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CADERNOS DEATENO BSICA
MINISTRIO DA SADESecretaria de Ateno Sade
Departamento de Ateno Bsica
VIGILNCIA EM SADEDengue, Esquistossomose,
Hansenase, Malria, Tracoma e Tuberculose
Srie A. Normas e Manuais TcnicosCadernos de Ateno Bsica - n.
21
Braslia - DF2008
2. edio. revisada
-
2008 Ministrio da Sade.
Todos os direitos reservados. permitida a reproduo parcial ou
total desta obra, desde que citada fonte eque no seja para venda ou
qualquer fim comercial.A responsabilidade pelos direitos autorais
de textos e imagens desta obra de responsabilidade da reatcnica.A
coleo institucional do Ministrio da Sade pode ser acessada na
ntegra na Biblioteca Virtual do Ministrioda Sade: http://
www.saude.gov.br/bvs
Srie A. Normas e Manuais TcnicosCadernos de Ateno Bsica, n.
21
Tiragem: 2. edio - revisada - 2008 - 120.000 exemplares
Elaborao, distribuio e informaes:Secretaria de Ateno
SadeDepartamento de Ateno BsicaSEPN 511, bloco C, Edifcio Bittar
IV, 4. andarCEP: 70058-900, Braslia - DFTels.: (61) 3448-8040Fax.:
(61) 34488248Homepage: http://www.saude.gov.br/dab
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
Ficha Catalogrfica
Brasil. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade.
Departamento de Ateno Bsica.Vigilncia em Sade: Dengue,
Esquistossomose, Hansenase, Malria, Tracoma e Tuberculose /
Ministrio da Sade,
Secretaria de Ateno a Sade, Departamento de Ateno Bsica . - 2.
ed. rev. - Braslia : Ministrio da Sade, 2008.197 p. : il. - (Srie
A. Normas e Manuais Tcnicos) (Cadernos de Ateno Bsica, n. 21)
ISBN 978-85-334-1471-6
1. Vigilncia em Sude. 2. Epidemiologia. 3. Diagnstico. 4.
Tratamento. I. Ttulo. II. Srie
NLM W 84.6
Catalogao na fonte - Coordenao-Geral de Documentao e Informao -
Editora MS - OS2008/0001
Ttulos para indexao:Em ingls: New Health Surveilance: Dengue,
Schistosomiasis, Leprosy, Blackwater fever,Trachoma, TuberculosisEm
espanhol: Vigilancia en Salud: Dengue, Esquistosomiasis , Lepra,
Fiebre Hemoglobinrica,Tracoma, Tuberculosis
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SUMRIO
APRESENTAO
................................................................................................................................
5
1 VIGILNCIA EM SADE NA ATENO BSICA
..................................................................
61.1 Processo de Trabalho da Ateno Bsica e da Vigilncia em Sade
............................................. 101.2 O Territrio
....................................................................................................................................
101.3 Planejamento e programao
........................................................................................................
11
1.4 Sistema de Informao de Agravos de Notificao Sinan
.......................................................... 121.5
Ficha de Notificao Individual
.......................................................................................................
121.6 Sinan NET
.......................................................................................................................................
151.7 O Trabalho da Equipe Multiprofissional
........................................................................................
15
1.8 Atribuies Especficas dos Profissionais da Ateno Bsica/Sade
da Famlia ........................... 18
2 DENGUE
....................................................................................................................................
212.1 Vetores
...........................................................................................................................................
222.2 Ciclo de vida do Aedes aegypti
........................................................................................................
23
2.3 Modo de Transmisso
....................................................................................................................
232.4 Notificao
......................................................................................................................................
262.5 Diagnstico
.....................................................................................................................................
262.6 Diagnstico diferencial
...................................................................................................................
28
2.7 Tratamento
.....................................................................................................................................
282.8 Preveno
.......................................................................................................................................
402.9 Medidas de Controle
.....................................................................................................................
402.10 Roteiro de Orientao Preventiva
................................................................................................
42
3 ESQUISTOSSOMOSE
...............................................................................................................
483.1 Modo de transmisso
.....................................................................................................................
483.2 Manifestao da Doena
.................................................................................................................
503.3 Tratamento
.....................................................................................................................................
55
3.4 Contra-indicaes
..........................................................................................................................
563.5 Vigilncia Epidemiolgica (VE)
......................................................................................................
573.6 Definio de Caso de Esquistossomose
........................................................................................
60
4 HANSENASE
...........................................................................................................................
664.1 Agente Etiolgico
...........................................................................................................................
664.2 Modo de Transmisso
....................................................................................................................
664.3 Aspectos Clnicos
...........................................................................................................................
67
4.4 Diagnstico
.....................................................................................................................................
70
5 MALRIA
................................................................................................................................
1015.1 Sinonmia
......................................................................................................................................
1015.2 Agente Etiolgico
.........................................................................................................................
101
5.3 Vetores
.........................................................................................................................................
1025.4 Modo de Transmisso
..................................................................................................................
1035.5 Perodo de Incubao
...................................................................................................................
1035.6 Perodo de Transmissibilidade
....................................................................................................
104
5.7 Complicaes
...............................................................................................................................
104
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VIGILNCIA EM SADE
5.8 Diagnstico
...................................................................................................................................
1055.9 Gota Espessa
................................................................................................................................
105
5.10 Esfregao Delgado
........................................................................................................................
1055.11 Testes Rpidos para Deteco de Componentes Antignicos de
Plasmdio ............................ 1065.12 Diagnstico
Diferencial
................................................................................................................
1065.13 Tratamento
...................................................................................................................................
106
5.14 Esquemas de Tratamento para a Malria Recomendados pelo
Ministrio da Sade ................ 1085.15 Esquemas de Primeira
Escolha
...................................................................................................
1085.16 Esquemas Alternativos
................................................................................................................
1115.17 Tratamento da Malria Grave e Complicada
...............................................................................
112
5.18 Caractersticas Epidemiolgicas
..................................................................................................
1135.19 Vigilncia Epidemiolgica
.............................................................................................................
1145.20 Notificao
....................................................................................................................................
1145.21 Definio de Caso Suspeito
.........................................................................................................
114
5.22 Confirmado
...................................................................................................................................
1145.23 Medidas a Serem Adotadas
..........................................................................................................
1155.24 Atribuies Especficas das Equipes de Ateno Bsica/Sade da
Famlia ................................ 116
no Controle da Malria
6 TRACOMA
..............................................................................................................................
1216.1 Agente Etiolgico
.........................................................................................................................
1216.2 Modos de Transmisso
.................................................................................................................
121
6.3 Manifestao da Doena
...............................................................................................................
1216.4 Sintomas
.......................................................................................................................................
1236.5 Diagnstico
...................................................................................................................................
1236.6 Diagnstico Laboratorial
..............................................................................................................
123
6.7 Tratamento
...................................................................................................................................
1236.8 Vigilncia Epidemiolgica
.............................................................................................................
1256.9 Atribuies Especficas dos Profissionais de Ateno Bsica/Sade
da Famlia ........................ 126
no Controle do Tracoma
7 TUBERCULOSE
.......................................................................................................................
1307.1 Modos de Transmisso
.................................................................................................................
1307.2 Os Pulmes e os Alvolos
...........................................................................................................
131
7.3 Definio de Caso de Tuberculose
..............................................................................................
1407.4 Tratamento
...................................................................................................................................
1417.5 Esquemas de Tratamento e Posologia
.........................................................................................
143
8 FICHAS DE NOTIFICAO OBRIGATRIA
.......................................................................
1698.1 Dengue
..........................................................................................................................................
1698.2 Esquistossomose
..........................................................................................................................
1718.3 Hansenase
...................................................................................................................................
1728.4 Malria
..........................................................................................................................................
173
8.5 Tracoma
........................................................................................................................................
1748.6 Tuberculose
..................................................................................................................................
176
9 OUTRAS FICHAS
....................................................................................................................
178
REFERNCIAS
.................................................................................................................................
189
EQUIPE TCNICA
...........................................................................................................................
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APRESENTAO
Para qualificar a ateno sade a partir do princpio
daintegralidade fundamental que os processos de trabalho
sejamorganizados com vistas ao enfrentamento dos principais
problemasde sade-doena das comunidades e com aes de promoo
evigilncia em sade efetivamente incorporadas no cotidiano das
equipesde Ateno Bsica/Sade da Famlia de todo este imenso
Brasil.
Este caderno um dos frutos do Ministrio da Sade na buscada
integrao da Vigilncia em Sade com a Ateno Bsica. Foielaborado pela
Secretaria de Vigilncia em Sade e pela Secretaria deAteno Sade e
reflete os preceitos do Pacto pela Sade: ofortalecimento da Ateno
Bsica e da capacidade de respostas sdoenas emergentes e s endemias,
reforando o compromisso emtorno de aes que apresentam impacto sobre
a situao de sadeda populao brasileira.
Neste primeiro volume aborda-se a integrao de aes relativass
seguintes doenas: dengue, esquistossomose, hansenase,
malria,tracoma e tuberculose.
Recomendo, portanto, que este caderno seja incorporado
aoconjunto de instrumentos e tecnologias voltados educaopermanente
dos profissionais de sade, fortalecendo as aes quebuscam o controle
dessas doenas e que promovam mais sade paraa nossa populao.
Ministrio da Sade
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VIGILNCIA EM SADE
1 VIGILNCIA EM SADE NA ATENO BSICA
A Ateno Bsica (AB), como primeiro nvel de ateno do Sistema nico
deSade (SUS), caracteriza-se por um conjunto de aes no mbito
individual e coletivo,que abrange a promoo e proteo da sade, a
preveno de agravos, o diagnstico,o tratamento, a reabilitao e visa
manuteno da sade. Deve ser desenvolvida porequipes
multiprofissionais, de maneira a desenvolver responsabilidade
sanitria sobreas diferentes comunidades adscritas territrios bem
delimitados, deve considerar suascaractersticas scio-culturais e
dinamicidade e, de maneira programada, organizaratividades voltadas
ao cuidado longitudinal das famlias da comunidade.
A Sade da Famlia a estratgia para organizao da Ateno Bsica no
SUS.Prope a reorganizao das prticas de sade que leve em conta a
necessidade deadequar as aes e servios realidade da populao em cada
unidade territorial, definidaem funo das caractersticas sociais,
epidemiolgicas e sanitrias. Busca uma prtica desade que garanta a
promoo sade, continuidade do cuidado, a integralidade daateno, a
preveno e, em especial, a responsabilizao pela sade da populao,com
aes permanentes de vigilncia em sade.
