C NÃO SE TRATA DE UM RÓTULO. CYCLE CHIC É UM MOVIMENTO INTERNACIONAL QUE ASSOCIA A CULTURA DE PEDALAR NO DIA A DIA SEM OS “NEONS” DAS ROUPAS ESPORTIVAS. CONHEÇA OS ADEPTOS PAULISTANOS QUE ABRIRAM SEU ARMÁRIO PARA UMA MOBILIDADE URBANA MAIS CHARMOSA E SUSTENTÁVEL texto: Janaína Quitério | fotos: Thiago Teixeira | arte: Glauco Dias lick! A imagem captada pelo fo- tógrafo e cineasta dinamarquês Mika- el Colville-Andersen no semáforo de Copenhague, em 2007, era uma cena comum na cidade. Uma mulher pre- parava-se para se deslocar de bicicle- ta elegantemente ao lado de carros no momento em que o sinal abria. A fotografia substituiu o manifesto es- crito e, ao ser publicada em seu blog — Copenhagen Cycle chic (www.cope- nhagencyclechic.com) —, conquistou adeptos em todo o mundo. Desde en- tão, Colville-Andersen registra cenas de pessoas elegantes sobre suas bici- cletas confortáveis com o objetivo de defender que é viável e até poético se mover no meio urbano com estilo. Copenhague tinha tudo para ser o berço do movimento Cycle chic. A cidade é tida pela União Ciclís- tica Internacional como a mais bicycle-friendly do planeta por ofe- recer 350 quilômetros de ciclovias a quase 500 mil pessoas (ou 36% do total de habitantes), que usam a bicicleta como meio de transpor- te diário — isto é, que se locomo- vem ao trabalho, ao supermercado, à escola, à casa de amigos ou a qualquer outro lugar aonde chega- riam de carro, de moto, a pé ou de transporte público. Segundo as au- toridades governamentais da capital dinamarquesa, o número de adep- tos da bike como veículo cotidiano deve chegar a 50% da população até 2015, quando a cidade espera ganhar o título de a “capital ambien- tal do mundo”. O Copenhagen Cycle chic foi reproduzido em várias cidades: Barcelona, Paris, Amsterdã, Lon- dres, Bélgica, Sydney, Lisboa, Vie- na, Nova York, Turim, Curitiba, São Paulo e muitas outras. Em junho de 2008, Carlton Reid, do jornal britâ- nico The Guardian, classificou o ori- ginal Cycle chic como um dos dez melhores blogs de moda no mundo. CYCLE CHIC: ESSA MODA VAI PEGAR NO BRASIL 16 | horizonte Horizonte-cycle-chic-11.indd 16 28/06/2011 18:23:49
Reportagem publicada na Revista Informar Tabatinga 11, em jul/ago de 2011: Não se trata de um rótulo. Cycle chic é um movimento internacional que associa a cultura de pedalar no dia a dia sem os “neons” das roupas esportivas. Conheça os adeptos paulistanos que abriram seu armário para uma mobilidade urbana mais charmosa e sustentável
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NÃO SE TRATA DE UM RÓTULO. CYCLE CHIC É UM MOVIMENTO INTERNACIONAL QUE ASSOCIA A CULTURA DE PEDALAR NO DIA A DIA SEM OS “NEONS” DAS ROUPAS ESPORTIVAS. CONHEÇA OS ADEPTOS PAULISTANOS QUE ABRIRAM SEU ARMÁRIO PARA UMA MOBILIDADE URBANA MAIS CHARMOSA E SUSTENTÁVEL
Copenhague tinha tudo para ser o berço do movimento Cycle chic. A cidade é tida pela União Ciclís-tica Internacional como a mais bicycle-friendly do planeta por ofe-recer 350 quilômetros de ciclovias a quase 500 mil pessoas (ou 36%
do total de habitantes), que usam a bicicleta como meio de transpor-te diário — isto é, que se locomo-vem ao trabalho, ao supermercado, à escola, à casa de amigos ou a qualquer outro lugar aonde chega-riam de carro, de moto, a pé ou de transporte público. Segundo as au-toridades governamentais da capital dinamarquesa, o número de adep-tos da bike como veículo cotidiano deve chegar a 50% da população até 2015, quando a cidade espera ganhar o título de a “capital ambien-tal do mundo”.
O Copenhagen Cycle chic foi reproduzido em várias cidades: Barcelona, Paris, Amsterdã, Lon-dres, Bélgica, Sydney, Lisboa, Vie-na, Nova York, Turim, Curitiba, São Paulo e muitas outras. Em junho de 2008, Carlton Reid, do jornal britâ-nico The Guardian, classifi cou o ori-ginal Cycle chic como um dos dez melhores blogs de moda no mundo.
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A designer gráfi co Joana Rocha, de 34 anos, dá dicas em seu blog “Hoje vou assim de bike” — inspirado nos blogs de moda “Hoje vou assim” e “Hoje vou as-sim off” —, com fotografi a e marcas das roupas que ela combina para se deslocar com a bike speed Bianchi
A designer gráfi co Renata Cardamo-ni, de 22 anos, pedala há três meses e já inseriu seu estilo em suas andan-ças. “Eu viajei para Santos de bike usando vestido e All Star. É como me visto no dia a dia”
Aline Cavalcante, jornalista de 25 anos, pedala em São Paulo há dois anos e meio. Não se considera “chique”, mas se identifi ca com o termo Cycle chic por ele defender o uso de roupas “normais”, não esportivas, no dia a dia. “Se eu morasse a 30 quilômetros do meu trabalho, talvez usasse roupas de atletas. Mas, para o meu deslocamento de 10 km di-ários, eu me arrumo. Cycle chic, para mim, é o guarda-roupa na bike. Tem um potencial de quebrar paradigmas como o de achar que bicicletas estão reservadas a parques ou academias”
No fi nal de junho, ciclistas de São Paulo organizaram o Tweed Ride — um passeio feito de bike com trajes elegantes de época com o ob-jetivo de lembrar que, no passado, as bicicletas eram sinônimo de sofi sticação. O primeiro Tweed Ride (Tweed Run) foi organizado em Londres no início de 2009. Na foto, Rafael Rodolfo Chacon exibe o traje vintage no centro de São Paulo
O editor de imagem João Guilherme La-cerda, de 30 anos, é promotor do uso da bicicleta como uma das alternativas para o trânsito em grandes cidades. “Usar a bike como veículo normal faz toda a diferença. Botar o cachorrinho na cesta da bicicleta toca muito mais as pessoas do que repetir que o congestionamento causado pelo excesso de carros destrói o planeta. Transmitir a felicidade que andar de bike proporciona é muito gos-toso, e isso me faz mais feliz”
Daniel Guth, de 27 anos, é fotógrafo por formação e atua em administra-ção pública. Vendeu o carro em 2008 e descobriu novos caminhos, fl oridos e arborizados, para se locomover pela cidade. “Percebi que pedalar com cha-ruto é incrível, pois a fumaça não fi ca no olho”, garante. Em 2008, trabalhava na Secretaria de Esportes de São Paulo quando foram propostas as ciclofaixas de lazer na cidade: “A ideia era fazer as pessoas retomarem o gosto de fi car ao ar livre na rua e interagirem com ela. As ciclofaixas (disponíveis aos ciclistas nos domingos) tinham o objetivo de tirar a poeira das bikes para, então, introduzir soluções que revolucionem um padrão de mobilidade, que hoje privilegia os veículos automotores”