O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
Ficha catalográfica Produção Didático-PedagógicaProfessor PDE/2009
Título “ Desvendando a paisagem local na perspectiva da geografia cultural”
Autor Maria Madalena Albergoni
Escola de Atuação Escola Estadual Jardim Apucarana
Município da escola Almitante Tamandaré
Núcleo Regional de Educação Área Metropolitana Norte
Orientador Luis Diniz Lopes Filho
Instituição de Ensino Superior Universidade Federal do Paraná
Área do Conhecimento Paisagem
Produção Didático-Pedagógica (indicar o tipo de produção conforme Orientação 03/2008 disponível na página do PDE)
Trata-se de material multimídia para tv pendrive
Relação Interdisciplinar (indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)
geografia
Público Alvo ( indicar o grupo com o qual o professor PDE desenvolveu o trabalho: professores, alunos, comunidade...)
aplicado aos alunos da 7ª série do período da tarde
Localização (identificar nome e endereço da escola de implementação)
Escola Estadual Jardim Apucarana- rua Indaial, nº 60 bairro Jardim Apucarana.
Apresentação: (descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples)
É fato de que os educandos vivem numa realidade multifacetada, que inclui uma grande heterogeneidade de pessoas. A Geografia não deve estar, como uma componente curricular, à parte da vida, do cotidiano. É preciso pensar em práticas de ensino-aprendizagem que os estimulem a aprender e a pensar sobre sua realidade. Nesta proposta pretende discutir alguns conceitos fundamentais para o desenvolvimento do trabalho e relacioná-los a paisagem local
levando em conta a produção dos alunos, fazendo com que ele produza conhecimento, investigue, analise saia da posição de mero espectador, ouvinte, para se tornar um produtor, utilizando os meios tecnológicos disponíveis à eles .A preocupação relaciona-se com a necessidade de uma geografia mais objetiva sistemática dos conceitos balizadores da Geografia numa tentativa de relacionar-se com a proposição neste estudo, partindo de uma contextualização, econstruír um corpo referencial que expresse possibilidades analíticas da Geografia, entre elas o estudo da paisagem no espaço de vivência do aluno.
Palavras-chave ( 3 a 5 palavras)
ESPAÇO GEOGRÁFICO-PISAGEM-PAISAGEM LOCAL
MARIA MADALENA ALBERGONI DE ANDRADE
DESVENDANDO A PAISAGEM LOCAL NA PERSPECTIVA DA GEOGRAFIA
CULTURAL
MATERIAL APRESENTADO AO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO
DE EDUCAÇÃO-PDE DO GOVERNO
ESTADUAL DO PARANÁ,
UNIVERSIDADE FEDERAL DO
PARANÁ, ORIENTADOR ; LUIZ
LOPES DINIZ FILHO
Almirante Tamandaré
2009/2010
PRODUÇÃO DIDÁTICO –PEDAGÓGICO
É um material didático-pedagógico a ser elaborado para utilização
durante o processo de implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica
na Escola, sob a orientação do professor Orientador da IES. Considerando a
natureza do projeto, esta produção poderá ter a seguinte forma: Caderno
pedagógico, unidade temática, unidade didática, material multimídias. produção
de softwares educativos livres, atlas, mapas, artigo científico.
No referido projeto de Implementação pedagógica, a professora
participante do PDE, juntamente com seu orientador optou-se em fazer um
material de multimídia para TV pendrive.
O tema a ser estudado será o estudo da paisagem local, com o estudo,
pretende-se trabalhar com os conceitos de espaço geográfico, paisagem, lugar
partindo de uma investigação do bairro, para entender os arranjos espaciais,
analisando as alterações sofridas em consequências das ações
socioeconômicas impostas pela sociedade. enfocando e analisando o espaço
de vivência do aluno, afim de que a paisagem seja desvendada aos seus olhos.