Na Sade da Famlia, os profissionais realizam o cadastramento
domiciliar, diagnsticosituacional e aes dirigidas soluo dos
problemas de sade, de maneira pactuada com acomunidade, buscando o
cuidado dos indivduos e das famlias. A atuao desses profissionaisno
est limitada ao dentro da Unidade Bsica de Sade (UBS), ela ocorre
tambm nosdomiclios e nos demais espaos comunitrios (escolas,
associaes, entre outros).
A Vigilncia em Sade, entendida como uma forma de pensar e agir,
tem comoobjetivo a anlise permanente da situao de sade da populao e
a organizao eexecuo de prticas de sade adequadas ao enfrentamento
dos problemas existentes. composta pelas aes de vigilncia, promoo,
preveno e controle de doenas eagravos sade, devendo constituir-se
em um espao de articulao de conhecimentose tcnicas vindos da
epidemiologia, do planejamento e das cincias sociais, ,
pois,referencial para mudanas do modelo de ateno. Deve estar
inserida cotidianamentena prtica das equipes de sade de Ateno
Bsica. As equipes Sade da Famlia, apartir das ferramentas da
vigilncia, desenvolvem habilidades de programao eplanejamento, de
maneira a organizar aes programadas e de ateno a demandaespontnea,
que garantam o acesso da populao em diferentes atividades e aes
desade e, desta maneira, gradativamente impacta sobre os principais
indicadores desade, mudando a qualidade de vida daquela
comunidade.
O conceito de Vigilncia em Sade inclui: a vigilncia e controle
das doenastransmissveis; a vigilncia das doenas e agravos no
transmissveis; a vigilnciada situao de sade, vigilncia ambiental em
sade, vigilncia da sade dotrabalhador e a vigilncia sanitria.
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VIGILNCIA EM SADE NA ATENO BSICA
Este conceito procura simbolizar, na prpria mudana de denominao,
uma novaabordagem, mais ampla do que a tradicional prtica de
vigilncia epidemiolgica, talcomo foi efetivamente constituda no
pas, desde a dcada de 70.
Em um grande nmero de doenas transmissveis, para as quais se
dispe deinstrumentos eficazes de preveno e controle, o Brasil tem
colecionado xitos importantes.Esse grupo de doenas encontra-se em
franco declnio, com redues drsticas de incidncia.Entretanto,
algumas dessas doenas apresentam quadro de persistncia, ou de
reduo,ainda recente, configurando uma agenda inconclusa nessa rea,
sendo necessrio ofortalecimento das novas estratgias, recentemente
adotadas, que obrigatoriamenteimpem uma maior integrao entre as
reas de preveno e controle e rede assistencial.Um importante foco
da ao de controle desses agravos est voltado para o diagnstico
etratamento das pessoas doentes, visando interrupo da cadeia de
transmisso, ondegrande parte das aes encontra-se no mbito da Ateno
Bsica/Sade da Famlia.
Alm da necessidade de promover aes de preveno e controle das
doenastransmissveis, que mantm importante magnitude e/ou
transcendncia em nosso pas, necessrio ampliar a capacidade de atuao
para novas situaes que se colocam sob aforma de surtos ou devido ao
surgimento de doenas inusitadas. Para o desenvolvimento dapreveno e
do controle, em face dessa complexa situao epidemiolgica, tm
sidofortalecidas estratgias especficas para deteco e resposta s
emergncias epidemiolgicas.
Outro ponto importante est relacionado s profundas mudanas nos
perfisepidemiolgicos das populaes ao longo das ltimas dcadas, nos
quais se observadeclnio das taxas de mortalidade por doenas
infecciosas e parasitrias e crescenteaumento das mortes por causas
externas e pelas doenas crnico-degenerativas, levandoa discusso da
incorporao das doenas e agravos no-transmissveis ao escopo
dasatividades da vigilncia epidemiolgica.
Vigilncia Epidemiolgica um conjunto de aes que proporciona
oconhecimento, a deteco ou preveno de qualquer mudana nos
fatoresdeterminantes e condicionantes da sade individual ou
coletiva, com a finalidade derecomendar e adotar as medidas de
preveno e controle das doenas ou agravos.
O propsito da Vigilncia Epidemiolgica fornecer orientao tcnica
permanentepara os que tm a responsabilidade de decidir sobre a
execuo de aes de controlede doenas e agravos. Sua operacionalizao
compreende um ciclo completo de funesespecficas e articuladas, que
devem ser desenvolvidas de modo contnuo, permitindoconhecer, a cada
momento, o comportamento epidemiolgico da doena ou agravoescolhido
como alvo das aes, para que as intervenes pertinentes possam
serdesencadeadas com oportunidade e efetividade.
Tem como funo coleta e processamento de dados; anlise e
interpretao dosdados processados; investigao epidemiolgica de casos
e surtos; recomendao e
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VIGILNCIA EM SADE
promoo das medidas de controle adotadas, impacto obtido, formas
de preveno dedoenas, dentre outras. Corresponde vigilncia das
doenas transmissveis (doenaclinicamente manifesta, do homem ou dos
animais, resultante de uma infeco) e dasdoenas e agravos no
transmissveis (no resultante de infeco). na Ateno Bsica/ Sade da
Famlia o local privilegiado para o desenvolvimento da vigilncia
epidemiolgica.
A Vigilncia da Situao de Sade desenvolve aes de monitoramento
contnuodo pas/estado/regio/municpio/equipes, por meio de estudos e
anlises que revelemo comportamento dos principais indicadores de
sade, dando prioridade a questesrelevantes e contribuindo para um
planejamento de sade mais abrangente.
As aes de Vigilncia em Sade Ambiental, estruturadas a partir do
SistemaNacional de Vigilncia em Sade Ambiental, esto centradas nos
fatores no-biolgicosdo meio ambiente que possam promover riscos
sade humana: gua para consumohumano, ar, solo, desastres naturais,
substncias qumicas, acidentes com produtosperigosos, fatores fsicos
e ambiente de trabalho. Nesta estrutura destaca-se:
(1) A Vigilncia em Sade Ambiental Relacionada Qualidade da gua
paraConsumo Humano (VIGIAGUA) consiste no conjunto de aes adotadas
continuamentepelas autoridades de sade pblica para garantir que a
gua consumida pela populaoatenda ao padro e s normas estabelecidas
na legislao vigente e para avaliar osriscos que a gua consumida
representa para a sade humana. Suas atividades visam,em ltima
instncia, a promoo da sade e a preveno das doenas de
transmissohdrica;
(2) Vigilncia em Sade Ambiental de Populaes Potencialmente
Expostas aSolo Contaminado (VIGISOLO) compete recomendar e adotar
medidas de promoo sade ambiental, preveno e controle dos fatores de
risco relacionados s doenas eoutros agravos sade decorrentes da
contaminao por substncias qumicas no solo;
(3) A Vigilncia em Sade Ambiental Relacionada Qualidade do Ar
(VIGIAR) tempor objetivo promover a sade da populao exposta aos
fatores ambientais relacionadosaos poluentes atmosfricos -
provenientes de fontes fixas, de fontes mveis, de
atividadesrelativas extrao mineral, da queima de biomassa ou de
incndios florestais -contemplando estratgias de aes
intersetoriais.
Outra rea que se incorpora nas aes de vigilncia em sade a sade
dotrabalhador que entende-se como sendo um conjunto de atividades
que se destina,atravs das aes de vigilncia epidemiolgica e
vigilncia sanitria, promoo e proteoda sade dos trabalhadores, assim
como visa recuperao e reabilitao da sade dostrabalhadores
submetidos aos riscos e agravos advindos das condies de
trabalho,abrangendo entre outros: (1) assistncia ao trabalhador
vtima de acidentes de trabalhoou portador de doena profissional e
do trabalho; (2) participao em estudos, pesquisas,avaliao e
controle dos riscos e agravos potenciais sade existentes no
processo detrabalho; (3) informao ao trabalhador e sua respectiva
entidade sindical e s empresassobre os riscos de acidentes de
trabalho, doena profissional e do trabalho, bem como
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VIGILNCIA EM SADE NA ATENO BSICA
os resultados de fiscalizaes, avaliaes ambientais e exames de
sade, de admisso,peridicos e de demisso, respeitados os preceitos
da tica profissional.
Outro aspecto fundamental da vigilncia em sade o cuidado
integral sadedas pessoas por meio da Promoo da Sade.
A Promoo da Sade compreendida como estratgia de
articulaotransversal, qual incorpora outros fatores que colocam a
sade da populaoem risco trazendo tona as diferenas entre
necessidades, territrios e culturaspresentes no pas. Visa criar
mecanismos que reduzam as situaes devulnerabilidade, defendam a
eqidade e incorporem a participao e o controlesocial na gesto das
polticas pblicas.
Nesse sentido, a Poltica Nacional de Promoo da Sade prev que a
organizaoda ateno e do cuidado deve envolver aes e servios que
operem sobre osdeterminantes do adoecer e que vo alm dos muros das
unidades de sade e doprprio sistema de sade. O objetivo dessa
poltica promover a qualidade de vida ereduzir a vulnerabilidade e
riscos sade relacionados aos seus determinantes econdicionantes
modos de viver, condies de trabalho, habitao, ambiente,
educao,lazer, cultura e acesso a bens e servios essenciais. Tem
como aes especficas:alimentao saudvel, prtica corporal/atividade
fsica, preveno e controle do tabagismo,reduo da morbimortalidade em
decorrncia do uso de lcool e outras drogas, reduoda
morbimortalidade por acidentes de trnsito, preveno da violncia e
estmulo cultura da paz, alm da promoo do desenvolvimento
sustentvel.
Pensar em Vigilncia em Sade pressupe a no dissociao com a
Vigilncia Sanitria.
A Vigilncia Sanitria entendida como um conjunto de aes capazes
deeliminar, diminuir ou prevenir riscos sade e de intervir nos
problemassanitrios decorrentes do meio ambiente, da produo e
circulao de bens eda prestao de servios de interesse da sade.
(BRASIL, 1990)
Abrange:
(1) o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente,
se relacionem coma sade, compreendidas todas as etapas e processos,
da produo ao consumo;
(2) o controle da prestao de servios que se relacionam direta ou
indiretamentecom a sade.
