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NUTRIÇÃO EM PAUTAMAIO 2019 1
CLÍNICAOTIMIZAÇÃO NUTRICIONAL NO PLASMA ENDOSCÓPICO DE ARGÔNIO
PARA O TRATAMENTO DA RECIDIVA DE PESO APÓS BYPASS GÁSTRICO: UM
ESTUDO COM 176 PACIENTES
FUNCIONAISAVALIAÇÃO DO PROTOCOLO DE SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA D
DA CLÍNICA DE NUTRIÇÃO DE UMA UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DE SANTA
CATARINA
CUIDADOS PALIATIVOS DE IDOSOS: UMA REFLEXÃO ÉTICA E
NUTRICIONAL
R$30,00 - maio 2019 Ano 9
Número 50Edição Digital
São Paulo
ESPORTE | GASTRONOMIA | SAÚDE PÚBLICA | FOOD | PEDIATRIA
ISSN 2236-1022 A REVISTA DOS MELHORES PROFISSIONAIS DE
NUTRIÇÃO
www.nutricaoempauta.com.br
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NUTRIÇÃO EM PAUTAMAIO 20192
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NUTRIÇÃO EM PAUTAMAIO 2019 3
editorial por Sibele B. Agostini
Cuidados Paliativos de Idosos: Uma Reflexão Ética e
Nutricional
No século XX os avanços da medicina, aumen-taram a prolongação
da vida e a prevalência das doenças crônicas e progressivas e
contribuíram para um aumento significativo de doentes fora das
possibilidades terapêuti-cas de cura, o que originou a necessidade
da existência de Cuidados Paliativos. O cuidar é baseado nos
princípios éticos da ve-racidade (visando proporcionar a
autonomia), da pro-porcionalidade terapêutica, da prevenção dos
problemas pessoais e do não abandono. Está orientado para o alívio
do sofrimento, focando a pessoa doente e não a doença da pessoa. A
nutrição nestes pacientes possui diferentes sig-nificados, pois
depende do indivíduo, dos hábitos alimen-tares, da procedência e da
religião. Dentre outros fatores, a alimentação pode envolver afeto,
carinho e vida, acima do atendimento das necessidades energéticas
diárias. Prepare-se para o Mega Evento Nutrição 2019, englobando o
20o Congresso Internacional de Nutrição, Longevidade e Qualidade de
Vida, 20o Congresso Inter-nacional de Gastronomia e Nutrição, 7o
Congresso Mul-tidisciplinar de Nutrição Esportiva, 15o Fórum
Nacional de Nutrição, 14o Simpósio Internacional da American
Academy of Nutrition and Dietetics (USA), 12o Simpósio
Internacional da Nutrition Society (United Kingdom), 12o Simpósio
Internacional do Le Cordon Bleu (Fran-ça), 20a Exposição de
Produtos e Serviços em Nutrição e Alimentação, dentre outros, que
será realizado em São Paulo em agosto de 2019 e já conta com
parcerias com as principais entidades internacionais e nacionais do
setor.
E também o 15o Fórum Nacional de Nutrição 2019, que está sendo
realizado nas principais capitais do Brasil.
Dra. Sibele B. AgostiniCRN 1066 – 3a Região
Aproveite as informações científicasatualizadas desta edição da
revistaNutrição em Pauta.
Boa leitura!
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Assine: (11) [email protected]
CONOSCO: (11) 5041.9321
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A REVISTA DOS MELHORES PROFISSIONAIS DE NUTRIÇÃO
ISSN 2236-1022Ano 9 - número 50 - maio 2019 - edição digital
Publicação Bimestral da Nutrição em Pauta Ltda ME - Atualização
Científca em Nutrição - R. Republica doIraque, 1329 cj 11 - Campo
Belo - São Paulo - SP - Brasil - Tel 55 11
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Editora CientíficaDiretor
Dra. Sibele B. Agostini | [email protected]áudio
G. Agostini Jr. | [email protected]
Conselho Científico Prof. Dra. Andréa Ramalho (UFRJ/RJ),Prof.
Dra. Avany Fernandes Pereira (UFRJ/RJ), Prof. Dra. Claudia Cople
(UERJ/RJ), Prof. Dr. Dan Waitzberg (FMUSP/SP), Prof. Dra. Eliane de
Abreu – (UFRJ/RJ), Prof. Dra. Fernanda Lorenzi Lazarim
(UNICAMP/SP), Prof. Dra. Flávia Meyer (UFRGS/RS), Prof. Dra.
Josefna Bres-san (UFV/MG), Prof. Dra. Joy Dauncey (Cambridge/UK),
Prof. Dra. Lilian Cuppari (UNIFESP/SP), Prof. Dra. Marcia Regina
Vitolo (UNISINOS/RS), Prof. Dra. Maria Margareth Veloso Naves
(UFG/GO), Prof. Dr. Mauro Fisberg (UNIFESP/SP), Prof. Dr. Melvin
Williams (Maryland/USA) , Prof. Dra. Mirtes Stancanelli (UNICAMP/
SP), Prof. Dra. Nailza Maestá (UNESP/SP), Prof. Dra. Nelzir
Trindade Reis (UVA/RJ), Prof. Dr. Ricardo Coelho (UNIUBE/MG), Prof.
Dr. Roberto Carlos Burini (FMUNESP/SP), Prof. Dra. Rossana Pacheco
da Costa Proença (UFSC/SC), Prof. Dra. Sonia Tucunduva Phillipi
(USP/SP), Prof. Tereza HelenaMacedo da Costa (UnB/DF), Prof. Dra.
