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CULTURA DOS CITROS ALVES, P.R B. MELO, B.
1 INTRODUO
De origem asitica, as plantas ctricas foram introduzidas no
Brasil pelas primeiras expedies colonizadoras, provavelmente na
Bahia. Entretanto aqui, com
melhores condies para vegetar e produzir do que nas prprias
regies de origem, as citrinas se expandiram para todo o pas. A
citricultura brasileira, que detm a liderana
mundial, tm se destacado pela promoo do crescimento
scio-econmico, contribuindo com a balana comercial nacional e
principalmente, como geradora direta
e indireta de empregos na rea rural. O estado de Minas Gerais
ocupa o quarto lugar no cenrio nacional entre os
maiores Estados produtores de citros do pas e, pelo seu tamanho
e variedade agroclimtica, possibilita uma citricultura
diversificada e, de certo modo, regionalizada,
com a produo de timas frutas frescas.
2 CLASSIFICAO BOTNICA Os citros tm origem nas regies tropicais e
subtropicais do Continente Asitico e
no Arquiplago Malaio.
Famlias: a) a) Meliceas
b) b) Simarulceas c) c) Rutceas
Espcies:
Citrus sinensis Osbek laranja doce C. deliciosa Tenore mexirica
do Rio C. limonia Osbek limo cravo
-
C. reshui Nortex-tan tangerina Clepatra C. paradisi pomelo C.
sunki Nortex Jan tangerina sunki C. reticulada Blanco tangerina
pokan, cravo C. medica cidra C. reticulada sinensis tangerina
murcot C. fortunella spp. tangerina murcot C. aurantifolia swingle
lima cida galego C. mxima toranja C. latifolia Tanaka lima cida
tarti C. aurantium laranja azeda Poncirus trifoliata limo azedo C.
limon Burn limo siciliano
3 DESCRIO BOTNICA
Caule: tronco cilndrico, com ramificao normal. Quando novo
apresenta colorao verde e a medida que a planta envelhece esta
colorao passa para o marrom. Os
galhos e os ramos menores suportam a copa. A madeira dura,
compacta e de colorao amarelo-claro.
Razes
So do tipo pivotante atingindo 60cm na vertical e at 2m na
horizontal .
Folhas
So persistentes, verde-claro quando novas e passam para o verde
mais escuro a medida que envelhecem. Variam de simples a compostas,
unifoliatas,
com limbos inteiros. Sua forma elptica, oval ou lanciolada e, de
aspecto corecea.
Flor So inflorescncias solitrias ou agrupadas definidas ou no,
do tipo
cacho ou sub-tipo corimbo. Apresentam pednculo curto, liso e
articulado. So pequenas, hermafroditas e apresentam colorao
branca.
Fruto
So hesperidium, podendo ser globulosos ou subglobulosos.
Dividem-se em pericarpo e sementes.
4 UTILIZAO
O fruto consumido na forma in natura, porm, 50 a 55%
industrializado para a produo de suco. O caule das plantas podem
ser utilizados na forma de lenha.
Algumas espcies so utilizadas na produo de cido ctrico e tambm
na produo de matria-prima para a indstria farmacutica.
5 VALOR NUTRITIVO composio qumica
Composio Quantidade em %
gua 86 a 92%
Acar 5 a 8%
Pectina 1 a 2%
Lipdeos 0,2 a 0,5%
Minerais 0,5 a 0,9%
Nitrogenados 0,7 a 0,8%
leos 0,2 a 0,2%
Vitaminas, outros
6 PRINCIPAIS PRODUTORES MUNDIAIS (em %)
Pases %
Brasil 21,86
USS 17,21
-
China 8,51
Espanha 5,74
Mxico 4,77
Itlia 3,71
Egito 3,09
Turquia 2,21
Marrocos 1,57
Argentina 2,46
Produo mundial: 53 milhes de
toneladas
7 PRINCIPAIS PRODUTORES DE LARANJA (milhes/ton.)
Brasil 16,1 USA 10,9 China 4,7 Mxico 2,2 Espanha 2,2
8 PRINCIPAIS PRODUTORES DE TANGERINA (milhes/ton.)
Japo: 2,3 m t Espanha: 1,2 m t Brasil: 0,46 m t
9 PRINCIPAIS PRODUTORES DE LIMA CIDA (milhes/ton.) Espanha: 0,73
Itlia: 0,69 Brasil: 0,53
10 PRINCIPAIS PRODUTORES DE POMELO (milhes/ton.)
USA: 2,5 Mxico: 0,38 Israel: 0,36 Brasil: 0,24
11 PRINCIPAIS IMPORTADORES USA Japo CEE Rssia
12 PRINCIPAIS ESTADOS PRODUTORES DO BRASIL (LARANJA)
Estado rea (h) Produo (t) Rend. (t/h)
SP 758.200 94.800,00 127,1 BA 58.544 3.798,13 75,4
MG 54.422 4.382,47 80,5
RJ 43.999 2.792,55 63,4 PR 11.496 793.571 69
GO 88.000 1.058.400 98 5.997 523.456 87,2
Obs.: Tringulo Mineiro e Alto Paranaba 48% da produo de MG, num
total de 30.800 h.
13 PRODUO DE MUDAS
Atualmente, os rgos controladores da fitossanidade em citros
preconizam a
produo em ambientes protegidos, porm, ainda ocorrem alguns
viveiros a cu aberto porm, j sujeitos ao impedimento para
comercializao das mudas produzidas.
1. Borbulheira: depende da finalidade e do tipo da explorao.
Geralmente eliminam as expanses indesejveis.
-
2. Porta enxertos: principais caractersticas:
Conservar as caractersticas Cavalo e porta enxertos de sementes
numa espcie Afinidade e congeneidade.
3. Porta enxertos mais utilizados
Limo cravo Tangerina clepatra Tangerina sunki Limo volkamericano
(incompatvel com laranja pra) Poncirus trifoliata
4. Gneros afins com citros
Clymenia Fortunella Euromocitrus Poncirus Trifoliata
Microcitrus
5. Outros hbridos afins
Orangelo laranja + pomelo Tangelo tangerina + pomelo Citrange
trifoliata + laranja Limequats lima cida + kunkat Citrumelo
trifoliata + pomelo Citrangequat citrange + kunkat
6. Obteno de sementes
Corte do fruto maduro Retirada das sementes Despolpamento
Secagem sombra Armazenamento quando necessrio 7. Sementeiras
1 kg de sementes = 1.500 sementes
8. Canteiros
adubao espaamento semeadura cobertura do canteiro sombreamento
aclimatao e transplantio
9. Viveiros
preparo do solo irrigao adubaes, mediante anlise do solo
espaamento, linha simples: 1 x 0,3 m
linha dupla: 1 x 0, 5 x 0,3 m controle de plantas daninhas e
tratos fitossanitrios.
10. Enxertia A realizao da enxertia necessita dos seguintes
materiais:
porta enxerto, ferramentas e fitas ou fitilhos. Etapas:
desbrota, enxertia geralmente realizada em T invertido,
amarrio de enxerto, pegamento, desamarrio, corte do
porta-enxerto, formao da muda, aclimatao e comercializao.
11. Cultivares Para laranja (83%)
11.1 Precoce: Hamlim, Piralima, Baia, Baianinha, sanguinea.
-
11.2 Semiprecoce: Baro, Westin, Rubi.
11.3 Tardia: Pera, Valncia, Natal, Lima Tardia, Folha
murcha.
Lima cida e Limo Verdadeiro 11.4 Lima cida Taiti 11.5 Lima cida
Galego
11.6 Siciliano
11.7 Limo Verdadeiro
Para Tangerinas 11.8 Precoce: cravo
11.9 Semi precoce: mexerica Rio 11.10 Tardia: Ponkan, Tangor
Murcot
11.11 Outras: Dancy, Satsuma, King, Cristal, frica do Sul ou
Express.
Para Pomelos: Red Bulsh. (vermelho), Marsh seedless (amarelo),
Rubi (vermelho).
14 - PLANEJAMENTO DO POMAR
1- Definir o que plantar, levando em conta dois aspectos
fundamentais: o econmico e
o tcnico.
1.1- Econmico: preveno da evoluo da procura no mercado interno e
externo e
suas respectivas rentabilidades.
1.2- Tcnico: escolha das espcies e variedades a serem cultivadas
bem como o local, observando sempre as circunstncias adversas, como
as condies climticas.
2- Drenagem atmosfrica: so prejuzos devido s baixas temperaturas
em conjunto
aos movimentos do ar que so verificados em noites calmas e de cu
limpo, o que resulta na substituio das camadas de ar em contato com
o solo por outras camadas
(geadas).
3- Escolha da regio e da rea para o plantio: escolher solo
arejado com topografia que permita a drenagem atmosfrica, que
sejam
solos profundos e que principalmente apresentem leve
declividade. O perfil do solo
escolhido atende melhor a cultura se apresentar as seguintes
caractersticas fsicas: 3.1 Argila: com dimetro menor que 0,02 mm
3.2 Limo: com dimetro entre 0,02 e 0,2 mm 3.3 Areia fina: com
dimetro ente 0,02 e 0,2 3.4 Areia grossa: com dimetro entre 0,2 e 2
mm.
Os elementos grosseiros com dimetro maior que 2 para manter a
disponibilidade de gua, sendo esta de qualidade igual a:
Na < 05
Na+Mg+Ca
4 Diviso dos talhes Os talhes devem ser divididos em gleba de 20
a 25 h, de acordo com a rede de
irrigao e o trnsito. A densidade de plantio deve ser
estabelecida considerando-se a espcie, a variedade, o
porta-enxerto, a textura e a profundidade do solo, as
caractersticas do clima e os tratos culturais que devero ser
empregados no pomar. A densidade de plantas na rea pode ser obtida
atravs da seguinte frmula:
N = 2 . A / C (I + P )
-
Onde: n = nmero de plantas
S = rea; C = distncia entre duas plantas na mesma linha;
I = distncia entre as linhas; P = distncia entre os talhes.
CLIMA
A exigncia de gua dos citros situa-se entre 1900-2400mm, com um
mnimo ao
redor de 1300mm; a falta de chuvas ou a distribuio inadequada
podem limitar a produo: os rendimentos mximos so, em geral, obtidos
em reas irrigadas.
