UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL ESPECIALIZAÇÃO EM GERENCIAMENTO DE OBRAS NÍCHOLLAS VEADRIGO SANTI DESENVOLVIMENTO DE ORÇAMENTO DE CUSTOS VIA BIM 5D INTEGRADO COM A ELABORAÇÃO DE PROJETOS E CRONOGRAMA EM BIM 3D E 4D – UM ESTUDO DE CASO MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO CURITIBA 2015
83
Embed
DESENVOLVIMENTO DE ORÇAMENTO DE CUSTOS VIA BIM 5D ...
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL
ESPECIALIZAÇÃO EM GERENCIAMENTO DE OBRAS
NÍCHOLLAS VEADRIGO SANTI
DESENVOLVIMENTO DE ORÇAMENTO DE CUSTOS VIA BIM 5D
INTEGRADO COM A ELABORAÇÃO DE PROJETOS E
CRONOGRAMA EM BIM 3D E 4D – UM ESTUDO DE CASO
MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO
CURITIBA
2015
NÍCHOLLAS VEADRIGO SANTI
DESENVOLVIMENTO DE ORÇAMENTO DE CUSTOS VIA BIM 5D
INTEGRADO COM A ELABORAÇÃO DE PROJETOS E
CRONOGRAMA EM BIM 3D E 4D – UM ESTUDO DE CASO
Monografia apresentada para obtenção do título de Especialista no Curso de Pós-Graduação em Gerenciamento de Obras, Departamento Acadêmico de Construção Civil, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, UTFPR. Orientador: Silvio Aurélio de Castro Wille, PhD
CURITIBA
2015
FOLHA DE APROVAÇÃO
RESUMO
SANTI, Níchollas. Desenvolvimento de orçamento de custos via BIM 5D integrado com a elaboração de projetos e cronograma em BIM 3D e 4D – Um estudo de caso. Monografia de Especialização, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2015.
Este trabalho tem como objetivo principal desenvolver um orçamento de custos de uma casa popular num ambiente BIM 5D, executado de forma simultânea e integrada com a elaboração de projetos (BIM 3D) e cronograma (BIM 4D). O orçamento foi feito em um módulo específico de um software ERP chamado SIENGE, baseado em um cronograma e um modelo 3D desenvolvidos por outros autores, referenciados ao longo do trabalho. O Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI) foi utilizado como base de dados para o orçamento, tanto nos insumos, serviços e composições, como nos preços adotados. A extração de quantitativos do projeto foi realizada pelo autor diretamente do modelo 3D através do programa Revit, da Autodesk. Os quantitativos foram inseridos na planilha de orçamento do SIENGE. Com o orçamento concluído, no próprio ERP foram gerados relatórios de orçamento sintético, além de relatórios da curva ABC de insumos e de Serviços. O orçamento gerado serviu de apoio para realização de uma simulação 5D, onde é feito um vídeo da evolução de um projeto em 3D ao longo do tempo, mostrando seu custo correspondente a cada instante. Palavras-chave: Modelagem da Informação da Construção. BIM 5D. Estimativa de Custos. Simulação 5D.
ABSTRACT
SANTI, Níchollas. Development via integrated BIM 5D cost budget with project design and schedule in BIM 3D and 4D - A case study. Monografia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2015.
This paper has as its main goal, to develop a cost estimating of a popular home in BIM 5D environment, run simultaneously and seamlessly with project design (3D BIM) and schedule (BIM 4D). The cost estimating was made on a specific module of an ERP named SIENGE, based on a schedule and on a 3D model, developed by other authors, mentioned throughout this paper. The Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI), was used as a database for this budget, both for inputs, services and compositions, as in the adopted prices. The project`s quantity takeoff was made by the author directly from the 3D model, through the Revit program, from Autodesk. The quantities were inserted on the budgeting schedule on SIENGE. With the budget concluded, in the own ERP, it was generated the synthetic budgeting reports, as well as reports from the ABC curve of inputs and services. The generated budget served as support to performing a 5D simulation, where a project`s evolution time lapse 3D video was made, showing its correspondent cost at every moment.
Keywords: Building Information Modeling. BIM 5D. Cost Estimating. 5D simulation.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Verificação de interferências - Revit .......................................................... 18
Figura 2 - Compartilhamento de trabalho - Revit ....................................................... 19
Figura 3 - Organograma da Empresa Hipervisão Engenharia Civil ........................... 31
Figura 4 - Casa 54m² da SMART Sistemas Construtivos Inteligentes ® ................... 32
Figura 5 - PLS (Planilha de Levantamento de Serviços) ........................................... 33
Figura 6 - Relatório de Preços de Insumos ............................................................... 35
Figura 7 - Relatório de Custo de Composições Sintético .......................................... 35
Figura 8 - Relatório de Custo de Composições Analítico .......................................... 36
Figura 9 - Conversão de arquivo .pdf para .xls no Adobe Acrobat XI Pro ................. 37
Figura 10 – Formatação da planilha de insumos para importação no SIENGE ........ 37
Figura 11 - Formatação da planilha de serviços para importação no SIENGE ......... 38
Figura 12 - Formatação da planilha de composições de serviços para importação no
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas BIM Building Information Modeling CEF Caixa Econômica Federal EAC Engenharia, Arquitetura e Construção EAP Estrutura analítica de projeto EPI Equipamentos de Proteção Individual ERP Enterprise Resource Planning IAI International Alliance for Interoperability IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDM Information Delivery Manual IFC Industry Foundation Class MCMV Minha Casa, Minha Vida MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior NBR Norma Brasileira PAC Programa de Aceleração do Crescimento PLS Planilha de Levantamento de Serviços SINAPI Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 12 1.1 OBJETIVOS ................................................................................................. 13 1.1.1 Objetivo Geral .............................................................................................. 13 1.1.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 13 1.2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................... 13 1.3 LIMITAÇÕES DO TRABALHO ..................................................................... 14 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ..................................................................... 14 1.5 METODOLOGIA CIENTÍFICA ...................................................................... 14 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 15 2.1 BIM – MODELAGEM DA INFORMAÇÃO DA CONSTRUÇÃO .................... 15 2.2 GERENCIAMENTO DO ESCOPO ............................................................... 16 2.2.1 Ferramentas BIM para modelagem .............................................................. 16 2.2.2 Colaboração ................................................................................................. 17 2.2.3 Interoperabilidade ......................................................................................... 19 2.2.4 Modelagem 3D ............................................................................................. 20 2.3 GERENCIAMENTO DO TEMPO.................................................................. 21 2.3.1 Estrutura analítica de projeto (EAP) ............................................................. 21 2.3.2 Rede de precedências ................................................................................. 21 2.3.3 Cronograma de Gantt ................................................................................... 22 2.3.4 Modelagem 4D ............................................................................................. 