-
CONFLUENZE Vol. 6, No. 1, 2014, pp. 99-110, ISSN 2036-0967,
Dipartimento di Lingue, Letterature e Culture Moderne, Universit di
Bologna.
A representao feminina em D. Narcisa de Villar, de
Ana Lusa de Azevedo Castro
Brbara Loureiro Andreta Anselmo Peres Als
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
ABSTRACT
D. Narcisa de Villar is the only novel written by Ana Lusa de
Azevedo Castro, published in 1859. In this novel, the women and the
native people represent the resistance to the patriarchal,
colonialist and enslaver society. As in other nineteenth century
female authorships novels, D. Narcisa de Villar denounces the
institutional and symbolical violence, which interlines the
construction of the Brazilian nation, disestablishing, in this way,
the configuration of the national identity, since she gave voice to
the subaltern voices. Keywords: Female authorship. Female
representation. D. Narcisa de Villar. Ana Lusa de Azevedo Castro.
19th century
D. Narcisa de Villar foi o nico romance escrito por Ana Lusa de
Azevedo Castro, publicado em 1859. Nesta obra, mulheres e ndios
representam a resistncia a uma sociedade patriarcal, colonialista e
escravocrata. Assim como em outras obras de autoria feminina do
sculo XIX, D. Narcisa de Villar denuncia a violncia institucional e
simblica, que pautou a construo da nao brasileira,
desestabilizando, desta forma, a configurao da identidade nacional,
uma vez que deu voz a sujeitos subalternizados. Palavras-clave:
Autoria feminina. Representao feminina. D. Narcisa de Villar. Ana
Lusa de Azevedo Castro. Sculo XIX
-
CONFLUENZE Vol. 6, No. 1
Brbara Loureiro Andreta, Anselmo Peres Als 100
O romance D. Narcisa de Villar, de autoria da catarinense Ana
Lusa de Azevedo Castro, foi publicado em 1859 por intermdio de
Paula Brito, no Rio de Janeiro. Antes de sua publicao em livro, o
romance foi publicado na forma de folhetim, no jornal A Marmota, do
Rio de Janeiro, entre 13 de abril e 06 de julho de 1858 (Muzart,
2001). Sobre a autora, sabe-se que ela passou a maior parte de sua
vida no Rio de Janeiro. Outros dados mais especficos sobre sua vida
permanecem obscuros. No prefcio da quarta edio de D. Narcisa de
Villar, sua nica obra, Zahid Muzart afirma que, embora obras como
Enciclopdia de literatura brasileira (Coutinho & Sousa, 1990) e
Ensastas brasileiras (Hollanda & Arajo, 1993) tragam o ano de
1823 como o ano de seu nascimento, esta informao no dada como
certa. Quanto ao seu local de nascimento e bito, Muzart (2001) traz
informaes de Galante de Souza, baseadas em Jernimo Simes (1873), de
que autora teria nascido no municpio de So Francisco do Sul, em
Santa Catarina, e seu falecimento dataria de 22 de janeiro de 1869,
no Rio de Janeiro. Segundo informaes de Jernimo Simes, Ana Lusa foi
professora e diretora de escola, alm de membro da Sociedade Ensaios
Literrios, tendo recebido desta, em 16 de abril de 1866, o diploma
de scia honorria (Muzart, 2001). Alguns equvocos foram cometidos
pela historiografia literria quanto a esse romance de Ana Lusa de
Azevedo Castro. Em um verbete sobre D. Narcisa de Villar,
Sacramento Blake atribuiu a autoria do romance ao que era o seu
ttulo, e Ignez Sabino, em Mulheres ilustres do Brazil, identificou
Ana Brbara de Lssio e Seilbitz como autora de D. Narcisa de Villar
(Muzart, 2001). Estes equvocos confirmam o pouco conhecimento que
se tinha na poca, no apenas de Ana Lusa de Azevedo Castro dentro da
historiografia literria nacional, mas tambm da autoria feminina em
geral, uma vez que a autoria de D. Narcisa de Villar foi atribuda a
uma outra escritora brasileira.
Destaca-se que o apagamento da autoria feminina do sculo XIX est
relacionada formao da identidade cultural brasileira. Mary Louise
Pratt (1994) considera que a anlise de Benedict Anderson1 sobre a
nao como uma comunidade poltica imaginada faz-se muito importante
para os estudos em literatura, uma vez que o autor destaca a
importncia da cultura impressa (especialmente dos romances e dos
jornais) na construo de redes invisveis, as quais formaram as bases
da comunidade nacional imaginada. Ao se falar da identidade
cultural brasileira, tem-se, de um lado, a violncia institucional e
simblica que pautou a sua construo e, de outro, os atos de
resistncia s representaes geradas pelo poder hegemnico de uma elite
cultural que atribuiu a si o direito de representar e significar a
nao, conferindo-lhes validade universal, sendo uma das formas de
exerccio deste poder, a excluso da representao da autoria feminina
no sculo XIX. O sculo XIX foi uma poca de formao da identidade
nacional, na qual a literatura se institucionalizou como um
instrumento pedaggico de viabilizao da nossa diferena cultural em
razo de sua fora simblica para sustentar a coerncia e a unidade
poltica da concepo romntica da nao como o todos em um. Desta forma,
o nacional constituiu-se como um domnio masculino, de forma direta
e excludente (Schmidt, 2000). 1 Segundo Pratt (1994), Benedict
Anderson explora, em seu livro Imagined communities: reflections on
the origin and spread of nationalism, a ideia de uma nao como sendo
uma comunidade poltica imaginada, cuja totalidade no pode ser
vivenciada concretamente (p. 131).
