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Unidade II3 AS BASES DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL
Aps a problemtica da relao entre homem e natureza, ocorreram
conferncias, agendas e criao de leis importantes na tentativa de
reverter os problemas causados e anteiormente demonstrados.
3.1 A Rio 92
Figura 7 Logotipo da Rio 92
Com a inteno de introduzir a ideia do desenvolvimento
sustentvel, um modelo de crescimento econmico menos agressivo para
o meio ambiente, foi realizada, tambm conhecida como ECO-92, de 3 a
14 de junho de 1992,. a Conferncia das Naes Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD). A cidade do Rio de Janeiro foi
a sede do encontro que reuniu representantes de 175 pases e de
organizaes no governamentais (ONGs) (ESTADO, 2007).
Essa conferncia foi considerada o evento ambiental mais
importante do sculo XX, pois a ECO-92 foi a primeira grande reunio
internacional realizada aps o m da Guerra Fria.
Entre os compromissos especcos adotados pela ECO-92, podemos
incluir trs convenes:
sobre mudana do clima,
sobre biodiversidade e
declarao sobre orestas.
Documentos foram aprovados durante a conferncia, esses com
objetivos mais abrangentes e de natureza mais poltica:
Declarao do Rio e a Agenda 21
Ambos enfatizam o conceito fundamental de desenvolvimento
sustentvel, que combina o progresso econmico e material com a
necessidade de uma conscincia ecolgica.
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As relaes entre pases ricos e pobres tm sido conduzidas por um
novo conjunto de princpios inovadores desde a conferncia, como os
conceitos de responsabilidades comuns, mas diferenciadas entre os
pases, de o poluidor paga e de padres sustentveis de produo e
consumo.
Com a adoo da Agenda 21, a conferncia estabeleceu, objetivos
concretos de sustentabilidade em diversas reas, mostrando a
necessidade de se buscarem novos recursos nanceiros para a
complementao do desenvolvimento sustentvel em uma escala global
(SENADO FEDERAL, 1996).
Diante de tantas alteraes no meio ambiente somadas s ameaas de
extino de muitos recursos naturais atualmente utilizados pelo
homem, autoridades de 172 governos e estudiosos do mundo inteiro
reuniram-se em 1992, no Rio de Janeiro, para a CNUMAD - Conferncia
das Naes Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida
mundialmente como a Conferncia da Terra. Essa conferncia tornou-se,
por sua singularidade, um marco na histria da humanidade. Seus
objetivos bsicos giravam em torno da busca por um equilbrio entre
as necessidades ambientais, sociais e econmicas para geraes atuais.
Outro objetivo da conferncia era a construo de uma espcie de
associao mundial que contemplasse os pases desenvolvidos e em
desenvolvimento para o estudo e compreenso das questes ambientais,
interesse e preocupao igualmente comum a todos. Governos e demais
setores da sociedade civil tambm deveriam compor a referida
associao.
Essa conferncia foi popularizada com o ttulo de Rio 92 e
conseguiu reunir 108 chefes de estado para aprovao de documentos
importantes como a Agenda 21, que consiste em uma declarao da ONU
acerca do meio ambiente e o desenvolvimento, para denir quais so os
direitos e deveres dos estados.
Somente em 2002 a ONU (Organizao das Naes Unidas) aprovou A
Carta da Terra e comparou sua importncia para a humanidade Declarao
Universal dos Direitos Humanos no tocante ao meio ambiente.
Desde ento, podemos notar muito progresso em relao ao pensamento
e postura das pessoas quanto forma como o meio ambiente est sendo
explorado. Nota-se uma urgncia em tentar recuperar o tempo perdido
e mais ainda em tentar desenvolver nas pessoas uma nova forma de
pensar e agir no que se refere s questes ambientais.
Ambientalistas, gelogos e os meios de comunicao so alguns exemplos
de prossionais profundamente engajados em prol de uma mudana da
conscincia ambiental dos seres humanos.
As escolas tm sido de fundamental importncia na educao ambiental
das crianas, possibilitando a elas crescer com o compromisso de
preservar e ajudar ao seu ecossistema.
Dez anos aps a Rio 92
Relatrio PNUMA 2002 sobre sustentabilidade global diz que apesar
dos esforos das empresas, a degradao ambiental do planeta continua
a aumentar.
Baseado em relatrios de sustentabilidade global de 22 setores, a
humanidade j consome 25% mais recursos naturais do que o planeta
capaz de repor.
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Johannesburg 2002: O PII (Projeto de Implementao Internacional)
apresenta quatro elementos principais do desenvolvimento sustentvel
sociedade, ambiente, economia e cultura.
3.2 A Agenda 21
A Agenda 21 um dos mais importantes documentos referentes ao
meio ambiente e foi gerado na reunio de 178 naes na Conferncia das
Naes Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), em
1992.
As dimenses da sustentabilidade so parte do contedo da Agenda 21
global, modelo para que os pases a aplicassem e escrevessem tambm
sua agenda 21 nacional e local. Todas essas dimenses que formam
parte de um desenvolvimento sustentvel so mostradas por
pesquisadores e governantes.
A Agenda 21 representa um conjunto de requisitos recomendados
para uma boa convivncia da humanidade com o planeta, e seus 40
captulos esto divididos em quatro sees. A primeira trata de
aspectos sociais e econmicos de desenvolvimento; a segunda, de
aspectos ambientais e gerenciamento de recursos naturais; a
terceira, do fortalecimento do papel dos principais grupos sociais,
e a ltima, discorre a respeito dos meios de implantao.
A Agenda 21, atravs de seus documentos, visa conciliar mtodos de
proteo ambiental, justia social e ecincia econmica. Esses
documentos esto estruturados em quatro sees que so subdivididas em
40 captulos temticos.
Entre os temas tratados na Agenda 21 (SENADO FEDERAL, 1996)
podemos citar:
Dimenses econmicas e sociais, com o foco nas polticas
internacionais que ajudaro o desenvolvimento sustentvel nos pases
em desenvolvimento e as estratgias de combate pobreza e
misria).
As mudanas necessrias a serem introduzidas nos padres de
consumo, as inter-relaes entre sustentabilidade e dinmica demogrca
alm de medidas e propostas para a promoo da sade pblica e a
melhoria da qualidade dos assentamentos humanos.
A questo da conservao e dos recursos para o desenvolvimento, que
apresenta os diferentes enfoques para a proteo da atmosfera e para
a viabilizao da transio energtica.
A importncia do manejo integrado do solo, da proteo dos recursos
do mar e da gesto eco-compatvel dos recursos de gua doce.