Tais Borges Cesar (FCF-UNESP/SP).
Consultor de GastronomiaColaboradores
Chef Patrick Martin - Le Cordon Bleu BrasilChef Fabiana B.
Agostini
FotógrafoAssinaturas
IndexaçãoEditoração Eletrônica
Alexandre [email protected] revista
Nutrição em Pauta está indexada na Base de Dados PERI da
ESALQ/USPYdea SolutionsProduzida em maio de 2019
nesta ediçãoMaio 2019
5. Cuidados Paliativos de Idosos: Uma Reflexão Ética e
Nutricional
10. Otimização Nutricional no Plasma Endoscópico de Argônio para
o Tratamento da Recidiva de Peso após Bypass Gástrico: Um Estudo
com 176 Pacientes
17. Estado Antropométrico Nutricional, Prevalência de So-brepeso
e Obesidade em Indivíduos de 0 A 12 Anos – Uma Revisão
23. Repercussões Clínicas do Uso de Produtos Alimentares
Contendo Corantes Artificiais pelo Público Infantil: Uma Revisão da
Literatura
30. Ingestão Per Capita de Sódio e Gordura de uma Unidade de
Alimentação e Nutrição em Fortaleza-CE
37. Mensuração do Tempo Destinado à Higienização do Ambiente de
uma Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) De Um Restaurante
Universitário (RU)
42. Avaliação do Protocolo de Suplementação de Vitamina D da
Clínica de Nutrição de Uma Universidade Comunitá-ria de Santa
Catarina
48. Determinação e Avaliação do Fator de Correção de Hortaliças
em uma Unidade de Alimentação e Nutrição de Itapetinga
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NUTRIÇÃO EM PAUTAMAIO 2019 5
matéria de capa Palliative Cares of Elderly: An Ethical and
Nutritional Reflection
Cuidados Paliativos de Idosos: Uma Reflexão Ética e
Nutricional
RESUMO: Cuidados Paliativos são medidas para me-lhoria da
qualidade de vida de pacientes e familiares que enfrentam uma
doença ameaçadora da vida, é o cuidar global do paciente, quando
este não apresenta mais res-posta aos tratamentos considerados
curativos. O objetivo do estudo foi analisar artigos científicos
produzidos nos últimos nove anos sobre a ética na nutrição e
cuidados paliativos com idosos.Trata-se de um estudo bibliográfico
realizado, a partir de leituras exploratórias e sistemáticas do
material de pesquisa, realizado em periódicos nos ban-cos de dados:
SciELO e Google acadêmico, relacionados com idosos em estado
terminal, cuidados paliativos, nu-trição e ética.Foram considerados
artigos publicados de 2009 a 2018, no idioma português, sendo
excluídos arti-gos publicados nos demais idiomas. Conclui-se que o
nu-tricionista em cuidados paliativos é de suma importância,
considerando recursos terapêuticos para controle de sin-tomas,
valorizando os alimentos preferenciais, adequação da dieta e o
desejo do paciente por alimentos.
ABSTRACT: Palliative care is a measure to improve the quality of
life of patients and their families facing a life-threatening
illness. It is the overall care of the patient, when the patient no
longer responds to the treatments considered curative. The
objective of the study was to analyze scientific articles produced
in the last nine years on ethics in nutrition and palliative care
with the elderly. This is a bibliographical study, based on
exploratory and systematic readings of research material, carried
out in journals in the databases: SciELO and Google academic,
related to the elderly in the terminal state, palliative care,
nutrition and ethics. Articles published from 2009 to 2018 in the
Portuguese language were considered and articles published in
other languages were excluded. It is concluded that the
nutritionist in palliative care is of paramount importance,
considering therapeutic resources for symptom control, valuing
preferred foods, diet adequacy and the patient’s desire for
food.
. . . . . . . . . . . . . . . . . Introdução . . . . . . . . . .
. . . . . . . .
O envelhecimento por definição é um proces-so que ocorre depois
de atingida a idade adulta, possui característica progressiva,
universal, irreversível, onde encontramos modificações
morfológicas, bioquímicas e psicológicas em consequência da ação do
tempo. Em decorrência há uma perda progressiva da capacidade de
adaptação do indivíduo ao meio ambiente levando o orga-nismo a uma
maior vulnerabilidade e maior incidência de processos que terminam
por conduzi-lo à morte (TERRA, 2013). No século XX os avanços da
medicina, aumen-taram a prolongação da vida e a prevalência das
doenças crônicas e progressivas e contribuíram para um aumento
significativo de doentes fora das possibilidades terapêuti-cas de
cura, o que originou a necessidade da existência de Cuidados
Paliativos (PINHO-REI, 2012). Cuidados Paliativos são medidas para
melhoria da qualidade de vida de pacientes e familiares que en-
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NUTRIÇÃO EM PAUTAMAIO 20196
Cuidados Paliativos de Idosos: Uma Reflexão Ética e
Nutricional
frentam uma doença ameaçadora da vida, é um ramo da medicina que
enfatiza o cuidar global do paciente, quan-do este não apresenta
mais resposta aos tratamentos con-siderados curativos, através da
prevenção e do alívio do sofrimento, através da identificação
precoce e impecável avaliação e tratamento da dor e outros
problemas, físicos, psicossociais e espirituais (BRASIL, 2016).