-
CONFLUENZE Vol. 6, No. 1
A representao feminina em D. Narcisa de Villar 101
Segundo Rita Terezinha Schmidt (2008), estudar as obras de
autoria feminina altera nossas percepes do passado e desestabiliza
a configurao dessa identidade, impulsionando as reflexes sobre
processos de constituio dos cnones nacionais como lugares
autorizados e privilegiados de projees imaginrias que sustentam as
representaes simblicas da nacionalidade, reflexes que levam a
considerar a histria literria enquanto um dos marcos referenciais
da memria nacional, visto que constitui uma narrativa que pretende
descrever o passado literrio. A construo da nao moderna,
pressuposta nos ideais burgueses de progresso e civilizao a partir
da integrao nacional das diferenas sociais e culturais sob o signo
do pluribus unum, articula-se atravs de um repertrio de
significados convenientes e desejveis, formalizados em um pacto
narrativo de consenso, por meio do qual, a histria normaliza e
regulariza os acontecimentos, fazendo com que a memria coletiva se
configure tanto como lembrana quanto como esquecimento. Desta
forma, alguns significados so lembrados e reafirmados, enquanto
outros so silenciados e excludos.
A histria literria constitui uma referncia dos nexos de
nacionalidade, pois busca cristalizar o que se pode chamar de
narrativizao da memria nos moldes de uma formao discursiva homognea
e uniformizadora, que funciona como um elemento de interpelao
atravs da qual a identidade horizontal do sujeito nacional
constituda e protegida dos embates suscitados pela diferena e pela
alteridade (Schmidt, 2008).
A luta pela conquista do espao feminino aconteceu, no sculo XIX,
em duas frentes. Uma delas dizia respeito necessidade de instruo
das mulheres, e a outra se relacionava utilizao da escrita pelas
mulheres para falarem por si mesmas. Esta segunda necessidade
estava atrelada ao fato de que j havia um discurso masculino que
falava pela mulher, antes mesmo que ela o fizesse (Tavares, 2007).
Nesta perspectiva, a fala da mulher foi pensada e elaborada segundo
a tica masculina:
O homem, no caso, pensa e elabora a fala da mulher segundo seu
prprio ponto de vista, sendo, portanto, sujeito do discurso na
medida em que constri a imagem feminina de acordo com a ideologia
dominante em cada poca, sempre sob a tica masculina (Paixo, 1991,
p. 13).
Darlene Sadlier (1989) lembra que, no caso da literatura
estadunidense, foi em meados da dcada de 1960 que o cnone literrio
comeou a ser questionado, quando universitrias comearam a rejeitar
a suposta correlao natural entre obras-primas e textos de autoria
masculina, iniciando, ento, um exame de tais obras, dentro de uma
perspectiva feminista. A preocupao de tais pesquisadoras era com o
que os livros pertencentes ao cnone tinham a dizer das mulheres e
se as personagens femininas retratadas eram sintomticas da presena
de valores misginos nestas obras. Nas universidades, as mulheres
estavam cticas com relao a um mtodo literrio que rejeitava os
assuntos extrnsecos ou elementos scio-histricos e polticos, que
elas acreditavam que deveriam ser enfrentados, no s para entender a
literatura em sua totalidade, mas tambm para participar do poder
social.
A representao feminina, na obra de Ana Lusa de Azevedo Castro,
merece destaque por vrios motivos: por ser uma obra de autoria
feminina, em uma poca em que a voz e a escrita das mulheres eram
silenciadas; por contar com uma narradora declinada no feminino,
narrando um romance que tem por
-
CONFLUENZE Vol. 6, No. 1
Brbara Loureiro Andreta, Anselmo Peres Als 102
ttulo o nome da protagonista da obra (ou seja, de uma mulher) e
por representar, em suas personagens, tanto a mulher branca, de
origem europeia, na personagem de Narcisa, quanto a mulher indgena,
na personagem de Efignia, antecedendo, assim, a representao da
mulher indgena pelo romance cannico brasileiro, a qual foi feita
por Jos de Alencar, no livro Iracema, publicado em 1865. Ana Lusa
de Azevedo Castro considerada a primeira romancista catarinense.
