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USO DO CURARE NA UTI NEONATAL
Paulo R. Margotto
Prof. do Curso de Medicina da Escola Superior de Cincias da Sade
(ESCS/SES/DF), Intensivista neonatal da Unidade de Neonatologia
do
HRAS/SES/DF, do Hospital das Foras Armadas (EMFA) e do Hospital
Unimed-Braslia.
www.paulomargotto.com.br [email protected]
Braslia, 01 de outubro de 2007
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RESUMO A introduo dos bloqueadores neuromusculares revolucionou
a prtica na medicina, ocorrendo uma redefinio na anestesia. Entre
as indicaes do seu uso na neonatologia, a evidncia mostra eficcia
do seu uso nos recm-nascidos que brigam com o ventilador
(assincronia) na diminuio da hemorragia intraventricular e a
experincia mostra, no ps-operatrio, a reduo da rotura da sutura nos
recm-nascidos com atresia de esfago, sem efeitos adversos. Os
relaxantes musculares diferem no mecanismo de ao, havendo 2 tipos:
despolarizantes (succinilcolina) e os no despolarizantes
(pancurnio, vecurnio, atracrio, cisatracrio, rocurnio, doxacrio,
pipecurnio, mivacrio). Os efeitos adversos, agravados com a interao
com outras drogas devem ser reconhecidos, para a otimizao do uso
dos curares. Os curares despolarizantes (succinilcolina) tm sido
usados para a seqncia rpida de entubao, embora na neonatologia, tem
sido proposta mais atualmente outra droga, como o propofol, devido
ocorrncia de bradicardia devido ao seu antagonismo com os
receptores colinrgicos. Nesta situao, o uso de atropina se impe.
Devido a sua rpida ao, a succinilcolina tem sido tambm usada na
reverso do laringoespasmo, especialmente quando no se dispe de um
acesso venoso. A necessidade de melhorar a margem de segurana
cardiovascular e metablica dos bloqueadores neuromusculares
implicou no surgimento de novos agentes no despolarizantes.
Torna-se importante o conhecimento da farmacodimica e
farmacocintica destes agentes para que seja usado o relaxante
muscular melhor indicado . O relaxante muscular ideal aquele que
apresenta incio da ao rpido e que apresenta curta durao do efeito,
via de eliminao independente do fgado e do rim, ausncia de efeitos
cardiovasculares e que tenha rpida reverso com anticolinestersicos
e se possvel, espontnea. Nenhum dos agentes bloqueadores
neuromusculares da atualidade cumprem totalmente estas exigncias.
Entre os curares no despolarizantes em uso temos: -vecurnio: melhor
do ponto de vista qumico do que o pancurnio; desprovido de efeitos
cardiovasculares do pancurnio (este leva a taquicardia e a
hipertenso arterial) -atracrio: tem a vantagem da sua eliminao por
um processo independente do fgado e do rim (eliminao de Hoffmann),
sendo o curare de eleio para pacientes com insuficincia heptica ou
renal (no entanto, por liberar histamina, apresenta efeitos
cardiovasculares, caracterizado por taquicardia e hipotenso
arterial) -mivacrio: tem a vantagem de sofrer hidrlise pela
acetilcolinesterase heptica, o que o torna um curare de curta durao
(causa efeitos cardiovasculares em decorrncia da liberao de
histamina). -rocurnio: semelhante ao vecurnio tem incio de ao
rpido, sendo indicado na seqncia rpida de entubao. -cisatracrio:
mais potente que o atracrio e apresenta grande margem de segurana
cardiovascular e metablica, com a vantagem de leve liberao de
histamina, sendo indicado para pacientes com patologia
cardiovascular. -pipecurnio: semelhante ao pancurnio, no entanto,
carece de efeitos vagolticos do pancurnio, sendo indicado em
cirurgias de longa durao em pacientes com patologia cardiovascular.
-doxacrio: semelhante ao pipecurnio, com a vantagem de apresentar
efeitos cardiovasculares do pancurnio e tem as mesmas indicaes do
pancurnio (interveno cirrgica de longa durao) -rapacurnio: devido
causar grave broncoespasmo e broncoconstrio irreversvel, foi
retirado da prtica clnica. A reverso do efeito dos relaxantes
musculares importante para evitar o risco do desenvolvimento do
bloqueio residual. Assim, torna-se importante a necessidade de
novos agentes para reverter o bloqueio neuromuscular, com incio
rpido de ao com melhor eficcia e segurana do que os
anticolinestersicos, como a neostigmina (causa eventos colinrgicos
adversos, cardiovasculares e gastrintestinais, alm de serem
inefetivos quando administrados durante bloqueio profundo). Entre
estes agentes, o Sugammadex, uma gama-ciclodestrina, aps estudos de
fase III, tem-se mostrado efetivo na reverso do bloqueio
neuromuscular. O Sugammadex (inclusive a Agncia Europia de
Medicamentos-EMEA aceitou a solicitao para a sua comercializao em
julho de 2007) se liga seletivamente ao relaxante muscular,
encapsulando-o, mais especificamente com o rocurnio e mais
recentemente com o vecurnio. Na busca do bloqueador neuromuscular
ideal (todos os compostos que esto sendo estudados tendem a
substituir a succinilcolina) a ateno est voltada para os derivados
dos steres do cido clorofumarnico e o composto mais promissor
parece ser o clorofumarato (gantracrio). Este agente tem incio
rpido de ao (122 a 54 segundos) com uma durao ultracurta (3,5 a 10
minutos) e no apresentou efeitos colaterais significantes; a
reverso foi acelerada em animais com o uso de cistena e em humanos,
com o uso do edrofnio.
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USO DO CURARE NA UTI NEONATAL
Paulo R. Margotto
Prof. do Curso de Medicina da Escola Superior de Cincias da Sade
(ESCS/SES/DF), Intensivista neonatal da Unidade de Neonatologia
do
HRAS/SES/DF, do Hospital das Foras Armadas (EMFA) e do Hospital
Unimed-Braslia
www.paulomargotto.com.br [email protected]
O termo bloqueio neuromuscular refere, especificamente ao
bloqueio da transmisso pelas drogas que interagem com os receptores
da acetilcolina na face ps-juncional das placas motoras finais dos
msculos estriados1. Como o primeiro princpio ativo que teve esta ao
foi o curare, tornou-se de costume chamar todos os bloqueadores
neuromusculares no despolarizantes (veja a frente) como curares e o
seu efeito bloqueador de curarizao e a sua antagonizao como
descuralizao e o reaparecimento do bloqueio depois do antagonismo
de recurarizao2. A introduo dos bloqueadores neuromusculares
revolucionou a prtica da medicina (antes, a anestesia era induzida
e mantida por agentes endovenosos e inalatrios). A entubao traqueal
era rara e o relaxamento muscular, se necessrio, era mantido pela
anestesia inalatria profunda com o risco de depresso
cardiorrespiratria. Aps a introduo dos relaxantes musculares a
anestesia foi redefinida como uma trade de narcose, analgesia e
relaxao muscular, sendo usadas drogas especficas para cada um
destes efeitos3.
Os bloqueadores neuromusculares so freqentemente empregados para
facilitar a ventilao mecnica e outras intervenes teraputicas em
adultos e crianas4.
Na UTI Neonatal tem sido sugerido que o seu uso diminuiu a
incidncia e a gravidade da hemorragia intraventricular, devido
eliminao do fluxo sanguneo flutuante5. Stark e cl6 evidenciaram que
a incidncia de pneumotrax ocorreu em 3 de 35 dos recm-nascidos
ventilados que foram curarizados. Nos recm-nascidos que brigavam
com o respirador, o pneumotrax ocorreu em todos os 11 RN no
paralisados versus 1 de 11 paralisados no estudo de Greenough A e
cl7. No ps-operatrio de atresia de esfago tem sido preconizado o
uso do curare para diminuir a tenso na anastomose. Existe uma
estreita relao entre rotura da anastomose e tenso. No estudo
recente de Uchida et al, o uso da ventilao mecnica com curare e
flexo do pescoo reduziu a rotura da sutura, sem efeitos adversos na
anastomose, atelectasia, refluxo gastroesofgico e sem aumento dos
dias de ventilao e sem diminuio na taxa de sobrevivncia8. No
ps-operatrio de atresia de esfago, na Unidade de Neonatologia
usamos o vecurnio, um curare no despolarizante (veja adiante).
O objetivo deste estudo de reviso proporcionar ao neonatologista
uma base na compreenso do mecanismo de ao dos diferentes
bloqueadores neuromusculares, para que possamos otimizar o seu uso
e prevenir os efeitos adversos.
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MECANISMO DE AO -fisiologia da transmisso neuromuscular9,10
A inervao da musculatura esqueltica composta de fibras
mielinizadas eferentes do tipo alfa, cujos corpos celulares esto
localizados nos ncleos dos nervos cranianos ou na substncia
cinzenta do corno anterior da medula. A poro do nervo junto fibra
muscular no possui a bainha de mielina. Aqui, a superfcie de fibra
muscular invaginada para receber os ramos do axnio. Um amplo espao
de 70nm separa a terminao nervosa da fibra muscular na sinapse,
sendo conhecido por fenda sinptica. (Costarino, 1987) (Figura l).
w
Figura 1. Diagrama e micrografia de uma sinapse de uma juno
neuromuscular
1- Vesculas sinpticas; 2- -Neurnio pr-sinptico (axnio terminal);
3- Fenda sinptica; 4- Neurnio ps-sinptico
A transmisso neuromuscular ocorre devido transmisso do estmulo
eltrico do nervo para o msculo, mediado pela acetilcolina (esta se
liga aos stios das 2 subunidades alfa dos receptores
acetilcolina.).
A acetilcolina (ACh) uma molcula simples sintetizada a partir de
colina e acetil-CoA atravs da ao da colina acetiltransferase. Os
neurnios que sintetizam e liberam ACh so chamados neurnios
colinrgicos. Quando um potencial de ao alcana o boto terminal de um
neurnio pr-sinptico, um canal de clcio controlado pela voltagem
aberto. A entrada de ons clcio, Ca++, estimula a exocitose de
vesculas pr-sinpticas que contm ACh, a qual conseqentemente
liberada na fenda sinptica. Uma vez liberada, a ACh deve ser
removida rapidamente para permitir que ocorra a repolarizao; essa
etapa, a
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hidrlise, realizada pela enzima acetilcolinesterase ou
colinesterase verdadeira ou colinesterase especfica. A
acetilcolinesterase encontrada nas terminaes nervosas est ancorada
membrana plasmtica atravs de um glicolipdeo.