Neste primeiro caderno, elegeu-se como prioridade o
fortalecimento da prevenoe controle de algumas doenas de maior
prevalncia, assim como a concentrao deesforos para a eliminao de
outras, que embora de menor impacto epidemiolgico,atinge reas e
pessoas submetidas s desigualdades e excluso.
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VIGILNCIA EM SADE
O Caderno de Ateno Bsica Vigilncia em Sade Volume1, visa
contribuir paraa compreenso da importncia da integrao entre as aes
de Vigilncia em Sade edemais aes de sade, universo do processo de
trabalho das equipes de AtenoBsica/Sade da Famlia, visando a
garantia da integralidade do cuidado. So enfocadasaes de vigilncia
em sade na Ateno Bsica, no tocante aos agravos:
dengue,esquistossomose, hansenase, malria, tracoma e
tuberculose.
1.1 PROCESSO DE TRABALHO DA ATENO BSICA E DAVIGILNCIA EM
SADE
Apesar dos inegveis avanos na organizao da Ateno Bsica ocorrida
no Brasilna ltima dcada e a descentralizao das aes de Vigilncia em
Sade, sabe-se queainda persistem vrios problemas referentes gesto e
organizao dos servios desade que dificultam a efetiva integrao da
Ateno Bsica e a Vigilncia em Sade,comprometendo a integralidade do
cuidado.
Para qualificar a ateno sade a partir do princpio da
integralidade fundamentalque os processos de trabalho sejam
organizados com vistas ao enfrentamento dos principaisproblemas de
sade-doena da comunidade, onde as aes de vigilncia em sade
devemestar incorporadas no cotidiano das equipes de Ateno
Bsica/Sade da Famlia.
Um dos sentidos atribudos ao princpio da Integralidade na
construo doSUS refere ao cuidado de pessoas, grupos e
coletividades, percebendo-os comosujeitos histricos, sociais e
polticos, articulados aos seus contextos familiares,
aomeio-ambiente e a sociedade no qual se inserem. (NIETSCHE EA,
2000)
Para a qualidade da ateno, fundamental que as equipes busquem a
integralidadenos seus vrios sentidos e dimenses, como: propiciar a
integrao de aes programticase demanda espontnea; articular aes de
promoo sade, preveno de agravos, vigilncia sade, tratamento,
reabilitao e manuteno da sade; trabalhar de forma interdisciplinare
em equipe; coordenar o cuidado aos indivduos-famlia-comunidade;
integrar uma rede deservios de maior complexidade e, quando
necessrio, coordenar o acesso a esta rede.
Para a integralidade do cuidado, fazem-se necessrias mudanas na
organizaodo processo de trabalho em sade, passando a Ateno
Bsica/Sade da Famlia a ser olcus principal de desenvolvimento
dessas aes.
1.2 O TERRITRIO
Os sistemas de sade devem se organizar sobre uma base
territorial, onde adistribuio dos servios segue uma lgica de
delimitao de reas de abrangncia.
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VIGILNCIA EM SADE NA ATENO BSICA
O territrio em sade no apenas um espao delimitado
geograficamente, massim um espao onde as pessoas vivem, estabelecem
suas relaes sociais, trabalham ecultivam suas crenas e cultura.
A territorializao base do trabalho das Equipes de Sade da Famlia
(ESF) paraa prtica da Vigilncia em Sade. O fundamental propsito
deste processo permitireleger prioridades para o enfrentamento dos
problemas identificados nos territrios deatuao, o que refletir na
definio das aes mais adequadas, contribuindo para oplanejamento e
programao local. Para tal, necessrio o reconhecimento emapeamento
do territrio: segundo a lgica das relaes e entre condies de
vida,sade e acesso s aes e servios de sade. Isso implica um
processo de coleta esistematizao de dados demogrficos,
socioeconmicos, poltico-culturais,epidemiolgicos e sanitrios que,
posteriormente, devem ser interpretados e atualizadosperiodicamente
pela equipe de sade.
Integrar implica discutir aes a partir da realidade local;
aprender a olhar oterritrio e identificar prioridades assumindo o
compromisso efetivo com a sadeda populao. Para isso, o ponto de
partida o processo de planejamento eprogramao conjunto, definindo
prioridades, competncias e atribuies apartir de uma situao atual
reconhecida como inadequada tanto pelos tcnicosquanto pela populao,
sob a tica da qualidade de vida.
1.3 PLANEJAMENTO E PROGRAMAO
Planejar e programar em um territrio especfico exige um
conhecimento das formasde organizao e de atuao dos rgos
governamentais e no-governamentais para se terclareza do que
necessrio e possvel ser feito. importante o dilogo permanente com
osrepresentantes desses rgos, com os grupos sociais e moradores, na
busca dodesenvolvimento de aes intersetoriais oportunizando a
participao de todos. Isso adotara intersetorialidade como estratgia
fundamental na busca da integralidade da ateno.
Faz-se necessrio o fortalecimento das estruturas gerenciais dos
municpios eestados com vistas no s ao planejamento e programao, mas
tambm da superviso,seja esta das equipes, dos municpios ou
regionais.
Instrumentos de gesto como processos de acompanhamento,
monitoramento eavaliao devem ser institucionalizados no cotidiano
como reorientador das prticas de sade.
Os Sistemas de Informaes de Sade desempenham papel relevante
para aorganizao dos servios, pois os estados e os municpios de
posse das informaes emsade tm condies de adotar de forma gil,
medidas de controle de doenas, bemcomo planejar aes de promoo,
proteo e recuperao da sade, subsidiando atomada de decises.
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VIGILNCIA EM SADE
fundamental o uso de protocolos assistenciais que prevejam aes
de promoo,preveno, recuperao e reabilitao, que so dirigidos aos
problemas mais freqentes dapopulao. Tais protocolos devem incluir a
indicao da continuidade da ateno, sob a lgicada regionalizao,
flexveis em funo dos contextos estaduais, municipais e locais.
Alia-se aimportncia de adotar o processo de Educao Permanente em
Sade na formao e qualificaodas equipes, cuja misso ter capacidade
para resolver os problemas que lhe so apresentados,ainda que a
soluo extrapole aquele nvel de ateno (da resolubilidade, da viso
das redesde ateno) e a necessidade de criar mecanismos de valorizao
do trabalho na ateno bsicaseja pelos incentivos formais, seja pela
co-gesto (participao no processo decisrio).
Finalmente, como forma de democratizar a gesto e atender as
reais necessidadesda populao essencial a constituio de canais e
espaos que garantam a efetivaparticipao da populao e o controle
social.
1.4 SISTEMA DE INFORMAO DE AGRAVOS DE NOTIFICAO Sinan
A informao instrumento essencial para a tomada de decises,
ferramentaimprescindvel Vigilncia em Sade, por ser o fator
desencadeador do processoinformao-deciso-ao.
O Sistema de Informao de Agravos de Notificao (Sinan) foi
desenvolvido noincio da dcada de 90, com objetivo de padronizar a
coleta e processamento dos dadossobre agravos de notificao
obrigatria em todo o territrio nacional. Construdo demaneira
hierarquizada, mantendo coerncia com a organizao do SUS, pretende
sersuficientemente gil na viabilizao de anlises de situaes de sade
em curto espaode tempo. O Sinan fornece dados para a anlise do
perfil da morbidade e contribui paraa tomada de decises nos nveis
municipal, estadual e federal. Seu uso foi regulamentadopor meio da
Portaria GM/MS n. 1.882, de 18 de dezembro de 1997, quando se
tornouobrigatria a alimentao regular da base de dados nacional
pelos municpios, estados eDistrito Federal, e o Ministrio da Sade
foi designado como gestor nacional do sistema.
O Sinan atualmente alimentado, principalmente, pela notificao e
investigaode casos de doenas e agravos que constam da Lista
Nacional de Doenas de NotificaoCompulsria em todo Territrio
Nacional - LDNC, conforme Portaria SVS/MS n. 05, de21/02/2006,
podendo os estados e municpios incluir outros problemas de sade
pblica,que considerem importantes para a sua regio.
1.5 FICHA DE NOTIFICAO INDIVIDUAL
o documento bsico de coleta de dados, que inclui dados sobre a
identificaoe localizao do estabelecimento notificante, identificao,
caractersticas socioeconmicas,local da residncia do paciente e
identificao do agravo notificado.
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Essa ficha utilizada para notificar um caso a partir da suspeio
do agravo,devendo ser encaminhada para digitao aps o seu
preenchimento, independentementeda confirmao do diagnstico, por
exemplo: notificar um caso de dengue a partir dasuspeita de um caso
que atenda os critrios estabelecidos na definio de caso.
A ficha de investigao contm, alm dos dados da notificao, dados
referentesaos antecedentes epidemiolgicos, dados clnicos e
laboratoriais especficos de cadaagravo e dados da concluso da
investigao.
A impresso, controle da pr-numerao e distribuio das fichas de
notificao ede investigao para os municpios so de responsabilidade
da Secretaria Estadual deSade, podendo ser delegada Secretaria
Municipal de Sade.
Os instrumentos de coleta padronizados pelo Ministrio da Sade so
especficospara cada agravo de notificao compulsria, e devem ser
utilizados em todas as unidadesfederadas.
Para os agravos hansenase e tuberculose so coletados ainda dados
deacompanhamento dos casos.
As notificaes de malria e esquistossomose registradas no Sinan
correspondemquelas identificadas fora das respectivas regies
endmicas. Esses agravos quandonotificados em local onde so endmicos
devem ser registrados em sistemas especficos.
Dados dos Inquritos de Tracoma, embora no seja doena de
notificaocompulsria no pas devem ser registrados no Sinan - verso
NET, por ser consideradade interesse nacional.
A populao sob vigilncia corresponde a todas as pessoas residente
nopas. Cada municpio deve notificar casos detectados em sua rea
deabrangncia, sejam eles residentes ou no nesse municpio.
As unidades notificantes so, geralmente, aquelas que prestam
atendimento aoSistema nico de Sade, incluindo as Unidades Bsicas de
Sade/Unidades de Sadeda Famlia. Os profissionais de sade no
exerccio da profisso, bem como os responsveispor organizaes e
estabelecimentos pblicos e particulares de sade e ensino, tm
aobrigao de comunicar aos gestores do Sistema nico de Sade a
ocorrncia de casossuspeito/confirmados dos agravos listados na
LNDC.