22 2.4 GERENCIAMENTO DE CUSTOS ................................................................ 23 2.4.1 Estimativa de custos .................................................................................... 23 2.4.2 Orçamento ................................................................................................... 25 2.4.3 Controle de Custos ....................................................................................... 25 2.4.4 Modelagem 5D ............................................................................................. 26 2.4.5 Orçamento em software ERP ....................................................................... 26 3. METODOLOGIA .......................................................................................... 28 3.1 O MÉTODO DE ESTUDO DE CASO ........................................................... 28 3.2 PASSOS DA PESQUISA ............................................................................. 28 3.2.1 Formulação do problema ............................................................................. 28 3.2.2 Definição de unidade-caso ........................................................................... 29 3.2.3 Determinação do número de casos .............................................................. 29 3.2.4 Elaboração do protocolo (coleta de dados) .................................................. 29 3.2.5 Coleta de dados ........................................................................................... 29 3.2.6 Avaliação e análise dos dados ..................................................................... 30 3.2.7 Preparação do relatório ................................................................................ 30 4. ESTUDO DE CASO ..................................................................................... 30 4.1 REUNIÕES INICIAIS .................................................................................... 31 4.1.1. Primeira reunião: Apresentação do projeto .................................................. 32 4.1.2 Segunda reunião: Definição dos níveis de detalhamento do orçamento ...... 32 4.1.3 Terceira reunião: Definição das bases de dados para orçamento ............... 33 4.1.4 Quarta reunião: Definição do software de orçamento .................................. 34 4.1.5 Quinta reunião: Recebimento de arquivos de escopo e planejamento para orçamento ................................................................................................................. 34 4.2 ADOÇÃO DE UMA BASE DE DADOS PARA ORÇAMENTO ...................... 34 4.2.1 Download da base de dados ........................................................................ 34 4.2.2 Conversão de formatos da base de dados ................................................... 36 4.2.3 Formatação da base de dados para importação pelo SIENGE .................... 37
4.3 REALIZAÇÃO DE ORÇAMENTO EM SOFTWARE ERP ............................ 39 4.3.1 Criação de usuário, login e senha ................................................................ 39 4.3.2 Importação da base de dados para o SIENGE ............................................ 40 4.3.3 Atualização dos preços dos insumos no SIENGE ........................................ 41 4.3.4 Cadastramento de nova obra e orçamento no SIENGE ............................... 42 4.3.5 Estruturação do orçamento baseado no cronograma no ambiente SIENGE43 4.3.6 Inserção de composições de serviços no SIENGE ...................................... 43 4.3.7 Cadastramento de insumos e composições de serviços incrementais no SIENGE ..................................................................................................................... 44 4.4 QUANTIFICAR OS SERVIÇOS DO ORÇAMENTO NO REVIT ................... 47 4.4.1 Extração de quantitativos do modelo BIM .................................................... 47 4.4.2 Documentação dos quantitativos no Revit ................................................... 49 4.4.3 Lançamento dos quantitativos do orçamento no SIENGE ........................... 50 4.5 EMISSÃO DE RELATÓRIOS DE ORÇAMENTO NO SIENGE .................... 51 4.5.1 Emissão de relatório de Orçamento Sintético no SIENGE ........................... 51 4.5.2 Emissão de relatório da Curva ABC de Insumos no SIENGE ...................... 51 4.5.3 Emissão de relatório da Curva ABC de Serviços no SIENGE ...................... 52 4.6 ALTERAÇÕES DO ORÇAMENTO DEVIDO A MUDANÇAS ....................... 52 5. ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................... 53 5.1 EXTRAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO DE QUANTITATIVOS ........................... 53 5.2 RELATÓRIOS DE ORÇAMENTO ................................................................ 58 5.2.1 Relatório de Orçamento Sintético ................................................................. 59 5.2.2 Relatório da Curva ABC de Insumos ............................................................ 59 5.2.3 Relatório da Curva ABC de Serviços ........................................................... 60 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...................................................... 61 6.1 CONCLUSÕES DO ESTUDO DE CASO ..................................................... 61 6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................... 62 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 63 APÊNDICES ............................................................................................................. 68 APÊNDICE A – RELATÓRIO DE ORÇAMENTO SINTÉTICO .................................. 68 APÊNDICE B – RELATÓRIO DA CURVA ABC DE INSUMOS ................................. 73 APÊNDICE C – RELATÓRIO DA CURVA ABC DE SERVIÇOS ............................... 78
12
1. INTRODUÇÃO
Em meados de 2011 a indústria da construção civil no Brasil experimentou um
de seus melhores momentos da história do país com crescimento recorde, os
créditos desse acontecimento ficaram por conta de investimentos públicos e
privados e de programas do governo federal como o PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento) e o MCMV (Minha Casa, Minha Vida) (PIGHINI, 2011).
Porém esse grande crescimento não foi acompanhado igualmente pela
evolução tecnológica no processo de construção como ocorreu em outros setores
industriais (MDIC, 2010). De acordo com Eastman et al. (2014), a forma de
documentação e comunicação baseada em papel ainda é amplamente
predominante nesse ramo, gerando demasiados erros e omissões que resultam em
atrasos, custos imprevistos, conflitos entre informações e eventuais processos
judiciais para os envolvidos na obra.
Matipa (2008) afirma que o processo de geração de documentos e dados,
quantificação e de outros processos técnicos deverão ter cada vez menos a
intervenção humana. De acordo com Florio (2007), a aplicação de uma ideologia
denominada BIM pode auxiliar de maneira muito significativa na automatização
desse processo.
BIM é um conceito de trabalho que sugere a modelação das informações do
projeto, através de um modelo digital integrado abrangendo todas as disciplinas
durante todo o ciclo de vida da edificação (AZEVEDO, 2009).
A ideia de BIM nos remete a algo muito recente, porém de acordo com
Laiserin (2007) a ideologia surgiu há muito tempo e foi relatada pela primeira vez por
Charles M. “Chuck” Eastman em 1975. Em seu artigo publicado no jornal AIA,
Eastman (1975) já idealizava um modelo interativo onde fosse necessário apenas
uma mudança no projeto base para que todos os desenhos derivados dele
acompanhassem a alteração automaticamente. Além disso, já imaginava um banco
de dados integrado que fornecesse facilmente quantitativos, visualizações e
estimativas de custos.