Os receptores ACh so canais de ctions controlados por ligantes,
composto por quatro unidades subpeptdicas dispostas na forma
[(alfa2) (beta) (gama) (delta)]. Duas classes principais de
receptores de ACh foram identificadas com base em sua reatividade
ao alcalide, muscarina, encontrada no cogumelo chapu-de-cobra e
nicotina, respectivamente, os receptores muscarnicos e os
receptores nicotnicos.
Os receptores nicotnicos (ionotrpicos - funcionam por abertura
rpida do canal inico) so canais inicos na membrana plasmtica de
algumas clulas, cuja abertura desencadeada pelo neurotransmissor
acetilcolina, fazendo parte do sistema colinrgico. O seu nome
deriva do primeiro agonista seletivo encontrado para estes
receptores, a nicotina, extrada da planta Nicotiana tabacum. O
primeiro antagonista seletiva descrito foi o curare
(d-tubocuranina). Ambas as classes de receptores so abundantes no
crebro humano. Os receptores nicotnicos ainda so divididos conforme
encontrados nas junes neuromusculares (Nm) e aqueles encontrados
nas sinapses neuronais (Nn). O subtipo n encontra-se presente na
membrana de um leque relativamente extenso de neurnios, sendo o
responsvel pela propagao do estmulo em todos os circuitos nervosos
que tm como neurotransmissor a acetilcolina (ACh). Estes circuitos
incluem todo o sistema nervoso parassimptico, e a parte
pr-ganglionar do sistema nervoso simptico. Os receptores Nn
encontram-se tambm presentes no sistema nervoso central. Os
subtipos (Receptores musculares) esto presentes na placa motora. A
sua ativao causa despolarizao e contrao do msculo esqueltico,
responsvel pelos movimentos voluntrios. Compreende-se assim o
efeito de substncias como o curare, utilizado por tribos indgenas
sul-americanas na caa, que ao atingir o animal com um dardo ou seta
impregnada com a substncia causam paralisia e morte da vtima (por
paralisia dos msculos da respirao) em poucos minutos.
Os receptores muscarnicos so receptores metabotrpicos acoplados
a protena G. So estimulados pela acetilcolina desencadeando uma
cascata intracelular que responsvel pelas respostas
ditas"muscarnicas". Devem o seu nome muscarina, um frmaco presente
no cogumelo Amanita muscaria que ativa seletivamente estes
receptores. O seu antagonista clssico a atropina, produzido, por
exemplo, pela planta Atropa belladonna. Esto descritos pelo menos 5
tipos de receptores, de M1 a M5. A ao que exercem depende da sua
localizao, assim como do tipo de protena G a que esto
acoplados:
A ativao dos receptores de ACh pela ligao com o ACh aos stios em
cada duas subunidades alfas, provoca uma entrada de Na+ na clula e
uma sada de K+, provocando a despolarizao do neurnio ps-sinptico e
no inicio de um novo potencial de ao. Portanto, a ligao de ambos os
stios ao transmissor, provoca uma mudana na conformao do receptor,
permitindo a alterao nos gradientes de concentrao do sdio, potssio
e clcio. Assim, o receptor acetilcolina uma porta quimicamente
reativa para o movimento de ctions. A acetilcolina se liga ao
receptor muito brevemente (
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O curare um composto orgnico do grupo do alcalide que exerce ao
relaxante sobre a musculatura. uma droga paralisante usada em
pequenas doses para relaxamento muscular, e derivada de vrias
plantas alcalides da famlia Loganiaceae ou Loganlcea do gnero
Strychnos Destas plantas so tirados vrios subprodutos como exemplo
as substncias estricnina e Chondrodentoin.
um potente inibidor, relaxante sobre o msculo estriado.Atuando
como competidor da acetilcolina pela ligao aos receptores
nicotnicos (um dos dois tipos de receptores sinrgicos para o
neurotransmissor) da placa motora. Assim, ao bloquear os receptores
de acetilcolina, esses receptores, os quais so ionotrpicos para
ctions, no se abrem. Desse modo, no ocorre o influxo de Sdio
desencadeado pela atividade normal da placa motora, o que
provocaria a despolarizao da membrana ps-sinptica. O potencial
gerado pela ligao, em condies fisiolgicas, da acetilcolina ao seu
receptor na placa motora chamado de potencial da placa motora, o
qual responsvel por estimular a abertura de canais de Sdio
dependentes de voltagem, os quais contribuiro para a amplificao do
potencial despolarizante que se espalha pela fibra muscular,
desencadeando a contrao. JUNO NEUROMUSCULAR NO RECM-NASCIDO4 H
diferenas importantes estruturais e bioqumicas entrem a juno
neuromuscular do RN e de crianas maiores. A unidade motora
difusamente larga no recm-nascido e nos adultos, varia com o grupo
muscular. A relao entre nervo terminal e fibra muscular tambm
difere. No RN h mltiplas fibras musculares por axnio terminal e j
no adulto, as fibras musculares se restringem ao contato com um
nico nervo (inervao focal). Esta relao difusa do nervo para msculo
nos RN refletido no nmero e distribuio dos receptores de
acetilcolina na membrana ps-sinptica (o RN apresenta menor
superfcie de rea em relao aos adultos) e os receptores so
difusamente distribudos na placa motora final e atravs da membrana
muscular (receptores extrajuncionais). As propriedades dos canais
inicos dos receptores de acetilcolina so tambm diferentes no RN em
relao ao adulto. A taxa com que ocorre o fechamento dos canais aps
a estimulao pela acetilcolina aproximadamente 3 vezes menor no
neonato, tornando mais semelhante ao adulto por volta do primeiro
ms de vida extra-uterina. A produo de acetilcolina a partir do
terminal nervoso menor no RN em relao ao adulto. A magnitude da
despolarizao na placa motora neuromuscular aps a estimulao menor no
RN e aumenta dramaticamente durante o perodo neonatal. H sugesto de
produo de menos vesculas de acetilcolina por potencial de ao
nervosa no RN
Estas diferenas na anatomia e bioqumica das junes
neuromusculares dos RN, assim como outras diferenas fisiolgicas nos
compartimentos aquosos do corpo e funo renal, podem ter importantes
implicaes para o uso de agentes bloqueadores neuromusculares na UTI
Neonatal.
Tais diferenas podem contribuir para uma relativa sensibilidade
do RN aos bloqueadores neuromusculares
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-fisiologia do bloqueio neuromuscular H 2 categorias de agentes
bloqueadores neuromusculares
- -bloqueadores neuromusculares NO DESPOLARIZANTES bloqueadores
neuromusculares DESPOLARIZANTES
- -Bloqueadores neuromusculares no despolarizantes Estes agentes
evitam a transmisso neuromuscular ligando-se competitivamente aos
stios de ligao da acetilcolina nos receptores ps-juncionais
(receptores nicotnicos). Se quantidades suficientes de receptores
so ocupadas pelos agentes bloqueados, a despolarizao da placa final
no alcanar um limiar (50mV) e a contrao muscular no ocorrer4. Como
vimos na fisiologia da transmisso neuromuscular, as molculas de
acetilcolina devem se ligar a ambos os stios do receptor para que
ocorra a abertura dos canais. O incio da ao ocorre dentro de 2-3
minutos, sendo assim no disponvel para o rpido controle da via
area3. A ligao destes agentes ao receptor reversvel. Assim
quantidades suficientes de acetilcolina podem conter os efeitos da
medicao. Esta a razo do urso de antagonistas da acetilcolinesterase
(neostigmina e edrofnio) para conter o efeito dos bloqueadores
neuromusculares no despolarizantes.A juno meuromuscular do
recm-nascido parece ser mais susceptvel do que a do adulto ao
bloqueio pelos agentes neuromusculares no despolarizantes4. Os
principais bloqueadores neuromusculares pertencentes a este grupo
empregados na prtica diria so: pancurnio, vecurnio, rocurnio,
atracrio, cisatracrio, pipecurnio, doxacrio e mivacrio.
-Bloqueadores neuromusculares despolarizantes Estes agentes
despolarizantes mimetizam o efeito da acetilcolina na juno
neuromuscular; inicialmente causam fasciculaes e paralisia. Este
agente tem incio da ao rpida (5 minutos) e dura 5 minutos, efeito
no reversvel pela acetilcolinesterase, tais como a neostigmina, mas
a colinesterase plasmtica bloqueia rapidamente a sua ao. O bloqueio
da neurotransmisso ocorre pela despolarizao prolongada causada pela
colina que age sobre os canais de clcio. O nico agente clinicamente
empregado nesta situao a succinilcolina. Entre os mecanismos de ao
de destacam o efeito agonista da succinilcolina que ocupa as
subunidades alfa, causando despolarizao e dissensibilizao a
acetilcolina e tendo como efeito final a flacidez muscular11. A
succinilcolina no susceptvel a degradao enzimtica pela
acetilcolinesterase4. O bloqueio apela succinilcolina, clinicamente
manifestado pela difusa miofasciculao no incio da sua ao, seguido
pela paralisia (a ao da succinilcolina na membrana pr-sinptica
promove a liberao adicional de acetilcolina que poderia explicar
este fato)11. A ao da succinilcolina termina em 5-15 minutos (menor
durao em crianas), assim que sofre hidrlise enzimtica catalisada
pela enzima plasmtica e heptica, succinilcolinesterase. As crianas
parecem ser relativamente resistentes a administrao de
succinilcolina em relao aos adultos. A distribuio difusa dos
receptores de acetilcolina
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que caracteriza a membrana muscular do RN na juno neuromuscular
e o maior volume de distribuio, podem contribuir para esta
diferena4.
A succinilcolina continua ser a droga de escolha para a
paralisia muscular. Particularmente quando h necessidade de incio
rpido do efeito. Nenhum dos relaxantes musculares no
despolarizantes (veja a frente) tem o perfil farmacodinmico da
succinilcolina. Assim a succinilcolina continua sendo usada para
entubao endotraqueal urgente no perodo pr-operatrio nas salas de
emergncias, na Unidade de Cuidados Intensivos e mesmo fora do
Hospital durante transporte urgente de pacientes. Devido a sua
rpida ao, mesmo sendo administrada intramuscular, tambm. Usada para
o tratamento do laringoespasmo, especialmente quando est associado
com dessaturao e no est disponvel acesso venoso12. Em contraste, a
succinilcolina um antagonista dos receptores colinrgicos autnomos e
bradicardia vagal pode ocorrer aps a sua administrao4.
As crianas parecem ser mais susceptveis que os adultos, sendo
que a pr-medicao com a atropina freqentemente aconselhvel4.