A importncia do combate ao desmatamento, deserticao e a proteo
aos frgeis ecossistemas de montanhas; as interfaces entre
diversidade biolgica e sustentabilidade; a necessidade de uma gesto
ecologicamente racional para a biotecnologia.
A importncia prioritria que os pases devem conferir gesto, ao
manejo e disposio racional dos resduos slidos, dos perigosos em
geral e dos txicos e radioativos.
Requerimento de medidas para a proteo e promoo de alguns dos
segmentos sociais mais relevantes, analisando as aes que objetivam
a melhoria dos nveis de educao da mulher, bem como a participao
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da mesma, em condies de igualdade, em todas as atividades
relativas ao desenvolvimento e gesto ambiental. Adicionalmente, so
discutidas as medidas e promoo dos direitos e proteo da juventude e
dos povos indgenas, das ONGs, dos trabalhadores e sindicatos, da
comunidade cientca e tecnolgica, dos agricultores e do comrcio e da
indstria (SENADO FEDERAL, 2001)
A gua, realmente, um recurso que precisa de muito respeito por
parte do ser humano, j que, muitas vezes, claros exemplos de poluio
acontecem por esvaziamentos de hidrocarbonetos ou outros elementos
altamente contaminadores usados na indstria. Aspectos contidos na
Agenda 21 so de alta preocupao com respeito preservao desse
recurso, por ser escasso em vrias partes do planeta, como em
algumas cidades do Brasil, e necessrio para a gerao de energia
eltrica. A procura de alternativas de recursos renovveis que
substituam as necessidades do uso da gua ser uma forma de seguir o
contido na Agenda 21.
A Carta da Terra prembulo
Estamos diante de um momento crtico na histria da Terra, numa
poca em que a humanidade deve escolher o seu futuro. medida que o
mundo torna-se cada vez mais interdependente e frgil, o futuro
enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para
seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnca
diversidade de culturas e formas de vida, somos uma famlia humana e
uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar foras
para gerar uma sociedade sustentvel global baseada no respeito pela
natureza, nos direitos humanos universais, na justia econmica e
numa cultura da paz. Para chegar a este propsito, imperativo que
ns, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para
com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras
geraes (SENADO FEDERAL, 1996).
3.3 A Agenda 21 brasileira
A elaborao da Agenda 21 brasileira foi obra do trabalho da
Comisso de Polticas de Desenvolvimento Sustentvel e da Agenda 21
Nacional (CPDS). Essa comisso foi criada por decreto presidencial
de 26 de fevereiro de 1997, conformada pelo Ministrio do Meio
Ambiente; Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto; Ministrio de
Cincia e Tecnologia; Ministrio das Relaes Exteriores; Presidncia da
Repblica; Frum Brasileiro das ONGs e Movimentos Sociais; Fundao
Getlio Vargas; Fundao Movimento Onda Azul; Conselho Empresarial
para o Desenvolvimento Sustentvel; e Universidade Federal de Minas
Gerais. Teve como objetivo redenir o desenvolvimento do Pas,
adicionando o conceito de sustentabilidade, qualicando suas
potencialidades e as vulnerabilidades do Brasil no quadro
internacional (BEZERRA et al, 2002).
Dentro das estratgias para gesto dos recursos naturais
estabelecidas na Agenda 21 brasileira, est o estabelecimento de
normas e regulamentao para o uso harmnico da energia e promoo de
sistemas alternativos de gerao energtica, transferindo ao
consumidor orientaes e escolhas feitas nos planos tcnicos e
cientcos. Essas normas so de responsabilidade dos gestores
governamentais, atravs da
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criao de leis para promover o investimento de capitais privados
em usinas alternativas, mediante mecanismos econmico-nanceiros com
incentivos scais e/ou econmicos e dar condies para a disseminao
dessas tecnologias, suas vantagens, custos, facilidades e
diculdades, na atualidade.
3.4 O Protocolo de Kyoto
O Protocolo de Kyoto foi um tratado resultante de uma srie de
eventos e que culminou com a Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre a
Mudana Climtica (UNFCCC) na ECO-92 no Rio de Janeiro (ESTADO,
2007).
baseado em um tratado internacional no qual as naes signatrias
assumem compromissos mais rgidos com o objetivo de reduzir a emisso
dos gases que provocam o efeito estufa como dixido de carbono,
enxofre etc.
Esses gases so considerados, de acordo com a maioria das
investigaes cientcas, como causa do aquecimento global. Em 1997
esse documento foi discutido e negociado em Kyoto no Japo. Foi
aberto para assinaturas em 16 de maro de 1998 com raticao em 15 de
maro de 1999. Entrou em vigor ocialmente em 16 de fevereiro de
2005.
No tratado do Protocolo de Kyoto, um calendrio proposto pelo
qual os pases desenvolvidos tm a obrigao de reduzir a quantidade de
gases poluentes em, pelo menos, 5,2% at 2012. Todos os pases
signatrios teriam que colocar em prtica planos para reduzir a
emisso desses gases entre 2008 e 2012.
A ideia de que a reduo das emisses de gases ocorra em diversas
atividades econmicas e que os pases participantes estejam abertos a
cooperarem entre si. Entre essas atividades podemos citar:
melhoria dos setores de energia e transportes, respeitando a
sustentabilidade;
estmulo para o uso de fontes de energia renovveis;
priorizao dos mecanismos nanceiros e de mercado que estejam de
acordo com os objetivos da conveno;
gerenciamento de resduos e controle das emisses de metano;
poltica agressiva de proteo de orestas e sumidouros de
carbono.
Se implementado com sucesso, o Protocolo de Kyoto poderia
reduzir a temperatura global entre 1,4C e 5,8C at 2100. Contudo,
existe uma discusso dentro da comunidade cientica na qual se arma
que a meta de reduo de 5.2% em relao a 1990 no suciente para
eliminar o aquecimento global.
3.4.1 O Protocolo de Kyoto e os Estados Unidos
Uma polmica foi gerada em torno da no raticao do Protocolo pelos
Estados Unidos. A justicativa, segundo o presidente George W. Bush
era de que os compromissos com as metas do protocolo comprometeriam
de forma negativa a economia do pas.
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Outro fator levado em considerao, foi o questionamento por parte
da Casa Branca sobre o consenso cientco de que os poluentes
causassem ou no a elevao da temperatura global.
Por outro lago, alguns municpios e estados nos EUA, a exemplo do
estado da Califrnia, comearam a pesquisar maneiras para reduzir a
emisso de gases txicos, mesmo sem a assinatura dos Estados Unidos
no protocolo, tentando tambm no diminuir sua margem de lucro com
essa atitude e promover a sustentabilidade.