Segundo Laiserin (2007) a primeira vez em que o termo Building Information
Model apareceu documentado foi em um artigo de G.A. van Nederveen e F. Tolman,
em dezembro de 1992, com o título Automation in Construction. Com a difusão do
13
BIM no cenário brasileiro surgiu a necessidade de uma tradução para o português
do termo Building Information Modeling de forma que seu significado fosse mantido,
isso só ocorreu de forma consensual e determinante com a publicação da norma
NBR 12006-2 em 2010, onde foi traduzido como “Modelagem da Informação da
Construção” (ABNT, 2010).
Na Modelagem da Informação da Construção os quantitativos são extraídos
de um modelo tridimensional com objetos parametrizados, esse fator contribui muito
no processo de estimar os custos de uma obra, podendo gerar ganhos significativos
na velocidade e na precisão do orçamento (NASSAR, 2012).
A estimativa de custos é o tema principal do presente trabalho e recebeu a
nomenclatura “5D” em um conceito de Aouad et al. (2006) que trata da
multidimensionalidade no BIM. Tal conceito é melhor explanado no capítulo 2.1.4.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral
Desenvolver um orçamento de custos de uma casa popular num ambiente
BIM 5D, executado de forma simultânea e integrada com a elaboração de projetos
(BIM 3D) e cronograma (BIM 4D).
1.1.2 Objetivos Específicos
Os objetivos específicos são:
Explicitar a participação do orçamentista no desenvolvimento do projeto
arquitetônico e complementares, cronograma e orçamento, de uma obra
que utilize o ambiente BIM 3D, 4D e 5D;
Extrair quantitativos do modelo para alimentar a estimativa de custos;
Analisar a interoperabilidade entre o modelo e um software de orçamento;
Gerar um orçamento sintético para realização de uma simulação 5D.
1.2 JUSTIFICATIVA
Com o passar do tempo surgiram novas necessidades e tecnologias na
construção civil, com isso os projetos ficaram mais complexos, envolvendo diversas
14
disciplinas. Uma equipe multidisciplinar trabalhando de maneira colaborativa é o
modo mais eficiente para se ter êxito nas metas de prazo, custo e qualidade em um
projeto (FLORIO, 2007).
De acordo com Kymmel (2008) um dos maiores problemas na construção é a
visualização errônea dos projetos, impossibilitando o acerto no planejamento, na
estimativa de custos e na execução dos edifícios. O BIM proporciona uma maior
precisão no levantamento dos custos, uma considerável redução no tempo de
engenharia, além de dar suporte para a automação na fase de produção (SACKS et
al., 2005).
Matipa (2008) cita que na fase inicial do projeto um dos fatores mais
relevantes é o levantamento quantitativo, pois é a base para alimentar a gestão de
custos da obra. Com a utilização da Modelagem da Informação da Construção, a
extração de quantitativos é realizada automaticamente, com isso os responsáveis
pela estimativa de custos podem atingir uma maior precisão (CHO et al., 2011).
1.3 LIMITAÇÕES DO TRABALHO
O foco do trabalho foi gerar um orçamento abrangendo somente as atividades
previstas no cronograma e no modelo em que foi baseado. Alguns itens do projeto
não modelados também ficaram de fora do escopo do orçamento. Para as emissões
de relatórios de orçamento foi adotado um BDI de 25%.
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
O presente trabalho é composto por seis capítulos. No primeiro é feita uma
introdução ao tema, além dos objetivos, justificativa, limitações e metodologia da
pesquisa. O segundo capítulo apresenta a fundamentação teórica. O terceiro
capítulo explica a metodologia adotada e o quarto o estudo de caso de um
orçamento no ambiente BIM. Já o quinto capítulo mostra os resultados obtidos com
uma análise dos mesmos. O sexto e último capítulo expõe as conclusões sobre a
pesquisa e algumas recomendações para trabalhos futuros.
1.5 METODOLOGIA CIENTÍFICA
O método escolhido para esse trabalho foi o “Estudo de Caso”.
15
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 BIM – MODELAGEM DA INFORMAÇÃO DA CONSTRUÇÃO
BIM não é um software específico, nem pode ser caracterizado simplesmente
por um desenho em 3D ou por um modelo em que seus componentes não
apresentam a inteligência paramétrica (EASTMAN et al., 2014). De acordo com
Menezes (2011) Building Information Modeling (BIM) é uma filosofia de trabalho, a
qual integra engenheiros, arquitetos e construtores na concepção de um modelo
virtual fiel ao escopo e que seja capaz de gerar dados contendo informações que
atendam todo o ciclo de vida da edificação.
Para Meireles (2013) a Modelagem da Informação da Construção é um
processo integrado que proporciona um fluxo de trabalho dinâmico entre os
projetistas e demais partes envolvidas, através de modelos digitais em três
dimensões e que simulam as características físicas e funcionais do edifício.
O BIM é baseado em um banco de dados digitais onde uma simples alteração
efetuada no modelo reflete em todas as vistas automaticamente, possibilitando uma
compatibilização otimizada do projeto (AZEVEDO, 2009). Além disso, pela
necessidade de se modelar grande parte dos componentes do projeto,
consequentemente obteve-se elementos mais detalhados, diminuindo os problemas
causados por falta de detalhamento de projeto, erros e omissões (VASCONCELOS,
2010).
A filosofia da Modelagem da Informação da Construção engloba, além de
dados referentes ao gerenciamento do escopo (parâmetros geométricos e
especificações), dados referentes aos gerenciamentos do tempo, custo e facilidades
e manutenção do edifício. Com isso Auoad et al. (2003) criou o conceito de
multidimensionalidade no BIM batizado de nD Modelling, classificando os estágios
de modelagem de acordo com as nomenclaturas a seguir:
Modelagem 3D: Gerenciamento do Escopo (modelo geométrico 3D
parametrizado);
Modelagem 4D: incorpora-se o Gerenciamento do Tempo;
Modelagem 5D: incorpora-se o Gerenciamento dos Custos;
16
Modelagem 6D: incorpora-se o Gerenciamento das Facilidades e
Manutenção.
Ainda de acordo com Auoad (et al. 2003), o nD Modelling é uma classificação
do BIM conforme os dados gerados automaticamente pelo modelo como plantas,
cortes, elevações, cronogramas e custos. O modelo virtual permite sincronizar as
alternativas de desenho com o planejamento, na simulação 4D, e com as
estimativas de custos, na simulação 5D (AZEVEDO, 2009).
2.2 GERENCIAMENTO DO ESCOPO
Segundo o Guia PMBOK (2008), projeto é um empreendimento colaborativo,
que envolve pesquisa e/ou desenho, que é planejado para atingir um ou mais
objetivos, tendo como principais características as listadas a seguir:
Temporário, possui início e fim bem definidos;
Planejado, executado e controlado;
Geram produtos, serviços ou resultados exclusivos;
Executado em etapas pré-estabelecidas, por pessoas e com recursos
delimitados.