Quando a succinilcolina administrada no paciente saudvel, ocorre
despolarizao dos receptores que esto presentes somente na juno
neuromuscular, ocorrendo efluxo de potssio intracelular limitada
rea juncional; esta despolarizao resulta em uma mudana na
concentrao plasmtica do potssio de aproximadamente 0,5 a 1,0mEq/l,
Havendo uma perda da excitao muscular (contrao) por qualquer razo
9denervao, imobilizao, terapia por relaxante muscular, toxinas) h
uma espalhamento dos receptores colinrgicos juncionais atravs de
toda a membrana muscular12. Assim, a hipercalemia induzida pela
acetilcolina tem significado clnicos nos pacientes com queimaduras
(estes pacientes tm aumento dos receptores colinrgicos juncional e
extrajuncional). As diferenas na juno neuromuscular das crianas
podem influenciar o potencial para a produo de potssio seguindo ao
uso de succinilcolina, mas no h dados que sugerem que isto seja um
problema nas Unidades Neonatais4.
QuelicinR frasco ampola de 10 ml com 500mg; frasco ampola de 100
ml com 100mg de cloreto de succinilcolina
INDICAO PARA A CURARIZAO Por muitos anos os agentes bloqueadores
neuromusculares tm sido usados nos pacientes que requerem longo
perodo de internao. A indicao mais importante a facilitao do
controle da relaxao muscular a pacientes que so submetidos a
procedimentos cirrgicos13. O amplo uso destes agentes na UTI
Neonatal ocorreu durante os anos 60. Nesta poca os ventiladores s
permitiam fluxo durante a inspirao e como os RN no podiam respirar
fora da fase do respirador, requeriam paralisia muscular e sedao
para evitar a briga. Em 1974, com o desenvolvimento de respirador
que permitia fluxo de gs contnuo atravs do ciclo respiratrio
(ventilao mandatria intermitente), houve uma diminuio do nmero de
RN que requeriam paralisia4. No entanto, nos anos 80, reviveu o
interesse pelo uso de relaxantes musculares devido ao risco da
ocorrncia de barotrauma e hemorragia intraventricular4. No estudo
de Greenough e cl7, o uso do pancurnio nos RN ventilados ocasionou
menor incidncia de pneumotrax nos recm-nascidos que brigavam com o
respirador e so estes os RN de maior risco para desenvolver
pneumotrax. Por outro lado, 13 de 17 RN
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tratados requereram aumento das presses do respirador e foram
ventilados por um tempo significativamente mais longo.
Analisando 50 RN com DMH sob ventilao mecnica nos primeiros dias
de vida, Perlman e cl5 detectaram significante relao entre flutuao
da VFSC, assim como da presso arterial e o subseqente
desenvolvimento da hemorragia intraventricular. Relataram tambm a
converso do padro flutuante da VFSC para o estvel da VFSC. Observem
as figuras 2 e 314.
Presso Sangnea Arterial
Figura 2 Figura 3 A variabilidade da VFSC foi significativamente
maior nos RN que respiravam fora de
sincronia com o respirador, no estudo de Rennie e cl. Quando o
RN est assincrnico com o respirador, ocorrem maiores alteraes nas
presses intratorcicas. Durante a assincronia, ocorre queda das
presses intratorcicas e conseqentemente queda das presses sistmicas
arterial ou venosa, quando o RN respira durante a fase de deflao do
ventilador e altas presses intratorcicas e conseqentemente altas
presses sistmicas arterial e venosa, quando o RN respira enquanto o
ventilador est tentando inflar os pulmes. Se o RN respira
sincronicamente com o respirador (respirao espontnea coincide com a
inflao) as alteraes nas presses intratorcicas so menores. Assim,
ventilao assincrnica leva a grandes flutuaes na VFSC e como vimos
no estudo de Perlman e cl5, a flutuao da VFSC aumenta o risco de
hemorragia intraventricular. Cowan e Thoresen15 relataram alteraes
na VFSC com o uso de diferentes presses de insuflao pulmonar (PIP):
no ocorreram alteraes ventilando o RN com PIP de 14cm H2O e
alteraes entre 5,6 a 12,3%, com o aumento da PIP para 18cm H2O;
semelhantes variaes foram observadas a nvel venoso. Os autores
sugerem manter a PIP em nveis menores possveis, principalmente
nestes RN pr-termos extremos nos primeiros dias de vida quando o
risco de hemorragia intraventricular maior e o uso da
ultra-sonografia Doppler regularmente para verificar se a VFSC est
sendo afetada pela PIP. Perlman e cl5 evidenciaram que a freqncia
de hemorragia intraventricular nos RN que usaram pancurnio (tambm
apresentavam fluxo sanguneo cerebral flutuante) foi
significativamente menor em relao aos RN controles que no receberam
pancurnio. Os
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bebs paralisados tenderam a apresentar menos severa hemorragia
(de 10 RN com VFSC flutuante no paralisados, 10 (100%) apresentaram
hemorragia intraventricular, dos quais 7, hemorrragia
intraventricular severa; 5 de 14 (36%) paralisados apresentaram com
hemorragia intraventricular e 0 com hemorragia intraventricular
severa. Severa. Observe na Figura 4 a converso da VFSC flutuante
pelo uso do relaxante muscular no recm-nascido em ventilao mecnica.
O traado do fluxo sanguneo cerebral foi obtido com o uso do Doppler
na fontanela anterior de um recm-nascido com doena da membrana
hialina antes e aps o uso do relaxante muscular (brometo de
pancurnio). Figura 4. Converso Da velocidade do fluxo cerebral
flutuante pelo uso do pancurnio em um recm-nascido com doena da
membrana hialina assincrnico com o respirador (Perlman JM et al. N
Engl J Med 1985; 313:1353-7 Segundo Costarino4, o pancurnio pode
ser inapropriado para muitos RN prematuros que no apresentam fluxo
sanguneo cerebral flutuante, alm de que nem todas as Unidades
dispem do Doppler.
Recm-nascido ventilado, respirando assincronicamente com o
ventilador, apresenta alto risco de pneumotrax e hemorragia
intraventricular e ficam mais expostos ao severo barotrauma que
pode piorar a evoluo clnica. A paralisia muscular que elimina os
esforos respiratrios do RN, apresenta uma vantagem potencial a este
respeito16. A metanlise de Cools e Offringa16 englobando 6 estudos
(486 RN) realizada com o objetivo de determinar se o uso rotineiro
de paralisia muscular no RN sob ventilao mecnica em relao ao RN que
no recebeu paralisia muscular mostra importante reduo de complicaes
agudas pulmonares e neurolgicas durante a ventilao mecnica e se h
melhora a longo prazo na evoluo pulmonar e neurolgica ( O pancurnio
foi a nica droga usada na dose de 0,03mg/kg a 0,01mg/kg, sendo
repetida para manter a paralisia. Os autores concluem nesta
metanlise que o uso rotineiro de bloqueadores neuromusculares em
uma populao selecionada de RN prematuros ventilados em assimetria
com o respirador resultou em reduo da hemorragia intraventricular e
possivelmente do pneumotrax. No foi possvel obter concluses a
respeito da segurana quanto ao prognstico a longo prazo, tanto
pulmonar como pulmonar e neurolgico.
Antes do pancurnio
Aps o pancurnio
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Quando um RN est assincrnico com o respirador, os clnicos devem
estar alerta para prover adequada analgesia e sedao e assegurar uma
ventilao com normoxia e normocapnia, alm de uma adequada circulao.
Devido ao falta de dados de estudos randomizados, o uso rotineiro
de pancurnio nos RN prematuro ventilados, no pode ser indicada.
Tambm para o RN a termo, no h dados disponveis de ensaios
controlados e randomizados a respeito da eficcia ou efeitos
adversos da paralisia em RN a termos ventilados ou sobre os efeitos
de outros bloqueadores neuromusculares que no o pancurnio. Mais
estudos so necessrios para identificar que RN possivelmente se
beneficiariam de paralisia neuromuscular. Deveria ser desenvolvido
e testado mtodos que identificassem uma maneira prtica e fcil de
ventilar os RN que esto em assincronia com o respirador, aps a
otimizao das tcnicas ventilatrias e adequada sedo-analgesia. Mais
ensaios so necessrios para avaliar os efeitos a curto e a longo
prazo de novos bloqueadores neuromusculares nos RN ventilados Como
vemos na tabela abaixo desta metanlise, ocorre diminuio
significativa (observe o risco relativo; no contm a unidade) para a
hemorragia intraventricular e o pneumotrax, quando o curare foi
usado em condies de assincronia com o respirador. Na condio em que
houve seleo para a assincronia, no houve diferenas nas taxas de
hemorragia intraventricular e pneumotrax (vejam que o risco
relativo contm a unidade). Observamos tambm que em ambas as condies
no houve diminuio da mortalidade e da dependncia do oxignio aos 28
dias e na 36 semana de idade ps-concepo nos sobreviventes
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O uso de bloqueadores neuromusculares em recm-nascidos que
necessitam de ventilao mecnica controverso4. Apesar de vrios
estudos evidenciarem benefcios, muito deles no foram estudos
controlados (Costarino). H uma preocupao quanto segurana do uso
prolongado de paralisia neuromuscular nos recm-nascidos16.
Portanto, o pancurnio pode ser vantajoso na reduo do barotrauma
e na preveno da hemorragia intraventricular. Este efeito benfico
ocorre numa populao de alto risco que deve ser identificada, ou
seja, naqueles RN que brigam com o respirador ou que apresentam
velocidade do fluxo sanguneo cerebral flutuante. Assim, o pancurnio
no deve ser administrado indiscriminadamente, devido aos riscos de
hipoventilao inadvertida ou hipoxia.
O bloqueador neuromuscular tem sido sugerido na facilitao da
entubao de RN, com a finalidade de evitar as complicaes decorrentes
da entubao sem pr-medicao, comi alteraes na frequncia cardaca,
presso arterial e oxigenao. Kelly e cl17. relataram os resultados
dos efeitos fisiolgicos de um estudo clnico prospectivo randomizado
na avaliao do uso de pancurnio e atropina como pr-medicao.