As exigncias de temperatura so as seguintes:
Mnima: 10C
tima: 20-30C Mxima: 35C
A Tabela abaixo resume as condies de clima que prevalecem nas
principais
regies produtoras brasileiras.
Condies gerais de clima nos estados produtores.
Condio
Regio
SP, MG, RJ BA, SE RS
Altitude (m) 0-600 (500) 100-1300 50-100
Chuva (mm/ano) 1200-1800
(1400)
1200-1300 1200-1600
(mm/primavera-vero) 1000 700 1000
Temperatura(C) Mdia 21 25 19
Mdia mnima 9 10 4 Mdia mxima 36 38 30
Umidade relativa do ar (%)
77 80 77
Nmeros entre parnteses = mdias.
SOLO
Consideraes abrangentes sobre solos para citros foram feitas por
RODRIGUEZ
(1984). STOLF (1987) deu ateno s propriedades fsicas,
particularmente possibilidade de compactao.
OLIVEIRA (1986) resumiu muito bem as exigncias edficas das
plantas ctricas:
(1) o sistema radicular dos citros apresenta grande proporo nos
40-60 cm superiores, podendo se aprofundar at 5m;
(2) so sensveis acidez e muito exigentes em magnsio e
principalmente clcio;
(3) crescem bem em solos com ampla variao textural, porm so os
de textura mdia (em torno de 20% de argila) os mais adequados;
(4) nenhuma caracterstica do solo mais essencial para os citros
do que a boa drenagem; raramente so encontrados bons pomares com
plantas crescendo
satisfatoriamente em menos de 100 cm de solo bem drenado; (5) so
plantas de folhas persistentes ao longo do ano, requerendo,
portanto,
gua continuamente; (6) a fertilidade (natural) do solo, para
citros, menos importante que as
caractersticas fsicas.
Os teores de argila ajudam a entender: drenagem e armazenamento
de
gua e possibilidade de compactao e, junto com o teor de matria
orgnica (C
-
%) os valores para soma de bases (S). A saturao em alumnio (m),
tanto na
superfcie como em profundidade, conseqncia do baixo teor de
clcio no complexo de troca, representa uma compactao qumica ao
crescimento das razes, portanto, menor possibilidade de aproveitar
gua e nutrientes do solo ou do adubo aplicado: compare-se a Terra
Roxa Estruturada com o Latossolo
Vermelho Amarelo e as Areias Quartzosas.
CARACTERSTICAS BOTNICAS
As plantas ctricas so verdes durante o ano todo, no
apresentando
perodo de repouso e podendo viver vrios sculos (SMITH, 1966).
Apresentam dois ciclos anuais de crescimento:
De primavera = crescimento vegetativo e floral;
De vero = principalmente vegetativo. O crescimento dos brotos
termina com 3-9 folhas expandindo-se quase
simultaneamente. As folhas podem persistir durante 1-3 anos,
havendo ento num mesmo ramo folhas de ciclos diferentes. Uma planta
adulta apresenta 50 mil
a 100 mil folhas, produzindo na primavera 10 mil flores, das
quais somente 1.000 aproximadamente podem chegar maturao que se
completa entre 8 a 15
meses depois do florescimento. Temperaturas maiores que 35C
durante 1-3 dias podem causar abortamento das flores.
De acordo com ERICKSON (1968) so necessrios 2,3 m de folhas
para
produzir 1 kg de fruta em plantas com 9 anos de idade. No Japo
foi estimado que devem existir 25 folhas para nutrir 1 fruto. O
ndice de rea foliar (IAF) mais
adequado est ao redor de 7 (7 m de folhas para cada m da rea da
copa projetada.
As razes apresentam baixa capacidade de absoro de nutrientes, o
que tem sido atribudo ao pequeno nmero de plos absorventes. Mostram
alta
necessidade de oxignio, embora alguns porta-enxertos, como
trifoliata, sejam menos exigentes. A distribuio e a quantidade de
razes depende do porta-
enxerto, da copa, da idade e das condies do solo. Laranjeiras
adultas (10-23 anos de idade) tm cerca de 90% das razes na
profundidade de 60 cm. Entre 75
a 99% das razes encontram-se na rea compreendida num raio de 2 m
a partir do tronco (MONTENEGRO, 1960).
Embora as plantas possam viver dezenas de anos, mais de 1 sculo,
a vida til varia entre 20 e 30 anos, aproximadamente.
IRRIGAO
Estima-se que existam hoje 30 milhas de laranjais irrigados no
estado de So Paulo (1998). O primeiro grande projeto de irrigao na
citricultura paulista foi
instalado no inicio da dcada de 70, por iniciativa da Fazenda
Sete Lagoas, no municpio de Conchal, em rea de 2.200 h de
laranjeiras natal, valncia, pra e
murcote. Nos ltimos seis anos grandes empresas, assim como
pequenos e mdios citricultores, tm contribudo para o aumento da rea
irrigada.
Registram-se resultados positivos na irrigao de pomares de
laranja em muitas
propriedades, mas verificam-se tambm casos de insucesso. Com
freqncia atribui-se o fracasso ao equipamento e no falta de
experincia do operador do equipamento no
manejo da gua.
Ao analisar tecnicamente os projetos de irrigao de laranja que
deram errado,
observa-se que, na maioria das vezes, o problema foi o
desconhecimento da hora certa de iniciar a irrigao e tambm da
quantidade de irrigao necessria.
Convm saber que altas produtividades em pomares de laranja
dependem da
emisso de floradas intensas na rea. E a induo fisiolgica da
florada na planta baseia-se na falta de gua (dficit hdrico) no solo
ou na ocorrncia de baixas
temperaturas ambientais.
Na regio do mar Mediterrneo (Espanha, Israel, etc.), por
exemplo, a induo floral da laranja comandada pelas baixas
temperaturas no inverno. Quando chega a
primavera, todas as variedades tendem a florescer
simultaneamente e o escalonamento
-
da produo para suprir a demanda anual s pode ser obtido pela
utilizao conjugada
de variedades precoces, mdias e tardias.
J na regio da Flrida, nos Estados Unidos, a induo floral pode
ser comandada tanto pelas temperaturas baixas no inverno, quanto
pelo dficit hdrico no solo,
dependendo das condies climticas de cada ano. Isso confere regio
maior capacidade de floradas defasadas no tempo.
Nas zonas citrcolas tradicionais do Brasil, localizadas no
centro-oeste do estado de So Paulo (Bebedouro, Mato, So Jos do Rio
Preto, etc), o que comanda a
emisso floral somente o dficit hdrico no solo, porque as
temperaturas de inverno no so suficientemente baixas. J na regio
sudeste do Estado de SP (Itapetininga,
Pilar do Sul, So Miguel Arcanjo, etc), tanto as baixas
temperaturas de inverno e o dficit hdrico no solo, podero comandar
a emisso floral de acordo com as condies
climticas de cada ano agrcola. Assim, quem tenha comprado um
equipamento de irrigao e comece a irrigar to logo pare de chover,
corre o risco de reduzir a
produtividade de seus pomares, se o dficit hdrico no tiver sido
suficiente para induzir a florao, principalmente na regio
centro-oeste de SP. Em suma, gua fora de hora
mais atrapalha do que ajuda o produtor a colher mais.
A experincia do manejo da irrigao em pomares de laranja mostra
ser impossvel oferecer uma recomendao pronta e acabada sobre a
conduta a seguir,
maneira de uma receita de bolo, porque as condies climticas
variam de ano para
ano. A estratgia de irrigao que funciona em um ano mais seco
pode no servir para ano mais mido. Outros fatores tambm
influenciam: posio do talho na rea,
combinao variedade-porta-enxerto, profundidade do sistema
radicular e tipo de solo.
A soluo tcnica para o manejo racional da irrigao em pomares est
no monitoramento rigoroso da umidade do solo. A introduo recente no
Brasil do
tensimetro digital de puno tem contribudo para assegurar o
sucesso da irrigao em citros. O que diferencia a nova tecnologia em
tensimetros a alta preciso do
leitor digital, associado ao baixo custo de instalao em larga
escala do equipamento.
FERTIRRIGAO, RECURSO PODEROSO.
A irrigao localizada, alm de possibilitar a aplicao de adubos
por seu
intermdio, mostra vantagens inesperadas, como a melhor
convivncia das
plantas com o amarelinho.
O grande interesse pela irrigao localizada se deve especialmente
economia de gua, energia eltrica e mo-de-obra, alm do substancial
aumento de produtividade e
qualidade das frutas por ela proporcionado. Verificou-se tambm
que pomares irrigados de forma localizada convivem melhor com a
clorose variegada dos citros (CVC).
Suas principais vantagens podem ser assim relacionadas:
- Economia de fatores de produo, como gua e energia eltrica, por
haver o umidecimento de apenas parte do volume do solo (quando
comparado aos sistemas de
irrigao no localizada). - Por ser a gua levada diretamente zona
das razes, perdas por percolao ou
evaporao so mnimas. - Desestmulo ao crescimento de plantas
invasoras por supresso da irrigao nas
entrelinhas da cultura.
- Garantia de preciso no fornecimento de gua e distribuio
uniforme, graas evoluo dos equipamentos, como emissores
autocompensveis, vlvulas hidrulicas e
filtros. - Alta eficincia no fornecimento de gua, alcanando
facilmente 90% no gotejamento
e 85% na microasperso (contra 60 a 70% da asperso
convencional).
Essas caractersticas criam as condies necessrias para a aplicao
de fertilizantes via gua de irrigao fertirrigao -, que constitui a
maior vantagem do sistema e a mais poderosa ferramenta para a
conduo da cultura.
Fertilizantes utilizados na fertirrigao
-
Nitrogenados
Slidos Lquidos
Nitrato de amnio Uran Nitrato de clcio Sulfuran
Nitrato de potssio Uria
Sulfato de amnio
Potssicos
Slidos
Cloreto de potssio (branco
em p)
Sulfato de potssio
Nitrato de potssio
Fosfatados
Slidos Lquidos
MAP purificado cido
fosfrico
Calagem e adubao dos citros
Critrios e Recomendao da Calagem e Adubao dos Citros
Dada a relao entre a disponibilidade dos nutrientes no solo, sua
concentrao
no tecido vegetal, o crescimento e a produo de frutos, estudos
desenvolvidos no Brasil, desde a dcada de 60, tm trazido
contribuies significativas para o
estabelecimento de padres de interpretao e de manejo do estado
nutricional dos citros atravs das anlises qumicas de solo e de
folhas.