Do que foi solicitado como produção pedagógico, a professora produziu
um material de multimídia para ser utilizado na TV pendrive em forma de
slides. Será aplicado com os alunos de 7ª séries durante as aulas,e algumas
atividades serão preparadas em horário de contra turno, ( período manhã )
dentro dos 25% da carga horária destinada aos professores participantes do
PDE, outras em sala de aula . Nos dias pré-estabelecidos com pais, alunos,
direção , professor e equipe pedagógica, os alunos estarão na escola no
período do contra turno para desenvolverem as atividades marcadas . Serão
trabalhadas na forma de grupos: “pensando o bairro e o município”, o teatro,
as entrevistas e a montagem do painel com as fotos onde cada questão será
preparada por diferentes grupos. Aquelas em são de natureza conceitual,
textos, poesias serão trabalhadas em sala de aulas juntamente com as que
fazem parte das estratégias de ações.
TEMA DE ESTUDO DO PROFESSOR PDE
O tema de estudo será a paisagem, pois a partir dela será analisado o local
de vivência dos alunos levando-os a estudarem seu espaço de ação,
compreendendo as transformações ocorridas no lugar em que moram.
TÍTULO
Desvendando a paisagem local na perspectiva da Geografia Cultural
JUSTIFICATIVA DO TEMA DE ESTUDO
Os professores devem sempre buscar alternativas para melhorar a didática, a
metodologia e a aprendizagem dos alunos. Por meio da ação e da organização do
currículo, da estruturação dos conteúdos e ao mesmo tempo, da ação prática que o
professor deve ter para orientar uma aprendizagem significativa, ou seja, permitindo
que o ensino e a aprendizagem sejam voltados para percepção de vida deste aluno
e ao mesmo tempo, o torne um ser que compreenda a organização espacial dos
lugares e território.
É fato que os educandos vivem numa realidade multifacetada, que inclui uma
grande heterogeneidade de pessoas, ideias, multimeios, mídias e sentimentos
diversos. É um intenso fluxo de informações que faz parte do dia-a-dia deles e
exercem importante papel na construção de seus conhecimentos, quer sejam eles
prévios e/ou escolares, e no diálogo entre eles. A Geografia não deve estar, como
uma componente curricular, à parte da vida, do cotidiano. É preciso pensar em
práticas de ensino-aprendizagem que os estimulem a aprender e a pensar sobre sua
realidade.
Nessa proposta, pretende-se discutir alguns conceitos fundamentais para o
desenvolvimento do trabalho e relacioná-los a paisagem local levando em conta a
produção do aluno, fazendo com que ele produza conhecimento, investigue,
analise, saia da posição de mero espectador, ouvinte, para se tornar um produtor,
utilizando os meios tecnológicos disponíveis.
O professor não irá apresentar uma pesquisa pronta e acabada, tudo será
feito por etapas e com o prazer da descoberta das coisas presente no cotidiano.
Inicialmente vamos discutir e definir a ocupação do espaço, porque é através dele
que vamos analisar e questionar como se efetivou a ocupação do bairro. A seguir
será abordado o conceito de paisagem, uma vez que é que se baseará toda a nossa
metodologia de “leituras”, discussões dos dados empíricos ao longo da ocupação
do espaço ocupado pelos moradores.
A preocupação relaciona-se com a necessidade de uma geografia mais
objetiva sistemática dos conceitos balizadores da Geografia numa tentativa de
relacionar-se com a proposição neste estudo, partindo de uma contextualização,
e construir um corpo referencial que expresse possibilidades analíticas da
Geografia, entre elas o estudo da paisagem no espaço de vivência do aluno.
Com o pensamento de que a Geografia se expressou e se expressa
suportada por um conjunto de conceitos que, por vezes, são considerados
como equivalentes, a exemplo do uso do conceito de espaço geográfico, ao de
paisagem, entre outros, pretende-se ir além da memorização conceitual dos temas
para uma construção de conhecimento significativo para as pessoas. Percebe-se
que os conceitos geográficos expressam níveis de abstração diferenciados e por
consequência, possibilidades operacionais também diferenciadas.