Geralmente tem sido usado com este propsito a succinilcolina. Os RN
(peso de 580g a 3450g; Idade gestacional: 725-40 semanas) que
receberam pancurnio (0,1mg/kg) e atropina (0,01mg/kg) no
apresentaram significante queda da freqncia cardaca e menor aumento
da presso intracraniana em relao aos RN controles (RN recebendo
apenas atropina ou nenhuma medicao). O menor aumento da presso
intracraniana foi atribuda aos menores problemas mecnicos e esforo,
muito observado nos RN no paralisados. A menor incidncia de
bradicardia foi atribuda ao efeito sinrgico da atropina e pancurnio
nos receptores muscarnicos cardacos. Em junho de 2007, foi
publicado estudo randomizado de Ghanta et al18 realizado na
Austrlia, envolvendo 63RN com o objetivo de comparar a eficcia do
propofol (DiprivanR,),agente hipntico, ao regime de morfina,
atropina e suxamethodium (MASsux- AnectineR- succinilcolina) como
um agente indutor para a intubao endotraqueal neonatal no
emergencial; 33 RN receberam propofol e 30 RN receberam o regime
MASsux. O peso ao nascer (1020g x 1095g), idade gestacional (27 x
28 semanas), assim como os pesos na entubao (1068g x 1275g) foram
comparveis. Os autores relataram que o tempo para alcanar sucesso
na entubao foi menor com o propofol do que com o regime MASux (120
x 260 minutos). A saturao de oxignio durante o procedimento foi
significantemente menor nos RN com o regime MASux em relao aos RN
que receberam propofol (60% x 80%). Trauma nasal/oral foi menor e o
tempo de recuperao foi menor (780 x 1425 segundos) no grupo do
propofol.O propofol foi escolhido como pr-medicao na entubao
endotraqueal no emergencial pela convenincia do uso de uma nica
droga e por sua habilidade em preservar respiraes espontneas
enquanto prov hipnose A dose usada foi de 2,5mg/kg endovenosa,
sendo permitido um mxima de 2 doses.No foram observados efeitos
adversos notados em adultos, como hipotenso, vagotomia ou apnia.
Muito cuidado deve ser tomado no uso do propofol em infuso contnua,
devido ocorrncia de severas complicaes relatadas em adultos.
Portanto, NO deve ser usado o propofol em infuso continua. Assim, o
propofol mais efetivo como um agente indutor para facilitar a
entubao endotraqueal neonatal. A hipoxemia foi menos severa
provavelmente devido manuteno da respirao espontnea. Recentemente,
Pershad e cl19 evidenciaram que o propofol permite incio mais
rpido, assim como recuperao e com eficcia comparvel ao regime de
pentobarbital/midazolam para sedao de crianas que vo realizar
ressonncia magntica.
-
A reviso sistemtica de Shah e cl20 mostrou uma variabilidade no
uso de drogas como premedicao na entubao dos RN: anticolinrgicos,
analgsicos, agentes anestsicos, relaxantes musculares, sedativos,
usados isoladamente ou em vrias combinaes. A combinao mais
comumente avaliada foi a da atropina, fentanil e succinilcolina. A
maioria destes estudos foi conduzida sob circunstncias
relativamente controladas, tais como entubao eletiva ou
semi-eletiva (cirurgia ou troca de tubo endotraqueal). Devido os
estudos usar diferentes drogas e medidas de prognsticos, Shah e cl
foram incapazes de identificar dois estudos dos quais os dados
pudessem ser sumarizados usando a tcnica de metanlise. Portanto, a
evidncia disponvel a respeito da eficcia e efetividade das
diferentes drogas para a premedicao nos RN limitada (pequeno nmero
de RN estudados). Os resultados de alguns dos estudos sugerem uma
atenuao das respostas fisiolgicas nos RN que recebem premedicao
para a entubao. Nenhum estudo traz informaes relevantes do
prognstico a curto prazo, como durao da ventilao mecnica,
desenvolvimento neurocomportamental, estenose subgltica. As
Unidades Neonatais necessitam desenvolver especficos guias prticos
a respeito da premedicao para a entubao e assegurar que todos os
mdicos estejam familiarizados com os efeitos das drogas usadas. Em
situaes como anormalidade da anatomia da via area superior (severa
micrognatia, estenose subgltica), a entubao do RN acordado parece
ser aceitvel. Havendo a deciso do uso de premedicao, estas devem
ser feitas com ateno e com monitorizao do estado cardiorespiratrio
por profissionais competentes. Futuros estudos devero ser
realizados para documentar a segurana e eficcia da premedicao na
entubao de RN pr-termos e a termo instveis e estveis. Um segmento
de longo prazo destes RN deve ser includo no desenho destes ensaios
(consulte Margotto PR. Analgesia e sedao no recm-nascido em
ventilao mecnica21). QUANTO AOS EFEITOS ADVERSOS
Devido a diferentes mecanismos de ao destes agentes (no
despolarizantes e polarizantes), pode resultar em diferentes
efeitos adversos.
Quanto aos efeitos cardiovasculares: estes efeitos resultam da
ao destes agentes na ao nos receptores colinrgicos do sistema
nervoso autnomo. Os agentes no despolarizantes antagonizam
competitivamente os receptores colinrgicos autnomos. Eles incluem
os receptores nicotnicos pr-ganglionares no sistema simptico e os
receptores muscarnicos pr e ps-ganglionares no sistema
parassimptico. Assim existe potencial para taquicardia (bloqueio
vagal do corao) e vasodilatao perifrica (bloqueio simptico). A
extenso destas alteraes varia entre os agentes e pacientes. A
produo de histamina, um fator no relacionado ao colinrgica dos
bloqueadores no despolarizantes, pode causar efeitos
cardiovasculares colaterais adicionais4.
Cheung e cl22 relataram perda auditiva sensorial nas crianas
sobreviventes de
hrnia diafragmtica submetida ao uso prolongado de pancurnio. A
dose acumulativa e a durao do uso do pancurnio foram
significativamente correlacionadas (r=0,66/r=0,81) com a perda
auditiva.
Entre outros efeitos adversos, so relatados, diminuio da
oxigenao (10mmHg ou mais) em 1/3 (6 de 18) dos RN com doena da
membrana hialina. No entanto, muitos RN com sndrome de aspirao
meconial e pneumonia melhoram a oxigenao. Houve aumento
significante da freqncia cardaca23.
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O aumento da hemorragia intraventricular relatada por Bancalari
na dcada de 80 pode ter resultado do aumento da presso intrapleural
seguindo a paralisia com interferncia secundria do retorno venoso
da cabea4. Outro fator seria o aumento da presso arterial e o
aumento da concentrao srica de norepinefrina e epinefrina no RN que
recebeu pancurnio. O aumento da presso arterial persistiu por 50
minutos aps a administrao do pancurnio. A durao da taquicardia
durou 30 minutos. Os resultados do estudo de Cabal e cl24 sugerem
que o pancurnio estimula a atividade simptica no RN com
desconforto.
No entanto, estudo experimental em ovelhas recm-nascidas
saudveis realizado por Belik e cl25 no evidenciou alteraes no fluxo
sanguneo cerebral.
Tem sido relatada contratura nas juntas, fraqueza no RN que
recebeu pancurnio, assim como diminuio do tamanho das fibras
musculares nas crianas que receberam pancurnio por 24-27 dias.
Movimentos passivos, freqentes e regulares dos membros podem
prevenir estas complicaes4,26. O uso concomitante de gentamina pode
potencializar este efeito27. Tem sido descrito em adultos, severa
tetraparesia com arreflexia, algumas vezes combinado com distrbios
dos msculos extraocular e facial e difusa atrofia muscular, sem
distrbio sensorial, em pacientes aps a descontinuao do pancurnio
usado por 6 dias ou mais. A alta dose, disfuno heptica e o uso do
aminoglicosdeo podem ter contribudo28.
Os RN que recebem relaxantes musculares no despolarizantes, com
freqncia desenvolvem anormalidades que incluem: trax em forma de
sino e edema de tecidos moles4. Kopecky e cl29 comparando os RX de
RN que usaram bloqueador neuromuscular com os RN que no usaram,
relataram nos RN que usaram bloqueadores neuromusculares trax em
forma de sino em 24 de 57 RN (42,10%) e diminuio de gs intestinal
em 46 de 52 RN. Dillard e cl30 relataram diminuio de gs intestinal
em 22 de 24 (91,7%) RN ventilados tratados com pancurnio. O
pancurnio previne a deglutio do ar, mas no inibe a peristalse,
ocorrendo a eliminao do gs 3 horas ou mais aps a administrao da
droga. Portanto, os clnicos devem estar alerta para este fenmeno
para evitar estudos radiolgicos desnecessrios.
Entre os efeitos adversos da succinilcolina se destacam:
miofasciculaes (ocorre menos freqentemente em crianas abaixo de 5
anos de idade) e edema pulmonar 4.
FARMACODINNIMICA/FARMACOCINTICA Em 1942 foi introduzia a
d-tubocurarina. Este curare aumenta a produo de histamina e
facilita o bloqueio autnomo em nvel de receptores nicotnicos
pr-ganglionares no sistema simptico e ambos os receptores
muscarnicos pr-ganglionares e ps-ganglionares do sistema
parassimptico. Esta ao leva a hipotenso e diminuio da resistncia
vascular associada ao seu uso4. Devido importante liberao de
histamina, a d-tubocurarina foi substituda por outros bloqueadores
neuromusculares no despolarizantes. Do ponto de vista qumico, o
pancurnio, vecurnio, o rocurnio e o pipecurnio so agentes
bloqueadores neuromusculares no despolarizantes aminosterides. O
atracrio, mivacrio e o doxacrio so pertencentes ao grupo da
benzilisoquinolinas (este grupo caracteriza-se por no ter efeito na
liberao de histamina)
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PANCURNIO O pancurnio, um bloqueador neuromuscular no
despolarizante sinttico de longa ao, foi introduzido na clnica em
19672. O pancurnio um produto sinttico semelhante d-tubocurarina,
atua no receptor colinrgico e canais de ons (tem uma ao mais
especfica no receptor). Diferente de outros curares, o pancurnio no
diminui a resistncia vascular perifrica, embora tenha um efeito
vagoltico, causando aumento na presso arterial, taquicardia e
aumento do dbito cardaco. Os efeitos cardiovasculares do pancurnio
so causados pelo aumento da atividade nervosa simptica como
conseqncia da facilitao de liberao de noradrenalina pr e
ps-ganglionares ou por inibio da recaptao de noradrenalina. Alm de
bloquear os receptores nicotnicos da placa motora, tambm bloqueia
os receptores pr-sinpticos muscarnicos do tipo M2, localizados nas
terminaes noradrenrgicas do ndulo sinusal e das clulas musculares
cardacas e aumenta a liberao de noradrenalina, potencializando a
taquicardia, ao derivada do seu efeito vagoltico2, 3. Em pequenas
quantidades, penetra no lquor cefalorraquidiano4. (Costarino).
Provavelmente ocorre significante ligao com as protenas. Nos RN com
menores nveis de protenas e possivelmente devido alterao na
afinidade da ligao, pode ocorrer aumento dos nveis livres da droga
disponvel para interao com o receptor 4.