O Sinan permite a coleta, processamento, armazenamento e anlise
dos dadosdesde a unidade notificante, sendo adequado descentralizao
de aes, servios egesto de sistemas de sade. Se a Secretaria
Municipal de Sade for informatizada,todos os casos notificados pelo
municpio devem ser digitados, independente do localde residncia.
Contudo, caso as unidades de sade no disponham demicrocomputadores,
o sistema informatizado pode ser operacionalizado a partir
dassecretarias municipais, das regionais e da secretaria de estado
de sade.
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As unidades notificantes enviam semanalmente as fichas de
notificao/investigao ou, se for informatizada, o arquivo de
transferncia de dados pormeio eletrnico para as secretarias
municipais de sade, que enviam os arquivosde transferncia de dados,
pelo menos uma vez por semana, regional desade ou Secretaria de
Estado da Sade. Os municpios que no tmimplantado o processamento
eletrnico de dados pelo Sinan encaminham asfichas de
notificao/investigao e seguem o mesmo fluxo descritoanteriormente.
A SES envia os dados para o Ministrio da Sade, por meioeletrnico,
pelo menos uma vez por semana.
Dentre as atribuies de cada nvel do sistema cabe a todos efetuar
anlise daqualidade dos dados, como verificar a duplicidade de
registros, completitude dos campose consistncia dos dados, anlises
epidemiolgicas e divulgao das informaes. Noentanto, cabe somente ao
primeiro nvel informatizado a complementao de dados,correo de
inconsistncias e vinculao/excluso de duplicidades e excluso de
registros.
As bases de dados geradas pelo Sinan so armazenadas pelo
gerenciador de bancode dados PostgreSQL ou Interbase. Para
analis-las utilizando programas informatizadostais como o SPSS, o
Tabwin e o Epi Info, necessrio export-las para o formato DBF.
Esseprocedimento efetuado em todos os nveis, utilizando rotina
prpria do sistema.
Com o objetivo de divulgar dados, propiciar a anlise da sua
qualidade e o clculode indicadores por todos os usurios do sistema
e outros interessados, a Secretaria deVigilncia em Sade SVS do
Ministrio da Sade criou um site do Sinan que pode seracessado pelo
endereo www.saude.gov.br/svs - sistemas de informaes
ouwww.saude.gov.br/sinanweb. Nessa pgina esto disponveis:
Relatrios gerenciais;
Relatrios epidemiolgicos por agravo;
Documentao do sistema (Dicionrios de dados - descrio dos campos
dasfichas e das caractersticas da varivel correspondente nas bases
de dados);
Fichas de notificao e de investigao de cada agravo;
Instrucionais para preenchimento das Fichas;
Manuais de uso do sistema;
Cadernos de anlise da qualidade das bases de dados e clculo de
indicadoresepidemiolgicos e operacionais;
Produo - acompanhamento do recebimento pelo Ministrio da Sade
dosarquivos de transferncia de cada UF;
Base de dados - uso da ferramenta TabNet para tabulao de dados
de casosconfirmados notificados no Sinan a partir de 2001.
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1.6 Sinan NET
Novo aplicativo desenvolvido pela SVS/MS em conjunto ao DATASUS,
objetivamodificar a lgica de produo de informao para a de anlise em
nveis cada vezmais descentralizados do sistema de sade. Subsidia a
construo de sistemas devigilncia epidemiolgica de base territorial,
que esteja atento ao que ocorre em todasua rea de atuao.
Possibilita ao municpio que estiver interligado internet,
atransmisso dos dados das fichas de notificao diariamente s demais
esferas degoverno, fazendo com que esses dados estejam disponveis
em tempo oportuno, strs esferas de governo.
J os dados das fichas de investigao somente sero transmitidos
quando forencerrado o processo de investigao, conseguindo dessa
forma, separar essas duasetapas.
Outras rotinas, como o fluxo de retorno, sero implementadas,
permitindo que omunicpio de residncia tenha na sua base de dados
todos os casos, independentementedo local onde foram notificados. A
base de dados foi preparada para georreferenciar oscasos
notificados naqueles municpios que desejem trabalhar com
geoprocessamentode dados.
A utilizao efetiva do Sinan possibilita a realizao do diagnstico
dinmico daocorrncia de um evento na populao; podendo fornecer
subsdios para explicaescausais dos agravos de notificao compulsria,
alm de vir a indicar riscos aos quais aspessoas esto sujeitas,
contribuindo assim, para a identificao da realidade epidemiolgicade
determinada rea geogrfica.
O desafio no s para o Sinan, mas para todos os demais sistemas
de informaode sade no Brasil, criar uma interface de comunicao
entre si descaracterizando-oscomo um sistema cartorial de registro,
para se transformar em sistemas geis que permitamdesencadear aes
imediatas e realizar anlises em tempo oportuno.
O uso sistemtico dos dados gerados pelo Sistema, de forma
descentralizada,contribui para a democratizao da informao,
permitindo que todos os profissionaisde sade tenham acesso informao
e a disponibilize para a comunidade. , portanto,um instrumento
relevante para auxiliar o planejamento da sade, definir prioridades
deinterveno, alm de possibilitar que sejam avaliados os impactos
das intervenes.
1.7 O TRABALHO DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL
Os diferentes profissionais das equipes de sade da Ateno
Bsica/Sade daFamlia tm importante papel e contribuio nas aes de
Vigilncia em Sade. Asatribuies especficas dos profissionais da
Ateno Bsica, j esto definidas na PolticaNacional de Ateno Bsica
(PNAB).
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Como atribuio comum a todos os profissionais das equipes,
descreve-se:
Garantir ateno integral e humanizada populao adscrita;
Realizar tratamento supervisionado, quando necessrio;
Orientar o usurio/famlia quanto necessidade de concluir o
tratamento;
Acompanhar os usurios em tratamento;
Prestar ateno contnua, articulada com os demais nveis de ateno,
visandoo cuidado longitudinal (ao longo do tempo);
Realizar o cuidado em sade da populao adscrita, no mbito da
unidade desade, no domiclio e nos demais espaos comunitrios
(escolas, associaes,entre outros), quando necessrio;
Construir estratgias de atendimento e priorizao de populaes
maisvulnerveis, como exemplo: populao de rua, ciganos, quilombolas
e outras;
Realizar visita domiciliar a populao adscrita, conforme
planejamento assistencial;
Realizar busca ativa de novos casos e convocao dos faltosos;
Notificar casos suspeitos e confirmados, conforme fichas
anexas;
Preencher relatrios/livros/fichas especficos de registro e
acompanhamentodos agravos/doenas, de acordo com a rotina da
UBS;
Alimentar e analisar dados dos Sistemas de Informao em Sade
Sistemade Informao da Ateno Bsica (SIAB), Sistema de Informao de
Mortalidade(SIM), Sistema de Informao de Nascidos Vivos (SINASC),
Sistema deInformao de Agravos de Notificao (Sinan) e outros para
planejar, programare avaliar as aes de vigilncia em sade;
Desenvolver aes educativas e de mobilizao da comunidade
relativas aocontrole das doenas/agravos em sua rea de
abrangncia;
Orientar a comunidade quanto ao uso de medidas de proteo
individual efamiliar para a preveno de doenas/agravos;
Mobilizar a comunidade para desenvolver medidas simples de
manejoambiental para o controle de vetores;
Articular e viabilizar as medidas de controle vetorial e outras
aes de proteo coletiva;
Identificar possveis problemas e surtos relacionados qualidade
da gua, emnvel local como a situao das fontes de abastecimento e de
armazenamentoda gua e a variao na incidncia de determinadas doenas
que podem estarassociadas qualidade da gua;
Identificar a disposio inadequada de resduos, industriais ou
domiciliares,em reas habitadas; a armazenagem inadequada de
produtos qumicos txicos
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(inclusive em postos de gasolina) e a variao na incidncia de
doenaspotencialmente relacionadas a intoxicao;
Identificar a poluio do ar derivada de indstrias, automveis,
queimadas,inclusive nas situaes intra-domiciliares (fumaa e poeira)
e as variaes naincidncia de doenas, principalmente as morbidades
respiratrias e cardio-vasculares, que podem estar associadas poluio
do ar.
Na organizao da ateno, o Agente Comunitrio de Sade (ACS) e o
Agente deControle de Endemias (ACE) desempenham papis fundamentais,
pois se constituem comoelos entre a comunidade e os servios de
sade. Assim como os demais membros daequipe, tais agentes devem ter
co-responsabilizao com a sade da populao de sua reade abrangncia.
Por isso, devem desenvolver aes de promoo, preveno e controledos
agravos, sejam nos domiclios ou nos demais espaos da comunidade, e
embora realizemaes comuns, h um ncleo de atividades que especfico a
cada um deles.
No processo de trabalho, estes dois atores, ACS e ACE, devem ser
co-responsveis pelo controle das endemias, integrando suas
atividades de maneira apotencializar o trabalho e evitar a
duplicidade das aes que, embora distintas, secomplementam.
Os gestores e as equipes de sade devem definir claramente os
papis,competncias e responsabilidades de cada um destes agentes e,
de acordo com arealidade local, definir os fluxos de trabalho. Cada
ACE dever ficar como refernciapara as aes de vigilncia de um nmero
de ACS. Esta relao entre o nmero de ACEe de ACS ser varivel, pois,
se basear no perfil epidemiolgico e nas demaiscaractersticas locais
(como geografia, densidade demogrfica e outras).
Na diviso do trabalho entre os diferentes agentes, o ACS, aps as
visitasdomiciliares e identificao dos problemas que no podero ser
resolvidos por ele,dever transmit-las ao ACE, seu parceiro, que
planejar conjuntamente as aes desade caso a caso como, por exemplo,
quando o ACS identificar uma caixa dgua dedifcil acesso ou um
criadouro que necessite da utilizao de larvicida.
O ACE deve ser incorporado nas atividades das equipes da Ateno
Bsica/Sadeda Famlia, tomando como ponto de partida sua participao
no processo de planejamentoe programao. importante que o ACE esteja
vinculado a uma Unidade Bsica deSade, pois a efetiva integrao das
aes de controle est no processo de trabalhorealizado
cotidianamente.
Um dos fatores fundamentais para o xito do trabalho a integrao
dasbases territoriais de atuao dos Agentes Comunitrios de Sade
(ACS) eAgentes de Controle de Endemias (ACE). O gestor municipal,
junto s equipesde sade, deve organizar seus servios de sade, e
definir suas bases territoriais,de acordo com sua realidade, perfil
epidemiolgico, aspectos geogrficos,culturais e sociais, entre
outros.