Anlise de solo
A amostragem de solo para os citros feita em glebas ou talhes
homogneos
quanto a cor e textura do solo, posio no relevo e manejo do
pomar, idade das rvores, combinaes de copa e porta-enxerto e
produtividade. As amostras de solo
devem ser coletadas na faixa de adubao, nas profundidades de
0-20cm, com o intuito de recomendar a adubao e calagem, e 20-40cm,
com o objetivo de
diagnosticar barreiras qumicas ao desenvolvimento das razes, ou
seja, deficincias de Ca com ou sem excesso de Al+3. Recomenda-se a
coleta de pelo menos 20 subamostras
que comporo a amostra representativa do talho a ser encaminhada
para o
laboratrio. As amostras, com cerca de 250cm3, devem ser secas ao
ara e acondicionadas em sacos ou caixas de papel. A poca mais
apropriada para coleta de
fevereiro a abril, garantindo-se um intervalo mnimo de 60 dias
aps a ltima adubao. Para garantir maior eficincia e
representatividade da amostragem, a coleta
das subamostras deve ser feita com trados do tipo holands, sonda
ou similares. Os padres de fertilidade do solo com base na
amostragem da camada de 0-
20cm foram obtidos com curvas de calibrao das anlises de macro
(Quadro 1) e micronutrientes (Quadro 2) no solo, especficas para
citros.
QUADRO 1 Padres de fertilidade para a interpretao de resultados
de anlise de solo para citros(1)
Classes de teores
P-resina (mg/dm3)
K (1)(mmol/dm3)
Mg (1)(mmol/dm3)
Saturao por bases
(%)
Muito baixo
-
cbico) so dez vezes maiores do que os expressos em meq/100cm3,
usados
anteriormente.
QUADRO 2 Interpretao de resultados de anlise de solo para S e
micronutrientes
Classes de teores
S-SO4 (mg/dm3)
B (mg/dm3)
Cu (mg/dm3)
Mn (mg/dm3)
Zn (mg/dm3)
Baixo 1,5
Anlise foliar
Os teores totais obtidos com a anlise foliar no dependem
unicamente da disponibilidade do nutriente no solo, pois esto
sujeitos influncia de vrios outros
fatores como taxa de crescimento do tecido vegetal, idade da
folha, combinaes copa
e porta enxerto, e interaes com outros nutrientes. Os teores de
N, P e K diminuem com a idade da folha, enquanto os de Ca, por
exemplo, aumentam nas folhas mais maduras. Tambm, no se dispe de
informaes precisas para interpretar os resultados da anlise foliar
de forma diferenciada para
combinaes de copas e porta-enxertos especficas. Pelos motivos
citados, as folhas coletadas para anlise devem apresentar a mesma
idade e provir de plantas cultivadas
em condies semelhantes. A amostragem feita coletando-se a
terceira ou quarta folha a partir do fruto,
geradas na primavera, com aproximadamente seis meses de idade,
normalmente de fevereiro e maro, em ramos com frutos de 2cm a 4cm
de dimetro. Recomenda-se
amostrar pelo menos 25 rvores em reas de no mximo dez hectares.
Coletam-se quatro folhas no danificadas por rvore, uma em cada
quadrante e na altura mediana,
no mnimo 30 dias aps a ltima pulverizao. As amostras devem ser
acondicionadas em sacos de papel ou plsticos e guardadas em
geladeira, temperatura aproximada
de 5C, at o envio para o laboratrio, num perodo inferior a dois
dias aps a coleta no
campo.
Calagem
A avaliao da acidez do solo para a recomendao de calagem para
citros feita por meio da determinao da acidez tampo (H+AI), da soma
de bases (Ca+Mg+K) e
da capacidade de troca catinica (CTC) a pH 7,0 (Sistema IAC de
anlise de solo). A necessidade de calcrio calculada para elevar a
saturao por bases (V) a
70% na camada superficial do solo (0-20cm de profundidade). Este
valor corresponde a pH 5,5 determinado em soluo de CaCl2.
Recomenda-se tambm o manejo da
calagem para elevar e manter os nveis de Mg no solo em pelo
menos 4mmol/dm3 ou, idealmente, 8mmol/dm3. A produo mxima de
laranjas foi observada para valores de
V de 60% e Mg no solo ao redor de 9,0 mmol/dm3. O clculo da
calagem feito com a seguinte frmula:
NC = em que:
NC = necessidade de calagem, t/h;
CTC(V2-V1)
10 PRNT
-
CTC = capacidade de troca de ctions, mmol/dm3;
V1 = saturao por bases atual do solo, da camada arvel de 0-20
cm, %; V2 = saturao por bases desejada para os citros, %;
PRNT = poder relativo de neutralizao total do calcrio.
Para culturas perenes, como os citros, importante fazer a correo
da acidez antes da implantao do pomar, com a incorporao mais
profunda possvel do
calcrio. Alm disso, recomenda-se a aplicao de uma quantidade
adicional de calcrio
(250g/m de sulco) no sulco, onde sero colocadas as mudas, junto
ao P, para estimular o crescimento do sistema radicular.
Adubao NPK
Trabalhos realizados no Brasil permitiram, pela primeira vez,
fazer a calibrao da
anlise de solo para P e K em citros, com base na extrao com
resina de troca inica. Os resultados mostraram que a anlise de solo
uma excelente ferramenta para o
diagnstico da disponibilidade desses elementos para os citros.
Os limites das faixas de interpretao de teores (muito baixo, baixo,
mdio etc) para o K so semelhantes aos
usados para as culturas anuais, mas, para o P, os valores para
culturas perenes so um pouco mais baixos. Existe uma correlao
bastante estreita entre os nveis de P no solo
e a produo relativa de frutos de rvores adultas. A resposta da
produo de frutos adubao com K tambm bastante significativa. O
incremento da produo maior
para valores muito baixos e baixo de K no solo, definidos de
acordo com os padres de
fertilidade do solo. As tabelas de recomendao da adubao N, P e K
para os citros so divididas em
trs fases na cultura: plantio, rvores jovens (at cinco anos de
idade) e rvores adultas (em produo).
Na implantao do pomar, recomenda-se a aplicao apenas de P nos
sulcos, em doses que variam de 20 a 80g de P2O5/m linear de sulco,
junto com o calcrio.
Para a fase de formao, as doses de N, P2O5 e K2O recomendadas
levam em conta a idade do pomar e os resultados da anlise de solo
para P e K para atender s
necessidades de crescimento da copa e ao incio de produo de
frutos (Quadro 3).
QUADRO 3 Recomendaes de adubao para citros em formao, por idade
e em funo da anlise do solo(1)
Idade
(anos)
N
(g/planta)
P-resina
(mg/dm3)
K trocvel
(mmol/dm)
0-5 6-12 13-
30
>30 0-0,7 0,8-
1,5
1,6-
3,0
>3,0
P2O5 (g/planta)
K2O (g/planta)
0-1 80 0 0 0 0 20 0 0 0
1-2 160 160 100 50 0 80 60 0 0
2-3 200 200 140 70 0 150 100 50 0
3-4 300 300 210 100 0 200 140 70 0
4-5 400 400 280 140 0 300 210 100 0
(1) Para a variedade de laranja Valncia reduzir as doses de K em
20%.
Resultados recentes da pesquisa mostraram que na fase de formao,
a resposta dos citros adubao com P maior para copas enxertadas em
tangerineira Clepatra, em comparao ao limoeiro Cravo e ao citrumelo
Swingle. A calibrao dos teores de P no solo parece distinta daquela
na fase de produo de frutos. O nvel crtico para as
rvores jovens superior aos 20mg/dm3 reportado para rvores ser
limitado a um volume menor de solo, e a absoro de P ocorrer
principalmente por difuso desse
elemento. Tambm h resultados que indicam que nesta mesma fase de
conduo dos
citros no campo (antes de cinco anos de idade), a resposta de
copas em citrumelo Swingle adubao com K seja maior em comparao a
outros porta enxertos. Da, provavelmente, uma explicao para o fato
de o citrumelo Swingle induzir frutas com boa qualidade de
suco.
-
No caso dos citros em produo, as doses de nutrientes
recomendadas foram
determinadas a partir de curvas de calibrao para mxima produo
econmica dos citros, em funo dos teores foliares de N, P e K no
solo. Nesta fase, doses distintas so
recomendadas para laranjas e lima cida Tahiti, e limes,
tangerinas e tangor Murcote. Ainda nessa fase, importante levar em
considerao a produtividade esperada para a definio das doses de
fertilizantes a adicionar aos citros, uma vez que plantas mais
produtivas extraem e exportam quantidades maiores de nutrientes.
Em
mdia, uma tonelada de frutos de laranja contm 2,4kg de N e 2,0kg
de K, alm do
que necessrio para a formao e desenvolvimento do restante da
planta. A anlise do solo no fornece parmetros para a adubao
nitrogenada dos citros,
pois ainda no se dispe de mtodos adequados para avaliar a
disponibilidade de N no solo. No entanto, o teor de N foliar tem
mostrado, em pesquisas feitas no Brasil, ser
um bom indicador para ajustar as doses de N definidas, conforme
a produo pendente de frutos. Para teores acima de 28g de N/kg a
resposta produo de frutos
praticamente inexistente. No caso de limes, o teor adequado de N
nas folhas parece ser menor que aqueles em laranjas e situa-se em
torno de 22g de N/kg.
Os citros armazenam uma grande quantidade de N na biomassa, que
pode ser redistribuda, principalmente para rgos em desenvolvimento
como folhas e frutos.
Por este motivo, a reduo da adubao com N pode no afetar a produo
de frutos de imediato, contudo, quando as doses de N forem
inferiores s recomendadas, as
rvores podem sofrer uma gradativa reduo da densidade e
crescimento da copa, que, consequentemente, acarretar em perdas na
produo de frutos em anos posteriores.