Através de uma série de ações e medidas realiza-das pelos
profissionais envolvidos, visam, principalmente, a fornecer melhor
qualidade de vida ao indivíduo e sua família. Uma maior perspectiva
é dada ao controle da dor, sofrimento e melhora dos sintomas, e não
em restabele-cer a saúde integralmente, o que consistiria na “cura”
da doença. As necessidades básicas de higiene e nutrição são
valorizadas e oferecidas, pois também são partes do trata-mento
(CLOS; GROSSI, 2016). O morrer, além de ser um processo biológico,
apresenta-se como uma construção social. Dessa forma, o processo do
morrer pode ser vivido de distintas maneiras, de acordo com os
significados compartilhados por esta experiência, porque esses
significados são influenciados pelo momento histórico e pelos
contextos socioculturais. Por isso, é importante conceber a morte
como um proces-so e não como um fim, pois considerando que o
paciente é um ser social e histórico, cuidá-lo em seu momento final
significa entendê-lo, ouvi-lo respeitá-lo (FRATEZI; GU-TIERREZ,
2011). O cuidar é baseado nos princípios éticos da ve-racidade
(visando proporcionar a autonomia), da pro-porcionalidade
terapêutica, da prevenção dos problemas pessoais e do não abandono.
Está orientado para o alívio do sofrimento, focando a pessoa doente
e não a doença da pessoa (MORAIS et al., 2016). Através da evolução
da doença, o indivíduo do-ente enfrenta inúmeras perdas ao nível da
alimentação. Essas perdas poderão ir desde a incapacidade de sentir
o sabor, deglutir, digerir os alimentos e absorver nutrientes de
forma adequada até à perda da capacidade do doente se alimentar
sozinho, de manejar a palatabilidade e de utili-zar a via oral.
Todas estas alterações poderão transformar as refeições num momento
desconfortável e levar o doen-te à depressão, ao isolamento social,
à perda de confiança da autoestima, à recusa alimentar e
consequentemente à perda de peso e desnutrição (PINHO-REI, 2012). A
nutrição nestes pacientes possui diferentes sig-nificados, pois
depende do indivíduo, dos hábitos alimen-tares, da procedência e da
religião. Dentre outros fatores, a alimentação pode envolver afeto,
carinho e vida, acima do atendimento das necessidades energéticas
diárias (SAN-
TOS; RIBEIRO, 2011). O objetivo do presente estudo foi analisar
artigos científicos produzidos nos últimos nove anos sobre a ética
na nutrição e cuidados paliativos com idosos.
. . . . . . . . . . . . . . . . . Metodologia . . . . . . . . .
. . . . . . . . . .
Trata-se de um estudo bibliográfico realizado, a partir de
leituras exploratórias e sistemáticas do material de pesquisa. A
pesquisa bibliográfica foi realizada em peri-ódicos indexados nos
bancos de dados: SciELO (Scientific Eletronic Library Online) e
Google acadêmico.Como cri-tério de inclusão, pesquisaram-se artigos
de 2009 a 2018, relacionados com idoso em estado terminal, cuidados
pa-liativos e ética.Os estudos foram identificados por meio de
busca eletrônica nos bancos de dados, considerando qual-quer artigo
publicado entre janeiro de 2009 e novembro de 2018, no idioma
português, sendo excluídos os artigos publicados nos demais
idiomas.Foram encontrados 17 ar-tigos, porém foram utilizados 12
que abordavam realmen-te o idoso em estado terminal sobre cuidados
paliativos, sendo excluídos os que abordavam cuidados paliativos em
pacientes terminais de modo geral, pois fugiam do tema.As palavras
chaves utilizadas foram cuidados paliativos, ética, nutrição e
idoso.
. . . . . . . . . Resultado e Discussões . . . . . . . . . .
Cuidados paliativos (CP) são medidas não cura-tivas aplicadas em
pacientes terminais cuja progressão da enfermidade provoca sinais e
sintomas debilitantes e causadores de sofrimento. O paliativismo
não visa à cura e pode ser aplicado independentemente do
prognóstico da enfermidade. A prioridade dos CP é oferecer a melhor
qualidade de vida possível aos doentes e suas famílias (FONSECA;
FONSECA 2010). Diante de exposto, no quadro 01 a seguir, são
apresentados os autores, títulos, resultados e ano de rea-lização
dos estudos que abordaram idosos em estado ter-minal, cuidados
paliativos e ética.
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NUTRIÇÃO EM PAUTAMAIO 2019 7
Quadro 01: Caracterização dos estudos sobre cuidados paliativos,
idosos em estado terminal e ética segundo os Autores, Títulos, e
Resultados (n=12). Teresina- PI, 2018.
Autor Título Resultados
SOUZA et al., 2015
Cuidados paliativos na atenção primária à saúde:-considerações
éticas
Os resultados indicam que a formação de recursos humanos com
competência técnica e que a continuidade da assistência na
transição do tratamento curativo para o paliativo são fatores
propícios à integralidade e à obtenção de respostas mais adequadas
aos desafios éticos que as equipes vivenciam.
SILVA et al.,2009
Atuação do nutricionista na melhora da qualidade de vida de
idosos com câncer em cuidados palia-tivos.
No envelhecimento há algumas peculiaridades que podem modificar
negati-vamente as necessidades nutricionais, que associados ao
câncer interferem na qualidade de vida.
CLOS; GROS-SI, 2016
Desafios para o cuidado digno em instituições de longa
permanência.
A partir da análise do conteúdo das entrevistas e das
observações, pode-se dizer que há precariedade nessas estruturas.
