Top Banner
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I
62

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

Nov 10, 2018

Download

Documents

ngodieu
Welcome message from author
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Page 1: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

Page 2: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

1

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS

EDUCACIONAIS

QUATIGUÁ

2010

Page 3: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

2

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

LEONICE TRISTÃO DA SILVA LOPES

Page 4: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

3

NRE: JACAREZINHO

MUNICÍPIO: QUATIGUÁ

NOME DO PROFESSOR PDE: LEONICE TRISTÃO DA SILVA LOPES

ÁREA/DISCIPLINA: HISTÓRIA

PROFESSOR ORIENTADOR: ROBERTO CARLOS MASSEI

1. UNIDADE DIDÁTICA

Desenvolvida por meio do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, na área de História, com o tema de intervenção Pedagógica – A Magia do Candomblé e a Umbanda.

Page 5: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

4

(www.xangosol.com/fotos.HTM)

INTRODUÇÃO

No contexto do projeto de intervenção pedagógica: O negro, o processo de

formação da cultura brasileira e o ensino de História, serão abordadas as religiões africanas,

especialmente o Candomblé e a Umbanda.

Este estudo também quer retratar o início de um caminho que estamos buscando

percorrer: valorizar a cultura afro-brasileira, incluindo a preocupação em abordar a

religiosidade afro-brasileira. O intuito vem em consonância com a implementação da lei

Page 6: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

5

10639/03, a qual institui a obrigatoriedade do ensino da história da África e da cultura afro-

brasileira. (DIRETRIZES CURRICULARES, ENSINO DE HISTÓRIA, 2008. P.15).

Quando se fala em religiões africanas, especialmente aquelas que no passado, os

antropólogos e historiadores chamavam de “primitivas”, uma certa tradição em associá-las

num todo unitário. Entretanto, sob a aparente unidade, mal se disfarça uma extrema

diversidade. Animismo, práticas mágicas e rituais só adquirem significado preciso na

multiplicidade de experiência religiosa africana, quando relacionada à organização tribal.

(BASTIDE, 1975, p. 36).

Outra crença, igualmente difundida, é a de que os sistemas religiosos

“primitivos” têm natureza basicamente diversa da experiência vivida pelas grandes religiões

universais. Entretanto, em muitas religiões africanas encontram-se frequentemente elaboradas,

construções abstratas e uma imensa espiritualidade, como o que se expressa na idéia de um

deus incriado e criador. (BASTIDE, 1975, p. 38).

Para pensar sobre religião no Brasil, temos que levar em conta os traços culturais

que formaram o povo brasileiro e, no que se refere a nossa temática, considerar a imensidão

de caracteres do branco e do negro. Já é sabido que a contribuição cultural do africano sempre

foi posta sob um olhar etnocêntrico europeu, mas temos que aprender a reconhecer a

criatividade e perseverança dos seus descendentes em tentar reavivar seus costumes, suas

crenças. E o sincretismo com o catolicismo foi uma das formas de não deixar se apagar o seu

imaginário religioso africano. Outra forma é reinterar as crenças africanas o mais próximo de

suas origens, tentando hoje em dia, evitar mesclar ritos não africanos. (GOMES, 2003, p.15).

O sincretismo é explicado pela necessidade do negro em resistir ao domínio

religioso da igreja católica. Ele não parava por aí, pois era comum a mistura entre os cultos

africanos, devido ao contato entre negros de diferentes nações africanas, cujos laços de

parentesco ou de pertencer às mesmas etnias tinham se perdido estrategicamente para

diminuir as resistências (CADERNOS TEMÁTICOS, 2006, p.10).

O negro usava a fusão ou adaptação dos seus cultos com os da Igreja Católica

como forma de resistir, de fugir das punições corporais e de, mesmo geograficamente

distante, manter-se perto da África. Região que se configurava naquele momento e naquela

situação como objeto de desejo de muita gente por representar riquezas diferentes: para o

branco, o sentido material e para o negro no Brasil, o sentido espiritual e cultural. (SOARES,

2002, P. 45).

Alguns grupos étnicos vieram para a América como escravos negros no período

colonial, conseguiram manter a própria tradição cultural através da religião. Suas

Page 7: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

6

manifestações religiosas eram geralmente aceitas pelos brancos que consideravam uma forma

particular de assimilação do catolicismo. Assim, através do Candomblé, a religião africana

primitiva pode sobreviver e mesmo se expandir, funcionando como contracultura em face da

cultura dominante. (SOARES, 2002, p. 75).

No Brasil colonial, o catolicismo popular, apesar da objeção dos doutores da

Igreja Católica “deu brecha” às manifestações africanas, ainda que comedidas. Os negros não

tiveram uma efetiva catequização. Além disso, a Igreja Católica permitia a presença das

irmandades e confrarias de pretos, como forma de controle social, mas que para os negros

contribuíram na compra de algumas alforrias e numa forma de não destruir por completo, a

solidariedade étnica. (LODY, 1987. p. 28).

O país convive com um catolicismo sincrético, em que, por exemplo, aquele que

vai à missa, vai também ao terreiro buscar os passes para evitar os males da vida.

O sincretismo religioso entre as manifestações católicas e africanas no Brasil é

extremamente praticado, apesar de na teoria a igreja católica defender a sua ortodoxia.

(LODY, 1987, p. 46).

Busco consolidar os esforços teóricos metodológicos da oralidade tribal africana,

no sentido de uma memória depositária acumulativa de valores civilizatórios e seus conteúdos

teológicos e filosóficos, bem como a transmissão desse conhecimento passado de geração a

geração nas diversas denominações étnicas de cultos, como o Candomblé e a Umbanda.

(SILVA, 1996, P. 36).

O Candomblé procura resgatar, mesmo que seja uma tarefa difícil, suas raízes

africanas, enquanto cabe à Umbanda, status de religião efetivamente brasileira, por não se

preocupar em preservar as marcas africanas originais.(SILVA, 1996, p.49).

As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a

respeito de aspectos políticos, econômicos e culturais, sociais e das relações entre o ensino da

disciplina e a produção o conhecimento histórico.

Page 8: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

7

No documento (DCE) a organização do currículo para o ensino de história tem

como referência os conteúdos estruturantes, entendidos como conhecimentos que aproximam

e organizam os campos da História e seus objetos. (DIRETRIZES CURRICULARES PARA

O ENSINO DE HISTÓRIA, 2008, p. 24).

Os Conteúdos Estruturantes: Relação de Trabalho, Relações de Poder, Relações

Culturais podem ser identificados no processo histórico da constituição da disciplina no

referencial teórico que sustenta a investigação histórica.

Estes conteúdos estruturantes são carregados de significados, os quais delimitam

e selecionam os conteúdos e os temas históricos. (DIRETRIZES CURRICULARES PARA O

ENSINO DE HISTÓRIA, 2008, p. 25).

A LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) nº 9394/96, que data de

20 de dezembro de 1996, estabelece que no seu inciso III, do artigo 3º, que o ensino deverá

respeitar o “pluralismo das ideias e de concepções pedagógicas”. A heterogeneidade cultural é

o foco das escolas e do componente curricular. (LDB, 1996, p. 262).

Sob uma perspectiva de inclusão social, é essencial que a influência africana na

cultura brasileira tenha o mesmo valor e contribuição de outros povos, proporcionando

integração e conscientização de que formamos um todo pela soma das diversidades. E

conforme a demanda da comunidade afro-brasileira por reconhecimento, valorização e

afirmação de direitos, no que diz respeito à educação, passou a ser particularmente apoiada

com a promulgação da lei 10639/03, estabelecendo a obrigatoriedade do ensino de História e

cultura afro-brasileira e africana (LDB, 1996, p. 263). O que é preciso fazer é reconhecer a

relevância cultural da religiosidade afro-brasileira. As comunidades religiosas vêm buscando

valorizar suas raízes africanas para redimensionar seu papel na sociedade brasileira, porém,

uma vez inseridas, essas comunidades passam a fazer parte da realidade brasileira e, portanto

de grande interesse. Lembremos que são grupos sociais presentes, que partilham hábitos de

comportamento, seguem crenças e que vêem nelas o sagrado. (GOMES, 2003, p.135).

Page 9: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

8

A ÁFRICA COMO OBJETO DE DESEJO

A África é o berço de um leque diverso de culturas humanas. Praticamente não se

pode falar de algo que seja genuíno ou universalmente africano, isto é, seus sistemas sociais

vão de sociedades estratificadas que praticavam a escravidão até à comunidades sem classes.

(BASTIDE, 1975, p. 49).

As transações comerciais envolviam os negros como produtos, se avolumavam,

explicando a entrada de africanos sudaneses e bantos no Brasil colonial. Os sudaneses

trouxeram o Candomblé para o Brasil e os bantos adotaram essa religião, fazendo adaptações

a sua cultura.

Entre as principais etnias negras que vieram para o Brasil estão:

- Sudaneses: (África Ocidental), abrangendo os territórios da Nigéria; Benin (ex

Daomé) e Togo. Ainda os sudaneses podem ser organizados em vários grupos subdivididos

em pequenas nações como: iorubas ou nagô (subdivididos em kêto, ijexá, egbá, etc.) Jeje

(subdivididos em ewe ou fon) Fanti-ashanti Nações islamizadas (haussá; tapa; peul; fula e

mandinga).

- Bantos: (sul africano), provenientes dos territórios do Congo; Angola

(subgrupos de caçanjes, bengulas e outros) e Moçambique. (SILVA, 1996, p. 27).

Page 10: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

9

(www. Fietreca.org.br/.)

