
• O produto de saúde suporta a desinfecção física?
• Os materiais semicríticos termorresistentes?
DESINFECÇÃO FÍSICA (calor)
Lavadoras termodesinfetadoras
- Limpeza e desinfecção de alto nível
- Diversidade de produtos
- Ação: jatos de água sob pressão e turbilhonamento, detergentes
não espumantes
Fases:
- Pré-lavagem e lavagem: jatos de água fria ou morna com detergente
- Enxágue
- Desinfecção térmica: água quente ou vapor
- Secagem
DESINFECÇÃO FÍSICA (calor)
Lavadoras termodesinfetadoras
DESINFECÇÃO FÍSICA (calor)
Lavadoras termodesinfetadoras
- Agilizam o processo de limpeza com efetividade
- Não limpar materiais complexos, com lúmens estreitos (fabricante
do equipamento e do material) – jatos de água não efetivo
- Não utilizar para produtos não imersíveis ou fibras ópticas: danos
DESINFECÇÃO FÍSICA (calor)
Lavadoras termodesinfetadoras
- Acessórios de assistência ventilatória (circuitos, traqueias, copos de
nebulização, umidificadores, inaladores): suportar 70°C e colocar
em suportes adequados (racks)
- Utensílios: comadres, papagaios, bacias, cubas e jarros (limpeza e
desinfecção de baixo nível)
- Redução de uso de desinfetante químico (impregnação)
DESINFECÇÃO FÍSICA (calor)
Vantagens da desinfecção térmica automatizada
- Padronização e reprodutividade do procedimento
- Monitorização e registro do processo
- Minimiza erros humanos
- Não deixa resíduos no material
- Não é tóxico – paciente e ambiente
- Baixo risco operacional
- Baixo custo operacional
- Alguns equipamentos: limpeza prévia e secagem
DESINFECÇÃO QUÍMICA
Última escolha
- Complexidade da desinfecção manual por imersão
- Toxicidade (paciente, profissional e meio ambiente)
- Dificuldade ou impossibilidade de contato com todas as partes da
superfície do produto para saúde
DESINFECÇÃO QUÍMICA
Fatores que interferem na ação do desinfetante químico
Natureza do item a ser desinfetado:
- Superfície lisa, não porosa e simples
- Articulações, cremalheiras e reentrâncias: barreira à limpeza
Número de microrganismos presente no produto:
- Maior nível de contaminação – maior o tempo de contato
- Pré-requisito: limpeza prévia bem feita
DESINFECÇÃO QUÍMICA
Fatores que interferem na ação do desinfetante químico
Quantidade de matéria orgânica e inorgânica (sangue, muco, fezes,
sais:
- Matéria orgânica: microrganismos em grande quantidade e
diversidade
- Barreira mecânica
- Pode causar inativação direta e rápida do germicida
Resistência intrínseca dos microrganismos
DESINFECÇÃO QUÍMICA
-Artigos semi-críticos
Matéria orgânica e inorgânica Design
Número de microrganismos
DESINFECÇÃO QUÍMICA
DESINFECÇÃO QUÍMICA
Eficácia e efetividade do álcool na desinfecção de
materiais semicríticos: revisão sistemática
Desinfecção satisfatória em nasofaringoscópios (1),
laringoscópios (1), filmes radiográficos (2) e ponta dos
tonômetros (1)
Não possuem reentrâncias, não são canulados (menor
complexidade estrutural) e contato com menor quantidade
de sujidade.
DESINFECÇÃO QUÍMICA
DESINFECCAO DAS CANETAS DE ALTA ROTACAO
COM ALCOOL 70% P/V
Houve crescimento microbiano em 27/50 das amostras;
Staphylococcus coagulase negativa, Bacillus spp., Bacilos
Gram positivos não esporulados, Micrococcus spp., Penicillium
spp., Acinetobacter baumannii e Candida spp.;
Densidade microbiana entre 100 a 1x102 UFC/amostra
INFLUÊNCIA DO DESIGN DA SUPERFÍCIE EXTERNA?