Também se identificou uma rela-ção entre cuidado de boa qualidade e
disponibilidade de recursos financeiros, demonstrando indicativos
para a retificação do cuidado, ou seja, o cuidado enquanto
mercadoria. Como ferramenta para superação do desafio do cuidado
digno está à bioética de proteção.
MORAIS et al., 2016.
Nutrição, qualidade de vida e cuidados paliativos: uma revisão
integrativa.
O nutricionista foi o profissional que mais orientou sobre a
terapia nutricio-nal em uso, além de fornecer esclarecimentos sobre
estratégias nutricionais para redução de desconfortos ligados à
alimentação. A terapia adequada deve respeitar as preferências
alimentares e culturais, garantindo, assim, melhor qualidade de
vida.
COELHO; YANKASKAS, 2016
Novos conceitos em cui-dados paliativos na unida-de de terapia
intensiva.
A mortalidade nas unidades de terapia intensiva permanece
elevada, e as equipes de profissionais de saúde das UTIs
constantemente enfrentam situa-ções complexas, nas quais o
tratamento e as medidas de suporte avançado de vida não atingem os
objetivos de evitar a morte, nem respeitam a vontade dos pacientes
e seus familiares.
SOARES; ALI, 2011
Cuidados Paliativos e a Saúde dos Idosos no Brasil
O que leva as famílias a recorrer à hospitalização, o que torna
os hospitais superlotados com pacientes neste estado, afetando
tanto os cuidados de emergência como o tratamento de pacientes
crônicos é a falta de infraestrutura hospitalar, bem como pela
falta de unidades do sistema de saúde capazes de oferecer cuidados
paliativos. Os questionamentos sobre os idosos que necessi-tam de
cuidados paliativos deve ser o ponto central das reflexões de um
profis-sional, capaz de levá-lo a uma nova maneira de pensar e,
consequentemente, inspirá-lo a agir de um modo novo.
PEREIRA et al., 2017.
Significados dos cuida-dos paliativos na ótica de enfermeiros e
gestores da atenção primária à saúde.
Evidenciou que enfermeiros e gestores da Atenção Primária a
saúde possuem conhecimento insuficiente sobre Cuidados Paliativos,
muitas vezes associando à terminalidade e ao câncer, esses
profissionais também não incluíram a famí-lia ao falar dos cuidados
paliativos.
SOBRAL; PEREIRA; WAKIYAMA, 2017.
O papel do nutricionista no cuidado paliativo do paciente
oncológico em fase terminal: uma revisão de literatura.
O resultado reforça sobre a gama de sintomas que interferem na
nutrição dos pacientes em cuidados paliativos, como, digeusia,
xerostomia, náuseas e vô-mitos, entre outros, e fica claro que o
nutricionista é o profissional que possui técnicas adequadas para
controlar esses sintomas, assim como para esclarecer duvidas para a
família sobre as condutas nutricionais tomadas.
Palliative Cares of Elderly: An Ethical and Nutritional
Reflection
matéria de capa
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NUTRIÇÃO EM PAUTAMAIO 20198
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . C onclusão . . . . . . .
. . . . . . . . . . . .
Em cuidados paliativos é importante ampliar a conscientização,
por parte dos profissionais de saúde, e enfatizar que a nutrição é
capaz de melhorar a qualida-de de vida. Acredita-se que os dados
encontrados nesta pesquisa podem contribuir para a valorização do
nutri-cionista como um todo dentro do processo de cuidados
paliativos do idoso. É importante o planejamento de in-tervenções
de orientação, suporte e apoio para esse pro-cesso de cuidados. Na
maioria dos estudos foi possível observar o princípio da
beneficência, onde o profissional busca aju-dar a minimizar a dor e
o sofrimento do paciente em esta-do terminal, aprimorando métodos e
cuidados paliativos. Nos artigos estudados os profissionais
buscavam melho-rar suas técnicas a fim de trazer uma melhoria nesse
mo-mento. Junto ao princípio da beneficência, estava o da não
maleficência os profissionais buscavam abster-se de fazer o mal e
ajudar com ações positivas.
Com esse resultado conclui-se que é necessário uma equipe
multiprofissional e muito bem capacitada no que tange a ética nos
cuidados paliativos, pois todos os se-res humanos têm o direito de
cuidar-se e serem valoriza-dos bem como sua família.A atuação do
nutricionista em cuidados paliativos é de suma importância, o
respeito ao paciente e a consideração aos recursos terapêuticos
para o controle de sintomas, valorizando os alimentos
preferen-ciais, a adequação da dieta e o desejo do próprio paciente
por alimentos.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Sobre os autores Jalson Pio Soares, Amanda Gomes da Silva, Ana
Karoline Ferreira dos Santos, Hielma da Silva Nascimento, Ivana de
Macêdo Vieira do Nascimento, ThayssaLauanna Vitória Santos -
Graduandos em Nutrição, Centro Univer-sitário Santo Agostinho
Profa. Dra. Adriana Barbosa Guimarães - Nutri-
Cuidados Paliativos de Idosos: Uma Reflexão Ética e
Nutricional
Autor Título Resultados
CRIPPA et al., 2016.
Aspectos bioéticos nas publicações sobre cuida-dos paliativos em
idosos: análise crítica.
Os resultados mostraram que os pacientes estavam satisfeitos com
a capa-cidade de estabelecer relações sociais, pessoais e íntimas,
mesmo estando internados e que os cuidados paliativos devem ser
oferecidos no sentido de melhorar a qualidade de vida, buscando
assim integrar o paciente ao processo de tomada de decisão.