Por intermdio de Galante de Souza, em 1979, Iaponan Soares tomou
conhecimento da existncia do romance D. Narcisa de Villar,
recuando, assim, em suas pesquisas, em trs anos a data antes fixada
para o primeiro romance catarinense2 (Soares, 2001). Tanto pelo
tema quanto pelo enfoque das personagens, o romance pode ser
considerado indianista. Nesta obra, h uma ntida preferncia pelos
ndios, e desprezo pelos conquistadores, representados na obra como
dspotas, brbaros, tiranos e cruis, sendo, ao final da narrativa,
transformados em demnios (Muzart, 2001). Deve-se destacar que D.
Narcisa de Villar antecede o romance indianista de Jos de Alencar,
Iracema, publicado em 1865. Na obra de Ana Lusa de Azevedo Castro,
Leonardo, filho de uma indgena com um portugus aparece como o
avesso de Moacir, de Iracema, uma vez que Leonardo, ao contrrio de
Moacir, no deixa de ter contato com sua herana cultural autctone.
Como era comum entre as mulheres que se dedicavam escrita no sculo
XIX, visto que era uma poca em que as mulheres estavam submetidas a
diversas limitaes e preconceitos, Ana Lusa de Azevedo Castro
utilizou um pseudnimo, tanto nos captulos do jornal quanto na
primeira edio do livro, no ano seguinte: Indgena do Ipiranga.
vlido destacar que, assim como a autora maranhense Maria Firmina
dos Reis, que utilizou o pseudnimo Uma maranhense em seu romance
rsula, tambm publicado em 1859, Ana Lusa de Azevedo Castro no
escondeu, com o uso do pseudnimo, a indicao de autoria feminina, o
que fica evidente na pgina de rosto da primeira edio livro, de
1859, onde se l o ttulo D. Narcisa de Villar: legenda do tempo
colonial e logo abaixo, pela Indygena do Ypiranga. Sendo assim, a
contrao da preposio por com o artigo definido feminino a evidencia
que o pseudnimo Indygena est declinado no feminino. Tal fato no
observado em outras escritoras do sculo XIX, como Marian Evans, que
utilizou o pseudnimo de George Eliot, ou Charlotte Bront, que
utilizou o pseudnimo de Currer Bell. Virginia Woolf (2012)3, ao se
referir ao uso de pseudnimos por escritoras inglesas no sculo XIX,
considerou que talvez no tenha sido apenas na inteno de receber
crticas imparciais que escritoras como George Eliot e Miss Bront
utilizavam pseudnimos masculinos, mas o desejo de libertar a prpria
conscincia das expectativas tirnicas em relao a seu sexo. Cabe
constatar, aqui, que o silenciamento de vozes como de Maria Firmina
dos Reis e Ana Lusa de Azevedo Castro por mais de cem anos talvez
diga respeito ao no recebimento de crticas imparciais, visto
nenhuma das autoras ter adotado um pseudnimo 2 Jovita Duarte Silva,
autor de Eullia, era considerado o primeiro romancista catarinense,
antes da descoberta do romance D. Narcisa de Villar (Cf. SOARES,
Iaponan. Pequena histria de um encontro. In: CASTRO, Ana Lusa De
Azevedo. D. Narcisa De Villar. 4 Edio. Florianpolis: Ed. Mulheres,
2001. P. 129-132). 3 Texto publicado pela primeira vez em 17 de
outubro de 1918, no The Times Literary Supplement, que se tratava
de uma resenha, escrita por Virginia Woolf, do livro The Women
Novelists, de R. Brimley Johnson.
-
CONFLUENZE Vol. 6, No. 1
A representao feminina em D. Narcisa de Villar 103
masculino, assumindo sua condio de mulher na sociedade
brasileira do sculo XIX.
Assim, percebe-se que na escolha de seu pseudnimo, Ana Lusa de
Azevedo Castro tanto assumiu sua identidade como mulher quanto
deixou claro a sua simpatia para com a questo indgena, os dois
principais temas de D. Narcisa de Villar, um romance sobre a
opresso da mulher pela famlia e pela sociedade, e sobre a escravido
dos ndios pelos colonizadores (Muzart, 2001, p. 13). Logo no incio
de D. Narcisa de Villar, Ana Lusa escreve algo como um prlogo, porm
este no considerado pela autora um prlogo, uma vez que j o inicia
dizendo no um prlogo que vou escrever: sempre embirrei com eles, e
jamais me recordo de os haver lido, por mais breves que fossem
(Castro, 2001, p. 21). Trata-se de uma espcie de carta ao leitor,
intitulada Ao pblico, na qual Ana Lusa de Azevedo Castro roga
benevolncia e tem uma atitude de quase se desculpar por estar
entrando em um territrio masculino, o da escrita:
Porm, dando publicidade a um de meus escritos, vencendo, enfim a
extrema timidez de o fazer conhecido do pblico, vou rogar a
benevolncia daqueles que me lerem como um discpulo que se quer
instruir. Sem essa vaidade, to mal cabida em algumas de meu sexo
que, compondo alguma coisa, julgam-se poetisas consumadas, eu tanto
mais ganharia com o juzo sensato de pessoas de critrio, quanto o
desprezo com que olhassem para as minhas pobres linhas ser-me-ia
prejudicial (Castro, 2001, p. 21).