Com o estudo, pretende-se trabalhar com os conceitos de espaço geográfico,
paisagem, lugar partindo de uma investigação do bairro, para entender os arranjos
espaciais, analisando as alterações sofridas em consequências das ações
socioeconômicas impostas pela sociedade.
Outros temas serão também trabalhados, a exemplo do conceito de
sociedade, ocupação do bairro, do espaço utilizado pela escola e suas
transformações, o surgimento dos loteamentos, a utilização dos rios pelos
moradores, o surgimento da ocupação Nova Morada e os problemas (lixos jogados
nas ruas, desemprego, violência. Partindo do princípio de que a atividade docente
dos dias de hoje deve se preocupar com a necessidade de elaboração de práticas
que sejam capazes de dar conta da atualidade assim como de arcabouços teóricos
e metodológicos que sejam capazes de oferecer subsídios para a vida presente.
Para ensinar Geografia, então, precisamos enfatizar o processo e não o fim,
pois sabemos que o conhecimento não deve ser tomado como algo pronto e
acabado e nem o professor como um informador, mas sim, um formador, facilitador,
mediador. É isto que faz com que o jovem aprenda a pensar geograficamente. Isto
só pode ser feito quando as ações docentes forem desenvolvidas com o objetivo de
criar novas condições de aprendizagens.
A Geografia traz o estudo do espaço geográfico por meio de alguns temas.
Uma análise da paisagem constituída ao longo do tempo, como uma combinação
entre fenômenos e objetos naturais e culturais construídos pela sociedade.
O aluno precisa sentir-se parte paisagem, investigar seu papel nela, enquanto
membro de uma realidade histórica constituinte. Pressupõe-se que a construção de
conceitos na escola ocorre por uma organização sistematizada do conhecimento.
Ela é diferente de outras formas de aprendizagem, que podem ocorrer a partir de
outras conexões, que não são intencionais nem tão pouco sistematizadas, com os
elementos pré-existentes na estrutura cognitiva dos alunos.
Os conhecimentos prévios devem se constituir no início dos trabalhos,
catalisadores do processo de ensino-aprendizagem, que deve visar ao
conhecimento produzido no contexto escolar. O conceito geográfico de paisagem, na
perspectiva cultural aqui adotada, permite o entendimento da paisagem, valorizando
a atitude científica, fundamentada na experiência de vida, na articulação entre
conhecimentos prévios e escolares (geográficos), além de criar situações de
entendimento ativo e reflexivo da realidade.
Nessa linha de abordagem, podemos destacar a contribuição do geógrafo
inglês Denis Cosgrove, que, segundo DUNCAN (1990:4), imprime uma nova marca
na geografia cultural, sob a influência de John Berger, que parte do pressuposto de
que as paisagens não são neutras, mas refletem as relações de poder e “as
maneiras de ver o mundo” dominantes (MCDOWELL:1996:175). Berger considera
também que os nossos conhecimentos e crenças afetam o modo como vemos a
paisagem (BERGER:1974:13), pois a maneira de olhar a paisagem é cultural, assim,
o pesquisador como está culturalmente situado, o modo como ele vê a paisagem é
culturalmente e historicamente produzido.
Na sua abordagem, Cosgrove propõem a integração entre o materialismo
dialético e a apreensão da paisagem por meio do seu significado, pois ele considera
que a paisagem deve ser analisada como resultante da forma como a sociedade a
organiza a partir do modo de produção, dotando-a de significado. O próprio conceito
de paisagem, para COSGROVE & JACKSON (2000:18), é uma forma especial de
dar significados, estruturar e compor o mundo externo, “cuja história tem que ser
entendida em relação à apropriação material da terra”. Nessa direção, COSGROVE
(1978:70) ressalta a necessidade de cooperação entre os teóricos da geografia
cultural humanista e os da geografia social marxista, para, em conjunto, explorar o
mundo do homem e as geografias da mente, ajudando a compreensão da paisagem
geográfica nos seus aspectos objetivos e subjetivos. Nessa perspectiva de
abordagem, a paisagem teria, ao mesmo tempo, um componente objetivo, pois é
apropriada e transformada pela ação do homem, e um componente subjetivo, que
são os significados da mente específico. Nessa perspectiva, o pesquisador é
considerado um intérprete especial, desse modo, ao interpretar a paisagem segundo
o seu ponto de vista e o daqueles que produzem, reproduzem e transformam a
paisagem (DUNCAN:1990:15), é utilizado o método hermenêutico
Sabemos que os conceitos construídos pelos alunos não podem ser
entendidos apenas como fruto da imaginação, mas sim como algo que tem
coerência com aquilo que eles conhecem já de antemão, partindo de suas
experiências. Cada indivíduo tem uma relação própria com a paisagem que o cerca,
e cada um a percebe de maneira diferente, de forma singular. Tais diferenças estão
ligadas com a percepção que cada um construiu em relação ao meio, que envolve
ainda a percepção em relação à sociedade, ao trabalho, à natureza e aos próprios
homens, fazendo com que o espaço experienciado apresente diferentes significados
e provoque diferentes reflexões.