SILVEIRA; CIAMPONE; GUTIERREZ 2014.
Percepção da equipe multiprofissional sobre cuidados
paliativos.
Com esse resultado conclui-se que todos os seres humanos têm o
direito de cuidar-se e de serem cuidados, torna-se relevante a
valorização do paciente e de sua família. Os cuidados paliativos
buscam atendê-los na sua integralidade; a atitude do profissional
supera sua habilidade técnica e o conhecimento cien-tífico,
predominando sua forma de agir como pessoa como ser
existencial.
PINTO; CAM-POS, 2016.
Os nutricionistas e os cuidados paliativos.
Este artigo descreve a importância da assistência alimentar e
nutricional nos cuidados paliativos, posicionando a ação dos
nutricionistas como um impor-tante fator para a qualidade do
serviço oferecido e o bem-estar dos pacientes e suas famílias.
BENARROZ et al., 2009.
Bioética e nutrição em cuidados paliativos onco-lógicos em
adultos.
De acordo com o artigo faz-se necessário o conhecimento dos
hábitos alimen-tares de uma população para que haja um
aconselhamento nutricional mais efetivo que possa de alguma maneira
refletir na melhora da qualidade de vida de pacientes. É importante
o respeito ao paciente e a consideração aos recur-sos terapêuticos
para o controle de sintomas, valorizando os alimentos
prefe-renciais, a adequação da dieta e o desejo do próprio paciente
por alimentos.
Fonte: Scientific Electronic Library Online(SciELO) e Google
Acadêmico.
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NUTRIÇÃO EM PAUTAMAIO 2019 9
matéria de capa Palliative Cares of Elderly: An Ethical and
Nutritional Reflection
cionista, Mestre, Docente e Orientadora, Centro Univer-sitário
Santo Agostinho Profa. Dra. Daniela Fortes Neves Ibiapina -
Nu-tricionista, Mestre em saúde da família, Especialista em
nutrição clínica e nutrição em pediatria, Docente e Coor-denadora
de estágio de nutrição no UNIFSA Profa. Dra. Liejy Agnes dos Santos
Raposo Lan-dim - Doutoranda em Alimentos e Nutrição/UFPI; Mes-tre
em Alimentos e Nutrição/UFPI, Especialista em Nu-trição Clínica nas
Doenças Crônicas não transmissíveis/ UNESC, docente do Curso de
Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário Santo Agostinho –
UNIFSA, Te-resina,PI, Brasil.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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PALAVRAS-CHAVE: Cuidados paliativos. Ética. Nutri-ção.
Idoso.KEYWORDS: Palliative Care, Ethics, Nutrition, Elderly.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
RECEBIDO: 16/11/2018 - APROVADO: 15/5/2019
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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adultos1875-1882. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n.9,
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https://www.scielosp.org/pdf/csp/2009.v25n9/1875-1882/pt. Acesso
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paliativos na aten-ção primária à saúde: considerações éticas.
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L.. CUIDADOS PALIATIVOS E EN-VELHECIMENTO HUMANO: ASPECTOS CLÍNICOS
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NUTRIÇÃO EM PAUTAMAIO 201910
RESUMO: A recidiva de peso pode ocorrer após bypass gástrico. O
plasma endoscópico de argônio (PEA) pode ser usado como tratamento.
Objetivo: propor a otimiza-ção nutricional após o PEA. Método:
estudo descritivo, retrospectivo e transversal com 176 pacientes de
uma Clínica Privada. Resultados: foram incluídas 163 mu-lheres com
idade 45±15 anos, submetidas ao PEA, peso de 101,6±29,2Kg e índice
de massa corpórea (IMC) de 40,2±10,2Kg/m2, que recuperaram peso em
4,5±2 anos após a cirurgia. O motivo da recidiva de peso foi o
aban-dono do acompanhamento para 152 (93,2%) das pacien-tes. As
deficiências nutricionais foram as anemias ferro-priva e
megaloblástica e carência de vitamina D. Houve orientação
nutricional com o Modelo de Prato Bariátri-co (MPB). Após 7 dias do
PEA a perda ponderal foi de 3±1Kg (2,76±0,26%). Conclusão: a
nutrição tem um papel fundamental no tratamento com PEA O (MPB)
pode ser
usado como método de educação nutricional após o PEA.
ABSTRACT: Weight relapse may occur after gastric bypass. Argon
endoscopic plasma (PEA) can be used as a treatment. Objective: to
propose nutritional optimization after PEA. Method: descriptive,
retrospective and transversal study with 176 patients from a
private clinic. Results: 163 women aged 45 ± 15 years, who
underwent PEA, weight of 101.6 ± 29.2 kg and body mass index (BMI)
of 40.2 ± 10.2 kg / m2, who recovered weight in 4 , 5 ± 2 years
after surgery. The reason for weight relapse was the abandonment of
follow-up for 152 (93.2%) of the patients. Nutritional deficiencies
were iron and megaloblastic anemia and vitamin D deficiency. There
was nutritional orientation with the Bariatric Plate Model (MPB).
After 7 days of the PEA the weight loss was 3 ± 1 kg (2.76 ±
0.26%). Conclusion: Nutrition plays a key role in treatment with
PEA. The (MPB) can be used as a nutritional education method after
PEA.