Outra característica cultural genericamente difundida é a religião baseada no

culto aos antepassados e divindades (orixás, voduns e inquices). Este tipo de crença torna-se

patente, sobretudo entre os falantes de língua níger-congo e os povos influenciados por eles.

Em certos casos, como os iorubas da Nigéria, a elevação de algum antepassado de estirpe real

ou de algum herói a uma categoria elevada especial conferiu à religião básica, centrada no

Page 11: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

10

culto aos antepassados, a dimensão de uma espécie de politeísmo. E ainda dentro desse leque

cultural há os africanos cristianizados ou islamizados. Portanto, não há como definir o culto

do Candomblé, como culto de matriz africana, mas como identificação de nações étnicas

africanas, a exemplo dos iorubas. (SOARES, 2002, p. 77).

Culto aos orixás, de origem totêmica e familiar, é uma das religiões afro-brasileiras

praticadas principalmente no Brasil, pelo chamado povo do santo.

A religião que tem por base a anima (alma) da natureza, sendo portanto chamada

de anímica, foi desenvolvida no Brasil com o conhecimento dos sacerdotes africanos que

foram escravizados e trazidos da África para o Brasil, juntamente com seus orixás, inquices,

voduns, sua cultura e seu idioma, entre 1549 e 1588. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, p. 8).

Embora confinado originalmente à população de negros escravizados, proibido

pela Igreja Católica e criminalizado por alguns governos, o Candomblé prosperou nos quatro

séculos e expandiu consideravelmente desde o fim da escravatura em l888.

O Candomblé com suas danças e batuques é uma festa com suas divindades

geniosas, é a religião afro-brasileira mais influente no país. (NUNES, 1979.p.56).

OS TERREIROS DO CANDOMBLÉ

No Candomblé os terreiros são antes de tudo, um espaço físico que vai além da

relação transcendental e espiritual, tornavam-se também um espaço ideológico carregado de

ações políticas e sócio-culturais, como por exemplos, estabelecer estratégias de sobrevivência

e na época da escravidão, de projetos de liberdade. (SILVA, 1996, P.36).

O terreiro ou casa-de-santo é simultaneamente templo e morada. A vida cotidiana

dos mortais mistura-se com os rituais dos orixás. A família-de-santo (a mãe ou o pai e os

Page 12: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

11

filhos de santo) não são necessariamente parentes de sangue e divide os cômodos com os

deuses.(SILVA, 1996, p. 38).

O templo do Candomblé é tão digno de respeito como qualquer outro, seja ela

edificado ao ar livre, em contato com a natureza, ou em santuários individuais, salões públicos

para festas ou locais para iniciações religiosas, podendo ser chamado de roça, terreiro, casa-

de-santo e outros. O cômodo principal é o barracão onde os humanos e santos se encontram

em festas. (MURRAY, 1007, p. 47).

Por trás do barracão há várias instalações comuns a uma residência: sala de jantar

e de estar, cozinha e quartos, nem todos destinados aos mortais. Há os quartos de santo, onde

ficam os pejis (altares) e os assentamentos (Objetos e símbolos) dos orixás. Com exceção de

certas divindades como Exu e Ogum, que colocados em altares externos, forma de proteção

dos terreiros.

O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços) ficam recolhidos durante o

período de iniciação. Essa proximidade dos abiás com outros membros do terreiro é

fundamental, é assim que os iniciados entram em contato com os procedimentos rituais da

casa. O fiel do Candomblé aprende com os olhos e com os ouvidos. Ele deve prestar atenção

a tudo e não perguntar nada.

Os terreiros também têm uma área externa, onde estão as casas dos outros orixás.

A de Exú, por exemplo, fica perto da porta de entrada. (MURRAY, 1997, p. 59).

O assentamento é a representação viva do orixá pertencente, segundo a

concepção do povo de Candomblé, por isso tem que ser nutrido com diferentes tipos de

alimentos, de acordo com a preferência alimentar de cada divindade. Os sacrifícios de

animais, cujo sangue fomentará o axé e fortalecerá os papéis de cada integrante do terreiro.

A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO DOS TERREIROS

Ao reunir em um mesmo espaço o local de moradia e de culto, pode ser

genericamente uma reprodução dos padrões africanos de habitações coletivas, principalmente

entre os iorubas, que são chamados de egbes ou compounds-conjunto de casas que se

acumulam umas contra as outras e muitas vezes se interconectam, possuem quartos de

tamanhos distintos, abertos em geral para pátios e varandas.

O pátio do compound é dedicado a um deus (Exú) que garante a proteção

espiritual, somado as outras divindades internas dos núcleos familiares. Os mortos eram

Page 13: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

12

sepultados e cultuados no interior do compound. Assim, simultaneamente nos terreiros, os

orixás com seus quartos individuais, o culto aos mortos também permaneceu no quarto de

balé ou de egum (espírito dos mortos) e barracão, local de festas públicas, onde reproduz o

pátio interno do compound. (NUNES, 1979, 153).

OS TEMPLOS

(www.sobresites.com/candomblé)

Os templos do Candomblé são chamados de casas, roças ou terreiros. As casas

podem ser de linhagem matriarcal, patriarcal ou mista.

Casas pequenas, que são independentes, possuídas e administradas pelo babaloixá

ou yalorixá, dono da casa e pelo orixá principal respectivamente. Em caso de falecimento do

dono, a sucessão na maioria das vezes é feita por parentes consangüíneos, caso não tenha um

sucessor interessado em continuar, a casa será desativada. Não há nenhuma administração

central.

Page 14: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

13

Casas grandes, que são organizadas, tem uma hierarquia rígida, não é de

propriedade do sacerdote, nem toda casa grande é tradicional, é uma sociedade civil ou

beneficiente.

Casas de linhagem matriarcal (só mulheres) assumem a liderança da casa como

yalorixá.

Ilê Axé Iyá Nassô Oká- Casa Branca – Engenho Velho- considerada a primeira

casa a ser aberta em Salvador, Bahia.

Ilê Maroiá Lajié – mãe Olga de Alaketu, fundada em 1636 no Matatu de Brotas

por Otampe Ojavô.

Ilé Axé Opó Afonjá – Opó Afonhá – Salvador, Bahia e Coelho da Rocha, Rio de

Janeiro. (SILVA, 1996, P. 40).

( www.xangosol.com/fotos.HTM).

Kwe Kpodaba-Axé Podaba, fundada em 1851, Rio de Janeiro.

Ilé Omo Ojá Legi, Mesquita, Rio de Janeiro.

Zoogodô Bogum Malê Rondó – terreiro do Bogum, Salvador, Bahia.

Querebentam de Zomadônu-casa das minas, fundada mais ou menos em 1796 em

São Luiz do Maranhão.

Page 15: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

14

Ilê Axé Iyá Atara Magbá-Santa Cruz da Serra – Rio de Janeiro. Fundada e

dirigida por Omindarewa de Yemanjá.

Casas de linhagem patriarcal (só homens) assumem a liderança da casa como

babalorixá no culto aos orixás ou babaojé noculto aos egungum.

Ilê Agboulá – ilha de Itaparica

Sociedade Cultural e Religiosa Ilê Oxipá – Ilê Oxipá, Salvador, Bahia.

Casas de linhagem mista, tanto homens como mulheres podem assumir a

liderança da casa.

Ilê Axé Oxumaré-casa de Oxumaré, Salvador, Bahia.

Ilê Axé Odó Ogé – terreiro Pilão de Prata, Salvador, Bahia.

Oba Ogunté – terreiro Oba Oguntém Recife, Pernambuco.

Kwe Ceja Houndé – Roça do Ventura, Cachoeira e São Félix, Bahia.

Ilê Axé Lejá Ogunté – casa deYemanjá – Maceió, Alagoas.(REVISTA

CANDOMBLÉ, 2008, p. 12).

(www.hojelusofonia.com/lusofonia/candomble).

Page 16: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

15

A lei federal nº 6292/75 protege os terreiros de Candomblé no Brasil, contra

qualquer tipo de alteração de sua formação material ou imaterial. O Instituto do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e o Instituto Artístico Cultural da Bahia (IPAC) são

os responsáveis pelo tombamento das casas. (NUNES, 1979, p. 160).

No Brasil existe uma divisão nos cultos: Ifá, Egungum, Orixá, Vodum e Nkisi,

são separados por tipo de iniciação do sacerdócio.

Culto de Ifá só inicia Babalawos, não entram em transe.

Culto aos Egungum só inicia Babaojés, não entram em transe.

Candomblé Ketu inicia Iyawos, entram em transe com os orixás.

Candomblé Jeje inicia voduns, entram em transe com Vodum.

Candomblé Bantu inicia muzenzas, entram em transe com Nkisi.

SACERDÓCIO

Nas religiões afro-brasileiras o sacerdócio é dividido em:

Babalorixá ou Iyalorixá – sacerdotes de Orixás.

Babalaxé ou Iyalaxé-sacerdote e líder da sociedade.

Doté ou Dome – sacerdote dos Voduns.

Tatete ou Mameto – sacerdotes de Inkices.

Babalawo – sacerdote de Orunmila- Ifá do culto de Ifá.

Bokonon – sacerdote de Vodum Fá

Babalosaim – sacerdote de Ossaim.

Babaojé - sacerdote do culto aos Egungum. (REVISTA HISTÓRIA VIVA, 2007,

p. 10).

Page 17: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

16

A família de santo foi à forma de organização que estruturou os terreiros, onde

africanos e seus descendentes se reuniam, estabelecendo vínculos entre si, baseados em laços

de parentesco religioso, além de imanar os iniciados, expande para outros terreiros, parentes

de uma mesma família fundadora.