DESINFECÇÃO QUÍMICA
Fatores que interferem na ação do desinfetante químico
Tipo e concentração do germicida:
- Nível de desinfecção
- Diluição
Tempo e temperatura de exposição:
-Respeitar as recomendações do fabricante (rótulo)
- Não aumentar tempo de exposição para corrigir falhas
- Aumento da temperatura: degradação do germicida
- Ph, dureza da água, outros produtos químicos (detergentes)
DESINFECÇÃO QUÍMICA
(FDA, 2009)
DESINFECÇÃO QUÍMICA – tempo e temperatura
DESINFECÇÃO QUÍMICA – tempo e temperatura
30 minutos para desinfetantes hospitalares para
artigos semicríticos
DESINFECÇÃO QUÍMICA – tempo e temperatura
Revogam-se as disposições em contrário, em especial a Portaria SVS/MS n. 15, de 23
de agosto de 1988.
TEMPO DE CONTATO
DESINFECÇÃO QUÍMICA – tempo e temperatura
A comprovação da eficácia:
- Metodologia da AOAC - Association of Official
Analytical Chemists ou métodos adotados pelo CEN -
Comitê Europeu de Normatização.
- Quando não existirem métodos das instituições: análise
pela Autoridade Sanitária Competente.
DESINFECÇÃO QUÍMICA – tempo e temperatura
DESINFECÇÃO QUÍMICA – tempo e temperatura
Cenário atual:
- Os tempos de contato podem variar de acordo com o
fabricante, princípio ativo;
- Desinfetantes de alto nível: 10 minutos, 15 minutos,
30 minutos, 8 horas…
- Princípios ativos de glutaraldeído e ácido peracético
foram reprovados.
DESINFETANTES – DESINFECÇÃO DE ALTO NÍVEL
- Aldeídos
Glutaraldeído
Ortoftaldeído
Formaldeído
- Ácido peracético
- Peróxido de Hidrogênio
- Água eletrolizada
GLUTARALDEÍDO
NÃO ESTÁ PROIBIDO
RESOLUÇÃO - RDC Nº 8, DE 27 DE FEVEREIRO DE 2009
Dispõe sobre as medidas para redução da ocorrência de infecções
por Micobactérias de Crescimento Rápido - MCR em serviços de
saúde.
Fica suspensa a esterilização química por imersão, utilizando
agentes esterilizantes líquidos, para o instrumental cirúrgico e
produtos para saúde utilizados nos procedimentos: cirúrgicos e
diagnósticos por videoscopias com penetração de pele, mucosas
adjacentes, tecidos sub-epiteliais e sistema vascular, cirurgias
abdominais e pélvicas convencionais, cirurgias plásticas com o
auxílio de ópticas, mamoplastias e procedimentos de lipoaspiração.
GLUTARALDEÍDO
VANTAGENS
• Compatibilidade
• Custo?
• Recursos para
monitoração da concentração
e pH que assegura o reuso
DESVANTAGENS
• Resistência intrínseca do M.massilienses INCQS 594
• Toxicidade por inalação/contato
(0,05 ppm)
• Odor pungente
• Reuso
• Fixa sujidade residual
• Impregnação
• Enxágüe difícil
• Processo manual
ÁCIDO PERACÉTICO
-Várias formulações
- Não fixa matéria orgânica
- Tempo de contato baixos
- Corrosivo
ORTOFTALDEÍDO - OPA
• Pouca experiência de uso
• Toxicidade
• Fixa e cora de preto a sujidade residual
• Enxágüe difícil
• Reuso
Vantagens: rápido , compatibilidade, menos tóxico do que o glutaraldeído.