No gerenciamento de projetos é essencial que todos os envolvidos possuam
acesso ao escopo, status do projeto, responsáveis, etapas, prazos, custos,
qualidade, recursos disponíveis, metas e riscos (QUINTÃO, 2003). Escopo, no
âmbito do gerenciamento de projetos, é a totalização de todos os produtos do
projeto juntamente com seus respectivos requisitos ou características (PMBOK,
2008).
2.2.1 Ferramentas BIM para modelagem
Segundo Eastman et al. (2014), atualmente estão disponíveis no mercado
diversos softwares para modelagem voltada para o BIM, a se destacar:
17
ArchiCAD: o software da Graphisoft, com sua primeira versão introduzida
em 1980, é a ferramenta BIM mais antiga entre as que estão disponíveis
atualmente. O Graphisoft MEP é o software que completa a suíte de
produtos para modelagem do ArchiCAD.
Bentley Architecture: software da Bentley Systems introduzido em 2004.
Hoje estão integrados a ele o Bentley Structural, o Bentley Building
Mechanical Systems, o Bentley Building Electrical Systems, o Bentley
Facilities, o Bentley PowerCivil e o Bentley Generative Components;
Revit Architecture: software introduzido pela Autodesk em 2002 que
atualmente está integrado com o Revit Structure e o Revit MEP, formando
uma família de produtos para modelagem BIM;
Digital Project: software que foi adaptado de uma plataforma de
modelagem amplamente utilizada nas indústrias automobilística e
aeroespacial para a arquitetura e construção, foi desenvolvido pela Gehry
Technologies;
Tekla Structures: software que foi reestruturado em 2004 pela Tekla
Corporation através da ampliação das funções de um outro produto da
empresa chamado Xsteel, que foi amplamente utilizado na aplicação de
detalhamento de aço na década de 1990. A sua última versão engloba
suporte para aço, concreto pré-moldado, madeira, concreto armado e
engenharia estrutural.
De modo geral, essas ferramentas incorporam diferentes tipos de
capacidades, são elas: interface do usuário, geração de desenhos, facilidade de
desenvolver objetos paramétricos personalizados, escalabilidade (habilidade de lidar
com projetos de grande escala e alto nível de detalhamentos), interoperabilidade
(importação e exportação para demais softwares), extensibilidade, modelagem de
superfícies curvas complexas e ambiente multiusuário (EASTMAN et al., 2014).
18
2.2.2 Colaboração
O sucesso de um projeto dependente em grande parte da qualidade da
comunicação entre os colaboradores (DENG et al., 2001). Além disso, de acordo
com Santos (2009), para se obter êxito em um projeto é necessário gerar
informações consistentes, com qualidade e da maneira mais rápida possível.
A ideologia da Modelagem da Informação da Construção atende esses
requisitos, pois utilizada uma plataforma de softwares concebidos para diversas
áreas da Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC), de tal forma que é possível
reunir em um único arquivo as informações de todas as disciplinas envolvidas e
modeladas de determinado projeto (OLIVEIRA, 2011).
O trabalho colaborativo através da utilização do BIM pode aprimorar a
visualização dos projetos, melhorar a eficiência e qualidade da construção, agilizar e
dar maior confiabilidade a documentação gerada, facilitar a gestão de projetos e
facilitar a quantificação e estimativa de custos (FLORIO, 2007).
O software Revit possui funcionalidades que auxiliam na colaboração no
gerenciamento de projetos como as ilustradas nas Figuras 1 e 2. São elas
respectivamente: a verificação de interferências, onde é possível fazer uma análise
do modelo quanto a conflitos entre os elementos; e o compartilhamento de trabalho,
onde vários usuários salvam seu trabalho em um único arquivo central. Essas
possibilidades.
19
Figura 1 - Verificação de interferências - Revit FONTE: AUTODESK, 2015
Figura 2 - Compartilhamento de trabalho - Revit FONTE: AUTODESK, 2015
20
2.2.3 Interoperabilidade
Interoperabilidade é a capacidade que sistemas distintos têm de trocar
informações entre si sem perder parâmetros e sem comprometer a funcionalidade
do outro sistema, é uma das características principais na Modelagem da Informação
da Construção (AZEVEDO, 2009).
Segundo Eastman et al. (2014), no ramo da construção civil a
interoperabilidade é representada pela necessidade constante de trocas de dados
entre os colaboradores das diferentes disciplinas de um projeto. No BIM o modelo
pode ser feito separadamente em softwares diferentes, porém todas as partes do
modelo devem ser capazes de se unir às outras sem perder ou distorcer
informações (MATTEI, 2008). Sua aplicação reduz a quantidade de dados criados
previamente, auxilia no fluxo de informações e proporciona uma automação dos
processos (EASTMAN et al., 2014).
Mattei (2008) cita que a interoperabilidade é muito importante para aumentar
a eficiência dos projetos e da produção, tornando a empresa que à adota mais
competitiva. De acordo com Oliveira (2005), podem ocorrer problemas de retrabalho
quando existem informações conflitantes ou não recebidas no intercâmbio de
formatos de arquivos, o que não deverá acontecer quando os softwares utilizados
forem interoperáveis entre si.
De acordo com Eastman et al. (2014) existem diversas extensões utilizadas
atualmente na indústria AEC como pode ser observado na Tabela 1:
Tabela 1 - Formatos de intercâmbio mais utilizados na indústria EAC
O Revit pode exportar as tabelas de quantidades nele geradas em arquivos
.txt (Figura 30), de tal maneira que podem ser facilmente abertos e formatados no
Excel ou qualquer outro editor de planilhas. O caminho no menu do programa para
fazer a exportação é mostrado na Figura 31 e listado a seguir: Iniciar Revit >
Exportar > Relatórios > Tabela.
Figura 30 - Tabela de Quantitativos do Revit em .txt FONTE: O Autor, 2015
51
Figura 31 - Exportação de Tabelas de Quantitativos no Revit FONTE: O Autor, 2015
4.4.3 Lançamento dos quantitativos do orçamento no SIENGE
A única forma de entrada para se abastecer os quantitativos dos serviços no
orçamento no programa SIENGE é manualmente. Desta forma foram realizadas as
digitações no SIENGE, baseadas nas documentações de quantidades geradas
através do Revit. A Figura 32 ilustra o processo de inserção de quantidades na
planilha de orçamento aberta no navegador de internet.
Figura 32 - Inserção de Quantitativos do Orçamento no SIENGE FONTE: O Autor, 2015
É importante citar que a atividade de inserir o quantitativo físico de serviços
no sistema do SIENGE, não sendo automática, faz com que seja perdido a
52
interoperabilidade dos softwares nesse momento. Desta forma, para que isso ocorra
tem-se duas opções: 1) sistema SIENGE passa a oferecer essa funcionalidade ao
usuário ou, 2) será necessário adotar um outro sistema que apresente essa
funcionalidade, mantendo-se as demais funcionalidades apresentadas
anteriormente.