3.4.2 Sumidouros de carbono
Em Julho de 2001, na Alemanha, o Protocolo de Kyoto foi
referendado ao se abrandar o cumprimento das metas previstas no
passado com a criao de sumidouros de carbono.
A ideia que essa proposta possibilitaria que os pases que
possuem grandes reas orestadas, as quais absorvem naturalmente o
dixido de carbono, usassem essas reas como crdito em troca do
controle de suas emisses de gases.
Outra vertente da proposta a de que os pases desenvolvidos e
mais industrializados, maiores emissores de CO2 e de outros
poluentes, poderiam transferir parte de suas indstrias mais
poluentes para pases onde o nvel de emisso baixo ou investir nesses
pases.
Contudo preciso realizar estudos criteriosos sobre a quantidade
de carbono que uma oresta capaz de absorver para evitar super ou
subvalorizao de valores pagos por meio dos crditos de carbono.
Aps a Conferncia de Johannesburg, essa proposta tornou-se
inconsistente em relao aos objetivos do tratado, a poltica deve ser
deixar de poluir, e no poluir onde h orestas, pois o saldo, desta
forma, continuaria negativo para com o planeta.
Existem tambm os cticos com relao ao Protocolo de Kyoto que
acreditam que se trata de letra morta, visto que a maioria das naes
signatrias no vai conseguir cumprir as metas de reduo de poluentes,
alm da no raticao de pases grandes poluidores como os Estados
Unidos. A comunidade europeia, uma das grandes defensoras do
Protocolo, no conseguiu ainda cumprir as metas.
3.4.3 Sequestro de carbono
Alguns pases que no raticaram o Protocolo de Kyoto, entre eles
os Estados Unidos e a Austrlia, tm uma poltica de sequestro de
carbono. Trata-se de estocar o excesso de carbono, por prazo
indeterminado, na biosfera, no subsolo e nos oceanos.
Algumas das medidas citadas a seguir so utilizadas para o
sequestro de carbono:
usar repositrios subterrneos para sequestrar carbono;
estocar a biomassa criada no solo e remover o dixido de carbono
com a vegetao, melhorando o ciclo terrestre natural;
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dissoluo de dixido de carbono pela fertilizao de toplncton e
colocando dixido de carbono a mais de 1000 metros de
profundidade;
sequenciar o genoma de micro-organismos para o gerenciamento do
ciclo de carbono;
enviar milhares de minissatlites (espelhos) para reetir parte da
luz solar, em mdia 200.000 minissatlites, reduziriam 1% do
aquecimento.
Esse plano est em andamento e mostra a preocupao dos que se
dizem cticos em ajudar a remover uma das causas (embora a
considerem insignicante) do aquecimento global.
3.4.4 Resultado do Protocolo de Kyoto
Na tabela abaixo so apresentados alguns dos resultados das
diferenas de emisses de CFC, um dos principais poluidores, segundo
a ONU.
Tabela 2 Resultados das emisses de alguns pases em relao ao
protocolo de Kyoto:
Pas Diferena entre as emisses de CFC (1990-2004)
Objetivo a Unio Europeia para 2012
Obrigao do tratado 2008-2012
Alemanha -17% -21% -8%
Canad +27% No assinado -6%
Espanha +49% +15% -8%
Estados Unidos +16% No assinado No assinado
Frana -0.8% 0% -8%
Grcia +27% +25% -8%
Irlanda +23% +13% -8%
Japo +6.5% No assinado -6%
Reino Unido -14% -12.5% -8%
Portugal +41% +27% -8%
Outros 15 pases da UE -0.8% No assinado -8%
3.4.5 Mecanismos de exibilizao
Pelo Protocolo de Kyoto, alguns mecanismos de flexibilizao
formam arranjos regulamentados que facilitam que as partes (pases)
includas no Anexo B possam atingir limites e metas de reduo de
emisses de gases do efeito estufa (GEE). Esses instrumentos tambm
tm o propsito de incentivar os pases emergentes a alcanar um modelo
de desenvolvimento sustentvel.
So trs os mecanismos de exibilizao:
O comrcio de emisses que realizado entre pases listados no Anexo
B, de maneira que um pas, que tenha diminudo suas emisses abaixo de
sua meta transra o excesso de suas redues para outro pas que no
tenha alcanado tal condio.
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O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) realizado em pases
que no tm metas de reduo de emisses de GEE.
A Implementao Conjunta (IC) que a implantao de projetos de reduo
de emisso de GEE entre pases que apresentam metas a cumprir (pases
do Anexo I).
Observao
Desses mecanismos, apenas o MDL se aplica ao Brasil.
3.4.6 Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)
O MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), um dos mecanismos de
exibilizao criados pelo Protocolo de Kyoto, tem por objetivo
auxiliar o processo de reduo de emisso de gases do efeito estufa
(GEE) ou de captura de carbono (ou sequestro de carbono) por parte
dos pases do Anexo I (ROCHA, 2003).
Seu propsito prestar assistncia s partes no presentes no Anexo I
da Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre Mudana do Clima (CQNUMC,
ou, com a sigla em ingls, UNFCCC) para que viabilizem o
desenvolvimento sustentvel por meio da implementao da respectiva
atividade de projeto e contribuam para o objetivo nal da Conveno e,
por outro lado, prestar assistncia s partes do Anexo1 para que
cumpram seus compromissos quanticados de limitao e reduo de emisses
de gases do efeito estufa (ROCHA, 2003).
Os pases em desenvolvimento podem implementar projetos de reduo
ou captura de emisso de gases causadores do efeito estufa, obtendo
os Certicados de Emisses Reduzidas (CERs). Emitidos pelo Conselho
Executivo do MDL, esses certicados podem ser negociados no mercado
global. Como os pases industrializados possuem cotas de reduo de
emisso de gases causadores do efeito estufa, estes podem adquirir
os CERs de desenvolvedores de projetos em pases em desenvolvimento
para auxiliar no cumprimento de suas metas (ROCHA, 2003; DENARDI,
2010.)
Assim o MDL visa ao alcance do desenvolvimento sustentvel em
pases em desenvolvimento (pas antrio), a partir da implantao de
tecnologias mais limpas nesses pases, e a contribuio para que os
pases do Anexo I cumpram suas redues de emisso (SOUSA, 2003).
Com essa proposta, os projetos de MDL podem ser baseados em
fontes renovveis e alternativas de energia, ecincia e conservao de
energia ou reorestamento. Porm, para aprovao de projetos no mbito
do MDL, existem regras claras e rgidas. Esses projetos devem
utilizar metodologias aprovadas, ser validados e vericados por
Entidades Operacionais Designadas (EODs), e devem ser aprovados e
registrados pelo Conselho Executivo do MDL. E ainda, os projetos
devem ser aprovados pelo governo do pas antrio pela Autoridade
Nacional Designada (AND), assim como pelo governo do pas que
comprar os CERs. A Comisso Interministerial de Mudana Global do
Clima, estabelecida em 1999, atua como AND no Brasil.