Otimização Nutricional no Plasma Endoscópico de Argônio para
o Tratamento da Recidiva de Peso após Bypass Gástrico: Um
Estudo
com 176 Pacientes
Nutritional Optimization in Argonium Endoscopic Plasma for the
Treatment of Weight
Rescue after Gastric Bypass: A Study with 176 Patients
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NUTRIÇÃO EM PAUTAMAIO 2019 11
clínica
. . . . . . . . . . . . . . . . . Introdução . . . . . . . . . .
. . . . . . . . A obesidade é tratada com êxito com bypass e sleeve
gástrico. Porém a recidiva de peso é uma realidade nos centros de
tratamento. Muitas das causas da recidiva envolvem o sedentarismo,
a dificuldade em mudar o estilo de vida com uma alimentação
saudável e, também o etilis-mo, de acordo com DELGADO, 2015 e
McGRICE e DON PAUL, 2015. BERTI et al. (2015) descreveram que a
recidiva de peso após cirurgia, é caracterizada por recuperação de
50% do peso perdido atingido em longo prazo ou recu-peração de 20%
do peso associado ao reaparecimento de comorbidades. E recidiva
controlada é a recuperação en-tre 20 e 50% do peso perdido em longo
prazo. Para estes casos, os tratamentos endoscópicos podem ser uma
nova chance de sucesso. BARETTA et al. (2015) conceituou o Plasma
Endoscópico de Argônio (PEA) que tem como es-copo a fulguração com
gás de argônio na anastomose gás-trica para pacientes operados
exclusivamente com bypass gástrico é um método eficaz para fazer o
paciente retomar a perda ponderal. O gás é inodoro, inerte e não
tóxico que promove a coagulação térmica no contato do cateter com a
mucosa. O argônio promove uma “cauterização” de toda circunferência
da anastomose com redução de seu diâme-tro. Isso leva à restrição
da passagem dos alimentos, sacie-dade precoce e perda de peso. São
realizadas em média 2 a 3 sessões de endoscopia com intervalo de 6
a 8 semanas entre cada uma com o objetivo de reduzir o diâmetro da
anastomose para menos de 12mm. MOON et al. (2018) e BRUNALDI et al.
(2017) indicam o PEA para:
-Pacientes com mais de 18 meses após Bypass Gástrico;-Pacientes
com perda insuficiente ou reganho de peso com mais de 10% do peso
mínimo atingido após a cirur-gia bariátrica;-Diâmetro mínimo da
anastomose de 15-20mm.
Mc GRICE et al. (2015) e MOON et al. (2018) alertam que o PEA
será um tratamento bem sucedido se precedido de uma equipe
multidisciplinar apta para apli-car protocolos específicos que
tragam o doente para o seu cuidado diário. A Nutrição é parte
essencial deste proces-so porque visa restabelecer o estado
nutricional e projetar um estilo de vida saudável que possa ser
mantido a longo prazo.
Objetivo: Descrever nutricionalmente uma po-pulação de pacientes
com bypass gástrico que tiveram recidiva de peso e delinear a
otimização nutricional para o tratamento endoscópico de Plasma
Endoscópico de Argônio (PEA) com a suplementação nutricional
reco-mendada, a evolução nutricional pertinente e a educação
nutricional através do Modelo de Prato Bariátrico (MPB), proposta
por CAMBI et al (2018) a partir do atendimen-to nutricional
realizado em 163 mulheres submetidas ao PEA.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Método . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . .
Foi realizado um estudo descritivo, transversal e retrospectivo
com 163 pacientes submetidos ao PEA entre 2016 – 2018 em uma
Clínica Privada em Curitiba – Para-ná. A pesquisa foi aprovada pelo
Comitê de Ética do Hos-pital Vita Batel. Os pacientes envolvidos
leram, concor-daram e assinaram um Termo de Consentimento Livre e
Informado para participarem da pesquisa. Os critérios de inclusão
foram: gênero feminino, bypass gástrico prévio, ter recidiva de
peso, anastomose acima de 20mm. Crité-rios de exclusão: gênero
masculino, qualquer outra técni-ca de cirurgia bariátrica, não
apresentar recidiva de peso, anastomose abaixo de 20mm. A amostra
contou com 163 mulheres. Todas as pacientes foram nutricionalmente
ava-liadas com profissional habilitado. A avaliação nutricional
envolveu: peso (Kg) e IMC (índice de massa corpórea em Kg/m2) antes
do bypass gástrico e no momento em que realizou o PEA, assim como o
peso e IMC mínimos que atingiu após o bypass gástrico. As pacientes
foram ques-tionadas sobre o momento em que recuperaram o peso, se
usavam ou não suplementos nutricionais, se faziam al-gum exercício
físico programado e se consumiam ou não bebidas alcoólicas e qual o
motivo aparente que as fez ter recidiva de peso. Foram avaliados
exames bioquímicos de ferro, ferritina, vitamina B12, cálcio sérico
e vitamina D. Após o diagnóstico nutricional, as pacientes
receberam a orientação nutricional pertinente para uma cicatrização
gástrica adequada com alimentação líquida por 10 dias, pastosa por
2 dias, branda por 7 dias e depois para a con-sistência normal com
alimentos crus e cozidos. Foi utili-zado para a educação
nutricional o Modelo de Prato Bari-átrico (MPB) para demonstrar a
importância dos grupos alimentares.
Otimização Nutricional no Plasma Endoscópico de Argônio para o
Tratamento da Recidiva de Peso após Bypass Gástrico: Um Estudo com
176 Pacientes
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NUTRIÇÃO EM PAUTAMAIO 201912
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . Resultados . . . . . . . .