A principal rota de excreo dos bloqueadores neuromusculares no
despolarizantes a excreo urinria. Aproximadamente 40% da dose do
pancurnio excretada nas urina e 6% excretada na bile.
DOSES:
Goudsouzian e cl31 no demonstraram qualquer diferena no
requerimento de pancurnio nos RN
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NOVOS BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES O bloqueador neuromuscular
ideal aquele que tem a sua ao iniciada RAPIDAMENTE, no seja
cumulativo, independente da funo renal e heptica, rapidamente
reversvel, sendo facilmente reversvel e livre de efeitos
colaterais3. A longa durao da ao dos relaxantes musculares no
despolarizantes, a dependncia da excreo renal, lento incio da ao e
os seus efeitos colaterais autnomos ou motores, resultou na demanda
por outros bloqueadores neuromusculares que no apresentam os
efeitos indesejados assinalados anteriormente4. VECURNIO
O vecurnio muito semelhante do ponto de vista qumico ao
pancurnio. Foi introduzido no mercado em 1984. No entanto, h
diferenas significativas na farmacologia: tem pouco ou nenhum
efeito cardiovascular, sendo rapidamente eliminado pela bile (como
vimos, o pancurnio bloqueia os receptores muscarnicos cardacos e
causa taquicardia. Assim, o vecurnio tem durao de ao intermediria e
incio lento e tem pouco ou nenhum efeito cumulativo, podendo ser
usado no paciente com insuficincia renal4. No entanto, pode ser
observado prolongamento do seu efeito em pacientes com insuficincia
renal, devido ao acmulo dos seus metablitos ativos, o 3-desacetil,
17 desacetil e o 3,17 desacetil vecurnio32. A sua potncia
semelhante ao pancurnio, sendo a dose recomenda a mesma do
pancurnio. O tempo de recuperao menor do que qualquer outro agente
no despolarizante (30 a 40 minutos)4.
A dose de entubao de 0,1mg/kg com o tempo de incio da ao em 2,5
minutos. Durao clnica: 35 a 45 minutos (durao total: 60-75
minutos)2.
Hodges33 evidenciou, atravs do uso da aceleromiografia, haver
significativa diferena, no requerimento de vecurnio em relao idade
(os neonatos e crianas mais jovens requereram 45% menos vecurnio do
que as crianas maiores), alm de maior durao da ao no grupo
peditrico mais jovem alm de apresentar recuperao mais rpida.
Segundo autor, a aceleromiografia um mtodo conveniente e disponvel
para a monitorizao da funo neuromuscular na UTI peditrica.
Portanto, a grande caracterstica do vecurnio que est totalmente
desprovido de efeitos cardiovasculares derivados do bloqueio dos
receptores muscarnicos, do bloqueio ganglionar, da facilitao de
liberao de noradrenalina e o bloqueio da recaptao e liberao de
histamina, ou seja, o vecurnio carece de todo efeito
vagoltico2.
A associao do vecurnio com altas doses de opiceos pode
desencadear bradicardia severa e inclusive assistolia (h uma
adequada e rpida resposta atropina)2.
A sua grande indicao em paciente com patologia cardiovascular
submetido cirurgia cardaca ou outros tipos2.
Nos pacientes com insuficincia renal, as doses de repetio devem
ser monitorizadas. No ps-operatrio est contra-indicado o seu uso
por mais de 48 horas, especialmente se associado ao
corticosteride2.
Nos pacientes com colestase, devido ao predomnio da sua eliminao
ser heptica, deve ser preferido outros bloqueadores neuromusculares
no despolarizantes que no dependem do fgado para a sua eliminao,
especialmente aqueles que sofrem eliminao de Hoffman (veja
adiante), como o atracrio e o cisacrio2.
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A Unidade de Neonatologia do Hospital Regional da Asa Sul34,
usamos o vecurnio no ps-operatrio para evitar que ocorre rotura da
sutura esofgica.Vecurnio (Norcuron) frasco de 10mg (p) ataque: 0,1
mg/kg; manuteno: 0,1 mg/kg/hora.
Exemplo: RN com 3,8 kg 0,1 mg/kg/h = 0,1 x 3,8 x 24 = 9,12 mg
Diluir 1 frasco em 5ml de gua destilada 1ml = 2 mg: retirar 4,5ml e
infundir com 20ml de soro glicosado 5% a 1ml/h. NorcuronR - ampolas
de liofilizado de 4mg e 10 mg + solvente; cada 1 ml contm
4 mg e 10 mg de brometo de vecurnio, respectivamente
ATRACRIO Este o nico bloqueador neuromuscular (introduzido na
clnica em 1984) cuja eliminao independente da ao renal e heptica. A
sua degradao ocorre por um processo no enzimtico, chamado de
degradao de Hoffman. Por este motivo, sugerido como sendo o curare
de eleio no recm-nascido4. O atracrio um eterno competidor do
vecurnio, cujo principal atrativo tem sido a sua via original de
eliminao, com um perfil farmacodinmico muito semelhante ao
vecurnio, mas por ser de grupos qumicos distintos, com uma
diferente eliminao, no produz metablitos com efeito bloqueador
neuromuscular2. A eliminao de Hoffmann um processo qumico no
biolgico de degradao que ocorre a temperatura e pH fisiolgicos (h
aumento da degradao em pH alcalino), mediante o qual os sais de
amnio quaternrio podem decompor em um meio fortemente alcalino para
formar uma base terciria; a hipotermia inadvertida ou artificial
pode atrasar a inativao do atracrio, enquanto que a hipertermia
acelera a recuperao2. Nos recm-nascidos menores, particularmente se
apresentarem temperatura abaixo de 36o C, vantajoso usar menor dose
de atracrio35. H um indefinido potencial para toxicidade no sistema
nervoso central secundrio ao acmulo de maior metablito da degradao
de Hoffmann, que o laudanosino. Concentraes elevadas deste
metablito no sistema nervoso central em animais pode levar a
convulses. No entanto, em humanos, o nvel deste metablito que
estimula o sistema nervoso central permanece desconhecido36. Em
relao a custos, o atracrio mostrou custo total mais baixo do
procedimento anestsico em relao ao vecurnio (18,27 Euro por
paciente versus 226,61 Euro por paciente, respectivamente)37. Dose
0,5mg/kg. Tempo de incio da ao:+-2,5 minutos. Durao da ao clnica:
50 minutos (durao total: 1/3 a dos relaxantes de longa durao: 80
minutos)2. O atracrio facilmente antagonizado pelos
acetilcolinestersicos2.
-
Efeitos colaterais: os efeitos colaterais derivam
fundamentalmente do seu efeito liberador de histamina e efeitos
cardiovasculares (hipotenso, taquicardia). Deve ser contra-indicado
nos pacientes asmticos. Os efeitos hemodinmicos so secundrios ao
seu efeito liberador de histamina. A liberao de histamina pode
levar a hipotenso arterial, possivelmente por um efeito direto da
relaxao sobre os receptores H1 e H2 da musculatura lisa vascular At
uma dose de 0,4mg/kg no se observam modificaes na presso arterial
ou na freqncia cardaca. A partir de 0,5mg/k e at 1mg/kg se produzem
alteraes cardiovasculares tpicas de liberao de histamina (hipotenso
e taquicardia) de forma proporcional dose. Assim, com uma dose de
0,5mg/kg, a presso arterial diminui em 13% e a freqncia cardaca
aumenta em 5%; j com uma dose de 0,6mg/g, a presso arterial diminui
em 20% e a freqncia cardaca, em 8%. A diminuio da velocidade de
injeo diminui significativamente os efeitos secundrios derivados da
liberao de histamina. O pr-tratamento com bloqueadores dos
receptores H1 e H2 diminui parcialmente a resposta hemodinmica2. O
atracrio um bloqueador neuromuscular no despolarizante de ao
intermediria de grande versatilidade, podendo ser usado de forma
rotineira. um curare de eleio nos pacientes com insuficincia renal
e heptica. Apesar da resposta hemodinmica transitria (hipotenso e
taquicardia) mais observada com doses elevadas, em pacientes
saudveis no h repercusses usando a dose de entubao em forma de
bolus rpido, mas em pacientes hemodinamicamente instveis,
hipovolmicos ou com patologia cardaca, pode haver importantes
repercusses. No um relaxante muscular de eleio nos pacientes com
patologias cardacas. Nestes pacientes melhor o uso do vecurnio, o
cisacrio e o pipecurnio (vejam este dois curares adiante)2. Em
comparao com o vecurnio, o atracrio no apresentou interao com a
gentamicina ou tobramicina. Portanto, em pacientes em uso destes
antibiticos, o atracrio pode representar vantagem sobre o vecurnio
quando no se deseja o prolongamento do bloqueio38.
TracurR ampolas de 2,5 ml (cada ml contm 10 mg de besilato de
atracrio) MIVACRIO O maior atrativo deste bloqueador neuromuscular
no despolarizante a sua susceptibilidade de sofrer hidrlise pela
colinesterase plasmtica humana a uma velocidade suficiente o que o
torna agente bloqueador neuromuscular o relaxante de menor durao de
ao. No atravessa a barreira hematoenceflica e no efeito
cardiovascular. rapidamente metabolizado pela colinesterase
plasmtica. Foi introduzido na clnica em 19882. Dose Dose de
entubao: 0,15mg/kg (na prtica usa-se 0,2mg/kg). Tempo de ao: 2,5
minutos. Durao da ao: 20 minutos e durao total: 30 minutos2.
Efeitos colaterais: Liberao de histamina (eritema. broncoespasmo
hipotenso, taquicardia). Nos pacientes com insuficincia renal no h
alterao na farmacocintica. Doucet e cl39 descreveram um caso de um
RN que fez uso de mivacrio e a durao do bloqueio durou 8 horas (a
dose usada foi de 0,2mg/Kg). A durao do bloqueio foi devido a uma
variante anormal da colinesterase plasmtica. O diagnstico foi
feito
-
atravs de estudo molecular, mostrando que o RN era homozigoto e
a famlia heterozigota para a variante anormal da colinesterase
plasmtica. Indicao Deve ser usado em intervenes de curta dourao
(consultrios peditricos ou ambulatrios) ou de durao imprevisvel que
requeira uma rpida reverso do bloqueio neuromuscular2. (Bozzo)
Roberts e cl40 estudaram a associao do mivacrio com a atropina e
fentanil como premedicao na entubao eletiva neonatal; os resultados
foram comparados com o uso de atropina e fentanil sem o mivacrio.