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3.4.6.1 Categorias de projetos MDL
Foram enumerados pelo Conselho Executivo (CE) do MDL os
seguintes setores nos quais projetos MDL podem ser desenvolvidos,
com base no Anexo A do Protocolo de Kyoto.
importante destacar que uma atividade de projeto MDL pode estar
relacionada a mais de um setor.
Os projetos MDL devem ser desenvolvidos a partir das seguintes
etapa.
Concepo do projeto (preparo da nota de ideia do projeto)
Concepo do documento de comcepo do projeto (DCP)
Obteno da aprovao do pas antrio
Validao
Registro
Implementao do projeto
Monitoramento
Vericao e certicao
Emisso dos CERs
Figura 8 - Etapas para a concepo de um projeto para MDL
3.4.7 Pases pertencentes ao Anexo I do Protocolo de Kyoto
So os pases que tm metas em relao ao Protocolo de Kyoto
Esto divididos em dois subgrupos:
(1) aqueles pases que necessitam diminuir suas emisses e,
portanto, podem tornar-se compradores de crditos provenientes do
MDL, como a Alemanha, Japo, Holanda; e
(2) os pases que esto em transio econmica e por isso podem ser
antries de projetos do tipo Implementao Conjunta (que outro
mecanismo do Protocolo de Kyoto), como a Ucrnia, Rssia, Romnia etc.
(DENARDI, 2010).
3.5 Calor e o Protocolo de Kyoto
O protocolo de Kyoto apresenta uma peculiaridade interessante:
ele no exige a mesma meta de todas as naes que assinaram o
protocolo. Os pases desenvolvidos esto obrigados a perseguir um
corte de
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5% das emisses de dixido de carbono. J os pases em
desenvolvimento (Brasil e ndia, por exemplo) tm que diminuir as
emisses quanto for possvel mas sem limites preestabelecidos. As
empresas de pases industrializados esto autorizadas a nanciar o
desenvolvimento limpo em pases de terceiro mundo.
Existem vrias reas e projetos dos pases de terceiro mundo que
podem ser investidos. Em mdia, cada 6 dlares investidos nesses
projetos permitem empresa produzir 1 tonelada a mais de dixido de
carbono. Isso pode gerar grandes negcios para as empresas
brasileiras, que no iro mais encarar os projetos ambientalistas
como uma obrigao que s gera prejuzo.
Mesmo fora do Protocolo de Kyoto, muitas empresas nos Estados
Unidos esto preocupadas com o perigo que representa o aquecimento
global e, dessa forma, j adotam medidas para reduzir suas emisses
de dixido de carbono ou a de seus produtos.
Alguns exemplos de empresas so mencionados a seguir:
a General Motors, investiu milhes de dlares no desenvolvimento
de veculos movidos a hidrognio;
a General Eletric, por exemplo, conta com uma diviso de energia
elica;
a American Electric Power, a maior distribuidora de eletricidade
do pas, decidiu adotar as normas do tratado e comprometeu-se a
reduzir suas emisses de dixido de carbono em 10% at 2006;
desaando a posio da Casa Branca, o governo do estado de
Massachusetts anunciou um plano de diminuir suas emisses em 10% at
2020.
Na Unio Europeia, que a maior defensora do Protocolo, seus pases
estabelecem cotas de reduo de emisses ainda mais ambiciosas do que
as denidas pelo acordo:
a Inglaterra acredita em um ndice de reduo de 60% at 2050;
a Alemanha quer reduzir suas emisses em 21% at 2012 contando com
o fechamento de indstrias altamente poluentes que ainda restam da
antiga parte oriental do pas.
Apesar da mobilizao mundial em torno do controle do dixido de
carbono, grande a comunidade de cientistas que no acredita na
causa. Eles se dividem em dois grupos:
O que considera que o aquecimento global simplesmente no
constitui ameaa alguma, sendo apenas mais uma das alteraes que
ocorrem no clima do planeta de tempos em tempos e que o dixido de
carbono possivelmente tem pouca inuncia no fenmeno. E mais: caso o
aquecimento venha no futuro a alterar substancialmente o clima e a
vida na Terra, a humanidade j dispor de tecnologia adequada para
anular seus efeitos.
Citao:Estou convencido de que nossos netos tero ferramentas para
escolher o clima que desejarem, (Robert Balling Jr., da
Universidade do Arizona, The satanic gases)
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O segundo grupo de cientistas despreza o Protocolo de Kyoto pois
acha que seus resultados, mesmo a longo prazo, sero nmos e que os
recursos utilizados para reduzir as emisses de dixido de carbono
algo entre 150 bilhes e 350 bilhes de dlares por ano seriam muito
mais bem empregados no combate a males do mundo moderno, como a
pobreza, a fome e as epidemias.
No momento, as vozes que se levantam contra o tratado, tm sido
abafadas pelas evidncias cientcas de que preciso fazer algo pelo
planeta antes que seja tarde demais.
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Apesar da mobilizao mundial em torno do controle do dixido de
carbono, grande a comunidade de cientistas que no acredita na causa
por falta de comprovao cientca segundo seus padres prprios.
3.6 O funcionamento do mercado de carbono
Segundo Rocha, sobre o mercado de carbono:
Os instrumentos de crdito e/ou permisso j so utilizados em
outros pases com relativo sucesso h vrios anos. A ideia bsica de
que a reduo, estabilizao e/ou eliminao de um determinado poluente
pode ser alcanada atravs da comercializao de crditos de reduo e/ou
permisses de emisso entre as empresas poluidoras. Este comrcio faz
com que as empresas tenham maior exibilidade no cumprimento das
metas ambientais estabelecidas pela legislao vigente. Outra
vantagem que, com a sua utilizao, o poder pblico ca apenas
encarregado de denir os objetivos ambientais a serem alcanados,
monitorar e penalizar infratores; enquanto que a escolha dos
melhores meios para se atingir os objetivos ca a cargo das prprias
empresas, que iro sempre buscar a melhor relao custo/benefcio.
(ROCHA, 2002)
1. Est prevista no Protocolo de Kyoto a possibilidade de
empresas de pases industrializados compensarem a poluio que
produzem nanciando projetos ambientais no terceiro mundo (GODOY,
2007).
2. Em troca do investimento em um projeto limpo, como a ampliao
de uma reserva orestal, ela recebe crditos que permitem aumentar
suas emisses de dixido de carbono sem contribuir para que seu pas
estoure o limite estabelecido pelo Protocolo de Kyoto (GODOY,
2007).