Os estudos sobre percepção ambiental da paisagem podem trazer respostas
a uma dúvida que persegue o homem: “Onde estou?”. Desse modo, muitas
questões, no processo da investigação da percepção ambiental, exigem
pensamentos e olhares geográficos. Nessa perspectiva, o ser humano pode tomar
consciência de que ele destrói, constrói e reconstrói o espaço no qual está inserido
e, a partir daí, gerenciar seu espaço geográfico de maneira satisfatória. Nas relações
do homem com a natureza, estão inseridos objetos de significados variados, e por
meio da experiência e conhecimento auxilia a identificação e apreensão da
complexidade dessas relações. Percebe-se que os conceitos geográficos expressam
níveis de abstração diferenciados e por consequência, possibilidades operacionais
também diferenciadas.
Com o estudo, pretende-se trabalhar com os conceitos de espaço geográfico,
paisagem, partindo de uma investigação do bairro em que a escola está localizada
e que a maioria dos alunos moram, para entender os arranjos espaciais,
analisando as alterações sofridas em consequências das ações socioeconômicas
impostas pela sociedade. Outros conceitos poderão também serem trabalhados, a
exemplo do conceito de sociedade, a ocupação do bairro pelas pessoas, de onde
vieram e porque vieram morar neste lugar, as formas de utilização dos espaços, o
surgimento dos loteamentos que moram os alunos, a utilização dos rios pelos
moradores, a o surgimento da ocupação Nova Morada e os problemas surgidos
como: lixo jogado nas ruas, desemprego, violência, o inchaço nas escolas, e outros
, e principalmente como os moradores enfrentam os dias atuais, um estudo das
estruturas presentes na região e as que os moradores necessitam e associando
aos impactos no espaço ocupado, paisagem local será desvendada aos olhos do
educando.
PROBLEMA/ PROBLEMATIZAÇÃO
Para que serve o ensino da geografia na vida do aluno? A geografia possui
uma vasta herança no discurso ordenador do mundo, mas na escola, ela tem sido
apresentada como uma disciplina desinteressante para os alunos, não reprova e
basta fazer um “trabalhinho” para recuperar nota e ser aprovado.
A perspectiva paisagística dessa disciplina consiste em descobrir, inventariar
e diferenciar o espaço terrestre a partir, sobretudo, de seus elementos visíveis e
invisíveis. Essa dimensão do objeto liga-se diretamente à constatação da variada
feição do mundo material, qualquer que seja a interpretação subjetiva ou a
sensibilidade histórica em jogo. Antes de compreender o olhar do homem sobre o
mundo que lhe acolhe e repele antes de se tornar o território de sua exploração e
intervenção, a paisagem o fato do mundo, a sua feitura é preciso compreender os
arranjos espaciais.