DESINFECÇÃO QUÍMICA
Boas práticas:
- Classificação do produto
- Forma de utilização: toxicidade
- Nível de termossensibilidade do produto
- Resistência à imersão
- Restrições do fabricante (corrosão, danos a lentes e
revestimento dos materiais)
DESINFECÇÃO QUÍMICA
Características do desinfetante ideal
- Fácil utilização
- Baixo nível de odor
- Econômico
- Difusível
- Estável
- Monitorável
- Favorece a limpeza
DESINFECÇÃO QUÍMICA
Características do desinfetante ideal:
- Largo espectro de ação
- Ação rápida
- Pouco afetado por condições ambientais
- Não inativado por matéria orgânica
- Compatível com detergentes
- Atóxico para o paciente, profissional e meio ambiente
- Compatível com diversas matérias-primas
DESINFECÇÃO QUÍMICA
Método automatizado:
- Surtos de infecção ou colonização
- Falhas: sistema de filtração de água, limpeza dos canais e
acessórios endoscópicos
- Validação e manutenção preventiva, hiperdiluição,
contaminação dos filtros de água e de ar e baixo fluxo dos
conectores
DESINFECÇÃO QUÍMICA
Método manual:
- Contêineres de plástico com tampa
- Limpeza dos contêineres com água e sabão
- Produtos diferentes: contêineres diferentes
- Hipoclorito de sódio: recipiente de plástico não
transparente (inativação por radiação ultravioleta)
- Recipientes para enxágue final
- Acessórios para a secagem (ar filtrado)
- Equipe centralizada, treinada e ciente dos pontos críticos
DESINFECÇÃO QUÍMICA
Método manual:
- Limpeza priorizada
- Imersão completa no germicida, preenchimento dos
lumens
- Respeitar o tempo de contato
- Qualidade da água: assistência ventilatória (filtro de 5
micrômeros ou água potável)
- Embalagem: saco plástico
CONTROLE DA DESINFECÇÃO
- Permitem pouco controle de resultados para certificação
do sucesso de cada operação (ciclo ou lote)
-Passível de controle:
material rigorosamente limpo
carregamento adequado em suportes próprios para
diferentes conformações dos materiais e o ciclo escolhido
(ventilatórios, instrumental, materiais canulados, entre
outros)
respeito ao limite máximo do preenchimento total da
câmara
manutenções preventivas (fabricante).
CONTROLE DA DESINFECÇÃO
Desinfecção química:
- Ausência de indicadores de resultado
- Indicadores de processo: monitora temperatura e tempo
de exposição da fase de desinfecção (específico: 93°C
por 10 min). Leitura – mudança de coloração
CONTROLE DA DESINFECÇÃO
-Importante:
controle da concentração do princípio ativo
desinfetante e do pH da solução (reusos)
tempo de imersão (rótulo/legislação)
contato da solução com todas as áreas
enxágue abundante
Ex.: Endoscopia
DESINFECÇÃO QUÍMICA
Gestor da CME:
- Demanda do serviço
- Otimização dos recursos humanos e dos insumos
- Acondicionamento do material
- Controle de custos
- Estrutura: área física, rede hidráulica, água, rede de ar
comprimido, equipamentos, produtos de limpeza
DESINFECÇÃO QUÍMICA
Gestor da CME:
-Treinamento da equipe
-Supervisão dos passos críticos
-Testes de eficiência do processo (registrados)
-Frequência dos testes: fabricante
-Validade das fitas indicadoras (diferença entre aberto e
fechado)
REFERÊNCIA:
ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC 15 DE 15 de março de 2012 Resolução da
Diretoria Colegiada – Dispõe sobre requisitos de boas práticas para o processamento de produtos
para saúde e dá outras providências.
Agência Nacional da Vigilância Sanitária/ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC n. 35
de 16 de agosto de 2010. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para produtos com ação
antimicrobiana utilizados em artigos críticos e semicríticos. Diário Oficial da União, Brasília, DF,
18 ago. 2010
CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION - CDC. Guideline for disinfection and
sterilization in health-care facilities. Atlanta, 2008a. Disponível em:
<http://www.cdc.gov/hicpac/pdf/guidelines/Disinfection_Nov_2008.pdf>. Acesso em: 28 Out.
2014.
FOOD AND DRUG ADMINISTRATION. FDA-cleared sterilants and high-level disinfectants with
general claims for processing reusable medical and dental devices – March 2009. 2009. Disponível
em: <http://www.fda.gov/cdrh/ode/germlab.html>. Acesso em: 28 Out. 2014.
PSALTIKIDIS, EM. Desinfecção. In: Enfermagem em Centro de Material de Esterilização. Ed.
Manobe. p. 167-203, 2011.