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1.8 ATRIBUIES ESPECFICAS DOS PROFISSIONAIS DA ATENOBSICA/SADE DA
FAMLIA
1.8.1 Agente Comunitrio de Sade ACS
Identificar sinais e sintomas dos agravos/doenas e encaminhar os
casossuspeitos para a Unidade de Sade;
Acompanhar os usurios em tratamento e orient-lo quanto
necessidade desua concluso;
Desenvolver aes educativas e de mobilizao da comunidade
relativas aocontrole das doenas/agravos, em sua rea de
abrangncia;
Orientar a comunidade quanto ao uso de medidas de proteo
individual efamiliar para a preveno de doena;
Mobilizar a comunidade para desenvolver medidas simples de
manejoambiental para o controle de vetores;
Planejar/programar as aes de controle das doenas/agravos em
conjunto aoACE e equipe da Ateno Bsica/Sade da Famlia.
1.8.2 Agente de Controle de Endemias ACE
Identificar sinais e sintomas dos agravos/doenas e encaminhar os
casossuspeitos para a Unidade de Sade;
Acompanhar os usurios em tratamento e orient-los quanto
necessidadede sua concluso;
Desenvolver aes educativas e de mobilizao da comunidade
relativas aocontrole das doenas/agravos, em sua rea de
abrangncia;
Orientar a comunidade quanto ao uso de medidas de proteo
individual efamiliar para a preveno de doenas;
Mobilizar a comunidade para desenvolver medidas simples de
manejoambiental para o controle de vetores;
Realizar, quando indicado a aplicao de larvicidas/moluscocidas
qumicos ebiolgicos; a borrifao intradomiciliar de efeito residual;
e a aplicao espacialde inseticidas por meio de nebulizaes trmicas e
ultra-baixo-volume;
Realizar atividades de identificao e mapeamento de colees
hdricas deimportncia epidemiolgica;
Planejar/programar as aes de controle das doenas/agravos em
conjuntoao ACS e equipe da Ateno Bsica/Sade da Famlia.
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1.8.3 Mdico
Diagnosticar e tratar precocemente os agravos/doenas, conforme
orientaes,contidas neste caderno;
Solicitar exames complementares, quando necessrio;
Realizar tratamento imediato e adequado, de acordo com esquema
teraputicodefinido neste caderno;
Encaminhar, quando necessrio, os casos graves para a unidade de
referncia,respeitando os f luxos locais e mantendo-se responsvel
peloacompanhamento;
Realizar assistncia domiciliar, quando necessrio;
Orientar os Auxiliares e tcnicos de enfermagem, ACS e ACE para
oacompanhamento dos casos em tratamento e/ou tratamento
supervisionado;
Contribuir e participar das atividades de educao permanente dos
membrosda equipe quanto preveno, manejo do tratamento, aes de
vigilnciaepidemiolgica e controle das doenas;
Enviar mensalmente ao setor competente as informaes
epidemiolgicasreferentes s doenas/agravo na rea de atuao da UBS,
analisar os dadospara propor possveis intervenes.
1.8.4 Enfermeiro
Realizar consulta de enfermagem, solicitar exames complementares
eprescrever medicaes, conforme protocolos ou outras normativas
tcnicasestabelecidas pelo gestor municipal, observadas as disposies
legais daprofisso;
Planejar, gerenciar, coordenar e avaliar as aes desenvolvidas
pelos ACS;
Realizar assistncia domiciliar, quando necessrio;
Enviar mensalmente ao setor competente as informaes
epidemiolgicasreferentes s doenas/agravo na rea de atuao da UBS e
analisar os dadospara possveis intervenes;
Orientar os auxiliares/tcnicos de enfermagem, ACS e ACE para
oacompanhamento dos casos em tratamento e/ou
tratamentosupervisionado;
Contribuir e participar das atividades de educao permanente dos
membrosda equipe quanto preveno, manejo do tratamento, aes de
vigilnciaepidemiolgica e controle das doenas.
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1.8.5 Auxiliar/Tcnico de Enfermagem
Participar das atividades de assistncia bsica, realizando
procedimentosregulamentados para o exerccio de sua profisso;
Realizar assistncia domiciliar, quando necessria;
Realizar tratamento supervisionado, quando necessrio, conforme
orientaodo enfermeiro e/ou mdico.
1.8.6 Cirurgio Dentista, Tcnico em Higiene Dental THD eAuxiliar
de Consultrio Dentrio - ACD
Identificar sinais e sintomas dos agravos/doenas e encaminhar os
casossuspeitos para consulta;
Desenvolver aes educativas e de mobilizao da comunidade
relativas aocontrole das doenas/agravos em sua rea de
abrangncia;
Participar da capacitao dos membros da equipe quanto preveno,
manejodo tratamento, aes de vigilncia epidemiolgica e controle das
doenas;
Orientar a comunidade quanto ao uso de medidas de proteo
individual efamiliar para a preveno de doenas.
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Incidncia / 100 mil Hab
2 DENGUE
Doena infecciosa febril aguda, que pode ser de curso benigno ou
grave, adepender de sua forma de apresentao: formas inaparentes,
dengue clssico (DC),febre hemorrgica da dengue (FHD) ou sndrome do
choque da dengue (SCD), podendoevoluir para o bito. Considera-se a
dengue um dos maiores problemas de sadepblica do mundo,
especialmente nos pases tropicais, cujas condies
scio-ambientaisfavorecem o desenvolvimento e a proliferao de seu
principal vetor o Aedes aegypti.
A dengue , hoje, uma das doenas mais freqentes no Brasil,
atingindo apopulao em todos os estados, independente da classe
social. At o ano de 2007,somente o estado de Santa Catarina no
apresentou transmisso autctone.
Apesar da proporo relativamente baixa de casos graves (FHD/SCD)
em termode nmeros absolutos, quando comparados aos casos de dengue
clssico, esses devemser vistos de forma especial, considerando suas
altas taxas de letalidade e cuidados queessas formas demandam em
relao aos pacientes.
Incidncia da dengue por municpio, no Brasil, em 2002 e 2005.
Agente Etiolgico: vrus de genoma RNA,do qual so reconhecidos
quatro sorotipos(DEN1, DEN2, DEN3 e DEN4).
2002 2005
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2.1 VETORES
No Brasil, a principal espcie vetora o Aedes aegypti, havendo
tambm o Aedesalbopictus, o qual no se tem at o momento comprovao de
sua importncia comotransmissor dessa doena no Brasil. A transmisso
ocorre pela picada da fmea domosquito vetor. O Aedes aegypti
originrio da frica, possui a cor escura, rajado debranco nas patas
e corpo, em tamanho um pouco menor que um pernilongo comum.
No seu ciclo de vida, o Aedesapresenta quatro fases: ovo, larva,
pupa eadulto. O mosquito adulto vive, em mdia,de 30 a 35 dias. A
sua fmea pe ovos de4 a 6 vezes durante sua vida e, em cadavez,
cerca de 100 ovos, em locais com gualimpa e parada.
Um ovo do Aedes aegypti podesobreviver por at 450 dias
(aproximadamente1 ano e 2 meses), mesmo que o local ondeele foi
depositado fique seco. Se esse recipiente receber gua novamente, o
ovo volta a ficarativo, podendo se transformar em larva,
posteriormente em pupa e atingir a fase adultadepois de,
aproximadamente, dois ou trs dias. Quando no encontra recipientes
apropriados(criadouros), a fmea do Aedes aegypti, em casos
excepcionais, pode voar a grandes distnciasem busca de outros
locais para depositar seus ovos.
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2.2 CICLO DE VIDA DO AEDES AEGYPTI
Nas habitaes, o adulto do Aedes aegypti encontrado, normalmente,
emparedes, mveis, peas de roupas penduradas e mosquiteiros.
A fmea do Aedes aegypti costuma picar as pessoas durante o dia,
paraviabilizar a maturao dos ovos.
No h transmisso pelo contato de um doente ou suas secrees comuma
pessoa sadia, nem em fontes de gua ou alimento.
2.3 MODO DE TRANSMISSO
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2.3.1 Perodo de incubao
Varia de 3 a 15 dias, sendo em mdia de 5 a 6 dias.
2.3.2 Perodo de transmissibilidade
O perodo de transmissibilidade da doena compreende dois ciclos:
um intrnseco,que ocorre no ser humano, e outro extrnseco, que
ocorre no vetor.
A transmisso do ser humano para o mosquito ocorre enquanto
houver presenade vrus no sangue do ser humano, chamado perodo de
viremia.
O homem est apto a infectar o mosquito a partir de 1 dia antes
do aparecimentodos sintomas at o 6 dia da doena.
a) Manifestaes da doena:
Dengue clssico (DC): a febre o primeiro sintoma, sendo
geralmente alta(39 a 40C), com incio abrupto, associada cefalia,
prostao, mialgia, artralgia, dorretroorbitria, exantema maculo
papular e acompanhado ou no de prurido. Tambmpode haver quadros
diarricos, vmitos, nuseas e anorexia. A doena tem duraomdia de 5 a
7 dias; o perodo de convalescena pode se estender de poucos dias
avrias semanas, dependendo do grau de debilidade fsica causada pela
doena.
Febre hemorrgica da dengue (FHD): os sintomas iniciais da FHD
sosemelhantes aos do DC, at o momento em que ocorre a defervescncia
da febre, oque ocorre geralmente entre o 3 e o 7 dias de evoluo da
doena, com posterioragravamento do quadro, aparecimento de
manifestaes hemorrgicas espontneasou provocadas, trombocitopenia
(plaquetas
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Manifestaes clnicas menos freqentes incluem as neurolgicas e
psquicas,isto tanto para adultos, como em crianas, caracterizadas
por delrio, sonolncia, coma,depresso, irritabilidade, psicose
manaca, demncia, amnsia e outros sinais menngeos,paresias,
paralisias (polineuropatias, sndrome de Reye e/ou sndrome de
Guillain-Barr)e encefalite. Surgem no perodo febril ou, mais
tardiamente, na convalescena.
2.3.3 Aspectos clnicos na criana
A dengue na criana, na maioria das vezes, apresenta-se como uma
sndromefebril com sinais e sintomas inespecficos: apatia ou
sonolncia, recusa da alimentao,vmitos, diarria ou fezes amolecidas.