Cada terreiro de Candomblé é uma família hierarquizada, onde a figura central é

intitulada de mãe-de-santo ou pai-de-santo. (GOMES, 2003, P. 153).

A morte de uma dessas figuras abre sempre uma guerra sucessória. Na sucessão é

importante o critério de senioridade dos candidatos, seu grau iniciático, seu nível de

conhecimento sacerdotal. Mas isso não é suficiente. O resultado da escolha depende da

tradição sucessória da casa, do jogo político entre os membros que pleiteiam o cargo, da

situação jurídica do terreiro (propriedade) entre os herdeiros legais, que podem ou não querer

o cargo, mas sim só a propriedade imobiliária. Em geral, as casas não sobrevivem ao seu

fundador, é provável formação de novas casas pelos dissidentes. Como por exemplo, os

terreiros de Gantois e do Axé Opô Afonjá, originários da Casa Branca do Engenho Velho, que

é grande matriz cultural do Candomblé, fundado em meados do século passado e considerado

o primeiro(GOMES, 2003, p. 156).

Em alguns terreiros a sucessão se faz de mulher para mulher. Em caso de morte

de uma yalorixá, a sucessora é escolhida, geralmente entre suas filhas, na maioria das vezes

por meio de um jogo divinatório Opelle-Ifá ou jogo de búzios. O Candomblé de Gantois

sempre foi dirigido por mulheres, até recentemente a direção de Gantois era de Escolástica

Maria da Conceição Nazaré-conhecida como mãe Menininha, a mais famosa e venerada mãe-

de-santo de todos os tempos. Entretanto, a sucessão pode ser disputada ou pode não encontrar

um sucessor e conduz frequentemente a rachar ou ao fechamento da casa. (GOMES, 2003, P.

159).

Page 18: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

17

(www.xangosol.com/fotos.HTM)

Cada um deles tem seu símbolo, o seu dia da semana, sua vestimenta e cores

próprias e como os homens, são temperamentais.

EXÚ

(www.orixasdobrasil.com.br)

Page 19: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

18

Orixá mensageiro entre os homens e os deuses, guardião da porta da rua e das

encruzilhadas. Só através dele é possível invocar os orixás.

Elemento: fogo.

Personalidade: atrevido e agressivo.

Símbolo: ogó (um bastão adornado com cabaças e búzios).

Dia da semana: segunda-feira.

Colar: vermelho e preto.

Roupa: vermelha e preta.

Sacrifício: bode e galo preto.

Oferendas: farofa com dendê, feijão, inhame, água, mel e aguardente.

Santo católico: demônio.

Características: mensageiro, comunicação, fecundidade, zombaria e vingança.

Local de culto: encruzilhada e cemitério. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, p. 12).

OGUM

(www.sobresites.com>candomblé>orixas)

Page 20: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

19

deus da guerra, do fogo e da tecnologia. No Brasil é conhecido como deus guerreiro. Sabe

trabalhar com metal e sem a sua proteção, o trabalho não pode ser proveitoso.

Elemento: ferro.

Símbolo: espada.

Personalidade: impaciente e obstinado.

Dia da semana: terça-feira.

Colar: azul marinho.

Roupa: azul, verde escuro, vermelho ou amarelo.

Sacrifício: galo e bode avermelhados.

Oferendas: feijoada, xinxim, inhame.

Santos católicos: Santo Antonio (Bahia) e São Jorge (Rio de Janeiro).

Características: metalurgia, guerra, vidência.

Local de culto: estrada e caminhos. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, P. 15).

OXÓSSI

(www.sobresites.com./candomblé/)

Page 21: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

20

deus da caça. É o grande patrono do Candomblé brasileiro.

Elemento: florestas.

Personalidade: intuitivo e emotivo.

Características: agilidade e virilidade.

Símbolo: rabo de cavalo e chifre de boi.

Dia da semana: quinta-feira.

Colar: azul claro.

Roupa: azul ou verde claro.

Sacrifícios: galo e bode avermelhados e porco.

Oferendas: milho branco e amarelo, peixe de escamas, arroz, feijão e abóbora.

Santos católicos: São Miguel (Pernambuco), São Jorge (Bahia), São Sebastião (Rio de

Janeiro).

Local de culto: mata. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, P. 17).

OBALUAIÊ

(www.orixasdobrasil.com.br)

Page 22: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

21

Deus da peste, das doenças de pele e atualmente da aids. É o médico dos pobres.

Elemento: terra.

Personalidade: tímido e vingativo.

Características: medicina, saúde, epidemia, morte.

Símbolo: xaxará (feixe de palha e búzios).

Dia da semana: segunda-feira.

Colar: preto e vermelho ou vermelho, branco e preto.

Roupa: vermelha e preta, coberta de palha.

Sacrifício: galo, pato, bode e porco.

Oferendas: pipoca, feijão preto, farofa e milho, com muito dendê.

Santos católicos: São Roque e São Lázaro.

Local de culto: cemitérios. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, P. 19).

OXUM

(www.sobresites.com>candomblé>orixas)

Page 23: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

22

deusa das águas doces, (rios, fontes e lagos). É também deusa do ouro, da fecundidade, do

jogo de búzios e do amor.

Elemento: água

Personalidade: maternal e tranqüila.

Características: criação, riqueza, feminilidade e fertilidade.

Símbolo: abebê (leque espelhado).

Dia da semana: sábado.

Colar: amarelo ouro.

Roupa: amarelo ouro

Sacrifício: cabra, galinha, pomba.

Oferendas: milho branco, xinxim de galinha, ovos, peixe de água doce.

Santos católicos: Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora

Aparecida.

Local de culto: rios, lagos e cachoeiras. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008. P. 21).

IANSÃ

(www.orixasdobrasil.com.br).

deusa dos ventos e das tempestades. É senhora dos raios e dona da alma dos mortos.

Page 24: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

23

Elemento: fogo.

Personalidade: impulsiva e imprevisível.

Características: metalurgia, guerra, ritos fúnebres, sensualidade, domínio sobre os mortos.

Símbolo: espada e rabo de cavalo (representando a realeza).

Dia da semana: quarta-feira.

Colar: vermelho, marrom escuro.

Roupa: vermelha.

Sacrifício: galinha e cabra.

Oferenda: milho branco, arroz, feijão e acarajé.

Santos católicos: Santa Bárbara.

Local de culto: cemitério. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008. P. 24).

OSSAIM

(www.orixasdobrasil.com.br)

Deus das folhas e das ervas medicinais. Conhece seus usos e palavras mágicas (ofós), que

despertam seus poderes.

Elemento: matas.

Personalidade: instável e emotivo.

Características: medicina, saúde, doença.

Símbolos: lança com pássaros na forma de leque e feixe de folhas.

Page 25: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

24

Dia da semana: quinta-feira.

Colar: branco rajado de verde.

Roupa: branco e verde claro.

Sacrifício: galo e carneiro.

Oferendas: arroz, feijão, milho vermelho e farofa de dendê.

Santos católicos: São Benedito, São Roque e São Jorge.

Local de culto: mata. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, p. 26).

NANÃ

(www.hojelusofonia.com/lusofonia/candomble)

deusa da lama e do fundo dos rios, associada a fertilidade, à doença e à morte. É a orixá mais

velha de todas, e por isso muito respeitada.

Elemento: terra.

Personalidade: vingativa e mascarada.

Características: procriação, comunicação, ancestralidade e ritos fúnebres.

Símbolo: ibiri ( cetro de palha e búzios ).

Dia da semana: sábado.

Page 26: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

25

Colar: branco, azul e vermelho.

Roupa: branca e azul.

Sacrifício: cabra e galinha.

Oferendas: milho branco, arroz, feijão, mel e dendê.

Santos católicos: Santa Ana.

Local de culto: lama (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, p. 27)

OXUMARÉ

(www.sobresites.com>candomble>orixas)

deus da chuva e do arco-íris. É ao mesmo tempo de natureza masculina e feminina.

Transporta a água entre o céu e a terra.

Elemento: água.

Personalidade: sensível e tranqüilo.

Características: mensageiro, comunicação, transformação, crescimento.

Símbolo: cobra de metal.

Page 27: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

26

Dia da semana: quinta-feira

Colar: amarelo e verde.

Roupa: azul claro e verde claro

Sacrifício: bode, galo e tatu.

Oferendas: milho branco, acarajé, coco, mel, inhame e feijão com ovos.

Santo católico: São Bartolomeu

Local de culto: poço. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, P. 29).

YEMANJÁ

Considerada a deusa dos mares e oceanos. É a mãe de todos os orixás e

representada com seios volumosos, simbolizado a maternidade, a fecundidade.

Elemento: água.

Personalidade: maternal e tranqüila.

Símbolos: leque e espada.

Dia da semana: sábado

Colar: transparente, verde ou azul claro.

Roupa: branco e azul.

Sacrifício: porco, cabra e galinha.

Oferendas: peixes do mar, arroz, milho, camarão com côco.

Santos católicos: Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora dos Navegantes.

Local de culto: mar e praia. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, p. 30).

A seguir a figura da rainha do mar: Yemanjá.

Page 28: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

27

YEMANJÁ

(www.orixasdobrasil.com.br.)

XANGÕ

deus do fogo e do trovão.Diz a tradição que foi o rei de Oyó, cidade da

Nigéria. É viril, violento e justiceiro. Castiga os mentirosos, e protege os advogados e juízes.

Elemento: fogo.

Personalidade: atrevido e prepotente.

Características: chefia realeza, justiça, virilidade.

Símbolo: machado duplo (oxé).

Dia da semana: quarta-feira.

Colar: branco e vermelho.

Roupa: branca e vermelha, com coroa de latão.