3. Para serem negociados, os projetos tm que ter o aval da
ONU.
4. US$ 6 por tonelada de dixido de carbono o preo de
mercado.
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3.7 Possveis consequncias do aquecimento global
Estima-se que o aquecimento global, associado ao humana, poderia
provocar mudanas catastrcas no clima. Entre elas:
Consequncias do aquecimento global
Ficar mais difcil prever quando e onde ocorrero os furaces e
eles devem se tornar mais violentos e devastadores.
O derretimento das geleiras representa uma ameaa para as focas
que se reproduzem no gelo, e para os ursos polares que se alimentam
das focas.
Formao de novos desertos em regies hoje frteis como o que
ocorreu na frica em mudanas climticas anteriores.
Cidades litorneas seriam inundadas pela elevao do nvel dos
oceanos (previso de 90 cm at o m deste sculo) devido ao
derretimento das geleiras dos polos.
Extino dos plnctons, base de cadeia alimentar dos oceanos com
reexos negativos em praticamente todas as espcies subaquticas
Figura 9 Consequncias do aquecimento global
Saiba mais
Um lme que pode propiciar uma inter-relao com os contedos da
unidade sobre aquecimento global sugerido:
Uma verdade inconveniente. Dir. Davis Guggenheim. Ator: Al Gore.
100 minutos. 2006.
3.8 Consequncias do aumento das temperaturas
Com a elevao da temperatura, acredita-se que o funcionamento das
correntes ocenicas ser alterado, elas contribuem para o clima e
distribuio de calor dos trpicos pelo planeta impulsionando ou no a
formao de gelo nos polos. Um temor, segundo a comunidade cientca,
que de o aquecimento global possa desligar esse grande trocador de
calor global.
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A seguir, so apresentadas algumas das consequncias das mudanas
climticas em diversos continentes:
Quadro 1 Consequncias das mudanas climticas segundo o Greenpeace
(2005)
Local Mudanas climticas
Amrica Latina Diminuio das geleiras na Amrica Latina;
maior frequncia de secas e enchentes;
crescimento do risco para a vida e para os ecossistemas, alm de
prejuzos causados por fortes chuvas, enchentes, tempestades e
ventos, com a maior intensidade de ciclones tropicais;
comprometimento da segurana alimentar para muitos pases
latino-americanos, ameaando a cultura de subsistncia em algumas
regies;
aumento na incidncia de doenas como a malria, febre amarela e
clera pode ocorrer j que se trata de uma regio quente;
aumento da perda da biodiversidade com o desaparecimento de
recursos de ecossistemas.
Amrica do Norte Ecossistemas em risco;
em reas costeiras, aumento da eroso, enchentes e tempestades,
particularmente na Flrida e na costa americana do Atlntico,
provocado pela elevao do nvel do mar;
a malria e a febre amarela, e outras doenas transmitidas por
vetores, podem expandir sua rea de ocorrncia na Amrica do
Norte.
Austrlia e Nova Zelndia
Incndios e secas se tornaro ainda mais comuns e a gua ser um
assunto chave, sendo mais valorizada em regies do pas que sofrem
com a seca;
maior intensidade de chuvas e ciclones tropicais e mudanas
regionais especcas na frequncia de ciclones, aumentando os riscos
para a vida e para os ecossistemas;
muito mais espcies ameaadas ou extintas, assim como os
ecossistemas australianos, particularmente vulnerveis ao
aquecimento global, incluindo recifes de corais, habitats ridos e
semiridos no sudoeste e interior da Austrlia, alm de regies
montanhosas.
frica Sensvel queda na produo de gros e consequente reduo na
segurana alimentar ameaaro ainda mais populaes africanas, j
carentes de desenvolvimento sustentvel;
considervel aumento do nmero de transmissores de doenas
infecciosas, com prejuzo ainda maior sade da populao, em uma regio
que j enfrenta os efeitos da AIDS e da desnutrio;
aumento de secas, enchentes e outros fenmenos naturais
acentuando a presso sob os recursos hdricos, segurana alimentar,
sade e infraestrutura, restringindo o desenvolvimento da frica;
destruio de ecossistemas vitais, com o desaparecimento de uma
das mais ricas biodiversidades do mundo. Em consequncia, vrias
espcies de plantas e de animais podem desaparecer, com impacto no
modo de vida rural, no turismo e nos recursos genticos.
Europa At o nal do sculo 21 podero desaparecer metade das
geleiras montanhosas e grandes reas congeladas;
com o aumento nos padres de chuva, podero estar em risco grandes
reas da Europa. O risco de enchentes e eroso em reas costeiras
tambm deve aumentar, com implicaes para o turismo, agricultura e
habitats naturais de zonas costeiras;
podero ocorrer perdas de importantes habitats (regies midas,
plancies de regies rticas e habitats isolados) colocando em risco
algumas espcies.
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sia Em diversas reas temperadas e tropicais da sia, podemos
dizer que aumentou a incidncia de fenmenos naturais como enchentes,
secas, incndios orestais e ciclones tropicais;
Essa incidncia de fenmenos naturais pode comprometer a segurana
alimentar em muitos pases da sia, reduzindo a produtividade
agrcola;
um fato alarmante ser a maior exposio aos vetores de doenas
infecciosas, aumentando os riscos para a sade da populao devido a
enchentes por exemplo;
as grandes cidades ao longo da costa dos oceanos Pacco e ndico,
sero ameaadas pela elevao no nvel do mar;
o aquecimento global resultar na extino de muitas espcies de
mamferos e pssaros. A segurana ecolgica estar em risco com a elevao
do nvel do mar, incluindo manguezais e recifes de corais.
3.9 A Rio+10
Conhecida como Rio+10 ou Cpula da Terra II, foi realizada em
2002 pela ONU, em Johannesburg, na frica do Sul, a Cpula Mundial
sobre Desenvolvimento Sustentvel.
Um dos principais objetivos dessa conferncia foi discutir os
avanos alcanados pela Agenda 21 e os outros acordos rmados na Cpula
de 1992, na ECO-92.
A partir dessa cpula, surgiram dois documentos, o Plano de
Implementao e a Declarao de Johannesburg.
A Declarao de Johannesburg arma e relembra compromissos rmados
entre os pases em 37 pargrafos e elenca desaos que foram e so
enfrentados pelas diversas naes representadas, rearmando o
compromisso com o desenvolvimento sustentvel.