Nos menores de dois anos de idade, os sintomascefalia, mialgia e
artralgia, podem manifestar-se por choro persistente, adinamia
eirritabilidade, geralmente com ausncia de manifestaes
respiratrias.
As formas graves sobrevm geralmente aps o terceiro dia de doena,
quando afebre comea a ceder. Na criana, o incio da doena pode
passar despercebido e oquadro grave ser identificado como a
primeira manifestao clnica. Observa-se inclusivea recusa de
lquidos, podendo agravar seu estado clnico subitamente, diferente
doadulto no qual a piora gradual.
O exantema, quando presente, maculo-papular, podendo
apresentar-se sobtodas as formas (pleomorfismo), com ou sem
prurido, precoce ou tardiamente.
2.3.4 Caso suspeito da doena
Todo paciente que apresente doena febril aguda com durao mxima
de at 7dias, acompanhada de, pelo menos, dois dos seguintes
sintomas: cefalia, dor retroorbitria,mialgia, artralgia, prostao ou
exantema, associados ou no presena de hemorragias.Alm desses
sintomas, o paciente deve ter estado, nos ltimos 15 dias, em rea
ondeesteja ocorrendo transmisso de dengue ou tenha a presena do
Aedes aegypti.
2.3.5 Sinais de alarme
A presena dos sinais de alarme, relacionados a seguir, indica a
possibilidade degravidade do quadro clinico:
dor abdominal intensa e continua;
vmito persistente;
hipotenso postural ou hipotmia;
presso diferenciada
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agitao e/ou letargia;
diminuio da diurese;
diminuio repentina da temperatura corprea ou hipotermia;
aumento repentino do hematcrito;
desconforto respiratrio.
2.3.6 Sinais de choque
hipotenso arterial;
presso arterial convergente (PA diferencial < 20 mmhg);
extremidades frias, cianose;
pulso rpido e fino;
enchimento capilar lento ( < 2 segundos).
2.4 NOTIFICAO
A dengue uma das doenas de notificao compulsria, devendo
todocaso suspeito ou confirmado ser notificado ao Servio de
VigilnciaEpidemiolgica, por meio do Sinan (Sistema de Informao de
Agravos deNotificao) nas fichas de notificao e investigao.
2.5 DIAGNSTICO
importante que as pessoas com suspeita da doena sejam atendidas
nas UnidadesBsica de Sade (UBS). A confirmao da suspeita de DC pode
ser realizada atravs de critrioslaboratoriais (sorologia ou
isolamento viral) ou clnico-epidemiolgico, em perodos de
epidemia.
A dengue possui um amplo espectro clnico, sendo importante
considerar no seu diagnsticodiferencial, algumas doenas principais:
gripe, rubola, sarampo e outras infeces virais, bacterianase
exantemticas. Alm dessas doenas, deve-se observar o perfil
epidemiolgico local.
A histria clnica deve ser o mais detalhada possvel, sendo
imprescindvel os itens a seguir:
Cronologia dos sinais e sintomas, caracterizao da curva febril e
pesquisa desinais de alarme;
Presena de outros casos semelhantes no local de moradia ou de
trabalho ehistrico de deslocamento nos ltimos 15 dias;
Doenas crnicas associadas hipertenso arterial; diabetes melito;
doena pulmonar
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obstrutiva crnica (DPOC); doenas hematologias crnicas; doena
renal crnica;doena severa do sistema cardiovascular; doena
acidopptica e doenas auto-imunes;
Uso de medicamentos, principalmente antiagregantes
plaquetrios,anticoagulantes, antiinflamatrios e
imunossupressores;
Na criana, alm das doenas de base j citadas, valorizar as
manifestaesalrgicas (asma, demartite atpica, etc.).
Um exame fsico detalhado tambm se faz necessrio com vista conduo
emanejo adequado dos pacientes, assim sendo alguns procedimentos so
de extremaimportncia, tais como:
Ectoscopia;
PA em duas posies para adultos e crianas maiores
(sentado/deitado e emp) e pulso. Em crianas, usar manguito
apropriado para a idade (Refernciade normalidade para PA em
crianas) (Murahovschi, J., 2003): RN at 92 horassistlica= 60 a 90
mmHg e diastlica: 20 a 60 mmHg; Lactentes < 1 ano:sistlica=87 a
105 mmHg e diastlica=53 a 66 mmHg; Presso sistlica(percentil 50)
para crianas > de 1 ano=idade em anos x 2 + 90)
Segmento abdominal pesquisa de hepatomegalia, dor e ascite;
Freqncia respiratria;
Exame neurolgico orientado pela histria clnica, nvel de
conscincia, sinaisde irritao menngea;
Verificao do estado de hidratao;
Aferio do peso. (Quando no for possvel aferir o peso, utilizar a
frmula:Lactentes de 3 a 12 meses: P=idade em meses x 0,5 + 4,5 e
Crianas de 1a 8 anos: P= idade em anos x 2 +8,5).
A prova do lao deve ser realizada obrigatoriamente em todos os
casos suspeitosde dengue, durante o exame fsico. Ela de vital
importncia para triagem de pacientessuspeitos de dengue, pois pode
ser a nica manifestao hemorrgica de casoscomplicados ou FHD,
podendo representar a presena de plaquetopenia ou defragilidade
capilar. A sua realizao se d da seguinte forma:
desenhar um quadrado de 2,5cm de lado (ou uma rea ao redor do
polegar)no antebrao da pessoa e verificar a presso arterial
(deitada ou sentada);
calcular o valor mdio (PAS+PAD/2);
insuflar novamente o manguito at o valor mdio e manter por cinco
minutos(em crianas, 3 minutos) ou at o aparecimento de
petquias;
contar o nmero de petquias no quadrado;
a prova ser positiva se houver mais de 20 petquias em adultos e
mais de 10petquias em crianas.
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2.6 DIAGNSTICO DIFERENCIAL
Considerando que a dengue tem um amplo espectro clnico, as
principais doenasque fazem diagnstico diferencial so: influenza,
enteroviroses, sarampo, rubola,parvovirose, eritema infeccioso,
mononucleose infecciosa, exantema sbito e outrasdoenas
exantemticas, hepatite infecciosa, hantavirose, febre amarela,
escarlatina,sepse, meningococcemia, leptospirose, malria,
riquetsioses, sndromes purpricas(sndrome de Henoch-Schonlein, doena
de Kawasaki, prpura autoimune),farmacodermias e alergias cutneas,
abdome agudo na criana. Outros agravos podemser considerados
conforme a situao epidemiolgica da regio.
2.7 TRATAMENTO
Os dados da anamnese e do exame fsico servem para orientar as
medidasteraputicas cabveis e estadiar os casos. A dengue uma doena
dinmica, que permitea evoluo do paciente de um estgio a outro,
rapidamente. O manejo adequado dospacientes depende do
reconhecimento precoce dos sinais de alarme, do
contnuomonitoramento e reestadiamento dos casos e da pronta reposio
hdrica. Com isso torna-se necessria a reviso da histria clnica,
acompanhada do exame fsico completo, a cadareavaliao do paciente,
com o devido registro em instrumentos pertinentes (pronturios,ficha
de atendimento e carto de acompanhamento). No h tratamento
especifico para adengue, o que o torna eminentemente sintomtico ou
preventivo das possveiscomplicaes. As medicaes utilizadas so
analgsicos e antitrmicos, que controlam ossintomas, como a dor e a
febre. As drogas antivirais, o interferon alfa e a
gamaglobulina,testada at o momento, no apresentaram resultados
satisfatrios que subsidiem suaindicao teraputica. At o momento, no
h uma vacina eficaz contra a dengue.
O doente no pode tomar remdios base de cido acetil saliclico,
umavez que essa substncia aumenta o risco de hemorragia.
Por ser uma doena de evoluo dinmica, pode ser caracterizada em
gruposcom condutas distintas:
2.7.1 Grupo A
Caracterizao
Febre por at sete dias, acompanhada de pelo menos dois sinais e
sintomasinespecficos (cefalia, prostrao, dor retroorbitria,
exantema, mialgia eartralgia) e histria epidemiolgica
compatvel;
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Ausncia de manifestaes hemorrgicas (espontneas e prova do lao
negativa);
Ausncia de sinais de alarme.
Conduta
1. Conduta diagnstica
a) Exames especficos:
A confirmao laboratorial orientada de acordo com a situao
epidemiolgica:
Em perodos no epidmicos: solicitar o exame de todos os casos
suspeitos;
Em perodos epidmicos: solicitar o exame conforme a orientao da
vigilnciaepidemiolgica;
Solicitar sempre nas seguintes situaes:
Gestantes (diagnstico diferencial com rubola);
Crianas, idosos (hipertensos, diabticos e outras
co-morbidades).
b) Exames inespecficos:
Hemograma Completo: Recomendado para todos os pacientes com
dengueem especial aqueles que se enquadrem nas seguintes situaes:
lactentes (menores de2 anos), gestantes, maior de 65 anos,
hipertenso arterial, diabetes, DPOC, doenashematolgicas, outras
crnicas (principalmente anemia falciforme), doena renal
crnica,doena grave do sistema cardiovascular, doena cido-pptica e
doenas auto-imunes.Coleta no mesmo dia e resultado em at 24
horas.
2. Conduta teraputica
a) Hidratao oral
Adulto: Calcular o volume de lquidos de 60 a 80 ml/kg/dia, sendo
um tero com soluosalina e iniciando com volume maior. Para os dois
teros restantes, orientar a ingesto de lquidoscaseiros (gua, sucos
de frutas, soro caseiro, chs, gua de coco, etc.), utilizando-se os
meios maisadequados idade e aos hbitos do paciente. Especificar o
volume a ser ingerido por dia.
Por exemplo, para um adulto de 70kg, orientar:
1 dia: 80 ml/kg/dia (aprox. 6,0 L):
Perodo da manh: 1 L de SRO e 2 L de lquidos caseiros;
Perodo da tarde: 0,5 L de SRO, 1,5 L de lquidos caseiros;
Perodo da noite: 0,5 L de SRO e 0,5 L de lquidos caseiros.
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2 dia: 60 ml/kg/dia (aprox. 4,0 L), distribudos ao longo do dia,
de formasemelhante.
A alimentao no deve ser interrompida durante a hidratao, mas
administradade acordo com a aceitao do paciente;
Crianas: orientar a hidratao oral no domiclio, de forma precoce
eabundante com lquidos e soro de reidratao oral, oferecendo com
freqnciade acordo com a aceitao da criana.