O manejo dos adubos nitrogenados importante para garantir a
eficincia de uso
do N. Com as prticas recomendadas para o controle do mato no
pomar, por meio de herbicidas ou roadeira, evitando o uso de
grades, os fertilizantes so aplicados na
superfcie do solo, s vezes sobre resduos de plantas. Nessas
condies, a uria, fonte de N mais comum no Brasil, est sujeita a
perdas por volatilizao de amnia se no
ocorrer chuva ou irrigao em at dois dias aps a aplicao, para
incorporar o fertilizante ao solo. Avaliaes de campo tm mostrado
que as perdas por volatilizao
podem variar de 15% a 45% do N aplicado superfcie do solo como
uria. O ajuste da adubao nitrogenada com base na anlise de folhas
muito
importante, pois a falta ou excesso de N interfere no tamanho e
na qualidade dos frutos.
A adubao com P em citros vinha sendo negligenciada no Brasil em
funo de dados obtidos em outros pases que sugeriam que esta cultura
era pouco responsiva a
esse elemento. Essa informao no levava em conta que em muitas
regies produtoras no exterior, os citros so cultivados em solos
desenvolvidos a partir de
sedimentos ricos em P e que os solos no Brasil so, em geral,
deficientes nesse
nutriente. Resultados obtidos tm mostrado respostas expressivas
a P em pomares adultos cultivados em solos pobres.
Para as aplicaes de adubo na superfcie, deve-se utilizar fontes
de P solveis em gua. Alm disso, devido baixa mobilidade do P nos
solos, recomendvel fazer a
incorporao do adubo, com o calcrio, uma vez por ano,
especialmente nos solos nos quais a deficincia de P pode ser
limitante. Tambm, a melhor oportunidade de
incorporar P ao solo na fase de implantao do pomar. A adubao
feita na poca das guas, perodo de maior demanda das plantas. O
parcelamento das doses de N e K em trs ou quatro aplicaes
durante o ano aumenta a eficincia da adubao, por evitar perdas de
nutrientes no solo com a gua de
drenagem, o que ocorre principalmente em solos arenosos, e por
adequar a demanda de nutrientes em diferentes perodos de
desenvolvimento dos citros (do florescimento
maturao dos frutos). Para pomares em produo aplicam-se de 30% a
40% do N e K na poca do florescimento, e o restante dividido entre
os meses de outubro a maro
do ano seguinte. O P pode ser aplicado em dose nica nos meses de
agosto e
setembro.
Micronutrientes Essenciais aos Citros
1. INTRODUO
A nutrio dos citros apresenta aspectos de grande importncia que
devem ser considerados atentamente para que seja proporcionado um
bom desenvolvimento das
plantas. necessrio que haja um bom equilbrio entre as
quantidades dos diferentes nutrientes, para atender s exigncias das
plantas.
-
So aceitos como principais macronutrientes em peso o carbono C,
oxignio O e hidrognio H que as plantas retiram do ar e da gua e que
constituem cerca de 95% do seu peso. Os outros 5% compem-se de:
macronutrientes minerais que
somam cerca de 4,5% do peso total e 0,5% correspondendo a
micronutrientes, que entram em quantidades bem menores, na nutrio.
So seis os macronutrientes
minerais mais importantes: nitrognio N, fsforo P, potssio K,
clcio Ca, magnsio Mg e enxofre S. So tambm seis, os micronutrientes
essenciais para os citros: zinco Zn, boro B, mangans Mn, cobre Cu,
ferro F e molibdnio Mo. Cada um dos nutrientes tem, em associao com
outros ou isoladamente, funes especficas que influenciam o
comportamento das plantas quanto a seu
crescimento, produo de frutas e sua qualidade interna e externa,
longevidade, resistncia a pragas e molstias, etc. Para
exemplificar, o nitrognio, que considerado
o nutriente mineral mais importante para os citros, quando est
em deficincia, provoca a diminuio ou at, em casos mais graves, a
paralisao de crescimento das
plantas, culminando com o secamento das extremidades dos ramos
e, em conseqncia, prejuzos srios produo de frutas.
2. MICRONUTRIENTES
Tratando especificamente dos micronutrientes, embora sua
quantidade em peso
seja muito reduzida, eles exercem funes enzimticas importantes e
participam ativamente do metabolismo dos citros.
A seguir so apresentadas as caractersticas que permitem
reconhecer
visualmente a deficincia de cada micronutriente, bem como as
funes que desempenham no complexo nutricional. J que os sintomas
descritos referem-se falta
acentuada do micronutriente, isto indica que as plantas com tais
sintomas esto sofrendo a carncia apontada.
A fim de conhecer a tendncia da falta de dado nutriente, antes
que haja um desequilbrio grave para a nutrio dos citros, usada a
diagnose foliar. Esta diagnose
apresenta, dentro de alguns parmetros que tem sido determinados,
a possibilidade de serem tomadas medidas acauteladoras, com o
suprimento do nutriente, ou nutrientes,
em falta.
2.1. ZINCO Zn
- Funes: elemento essencial para a vida das plantas embora no
sejam bem claras suas funes. Suas carncia provoca uma queda
acentuada da clorofila, o que
leva a pensar que ele interfere na sua produo. Geralmente aceito
que o zinco
participa da formao de auxinas de crescimento e da ativao de
enzimas estimulando o crescimento vegetativo, tamanho das folhas e
sua cor verde.
- Sintomas de carncia: Com a falta de zinco h reduo de tamanho
das brotaes novas e das folhas. H clorose acentuada do limbo, em
faixas entre as
nervuras. Em casos agudos, aparece o aspecto de zebradas. Os
interndios so curtos. H tufos de folhinhas. H reduo de botes,
ocorrendo pequena produo de
frutos de tamanho reduzido, de casca lisa, plidos e com pouco
suco. 2.2. BORO
- B no solo: Tem sido encontrado B no solo na faixa de 2 a
100ppm o que, por si
s, tem pouco valor para saber de sua disponibilidade. Ele se
encontra no solo como parte de alguns silicatos. Alguns fatores
influem na sua disponibilidade, sendo
importantes a acidez ou a alcalinidade do solo, a quantidade de
colides, a matria orgnica, o clcio e outros. mais comum a
deficincia de boro nas plantas em solos
naturalmente cidos, em que o B foi lavado; em solos arenosos; em
solos alcalinos; em
solos pobres em matria orgnica, etc. A faixa de segurana entre a
deficincia e o excesso d B pequena. A toxidez
to grave quanto a sua falta, manifestando-se nas folhas por um
amarelecimento das pontas, que se estende para as margens. Mais
tarde pode haver a formao de resinas
na face inferior seguindo-se queda de grande nmero delas com
grave deperecimento e at morte de plantas.
Algumas prticas culturais podem interferir na disponibilidade de
B s plantas: a) a gua de irrigao com 0,10 a 0,20ppm de B dificulta
o aparecimento da deficincia,
mas se o contedo de B for maior que 0,75ppm, os citros podem
mostrar toxidez; b) adubaes orgnicas freqentes reduzem a deficincia
de B; c) o salitre do Chile
(nitrato de sdio contm impurezas das quais o B faz parte,
podendo diminuir a
-
deficincia de B; d) o mesmo acontece em So Paulo, com os
calcrios sedimentares da
regio de Limeira Piracicaba Rio Claro nos quais so encontrados
alguns micronutrientes; e) as calagens pesadas podem interferir na
utilizao do B pelas
plantas, tornando-o insolvel.
2.3. MANGANS Mn
Funes: O mangans ocupa posio semelhante do zinco na nutrio
das
plantas, quanto quantidade. Sua funo no bem conhecida, mas
parece ser necessrio para a sntese da clorofila. O Mn parece
exercer tambm funo cataltica,
ajudando na atividade respiratria das plantas, na translocao do
ferro, etc. Sintomas de carncia: Em folhas de tamanho normal, com
maior freqncia
nas partes mais sombreadas das plantas, aparecem cloroses entre
as nervuras, menos acentuadas do que as de zinco. Seria como que
uma leve deficincia de zinco, sem
reduo do tamanho das folhas. Mn no solo: O Mn ocorre nos solos
normalmente na forma de xidos. Compostos
de Mn, como o dixido de Mn, apresentam baixa disponibilidade s
plantas, diminuindo a acidez do solo, a solubilidade do Mn
decresce, tornando-se pouco disponvel, com pH
acima de 6,5. Certas condies do solo podem influenciar a
deficincia de Mn, a saber: solos de aluvio derivado de material
calcrio; solos calcrios mal drenados e com alto
teor de matria orgnica, solos muito arenosos e pobres
originalmente em Mn, etc. Algumas prticas culturais influenciam na
disponibilidade de Mn no solo: a)
calagens exageradas neutralizando a acidez no solo, comumente
originam deficincia
de Mn por sua insolubilizao; b) a queima de matria orgnica em
solos ricos em clcio, produz alcalinidade que induz a deficincia de
Mn; c) em solos muito cidos, o
excesso de Mn livre causa toxidez, com prejuzos produo. REUTHER
e outros (1954) na Flrida constataram que aps 15 anos de
adubaes
continuadas de citros em solo arenoso, com frmulas contendo
mangans, era comum encontrar excesso do nutriente na camada de solo
de 0 30 cm de espessura, da ordem de 670 a 900kg de Mn por
hectare.
2.4. COBRE Cu
Funes: Dentre os micronutrientes, o cobre participa na nutrio
dos citros em doses reduzidas, em torno de 5 a 10 ppm nas folhas.
Sua funo tambm pouco
conhecida, admitindo-se ser do tipo cataltico como a do mangans,
ajudando em outras funes de planta.
Sintomas de carncia: comum, na carncia de cobre, aparecer uma
folhagem
de cor verde escuro, com brotos tenros, angulosos, em forma de
S, com folhas gigantes. Com o prosseguimento da carncia, as brotaes
novas aparecem com a
colorao verde amarelada, param de crescer e perdem as folhas.
Aparecem bolsas de goma nos ramos novos, o que tambm tem ocorrido
em plantas muito jovens em
viveiros. Quando h produo de frutos, eles podem apresentar
sintomas de goma externamente, na casca, com fendilhamentos
transversais, ou longitudinais, e na parte
estilar, antes mesmo dos sintomas foliares. Tais frutos
geralmente apresentam formaes de goma junto s sementes, paralisam
precocemente seu desenvolvimento e
caem antes de amadurecer. A casca dos frutos grossa e a
quantidade de suco reduzida. O florescimento de plantas carentes em
cobre abundante, h bom
pegamento de frutinhos, mas ocorre grande queda deles no vero,
ainda verdes. Os sintomas de goma nos ramos e nos frutos so comuns
em laranjeiras; para as
tangerineiras so restritos aos frutos, enquanto que nos
limoeiros so praticamente ausentes nos frutos.