Enquanto em alguns pontos o plano parece ter atendido s
expectativas, ou pelo menos, dado uma luz questo, em outros ele
foi, no mnimo, vago ao no estipular prazos e metas. Sendo assim, a
Cpula de Johannesburg e o Plano de Aes no agradou a todos,
principalmente s ONGs ambientais que participaram do evento.
O Plano de Aes da Cpula de Johannesburg rmou o compromisso de
restaurar os estoques de peixes nos mares at 2015, mas o texto fala
que essa restaurao ser feita onde possvel, o que diculta o
monitoramento e a cobrana desse compromisso assumido.
De forma geral, na conveno de Johannesburg, temas como energia
renovvel ainda tiveram um espao aberto, fundamental para futuras
negociaes.
Johannesburg foi o centro das atenes mundiais para as questes
ambientais durante os 10 dias do evento (26 de agosto a 4 de
setembro de 2002), no qual foram revigoradas as esperanas de um
mundo melhor, com respeito aos direitos humanos bsicos, proteo ao
meio ambiente utilizao equilibrada dos recursos naturais.
Entretanto, nessa grande conferncia das Naes Unidas,
provavelmente uma das ltimas do ciclo iniciado em Estocolmo h 30
anos e que teve seu ponto mximo no Rio de Janeiro, em 1992, as
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expectativas de que isso viesse a acontecer foram, em parte,
frustradas pelos poucos resultados prticos alcanados em
Johannesburg.
Muitos pases, entre os mais de 150 participantes, apresentaram
propostas concretas sobre como colocar em prtica as diretrizes da
Eco-92 que ainda no saram do papel, principalmente as questes
ligadas Agenda 21.
Mais uma vez, os vrios blocos de pases defenderam de forma
intransigente seus interesses, como o Juscanz (Japo, Estados
Unidos, Canad, Austrlia e Nova Zelndia), que sob a liderana dos
norte-americanos, e com o apoio incondicional dos pases rabes,
grandes produtores de petrleo, boicotaram, entre outras, as
propostas do Brasil e da Unio Europeia sobre energia.
Como previsto, a energia foi tratada como tema cone da Cpula
Mundial para o Desenvolvimento Sustentvel. Na batalha pelas
energias renovveis, contudo, nem mesmo a aproximao com a Unio
Europeia conseguiu viabilizar a audaciosa e bem recebida proposta
brasileira de substituio das matrizes energticas poluidoras por
fontes renovveis de energia em 10% at 2010.
O Brasil, antes da conferncia, alinhavou metas e prazos para as
fontes renovveis de energia juntamente com os demais pases da
Amrica Latina e do Caribe. Em Johannesburg, o pas apresentou a sua
proposta de metas para os chamados novos renovveis, ou seja, fontes
mais limpas de energia que incluem a energia solar, a elica, a
geotermal, a das pequenas hidreltricas e a da biomassa.
O que se viu que desde o incio da discusso dos temas, a batalha
foi grande no grupo G-77/China (77 naes mais a China so
participantes). Apesar da resistncia, o Brasil se manteve rme na
defesa do estabelecimento de uma meta global que aumentasse em 10%
a participao das energias renovveis at o ano de 2010. Isso
possibilitaria a mitigao dos efeitos causadores das mudanas
climticas e poluio atmosfrica, por meio da substituio gradual dos
combustveis fsseis. As negociaes em Johannesburg foram longas e
difceis. Para se compreender melhor o clima de pessimismo e
diculdades enfrentadas, preciso que se entenda o processo no qual
se desenvolveram as duas megaconferncias da ONU, a Rio-92 e a
Rio+10. necessrio examinar a conjuntura geopoltica e mundial em que
se deu cada um dos encontros.
O encontro Rio-92 ocorreu em um clima que favorecia a cooperao
internacional, apenas trs anos depois da queda do Muro de Berlim e
do m da Guerra Fria, quando a ideia da cooperao predominava sobre a
lgica do conito. J a Conferncia Rio+10 transcorreu em um cenrio
oposto, com um mundo marcado cada vez mais pelo conito e pela
desigualdade social crescente, tanto nos pases ricos quanto nos
pases em desenvolvimento, o que minou sobremaneira o resultado nal
do encontro entre as naes.
Tentar comparar as conferncias da Rio-92 e da Rio+10 em termos
de resultado um erro, j que os dois eventos se propunham a alcanar
objetivos distintos. Enquanto a Rio-92 se pautou na obteno de um
consenso em torno da questo ambiental, o que foi obtido
principalmente pela elaborao da Agenda 21, a pauta da Rio+10 era
mais modesta, dispondo-se apenas a avaliar os avanos da Agenda 21
nesses dez anos e criar mecanismos que facilitassem medidas
efetivas para a sua implementao.
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Segundo Villa Jr. (2010), a declarao de poltica de 2002, da
Cpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentvel, realizada em
Johannesburg, afirma que o desenvolvimento sustentvel construdo
sobre trs pilares interdependentes e mutuamente sustentadores
desenvolvimento econmico, desenvolvimento social e proteo
ambiental. Esse paradigma reconhece a complexidade e o
interrelacionamento de questes crticas como pobreza, desperdcio,
degradao ambiental, decadncia urbana, crescimento populacional,
igualdade de gneros, sade, conflito e violncia aos direitos
humanos. O Projeto de Implementao Internacional (PII) apresenta
quatro elementos principais do desenvolvimento sustentvel
sociedade, ambiente, economia e cultura.
A sociedade: uma compreenso das instituies sociais e seu papel
na transformao e no desenvolvimento.
O ambiente: a necessidade de conscientizao da fragilidade do
ambiente fsico e os efeitos sobre a atividade humana e as
decises.
A economia: desenvolvimento da sensibilidade aos limites e ao
potencial do crescimento econmico e seu impacto na sociedade e no
ambiente, com o compromisso de reavaliar os nveis de consumo
pessoais e da sociedade.
A cultura: fator geralmente omitido como parte do DS
(desenvolvimento sustentvel). Entretanto, valores, diversidade,
conhecimento, lnguas e vises de mundo associados cultura formam um
dos pilares do DS e uma das bases da EDS (educao para o
desenvolvimento sustentvel).
4 DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO
Para que, daqui a 40 anos tenhamos o planeta Terra em pleno
desenvolvimento sustentado ou desenvolvimento sustentvel, devemos
dar j incio s tentativas de uso de novas tecnologias e de mudanas
de mentalidade. Sem o que, a degradao ambiental colocar o planeta
num rumo sem retorno, tornando, de tal modo, de m qualidade a gua e
o ar,que a raa humana, com a sade cada vez mais combalida, por esse
motivo, comear a ser dizimada irremediavelmente. (PORTUGAL,
1991)
Vrias trilhas paralelas a serem vencidas simultaneamente compem
os caminhos a serem percorridos.