. . . . . . . . . . .
Tabela 1 Dados gerais das 163 pacientes submetidas ao PEA
incluídas no estudo
Idade (anos) 45±15 Peso inicial antes do bypass gástrico (Kg)
121±33 Índice de massa corpórea antes do bypass gástrico (kg/m2)
45,3±5,45
Peso mínimo alcançado (Kg) 74,5±12,5Índice de massa corpórea
mínimo alcançado (kg/m2) 29,3±1,8
Peso no momento do PEA (Kg) 101,6±29,2Índice de massa corpórea
no momento do PEA (kg/m2) 40,2±10,5
Anastomose no momento do PEA (mm) 22,5±2,5Tempo citado para a
recidiva de peso (anos) 4,5 ±2,5
O grupo avaliado das 163 mulheres, de modo ge-ral iniciou o
tratamento com obesidade graus II ou III e 115 (70,5%) atingiu a
eutrofia. A manutenção deste es-tado foi em média de quatro anos,
quando a maioria 159 (97,5%) descreveu pequena variação para mais
no seu peso ponderal. Após 7 dias da realização do PEA a perda
ponderal foi de 3±1Kg (2,76±0,26%).
Tabela 2. Possíveis causas citadas pelas pacientes como motivo
da recidiva de peso:
Possível causa da recidiva Número de pacientes /Porcentagem
(%)
Abandono do tratamento com a equipe multidisciplinar 152
(93,2%)
Sedentarismo 132 (80,9%)Inclusão diária de líquidos
hipercalóricos como refrigerantes, sucos artificiais, milk shakes,
etc
123 (75,4%)
Uso abusivo semanal de bebidas alcoó-licas (mais de 8 latas de
cerveja por fim de semana)
99 (60,7%)
Manutenção de alimentos pastosos como sopas e purês nas
principais refeições 96 (58,8%)
Beliscos com alimentos crocantes como amendoins, biscoitos e
bolachas 89 (54,6%)
Nutritional Optimization in Argonium Endoscopic Plasma for the
Treatment of Weight
Rescue after Gastric Bypass: A Study with 176 Patients
Ao serem questionadas sobre o seu padrão ali-mentar diário
(embora este não tenha sido o foco central da pesquisa) muitas
mulheres refletiram sobre o que des-creviam e consideraram que os
seus velhos hábitos ali-mentares estavam de volta, mesmo após terem
recebido orientações nutricionais pertinentes para o bypass
gástri-co.
Tabela 3. Planejamento dietético sugerido para esta população
após a Fulguração com PEA
Pós Plasma Endoscópico de Argônio
Fase 1: 10 dias - Alimentação líquida Característica:
hipocalórica (500 a 700kcal) e hiperprotéica (60 a 80g de proteínas
por dia).Objetivo: repouso do trato gastro intestinal e
cicatrização interna
Fase 2: 02 dias – Alimentação pastosaCaracterística:
hipocalórica (700 a 900kcal) e hiperprotéica (60 a 80g de proteínas
por dia).Objetivo: repouso do trato gastro intestinal e
cicatrização interna. Início do uso de suplementos
nutricionais.
Fase 3: 07 dias – Alimentação brandaCaracterística: hipocalórica
(700 a 900kcal) e hiperprotéica (60 a 80g de proteínas por
dia).Objetivo: treinamento da mastigação, inclusão de novos
alimentos.
Fase 4: a partir disto – Alimentação em consistência
nor-malCaracterística: hipocalórica (1000 a 1200kcal) e
hiperpro-téica (60 a 80mg de proteínas por dia), 45% de
carboidra-tos e 30% de lipídios.Objetivo: promover o emagrecimento
saudável e a manu-tenção do peso eliminado a longo prazo. Fonte:
adaptado de: AILLS et al (2008), MECKANIK JI et al (2013) e BUSETTO
L et al (2017).
Das 163 mulheres, apenas 45 (27,6%) seguiam algum tipo de
orientação médica ou nutricional. Quan-do questionadas na anamnese
sobre o uso de suplementos nutricionais, 98 (60,1%) respondeu usar
algum tipo de polivitamínico diariamente, 29 (17,7%) usavam
comple-xo B intramuscular com alguma regularidade, apenas 12 (7,3%)
incluíam reposição de proteínas na forma de whey protein, 32
(19,6%) usavam ferro ou via oral ou via endo-venosa no momento da
consulta e somente 7 (4,2%) usa-vam cálcio com vitamina D.
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NUTRIÇÃO EM PAUTAMAIO 2019 13
Tabela 4. Avaliação física realizada nesta população com
recidiva de peso:
Órgão Aspecto Possível diagnóstico
Cabelos Finos, opacos, quebradiços
Desnutrição proteica Ca-rência de biotina, silício, vitamina A
ou zinco.
Pele Sem vida, flácidaDesnutrição Proteica De-ficiência de
ácidos graxos essenciais
OlhosMucosas hipocora-das Diminuição da acuidade visual
Anemia ferropriva Defici-ência de vitamina A
UnhasEm forma de colher Com listras brancas Quebradiças
Anemia Ferropriva Desnu-trição proteica Carência de biotina,
silício, vitamina A ou zinco.
MemóriaEsquecimento Dificuldade para se concentrar
Anemia megaloblástica
Mãos e Pés
Formigamento constante Anemia megaloblástica
Fonte: Adaptada de: MECHANICK JI et al. (2013).