Orientar sobre sinais de alarme e desidratao.
No existe contra-indicao formal para o aleitamento materno.
b) Drogas em Sintomticos o uso destas drogas em sintomticos
recomendado para os pacientes com febre elevada ou dor. Deve ser
evitada avia intramuscular. Antitrmicos e analgsicos
1. Dipirona
Crianas 1 gota/kg at de 6/6 horas (respeitar dose mxima para
peso eidade);
Adultos 20 a 40 gotas ou 1 comprimido (500 mg) at de 6/6
horas.
2. Paracetamol
Crianas uma gota/kg at de 6/6 horas (respeitar dose mxima para
pesoe idade);
Adultos 20 a 40 gotas ou um comprimido (500 mg a 750 mg) at de
6/6horas.
Em situaes excepcionais, para pacientes com dor intensa, pode-se
utilizar, nosadultos, a associao de paracetamol e fosfato de codena
(7,5 a 30 mg) at de 6/6horas.
Os salicilatos no devem ser administrados, pois podem causar
sangramento.
Os antiinflamatrios no hormonais e drogas com potencial
hemorrgico nodevem se utilizados.
Antiemticos
1. Metoclopramida
Adultos: 1 comprimido de 10mg at de 8/8 horas;
Crianas: < 6 anos: 0,1 mg/kg/dose at 3 doses dirias.
Uso hospitalar.
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2. Bromoprida
Adultos: 1 comprimido de 10 mg at de 8/8 horas;
Crianas: 0,5 a 1 mg/kg/dia em 3 a 4 doses dirias.
Parenteral: 0,03 mg/kg/dose, IV.
3. Alizaprida
Adultos: 1 comprimido de 50 mg at de 8/8 horas.
4. Dimenidrinato
Crianas (via oral): 5 mg/kg/dose, at 4 vezes ao dia.
Antipruriginosos
O prurido na dengue pode ser extremamente incmodo, mas
autolimitado,durando em torno de 36 a 48 horas. A resposta
teraputica antipruriginosa usual nemsempre satisfatria, mas podem
ser utilizadas as medidas a seguir:
Medidas tpicas: banhos frios, compressas com gelo, pasta dgua,
etc;
Drogas de uso sistmico
1. Dexclorfeniramina
Adultos: 2 mg at de 6/6 horas;
Crianas: 0,15 mg/kg/dia at de 6/6 horas;
2. Cetirizina
Adultos: 10 mg 1 vez ao dia;
Crianas (6 a 12 anos): 5 ml (5 mg) pela manh e 5 ml a noite;
3. Loratadina
Adultos: 10 mg 1 vez ao dia;
Crianas: 5 mg 1 vez ao dia para paciente com peso 12 anos): 25 a
100 mg, via oral, 3 a 4 vezes ao dia
Crianas de 0-2 anos: 0,5 mg/kg/dose, at 4 vezes ao dia;
Crianas de 2-6 anos: 25-50 mg/dia, em 2 a 4 vezes ao dia;
Crianas de 6-12 anos: 50-100 mg/dia.
Orientaes aos pacientes e familiares
Todos os pacientes (adultos e crianas) devem retornar
IMEDIATAMENTE emcaso de aparecimento de sinais de alarme.
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O desaparecimento da febre (entre o segundo e sexto dia de
doena) marcao incio da fase crtica, razo pela qual o paciente dever
retornar para novaavaliao, no primeiro dia desse perodo.
Crianas: retornar ao servio 48 horas aps a primeira
consulta.
2.7.2 Grupo B
Caracterizao
1 Febre por at sete dias, acompanhada de pelo menos dois sinais
e sintomasinespecficos (cefalia, prostrao, dor retroorbitria,
exantema, mialgia eartralgia) e histria epidemiolgica
compatvel;
2 Manifestaes hemorrgicas (espontneas e com prova do lao
positiva) semrepercusso hemodinmica;
3 Ausncia de sinais de alarme.
Conduta
Esses pacientes devem ser atendidos inicialmente nas Unidades de
Ateno Bsica,podendo necessitar de leito de observao, na dependncia
da evoluo.
1. Conduta diagnstica
a) Hemograma completo: obrigatrio
A coleta deve ser imediata, com resultado no mesmo perodo.
b) Exames especficos (sorologia/isolamento viral):
obrigatrio.
2. Conduta teraputica
a) Hidratao oral - conforme recomendado para o grupo A, at o
resultado doexame.
b) Sintomticos uso de analgsicos e antitrmicos.
Seguir conduta conforme resultados dos exames inespecficos.
Paciente com hemograma normal
Tratamento em regime ambulatorial, como Grupo A.
Paciente com hematcrito aumentado em at 10% acima do valor
basalou, na ausncia deste, as seguintes faixas de valores: crianas:
>38% e 40% e 45% e
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Tratamento ambulatorial;
Hidratao oral (80 ml/kg/dia), conforme orientado no grupo A;
Sintomticos;
Orientar sobre sinais de alarme;
Retorno para reavaliao clnico laboratorial em 24 horas e
reestadiamento.
Paciente com hematcrito aumentado em mais de 10% acima do valor
basal ou,na ausncia deste, os seguintes valores: crianas: >42%;
mulheres: >44%; homens:>50% e/ou plaquetopenia 100.000 mm3:
hidratao oral em casa. Ver quadro denecessidades hdricas
dirias.
Ht > 10% do basal ou > 42%: hidratao oral em observao (ver
quadro) ouse necessrio parenteral. Fazer expanso com 20 ml/kg de SF
ou Ringer lactatoem 2 horas. Reavaliao clnica e da diurese
(observando volume e densidadeurinria). Se normal: retorno conduta
do grupo A. Refazer Ht com 4 horas. Seno melhorar, conduta inicial
do grupo C e D.
Considerar os seguintes valores normais de hematcrito:
< 1 ms Ht: 51%2 meses a 6 meses Ht: 35%
6 meses a 2 anos Ht: 36%
2 anos a 6 anos Ht: 37%
6 anos a 12 anos Ht: 38%
**Adaptado de Nelson e Dalman PR. In: Rudolph Pediatrics, New
York, Appleton, 1997
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c) Hidratao Parenteral Adulto
Calcular o volume de lquidos em 80 ml/kg/dia, sendo um tero na
forma desoluo salina e dois com soluo glicosada a 5%.
Por exemplo, para um adulto de 55 kg, prescrever:
Volume: 80 ml x 55 kg = 4.400 ml. Volume a ser prescrito: 4.500
ml em 24horas, sendo 1.500 ml de Soro Fisiolgico e 3.000 de Soro
Glicosado a 5%.
1. Primeira fase (4 horas):
a. Soro Fisiolgico 500 ml;
b. Soro Glicosado a 5% 1.000 ml.
2. Segunda fase (8 horas):
a. Soro Fisiolgico 500 ml;
b. Soro Glicosado a 5% 1.000 ml.
3. Terceira fase (12 horas):
a. Soro Fisiolgico 500 ml;
b. Soro Glicosado a 5% 1.000 ml.
Outra forma de calcular o volume de hidratao, utilizar a frmula
25 ml/kg paracada fase a ser administrada. Por exemplo, para o
mesmo paciente:
1. Primeira fase: 25 ml x 55 kg=1.375 ml. Volume prescrito:
1.500 ml em 4horas:
a. Soro Fisiolgico 500 ml;
b. Soro Glicosado a 5% 1.000 ml.
2. Segunda fase: 25 ml x 55 kg = 1.375 ml. Volume prescrito:
1.500 ml em 8horas:
a. Soro Fisiolgico 500 ml;
b. Soro Glicosado a 5% 1.000 ml.
3. Terceira fase: 25ml x 55kg = 1.375 ml. Volume prescrito:
1.500 ml em 12horas:
a. Soro Fisiolgico 500 ml;
b. Soro Glicosado a 5% 1.000 ml.
d) A reposio de potssio deve ser iniciada, uma vez observada o
incio dediurese acima de 500 ml ou 30 ml/hora.
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2.7.3 Grupo C e D
Caracterizao
Febre por at sete dias, acompanhada de pelo menos dois sinais e
sintomasinespecficos (cefalia, prostrao, dor retroorbitria,
exantema, mialgia eartralgia) e histria epidemiolgica
compatvel;
Presena de algum sinal de alarme;
Choque;
Manifestaes hemorrgicas presentes ou ausentes.
Conduta
Esses pacientes devem ser atendidos inicialmente em qualquer
nvel decomplexidade, sendo obrigatria hidratao venosa imediata,
inclusive durante eventualtransferncia para unidade de
referncia.
1. Conduta diagnstica
a) Exames especficos Obrigatrio
b) Exames inespecficos:
Hematcrito, hemoglobina, plaquetometria, leucograma e outros,
conformea necessidade (gasometria, eletrlitos, transaminases,
albumina, raio x detrax perfil e decbito lateral com raios
horizontalizados - Laurell, ultra-sonografia de abdome);
Outros, orientados pela histria e evoluo clnica: uria,
creatinina, glicose,eletrlitos, provas de funo heptica, lquor,
urina, etc.
2. Conduta teraputica
2.1 Grupo C paciente sem hipotenso
Leito de observao em unidade com capacidade para realizar
hidrataovenosa sob superviso mdica por perodo mnimo de 24
horas;
Hidratao EV imediata: 25 ml/kg em quatro horas, com soro
fisiolgico ouringer lactato, de preferncia em bomba de infuso
contnua. Repetir esta faseat 3 vezes se no houver melhora do
hematcrito ou de sinais hemodinmicos.
Reavaliao clnica e de hematcrito aps quatro horas e de plaquetas
aps 12 horas;
Se houver melhora clnica e laboratorial, iniciar etapa de
manuteno com25 ml/kg em cada uma das etapas seguintes (8 e 12
horas); se a resposta forinadequada, repetir a conduta anterior,
reavaliando ao fim da etapa. A prescriopode ser repetida por at trs
vezes;
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Se houver melhora, passar para etapa de manuteno com 25 ml/kg em
cadauma das etapas seguintes (8 e 12 horas);
Se a resposta for inadequada, tratar como paciente com hipotenso
(verabaixo).