Um excesso de cobre pode provocar toxidez, o que agravado em
solos cidos e
de baixo teor de matria orgnica. Os sintomas mais claros de
excesso de cobre aparecem no sistema radicular, com razes
pardacentas, curtas e grossas; a folhagem
apresenta-se tambm bronzeada. Cobre no solo: REUTHER E
LABANAUSKAS (1966) relataram que o contedo
normal de cobre em solos de mais de 100 pomares de citros na
Flrida (Estados Unidos) variou de 50 a 250ppm, nos primeiros 15cm
de solo, enquanto em solos
virgens a variao era de 1 a 10ppm. Em solos arenosos da costa
Atlntica, o mais comum de 3 a 15ppm. Normalmente o subsolo contm
menos cobre que o solo
superficial, mais pode haver excees. Em solos de reao alcalina o
cobre se insolubiliza e as plantas no podem aproveit-lo.
-
Algumas prticas culturais podem influenciar na disponibilidade
de cobre no solo:
a) irrigao com gua alcalinizante; b) adubaes com altas doses de
nitrognio e o acmulo de fsforo com adubaes fosfatadas continuadas,
podem causar deficincias
de cobre.
2.5. FERRO Fe Funes: O ferro elemento essencial para a formao de
clorofila, embora no
faa parte dela. Sintomas de carncia: Com a falta de ferro, as
folhas jovens tornam colorao
amarelada, bem plida, permanecendo verdes todas as nervuras.
Fica bem destacada uma malha de nervuras verdes, em um limbo verde
amarelado, mais claro, comum a
deficincia de ferro em solos alcalinos, ricos em carbonato de
clcio e mais midos, quando o nutriente pouco assimilado pelas
plantas, embora esteja presente em
abundncia. Nos solos cidos de So Paulo, que contm teores
razoveis de ferro, no tm sido verificados sintomas de deficincia
desse nutriente. A deficincia de ferro
continuada causa reduo no nmero e tamanho das folhas, com a
morte de ramos novos. Nos casos mais graves os frutos podem ficar
amarelados, precocemente.
Em condies normais de cultivo dos pomares, no ocorrem prejuzos
por excesso de ferro. Um excesso desse nutriente pode reduzir a
assimilao de fsforo.
Ferro no solo: O ferro se encontra no solo na forma de xidos e
outros sais, em
quantidades que atendem s necessidades das plantas, dependendo
de sua solubilidade, que reduzida fortemente em solos
alcalinos.
Algumas prticas culturais em outros fatores influenciam
negativamente a disponibilidade de ferro no solo: a) solos calcrios
e mal drenados; b) alta concentrao
de metais pesados em solos cidos, especialmente zinco, mangans,
cobre ou nquel; presena de fungos e ou nematides no solo.
2.6 MOLIBDNIO Mo Funes: O molibdnio o micronutriente exigido em
menores quantidades
pelos citros, entrando na composio das folhas apenas com cerca
de 0,1 a 1,0 parte por milho. , no entanto, necessrio para a reduo
biolgica dos nitratos que
antecede a formao das protenas. Sintomas de carncia: Aparecem
nas folhas manchas amareladas de forma
circular, grandes, entre as nervuras. Na face inferior das
folhas estas manchas se
tornam resinosas, com um halo amarelado. As folhas afetadas
contm baixos teores de clcio e magnsio, enquanto o potssio alto.
Somente em casos severos, podem
aparecer manchas grandes, pardacentas, com halo amarelado,
externas, sem afetar o albedo, nos frutos.
Molibdnio no solo: JOHNSON (1966) relatou que em anlises de mais
de 500 amostras de solo o valor mdio de 2,5ppm o normal.
O molibdato, como nion, fortemente absorvido por minerais e
colides de solo, quando a acidez apresenta pH abaixo de 6,0.
Em solos altamente podsolizados o Mo pode estar em nveis baixos
e pouco disponvel, por efeito da acidez elevada.
Algumas prticas culturais podem afetar a disponibilidade do Mo:
a) calagem em solos cidos, pode ser benfica; b) o mangans poder
induzir a deficincia de Mo, por
serem elementos antagnicos entre si; c) as plantas ctricas tm
respondido adubao com molibdnio na Flrida, Estado Unidos.
3. CORREO DE DEFICINCIAS DE MICRONUTRIENTES
As deficincias de micronutrientes podem ocorrer de duas maneiras
principais: pela falta real do micronutriente no solo em quantidade
suficiente necessidade das
plantas; ou por estarem em baixa disponibilidade para as
plantas, sob influncia de alguns fatores. No primeiro caso
imprescindvel o fornecimento do nutriente s
plantas, enquanto, no segundo, a disponibilidade do nutriente
pode ser melhorada quando for modificada a causa do seu no
aproveitamento. o caso do excesso de
cobre e mangans; ou do clcio, que ao elevar o pH do solo pode
ocasionar deficincias de ferro e de zinco; ou do excesso de fsforo
no solo, causando problemas na
assimilao de cobre; etc.
-
De qualquer maneira, o fornecimento do micronutriente problema
deve atender
mais rapidamente s necessidade da planta, com benefcios para o
seu desenvolvimento e produo.
3.1. POCA
A recomendao usual a aplicao de micronutriente, em pulverizao
sobre a
folhagem, na primavera e no vero, aps o florescimento e com
enfolhamento
abundante.
3.2. MTODOS
De maneira geral, a aplicao de micronutrientes feita por
pulverizao sobre a folhagem. Como a quantidade de micronutriente
exigida pelas plantas bastante
reduzida, a fim de evitar problemas de toxidez com excesso de um
dado nutriente, ou mesmo, de antagonismo entre eles, em geral no
recomendada a adubao
sistemtica de micronutrientes junto com macronutrientes, por
perodos prolongados, no solo. conhecido o problema devido ao uso
prolongado de cobre em frmulas de
adubao na citricultura da Flrida, Estados Unidos. A acumulao
desse nutriente no solo levou a problemas de toxidez para as
plantas, com graves prejuzos ao seu
comportamento (REUTHER & SMITH, 1954). As aplicaes de
micronutrientes no solo so de efeito menor e mais lento, devido
pequena movimentao que eles tm no solo. Por outro lado, a correo
da
deficincia via solo poder ser mais duradoura. SMITH e RASMUSSEN
(1959) constataram que a aplicao de Zn e de Mn misturados na
primeira camada de solo a 0
20cm de profundidade, em doses relativamente altas de 50g a 500g
dos sais, por planta, supriram a deficincia desses micronutrientes,
por vrios anos.
O B na forma de brax ou de cido brico, pode ser aplicado, tanto
na folhagem quanto no solo, mas convm fazer somente uma aplicao,
uma s vez por ano, para
evitar problemas de toxidez. O excesso de B pode ser atenuado
com a aplicao de calcrio ao solo e pela adubao nitrogenada.
A aplicao de Mo no solo no tem dado bom resultado para corrigir
sua deficincia. Ela dever ser corrigida com pulverizao foliar de
molibdato de sdio.
A deficincia de F em solos calcrios no tem sido corrigida
satisfatoriamente com o uso de quelatos, ao contrrio dos solos
cidos, em que sempre mais fcil.
Todas as tentativas de fornecer ferro via foliar no tem dado
bons resultados. Os quelatos via solo so ainda a melhor forma de
corrigir a deficincia desse
micronutriente.
DOENAS
DOENAS CAUSADAS POR FUNGOS
Verrugose:
Manchas salientes, irregulares, corticosas que nas laranjas
doces se localizam quase que exclusivamente nas frutas, sendo raras
nas folhas. As leses de colorao
amarelada depreciam o valor da fruta. Em limo-cravo ocorre tambm
nas folhas. A infeco nas frutas ocorre quando ainda esto pequenas e
os tratamentos preventivos
com fungicidas adequados tem dado excelentes resultados.
Melanose: Pequenas leses arredondadas de cor escura que ocorrem
em galhos, folhas e
frutos. Como a verrugose deprecia o valor da fruta, deve ser
combatida com
pulverizao de produto base de cobre, aps uma poda de limpeza de
galhos secos.
Rubelose: Manifesta-se pelo rompimento da casca e morte dos
galhos; examinados,
mostram-se estar revestidos pelo fungo, que se apresenta
inicialmente como leve camada clara e que se torna amarelada ou
salmo. Seu controle se realiza atravs de
eliminao dos galhos secos e uso de uma pasta base de cobre para
proteger os cortes. Bons resultados tem sido conseguidos,
efetuando-se o pincelamento dos ramos
afetados com Carbolineum (produto utilizado para preservao de
madeira). Inclusive
-
em estgio inicial da doena desnecessrio torna-se cortar o ramo
atacado pois este
dever se recuperar.
Gomose: Ataca a casca, a parte interna do tronco, razes e ramos
das plantas. Geralmente
o fungo invade a planta na regio prxima ao solo, e que foi
acidentalmente ferida por ferramentas. O local doente solta a casca
e deixa escorrer uma goma escura. As partes
afetadas devero ser raspadas e pinceladas com uma calda base de
cobre a 3%, ou
mesmo carbolineum que tambm tem sido utilizado com bons
resultados.
MOLSTIAS CAUSADAS POR VRUS
As principais so: a sorose, a xiloporose e a exocorte. No h meio
de controle. Devem ser prevenidas pelo uso de borbulhas
rigorosamente selecionadas, tiradas de
plantas sadias.
Sorose Pequenas pstulas aparecem nos ramos e galhos principais,
normalmente quando
as plantas atingem cerca de 10 a 15 anos. Essas erupes vo
aumentando e chegam a descascar. H exsudao de goma
quando a doena se torna severa. A planta degenera lentamente,
ficando improdutiva e sendo necessria a sua eliminao.
Por ser uma doena que normalmente se manifesta em planta adulta
e
considerando o quadro anterior, ao observar-se a alta incidncia
da sorose, pode-se avaliar o perigo para citricultores que investem
vultosas quantias nos seus pomares,
quando estes podem estar contaminados, sem, entretanto,
mostrarem ainda os sintomas.