Estes prlogos ou esclarecimentos aos leitores com declaraes de
humildade e pedidos de benevolncia, no eram incomuns no sculo XIX,
aparecendo tambm em rsula, de Maria Firmina dos Reis. Eles
manifestavam a conscincia das condies sociais s quais as mulheres
que se dedicavam escrita, no sculo XIX, estavam submetidas no
Brasil: a condio de no-reconhecimento do status autoral, no
legitimando, assim, as obras de autoria feminina no elenco de
representaes e valores scio-culturais constitutivos do imaginrio
simblico nacional (Als, 2004).
Entretanto, no era apenas no Brasil que as mulheres estavam
submetidas condio de no-reconhecimento do status autoral, visto
que, na literatura espanhola, na mesma poca, muitos prlogos de
obras de autoria feminina eram escritos por homens, de forma que o
pedido de benevolncia no era feito pela prpria autora, mas por um
homem, que se desculpava pela irresponsabilidade da mulher ao
escrever a obra, ou ento, com um tom paternalista, apresentava a
obra. No livro Deudas pagadas: cuadro de costumbres de actualidad4,
de Cecilia Bohl de Faber5, o escritor do prlogo Manuel Caete
declara que:
[...] no le alcanza la responsabilidad del mal inevitable y
profundo que causa la literatura romanesca importada de Francia,
que se esfuerza en efectuar en sentimientos y costumbres una
revolucin tan desfavorable a los principios de la Moral Cristiana
Como A Los Efectos Tiernos Y Delicados, Benvolos E Indulgentes
(Caete, 1860 apud Palmer, 1989, p. 1476).
4 CABALLERO, Fernn (Pseudnimo de Cecilia Bohl de Faber). Deudas
pagadas. Cuadro de costumbres de actualidad. Prlogo de Manuel Caete
(Madrid: Imp. M. Tello, 1860). 5 A autora utilizava o pseudnimo de
Fernn Caballero.
-
CONFLUENZE Vol. 6, No. 1
Brbara Loureiro Andreta, Anselmo Peres Als 104
Assim, o exerccio da escrita foi, para as mulheres do sculo XIX,
uma forma de romper os limites entre o privado e o pblico,
destacando-se que o espao privado era o nico local aceitvel para
uma mulher. O ato de escrever configurava uma transgresso que
ultrapassava os limites sociais acordados por uma sociedade
conservadora e escravocrata (Tavares, 2007).
O prlogo de D. Narcisa de Villar cumpre a funo de anunciar o
tema da narrativa. Nele, a narradora salienta que o que ser narrado
foi a ela contado por Me Micaela, uma ndia que lhe relata os
segredos que envolvem a Ilha do Mel e o porqu deste lugar ser
considerado mal-assombrado:
A boa me Micaela, temendo-se talvez de minhas ameaas, no quis
incorrer na pena de privar-se do que era para ela um grande prazer,
ouvir a leitura desses livros, e obter uma lio religiosa que com
tanta f desejava: e pois comeou a sua histria do modo por que a
vamos expor; porm como nos impossvel referi-la com o tom e termos
caractersticos com que ela nos contou, perdoe-nos o leitor que a
substituamos pela nossa linguagem, guardando todavia certas
expresses que pertencem inteiramente narradora (Castro, 2001, p.
25).
Ao se refletir acerca do narrador, conforme Walter Benjamin
(1994), percebe-se que em D. Narcisa de Villar estabelecido um
dilogo entre o narrador oral (responsvel pela memria coletiva) e o
narrador do romance, uma vez que a histria relatada de acordo com o
que Me Micaela contou narradora. Segundo Benjamin (1994), da
experincia que o narrador retira o que ele conta, ou da sua prpria
experincia ou daquela relatada pelos outros. Desta forma, este
dilogo estabelecido entre duas mulheres, Me Micaela e Taim6. Me
Micaela representa a narradora oral e Taim representa a narradora
do romance. Segundo Anselmo Peres Als (2004), Ana Lusa de Azevedo
Castro rompeu com a suposta neutralidade do narrador romanesco,
deslocando o locus de enunciao da voz narrativa, pois ao atribuir a
instncia enunciativa marcada pela diferena, recuperou a perspectiva
dos ndios e das mulheres na narrativa indianista brasileira.
Esta narrativa conta a histria de D. Narcisa de Villar, uma
jovem com cerca de doze anos de idade, que deixa Portugal por
ocasio do falecimento de sua me. A moa, que j era rf de pai, vem
para a cidade brasileira de Ponta Grossa, onde seus trs irmos mais
velhos vivem, a servio do governo portugus. A jovem Narcisa ficou
aos cuidados de Efignia e cresceu junto com o filho desta,
Leonardo, tendo um grande apreo pelos indgenas, ao contrrio de seus
irmos.
- [...] Abandonada por vs fui, na minha orfandade em terra
estrangeira; tivestes a crueldade de me condenar ao isolamento; a
mim, pobre criana, que apenas contava onze anos! Dois coraes
caridosos me tomaram em sua afeio. Um protegeu a minha infncia, o
outro divertia-me com seus brincos prprios da minha idade, e me
fazia esquecer as tristes idias que j to cedo me faziam chorar!