Page 29: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

28

Sacrifício: galo, pato, carneiro e cágado.

Oferendas: amalá ( quiabo com camarão seco e dendê ).

Santos católicos: São Jerônimo e São Pedro.

Local de culto: pedreira. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, p. 31).

(www.hojelusofonia.com/lusofonia/candomble)

OXALÁ

deus da criação. É o orixá que criou os homens. Obstinado e independente, é

representado de duas maneiras: oxaguiã, jovem e oxalufã, o velho.

Elemento: ar

Personalidade: equilibrado e tolerante.

Características: criação, paciência, sabedoria.

Símbolo: oparoxó (cajado de alumínio, com adornos).

Dia da semana: sexta-feira.

Colar: branco.

Roupa: branca.

Sacrifício: cabra, galinha, pomba, pata e caracol.

Oferendas: arroz, milho branco e massa de inhame.

Santos católicos: Jesus Cristo e Nosso Senhor do Bonfim.

Local de culto: todos os lugares. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, P. 32).

Page 30: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

29

(www.sobresites.com/candomble)

E ainda temos:

ERÊ/IBEJI

Características: espíritos infantis.

Santos católicos: São Cosme e São Damião. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, p. 33).

Page 31: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

30

(www.sobresites.com/candomble)

O Candomblé é uma religião iniciática e de possessão, extremamente ritualizada.

Para a sustentação social e religiosa do Candomblé, torna-se imprescindível a adesão de

novos fiéis, jovens, para garantir a continuidade do axé.

O noviço passa pelos ritos iniciáticos, é confinado ao ronco, onde permanecerá

isolado do mundo externo e aprendendo uma série de ritos litúrgicos.

Page 32: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

31

O iniciado é conhecido como abiã e deverá revelar se possui aptidão para o

estado de santo, ou seja, qual orixá deseja ser feito e então receberá suas primeiras insígnias,

formadas de fios de contas nas cores dos seus deuses tutelados. (SILVA, 1996, P. 50).

Um recém iniciado passa de um a seis meses vivendo dentro de severas

restrições. É o tempo de quelê, o período em que o abiã usa um colar de contas junto ao

pescoço. Enquanto usar o quelê, ele deve vestir branco, comer com as mãos e sentar-se só no

chão. Estão proibidas as relações sexuais e os pratos que não sejam o de seu orixá.

Outro momento do abiã no axé é o ritual do bori, que consiste no oferecimento de

comida a sua cabeça (ao ori), com o objetivo de fortificá-lo para receber o orixá, inúmeros

banhos, rituais também são realizados para a purificação do abiã. (SILVA, 1996, P. 51).

O oro é a cerimônia de assentamento do orixá, quando o iniciado tem sua cabeça

raspada e são sacrificados os animais, correspondentes ao orixá que está sendo assentado. A

cabeça do iniciado recebe sangue dos animais sacrificados, relacionando o corpo do iniciado

com o símbolo dos orixás. (SILVA, 1996, p. 52).

A saída do iaô marca a apresentação do iniciado à comunidade com a realização

de uma grande festa pública, que termina com o ajeum (degustação ritual), quando as comidas

feitas com as carnes dos animais sacrificados são servidas aos presentes.

As obrigações não terminam por aí, o iniciado que agora se chama iaô, terá ainda

de cumprir três rituais, depois de um ano, três anos e sete anos, com sacrifícios, toques e

oferendas. Só depois ele pode se candidatar a ebômi, o degrau seguinte da hierarquia.

(REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, P. 55).

(www.xangosol.com/fotos.HTM)

Page 33: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

32

O TOQUE

É o mesmo que festa e se refere a batida dos atabaques, que convoca os orixás. A

estrutura da cerimônia chamada ordem de xirê (brincadeira na língua ioruba), dividida a festa

em três partes: a primeira acontece à tarde, com o sacrifício, a oferenda e o padê de Exu; a

segunda é a festa em si, a noite, na presença do público, quando os filhos de santo incorporam

os orixás. E a terceira fase, o encerramento, com a roda de Oxalá, o deus criador do homem.

(SOARES, 2002, P. 77).

O SACRIFÍCIO

Acontece apenas diante dos membros da comunidade de santo e envolve no

mínimo dois animais: um, de duas patas, para Exu e outro de quatro patas, macho ou fêmea,

dependendo do sexo do orixá a ser homenageado. Quem realiza o sacrifício é o ogã oxogum,

um iniciado no Candomblé especialmente preparado para isso. Os bichos são mortos com um

golpe na nuca. Depois, a cabeça e os membros são cortados fora e o animal, sacrificado vai

sangrar até a última gota até ser destinado à oferenda.(SOARES, 2002, p. 79).

A OFERENDA

Depois do sacrifício, a moela, o fígado, o coração, os pés, as asas e a cabeça são

separadas e oferecidas aos orixás, homenageado num vaso de barro, chamado alguidar; O

sangue recolhido numa espécie de moringa, é derramado sobre o assentamento do santo, ou

seja, o local onde ficam seus objetos e símbolos. As partes restantes são destinadas ao jantar

oferecido aos orixás, ainda a tarde, e aos participantes, ao final da festa pública, à noite.

(SOARES, 2002, p. 81).

O PADÊ DE EXÚ

Page 34: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

33

Este também é um ritual fechado ao público, significa despacho de Exu. É ele

quem faz a ponte entre o mundo natural e o sobrenatural. Portanto, é ele quem convoca os

orixás para a festa dos humanos. Para isso, é preciso agradá-lo oferecendo comida (farofa com

dendê, feijão ou inhame) e bebida (água, cachaça e mel). As oferendas são levadas para fora

do barracão e a porta da entrada é batizada com a bebida. Já que é Exu o guardião da entrada e

das encruzilhadas ( por isso é comum ver oferendas em esquinas, nas ruas e em encruzilhadas,

nas estradas.

O tempo decorrido depois da feitura é um fator que permitirá ao iniciado ascender na

hierarquia do terreiro, podendo mesmo chegar ao cargo de pai-de-santo ou mãe-de-santo.

(LODY, 1987, p.67).

(www.xangosol.com/fotos.HTM)

CANDOMBLÉ KETU

É a maior e a mais popular nação do Candomblé. O Candomblé Ketu ficou

concentrado em Salvador, passou a se chamar Ilê Iyá Nassô mais conhecido como Casa

Branca do Engenho Velho, sendo a primeira nação Ketu no Brasil, de onde saíram os

Iyalorixás que fundaram o Ilê Axé Opô Afonjá e o terreiro de Gantois. (NUNES, 1979, p.

183).

Page 35: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

34

Olorum também chamado Oludumaré é o deus supremo, que criou as

divindades dos orixás (orisã) em ioruba. As centenas de orixás ainda são cultuados na África,

mas ficou reduzido num pequeno número que são invocados em cerimônias.

Na África cada orixá estava ligado originalmente a uma cidade ou a um país

inteiro. Tratava-se de uma série de cultos regionais.

No Brasil em cada templo religioso são cultuados todos os orixás, a

diferença está no idioma, no toque dos ilus (atabaque no ketu), nas cantigas, nas cores usadas

pelos orixás, os rituais mais importantes são: padê, sacrifício, oferendas, iniciação, axexê,

águas de Oxalá, peté de Oxum. (NUNES, 1985, p. 185).

A língua sagrada usada em rituais do ketu é o ioruba ou nagô, é derivado da

língua ioruba. O povo do ketu procura manter-se fiel aos ensinamentos dos africanos que

fundaram as primeiras casas, reproduzem os rituais, rezas. Lendas, cantigas, comidas, festas, e

os ensinamentos são passados oralmente.

As posições principais do ketu são chamadas de cargo ou posto, em

Iyoruba Oloyes, Ogãns e Ayoés em termos de autoridade. (NUNES, 1979, p. 190).

(www.orixasdobrasil.com.br)

Page 36: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

35

São momentos fundamentais e de extrema reverência aos orixás, são, portanto,

momentos esperados com ansiedade pelo povo-de-santo, isto é, simboliza o período no quais

os orixás descem a Terra, no corpo de seus filhos tutelados para danças, representando mitos e

distribuir o seu axé, por meio de movimentos, sons, sabores, palavras e gestos, que são as

várias formas de seu conteúdo. (SILVA, 1996, p. 203).

As festas funcionam também como uma vitrine pública da religião-ao som da

música vocal e instrumental, o povo-de-santo se orgulha de suas roupas da dança, de seus

orixás, do sabor da comida que serve da execução perfeita dos tambores. Para os que

assistem, elas são um verdadeiro espetáculo musical, como:

A música ritual (cantiga), ela dá forma a conteúdos que não podem ser expressos

em outras linguagens e tem funções ordenadoras, das palmas em seqüência rítmica (paó) ao

toque (xiró).

A dança caracteriza o momento do transe, em que os adeptos sutilmente

incorporam gestos, passos, movimentos e linguagens, traduzindo a personalidade do deus

tutelar (Ogum guerreando, Oxóssi caçando, Iansã espantando os eguns, Ogum com

sensualidade e suavidade feminina, Oiá e os passos rápidos, fluidez do vento), etc. (SILVA,

1996, p.208).

A orquestra do Candomblé é formada por três atabaques: o maior, rum; o médio,

rumpi e o pequeno, lê. Os atabaques percutidos com os aguidavis (varetas) identificamos

terreiros ketu e jêje, e percutir com as mãos identificam os terreiros angola-congo caboclo.

Os atabaques são utilizados para enviar e receber mensagens espirituais, sua

utilização é reservada aos alabês, considerado um orador e um comunicador das mensagens

sagradas. Findo o toque, os atabaques são cobertos por um pano branco, indicando o fim da

música e também o fim da festa, permanecendo assim sob a proteção de Oxalá. (SILVA, 1996,

p. 210).