Os autores relataram menor tempo e menor nmero de tentativas para o
sucesso da entubao com o uso do mivacrio associado atropina e
fentanil, com significante reduo da incidncia de severa dessaturao
e concluem que a incluso de relaxante muscular de curta durao
deveria ser considerada para as entubaes neonatais eletivas.
MivacronR ampolas com 1 ml; cada ml contm 2 mg de comocloreto de
mivacrio
ROCURNIO A durao da ao semelhante a do vecurnio, mas com um
curto tempo de incio da ao em relao aos bloqueadores no
polarizantes de durao intermediria. Foi introduzido na clnica em
19952. O fgado a principal via de eliminao2. Dose Entubao:
0,6mg/kg; incio da ao: 1,5 minuto, o menor de todos (1 minuto a
menos do que os de durao intermediria, com exceo do cisacrio) e 3 a
menos do os de longa durao.Durao clnica da: 40 minutos (durao
total: 70 minutos). Duas razes so colocadas para explicar o curto
tempo de incio da ao: baixa potncia e o maior efeito pr-sinpticos
do rocurnio em relao a outros bloqueadores neuromusculares no
despolarizantes2. A reverso do rocurnio com anticolinestersicos
ocorre de forma rpida como com o vecurnio e o atracrio2. Efeitos
colaterais Nas doses usadas na clnica, o rocurnio tem mnima ou
nenhuma atividade sobre outros receptores que no sejam os
receptores nicotnicos colinrgicos da placa motora. Tem efeitos
mnimos a nvel dos receptores muscarnicos do ndulo sinusal, No
produz liberao de histamina. Vrios estudos demonstram que o
rocurnio produz variaes hemodinmicas sem significao clnica e ainda
com doses maiores que as necessrias. Tem somente um suave efeito
cronotrpico, o que permite associar esta droga com opiceos (como
vimos, a associao do opiceo com o vecurnio produz bradicardia
severa)2. Em doses baixas, o rocurnio no produz liberao de
histamina. No entanto, medida que se aumentou o uso do rocurnio,
tem sido relatada uma srie de reaes
-
alrgicas. No Reino Unido, a incidncia de reaes anafilticas ao
rocurnio est em torno de 1 em 30002. Rose e Fisher41 sugerem que o
rocurnio intermedirio em causar alergia em comparao aos conhecidos
relaxantes musculares de baixo risco (pancurnio e vecurnio) e os
relaxantes musculares de maior risco (alcurnio, succinilcolina).
Segundo os autores, no h motivos para alarme em relao anafilaxia ao
rocurnio. Indicao Pode ser usado nas mesmas circunstncias do
vecurnio e do atracrio, com a vantagem, do rocurnio ter incio mais
rpido da ao. Nos pacientes com insuficincia heptica, preferir
outros curares de eliminao independente do fgado. Pode ser usado
nos pacientes com insuficincia renal, embora se recomende a
monitorizao cuidadosa da droga2. O rocurnio de eleio na induo em
seqncia rpida quando a succinilcolina est contra-indicada. Nos
pacientes com estmago cheio, a succinilcolina ainda o curare de
eleio no manejo da via area em situaes de emergncia, especialmente
em adultos. Nas crianas, prefervel o uso do rocurnio ou mivacrio,
dependendo da durao da cirurgia, deixando a succinilcolina para
emergncias extremas2. Kalpan e cl42 evidenciaram que o uso
intramuscular do rocurnio no constitui uma alternativa adequada a
succinilcolina intramuscular quando necessria uma rpida entubao, em
crianas entre 3-12 meses. Castillo-Zamora e cl13 no evidenciaram
diferenas na resposta hemodinmica entre o pancurnio e o rocurnio
nos pacientes submetidos cirurgia cardaca. Quanto aos custos, o
rocurnio aproximadamente 8 vezes mais caro que o pancurnio e 4-7
vezes mais caro que o vecurnio.
EsmeronR ampolas de 5 mgl; cada ml contm 10 mg de brometo de
rocurnio CISATRACRIO Potente relaxante muscular, 4 vezes mais
potente do que o atracrio43. Apresenta grande margem de segurana do
ponto de vista cardiovascular e metablico. Compete com o vecurnio
na indicao melhor para pacientes com patologias cardiovasculares e
com o atracrio, sendo melhor em pacientes com insuficincia renal e
heptica. Foi introduzido em 19962. A via predominante de eliminao a
eliminao de Hoffmann (77%), que dependente do pH; o restante (23%)
rgo dependente, sendo que 16,4% da eliminao ocorre no rim, sendo
assim, o rim a via de eliminao mais importante do cisacrio aps a
degradao de Hoffmann. O bloqueio neuromuscular produzido pelo
cisatracrio antagonizado efetivamente com anticolinestersicos, mas
um pouco mais lento em relao aos outros bloqueadores
neuromusculares no despolarizantes. Dose Entubao: 0,1mg/kg. Durao
clnica da ao: 33-43 minutos (durao total:70 minutos) Efeitos
colaterais
-
No produz efeitos secundrios derivados da liberao de histamina e
nem do bloqueio de receptores autonmicos nas doses utilizadas na
clnica. Por no carecer absolutamente de efeitos hemodinmicos
derivados de efeitos cardiovasculares ou autonmicos, o cisatracrio
no aporta nada de novo com respeito aos outros bloqueadores
neuromusculares no despolarizantes, como o vecurnio, pipecurnio e o
doxacrio. No entanto, o nico disponvel que alm de no liberar
histamina e nem ter efeito vagoltico, sofre eliminao de Hoffmann e,
portanto, tem metabolismo rgo dependente2. Indicao Tem grande
margem de segurana do ponto de vista cardiovascular e metablico.
indicado em pacientes com patologia cardiovascular submetidos a
qualquer tipo de cirurgia, em pacientes hipovolmicos ou em estado
de choque e em cirurgias cardiovasculares. o relaxante muscular
mais atrativo para ser usado por longo perodo em pacientes em
estado crtico. um relaxante muscular de eleio em pacientes com
insuficincia renal. Devido ao alto grau de metabolizao
independentes da funo heptica, torna-se o curare de eleio nos
pacientes com insuficincia heptica2. O cisatracrio permitiu
eliminar definitivamente duas desvantagens do atracrio: a leve
liberao de histamina que limita a sua administrao em bolus rpido e
seu uso em doses maiores e a produo de concentraes potencialmente
perigosas do metablito laudanosino que limitava teoricamente o seu
uso em infuso durante longos perodos, como se faz habitualmente nas
Unidades de Cuidados Intensivos2. O cisatracrio tem um perfil de
recuperao mais rpido que o vecurnio nos pacientes crticos, tanto em
adultos36,44, como em crianas45 e em recm-nascidos46, provavelmente
pelo seu metabolismo independente dos rgos e a ausncia de
metablitos, (como o laudanosino, uma amina terciria anlogo morfina)
farmacologicamente ativos que podem prolongar o bloqueio. A sua
velocidade de recuperao semelhante ao do atracurrio com a vantagem
de ter uma grande estabilidade hemodinmica por no liberar histamina
e produzir a tera parte do metablito laudanosino. o bloqueador
neuromuscular no despolarizante mais atrativo na atualidade para
ser usado por longos perodos em pacientes crticos2. Devido o
cisatracrio ser 3 vezes mais potente que o atracrio, o uso do
cisatracrio na UTI deveria obter bloqueio neuromuscular equivalente
ao atracrio,com a vantagem de produo significativamente menor de
laudanosino36.
NimbiumR ampola de 5 ml; cada 1 ml contm 2mg de besilato de
cisatracrio
PIPECURNIO um relaxante muscular no despolarizante com um perfil
farmacolgico clnico muito semelhante ao do pancurnio, mas sem os
efeitos vagolticos daquele curare. uma droga til em cirurgias de
longa durao em pacientes com doenas cardiovasculares e em cirurgias
cardacas, especialmente se necessita de ventilao mecnica no
ps-operatrio. Introduzido na clnica em 1983 (leste da Europa) e no
ocidente, nos fins dos anos 80 e na Amrica Latina, nos anos 902. A
sua eliminao mais importante via renal2. No um curare de boa
indicao nos pacientes com insuficincia renal, heptica ou falha de
mltiplos rgos.
-
A tendncia tem sido usar relaxantes musculares de longa durao
cada vez menos, devido menor recurarizao no ps-operatrio que se
obtm com os relaxantes de durao intermediria2. Dose: Entubao:
0,1mg/kg-Incio da ao:3,5 minutos. Durao clnica da ao: 8-120
minutos. Por sua estabilidade hemodinmica, se tem usado associado
sedao e analgesia contnua em Unidade de Tratamento Intensivo em
doses de 3mg/hora (0,04mg/k ou 0,66 micrograma/kg/minuto)2.
ArduanR- cada frasco ampola contm 4mg de brometo de pipecurnio,
6 mg de manitol; cada ampola do diluente contem 2 ml de soluo
fisiolgica a 0,9%
DOXACRIO uma relaxante muscular com grande margem de segurana,
desde o ponto de vista cardiovascular. Foi introduzida na clnica em
19912. A sua eliminao principalmente renal em forma no modificada2.
Dose Intubao: 0,05mg/kg. Incio da ao: 6 minutos, significativamente
maior do que os outros. Durao clnica: 85-125 minutos (durao total;
120-200 minutos), muito semelhante ao pancurnio.A reverso do
bloqueio com uma dose padro de neostigmina requer um tempo
semelhante para a recuperao em relao aos outros bloqueadores de
longa durao2. Efeitos colaterais O doxacrio est praticamente isento
dos efeitos derivados da liberao de histamina. Ainda que no se
tenha descrito a apario de eritema generalizado ou broncoespasmo,
se tem relatado a apario de ma hipotenso severa transitria aps a
administrao de uma dose de Entubao de doxacurnio associado a um
eritema cutneo, mas curiosamente, sem taquicardia compensatria e
sem broncoespasmo. No homem, parece que a margem de segurana
vagoltica to alta quanto ao vecurnio2. Indicao um bloqueador
neuromuscular no despolarizante comparvel ao pipecurnio por sua
grande estabilidade cardiovascular, mesmo com um tempo de incio
maior. Compete em suas indicaes com o pipecurnio: intervenes de
longa durao e cirurgia cardaca. Deve ser evitado o seu uso em
pacientes com insuficincia renal. Pode ser usado em pacientes com
patologia heptica2.