Xiloporose: aparentemente uma doena pouco importante para a
citricultura paulista. O
vrus produz, na planta atacada, deformao no lenho. H a formao de
depresses profundas no lenho e correspondentes projees salientes
desenvolvendo-se na parte
interna da casca. H acmulo de goma nos tecidos de casca que
certamente prejudicam a circulao dos nutrientes, e a planta assim
paralisa o seu crescimento. A
laranja Baro altamente contaminada e o porta-enxerto do limoeiro
cravo sensvel. Assim deve-se evitar a enxertia da primeira no
segundo.
Exocorte:
Afeta somente o limoeiro-cravo, Poncirus trifoliata e seus
hbridos, que so
geralmente empregados como porta-enxerto. Quando variedades
contaminadas so enxertadas nesses cavalos, o vrus provoca o
aparecimento do escamamento e
erupes na casca do porta-enxerto. Esse dano causado casca
interfere no desenvolvimento normal do sistema radicular e as
plantas paralisam o
desenvolvimento. Com exceo da variedade Pra (8,4% contaminada),
as demais variedades de importncia comercial esto fortemente
contaminadas.
Os sintomas dessa virose manifestam-se quando as plantas ainda
so jovens, havendo casos raros de sintomas em mudas ainda no
viveiro.
Leprose:
causado por um vrus disseminado por um caro de colorao
alaranjada intensa a vermelho, que apresenta corpo achatado, de
tamanho reduzido, cerca de 0,3
mm, 4 pares de patas e movimentos lentos. Os sintomas podem
aparecer em ramos, folhas e frutos. Nas folhas aparecem
manchas claras com halo claro caracterstico e o centro quase
sempre necrosado. Nos
frutos verdes aparecem manchas verde-claras, rodeadas por um
anel amarelado que sobressai da cor verde da parte roxa infectada
do fruto. Com o amadurecimento deste,
tais manchas tornam-se pardas ou escurecidas, ligeiramente
deprimidas, de tamanho varivel, s vezes com pequenas rachaduras. Os
frutos, quando atacados, ficam
bastante depreciados ou mesmo inutilizados para o mercado de
frutas frescas pela sua aparncia repugnante. Nos ramos provocam
manchas que se transformam em pstulas
salientes, dando-se, finalmente, a soltura da casca. Evita-se a
disseminao da leprose controlando-se o caro da leprose, com
pulverizaes de enxofre molhvel a 0,3-0,7% ou clorobenzilato a 0,12%
ou ainda dicofol a 0,15%, alm de outros acaricidas especficos.
-
Tristeza: No foi includa no citado levantamento por ser tambm e
principalmente transmitida por um inseto, que o pulgo-preto
(Toxoptera citricidus). Assim, de se
esperar que todas as nossas plantas ctricas estejam contaminadas
por essa virose. Face ao abandono do uso do porta-enxerto de
laranja azeda, altamente sensvel
tristeza, as plantas hoje contaminadas ainda vivem
satisfatoriamente segundo os graus de intensidade do ataque.
Entretanto, no caso de ataque forte do vrus da tristeza em
plantas de laranja-pera em qualquer de seus cones e
independentemente do porta-enxerto, seus ramos geralmente mostram
sintomas de caneluras (stem pitting) associadas com a presena de
goma nos tecidos. Paralisao no crescimento e produo de frutos
pequenos e descoloridos so sintomas adicionais nas plantas
atacadas. Limoeiro galego
e pomeleiros tambm so sujeitos aos mesmos sintomas, razo da
pequena longevidade dessas espcies de plantas ctricas. No h medidas
de preveno, em
virtude da presena do inseto vetor, que transmite o vrus de
rvore a rvore, como tambm pela borbulha, na ocasio da enxertia.
Evidentemente, as doenas de vrus constituem hoje o maior flagelo da
citricultura. O nico meio de control-las a preveno. Assim, somente
deve-se
adquirir mudas ctricas dos viveiristas que tenham seu viveiros
legalmente registrados no Instituto Biolgico e apresentem o
Certificado de Sanidade de Estabelecimento Agrcola.
DOENAS BACTERIANAS DOS CITROS
CANCRO CTRICO
A literatura registra cinco formas diferentes de cancro ctrico
(Stall & Civerolo, 1991). As principais diferenas entre essas
formas da doena so a gama de
hospedeiros, a severidade e a sintomatologia. A forma Asitica,
tambm conhecida como cancro ou cancrose A, a mais amplamente
disseminada e a mais severa das
doenas. O cancro ctrico, causado por Xanthomonas axonopodis pv.
Citri (Hasse, 1915)
Vauterin et al. 1995, originrio da sia e a primeira descrio da
doena foi feita em 1912, quando de sua introduo na Flrida, Estados
Unidos, por meio de mudas de
citros originrias do Japo (Agrios, 1997). A doena encontrada em
pelo menos 30 pases, sendo endmica em todos aqueles produtores da
sia e em vrios outros da
Amrica do Sul, como Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai
(Feichtenberger et al., 1997 e Amorim & Bergamin Filho,
1999).
No Brasil, a primeira observao de ocorrncia do cancro ctrico
deu-se em 1957,
por A. A. Bitancourt, no municpio de Presidente Prudente (SP),
segundo Rossetti et al. (1982). Disseminou-se para outras regies
paulistas e outros estados, como Mato
Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Paran, Santa Catarina
e Rio Grande do Sul (Feichtenberger, et al., 1997 e Cosave,
2000)
O cancro ctrico tem causado graves prejuzos citricultura
brasileira um dos fatores responsveis pela recente queda na safra
de laranja, cuja produo vinha numa
curva ascendente at atingir o pico de 428 milhes de caixas, na
safra 1997/1998. No perodo 1998/1999, caiu para 330 milhes de
caixas. O processamento na industria
caiu de 318 milhes de caixas para 279 milhes, o que significa
cerca de 500 mil toneladas de suco a menos. O reflexo imediato a
queda na movimentao do porto de
Santos, menos divisas para o pas e perda de espao no mercado
internacional, entre outros fatores (Fundecitrus, 2001).
O cancro ctrico causa leses locais em folhas, frutos e ramos, as
quais so levemente salientes, corticosas, da cor de palha ou
pardacentas. Nas folhas, as leses
so salientes e correspondentes nas duas faces, circundadas por
um halo amarelo que
desaparece, quando as leses ficam mais velhas. Nos frutos, elas
podem atingir de 2 a 10mm. Os frutos atacados geralmente caem antes
de atingir a maturao final. Nos
frutos verdes, observa-se o anel claro que rodeia as leses, o
qual desaparece com o seu amadurecimento. As leses podem-se juntar
tomando grandes reas e provocar o
rompimento da casca, o que torna os frutos imprestveis para o
comrcio. Nos ramos, as leses podem-se unir formando crostas, que
provocam a morte deles quando
atingem grandes reas. Ataques severos da doena podem provocar
desfolha com conseqente depauperamento de plantas, e queda
prematura de frutos. Alguns
-
sintomas causados por outros patgenos podem ser confundidos com
os sintomas do
cancro ctrico, sendo importante uma diferenciao segura desses
sintomas. A disseminao a curtas distancias se d, principalmente,
por chuvas e ventos,
mas o principal agente disseminador o prprio homem, por meio do
transito indiscriminado de pessoas pelos pomares, materiais de
colheita e de veculos. A longas
distancias, a disseminao ocorre por meio de material de propagao
doente.
CLOROSE VARIEGADA OU AMARELINHA
Tem sido constatada em pomares do Norte do Estado de So Paulo
desde 1987
(Rossetti et al., 1990). Caracteriza-se pela presena de manchas
clorticas nas folhas, que evoluem para
uma clorose variegada. Inicialmente, os sintomas manifestam-se
em um ramo da planta, mas posteriormente toda a planta afetada. As
plantas produzem frutos
pequenos e endurecidos, e tornam-se praticamente improdutivas.
So afetadas plantas de laranja doce das cultivares Natal, Pra,
Hamlin, Seleta e
Valncia enxertadas sobre limo Cravo, tangerina Clepatra e limo
Volkameriano. Aparentemente, plantas de lima cida Tahiti e
tangerinas no apresentam sintomas
(Rossetti et al., 1990). No pomar, a doena ocorre inicialmente
em plantas ao acaso, porm passa a
ocorrer em reboleiras. As plantas mostram os primeiros sintomas
dos trs aos cinco anos de idade. A doena progride rapidamente e, em
dois a trs anos aps a primeira
constatao do problema, o pomar torna-se praticamente
improdutivo. Sintomas de
clorose variegada tm sido observados tambm em plantas de
viveiros. A causa da doena ainda no foi determinada. Entretanto, a
bactria Xylella
fastidiosa Wells et al tem sido consistentemente encontrada em
tecidos vasculares de folhas e ramos de plantas ctricas com clorose
variegada (Leite & Leite, 1991).
Algumas medidas devem ser adotadas para prevenir a introduo da
doena no pomar. A recomendao bsica a utilizao de material
propagativo sadio,
proveniente de plantas matrizes registradas ou de plantas
selecionadas de pomares sem histrico da doena.
PRINCIPAIS PRAGAS E SEU CONTROLE
As pragas dos citros so fatores limitantes produo. Ocorrem desde
a
formao das mudas at a implantao e conduo do pomar e podem
comprometer o desenvolvimento e a produtividade das plantas ou
mesmo inviabilizar economicamente
a cultura.
CAROS ASSOCIADOS CULTURA
CARO DA FALSA FERRUGEM
Descrio Este caro tem aspecto vermiforme, assemelha-se a uma
pequena vrgula, mede
cerca de 0,15mm de comprimento e tem colorao amarelo-clara.
Sintomas
Em funo do ataque, as cascas dos frutos das laranjas doces
tornam-se escurecidas, enquanto que as cascas dos limes, limas etc,
tomam a colorao
prateada. Nas folhas aparecem manchas escuras denominadas
manchas de graxa. O ataque deste caro pode provocar o desfolhamento
antecipado das plantas.