(Castro, 2001, p. 112). O carter desptico dos irmos de Narcisa
descrito logo no primeiro
captulo do livro: 6 Taim um tratamento indgena, significa:
menina, senhora solteira, seria o equivalente ao Miss, em ingls
(Castro, Ana Lusa de Azevedo, 2001, p. 25).
-
CONFLUENZE Vol. 6, No. 1
A representao feminina em D. Narcisa de Villar 105
D. Martim de Villar era um dos tiranos mandados ao Brasil em que
recara a m escolha do governo portugus. O brbaro tratamento e
despotismo que ele exercia sobre seus numerosos administrados
faziam-no odiar por essa gente de corao to sensvel e a quem eles
chamavam selvagens (Castro, 2001, p. 28).
Com o passar dos anos, Narcisa e Leonardo crescem e se
apaixonam. Os irmos de Narcisa, entretanto, escolheram para a jovem
um marido rico e portugus, o coronel Pedro Paulo. Quinze dias antes
do casamento, quando D. Martim vai buscar Narcisa da casa onde vive
com Efignia e Leonardo, os dois irmos discutem e as ideias de
Narcisa a respeito do casamento arranjado, da sua falta de
liberdade para escolher seu marido e da desconsiderao dos irmos
para com seus sentimentos ficam claras em um dilogo entre eles:
- E em que o enganaria, senhora? - Porque impossvel seria
dizer-lhe que o amo. - Ora, acrescentou o fidalgo encolhendo os
ombros; trata-se por ventura de amor em um casamento?... - Senhor,
no trate desse modo o destino da mulher; no queira roubar o nico
bem que esse ente sensvel pode achar no sacrifcio da liberdade de
sua vida inteira. - Na verdade, minha irm, que me surpreende ach-la
to espirituosa! tornou D. Martim com ar sardnico, mas intimamente
encolerizado. - Ah! exclamou a moa exaltando-se: no me consultaram;
sou a nica que tudo ignoro de um fato que sab-lo- talvez at o mais
obscuro dos criados que me servem, porque dispuseram de mim como de
um fardo, que se mercadeja!... Se querem agora a minha presena,
para que o comprador veja melhor a qualidade do estofo que ajustou
pelo preo que se chama dote! Ah! e querem, depois de toda esta
profanao ao mais sagrado de todos os atos da vida da mulher, que
haja casamentos felizes?... Irriso!... (Castro, 2001, p. 69s).
Na apresentao de D. Narisa de Villar, Zahid Muzart (2001)
considera que Narcisa representa a pura herona romntica, bela e
virtuosa, porm com conscincia de seu estado de submisso (p. 10) e,
com esta conscincia, a protagonista critica o casamento de
convenincia, como um negcio imposto s mulheres. A crtica
apresentada por Ana Lusa de Azevedo Castro anterior s crticas
apresentadas por autores cannicos, como Jos de Alencar, em seus
livros Senhora (1875) e Lucola (1862). No pedido de Narcisa para
que o destino da mulher no seja tratado desse modo, aparece a
conscincia da servido, visto que, para uma mulher daquela poca, a
nica coisa que restava era um casamento por amor (Muzart, 2001).
Neste trecho est presente uma reivindicao pelo direito do exerccio
das prprias escolhas e do prprio desejo, uma vez que a protagonista
reclama o fato de no ter sido consultada na deciso de seus irmos
pelo seu casamento com o coronel Pedro Paulo.
No dia do casamento de Narcisa com Pedro Paulo, a jovem e
Leonardo fogem em uma canoa. Entretanto, uma tempestade os leva
Ilha do Mel, onde se escondem em uma gruta e so encontrados por
seus algozes, os irmos de Narcisa. Ao serem localizados pelos irmos
Villar e pelo coronel Pedro Paulo e, logo aps, por Efignia, que
parte, na tentativa de ajudar o casal, muitos segredos so
revelados.
-
CONFLUENZE Vol. 6, No. 1
Brbara Loureiro Andreta, Anselmo Peres Als 106
Leonardo, vendo-se ameaado e agredido pelos irmos Villar,
desesperado, joga uma pedra que tinha na mo, a qual atinge o
coronel Pedro Paulo na cabea, matando-o. Os irmos, furiosos,
assassinam, ento, Leonardo:
O conflito durou meia hora com furor. Leonardo, sem armas,
somente guiado pela sua natural coragem, e pelo desejo de viver
para o amparo do anjo que adorava, no podia por muito tempo vencer
os golpes de mos adestradas ao jogo das armas. Procurando ento dar
um golpe decisivo, que acabasse a contenda, que j comeava a cans-lo
inutilmente, abaixou-se para apanhar uma pedra das muitas que
tapeavam o cho. Os seus inimigos, aproveitando-se desse breve
instante de desgraada imprudncia, lanaram-se a ele e o derrubaram
com quatro cutiladas que o traspassaram de um lado a outro (Castro,
2001, p. 114).