NuromaxR 1 ml contem 1 mg de cloridrato de doxacrio
-
RAPACURNIO O rapacurnio um bloqueador neuromuscular no
despolarizante do grupo aminosterides, de ao ultracurta. Foi
introduzido clinicamente para substituir a succinilcolina para
induo na rpida seqncia de entubao, mas foi retirado do uso clnico
um ano depois, devido freqente incidncia de severo broncoespasmo e
a broncoconstrico irreversvel (3,4%) e de relato de eventos srios,
especialmente no grupo peditrico. Este currare foi introduzido
somente nos Estados Unidos, em 1999, sendo chamada a ateno a rpida
aprovao pelo FDA, quando a droga recm comeava a fase clnica de
investigao e havia poucos estudos em animais e muito pouco estudos
em humanos publicados na literatura mdica47 ,2 A despeito da
retirada do uso clnico imperativo que se entenda o mecanismo da
broncoconstrico induzida por este curare, para que novos
bloqueadores neuromusculares que possam causar este efeito adverso
no seja introduzida na prtica clnica 47. O broncoespasmo durante a
anestesia geral um evento potencialmente mortal. A produo de
histamina um dos fatores conhecidos para o broncoespasmo e tem sido
atribudo a outros curares, como o atracrio. Um mecanismo adicional
que pode facilitar a broncoconstrico durante o uso de agentes
bloqueadores neuromusculares e instrumentao das vias areas envolve
interao dos agentes bloqueadores neuromusculares com receptores
muscarnicos nervos da via area e musculatura lisa. Instrumentao da
traquia superior bem inervada inicia um reflexo que desencadeia na
produo de acetilcolina dos nervos parassimpticos que atuam nos
receptores muscarnicos M2 e M3 na musculatura lisa da via area,
resultando em broncoconstrico. Normalmente a produo de acetilcolina
terminada pela ao da acetilcolina nos receptores muscarnicos M2
presentes nos terminais pr-sinpticos dos nervos ps-ganglionares
ps-sinpticos. Agentes bloqueadores neuromusculares com maior
afinidade pelos receptores muscarnicos M2 versus M3 pode levar a
uma inibio seletiva dos receptores muscarnicos M2 nos nervos
parassimpticos durante a estimulao dos nervos parassimpticos
(exemplo, entubao), resultando numa macia produo de acetilcolina
para atuar nos receptores M3 no antagnicos na musculatura lisa da
via area, facilitando o broncoespasmo47. Em estudo experimental,
Jooste e cl47 evidenciaram que o rapacurnio pode precipitar a
broncoconstrio pelo antagonismo seletivo dos receptores muscarnicos
M2 (tem 50 vezes maior habilidade para potencializar a contrao
muscular atravs do antagonismo dos receptores muscarnicos M2, do
que a sua habilidade para inibir a contrao atravs do antagonismo
dos receptores muscarnicos M3) nos nervos parassimpticos,
aumentando a produo de acetilcolina par atuar nos receptores M3
muscarnicos antagnicos no msculo da via area.47. bem provvel que a
prxima gerao de agentes bloqueadores neuromusculares para
substituir a succinilcolina tem afinidade para os receptores
muscarnicos. No entanto, a maior afinidade do rapacurnio pelos
receptores muscarnicos M2 versus M3 o responsvel pela
broncoespasmo, parece ento prudente que estes novos agentes seja
avaliados para o seu potencial em inibir seletivamente os
receptores muscarnicos M2 nas concentraes usadas na clnica47.
Associado a este mecanismo, Stuth48 especula que a direta estimulao
vagal atravs da manipulao da via area uma importante causa do
broncoespasmo. Este
-
mecanismo poderia aumentar profundamente o efeito do bloqueio do
receptor M2 pelo rapacurnio. RaplonR Brometo de rapacurnio o
fabricante retirou do mercado devido a possvel associao com eventos
de broncoespasmo (ANVISA). REVERSO DO BLOQUEIO NEUROMUSCULAR:
SELETIVA LIGAO COM O AGENTE RELAXANTE Pacientes que recebem
bloqueadores neuromusculares podem apresentar risco de bloqueio
residual, contribuindo para o desenvolvimento de complicaes
pulmonares ps-operatrias e aumento da morbimortalidade
ps-operatria49. H varias formas de reduzir o risco do
desenvolvimento do bloqueio residual quando se usa agentes
neuromusculares no despolarixantes. Uma forma esperar a recuperao
espontnea do bloqueio combinado com a avaliao clnica da recuperao
da funo neuromuscular. No entanto os testes clnicos no tm sido
mostrados ser muito teis aos anestesistas nesta avaliao. Outra
forma seria o uso a acelerao da recuperao atravs da reverso
farmacolgica do bloqueio neuromuscular, como o uso de
anticolinesterases, como a neostigmina e o edrofnio. No entanto,
estes agentes podem causar eventos colinrgicos adversos
(cardiovasculares e gastrintestinais), alm de no serem efetivos
quando administrados durante profundo bloqueio. Assim, torna-se
importante a necessidade de novos agentes para a reverso do
bloqueio neuromuscular, com incio rpido de ao, com melhor eficcia e
segurana 49, 50. O sugammadex uma nova gama ciclodextrina solvel em
gua e o primeiro da nossa classe de agentes com seletiva ligao com
o relaxante, encapsulando rapidamente o bloqueador neuromuscular no
despolarizante esteroidal, mais especificamente o rocurnio,
prevenindo assim a sua atuao nos receptores de acetilcolina. Os
estudos em animais tm evidenciado que o sugammadex reverte
rapidamente, in vitro, o bloqueio neuromuscular, incluindo o
bloqueio profundo, alm de aumentar a excreo renal do rocurnio.
Quanto reverso do bloqueio do vecurnio, espera-se que o sugammadex
seja igualmente efetiva devido semelhana farmacolgica co vecurnio
com o rocurnio 49, 50. Com o propsito de avaliar a eficcia do
sugammadex, Suy e cl49randomizaram 80 pacientes adultos para
receber vecurnio ou rocurnio; a dose de sugammadex ou placebo foi
escolhida de maneira exploratria; iniciou com 1mg/kg, sendo a dose
repetida aps avaliao clnica, A ndia de recuperao para o rocurnio
foi de 31,8min no grupo placebo, comparado com 1,1 min aps a
administrao de 4,0mg/kg de sugammadex; para o vecurnio, o tempo de
recuperao no grupo controle (recuperao espontnea) foi de 48,8 min
versus 1,4 min aps 8mg/kg de sugammadex. O sugammadex foi bem
tolerado. Os atores concluem, neste estudo fase II, que o
sugammadex rapidamente reverte o bloqueio neuromuscular induzido
pelo rocurnio e vecurnio, havendo uma relao dose-resposta. Sparr e
cl50 relataram, reverso precoce do bloqueio neuromuscular profundo
induzido pelo rocurnio com o uso do sugammadex em um estudo
multicntrico (98 pacientes adultos do sexo masculino foram
randomizados para receber sugammadex nas doses de 1,2, 4,6 ou
8mg/kg ou placebo 3, 5 ou 15 minutos aps o uso do rocurnio na dose
de 0,6mg/kg). O tempo de recuperao aps 3, 5 e 15 minutos do
bloqueio com o uso do
-
placebo caiu de 52,1, 51,7 e 36,6 minutos respectivamente para
1,8, 1,3 e 1,4 com o uso do sugammadex na dose de 8mg/kg . O
sugammadex foi seguro e bem tolerado. Assim, reverteu de forma
rpida o bloqueio neuromuscular profundo induzido pelo rocurnio, alm
de aumentar a excreo renal do rocurnio. No estudo de Shields e
cl51, a dose de sugammadex para reverter efetivamente o bloqueio
profundo e prolongado pelo rocurnio esteve entre 2 e 4mg/kg.
Organon, a unidade de negcios de sade humana da Akzo Nobel,
anunciou que a solicitao de autorizao para comercializao de
Sugammadex (Org 25 969) foi aceita para reviso da Agncia Europia de
Medicamentos (EMEA). Este novo agente destina-se especificamente a
reverter os efeitos do relaxante muscular - brometo de rocurnio
(Esmeron/Zemuron) - utilizado em anestesia geral durante
procedimentos cirrgicos. Sugammadex age ao encapsular a molcula do
relaxante muscular, removendo a droga de seu local de ao,
deixando-a inativa. A reverso do bloqueio neuromuscular utilizada
para reduzir o risco de uma recorrncia de relaxamento no paciente,
o que pode acarretar complicaes graves, tais como fraqueza muscular
e dificuldade de respirao (20 de julho de 2007).
INTERAO DOS BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES COM DROGAS
Vrias drogas e fatores metablicos podem influenciar a resposta
dos RN aos agentes bloqueadores no despolarizantes, como o magnsio
(Mg) e os aminoglicosdeos. Estes agentes competem com o movimento
de clcio pr-juncional para o axnio terminal que necessrio para a
produo da acetilcolina. O Mg e os antibiticos podem diminuir a
produo de acetilcolina. improvvel que estas drogas causem
significante bloqueio neuromuscular, mas podem prolongar as aes dos
bloqueadores neuromusculares ou piorar a fraqueza muscular causada
por vrias doenas. Alm do clcio antagonizar este efeito no
laboratrio, tem efeito clinico imprevisvel33, 4. Em adultos, tem
sido relatado paralisia respiratria com o uso de gentamicina e tem
sido tratado com clcio ou inibidores da colinesterase, como a
neostigmina52 Assim, vrios fatores metablicos e drogas podem
influenciar a resposta dos RN aos agentes bloqueadores
neuromusculares no despolarizantes. A hipotermia aumenta o
bloqueio, devido diminuio da excreo urinria e biliar; a acidose
aumenta o bloqueio e a alcalose antagoniza o bloqueio, ambas
condies por um efeito direto na membrana e transmisso
neuromuscular; a hipermagnesemia, como citamos, aumenta o bloqueio
(competio com o movimento do clcio para o axnio terminal, inibindo
a produo de acetilcolina), assim como a hipocalemia (efeito direto
no potencial de membrana e transmisso neuromuscular); diminuio do
fluxo sanguneo muscular atrasa incio do bloqueio e prolonga o
bloqueio aps ter sido estabelecido, devido diminuio da droga ao
msculo e diminuio da retirada da mesma; insuficincia renal prolonga
o bloqueio, na dependncia da droga, devido diminuio do ritmo de
filtrao glomerular, retardando a excreo; miastenia gravis aumenta o
bloqueio, devido ao efeito sinrgico com a transmisso neuromuscular
defeituosa; drogas, como aminoglicosdeos e polimixina aumentam o
bloqueio devido inibio da produo da acetilcolina4. A
difenilhidantona diminui a produo de acetilcolina e a furosemide
aumenta a sua produo. A metroclopramida deprime a atividade da
colinesterase e prolonga a durao do bloqueio
-
neuromuscular. Portanto, a probabilidade das interaes clnicas
aumenta nos pacientes recebendo vrias drogas com possveis efeitos
na transmisso neuromuscular contrao muscular53. Dotan e cl54
demonstraram que o efeito do vecurnio aumenta com o uso de maiores
doses de gentamicina (4mg/kg); modesto aumento ocorreu com dose de
1,2mg/kg em relao aos pacientes sem uso de gentamicina.