Prejuzos Os frutos escurecidos pelo ataque de P. oleivora ficam
depreciados para o
consumo in natura. Podem tambm ficar menores e murchos,
caractersticas que afetam o processo de comercializao. Altas
infestaes determinam o definhamento
progressivo da planta, comprometendo a vida til do pomar. Em
viveiros provocam o surgimento de manchas de graxas nas folhas. A
freqncia de amostragem deve ser semanal e pode ser quinzenal
durante o
perodo do ano em que as condies de temperatura e umidade so
menos favorveis. O controle deve ser efetuado quando 10% dos frutos
amostrados no talho
apresentarem 30 ou mais caros. As recomendaes da CATI (1991)
para a determinao do ndice de infestao e
nvel de controle do caro da falsa ferrugem para a cultura
paulista so baseadas no
-
perfil do agricultor e tipo de mercado. Para a determinao do
nvel de infestao,
quando apenas se considera a presena ou ausncia do caro, deve-se
examinar ao acaso trs frutos ou seis folhas, localizadas na
periferia da copa, fazendo duas leituras
com lupa em cada estrutura amostrada. O ndice de infestao
determinado anotando-se o nmero de frutos ou folha em que foi
constatada a presena do caro.
O controle recomendado quando: a) em 20% dos frutos ou folhas
vistoriados for observada a presena do caro, se
a produo for comercializada in natura;
b) em 30% dos frutos ou folhas inspecionados for observada a
presena do caro, se a produo for destinada a indstria.
CARO DA LEPROSE
Descrio
So caros achatados de colorao avermelhada. As fmeas apresentam
manchas escuras, medem cerca de 0,3mm de comprimento; os machos so
menores e
no apresentam manchas.
Sintomas
Ao contrrio de P. oleivora este caro distribui-se principalmente
na parte interna da copa. Provoca o aparecimento de manchas marrons
nas folhas, circundadas por um
anel claro e, nos frutos ainda verdes, manchas pardacentas
circundadas por halo amarelado. Nos ramos surgem leses amareladas
que vo se tornando salientes e
corticosas.
CAROS DE IMPORTNCIA SECUNDRIA
No Brasil ocorrem outras espcies de caros em plantas ctricas.
Flechtmann
(1983) cita como pragas secundrias as seguintes:
- caro purpreo Panonychus citri (McGregor, 1916)
(Acarina-Tetranychidae) - caro branco Polyphagotarsonemus latus
(Banks, 1904) (Acarina Tarsonemidae) - caro das gemas Eriophyes
sheldoni (Ewing, 1937) (Acarina Eriophydae) - caro mexicano
Tetranychus mexicanus (McGregos, 1950) (Acarina Teranychidae) -
caro texano Eutetranychus banksi (McGregor, 1944) (Acarina
Tetranychidae) - caro amarelo Lorryia formosa (Cooreman, 1958)
(Acarina Tydeidae) Dentre estas espcies o caro purpreo, o caro
branco o caro-das-gemas so
os mais freqentes nos pomares e nos viveiros de citros.
Alguns produtos indicados para controle de caros em citros.
Nome tcnico
Dose
(g i.a./100 I de gua)
Formulao e
concentrao (g i.a./kg ou
I)
Perodo de
carncia (dias)
Classe
txico- lgica
caro da falsa ferrugem
Abameclim Bromopropilato
Enxofre Oxido de lenbulatina
Quinometionato Cihexatim4
Carbossulfam Etiom
caro da leprose
0,36
20,0 320,0
30,0 25,0
25,0 10,0
75,0
1,5
CE 18
CE 500 PM 800
SC 500 PM 250
PM 500 CE 250
CE 500
PM 500
7
21 Livre
14 14
30 7
15
30
I
III IV
III III
III I
I
III
-
Hexitiazox5
Oxido de fembulatina Cihexatim4
Fenpropatrim5
Bromopropilato Quinometionato
Acaro purpreo
Cihexatim4
Etlhion
caro branco
Enxofre
40,0
25,0 15,0
37,5
30,0
25,0
100,0
400,0
SC 500
PM 500 CE 300
CE 500
PM 250
PM 500 CE 500
PM 800
14
30 28
21
14
30 15
Livre
III
III III
III
II
III I
IV
I: altamente txico; II: medianamente txico; III: pouco txico;
IV: praticamente
atxico. Usar sempre associado a leo mineral (dose:250ml/100l
gua). Primeiro misturar o
produto e o leo, a seguir colocar a mistura no tanque de
pulverizao. Aps sua diluio, o produto deve ser aplicado no mesmo
dia.
No aplicar em condies de temperatura superiores a 30C. Observar
intervalo mnimo de 20 dias para pulverizao com leo mineral. 4No
aplicar em mistura com leo emulsionvel. No pulverizar na presena de
brotao nova sob condies de alta temperatura e seca prolongada. 5No
dever ser reaplicado num perodo de 12 meses.
COCHONILHAS
So insetos pequenos que formam colnias e permanecem a maior
parte do tempo fixados superfcie do caule, ramos, folhas, frutos e
at razes das plantas
ctricas. As cochonilhas recobertas por escamas ou carapaas,
devido ao aspecto distinto que cada espcie apresenta, so conhecidas
por: cabea-de-prego, escama-
vrgula, escama-farinha, pardinha e picuinha.
COCHONILHAS DE CARAPAA
CABEA-DE-PREGO
Descrio As fmeas apresentam carapaa de forma circular, convexa e
de cor violcea
escura, medindo cerca de 2mm de dimetro. As colnias so formadas
geralmente na pgina inferior das folhas.
Sintomas Esta cochonilha deprecia os frutos para comrcio in
natura devido dificuldade
de remoo das escamas aderidas casca. acentuada a ocorrncia em
plantas em viveiros, pomares em formao e pomares domsticos.
Controle Deve ser feito com pulverizaes de leo mineral mais
inseticidas nas reboleiras
de ataque.
Alguns produtos indicados para controle de cochonilhas.
Nome
Tcnico
Dose
(g i.a./100 I
de gua)
Formulao e
concentrao (g i.a./kg ou
I)
Perodo de
carncia (dias)
Classe
txico- lgica
leo mineral emulsionvel
Dimetoato Diazinon
Metidation
760 1600
60 60
40
CE 756 CE 400
CE 600 CE 400
CE 300
Livre 3
14 28
30
IV I
II I
II
-
Vamidotion 24
ESCAMA-VRGULA
Descrio Este coccdeo possui escama semelhante a virgula ou
marisco. A escama da
fmea curva e mede cerca de 3mm de comprimento, enquanto que a do
macho reta e menor. A colorao varia de marrom clara a marrom
violcea.
Sintomas
Os frutos infestados so depreciados para o mercado interno e
imprestveis para exportao, pois apresentam manchas verdes nas reas
onde as cochonilhas se fixam.
As folhas ficam manchadas de amarelo e encarquilhadas. Quando o
ataque
severo pode ocorrer a queda de frutos e folhas, bem como a morte
de ramos mais novos.
Controle
Inseticidas indicados para controle desta praga encontram-se na
acima. ESCAMA-FARINHA
As fmeas apresentam a forma de concha alongada de colorao
marrom. A escama do macho como um pequeno casulo branco notando-se
no dorso trs carenas
longitudinais. Os machos formam aglomeraes, dando as plantas o
aspecto de terem as partes atacadas pulverizadas de branco.
Sintomas
So ectoparasitas, infestando folhas, frutos, ramos e tronco.
Sugam a seiva debilitando a planta e inoculando toxinas, e
prejudicam a qualidade dos frutos. Devido
Pa secreo de uma substancia aucarada, propiciam o
desenvolvimento de fungos
(Capnodium sp.) causadores da fumagina, alm de atrair formigas
que contribuem para a sua multiplicao. Altas infestaes no tronco
ocasionam o fendilhamento longitudinal
da casca podendo levar morte quando o ataque for em plantas
Controle Nas folhas e frutos pode ser feita pulverizao com leo
emulsionvel. No tronco
e nos ramos recomenda-se o pincelamento com a seguinte formula:
1,0 kg de enxofre molhvel
3,0 kg de cal hidratada 0,5 kg de sal de cozinha
10,0 litros de gua
PARDINHA
O macho adulto alado e a fmea revestida por uma carapaa quase
circular,
achatada e de colorao pardo-amarelada clara, levemente
avermelhada na parte central, com 2 a 3mm de dimetro.
PICUINHA
Atualmente considerada uma das principais pragas da citricultura
paulista, em
funo dos danos que provoca e pelas dificuldades de controle.
COCHONILHAS DESPROVIDAS DE CARAPAAS
Ocorre tambm, outro grupo de cochonilhas, denominado sem
carapaa, no qual destacam-se pela importncia as seguintes:
cochonilha branca, cochonilha verde e
cochonilha-de-placas.
COCHONILHA BRANCA
Descrio
-
A fmea adulta recoberta por uma secreo branca, pulverulenta,
formando 17
apndices de cada lado, dos quais os dois ltimos so maiores. Tem
corpo oval, de colorao pardo-avermelhada e mede de 3 a 5mm de
comprimento.
COCHONILHA VERDE
Descrio
So coccdeos de forma oval, achatados e de consistncia mole.
Medem cerca de
5mm de comprimento e tem colorao verde-clara. As espcies
diferenciam-se pela presena de pontuaes escuras no dorso de C.
hesperidium.
PULGO
Descrio
So insetos sugadores, pequenos, medindo 1,5 a 2mm de
comprimento, com formato periforme, de colorao marrom na forma
jovem e preta nos adultos. Vivem
em colnias compostas por fmeas pteras. Quando as colnias
tornam-se muito populosas, surgem formas aladas que iro colonizar
outros rgos ou plantas.
Prejuzos
Sugam a seiva continuamente, causando o encarquilhamento das
folhas e brotos novos, podendo ocasionar reduo no desenvolvimento
da planta. So vetores do vrus
que ocasiona a doena denominada tristeza dos citros e, ainda,
pelo excesso de lquido aucarado que excretam, ocasionam o
desenvolvimento de fungos causadores de fumagina, que escurece as
folhas e reduz a capacidade fotossinttica das plantas.
BICHO-FURO
BICHO-FURO
Descrio
O inseto adulto um microlepidoptero acinzentado, com 17mm de
envergadura. A postura efetuada na superfcie dos frutos. As larvas,
inicialmente marrom-claras,
penetram em frutos verdes e maduros, construindo galerias
internas e alimentando-se da polpa. Quando completamente
desenvolvidas medem cerca de 18mm de
comprimento, so branco-acinzentadas, com oito estrias
longitudinais de pontuaes negras dispostas simetricamente sob o
corpo. O ciclo de vida completa-se entre 12 e
20 dias.