Neste momento chega Efignia, filha do Cacique da Tribo Tupi, e
revela
que foi seduzida e engravidou de Dom Lus de Villar, quando este
foi recebido por sua tribo nas praias desertas da Juria, sendo,
ento, abandonada por ele com seu filho, Leonardo:
- Sou a filha do Cacique da Tribo Tupi, que deu-te [sic]
hospitalidade nas praias desertas da Juria, onde havia a tua nau
naufragado, e onde por meu pai foste livre no s da morte, como de
cair em poder dos Botocudos, cuja crueldade no te havia poupar: mas
em vez de reconhecer o benefcio, seduziste sua filha nica e a
abandonaste depois de a perder. Sabendo ela ento que um fruto do
seu desgraado amor alimentava-se no seu ventre e conhecendo o
desprezo e a execrao a que esse pobre inocente seria votado desde o
seu nascimento por toda a Tribo, correu aps teus passos (Castro,
2001, p. 115s).
A resignao ideolgica no atinge Narcisa, pois a protagonista
tenta resistir de todas as formas que lhe possvel, ao casamento
arranjado, desafiando, por fim, a autoridade patriarcal,
representada no livro pelos seus irmos. A revelao de Efignia de que
Leonardo filho de D. Lus, irmo de Narcisa e que, portanto, Leonardo
e Narcisa so parentes, aparece, no script, como uma impossibilidade
para a realizao deste amor, ento, incestuoso.
- Meu Deus! Exclamou a filha dos brancos pondo as mos: por que
misteriosas relaes aproximais os entes que se devem amar? Ah!
Leonardo, assim se explica o grande amor que me inspiraste!...
(Castro, 2001, p. 116).
Efignia, mesmo sendo uma personagem secundria na obra, merece
destaque por ser uma representao feminina dos indgenas. Ainda
jovem, foi seduzida por D. Lus de Villar, de quem engravidou e foi
abandonada. Receando o desprezo e a execrao que seu filho sofreria
em sua tribo, saiu procura de D. Lus, resignando-se a viver como
escrava nas terras da famlia deste.
Abatida pela dor e pela doena, a desgraada me afrouxou de
atividade; no podendo fazer longas marchas para poupar seu
filhinho, ela parou algum tempo num stio em que achou cmodos para
vida; foi a que a tua gente a apanhou e a trouxe para a vivenda dos
brancos onde ela se resignou a viver na escravido: essa me
desamparada que procurava incansvel o pai de seu filho, sou eu, a
quem fizeste batizar com o nome de Efignia, e teu filho com o de
Leonardo! (Castro, 2001, p. 116).
-
CONFLUENZE Vol. 6, No. 1
A representao feminina em D. Narcisa de Villar 107
Este trecho demonstra a condio de escravido a que muitos
indgenas eram submetidos nas terras de colonizadores portugueses,
uma vez que Efignia trabalhava para os irmos Villar e foi a
responsvel pelos cuidados de Narcisa. A representao da mulher
indgena enquanto objeto de desejo e objeto sexual fica tambm
evidente no relacionamento de Efignia com D. Lus, visto que Efignia
abandonada grvida, demonstrando a viso das mulheres indgenas pelos
colonizadores, como ventres no-legtimos para gerar seus filhos, ou
seja, para gerar filhos tambm dominadores. Cabe ressaltar que a
imposio da religio dos colonizadores tambm aparece neste trecho,
pois Efignia deixa claro que a quem fizeste batizar com o nome de
Efignia (Castro, 2001, p. 116), demonstrando o batismo forado e a
obrigao do abandono das crenas autctones como uma violncia dos
colonizadores para com os indgenas. A tentativa de calar a voz
feminina e indgena aparece quando Efignia, aps revelar que Leonardo
filho de D. Lus, acusada por ele de embusteira. A ndia, ao tentar
provar a veracidade do que revela, mostra as iniciais de Lus,
gravadas em seu peito, no dia em que, pela primeira vez, ele lhe
jurou amor eterno, e um retrato da me dos Villar, que o portugus
deu a ela, em penhor do seu amor. A ndia , ento, acusada de ser
ladra e de t-lo roubado quando este naufragou.
- O retrato de nossa me! exclamaram a um tempo os Villares com
profunda emoo, apoderando-se do medalho!.... - Esta mulher uma
ladra, gritou D. Luiz furioso, amarrem-na disse voltando-se para a
sua gente, para ser aoitada no meio da povoao, a fim de exemplar os
outros. - Sim, uma ladra infame, gritou D. Martim cheio de raiva,
que se atreveu a roubar meu irmo no seu naufrgio; uma mulher
perdida que se afouta a aparecer ante mim com histria horrvel para
chegar a seus fins, amarrem-na!... (Castro, 2001, p. 117).
Percebe-se a tentativa, por parte dos irmos Villar, de
desqualificar o discurso de Efignia atravs da acusao de que uma
ladra, e o uso da violncia para legitimar o poder patriarcal e
colonizador. Este trecho do livro evidencia que as vozes que eram
levantadas para questionar ou revelar o que no fosse de interesse
da sociedade patriarcal e colonizadora eram violentamente
silenciadas, especialmente se estas vozes vinham de pessoas
subalternizadas.