A associao do vecurnio com altas doses de opiceos pode
desencadear bradicardia severa e inclusive assistolia (h uma
adequada e rpida resposta atropina)2.
O uso de corticosteride concomitantemente com o vecurnio pode
prolongar o efeito da ao curarizante, devido inibio aditiva dos
receptores de acetilcolina nicotnicos. Assim, o aumento do bloqueio
neuromuscular produzido quando usado corticosteride juntamente com
o vecurnio pode aumentar a denervao farmacolgica e contribui, do
ponto de vista fisiopatolgico, a fraqueza observada em alguns
pacientes crticos na UTI55. NOVOS RELAXANTES MUSCULARES Os
relaxantes musculares tm melhorado enormemente a sua segurana de
tal modo que se torna difcil o aparecimento de novas drogas, pois
as novas devem ter as boas caractersticas dos seus predecessores e
aportar algo mais2. medida que se tem melhorado a margem de
segurana cardiovascular e metablico dos bloqueadores
neuromusculares, tem aumentado exigncias que devem caracterizar um
relaxante muscular2: -mecanismo de ao no despolarizante -incio de
ao to rpido que compete com a succinilcolina na instaurao de boas
condies para a entubao -curta durao do efeito: altamente
metabolizado para que no ocorra efeito acumulativo -via de eliminao
alternativa: sem dependncia da funo heptica e renal para a sua
eliminao -seletividade de ao: ausncia de efeitos cardiovasculares
(hemodinmicos e autonmicos) -sem interao com outros frmacos usados
na anestesia -resposta dose-efeito altamente previsvel -reverso
rpida com anticolinestersicos e se possvel, espontnea, tanto
administrado em forma de bolus como em infuso. -alta potncia para
minimizar os efeitos colaterais 9difcil compatibilizar isto com um
curto incio da ao -estvel em soluo aquosa. Nenhum dos relaxantes
musculares na atualidade cumpre todas estas exigncias, de tal modo
que est justificado prosseguir na busca de novos agentes, ainda que
seja pouco provvel a sua comercializao em curto prazo. Todos os
compostos que esto sendo estudados tendem a substituir a
succinilcolina2. A ateno est voltada para os compostos com
propriedade de relaxante muscular nos derivados dos steres do cido
clorofumarnico e os derivados do tropinil dister. O composto mais
promissor do primeiro grupo parece ser o clorofumarato assimtrico e
o mais estudado do segundo grupo o sal de amnio biquaternrio de
tropinil
-
dister. J esto sendo estudados em animais de experimentao e
alguns j testados em humanos56, 2. Segundo Almeida57, gantracrio
uma nova classe de bloqueadores neuromusculares chamada de
clorofumarato, rapidamente inativado por cistenas plasmticas,
resultando em um frmaco de rpido incio da ao com uma durao
ultracurta. O tempo para atingir 90% do bloqueio 122 a 54 segundos
na dependncia da dose administrada. A durao igualmente muito curta,
em torno de 3,5 a 10 minutos. Em animais de laboratrio, a reverso
facilmente obtida com a injeo de cistena e em seres humanos, foi
acelerada com o uso do edrofnio. Estudos animais e no homem, a
injeo da droga no mostrou efeitos colaterais significantes. O
aumento discreto da frequncia cardiaca e a diminuio da presso
arterial ocorreram com doses muito elevadas.
Dose Inicio Durao Clnica
Liberao de
Histamina
Efeitos Cardiovasculares Eliminao Indicao
Durao Total
Pancurnio 0,15 mg/Kg 3 - 4' 60 - 80' FC e PA
Heptica renal Interveno
cirrgica de longa durao
120 - 160'
Vecurnio 0,1 mg/Kg 2,5' 35 - 45 ' No heptica Cirurgia Cardaca 60
- 75'
Atracrio 0,5 mg/Kg 2,5' 50' Sim Sim pela liberao
de histamina ( FCPA)
Mltiplas vias (Eliminao de
Hoffmann)
Em paciente com insuficincia renal
ou heptica 80'
Mivacrio 0,2 mg/Kg 2,5' 20' Sim Sim pela liberao
de histamina ( FCPA
hidrolise pela colisterase plasmtica
Interveno de curta durao 30'
Rocurnio* 0,6 mg/Kg 1,5' 40' No No Heptica
Induo em sequncia rpida se
a succinilcolina estive contra-
indicada
70'
Cisatracrio 0,1 mg/Kg 5,2' 33 - 45' No No Mltiplas vias
(Eliminao de
Hoffmann)
Em paciente com insuficincia renal
ou heptica 70'
Pipecurnio 0,1 mg/Kg 3,5' 80 - 120' No No Renal
Interveno cirrgica de longa durao paciente cardiovasculares
2 - 3 horas
Doxacrio 0,05 mg/Kg 6' 85 - 125' No No Renal Cirurgia Cardaca de
longa durao
120 - 200 min
Succinilcolina 4-5mg IM 0,5-1 5-10` No bradicardia
hidrlise pela Acetilcolinesterase
plasmtica
entubao de urgncia
-
RESUMO A introduo dos bloqueadores neuromusculares revolucionou
a prtica na medicina, ocorrendo uma redefinio na anestesia. Entre
as indicaes do seu uso na neonatologia, a evidncia mostra eficcia
do seu uso nos recm-nascidos que brigam com o ventilador
(assincronia) na diminuio da hemorragia intraventricular e a
experincia mostra, no ps-operatrio, a reduo da rotura da sutura nos
recm-nascidos com atresia de esfago, sem efeitos adversos. Os
relaxantes musculares diferem no mecanismo de ao, havendo 2 tipos:
despolarizantes (succinilcolina) e os no despolarizantes
(pancurnio, vecurnio, atracrio, cisatracrio, rocurnio,
doxacrio,pipecurnio, mivacrio). Os efeitos adversos, agravados com
a interao com outras drogas devem ser reconhecidos, para a otimizao
do uso dos curares. Os curares despolarizantes (succinilcolina) tem
sido usados para a seqncia rpida de entubao, embora na
neonatologia, tem sido proposta mais atualmente outras drogas, como
o propofol, devido ocorrncia de bradicardia devido ao seu
antagonismo com os receptores colinrgicos. Nesta situao, o uso de
atropina se impe. Devido a sua rpida ao, a succinilcolina tem sido
tambm usada na reverso do laringoespasmo, especialmente quando no
se dispe de um acesso venoso. A necessidade de melhorar a margem de
segurana cardiovascular e metablica dos bloqueadores
neuromusculares implicou no surgimento de novos agentes no
despolarizantes. Torna-se importante o conhecimento da
farmacodimica e farmacocintica destes agentes para que seja usado o
relaxante muscular melhor indicado . O relaxante muscular ideal
aquele que apresenta incio da ao rpido e que apresenta curta durao
do efeito, via de eliminao independente do fgado e do rim, ausncia
de efeitos cardiovasculares e que tenha rpida reverso com
anticolinestersicos e se possvel, espontnea. Nenhum dos agentes
bloqueadores neuromusculares da atualidade cumprem totalmente estas
exigncias. Entre os curares no despolarizantes em uso temos:
-vecurnio: melhor do ponto de vista qumico do que o pancurnio;
desprovido de efeitos cardiovasculares do pancurnio (este leva a
taquicardia e a hipertenso arterial). -atracrio: tem a vantagem da
sua eliminao por um processo independente do fgado e do rim
(eliminao de Hoffmann), sendo o curare de eleio para pacientes com
insuficincia heptica ou renal (no entanto, por liberar histamina,
apresenta efeitos cardiovasculares, caracterizado por taquicardia e
hipotenso arterial). -mivacrio: tem a vantagem de sofrer hidrlise
pela acetilcolinesterase heptica, o que o torna um curare de curta
durao (causa efeitos cardiovasculares em decorrncia da liberao de
histamina). -rocurnio: semelhante ao vecurnio, tem incio de ao
rpido, sendo indicado na seqncia rpida de entubao. -cisatracrio:
mais potente que o atracrio e apresenta grande margem de segurana
cardiovascular e metablica, com a vantagem de leve liberao de
histamina, sendo indicado para pacientes com patologia
cardiovascular. -pipecurnio: semelhante ao pancurnio, no entanto,
carece de efeitos vagolticos do pancurnio, sendo indicado em
cirurgias de longa durao em pacientes com patologia cardiovascular.
-doxacrio: semelhante ao pipecurnio, com a vantagem de apresentar
efeitos cardiovasculares do pancurnio e tem as mesmas indicaes do
pancurnio (interveno cirrgica de longa durao). -rapacurnio: devido
causar grave broncoespasmo e broncoconstrio irreversvel, foi
retirado da prtica clnica. A reverso do efeito dos relaxantes
musculares importante para evitar o risco do desenvolvimento do
bloqueio residual. Assim, torna-se importante a necessidade de
novos agentes para reverter o bloqueio neuromuscular, com incio
rpido de ao com melhor eficcia e segurana do que os
anticolinestersicos, como a neostigmina (causa eventos colinrgicos
adversos, cardiovasculares e gastrintestinais, alm de serem
inefetivos quando administrados durante bloqueio profundo). Entre
estes agentes, o Sugammadex, uma gama-ciclodestrina, aps estudos de
fase III, tem-se mostrado efetivo na reverso do bloqueio
neuromuscular. O Sugammadex (inclusive a Agncia Europia de
Medicamentos-EMEA aceitou a solicitao para a sua comercializao em
julho de 2007) se liga seletivamente ao relaxante muscular,
encapsulando-o, mais especificamente com o rocurnio e mais
recentemente com o vecurnio. Na busca do bloqueador neuromuscular
ideal (todos os compostos que esto sendo estudados tendem a
substituir a succinilcolina) a ateno est voltada para os derivados
dos steres do cido clorofumarnico e o composto mais promissor
parece ser o clorofumarato (gantracrio). Este agente tem incio
rpido de ao (122 a 54 segundos) com uma durao ultracurta (3,5 a 10
minutos) e no apresentou efeitos colaterais significantes; a
reverso foi acelerada em animais com o uso de cistena e em humanos,
com o uso do edrofnio.
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