Prejuzos Segundo Pinto (1986), muitos frutos caem das plantas
contendo a lagarta no seu
interior. Essa queda deve-se especialmente a infeces secundrias,
originadas por fungos e bactrias que penetram atravs da perfurao
efetuada pela lagarta. Esses
microrganismos promovem a decomposio da regio do fruto prxima ao
orifcio de penetrao da larva.
Os nematides do gnero Meloidogyne geralmente no completam o
ciclo de vida em citros, o que atribudo impossibilidade de
estabelecerem stios de alimentao
(Orion & Cohn, 1975). M. javanica tem sido a espcie mais
freqentemente encontrada associada a citros (Inserra et al., 1978),
sendo que sua reproduo na cultura foi
observada apenas na Califrnia. No Brasil, as espcies de
Meloidogyne no tm causado danos s plantas ctricas.
Porm, M. javanica foi observada em diferentes porta-enxertos
ctricos que tm como
copa a laranjeira Hamlin (Citrus sinensis Osbeck) e a laranjeira
Pera(C. sinensis)( Sharma & Genu, 1982a; 1982b). Em outros
pases produtores, as infeces tambm
so raras e de limitada importncia econmica (Inserra et al.,
1978). A espcie Pratylenchus coffeae, constatada no estado de So
Paulo, de
ocorrncia bastante restrita. Neste captulo ser dada nfase espcie
T. Semipenetrans, por ser considerada
a mais disseminada e importante para a citricultura
nacional.
COLHEITA
-
A operao de colheita deve ser realizada com o uso de
equipamentos
apropriados e sob condies climticas adequadas. O ponto ideal do
fruto para o incio da colheita depende do destino deste, que pode
ser para o consumo in natura ou para
a indstria de suco. Em ambas as situaes so necessrios cuidados
para se obter produtos de boa qualidade.
PONTO DE COLHEITA
Ao contrrio dos frutos climatricos, como a banana, a ma e o
abacate, os quais podem completar a maturao durante o armazenamento
ou transporte, os frutos
ctricos devem ser colhidos quando estiverem fisiologicamente
desenvolvidos e maduros. A maturao caracteriza-se pelo aumento
gradual de suco, decrscimo de
teor de acidez, aumento dos slidos solveis e desenvolvimento da
cor, aroma e sabor. Existem alguns mtodos que indicam o estado de
maturao dos frutos, a saber:
Colorao da casca. Normalmente as plantas sob clima mais ameno
apresentam frutas com colorao da casca mais intensa do que aqueles
conduzidas sob
clima quente. Na colheita, e aconselhvel que as laranjas
apresentem pelo menos 50% da superfcie da casca corada: os limes e
limas cidas devem apresentar cascas lisas e
brilhantes e as tangerinas no mnimo 5% da superfcie corada, com
exceo da tangerina Murcote e Dancy que exigem maior percentagem de
colorao. Nmero de dias desde plena florao at a maturao. Varivel em
funo dos fatores climticos, do manejo e das cultivares; para as
laranjas varia de sete a oito
meses nas cultivares precoces e de 11 a 12 meses nas
tardias.
Quantidade de suco. Determinada a partir de amostras
representativas coletadas no pomar (12 a 15 frutos); a extrao do
suco feita utilizando-se
espremedor manual ou centrfuga eltrica. O percentual de suco
calculado em relao ao peso total das frutas amostradas. desejvel
teor de suco superior a 40% para as
laranjas, 30% para os limes e limas cidas e 35% para as
tangerinas. Relao acidez/slidos solveis. o melhor mtodo de medir o
estado de
maturao dos frutos; com o amadurecimento, a um decrscimo
gradativo de cidos e um acrscimo de acares. Os acares, ou slidos
solveis, so determinados em
refratmetros, e os resultados expressos em graus brix; a acidez
obtida pela titulao da amostra de suco com hidrxido de sdio 0,1
N.
A relao acidez/slidos solveis (ratio) obtida dividindo-se a
percentagem de slidos solveis pela percentagem de acidez total.
Essa relao pode variar de 6 a 20,
sendo ideal a faixa compreendida entre 11 e 14.
CUIDADOS NA COLHEITA E NO TRANSPORTE
Tanto os frutos para consumo in natura quanto aqueles destinados
indstria de
suco, devem ser colhidos com o mximo cuidado. Injrias na casca,
favorecem o desenvolvimento de fungos, reduzem o perodo de
armazenamento, e causam perda do
leo contido nela. Frutos batidos podem sofrer transformaes
fsico-qumicas, que acarretam reduo no perodo de armazenamento e na
qualidade do suco.
Para que a operao de colheita se faa com menores danos aos
frutos, recomendam-se as seguintes precaues:
- - colher os frutos em sacolas de lona com fundo aberto, preso
por ganchos;
- - manter os colhedores com as unhas aparadas para evitar
injrias aos frutos;
- - manter as caixas de colheita limpas, sem a presena de
materiais estranhos como areia ou pedregulhos;
- - evitar a coleta de frutos molhados ou orvalhados;
- - evitar a coleta de frutos, utilizando-se varas ou ganchos; -
- manter os frutos colhidos em local ventilado e sombreado.
MATERIAIS NECESSRIOS PARA A COLHEITA:
Na operao da colheita, dependendo da cultivar e da idade das
plantas, so
necessrios os seguintes equipamentos: - - Sacolas de lona, com
fundo falso;
- - Caixas de madeira ou plstico, com capacidade para 25 a
40,8kg;
-
- - Tesouras com lminas curtas, pontas arredondadas, e molas
que as conservem aberta, especialmente para a colheita de
tangerinas; - - Caixes (bins) com capacidade para 400kg, quando as
frutas
so destinadas indstria; - - Escadas leves e resistentes.
MANEJO PS-COLHEITA
O transporte dos frutos pode ser feita em caixa, granel em
vages, caminhes ou navios. Na colheita, geralmente so usados sacos
de colheita apropriados, dos quais os frutos passam para as caixas
que sero transportadas para o armazm de acondicionamento ou
descarregados a granel. Os frutos destinados indstria,
normalmente sofrem apenas uma lavagem, cuja finalidade livr-los
de impurezas prejudiciais indstria (pedras, galhos, areia, folhas,
etc.). Os frutos para consumo in
natura sofrem, tambm, a lavagem, para limp-los de resduos
aderidos casca, cochonilhas e fumagina, com gua aquecida (45C) e
agitao constante promovida por
palhetas na presena de detergentes especiais. Aps a lavagem os
frutos recebem o polimento, posteriormente so calibrados,
classificados e embalados de acordo com seu
destino (mercado interno ou externo), seguindo normas e padres
do Ministrio da Agricultura, os frutos devem ser classificados em
grupos, classes e tipos.
MERCADO & PERSPECTIVAS
O Brasil, maior exportador mundial de suco de laranja, tem nas
cotaes da Bolsa
de Nova York o principal balizador dos preos domsticos. O
consumo interno da fruta no desprezvel, pelo contrrio. Mas para
cada laranja produzida para consumo in
natura, produzem-se trs para a indstria. Enquanto no se
equilibrar essa proporo, a Bolsa de Nova York continuar apontando
se o produtor colher com lucro ou
prejuzo. Desde o final de 1996, o mercado esteve frouxo. As
cotaes do suco no
alcanavam a mdia histrica. Os citricultores brasileiros
amargavam prejuzos ou mal obtinham o suficiente para cobrir os
custos de produo. Em fevereiro de 1998, iniciou-
se uma virada nas cotaes. A safra seria reduzida, anunciava-se,
em aproximadamente 20%. Mais tarde, a estimativa foi revista e
amais recente avaliao
d conta de uma colheita mais de 30% inferior de 1997. As razes
da reduo so vrias. Fala-se em uma tendncia natural a uma
variao da produtividade, com uma safra boa alternando-se com
outra ruim. Tambm
se apontam condies climticas desfavorveis temperaturas muito
elevadas e dficit hdrico na poca da florada. Tratos culturais pouco
rigorosos, sobretudo adubaes insuficientes, so arrolados,
justificados pelo desnimo dos produtores com os preos baixos.
Finalmente atribui-se a quebra a doenas, como a CVC (amarelinho) e
o cancro
ctrico, e ao ataque de pragas. O mercado foi mais agitado em
agosto de 1998, com a divulgao das primeiras
estimativas da safra norte-americana. As avaliaes indicavam
tambm uma reduo da ordem de 10%, causada por condies climticas
desfavorveis na florada. Em
conseqncia disso, houve nova rodada de alta no mercado
internacional. As projees do conta de um mercado em alta pelo menos
at meados de 1999, em funo da
reduo dos estoques internacionais. A quebra da produo brasileira
no afetou o mercado internacional de fruta in
natura, porquanto nosso pas no tem participao significativa
nele. Ainda assim, as exportaes espanholas aumentaram. Normalmente
a Espanha supre 40% do mercado
mundial de laranjas frescas.
Talvez os bons preos da laranja se mantenham por algum tempo,
mas o produtor deve manter-se alerta. A valorizao do produto a
passageira e a atividade
continua requerendo cada vez mais profissionalismo. O enfoque
constante na reduo de custos e no aumento da produtividade exigncia
bsica para permanecer nesse
mercado a longo prazo.
COMERCIALIZAO:
Pode se dar das seguintes maneiras: Produo prpria da
indstria;
Fruta para indstria;
-
Venda da fruta na planta ou no p; Fruta para galpo de embalagens
e varejistas; Por consignao;
Consrcio ou pool; Pelo produtor diretamente nos Ceasas;
Feiras livres, supermercados, sacoles e ambulantes, etc.
MAIORES PASES PRODUTORES
Suco Concentrado de Laranja Balano Mundial Toneladas Mtricas 65
Brix Pases 1991/92 1992/93 1993/94 1994/95 1995/96 1996/97
1997/98*
*
PRODUO
2.015.178
2.162.447
2.128.370
2.204.937
2.298.272
2.583.998
n.d.
Brasil 1.145.000
1.118.000
1.126.000
1.085.000
1.152.000
1.360.000
n.d.
Estados Unidos
661.495 858.678 801.891 894.239 913.070 1.029.000
1.130.000
Mxico 14.000 25.000 36.000 65.000 45.000 40.000 41.000
Espanha
33.000 24.000 25.000 48.000 59.000 39.000 43.000
Itlia 49.248 38.475 34.628 30.780 36.936 33.858 32.319
Fonte: USDA Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
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