Novas concepes de fontes de energia e de economia de energia
devero ser adotadas.
Baseadas nos combustveis fsseis, as atuais fontes de energia,
devero ser paulatinamente abandonadas e devero ser fortemente
incentivadas as pesquisas de fontes de energia no poluentes como a
elica, a solar e base de hidrognio como combustvel. O petrleo dever
ser aproveitado para ns mais nobres na petroqumica.
Visando economizar energia na iluminao, na calefao, na
refrigerao ou na ventilao pura e simples, a arquitetura dever ser
condizente com o clima.
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Dever ser realizado o reorestamento das grandes reas desmatadas,
utilizando-se, para isso, as mesmas espcies vegetais que existiam,
a m de estancar as deserticaes que hoje proliferam em diversos
pontos do planeta.
Devero ser gradativamente, e no menor tempo, substitudos os
clorouorcarbonos, hoje indispensveis a muitos setores industriais,
porm inimigos mortais da camada de oznio da atmosfera, pelos
hidroclorouorcarbonos ou outros produtos que no afetem mais o
oznio. Mas que por serem nocivos aos materiais com que fazem
contato, demandaro profundas pesquisas de novos materiais
resistentes a eles (PORTUGAL, 2001).
Por sua vez, as indstrias de transformao devero buscar
tecnologias que reduzam a gerao de resduos e ou promovera
reciclagem desses resduos.
A busca pelos biodegradveis dever ser constante, e a reciclagem
de papis, vidros e plsticos usados ser imprescindvel, bem como, a
compostagem de lixos orgnicos.
O consumo da carne bovina dever ser um alimento em extino, ou
restrito, haja vista a destruio que se faz das orestas para dar
lugar s pastagens, bem como a utilizao de gros na alimentao do gado
que, pelo seu valor proteico, devero alimentar diretamente o homem;
a menos que se integre a alimentao do gado com as culturas
agrcolas.
Devero ser incentivados os transportes coletivos de massa, sendo
sua energia propulsora baseada, de preferncia, em energticos no
poluentes; a bicicleta dever ser amplamente usada.
Igualmente, os transportes de cargas tero que ser feitos
aproveitando-se ao mximo as possibilidades de navegao por rios e
mares e, sempre que possvel, combinados com ferrovia e, ainda
buscando-se, a as oportunidades de realizao de fretes de
retorno.
Ser indispensvel o controle populacional do planeta para que
haja alimentos para todos e tambm para que se possa ter um controle
sobre as infraestruturas que estejam suportando ou viro a suportar
as necessidades do contingente populacional, evitando, inclusive, a
necessidade de crescimento dessas infraestruturas.
Devero ser amplamente popularizadas as fazendas de peixes e
crustceos para auxiliarem na alimentao.
Para que no haja desperdcios e no se afete o meio ambiente pelo
mau uso de desmatamentos e defensivos agrcolas, as reformas agrrias
devero contar com tecnologia e infraestrutura adequada.
Todos os defensivos agrcolas, baseados em formulaes qumicas,
devero dar lugar, no menor tempo, queles baseados em predadores
naturais.
A racional utilizao dos recursos da informtica dever
possibilitar, para muitos tipos de trabalho, o
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mnimo deslocamento do empregado, ensejando a realizao de tarefas
em suas prprias casas.Enm, nesses curtos quarenta anos que a vm,
uma profunda mudana comportamental ter
que acontecer; ser um verdadeiro caminhar na corda bamba que no
admitir disperso de esforos e planejamentos imperfeitos; mas as aes
no podero ser tomadas em pontos isolados do planeta. As naes onde
mais abundam tecnologias e poder econmico tero que instaurar
atitudes internacionais de emergncia para ajudar aos pases
carentes, sem se descuidarem de si prprios. A cooperao, a cesso de
tecnologias e recursos dever ser, nesse mister, sem fronteiras,
pois, anal, na nave Terra, todos so passageiros. No Brasil, a forte
articulao dos diversos setores envolvidos com os temas mencionados,
deve ser empreendida a m de que se saiba, com certeza, os caminhos
a percorrer e os recursos a serem buscados (PORTUGAL, 1991).
Observao
Uma profunda mudana comportamental necessria para que tenhamos
os benefcios de um desenvolvimento sustentado.
Algumas aes importantes para o desenvolvimento sustentvel:
Estabilizar a populao mundial
Dever crescer 50% at 2050:
6,1 bilhes para 9,3 bilhes,sendo 3,2 bilhes nos pases
pobres.
Figura 10 Densidade populacional, dados de 1995
Melhorar a educao
Com a melhoria do nvel educacional, reduz-se o crescimento
populacional (experincia da ONU), possibilitando a adoo de medidas
de longo prazo que, muitas vezes, impem sacrifcios de curto
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prazo.Tecnologias mais ecientes
Tecnologias industriais mais limpas:
A gerao dos resduos industriais reduzida pela utilizao mais
eciente das matrias-primas e da energia, com minimizao,
reaproveitamento e reciclagem dos resduos.
O setor de construo em todo o mundo, segundo algumas estimativas
conservadoras, poderia promover a reduo da emisso de 1,8 bilhes de
toneladas de CO2.
Com uma poltica mais agressiva poder-se-ia promover a reduo de
mais de 2 bilhes de toneladas.
Adotar novo indicador de desenvolvimento
O esgotamento e a degradao dos recursos naturais e do meio
ambiente no so adequadamente reetidos pelo PIB.
ndice de Desenvolvimento Humano IDH (PNUD): associa fatores como
expectativa de vida, grau de alfabetizao e mortalidade infantil ao
PIB, para evitar erro com a anlise isolada do PIB.
Figura 11 ndice de desenvolvimento humano
Reformar o sistema tributrio
Adequar as taxaes de impostos a objetivos pontuais: taxar mais o
que se quer reduzir (poluio e uso de recursos naturais escassos) e
menos o que se quer aumentar (emprego e renda).
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Signica colocar a economia a favor do desenvolvimento
sustentvel.A Noruega, por exemplo, em 1994, aumentou a taxa sobre a
emisso de CO2 fssil e reduziu a taxa
sobre o emprego.
Outros pases como a Espanha (95), Dinamarca, Reino Unido e
Finlndia (96), Alemanha e Itlia (99), e a Frana (2000) tambm
reduziram as taxas sobre empregos e criaram taxas sobre emisses de
CO2, venda de combustveis, pesticidas, solventes clorados,
baterias, aterros de lixo, e poluio do ar e das guas.
A humanidade precisa fazer a transio para uma economia
sustentvel que respeite os limites fsicos inerentes ao ecossistema
mundial e garanta que continue funcionando no futuro (DALY,
2005).
