Dermeval Saviani
Dermeval Saviani
Critério de criticidade: percepção dos condicionantes objetivos da educação:Teorias não-críticas: “encaram a educação
como autônoma e buscam compreendê-la a partir dela mesma.
Teorias crítico-reprodutivistas: são críticas porque “se empenham em compreender a educação remetendo-a sempre a seus condicionantes objetivos, isto é, à estrutura socioeconômica que determina a forma de manifestação do fenômeno educativo”; são reprodutivistas porque “entendem que a função básica da educação é a reprodução da sociedade”.
Teorias não-críticas
Pedagogia tradicional
Pedagogia nova
Pedagogia tecnicista
Teorias crítico-
reprodutivistas
Teoria do Sistema de Ensino enquanto violência simbólica
Teoria da escola como Aparelho Ideológico de Estado
Teoria da escola dualista
Teorias não-críticas
Pedagogia tradicionalCausa da marginalidade: ignorânciaPapel da educação: difundir conhecimento
(Ensino centrado no professor)Preocupação central: aprenderOrganização da escola:
Alunos distribuídos por classesProfessor bem preparadoAulas expositivas Ênfase nos conteúdos cognitivosEducação diretivaAlunos atentos e disciplinados
Pedagogia novaCausa da marginalidade: ignorânciaPapel da educação: difundir conhecimento (Ensino
centrado no professor)Preocupação central: aprender a aprenderOrganização da escola:
Alunos agrupados por áreas de interesseProfessor como orientador da aprendizagemTrabalhos em gruposAprendizagem como decorrente do ambienteEducação não-diretivaAmbiente alegre e multicolorido
Pedagogia TecnicistaCausa da marginalidade: incompetência, ineficiência,
improdutividadePapel da educação: formar indivíduos competentes
para aumentar a produtividade da sociedade (Ensino centrado no meios educativos)
Preocupação central: aprender a fazerOrganização da escola:
Burocratização e fragmentação do processo pedagógico
Ênfase nos meios educativos (em detrimento do professor e do aluno)
Emprego de recursos como: instrução programada, estudo dirigido, máquinas de ensinar, etc.
Teorias crítico-reprodutivistas
Teoria do sistema de ensino enquanto violência simbólicaCausa da marginalidade: estrutura da sociedade
capitalista (relações de força material e simbólica entre grupos ou classes)
Papel da educação: inculcação da cultura dos grupos ou classes
dominantes aos grupos ou classes dominadas (caráter arbitrário e violento)
Reproduzir as desigualdades sociais através da reprodução cultural
Tentar usar a escola como instrumento de superação da marginalidade é dissimular sua função de reprodução
Snyders: "Bourdieu-Passeron ou a luta de classes impossível” (1977, p.287. Apud. Saviani, 2009, p. 19).
Teoria da escola como A.I.E.Causa da marginalidade: estrutura da
sociedade capitalista (exploração do proletariado pelos capitalistas)
Distinção entre A.R.E. e A.I. E.Papel da educação: A.I.E. dominante
inculcação de saberes e da ideologia dominanteDefinição do lugar social de cada segmento a
partir do grau de escolaridade (legitimação da divisão social do trabalho e da divisão da sociedade em classes)
As teorias que atribuem à educação a função de equalização social são ideológicas (dissimulação)
Saviani: Althusser e a luta de classes “heróica, mas inglória” (2009, p. 22)
Teoria da escola dualistaCausa da marginalidade: produzida socialmenteDuas grandes redes escolares:
primária-profissional: proletariadosecundária-superior: burguesia
Papel da educação: A.I.E. Formação da força de trabalhoinculcação da ideologia dominanteRecalcamento da ideologia do proletariadoEspecificidade dessa teoria: admite a existência
da ideologia do proletariado, mas fora da escola.A escola é um A.I.E. E serve apenas à burguesiaSnyders: "Baudelot-Establet ou a luta de classe
inútil” (apud Saviani, 2009, p. 26)
Por uma teoria crítica da educaçãoQuanto à questão da marginalidade temos o
seguinte resultado:Teorias não-críticas: pretendem
ingenuamente resolver o problema da marginalidade através da escola, sem nunca terem êxito (poder ilusório).
Teorias crítico-reprodutivistas: explicam a razão do fracasso que, na verdade, seria o êxito da escola, pois o seu objetivo verdadeiro é a reprodução da desigualdade, da segregação, da marginalização (impotência).
Em ambos os casos a História é desconsiderada
É preciso aprender com os reprodutivistas que a escola é socialmente determinada, isto é, sofre a determinação dos interesses antagônicos que caracterizam a sociedade classes.
Considerando que a burguesia não tem interesse na transformação da escola, segue-se que uma teoria crítica (que não seja reprodutivista) só poderá ser formulada do ponto de vista dos interesses dominados.
Problema: É possível articular a escola com os interesse dominados? É possível uma teoria da educação que capte criticamente a escola como um instrumento capaz de contribuir para a superação do problema da marginalidade?
Posição do autor: Sim.
Uma teoria desse tipo implica:superar tanto o poder ilusório (das teorias
não-críticas) como a impotência (das teorias crítico-reprodutivistas), e buscar o poder real, ainda que limitado, que possuem os educadores.
captar a natureza específica da educação para compreender as complexas mediações pelas quais se dá a sua inserção contraditória na sociedade capitalista;
lutar contra a seletividade, a discriminação e o rebaixamento do ensino destinado aos trabalhadores, buscando garantir a eles um ensino da melhor qualidade possível nas condições históricas atuais.