(www.orixasdobrasil.com.br)

As festas também marcam a passagem do tempo para o povo-santo. O ano

litúrgico do Candomblé é organizado de acordo com a realização das festas dos orixás e estes

Page 37: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

36

comemorados paralelamente aos santos católicos. Sendo assim, a vida nos terreiros é uma

permanente produção de festas, das horas de xiré e de muito axé. (SILVA, 1996, p. 211).

(www.xangosol.com/fotos.HTM)

Muitas festas não tem dia certo para acontecer. As festas são normalmente

associadas aos dias santos do catolicismo. As datas podem variar de terreiro para terreiro, de

acordo com a disponibilidade e a possibilidade da comunidade. (CADERNOS TEMÁTICOS,

2006, p. 7).

Page 38: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

37

(www.orixas.com.br)

As principais festas ao longo do ano são:

Abril- feijoada para Ogum e festa de Oxóssi (associado a São Sebastião), em qualquer dia.

Junho: fogueira de Xangô (associados a São João e São Pedro), dias 24 e 29.

Agosto: festa para Obuluaiê (associado a São Lázaro e São Roque) e festa de Oxumaré

(associado a São Bartolomeu), em qualquer dia.

Setembro: começa o ciclo das festas chamado águas de Oxalá, que pode seguir até dezembro.

Festa de Erê, em homenagem aos espíritos infantis (associados a São Cosme e Damião). Festa

das iabás (esposas dos orixás) e festa de Xangô (associado a São Jerônimo), em qualquer dia.

Dezembro: festa das iabás, Iansã (Santa Bárbara), dia 4; Oxum e Yemanjá (associadas a

Nossa Senhora da Conceição) dia 8. Yemanjá é também homenageada na passagem do ano.

Janeiro: festa de Oxalá (coincide com a festa do Senhor do Bonfim), em Salvador, no segundo

domingo, depois do Dia de Reis, 6 de janeiro.

Quaresma: o encerramento do ano litúrgico acontece durante os quarenta dias que

antecederam a Páscoa, com o Lorogun, em homenagem a Oxalá. (CADERNOS

TEMÁTICOS, 2006, p. 8).

Nas festas, os homens na fileira à direita da porta. As mulheres do lado esquerdo,

separados para evitar um eventual namoro. O barracão é decorado à tarde. O teto de telha-vã

foi escondido por bandeirolas brancas e vermelhas, as cores de Xangô. As paredes enfeitadas

com flores, e folhas de palmeira de dendê desfiadas. Na madrugada, os filhos de santo fizeram

os sacrifícios para o orixá homenageado. Nas primeiras horas da manhã, as filhas de santo

Page 39: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

38

preparam a comida. Durante a tarde, foi feita a oferenda aos deuses, e Exu, o mensageiro dos

homens e os orixás, foi despachado. (CADERNOS TEMÁTICOS, 2006, p. 10).

Os orixás são invocados com cantigas próprias e os filhos de santo entram na

roda, um por um, na chamada ordem do xire, o filho de Ogum, seguido pelos filhos de

Oxóssi, Obaluaiê e assim por diante.

Ao som do atabaque, cada integrante da roda entra em transe, agora os filhos

incorporam os orixás e dançam até que o pai-de-santo autorize, com um aceno, sua saída, para

serem arrumados pelas camareiras chamadas equedes. Logo depois, eles voltam ao barracão,

vestindo roupas, colares e enfeites típicos dos seus santos. Ao ouvir seu cântico, cada um

começa a dançar sozinho com uma coreografia que conta a origem de cada incorporado.

(REVISTA HISTÓRIA VIVA, 2007, p. 12).

É quase meia-noite quando os atabaques tocam as cantigas de Oxalá. Saudado

Oxalá, é hora da comunhão com os deuses e os pratos são servidos. As divindades têm

defeitos humanos.

Em qualquer terreiro, a entrada dos orixás na festa segue sempre a mesma

seqüência da ordem do xiré. Depois de despachar Exu, o primeiro a entrar na roda é Ogum,

seguido de Oxóssi, Obaluaiê, Ossaim, Xangô, Oxum, Iansã, Nana, Yemanjá e Oxalá.

(REVISTA HISTÓRIA VIVA, 2007, p. 13).

Segundo a tradição, os deuses do Candomblé tem origem nos ancestriais dos clãs

africanos, divinizados há mais de 5000 anos. Acredita-se que tenham sido homens e mulheres

capazes de manipular as forças da natureza, ou que trouxeram para o grupo, conhecimentos

básicos para a sobrevivência, como a caça, o plantio, o uso das ervas na cura de doenças e a

fabricação de ferramentas. (SOARES, 2002, p. 81).

Os orixás estão longe de se parecer com os santos cristãos. Ao contrário, as

divindades do Candomblé têm características muito humanas, são vaidosos, temperamentais,

briguentos, fortes, maternais ou ciumentos. Enfim, tem personalidade própria. Cada traço da

personalidade é associado a um elemento da natureza e da sua cultura: o fogo, o ar, as águas,

a terra, as florestas e os instrumentos de ferro.

Na África, existem mais de 200 orixás. Na vinda de escravos para o Brasil,

grande parte dessa tradição se perdeu. Hoje, o número de orixás conhecido no país está

Page 40: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

39

reduzido a dezesseis. E mesmo desse pequeno grupo, apenas doze ainda são cultuados.

(SOARES, 2002, p. 83).

(www.xangosol.com/fotos.HTM).

A SABEDORIA DA MORTE E DA ADIVINHAÇÃO

Como toda religião, o Candomblé tem sua maneira própria de encarar a morte.

Segundo a crença, a alma vive o Orum, que corresponde mais ou menos, ao céu dos católicos.

Ela é imortal e faz várias passagens do Orum para a vida terrena. Cada um tem um controle

sobre essas viagens, quem tem uma boa experiência em vida, pode escolher um destino

melhor, na vida seguinte. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, p. 14).

Aqui na Terra nada que se refira aos deuses e ao futuro pode ser dito sem a

consulta ao Ifá, ou seja, o jogo de búzios, conchas usadas como oráculo. O Ifá revela o orixá

de cada um e orienta na solução de problemas.

O jogo usa dois caminhos: a aritmética e a intuição. Pela aritmética é contado o

número de conchas, abertas ou fechadas, combinadas duas a duas. Para interpretar todas as

combinações possíveis dos búzios, o pai-de-santo conhece de cor 250 lendas que traduzem as

Page 41: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

40

mensagens dos deuses, isso não é nada raro no Candomblé, onde nada é escrito. Toda

sabedoria é transmitida oralmente. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, p.15).

No outro sistema de adivinhação, o intuitivo, o pai-de-santo estuda a posição

dos búzios em relação a outros elementos na mesa, com uma moeda ou um copo de água. Se o

búzio cai perto da moeda, por exemplo, pode indicar que não há problema com dinheiro. Mas

é preciso estar preparado: os orixás cobram pela consulta, uma obrigação, uma reza para o

santo católico e vela para o orixá. (LODY, 1987, p. 68).

Abiã – freqüentador ou simpatizante do terreiro, que ainda não foi iniciado.

Adés – coroas de contas com franjas que cobrem o rosto, simboliza o poder teocrático dos

descendentes dos iorubas.

Assentamento – conjunto de objetos (pratos, ferro, búzio, pedra), que representa o orixá.

Atabaque – instrumento de percussão usado na orquestra das cerimônias dos orixás.

Axé – energia vital, força mágica espiritual, elemento dinâmico da natureza. Todos os

indivíduos têm um axé individual e cada terreiro também tem um axé especial.

Axexê – cerimônia fúnebre do Candomblé de rito nagô.

Babalaô – adivinho; praticante dos jogos adivinhatórios.

Babalorixá – sacerdote, o mesmo que pai-de-santo.

Bori – ritos para o fortalecimento espiritual da cabeça (ori) de uma pessoa.

Candomblé – termo de origem banta que significa culto ou invocação.

Cauris – conchas, usadas no processo de adivinhação no jogo de búzios.

Descarrego – ritos (banhos, passes, etc.) que visam afastar as energias negativas e abrir os

caminhos de uma pessoa.

Despacho – oferenda alimentar ou sacrifício de animal feitos em homenagem a divindades

para obter sua ajuda e proteção na solução do problema.

Page 42: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

41

Egum – morto; ancestral; pessoa que atingiu o status de pertencer ao elenco de divindades

cultuadas. O egum distingue-se do orixá por ser um tipo de retorno ao mundo da natureza,

enquanto o orixá é a própria natureza, significando basicamente a vida. O egum é cultuado em

um local especial, como no quarto de balé no terreiro de Candomblé ou em terreiro dedicado

especialmente ao culto dos antepassados, chamados de egungum.

Ilê Ifé - Terra, o que é vasto, o que se alarga, segundo a concepção ioruba, foi criada por

Oludumaré ou Olorum.

Inquice – divindade, categoria de ser divino; termo empregado nos Candomblés das nações

angola e angola-congo.

Iaô – iniciado no Candomblé até o sétimo ano.

Ialorixá – mãe-de-santo.

Nagô – proveniente da nação ioruba.

Oduduá – chefe político, fundador do reino ioruba.

Ogã – homem que não entra em transe e ocupa cargos honoríficos.

Ogã Alabê – tocador de atabaques no Candomblé.

Ogã axogum – pessoa encarregada do sacrifício ritual de animais no Candomblé;

Ogã Pejigã – pessoa encarregada dos altares do terreiro.