Entre os desaos citados para a implementao do desenvolvimento
sustentvel, temos a adoo de um novo indicador ou ndice de
desenvolvimento humano que engloba mais parmetros
interessantes.
Saiba mais
Uma discusso interessante sobre os indicadores de
desenvolvimento, especicamente sobre o PIB e suas modicaes pode ser
encontrada em reportagem publicada no jornal O Estado de S. Paulo.
Por Andrea Vialli:
VIALLI, Andrea. Um novo PIB em gestao. O Estado de So Paulo. 15
de Maio de 2009.
Resumo
Nesta unidade foram estudadas as principais conferncias
realizadas para se discutir o desenvolvimento sustentvel numa
escola mundial para se propor solues aos problemas discutidos.
Entre elas esto a Rio 92, a Agenda 21 e o Protocolo de Kyoto.
Estudamos a economia e a questo do carbono, a produo limpa e as
consequncias do aquecimento global em diversos continentes.
Uma discusso sobre o desenvolvimento sustentado e principais aes
que devem ser tomadas tambm foi realizada.
Ao nal desta unidade, o aluno deve ser capaz de explicar e
entender o que ocorreu durante as principais conferncias realizadas
para se promover o desenvolvimento sustentvel, bem como propor
solues a diversos
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problemas enfrentados para se obter um desenvolvimento
sustentado.
Exerccios
Questo 1. (ENADE 2008)
Laerte. Brasil. Almanaque de cultura popular. Ano 10, jul. 2008,
no 111, p. 34 (com adaptaes).
Paralelamente mensagem jocosa, existe, na charge acima, outra
mensagem subjacente, que remete ao fenmeno conhecido como:
A) Efeito estufa, observado a partir da Revoluo Industrial, o
qual corresponde ao aumento da temperatura global da Terra.
B) Aquecimento global, que pode causar secas, inundaes, furaces,
deserticao e elevao dos nveis dos oceanos.
C) Escurecimento global, que causado pela presena, na atmosfera,
de material particulado oriundo da poluio.
D) Mudana sazonal no trajeto das correntes marinhas, que altera
o ciclo migratrio dos pinguins.
E) Aumento do buraco na camada de oznio, causado pela presena,
na estratosfera, de gases utilizados em sistemas de refrigerao.
Resposta correta: alternativa B
Anlise das alternativas:
A) Alternativa incorreta.
Justicativa: est expressa na gura a ideia do degelo ocorrido nos
polos, decorrente do processo de aquecimento global associado ao
agravamento do efeito estufa. No entanto, errado armar que tenha se
originado a partir da Revoluo Industrial, uma vez que o efeito
estufa um fenmeno atmosfrico natural existente h milhares de anos.
O que se pode corretamente associar Revoluo Industrial o
agravamento desse fenmeno, em virtude da liberao excessiva na
atmosfera de gs carbnico por parte de atividades humanas
modernas.
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B) Alternativa correta.
Justicativa: a ilustrao mostra um contexto de degelo ocorrido
nos polos, onde sobreviveram apenas os pinguins que se encontram
dentro de uma geladeira. A ocorrncia deste degelo tem sido atribuda
ao aquecimento global, fenmeno agravado por atividades humanas que
culminam na liberao excessiva de gs carbnico e outros gases na
atmosfera. Secas, inundaes, furaces, deserticao e elevao dos nveis
dos oceanos so algumas das possveis consequncias associadas ao
aquecimento global.
C) Alternativa incorreta.
Justicativa: de fato, a poluio promovida pelas indstrias e
veculos um fenmeno que tem contribudo em muito para a liberao de
material particulado na atmosfera. No entanto, essas partculas em
suspenso no ar no tm relao alguma com o aquecimento global, uma vez
que a reteno do calor na superfcie do planeta realizada por gases,
os chamados gases de efeito estufa, dentre os quais se destaca o gs
carbnico.
D) Alternativa incorreta.
Justicativa: esto explcitos na gravura a ocorrncia do degelo e o
alvio do pinguim por ter adquirido uma geladeira, que ir garantir
sua sobrevivncia durante o degelo. Portanto, o que se est
representando na gura no a migrao dessas aves, e sim a sobrevivncia
(ou no) a um ambiente que se tornou hostil graas s mudanas
climticas.
E) Alternativa incorreta.
Justicativa: a camada de oznio um ltro terrestre contra o
excesso de radiao ultravioleta emitida pelo Sol. No se pode
atribuir destruio dessa camada o aquecimento global que tem
assolado nosso planeta, uma vez que esse aquecimento resultante do
aprisionamento, por parte de gases de efeito estufa, do calor
irradiado pela superfcie terrestre aquecida pelo Sol.
Questo 2. (ENADE 2010) No nal do sculo XX e incio do sculo XXI,
comeam a ocorrer srias alteraes na atmosfera. A emisso do CO2,
resultante da queima de combustveis em diversos tipos de motores,
contribui de forma especial para o aquecimento global. Surgem, ou
intensicam-se, no transcorrer desse perodo, correntes de pensamento
voltadas preservao do meio ambiente e preocupadas em encontrar
formas pelas quais as pessoas possam satisfazer suas necessidades
sem comprometerem a qualidade de vida de futuras geraes. Nesse
contexto, surge o chamado marketing ambiental, que divulga e
promove aes como a substituio de combustveis fsseis por
biocombustveis.
Em relao a esse assunto e quanto utilizao da gasolina e do
etanol, avalie as armativas a seguir.
I. O consumo do etanol incentivado por aes de marketing
ambiental, pois o CO2 emitido pela queima desse biocombustvel mais
leve e, logo, menos poluente.
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DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL
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II. A utilizao do etanol deve ser incentivada pelo fato de esse
biocombustvel, ao contrrio da gasolina, no agregar carbono
proveniente de material fssil ao ciclo de carbono que se desenvolve
na superfcie do planeta.
III. O etanol e a gasolina geram praticamente a mesma emisso
quantitativa de CO2, resultando, portanto, em prejuzo ambiental
semelhante, pois no h diferena qumica entre o CO2 emitido pela
queima da gasolina e aquele emitido pela queima do etanol.
IV. O uso do etanol em substituio gasolina medida incentivada
pelo marketing ambiental devido principalmente s vantagens que pode
trazer aos usineiros e populao que vive dos ganhos com a cultura de
cana-de-acar, j que os benefcios ao meio ambiente so mnimos.
correto apenas o que se arma em
A) I.
B) II.
C) III.
D) I e IV.
E) II, III e IV.
Resoluo deste exerccio na Plataforma.
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Unidade II
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