A contradição entre descrever exaustivamente aquilo que é conhecido, por um
lado, ou explicar o feitio integral do mundo, por outro, seria resolvida através das
generalizações, isto é, criando-se conjuntos de formas espaciais gerais e uniformes
a partir das regularidades constatadas nos estudos de caso. Será que os
professores estão fazendo isso em suas aulas? Quando observamos um lugar,
podemos descrever os elementos que formam a paisagem desse lugar: construções,
campos, indústrias, vilas, entre outros, no entanto, para que essa paisagem possa
ser vista como dado geográfico, temos que estabelecer as relações econômicas e
sociais, responsáveis pelo "retrato" de um lugar no espaço geográfico (a paisagem).
Como trabalhar esses conceitos de maneira que o mundo por ele vivido seja
compreendido?
Com as transformações ocorridas pela evolução histórica da ciência na
discussão de sua entrada na escola do Brasil, muito se questionou, sugeriram-se
temas ,vários modelos filosóficos e metodologias de ensino foram criadas para que o
ensino efetivasse a aprendizagem do aluno. Mas, o que temos visto é uma outra
prática, o professor está confuso na hora de entrar na sala de aula, local em que
acontece a aprendizagem, fica em muitos casos, apenas limitado a fazer resumo,
copiar do livro sem análise crítica do saber, ou seja, a reprodução pela reprodução,
um fim em si mesmo. Como trabalhar a geografia nas escolas de maneira
significativa para o aluno?
A dimensão do objeto liga-se diretamente a constatação da variada feição do
mundo material, qualquer que seja a interpretação subjetiva ou a sensibilidade
histórica em jogo. Antes de compreender o olhar do homem sobre o mundo que lhe
acolhe e repele, antes de se tornar o território de sua exploração e intervenção, a
paisagem o fato do mundo, a sua feitura é preciso compreender os arranjos
espaciais. A geografia proposta nos currículos e a prática de sala de aula
conseguem realmente analisar, questionar o espaço como tal deve ser?
OBJETIVO GERAL
Criar condições para que o aluno possa começar a partir de sua localidade e
do cotidiano do lugar, a construir sua ideia do mundo, valorizando inclusive o
imaginário que tem dele.
Específicos
- Compreender as múltiplas interações entre sociedade e natureza nos conceitos de
lugar explicitando sua interação, resulta a identidade das paisagens e lugares.
- Apresentar o ser humano como agente transformador e agente transformado das
mudanças que sofrem as paisagens.
- Desenvolver uma reflexão crítica sobre os processos de ocupação e consequente
transformação da paisagem que estão estudando
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
POR QUE ESTUDAR A PAISAGEM LOCAL?
Cada paisagem tem sua própria dinâmica funcional, que é sustentada por
mecanismo e balanços de fluxos de energia, matéria e informação específicos e por
uma cadeia de relações reversíveis (homeostáticas) que asseguram a integridade e
coerência do sistema (DIAKONOV, 1988).
Analisar a natureza e o significado do poder enquanto um campo de
investigação com inúmeras diversidades teórico-metodológicas é uma tarefa
complexa, independente de sua escala, mesmo considerando "relações concretas,
socialmente construídas e territorialmente localizadas - a chamada análise do local"
(Fischer, 1992, p. 106). O que se denomina de local, remete-se, no Brasil, à esfera
municipal, o lugar de exercício do poder, prefeitura e câmara municipal e as
múltiplas instituições sociais a esta esfera vinculadas (Daniel, 1988).
Compreende-se, também, como Fischer (1992), que o poder local constitui-se
nas relações que delimitam o poder entre os diferentes grupos sociais, ocorrendo
externamente a esta esfera.
Para entender o local e as relações de poder nele existentes, não basta
identificá-lo ao poder político. É preciso conceituá-lo como o poder exercido
econômico, social, cultural e simbolicamente. Nas palavras de Fischer (1992, p.