Como punio para sua desobedincia, Narcisa tambm foi assassinada,
de forma que aqui, a morte aparece como uma punio a quem desafia a
autoridade patriarcal.
- Sim, tu morrers, mulher indigna, acudiu D. Martim, que
postergastes todas as leis da honra e da nobreza, entregando-te a
um homem sem nome e sem nascimento; porm em considerao minha
qualidade no morrers como esse co; hs de morrer como crist, para
que tua alma no se perca na Eternidade. Ah! o castigo do teu crime
comea neste momento pela tua vergonhosa confisso. Ol! Senhor
Vigrio, entre para c, que tem que fazer (Castro, 2001, p. 119s).
Este trecho permite tambm que se pense em uma crtica da autora
ao
papel exercido pela igreja catlica no que diz respeito ao
tratamento dado tanto
-
CONFLUENZE Vol. 6, No. 1
Brbara Loureiro Andreta, Anselmo Peres Als 108
s mulheres quanto aos ndios, naquela poca, visto o que o vigrio
acompanhou os irmos Villar em sua busca por Narcisa e Leonardo.
Mesmo no concordando com as atitudes violentas de D. Martim em
relao Narcisa, a companhia do vigrio demonstra o quanto a igreja
apoiava o patriarcalismo, relegando as mulheres condio de pessoas
sem direitos de dirigir suas prprias vidas.
Apenas Efignia, que fez da Ilha do Mel a sua morada, chegou
velhice: - Eles ao menos no sero desunidos depois da morte! dizia a
pobre Efignia enterrando os entes que ela no mundo mais havia
amado!... Cobriu-os de terra. Quando seus rostos desapareceram
totalmente debaixo do cho, e ela plantou uma tosca cruz de pau,
nico dstico desse rstico tmulo, a infeliz me no pde resistir a
tanta dor e caiu doente. Longa foi a sua enfermidade, mas nunca
mais saiu dali; fez sua morada no mesmo lugar em que seus dois
filhos estavam sepultados!... (Castro, 2001, p. 122).
Por fim, destaca-se que, nesta nica obra de Ana Lusa de Azevedo
Castro,
as mulheres e os indgenas ganham voz para que possam denunciar
os diferentes tipos de violncia vivenciados tanto pelas mulheres
quanto pelos ndios no Brasil do sculo XIX. Desta forma, mulheres e
ndios representam a resistncia a uma sociedade patriarcal,
colonialista e tambm, escravocrata, uma vez que a escravido indgena
denunciada nesta obra. Assim como em outras obras de autoria
feminina do sculo XIX, D. Narcisa de Villar denuncia a violncia
institucional e simblica, que pautou a construo da nao,
desestabilizando, desta forma, a configurao da identidade nacional,
uma vez que deu voz a sujeitos subalternizados.
Desta forma, D. Narcisa de Villar traz tona reflexes acerca da
excluso de Ana Lusa de Azevedo Castro dos cnones literrios
nacionais. A crtica ao casamento por convenincias, fazendo da
mulher uma mercadoria e usurpando seu direito de escolha e de livre
exerccio do seu desejo, bem como a violncia praticada para com os
povos indgenas, considerando-se a poca em que a obra foi escrita,
deixam claro que a incluso ou excluso de algumas obras do cnone
literrio, no acontece de forma neutra ou sem interesses, mas em
funo de escolhas polticas, evidenciando o descrdito de obras e
autores que no esto ligados s elites culturais, sejam elas de
gnero, classe ou de raa dominante, inseridos, assim, no campo das
relaes de poder.
Bibliografia
ALENCAR, Jos de. Senhora. V. 1. Rio de Janeiro: B. L. Garnier,
1875,
http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/00181310#page/1/mode/1up
[10/11/2013].
ALENCAR, Jos de. Senhora. V. 2. Rio de Janeiro: B. L. Garnier,
1875,
http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/00181320#page/1/mode/1up
[10/11/2013].
ALENCAR, Jos de. Lucola. Rio de Janeiro: Typ. Franceza de
Frederico Arfvedson, 1862. [17/11/2013].
-
CONFLUENZE Vol. 6, No. 1
A representao feminina em D. Narcisa de Villar 109
ALENCAR, Jos de. Iracema. Rio de Janeiro: Typ. de Viana &
Filhos, 1865. Disponvel em: [17/11/2013].
ALS, Anselmo Peres. O indianismo revisitado: a autoria feminina
e a literatura brasileira do sculo XIX. Organon (UFRGS), Porto
Alegre, v. 18, n. 37, 2004, p. 27-50, . [13/09/2013].
ALS, Anselmo Peres. O idlio como metfora narrativa: a
perspectiva do outro na obra de Ana Lusa de Azevedo Castro.
Cadernos do IL (UFRGS), Porto Alegre, v. 21-22, 1999. p. 25-32.