Peji – lugar ou altar onde são colocados e cultuados objetos sagrados das divindades do

Candomblé.

Quelê – colar de contas usado rente ao pescoço, durante algum tempo, como símbolo da

recente iniciação.

Ronco – quarto onde são realizados os rituais da iniciação.

Vodu – nome pelo qual são conhecidas as religiões de origem africana no Haiti. Popularmente

designa feitiço, trabalho, magia feita para prejudicar alguém.

Vodum – nome genérico das divindades no terreiro de rito jeje. (REVISTA CANDOMBLÉ,

2008, p. 19).

Page 43: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

42

(www.xangosol.com/fotos.HTM)

No Candomblé, as vestimentas e as chamadas ferramentas, são signos essenciais da

entidade divina, o Orixá, mas é no movimento que se expressa sua natureza fundamental.

Assim, a dança da forma como ocorre no toque e nas cerimônias públicas, serve de apoio à

incorporação dos orixás e seus médiuns, quando se apresentam aos devotos. (REVISTA

HISTÓRIA VIVA, 2007, p. 14).

A dança africana expressa muitas coisas, muitos sentidos. No momento que uma filha-

de-santo dança para Oxumk ela está criando a água doce, não só através do movimento, mas

através da memória da estética africana. É a memória da tradição, da ancestralidade e do

antigo equilíbrio da natureza, da época na qual não existiam diferenças, nem separação entre o

mundo dos seres humanos e dos deuses. A beleza da dança é dada pela transmissão da

harmonia, que liga algo dentro e algo fora, o corpo e o espírito, a natureza e o homem.

A dança e a música são associadas à história das etnias africanas, a visão do mundo, a

organização da sociedade e as crenças religiosas e várias funções como aquela de fortificar o

grupo e o conhecimento a comunidade sobre ela mesmo, além de expressar a identidade

individual e espiritual da dançarina. (REVISTA HISTÓRIA VIVA, 2007, P. 15).

A dança sagrada contempla dois aspectos: um lado exterior e um lado interior. O

primeiro é transmitido por meio de movimentos, as roupas litúrgicas e os objetos sagrados. O

segundo é a transformação interna em algo diferente da identidade cotidiana, é o duplo

espiritual que encontra-se no Orum e vem ao mundo dos homens através do som produzido

Page 44: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

43

pelos atabaques(são três, de tamanhos diferentes, que são tocados em conjunto: o rum, o

rumpi e o lê).

O aspecto exterior são as roupas litúrgicas, os materiais com os quais são costurados,

que nos contam as fontes de subsistência, como por exemplo, uma roupa de conchas mostra

que a comunidade vive da pesca e nos indica qual seja sua posição na hierarquia social

(através da posição de algumas partes do vestido percebe-se que são mulheres iniciadas ou

não e há quanto tempo são filhas de uma divindade feminina ou não); as ferramentas, objetos

sagrados do orixá revelam a qualidade do orixá, a sua ligação metodológica e a sua função,

como por exemplo, o abebê, um leque e espada de Yemanjá relatam o lado guerreiro da

deusa, a sua ligação com o mundo feminino representado por meio da forma redonda do

abebê e da cor de prata, do mesmo que lembra a lua, elemento feminino por excelência.

A presença do ritmo no barracão rememora os atributos místicos das divindades. Desse

modo, um deus guerreiro, como Ogum, estabelece uma coreografia, na qual, os movimentos

serão ágeis, rápidos e vigorosos, adequando-se ao ritmo executado, diferente dos passos

lentos, ondulantes de Oxum, uma deusa das águas, de música de Oyá, e é caracterizada por

grande rapidez, agressividade, determinação. Percebe-se assim, a personalidade da deusa que

expressa o elemento ar em movimento, enquanto a música de Yemanjá é caracterizada por

movimentos lentos e amplos, que expressam o movimento das ondas do mar. (REVISTA

HISTÓRIA VIVA, 2007, p. 16).

(www.orixasdobrasil.com.br)

Cada divindade possui seu próprio repertório de danças e um repertório próprio de

cantigas nas quais são relatados os fatos místicos da vida. O adarum é o ritmo mais citado

como característica de Ogum. É um ritmo quente, rápido e contínuo, que pode ser executado

sem canto, ou seja, apenas pelos atabaques.

(www.orixasdobrasil.com.br)

Page 45: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

44

O aguerê é o ritmo de Oxóssi. É acelerado, cadenciado, e exige agilidade na dança. O

ritmo do obaluaê é o opanijé, um ritmo pesado, por pausas e lento. O barrum é

frequentemente escolhido para saudar oxumaré, ewá e oxalá. É um ritmo relativamente

rápido, dobrado e repicado.

A dança preferida de Xangô se faz ao som do alujá, um ritmo quente, rápido, que

expressa força e realeza, recordando através do dobrar rigoroso do rum, os trovões dos quais

Xangô é o senhor. (REVISTA HISTÓRIA VIVA, 2007, p. 17).

Na festa pública do Candomblé são reconhecíveis dois tipos de danças:

Um primeiro tipo, no começo da festa, o xerê (literalmente brincar), onde se canta para

todos os orixás, no mínimo três cantigas acompanhadas pelas danças. Essas danças são

precisas, porque são executadas ainda em estado consciente e seguem um padrão fixo, a

depender do orixá dono da festa. São danças de invocação e de preparação. Os movimentos

são de dimensão pequena e chamam-se “dançar pequenino”. Servem para concentrar energias,

mas também para as pessoas entrarem e prepararem-se para receber os orixás.

Um segundo tipo, são danças realizadas durante o transe, e é o próprio orixá que dança

nesse momento, seguindo o rítmo sagrado dos tambores. Nessa segunda parte, o andamento

da festa não é fixo, porque apesar se existir um padrão, não se pode saber exatamente quais

serão as coreografias que os orixás vão dançar, pois o andamento depende de várias causas

visíveis ou não.

A dança dos orixás são todas diferentes. Como por exemplo, as danças de Oyá ou

Iansã, ligada aos ventos e às tempestades. Nas coreografias de Oyá, os passos são pequenos e

rápidos, ela é o elemento ar em movimento, enquanto os braços movimentam-se com força

afastando qualquer um de sua frente. Todos esses aspectos e mais outros são expressados nas

suas danças, nas quais existem os seguintes aspectos gerais:

Um movimento circular, no começo para libertar o espaço sagrado. Essa rotação é feita

também com movimentos dos braços, que viram com o corpo todo e simbolizam o ar em

movimento.

Um movimento com linhas quebradas e continuamente mutante de direção.

Um movimento nervoso, com impulsos súbitos e rápidos, que descreve a eletricidade e

a impaciência dessa energia.

Um movimento fluído e leve, que expressa o ar leve e a doçura do orixá. Oyá – Iansã

ocupa muito espaço enquanto dança, às vezes abre os braços, puxa a cabeça para trás e roda

sobre si mesma, desenhando uma espiral com o próprio corpo. (REVISTA HISTÓRIA VIVA,

2007, p. 20).

Page 46: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

45

A dança de Yemanjá representa a onda do mar, e expressa o nível feminino da

fecundidade, da reprodução, do interno e por isso, é mais chegado ao nível baixo, aos órgãos

sexuais e da reprodução, ao útero.

As danças dos orixás são estruturadas em coreografias executadas no xirê, ou durante a

incorporação. São muitas e diferentes e ainda muito mais complexas. (REVISTA HISTÓRIA

VIVA, 2007, p. 21).

(www.orixasdobrasil.com.br.)

Afirmar que na essência dos rituais religiosos do Candomblé existe um sincretismo

total, seria descaracterizar as matrizes originais das nações étnicas africanas, o que se pode ser

afirmado, é que existe paralelismo entre os orixás e santos católicos, e que também existe

mistura de certos rituais da missa com os cultos, pelo povo-de-santo. (NUNES, 1979, p. 57).

Na verdade, quando analisamos os ritos religiosos percebemos que todos os sistemas

religiosos baseiam-se em categorias de pensamento mágico que fascina os fiéis, como, por

exemplo, a celebração da missa, que é carregada de atos simbólicos ou mágicos (as bênçãos, a

transubstanciação, aspergir água benta, a purificação dos incensos, as velas acesas, preces

para afastar maus espíritos e as missas fúnebres), tanto quanto o ritual de Candomblé ou

Umbanda.

Page 47: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

46

Através do sincretismo, africanizamos os santos católicos e santificamos os orixás,

voduns, inquices, caboclos. (LODY, 1979, P. 60).

A presença do sincretismo não descaracterizou a tradicionalidade dos cultos afros e

muitos adeptos dos cultos afros reconhecem os limites entre o santo católico e o deus

africano.

No tempo das senzalas os negros para poderem cultuar seus orixás, inquices e voduns

usaram como camuflagem um altar com imagens de santos católicos e por baixo os

assentamentos escondidos, e segundo alguns pesquisadores este sincretismo já havia

começado na África, induzida pelos próprios missionários para facilitar a conversão.

Depois da libertação dos escravos começaram a surgir às primeiras casas de

Candomblé e é fato de que ele tenha incorporado o Cristianismo, pois crucifixo e imagens

eram exibidos nos templos, os orixás eram frequentemente identificados com os santos

católicos. (LODY, 1979, p. 61).

(www. Sobresites.com/candomblé/)

Mesmo usando imagens e crucifixos, inspiravam perseguições por autoridades e pela

igreja católica que viam o Candomblé como paganismo e bruxaria, muitos mesmo não

sabendo o que era isso.

Nos últimos anos, tem aumentado um movimento “fundamentalista” em algumas casas

de Candomblé, que rejeitam o sincretismo aos elementos cristãos e procuram recriar um

Candomblé “mais puro”, baseado exclusivamente nos elementos africanos. (SILVA, 1996, p.