106):
A noção de ”local” contém duas ideias complementares em um sentido e
antagônicos em outro. Se o 'local' refere-se a um âmbito espacial delimitado e pode
ser identificado como base, território,microrregião e outras designações que
sugerem constância e certa inércia, contém igualmente o sentido de espaço abstrato
de relações sociais que se deseja privilegiar e, portanto, indica movimento e
interação de grupos sociais que se articulam e se opõem em relação a interesses
comuns. E, assim, invariavelmente a análise do 'local' remete ao estudo do poder
enquanto relação de forças, por meio das quais se processam as alianças e os
confrontos entre atores sociais, bem como ao conceito de espaço delimitado e à
formação de identidades e práticas políticas específicas. No entanto, se o espaço
local tem um fundamento territorial inegável, não se resume a este, como, aliás,
assinalam os geógrafos ao nos dizerem das muitas maneiras de se construir os
espaços, refutando fronteiras institucionais e reconstruindo-as em função de
problemáticas adotadas.
Concorda-se, ainda, com a autora que o poder local "alude-se ao conjunto de
redes sociais que se articulam e se superpõem, com relações de cooperação e
conflito, em torno de interesses, recursos e valores, em um espaço cujo contorno é
definido pela configuração desse conjunto" (FISCHER, 1992, p. 106).
Villasante (1988, apud Fischer, 1992) conclui que o local é menos um espaço
físico e mais um conjunto de redes estruturadas em torno de interesses
identificáveis. Essa identificação leva a indagações sobre o espaço político local, as
competições e os conflitos, sobre a memória política local e as formas de exercício
do poder. O local é, então, a singularidade, com história e memória próprias, com
identidades e práticas políticas determinadas. "Como objeto de investigação o local
não é, portanto, apenas fisicamente localizado, mas socialmente construído"
(FISCHER, 1992, 107).
É bem verdade que as dimensões escalares do espaço geográfico sofreram
mudanças com as transformações econômicas, sociais e políticas impetradas pelo
processo de globalização. Alguns chegam a afirmar que a falência de projetos de
desenvolvimento regional tornaram essa escala obsoleta. Outros, que a redefinição
do significado do Estado-Nação coloca em questão a escala nacional.
Apesar de não concordar com essas abordagens, indica-se que o local
assume, nesse contexto, um papel importante, pois é nele que as diferentes
articulações,advindas desses processos, tornam-se mais visíveis. É o acontecimento
configurando o que é local. É a realidade vivida e vivenciada, mas como Davidovich
(1993), Daniel (1988, p. 30) também conforma que os grupos dominantes locais se
representam como portadores da tradição local e do esclarecimento, razão pela qual
se percebem como responsáveis pela condução do município e pelo seu futuro. (...)
Na medida em que sua constituição se dá no nível simbólico [são formados]
por agentes sociais de raízes heterogêneas: profissionais liberais, membros do
empresariado local, das classes médias assalariadas do município, etc. Esses
grupos, quase sempre em minoria, acabam por ter poder sobre a região e sua
população, inclusive repassando às novas gerações sua maneira de agir e de
pensar, permitindo se não perpetuar, ao menos consolidar a hegemonia nas
decisões locais. A população é manipulada, voluntariamente ou não, pelo caráter
simbólico de crenças, valores e outros, bem como pelos meios de comunicação (que
transmitem essas ideologias), legitimando as ações dos grupos detentores de poder
outro conceito complementar ao de ambiente é o de lugar. Este é concebido como o
espaço de vivência e manifestação das relações sociais, cujo maior conhecimento
das suas representações sócio-espaciais (cognitivas), leva os sujeitos a criarem
afetividades com o seu local de vivência Desta forma, para entender o ambiente,
seja na escala global ou especificamente na escala local, é necessário compreender
de forma integrada como as dinâmicas da natureza e da sociedade se manifestam,
no caso deste texto a partir de uma concepção de totalidade.
O conceito de paisagem não é um consenso entre a comunidade geográfica.
Sua aceitação e utilização operacional dependem da matriz teórica uma concepção
torna-se hegemônica sobre as demais. Nesse contexto o homem passa a ser
sujeito, ser social e histórico que produz o mundo e a si próprio. Daí a possibilidade
de ele poder pensar a realidade em que está inserido, descobrindo-se nela e
percebendo-se na sua totalidade, onde se revelam as desigualdades e as
contradições.
nos o conhecimento do espaço vivido, percebido e concebido em sua cotidianidade
.
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