2.2 Grupo D paciente com hipotenso ou choque
Iniciar a hidratao parenteral com soluo salina isotnica (20
ml/kg/hora)imediatamente, independente do local de atendimento. Se
necessrio, repetirpor at trs vezes;
Leito de observao em unidade, com capacidade de realizar
hidratao venosasob superviso mdica, por um perodo mnimo de 24
horas;
Sintomticos;
Reavaliao clnica (cada 15-30 minutos) e hematcrito aps duas
horas;
Se houver melhora do choque (normalizao da PA, dbito urinrio,
pulso erespirao), tratar como paciente sem hipotenso;
Se a resposta for inadequada, avaliar a hemoconcentrao;
Hematcrito em ascenso:
Utilizar expansores plasmticos (colides sintticos -10
ml/kg/hora, na faltadeste, fazer albumina - 3 ml/kg/hora).
Hematcrito em queda:
investigar hemorragias e transfundir concentrado de hemcias
senecessrio;
investigar coagulopatias de consumo e discutir conduta com
especialista, senecessrio;
investigar hiperidratao (sinais de insuficincia cardaca
congestiva) e tratarcom:
diurticos, se necessrio;
Em ambos os casos, se a resposta for inadequada, encaminhar para
a unidadede cuidados intensivos.
2 Monitoramento laboratorial
Hematcrito a cada duas horas, durante o perodo de
instabilidadehemodinmica, e a cada quatro a seis horas nas
primeiras 12 horas apsestabilizao do quadro;
Plaquetas a cada 12 horas.
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Outros distrbios eletrolticos e metablicos que podem exigir
correoespecfica
Em pacientes com choque, devero ser realizadas gasometria
arterial, dosagemde eletrlitos, uria, creatinina e outros que se
faam necessrio. Desta forma, serpossvel estimar a magnitude do
distrbio hidroeletroltico e cido-bsico. Em geral, areposio precoce
do volume de lquido perdido corrige a acidose metablica.
Em pacientes com choque que no respondem a duas etapas de
expanso eatendidos em unidades que no dispem de gasometria, a
acidose metablica poderser minimizada com a infuso de 40 ml de
Bicarbonato de Sdio 8,4% durante a terceiratentativa de
expanso.
Critrios de internao hospitalar
Presena de sinais de alarme;
Recusa de ingerir alimentos e lquidos;
Comprometimento respiratrio: dor torcica, dificuldade
respiratria, diminuiodo murmrio vesicular ou outros sinais de
gravidade;
Plaquetas < 20.000/mm33333, independente de manifestaes
hemorrgicas;
Impossibilidade de seguimento ou retorno unidade de sade.
Critrios de alta hospitalar
Os pacientes precisam preencher todos os seis critrios
abaixo:
a) Ausncia de febre durante 24 horas, sem uso de terapia
antitrmica;
b) Melhora visvel do quadro clnico;
c) Hematcrito normal e estvel por 24 horas;
d) Plaquetas em elevao e acima de 50.000/mm3;
e) Estabilizao hemodinmica durante 24 horas;
f) Derrames cavitrios em reabsoro e sem repercusso clnica.
Confirmao laboratorial
Diagnstico sorolgico
a) Coleta a partir do sexto dia do incio dos sintomas;
b) A tcnica disponvel nos laboratrios centrais do pas o
ELISA;
c) Outras tcnicas como Inibio de hemaglutinao e teste de
neutralizao noso utilizadas na rotina.
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Diagnstico por deteco de vrus ou antgenos virais de vrus ou
antgenos virais
a) Isolamento viral: seu uso deve ser orientado pela vigilncia
epidemiolgicacom o objetivo de monitorar os sorotipos
circulantes;
a.1) Coleta at o quinto dia de incio dos sintomas;
b) Deteco de antgenos virais pela imuno-histoqumica de
tecidos;
c) Diagnstico molecular feito pelo RT-PCR.
Diagnstico laboratorial nos bitos suspeitos
a) Todo bito deve ser investigado;
b) Deve-se coletar sangue para isolamento viral e/ou sorologia e
tecidos paraestudo anatomopatolgico e isolamento viral;
c) O procedimento deve ser feito to logo seja constatado o bito
e fragmentosde fgado, pulmo, bao, gnglios, timo e crebro devem ser
retirados pornecropsia ou, na impossibilidade, por puno de
vscera.
a) Para isolamento viral o material deve ser colado em
recipiente estril, enviadoimediatamente para o laboratrio,
acondicionado em nitrognio lquido ou geloseco. Caso no seja possvel
o envio imediato, acondicionar em geladeira(+40C) por at seis
horas. NO COLOCAR NO CONGELADOR.
b) Para a histopatologia o material deve ser colocado em frasco
com formalinatamponada, mantendo e transportando em temperatura
ambiente.
Classificao final do caso
A padronizao da classificao de casos permite a comparao da
situaoepidemiolgica entre diferentes regies. A classificao
retrospectiva e, para suarealizao, deve-se reunir todas as
informaes clnicas e laboratoriais do paciente,conforme descrito a
seguir:
1. Caso confirmado de dengue clssica
o caso suspeito confirmado laboratorialmente. Em curso de uma
epidemia, aconfirmao pode ser feita pelos critrios
clnico-epidemiolgicos, exceto nosprimeiros casos da rea, que devero
ter confirmao laboratorial.
2. Caso confirmado de febre hemorrgica da dengue
o caso confirmado laboratorialmente e com todos os seguintes
critrios presentes:
a) febre ou histria de febre recente de sete dias;
b) trombocitopenia (
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d) extravasamento de plasma devido ao aumento de permeabilidade
capilar,manifestado por: hematcrito apresentando um aumento de 20%
sobre obasal na admisso ou queda do hematcrito em 20%, aps o
tratamento;ou presena de derrame pleural, ascite e
hipoproteinemia.
A dengue hemorrgica pode ser classificada, de acordo com a sua
gravidade em:
Grau I: febre acompanhada de sintomas inespecficos, em que a
nica manifestaohemorrgica a prova do lao positiva;
Grau II: alm das manifestaes do Grau I, hemorragias espontneas
leves(sangramento de pele, epistaxe, gengivorragia e outros);
Grau III: colapso circulatrio com pulso fraco e rpido,
estreitamento da pressoarterial ou hipotenso, pele pegajosa e fria
e inquietao;
Grau IV: (Sndrome do Choque da Dengue (SCD)): choque profundo
com ausnciade presso arterial e presso de pulso imperceptvel.
Quadro de hidratao
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2.8 PREVENO
A melhor forma de se evitar a dengue combater os criadouros que
possamacumular gua como: latas, embalagens, garrafas, copos
plsticos, tampinhas derefrigerantes, pneus velhos, pratos de vaso
de plantas, jarros de flores, garrafas, caixasdgua, tambores,
lates, lajes das casas, cisternas, sacos plsticos, lixeiras,
floreiras decemitrio, calhas em desnvel que escorrem as guas de
chuva e ralos, entre outros.
2.9 MEDIDAS DE CONTROLE
O controle da dengue exige, sem dvida, um esforo das autoridades
de sade. Mastambm preciso envolver outros setores da administrao de
um municpio, a exemplo dalimpeza urbana, abastecimento de gua,
saneamento, educao e turismo, entre outros.
importante lembrar que, para se reproduzir, o Aedes aegypti se
utiliza todo tipode recipiente que as pessoas costumam usar nas
atividades do dia-a-dia. Essesrecipientes costumam se juntar a cu
aberto, nos quintais das casas, em terrenos baldiose mesmo em
lixes.
Por essa razo, necessrio que as aes para o controle da dengue
sejam feitosde maneira intersetorial mas tambm a participao efetiva
de cada morador, na eliminaodos criadouros j existentes, ou de
possveis locais para reproduo do mosquito, defundamental
importncia.
Para prevenir e controlar a dengue, a nica maneira impedir que
omosquito se prolifere, interrompendo seu ciclo de reproduo, ou
seja,impedindo que os ovos sejam depositados em locais com gua
limpa e parada.
2.9.1 Algumas medidas para preveno da dengue
a) No interior dos imveis:
No deixar acumular gua em pratos de vasos de plantas e xaxins.
Colocarareia preenchendo o prato at sua borda ou lavar,
semanalmente, com esponjaou bucha e sabo, para eliminar
completamente os ovos do mosquito.
Lavar, semanalmente, os bebedouros de animais com escova,
esponja ou bucha,e trocar sua gua, pelo menos, uma vez por
semana.
No deixar qualquer depsito de gua sem estar bem fechado (ex.:
potes,tambores, filtros, tanques, caixas dgua e outros). Qualquer
fresta, neste tipode depsito, suficiente para a fmea conseguir
colocar os ovos e iniciar umnovo ciclo.
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b) No exterior dos imveis:
Limpar as calhas e lajes das casas. Se houver piscina, lembrar
de que a guadeve estar sempre tratada;
Manter as caixas dgua, poos, lates e tambores bem vedados;
Guardar garrafas vazias de boca para baixo;
Eliminar a gua acumulada em plantas, como bambus, bananeiras,
bromlias,gravats, babosa, espada de So Jorge, dentre outras;
Entregar os pneus inservveis para limpeza pblica ou, se
necessrio, guard-los em locais protegidos da gua da chuva;
No jogar lixo em terrenos baldios;
Tampar as garrafas descartveis, antes de coloc-las no lixo;
Separar copos descartveis, tampas de garrafas, latas, embalagens
plsticas, enfim tudoque possa acumular gua. Colocar em saco
plstico, fechar bem e colocar no lixo.
Manter o lixo tampado e seco at seu recolhimento para destinao
adequada;
Essas medidas contribuem para evitar a reproduo do mosquito da
dengue emanuteno do ambiente domstico livre do vetor. A acomodao e
o destino adequadodo lixo so problemas que hoje atingem toda
populao, tanto nas reas urbanas comorurais. Ao orientar os
moradores para selecionar os recipientes e guard-los de
formaadequada, se evitar que sejam jogados em rios ou deixados a cu
aberto, trazendooutros problemas para a comunidade (como foco de
ratos e de outros animais,entupimento de bueiros, dentre
outros).
A educao em sade e a participao comunitria devem ser
promovidas,exaustivamente, at que a comunidade adquira
conhecimentos e conscincia doproblema e passe a mudar o
comportamento, mantendo as residncias livres do vetor.
2.9.2 Vigilncia Epidemiolgica
Os objetivos do Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD)
concentram-se em evitar que ocorram infeces pelo vrus da dengue,
controlar a ocorrncia deepidemias evitando a ocorrncia de bitos.
Para que estes objetivos aconteam, os dezcomponentes de ao do PNCD
devem ser implantad