4.5 EMISSÃO DE RELATÓRIOS DE ORÇAMENTO NO SIENGE
Após a conclusão do orçamento foram gerados alguns relatórios do mesmo
no SIENGE, que possibilita uma variedade deles em seu módulo de orçamento. Os
relatórios gerados e os processos para suas emissões estão descritos nos tópicos
seguintes.
4.5.1 Emissão de relatório de Orçamento Sintético no SIENGE
O relatório de orçamento sintético foi gerado seguindo o seguinte caminho no
menu do SIENGE: Orçamento > Relatórios > Emissão de Orçamentos. A tela para
emissão de orçamentos bem como os preenchimentos dos campos realizado para
emissão do relatório sintético estão mostrados na Figura 33.
Figura 33 - Emissão de Relatório de Orçamento Sintético no SIENGE FONTE: O Autor, 2015
53
4.5.2 Emissão de relatório da Curva ABC de Insumos no SIENGE
O relatório da Curva ABC de Insumos foi emitido através do seguinte caminho
no menu do SIENGE: Orçamento > Relatórios > Curva ABC de Insumos. A Figura 34
ilustra a tela referida, além dos campos disponíveis com seus respectivos
preenchimentos utilizados no estudo.
Figura 34 - Emissão da Curva ABC de Insumos no SIENGE FONTE: O Autor, 2015
4.5.3 Emissão de relatório da Curva ABC de Serviços no SIENGE
Para emissão do relatório da Curva ABC de Serviços foi realizado o seguinte
caminho: Orçamento > Relatórios > Curva ABC de Serviços. A tela para sua
emissão é muito semelhante à da Curva ABC de Insumos, mostrada na Figura 34.
4.6 ALTERAÇÕES DO ORÇAMENTO DEVIDO A MUDANÇAS
A sistemática vista nos itens anteriores evidenciou as atividades necessárias
para criar um orçamento no ambiente BIM 5D, que podem ser também realizadas da
eventualidade de alguma mudança no produto, no método construtivo, nos índices
de consumo dos itens da composição de custo, das quantidades de serviços e dos
preços unitários. Qualquer alteração havida implicara em uma nova rodada das
tarefas identificadas anteriormente.
54
5. ANÁLISE DOS RESULTADOS
5.1 EXTRAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO DE QUANTITATIVOS
O principal diferencial da utilização do BIM na orçamentação é a extração de
quantitativos. Através de um modelo 3D com diversos parâmetros embutidos em
seus componentes, o Revit é capaz de gerar tabelas de quantidades rapidamente.
Uma prova da consistência das informações geradas nas tabelas de quantidades do
programa pode ser observada comparando a planta da Figura 35 Figura 35 - Planta
Casa SMART 54m²com a Tabela 2.
Além de gerar as tabelas de quantitativos, utilizando a Modelagem da
Informação da Construção, foi possível documentar essas tabelas via extração de
dados no Revit. Dessa forma o orçamentista possui um embasamento muito bom ao
montar o orçamento do projeto, além de economizar muito tempo e diminuir os
riscos de erro.
Figura 35 - Planta Casa SMART 54m² FONTE: Cecco, 2015
55
Tabela 2 - Quadro de Áreas - Ambientes
Nome Área Perímetro
QUARTO 2 10.59 m² 13.03 m
QUARTO 1 7.70 m² 11.22 m
WC 3.07 m² 7.16 m
SALA 9.48 m² 12.78 m
COZINHA 8.52 m² 11.97 m
CIRC. 1.49 m² 4.94 m
VARANDA 3.02 m² 7.05 m
VARANDA 4.33 m² 8.87 m
TOTAL 48.21 m² 77.01 m
FONTE: O Autor, 2015
Tabela 3 - Quadro de Áreas - Total
SMART Área Perímetro
Casa II C 54.45 m² 30.10 m
FONTE: O Autor, 2015
Além dos quadros de áreas mostrados na Tabela 2 e na Tabela 3, foram
extraídos e documentados quantitativos de: Elétrica; Hidráulica; Esquadrias;
Revestimentos e Topografia. Os quantitativos das instalações elétricas são
mostrados na Tabela 4, na Tabela 5, na Tabela 6 e na Tabela 7.
Tabela 4 - Elétrica - Conduítes
Bitola Qtde
25 mmø 59.34 m
32 mmø 45.33 m
FONTE: O Autor, 2015
Tabela 5 - Elétrica - Conexões de Conduíte
Descrição Bitola Qtde
Curva PVC Tigre 25 mm 57
Curva PVC Tigre 32 mm 31
FONTE: O Autor, 2015
56
Tabela 6 - Elétrica - Quadros
Descrição Qtde
Quadro Distribuição Embutir para Disjuntores, com Barramento 1
FONTE: O Autor, 2015
Tabela 7 - Elétrica - Tomadas e Interruptores
Descrição Qtde
Caixa 4x2 - RJ11 1
Caixa 4x2 - S01 H 7
Caixa 4x2 - T01 H 17
Caixa Octogonal 9
FONTE: O Autor, 2015
As tabelas de quantitativos dos itens das instalações elétricas apresentam apenas os itens inseridos no modelo. As quantidades de fios formam estimadas por meio de análise digital do modelo e seus valores foram inseridos diretamente no orçamento.
As tabelas 8 e 9 mostram os quantitativos de esquadrias extraídos do modelo, sendo a Tabela 8 de janelas e a Tabela 9 de portas. Ambas são visualizadas a seguir.
Tabela 8 - Esquadrias - Janelas
Cód. EAP Tipo Largura Altura Peitoril Qtde Área
1.2.5.3.1.1 Maxim-ar 60 60 150 1 0.36 m²
1.2.5.3.1.1 Correr 120 100 110 1 1.20 m²
1.2.5.3.1.1 Correr 150 100 110 4 6.00 m²
FONTE: O Autor, 2015
Tabela 9 - Esquadrias - Portas
Cód. EAP Largura Altura Qtde
1.2.5.5.1 80 210 2
1.2.5.5.3 70 210 2
1.2.5.5.5 60 210 1
FONTE: O Autor, 2015
Na Tabela 8 pode-se observar o quantitativo de janelas em quantidade unitária e também a metragem quadrada de cada tipologia de janela. Tal compilação foi efetuada no momento da extração de quantidades no Revit, obtendo-se a unidade requerida para este item no orçamento.
57
As tabelas 10, 11, 12 e 13 a seguir contêm os quantitativos dos itens das instalações hidráulicas.