214).

Page 48: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

47

Nas religiões afro-brasileiras, que na maioria são religiões derivadas das religiões

tribais africanas, são contra o aborto e um dos motivos é o religioso. O africano vê o filho

como continuação da própria vida; filho é o bem mais precioso que o homem africano possa

ter, em conseqüência disso, foram trazidos para o Brasil, alguns conceitos:

No conceito social: amparam e orientam as adolescentes e mulheres grávidas.

No conceito religioso, Exum é quem governa o processo de fecundidade, cuida do

embrião, evita o aborto espontâneo, não aprova o aborto provocado, mantém a criança viva e

sadia na barriga da mãe até o nascimento. Uma mulher quando não consegue engravidar,

recorre a Oxum.( II SIMPÓSIO DE HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E

AFRICANA, 2007).

(www.angelfire.com/ab/umbandista)

Page 49: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

48

É uma religião formada dentro da cultura religiosa brasileira que sincretiza vários

elementos, incluindo outras religiões como o catolicismo, o espiritismo e as religiões afro-

brasileiras.

As raízes da Umbanda são difusas. Entretanto, podemos afirmar que ela foi criada em

1908 pelo médium Zélio Fernandino de Moraes sob a influência do caboclo das Sete

Encruzilhadas.

Mantém-se na Umbanda um sincretismo religioso com o catolicismo e seus santos.

(NEGRÃO, 1979, p.16).

Há discordância sobre as cores votivas de cada orixá conforme o local do Brasil e a

tradição seguida por seus seguidores. Da mesma forma quanto ao santo sincretizado a cada

orixá. Alguns exemplos:

Exu – Santo Antonio no Rio de Janeiro.

Ogum – São Jorge ou Santo Antonio, na Bahia.

Oxóssi – São Sebastião no Brasil, São Jorge na Bahia.

Xangô – São Jerônimo, São João Batista, São Miguel Arcanjo.

Yemanjá – Nossa Senhora dos Navegantes.

Oxum – Nossa Senhora da Conceição.

Iansã – Santa Bárbara.

Omulu – São Roque.

Oba – Santa Rita de Cássia, Santa Joana D!Arc.

Obaluaê – São Lázaro.

Nanã – Santa Ana.

Egunita – Santa Sara Kali

Oxalá – Divino Jesus Cristo, o ser cristalino. (NEGRÃO, 1979, p. 18).

Os fundamentos da Umbanda variam conforme a vertente que a pratica. Existem

alguns conceitos básicos:

Page 50: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

49

(www. Sitiopt.com/...terreiro-de-umbanda e candomblé.HT)

A existência de uma fonte criadora universal, um deus supremo, chamado Olorum

Zambi.

A obediência aos ensinamentos básicos dos valores humanos, como fraternidade,

caridade e respeito ao próximo.

O culto aos orixás como manifestações divinas, em que cada orixá controla e se

confunde com um elemento da natureza do planeta ou de própria personalidade humana.

A manifestação dos guias para exercer o trabalho espiritual incorporado em seus

médiuns ou “aparelhos”.

O mediunismo como forma de contato entre o mundo físico e o espiritual, manifesta de

diferentes formas.

Uma doutrina, uma regra, uma conduta moral e espiritual que é seguida em cada casa

de forma variada e diferenciada, mas que existe para nortear os trabalhos de cada terreiro,

A crença na imortalidade da alma.

A crença na reencarnação e nas leis cármicas.

Um deus único e superior.

Como deus, em sua benevolência e em sua força emana de si e através dos orixás e dos

guias(espíritos desencarnados), seu amor, auxiliando os homens em sua caminhada para a

elevação cultural e espiritual.(NEGRÃO, 1979, p. 18).

Page 51: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

50

A Umbanda tem como lugar de culto, o templo, terreiro ou centro, que é o local onde

os umbandistas se encontram para a realização do culto aos orixás e dos seus guias, que na

Umbanda denominam-se giras

O chefe do culto no centro é o sacerdote ou sacerdotiza (pode ser babá, zelador,

dirigente, diretor), de culto, mestre ou mestra, sempre dependendo da forma escolhida em

cada casa.

Sãos os médiuns mais experientes e com maior conhecimento, que normalmente são os

fundadores do terreiro. São que coordenam as sessões/ giras e que vão incorporar o guia

chefe, que comandará a espiritualidade e a materialidade durante os trabalhos. (NEGRÃO,

1979, p. 20).

Como uma religião espiritualista, a ligação entre os encarnados e os desencarnados se

faz por meio dos médiuns.

Na Umbanda existem vários tipos de classes de médiuns, de acordo com o tipo de

mediunidade. Normalmente, há os médiuns de incorporação que irão emprestar seus corpos

para os guias e os orixás. (NEGRÃO, 1979, p. 21).

Há também os atabaqueiros que transmitem a vibração da espiritualidade superior por

via dos atabaques, criando um corpo energético favorável à atração de determinados espíritos,

sendo muitas vezes responsáveis pela harmonia do guia.

Há os corimbas, que são os que comandam os cânticos e as cambonas, que são

encarregadas de atender as entidades supervisionando todo o material necessário para a

realização dos trabalhos. (NUNES, 1979, p. 17).

Page 52: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

51

(www. Paimaneco.org. filosofia-quimbanda.asp)

Segundo a Umbanda, as entidades que são incorporadas pelos médiuns podem ser

pretos velhos, boiadeiros, mineiros, crianças, marinheiros, ciganos, baianos, orientais, xamãs

e exus.

AS SESSÕES

O culto nos terreiros é dividido em sessões de desenvolvimento e de consulta e essas,

subdivididas em giras.

Nas sessões de consulta, onde comumente podemos encontrar pretos-velhos, caboclos,

ciganos. As pessoas conversam com as entidades afim de obter ajuda e conselhos para suas

vidas, curas, descarregos e para resolver problemas espirituais diversos. As ocorrências mais

comuns nessas sessões são o passe e o descarrego. No passe, a entidade reorganiza o campo

energético astral da pessoa, energizando-a e retirando toda a parte fluídica negativa que nela

possa estar.

O descarrego é feito com o auxílio de um médium, o qual irá captar a energia negativa

da pessoa e transferir para os assentamentos ou fundamentos do terreiro que contém

elementos dissipadores dessas energias. (NEGRÃO, 1996, p. 27).

Nos dias de consulta há o atendimento da assistência e nos dias de desenvolvimento há

as giras mediúnicas, que são fechadas à assistência, onde os sacerdotes educam e ensinam os

mecanismos próprios da mediunidade.

Page 53: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

52

Estes são alguns nomes de pretos-velhos que baixam prestando inúmeras caridades: Pai

Joaquim de Angola, Pai Joaquim do Congo, Tia Maria, Vovó Benedita, Vovó Maria Conga,

Vovó Maria Redonda, Vovó Cambinda, Vovó Luiza, Vovô Rei do Congo, Vovó Catarina de

Angola.

Caboclo – no culto da Umbanda, Oxóssi é o chefe da linha dos caboclos. O caboclo,

imagem do indígena nativo de nossa terra e quando incorporado, presta caridade, passes,

cantos, danças e anda de um lado para o outro. Conhecedores de muitas ervas, os caboclos

tem um papel muito importante. Já os remédios de ervas são plantas que combinadas ou

sozinhas, para aliviar a dor ou mesmo curar doenças.

Alguns nomes de caboclos: Caboclo 7 Estrelas, Caboclo 7 Flexas, Caboclo Guará,

Caboclo Jurema, Caboclo Jandira, Caboclo Pena Branca.(NEGRÃO, 1996, p. 30).

OS ORIXÁS

Os orixás são divindades manifestadas por deus (olorum), com suas qualidades divinas.

Para cada qualidade divina há um orixá, uma individualização de deus, como totalidade

original regendo um aspecto ou Estado na criação. Dentre esses Estados da criação, existem

elementos e sentidos nos quais se valem as leis divinas. Essas leis, imutáveis são o código

supremo da vida, que mantém o equilíbrio universal do Universo manifestado. Os poderes

divinos dos orixás são místicos, que se traduzem como poderes infinitos e em movimento

constante.

Page 54: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

53

(www. Alunosonline.com. br/relogiao/umbanda)

Cada mistério divino se manifesta no Universo como símbolos, elementos, sentidos,

movimentos e cores.

Sentidos – amor, conhecimento, justiça, lei, evolução, geração.

Elementos – cristal, vegetal, fogo, ar, terra e água.

Movimentos – caminhos, passos, passagens.

Símbolos – triângulo, símbolo do equilíbrio e da sabedoria.

Cruz – símbolo da fé e da evolução.

Pentagrama – símbolo da união dos quatro elementos básicos (fogo, água, terra, ar),

criando o tempo ou elemento cristalino.

Hexagrama – símbolo da justiça.

Heptagrama – símbolo da sagrada irradiação da vida.

Octograma – símbolo da união dos sete símbolos sagrados, gerando o símbolo maior.

Círculo – sómbolo da plenitude, todos os símbolos se manifestam dentre dele( Todo).

Cores – branca associada à fé, azul clara associada à vida; azul escuro, associada a lei;

verde, associada à evolução; rosa, associada ao amor; laranja, associada à justiça; amarelo,

associada à lei; vermelho, associado à justiça; marrom associado à evolução; roxo, associado

à geração; lilás associado à evolução; violeta associada à evolução; magenta associada ao

conhecimento; prata associada ao vazio.(NEGRÃO, 1983, p. 24).

Associados aos orixás temos:

Fé – Oxalá (masculino), Logunã (feminino).