BENJAMIN, Walter. O narrador: consideraes sobre a obra de
Nilolai Leskov. In: BENJAMIN, Walter. Magia e tcnica, arte e
poltica: ensaios sobre literatura e histria da cultura. So Paulo:
Brasiliense, 1994, p. 197 221.
CABALLERO, Fernn (Pseudnimo de Cecilia Bohl de Faber). Deudas
pagadas. Cuadro de costrumbres de actualidad. Prlogo de Manuel
Caete. Madrid: Imp. M. Tello, 1860.
CASTRO, Ana Lusa de Azevedo. D. Narcisa de Villar. 4 ed.
Florianpolis: Mulheres, 2001.
COUTINHO, Afrnio e SOUZA, J. Galante de. Enciclopdia de
Literatura Brasileira, v. 1. Rio de Janeiro: FAE, p. 408, 1990.
HOLLANDA, Helosa Buarque de e ARAJO, Lcia Nascimento. Ensastas
brasileiras: mulheres que escreveram sobre literatura e artes de
1860 a 1991. Rio de Janeiro: Rocco, 1993.
INDYGENA DO YPIRANGA (pseudnimo de Ana Lusa de Azevedo Castro).
D. Narcisa de Villar: legenda do tempo colonial. Rio de Janeiro:
Typog. de F. de Paula Brito, 1859.
PAIXO, Sylvia. A fala-a-menos: a represso do desejo na poesia
feminina. 1 ed. Rio de Janeiro: Numen, 1991. PALMER, Mara del
Carmen Simn. Prlogos masculinos em libros de escritoras del siglo
XIX. AIH. Actas X, 1989, p. 1475 1483, [10/11/2013].
PRATT, Mary Louise. Mulher, literatura e irmandade nacional.
Traduo de Valria Lamego. In: HOLLANDA, Helosa Buarque de (org.).
Tendncias e impasses: o feminismo como crtica da cultura. Rio de
Janeiro: Rocco, 1994, p. 127 157.
REIS, Maria Firmina dos. rsula. Florianpolis: Mulheres, 2004.
SADLIER, Darlene. Teoria e crtica literria feministas nos Estados
Unidos.
Organon. V. 16, n 16. Porto Alegre, 1989, p. 14 25. Disponvel
em: [13/09/2013].
SCHMIDT, Rita Terezinha. Mulheres reescrevendo a nao. Estudos
Feministas, Florianpolis (UFSC), n. 8, n. 1, 2000, p. 84 97,
http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/9858/9091
[17/03/2013].
SCHMIDT, Rita Terezinha. Centro e margens: notas sobre a
historiografia literria. Estudos de Literatura Brasileira
Contempornea (UnB), Braslia, n. 32, 2008, p. 127 141,
[16/03/2013].
-
CONFLUENZE Vol. 6, No. 1
Brbara Loureiro Andreta, Anselmo Peres Als 110
SIMES, Jernimo. Necrologia. Revista Mensal da Sociedade de
Ensaios Literrios, n. 4 (outubro). Rio de Janeiro, 1872, p.
674-6.
SOUZA, J. Galante de. Duas escritoras e um problema de autoria.
In Machado de Assis e outros estudos. Rio de Janeiro: Ctedra /
Braslia: INL, 1979. pp. 217- 220.
TAVARES, Eleusa Diana Almeida. Literatura e histria no romance
feminino do Brasil no sculo XIX: rsula. In: XII Seminrio Nacional
Mulher e Literatura e III Seminrio Internacional Mulher e
Literatura, 2007. Ilhus, BA. Anais... Ilhus, BA: Universidade
Estadual de Santa Cruz, 2007,
http://www.uesc.br/seminariomulher/anais/PDF/ELEUZA%20DIANA%20ALMEIDA%20TAVARES.pdf
14/03/2013.
WOOLF, Virginia. Mulheres romancistas. In: WOOLF, Virginia.
Profisses para mulheres e outros artigos feministas. Porto Alegre:
L&PM Pocket, 2012.
Brbara Loureiro Andreta Graduada em Filosofia pela Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM) e em Psicologia pelo Centro
Universitrio Franciscano (UNIFRA). Acadmica do Curso de
Letras/Espanhol na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Bolsista PIVIC (Programa Institucional de Voluntrio em Iniciao
Cientfica) no projeto de pesquisa Ressonncias e dissonncias no
romance lusfono contemporneo, sob a orientao do Prof. Dr. Anselmo
Peres Als. Contato: [email protected]. Anselmo Peres Als
Doutor em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS). Professor Adjunto no Departamento de Letras
Vernculas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Professor
do Programa de Ps-Graduao em Letras, na mesma instituio. Coordena
os projetos de pesquisa Ressonncias e dissonncias no romance
lusfono contemporneo e Poticas da masculinidade em runas, ou: o
amor em tempo de AIDS (este ltimo, com apoio financeiro do CNPq).
Autor de A letra, o corpo e o desejo: masculinidades subversivas no
romance latino-americano. Florianpolis: Mulheres, 2013). Contato:
[email protected].
Recebido 28/03/2014 Aceito 20/05/2014