Tabela 10 - Hidráulica - Acessórios de tubo
Cód. EAP Descrição Qtde
1.2.13.3.1 Registro de Chuveiro PVC Branco e Cromado 20mm - TIGRE 3
FONTE: O Autor, 2015
Tabela 11 - Hidráulica - Conexões de Tubos
Descrição Qtde
Adaptador soldável para Cx D'água - 20mm 2
Adaptador soldável para Cx D'água c/ registro - 20mm 1
Bucha de redução soldável curta - 25x20mm 4
Joelho 45º PVC Esgoto série normal - 50mm 1
Joelho 90º PVC Esgoto série normal - 100mm 2
Joelho 90º PVC soldável - 25mm 17
Joelho 90º PVC soldável - 32mm 1
Joelho 90º PVC Esgoto série normal - 40mm 9
Junção simples PVC Esgoto série normal - 100x50mm 1
Luva simples PVC Esgoto série normal - 50mm 1
Luva simples PVC Esgoto série normal - 100mm 3
Tê PVC soldável - 25mm 4
FONTE: O Autor, 2015
Tabela 12 - Hidráulica - Louças e Acessórios
Descrição Qtde
Caixa D'Água completa 500L 1
Caixa de inspeção de esgoto 1
Caixa de gordura 1
Caixa sifonada PVC 100x100x50mm 1
Cavalete 1/2" padrão Sanepar 1
Bacia sanitária padrão popular 1
Chuveiro elétrico tipo ducha 1
Lavatório louça 1
Assento sanitário para bacia 1
Caixa de Descarga 9L 1
Coluna para lavatório 1
Coluna para tanque 1
58
Tanque coluna 18L 1
Torneira para lavatório 1
Fossa séptica 1
Prolongamento para caixa sifonada 1
Tampa para Caixa D'Água 1
Torneira boia 1
Torneira de parede para tanque 1
FONTE: O Autor, 2015
Tabela 13 - Hidráulica - Tubos
Cód. EAP Descrição Qtde
1.2.13.4 Esgoto - 40mm 6.54 m
1.2.13.4 Esgoto - 50mm 0.58 m
1.2.13.4 Esgoto - 100mm 28.31 m
1.2.13.3.1 Água Fria - 25mm 31.27 m
1.2.13.3.1 Água Fria - 32mm 1.00 m
FONTE: O Autor, 2015
Os quantitativos das instalações hidráulicas, assim como os quantitativos das instalações elétricas, foram conseguidos graças à disponibilização de peças previamente modeladas pela fabricante Tigre® em seu site. Tal prática serve de exemplo para todos os fornecedores da construção civil, pois auxilia na geração de modelos BIM e na extração de quantitativos com especificações adequadas.
As tabelas 14, 15, 16 e 17 apresentam os quantitativos de revestimentos extraídos do modelo via Revit.
Tabela 14 - Revestimentos - Cobertura
Descrição Área
Telhado Shingle 73.24 m²
FONTE: O Autor, 2015
Tabela 15 - Revestimentos - Forros
Descrição Área
Forro de Gesso 50.11 m²
FONTE: O Autor, 2015
59
Tabela 16 - Revestimentos - Paredes
Descrição Área
Alvenaria (Muro) 51.12 m²
Steel Frame (Pintura / Azulejo) 14.38 m²
Steel Frame (Pintura / Pintura) 14.93 m²
Steel Frame (Textura / Azulejo) 3.70 m²
Steel Frame (Textura / Pintura Interna)
62.07 m²
Steel Frame (Textura) 29.76 m²
Tapume e Barracão 68.80 m²
FONTE: O Autor, 2015
Tabela 17 - Revestimentos - Pisos
Descrição Área Perímetro
Asfalto 30.02 m² 30.70 m
Calçada 27.99 m² 86.18 m
Passeio 26.10 m² 30.10 m
Piso Cerâmico 47.89 m² 72.72 m
Radier 54.45 m² 64.04 m
Soleira 0.84 m² -
FONTE: O Autor, 2015
A Tabela 18 mostra quantitativo referente a topografia do terreno no modelo. O único valor apresentado é o da área projetada do terreno. O modelo não contemplou variações topográficas de nível no terreno, caso tivesse sido modelado com volumes de escavação e aterro no Revit, essas informações também poderiam ser extraídas de forma precisa.
Tabela 18 - Topografia
Descrição Área projetada
Terreno 153.85 m²
FONTE: O Autor, 2015
5.2 RELATÓRIOS DE ORÇAMENTO
As informações de quantidades e especificações, oriundas do modelo BIM,
juntamente com a base de dados do SINAPI, foram unidas no software SIENGE
gerando um orçamento completo para o projeto da casa de 54m² da SMART
Sistemas Construtivos Inteligentes. A única maneira de entrada de dados de
quantidades na planilha de orçamento do SIENGE é via digitação, não sendo
60
possível importar essa informação separadamente, nem criar um link direto com o
modelo em Revit. Com o orçamento concluído foram extraídos 3 relatórios,
apresentados nos tópicos a seguir.
5.2.1 Relatório de Orçamento Sintético
Para a realização deste e dos demais relatórios de orçamento foi aplicado um
BDI de 25% sobre cada item. Desta forma os valores obtidos estão muito próximos
aos que uma construtora solicitaria para gerenciar uma obra similar.
A Figura 36 mostra um trecho do orçamento sintético gerado no SIENGE, o
relatório completo encontra-se no nos apêndices.
Figura 36 - Relatório de Orçamento Sintético gerado no SIENGE FONTE: O autor, 2015
5.2.2 Relatório da Curva ABC de Insumos
A Figura 37 mostra o topo do relatório da Curva ABC de Insumos da obra
estudada.
61
Figura 37 - Relatório da Curva ABC de Insumos gerado no SIENGE FONTE: O autor, 2015
Pôde-se observar na Figura 37 que o sistema construtivo do projeto em
estudo influenciou na curva ABC típica de uma obra executada em sistemas
convencionais, como alvenaria de blocos cerâmicos. Tal fator pode ser explicado
também pelo fato de não ter sido possível coletar a informação das quantidades de
cada perfil de Steel Frame junto à SMART, gerando um único insumo que abrange
diversos componentes.
O relatório completo da Curva ABC de Insumos pode ser encontrado nos
apêndices.
5.2.3 Relatório da Curva ABC de Serviços
A Figura 38 mostra o início do relatório da Curva ABC de Serviços e reforça o
argumento apresentado no tópico anterior. É possível observar que, mesmo o
insumo de maior custo da curva ABC de insumos ter ficado mascarado, ainda assim
os serviços correspondentes a estrutura em Steel Frame, aparecem no topo dos
custos novamente. Esse relatório completo encontra-se nos apêndices.