Amor – Oxum (feminino), Oxumaré (masculino).

Page 55: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

54

Conhecimento – Oxóssi (masculino) e Oba (feminino).

Justiça – Xangô (masculino) e Iansã (feminino).

Lei – Ogum (masculino) e Iansã (feminino).

Geração – Yemanjá (feminino) e Omulu (masculino).

Evolução – Obaluaiyê (masculino) e Nanã Buruquê (feminino).

Elementos e cores:

Oxalá – cristalino – branco

Logunã – tempo – azul escuro.

Oxum – mineral – rosa.

Oxumaré – aquático – cristalino – azul claro.

Oxóssi – vegetal – verde.

Oba – vegetal – telúrico – magenta.

Xangô – ígneo – fogo – vermelho.

Egunitá – ígneo – fogo-laranja.

Ogum – eólico (ar) – vermelho/azul escuro.

Iansã – eólico (ar)- amarelo – vermelho.

Obaluaiyê – aquático – azul claro.

Nanã Buruquê – água – terra – lilás.

Yemanjá – aquático – azul claro.

Omulu – terra – água – roxo. (NEGRÃO, 1983, p. 23).

Ponto de Forças dos Orixás

Cada orixá como regente ou guardião de um estado na criação, tem no plano material,

locais específicos chamados pontos de força. Estes pontos de força podem ser tanto utilizados

pelos umbandistas para consagração a seus médiuns nos Orixás( Amaá), como para oferenda-

los (ebós).(NUNES, 1979, p. 29).

Oferendas

As oferendas são mistérios na criação e não podem ser confundidas com o que

antigamente se chamava comida do santo.

Page 56: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

55

Os elementos depositados em uma oferenda, são um elo de ligação que fazemos

quando oferecemos ao orixá, pedindo algo para nós ou nossos semelhantes. Eles se utilizam

desses elementos para agir diretamente sobre nós no plano material.

Cada orixá possui elementos próprios, portanto para suas oferendas devemos construí-

la baseados nas suas afinidades, como por exemplo:

Fitas – nas cores dos orixás, a branca; panos das cores dos orixás.

Pontos de Força

(www. Helenita89.vilabol.uol.com.br/umbanda.HTML)

Campos abertos: Ogum, Oxalá, Logunã.

Caminhos – Ogum, Iansã.

Floresta – Oxóssi, Obá.

Á beira do mar – Yemanjá, Omulu, Ogum.

Cemitérios: Omulu, Obaluayê, Nana Buruquê, Oxum.

Na beira dos rios, cachoeiras e corredeiras: Oxum, Oxumaré, Iansã.

Nas pedreiras: Xangô, Egunitá

Orixás neutros

Page 57: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

56

Exu é um orixá neutro, seu mistério é o vazio, sua cor é o preto, porém ele se utiliza de

todas as outras cores.

Pombagira – seu estado é o abismo. Sua cor primária é o preto, porém ela se utiliza da

cor vermelha com freqüência. A orixá pombagira é o abismo que existe dentro de cada ser,

infinito e que pode guardar toda a criação dentro de si.

Exú-mirim – é um orixá neutro. Ele rege um plano na criação, que é o plano das ideias.

Cada ideia que pensamos flui desse plano regido por Exu-mirim. Como ele é regido de alguns

mistérios vitais, como os impulsos e os atrasos, essa idéia que pensamos pode ou não

amadurecer. Ele é em si, o Orixá das intenções. Essas são as ideias, impressões, imprevisíveis.

Podem ter intenções boas ou más. Sua cor primária é o preto e vermelho. Suas velas são as bi-

colores. Seu ponto de força são os campos abertos, por onde as ideias podem fluir sem

barreiras. (NEGRÃO, 1983, p. 28).

Médiuns

A Umbanda crê que o médium tem compromisso de servir como instrumento de guias

ou entidades espirituais superiores. Para tanto, deve se preparar através do estudo,

desenvolvendo a sua mediunidade, sempre prezando a elevação moral e espiritual, a

aprendizagem conceitual prática da Umbanda, respeitar os guias e os orixás.

Uma das regras básicas da Umbanda é que a mediunidade não deve ser vivida

vaidosamente, não dever ser encarada como um fardo, mas como uma oportunidade para

praticar o bem e a caridade.

O médium deve sempre tomar banho de descarrego adequados aos seus orixás e guias,

estar pontualmente no terreiro com sua roupa sempre limpa, conversar sempre com o chefe

espiritual do terreiro quando estiver com alguma dúvida, problema espiritual ou material.

(NEGRÃO, 1983, p. 37).

Alguns terreiros utilizam-se de obras espíritas de Allan Kardec, mas a maioria segue as

orientações da literatura umbandista. Há livros umbandistas desde a década de l930.

Existem várias ramificações dentro da religião de Umbanda, entretanto na Umbanda

não se usa o sacrifício de animais em hipótese alguma.

Tanto o álcool como o ferro, podem ser utilizados magia para trabalhos para o bem;

abusos nunca tolerados e exibicionismo não são sinais de incorporações de luz.(NEGRÃO,

1983, p. 38).

Page 58: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

57

(www. Abratu.com.br)

Paramentos:

Na Umbanda, os médiuns usam como paramentos apenas roupas brancas, podendo

estar os pés descalços, representando a simplicidade e a humildade. Mas há Umbandas que

também utilizam roupas com cores de cada linha. Por exemplo, em guias de Ogum se utiliza

camisas ou batas vermelhas e calças e saias brancas. Nas guias de esquerda, as roupas são

pretas, sendo que as filhas de santo podem se vestir de vermelho e preto.

Também há os apetrechos dos guias, por exemplo os caboclos utilizam cocares, alguns

utilizam machadinha de pedra, chocalhos, etc. (BASTIDE, 1975, p. 210).

Page 59: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

58

(revistagalileu.globo.com/...osarquetipos-da-umbanda.HTML)

A Umbanda é uma junção de elementos africanos (orixás e cultos aos antepassados),

indígenas (culto aos antepassados e elementos da natureza), Catolicismo (o europeu, que

trouxe o Cristianismo e seus santos que foram sincretizados pelos negros africanos),

espiritismo (fundamentos espíritas, reencarnação, lei do carma, progresso espiritual).

A Umbanda prega a existência pacífica e o respeito aos humanos e à natureza e a Deus,

respeitando todas as manifestações de fé, independentes da religião. Em decorrência de suas

raízes, a Umbanda tem um caráter pluralista, compreende a diversidade e valoriza as

diferenças. Não há dogmas ou liturgia universalmente adotadas entre os praticantes, o que

permite uma ampla liberdade de manifestação de crença e diversas formas válidas de culto.

Page 60: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

59

(www.paimaneco.org.filosofia-quimbanda.asp)

A máxima dentro da Umbanda é “ Dê de graça, o que de graça recebeste com amor,

humildade, caridade e fé”. (NEGRÃO, 1983, p. 39).

A Umbanda apresenta como mensagem religiosa a prática da caridade fraternal, a paz e

a humildade. Ela também se propõe a produzir modificações existenciais que permitam a

melhoria de vida do ser humano.

As comunidades religiosas vêm buscando valorizar suas raízes africanas, para

redimensionar seu papel na sociedade brasileira. Porém, uma vez aqui inseridas, estas

comunidades passam a fazer parte da realidade brasileira. São grupos sociais presentes no dia-

a-dia, que partilham hábitos de comportamento, seguem crenças, como a maioria de nós, e

que vêem nelas o sagrado mesmo que para o censo comum se apresentem como profanas.

(NEGRÃO, 1983, p. 45).

(www. Angelfire.com/ab/umbandista)

Page 61: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

60

BASTIDE, R. As Religiões africanas no Brasil. São Paulo: Pioneira, 1975.

CADERNOS TEMÁTICOS – educando para as relações étnico-racial, SEED/PR, 2006.

DIRETRIZES CURRICULARES PARA O ENSINO DE HISTÓRIA NO ENSINO

FUNDAMENTAL, SEED/PR, 2008.

GOMES, Nilma L. Cultura Negra e Educação. Revista Brasileira de Educação. Rio de

Janeiro nº 23, 2003. ( Apud ou Et Al).

LODY, Raul. Candomblé – Religião e Resistência Cultural. São Paulo: Editora Ática, 1987.

(Série Princípio)

MURRAY, Jocelyn. Grandes Impérios e Civilizações – África, Edições Del Prado, 1997

(Madri).

NEGRÃO, Lísias Nogueira. Entre a cruz e a encruzilhada: formação do campo

umbandista em São Paulo. São Paulo: Edusp, 1996.

NEGRÃO, Lísias Nogueira. “A Umbanda como expressão da religiosidade popular” in

Religião e Sociedade, n.4. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, out. 1979.

NUNES, Ana Pereira. A Casa das Minas, culto dos Voduns Jeje no Maranhão. Petrópolis:

Vozes, 1979.

REVISTA CANDOMBLÉ – Mitos e Lendas, Editora Minuano, 2008.

REVISTA HISTÓRIA VIVA. Grandes Religiões – Cultos Afros, Editora Duett, 2007.

Page 62: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a ... O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços)

61

SILVA, Alberto da Costa. A Enxada e a lança – A África antes dos portugueses. São

Paulo: Editora Nova Fronteira, 1996, 2ª Edição.

II SIMPÓSIO DE HISTÓRIA E CULTURA AFRO BRASILEIRA E AFRICANA, SEED,

2007. (Apud ou Et Al).

SOARES, M.L. Sincretismo Afro-católico no Brasil: lições de um povo em exílio. Revista

de Estudos em Religião. São Paulo, n.3, p.45 – 75 2002.