62
Figura 38 - Relatório da Curva ABC de Serviços gerado no SIENGE FONTE: O autor, 2015
63
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
6.1 CONCLUSÕES DO ESTUDO DE CASO
No contexto da participação do orçamentista no processo de desenvolvimento
do projeto arquitetônico e complementares, cronograma e orçamento, sobressai-se a
conclusão de que o orçamentista e os demais colaboradores de um projeto têm de
trabalhar de forma cooperativa desde o início do processo. Mais do que isso, um
deve auxiliar a atividade do outro buscando um melhor alinhamento do projeto como
um todo. Desta forma é possível colocar a metodologia BIM em prática, gerando
modelos, cronogramas e orçamentos de melhor qualidade e sempre interligados.
Quanto a extração de quantitativos, tal processo apresentou-se como sendo
um excelente ganho do BIM no processo de orçamentação. Apesar do projeto do
estudo ser muito simples, se fosse um projeto de dimensões muito maiores, o
trabalho para quantificar todo o projeto seria praticamente o mesmo. Além disso foi
possível documentar essa extração de quantitativos, auxiliando na confiabilidade do
orçamento gerado.
No contexto da interoperabilidade entre o modelo e um software de
orçamento, destaca-se que a única etapa que destoou da metodologia BIM no
processo de criação do orçamento foi a inserção manual dos quantitativos no
mesmo. Devido a uma limitação do programa utilizado, não foi possível interligar as
planilhas de quantidades do Revit diretamente com o orçamento. Uma vez que no
SIENGE, depois da estruturas e composições montadas, a única forma de inserir as
quantidades é manualmente.
Mesmo com a limitação do SIENGE no âmbito da inserção de quantidades, o
software foi muito útil: na importação de dados da base do SINAPI; na estruturação
e organização das composições por atividade; e na emissão dos relatórios de
orçamento.
O relatório de orçamento sintético gerado atendeu completamente a
expectativa de auxiliar na elaboração de uma simulação 5D do projeto em estudo.
Com o atingimento de todos os objetivos específicos, garantiu-se o
atendimento do objetivo principal desta monografia: “Desenvolver um orçamento de
custos de uma casa popular num ambiente BIM 5D, executado de forma simultânea
e integrada com a elaboração de projetos (BIM 3D) e cronograma (BIM 4D)”.
64
6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Diante das conclusões recomenda-se:
Estudar a interoperabilidade de outro programa de orçamento com o Revit,
ou com outro software de modelagem qualquer, para garantir que o
software de orçamentação consegue importar os dados das quantidades
físicas dos serviços de forma direta e digital, não obrigando o orçamentista
à digitá-las manualmente;
Analisar se o módulo de exportação e importação de orçamentos do
SIENGE permite a interligação automática dele com o modelo BIM,
exportando o orçamento sem as quantidades físicas dos serviços,
utilizando outra ferramenta, tal como o Excel, para inserir os quantitativos
automaticamente e importá-los novamente para o SINGE;
Estudar a utilização do parâmetro “custo” presente no Revit, como uma
forma de trazer para o ambiente BIM os valores unitários dos serviços
associados aos elementos modelados no BIM 3D.
Estudar o uso de softwares similares com o intuito de identificar a solução
que ofereça maior facilidade de uso e interoperabilidade, como por
exemplo utilizar o VICO software (VICO, 2015).
65
REFERÊNCIAS
ALDER, M. A. Comparing time and accuracy of building information modeling too n-screen takeoff for a quantity takeoff of a conceptual estimate. Dissertação (Master of Science), School of Tecnology Brigham Young University, 2006.
AOUAD, G.; LEE, A.; WU, S. Construction the Future: nD Modeling. Taylor and Francis, London 2006.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12006-2: Construção de edificação - Organização de informação da construção Parte 2: Estrutura para classificação de informação. Rio de Janeiro, 2010.
AUTODESK. Revit - Software para o projeto de edificações e construções, recursos. Disponível em: < http://www.autodesk.com.br/products/revit-family/features/software-for-bim/all/gallery-view>. Acesso em: 17 mar. 2015.
AZEVEDO, O. J. M. Metodologia BIM – Builing Information Modeling na direção técnica de obras. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil, Reabilitação, Sustentabilidade e Materiais de Construção). Escola de Engenharia, Universidade do Minho, 2009.
BERNARDES, M. M. S. Método de análise do processo de planejamento da produção de empresas construtoras através de seu fluxo de informações: proposta baseada em estudo de caso. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1996.
BIOTTO, C. N. Método de gestão da produção na construção civil com o uso da modelagem BIM 4D. Dissertação (Mestrado em Engenharia da Civil) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2012.
BRASIL. MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Plano plurianual 2008-2011. Relatório de avaliação. Brasília: MDIC, 2010.
buildingSMART. History. Disponível em: <http://www.buildingsmart.org/about/about-buildingsmart/history-2/>. Acesso em: 24 mar. 2015.
CABRAL, M. M. Utilização de Sistemas ERP e BIM em Construtoras de Pequeno e Médio Porte: Estudo de Caso de Implementação de ERP e os Desafios para a Adoção do BIM. Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos, 2012.
CECCO, E. B. Gerenciamento de escopo de projeto utilizando a plataforma BIM (Building Information Modeling). Monografia de Especialização (Especialização em Gerenciamento de Obras), Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2015.
CHO, J.; SON, B.; CHUN, J. Application of OLAP information Model to Parametric Cost Estimate and BIM. Journal of Asian Architecture and Building, 2011.
COELHO, R. S. Orçamento de obras prediais. Editora UEMA, São Luiz, 2001.
COELHO, S. S.; NOVAES, C. C. Modelagem de informação para construção (BIM) e ambientes colaborativos para gestão de projetos na construção civil. Workshop brasileiro – Gestão do processo de projetos na construção de edifícios, São Paulo, 2008.
DENG, Z. M.; Li, H.; TAM, C. M., SHEN, Q. P, LOVE, P. E. D. An application of the internet – based project management system. Automation in Construction 10, 2001.
EASTMAN, C. “The Use of Computers Instead of Drawings”. AIA Journal, March, Volume 63, number 3, pp 46-50. 1975.
EASTMAN, C.; TEICHOLZ, P.; SACKS, R.; LISTON K. Manual de BIM Um guia de modelagem da informação da construção. Bookamn, Porto Alegre, 2014.
FLORIO, W. Tecnologia da informação na construção civil: contribuições do Building Information Modeling no processo de projeto em arquitetura. Anais do III Encontro de Tecnologia da Informação na Construção Civil, 11 e 12 Julho, Porto Alegre, 2007.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3.ed. São Paulo: Editora ATLAS. p. 159. 1996.
GOUVÊA, L. B. de; PAULA, F. A. de; LORENZI, P. C. Aplicação de CAD 4D/5D a partir do modelo integrado de informação para habitação unifamiliar. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Engenharia Civil), Universidade Federal do Paraná, 2013.
KERZNER, H Project Management: A system approach to planning, scheduling, and controlling. 8th ed., Ed. John Wiley & Sons, Inc, 2002.
KHEMLANI, L. Use of BIM by facility owners: an “Expotitions”. Disponível em <www.aecbytes.com/buildingthefuture/2006/Expotitions_meeting.html>, 2006.
KNOLSEISEN, P. C. Compatibilização de Orçamento com o Planejamento do Processo de Trabalho para Obras de Edificações. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Universidade Federal de Santa Catarina, 2003.
KYMMEL, W. BUILDING INFORMATION MODELING: Planning and Managing Construction Projects with 4D CAD and Simulation. McGraw-Hill, 2008.
LAISERIN, J. Manual de BIM Apresentação. New York, 2007.
LOSSO, I. R. Utilização das Características Geométricas da Edificação na Elaboração de Estimativas Preliminares de Custos: Estudo de Caso em uma
67
Empresa de Construção. Dissertação (mestrado em Engenharia Civil), Universidade Federal de Santa Catarina, 1995.
MARCHIORI, F. Desenvolvimento de um método para elaboração de redes de composição de custos para orçamentação de obras de edificações. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Construção Civil, 2009.
MATIPA, W. M. Total cost management at design stage using a building product model. (Doutorado em Philosophy Engineering). Faculty of Engineering, Department of Civil ND Enviromental Engineering of National University of Ireland, Cork 2008.
MATTEI, P. L. R.; BIM e a informação no subsetor de edificações da indústria da construção civil. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2008.
MATTOS, A. D.; Planejamento e Controle de Obras, São Paulo, PINI, 2010.
MEIRELES, A. R. Diga “Não” ao Hollywood BIM – Estratégia para uma integração avançada do BIM no processo construtivo. 4º. Seminário Internacional BIM – Modelagem da Informação da Construção, São Paulo, 2013.
MENEZES, G. L. B. B. de Breve histórico de implantação da plataforma BIM. Caderno de Arquitetura e Urbanismo, V. 18, n° 22, 21° sem., 2011.
MORAES, R.M.M; SERRA, S.M.B. Análise e estruturação do processo de planejamento da produção na construção civil. Revista INGEPRO. 2009.
MÜLLER, F. Z. Roteiro de aplicação da modelagem BIM 5D. Monografia de Especialização (Especialização em Gerenciamento de Obras), Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2015.
NASSAR, K. Assessing Building Information Modeling Estimating Techiniques Using Data from the Classroom. Journal of Professional Issues in Engineering Education & Practice, n°. 138, p. 171-180, 2012.
OLIVEIRA, G. G. Coordenação de projeto de obra de edificação: proposta de ferramenta computacional para programação e controle do fluxo de informações com uso de sistema colaborativo. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2005.
PIGHINI, Evaldo. O “boom” da construção civil. Revista Mercado, edição 43, matéria de capa, julho 2011. Disponível em:<http://www.revistamercado.com.br/destaques/o-%E2%80%9Cboom%E2%80%9D-da-construcao-civil/>. Acesso em: 08 mar. 2015.
PISSARA, N. M. M. Utilização de Plataformas Colaborativas para o Desenvolvimento de Empreendimentos de Engenharia Civil. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil), Universidade Técnica de Lisboa, 2010.
PMI, Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos (Guia PMBOK). Quarta edição, 2008.
QUINTÃO, F. B. M. A gestão de pessoas e a gestão do conhecimento adquirindo papel fundamental no processo de gestão de projetos. Workshop nacional de gestão do processo de projetos na construção de edifícios, UFMG, Belo Horizonte, 2003.
RUIZ, J. M. BIM Software evaluation model for general contractors. (Master of Science), University of Florida, 2009.
SABOL, L. Challenges in cost estimating with Building Information Modeling. Design + Construction Strategies, World Workplace, 2008.
SACKS, R.; EASTMAN C. M.; LEE, G.; ORNDORFF, D. A target benchmark of the Impact of Three-dimensional Parametric Modeling in Precast Construction. PCI Journal, p. 126-139, July-August 2005.
SANTOS, A. B. dos; MACHADO, G. A. M.; CARVALHO, L. B. Criação de uma ferramenta para elaboração de um orçamento preliminar com base em dados provenientes de um modelo BIM 3D. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil), Universidade Federal do Paraná, 2013.
SANTOS, A. P. L.; WITICOVSKI, L. C.; GARCIA, L. E. M.; SCHEER, S. A utilização do BIM em projetos de construção civil. Iberoamerican Journal of Industrial Engineering, Vol. 1, n° 2, p., dez. 2009.
SANTOS, J. P. Planeamento da Construção Apoiada em Modelos 4D Virtuais. Dissertação de Mestrado – Instituto Superior Técnico – Universidade Técnica de Lisboa, 2010.
SCHWEGLER, B. R.; FISCHER, M. A.; O´CONNELL, M.; HANNINEN, R. LAITINEN J. Near- Medium- and Lon-Term Benefits of Information Technology in Construction. Center for Integrated Facility Engineering, 2001.
SINAPI. Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil. Relatórios de Insumo e Composição após Julho/2014. Disponível em: <http://www.caixa.gov.br/poder-publico/apoio-poder-publico/sinapi/Paginas /default.aspx>. Acesso em: 28 mai. 2015.
STAUB-FRENCH, S., KHANZODE, A. 3D and 4D modeling for design and construction coordination: issues and lessons learned. ITcon Vol. 12, 2007.
TCPO. Tabela de Composições de Preços para Orçamentos. São Paulo: PINI, 2013.
TOENJES, L. P. Building trades estimating. American Technical Publishers, 2000.
VALENTE, N. T. Z. Implementação de ERP em pequenas e médias empresas: estudo de caso de empresa do setor da construção civil. São Paulo: USP, 2004.
VASCONCELOS, T. M. N. R. F Building Information Model – Avaliação do seu potencial como solução para os principais atrasos e desperdícios na construção portuguesa. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova Lisboa, 2010.
YIN, R. K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. 3 ed. Porto Alegre: Bookman. p. 212. 2005.
WITICOVSKI, L. C. Levantamento de quantitativos em projeto: uma análise comparativa do fluxo de informações entre as representações em 2D e o modelo de informações da construção (BIM). Dissertação (Mestrado em Construção Civil) – UFPR/PPGECC, 2011.