Tabela 5. Resultados de exames laboratoriais da po-pulação
estudada:
Exame Valores
Ferro sérico (mg) 91±70Ferritina (ng/ml) 116±115Cálcio sérico
(mg/ml) 8,9±0,65Vitamina D (ng/ml) 18,1±9,8Vitamina B12 (pg/ml)
1061,5±910,5
Das 163 mulheres, 54 (33,1%) apresentavam anemia ferropriva, 62
(38%) anemia megaloblástica, 23 (14,1%) apresentavam anemia
ferropriva e megaloblásti-ca. Nenhuma manifestou deficiência de
cálcio sérico, po-rém 162 (99%) estavam com deficiência de vitamina
D.
Suplementos nutricionais prescritos após o diagnóstico
nutricional antes do PEA:
- Proteínas: 60 a 80g por dia ou 1 a 1,5g/kg de peso ideal por
dia. Incentiva-se o uso de Whey Protein hidrolisado - um scoop por
dia com uma média de 25g de proteínas na medida.- Vitamina B1
(Tiamina): Oral: 100mg 2 a 3x ao dia / En-dovenosa: 200mg 3x ao dia
ou 500mg 2x ao dia por 3 a 5 dias/ Intramuscular: 250mg por dia por
3 a 5 dias Ou 100 a 250mg por mês (simultaneamente administrar
Magné-sio, Potássio e Fósforo )
Otimização Nutricional no Plasma Endoscópico de Argônio para o
Tratamento da Recidiva de Peso após Bypass Gástrico: Um Estudo com
176 Pacientes
clínica
Figura 1. Modelo de Prato Bariátrico usado na Educação
Nutricional.
Fonte: Adaptado de CAMBI e BARETTA (2018).
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NUTRIÇÃO EM PAUTAMAIO 201914
- Vitamina B12 (Cobalamina): Intramuscular: 5000ug por semana
por 3 semanas Ou Oral: 1000ug por dia- Ferro: Oral: 150 a 200mg de
ferro elementar. Obs. Doses separadas dos suplementos de cálcio, de
alimentos ricos em fitatos e polifenóis. Integrar o uso com ácido
ascórbi-co. Com ferritina abaixo de 30mg/dl utilizar ferro na
for-ma endovenosa.- Vitamina D3: Oral: 3000UI por dia (dependendo
do va-lor sérico) ou 50.000UI por semana até que os níveis de 25
(OH) D estejam acima de 30ng/ml- Cálcio: Oral: 1200 – 1500mg por
dia / Carbonato de Cál-cio: junto com as refeições/ Citrato de
Cálcio: próximo ou não das refeições.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . Discussão . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . .
A cirurgia bariátrica é um tratamento eficaz para perda
ponderal. A manutenção de peso corporal é um desafio e a recidiva
de peso pode ocorrer (CAMBI et al., 2015). Segundo MOON et al.
(2018), o PEA pode ser usa-do após recidiva de bypass gástrico e os
pacientes podem demonstrar perda de peso de 6 – 10% em 12 meses.
Neste estudo, a perda de peso em 7 dias após o PEA foi de 3±1Kg
(2,76±0,26%). Os operados são orientados pela equipe
multidis-ciplinar a realizar seus acompanhamentos periódicos e a
Nutrição é imprescindível neste processo porque o estado
nutricional saudável é o grande objetivo do tratamento. De acordo
com AILLS et al. (2008), MECHANICK et al. (2013) e BUSETTO et al.
(2017) os dados objetivos como histórico do peso, bioimpedância e
exames laboratoriais são ferramentas úteis, assim como os
subjetivos com re-gistro alimentar, mastigação, o tempo para
preparo e con-sumo das refeições, funcionamento do trato
digestório, sintomas da síndrome dumping, etc. No referido estudo a
anamnese nutricional foi aplicada, porém os dados de bioimpedância
elétrica não foram incluídos na pesquisa. PIZATO et al. (2017),
HIMES et al. (2015) e CLARK et al. (2014), os fatores que podem
contribuir para a recidiva de peso estão elencados abaixo:
a) Falta de educação nutricional: Neste estudo ve-rificou-se que
os pacientes deixaram de fazer seus acom-panhamentos ao longo do
tempo e isso foi determinante para a recidiva de peso em 152
(93,2%) das pacientes estu-dadas. b) Erros alimentares como
ingestão de líquidos
Nutritional Optimization in Argonium Endoscopic Plasma for the
Treatment of Weight
Rescue after Gastric Bypass: A Study with 176 Patients
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NUTRIÇÃO EM PAUTAMAIO 2019 15
hipercalóricos. Nesta amostra estudada, 123 (75,4%) pa-cientes
confirmaram o uso diário de líquidos hipercaló-ricos. Abuso de
alimentos pastosos. Esta constatação foi percebida nesta população,
onde 96 (58,8%) das pacientes referiram não evoluir para os
alimentos em consistência normal.c) Complicações psiquiátricas como
o “Binge Eating Disorder” e o “Grazing” são associados com
inadequada perda de peso e reganho de peso após o by-pass gástri-co
(RYGB), conforme PIZATO et al. (2017). Na descrição das pacientes
operadas, nenhuma paciente relatou vômi-tos, porém 89 (54,6%) das
pacientes tinham diariamente beliscos com alimentos crocantes em
grande quantidade que nenhuma delas soube mensurar.d) Comer
distraído ou fora de casa: são fatores que atrapalham a manutenção
de peso a longo prazo. Nesta pesquisa as entrevistadas não
relataram este fato, apenas frisaram que voltaram a ter a rotina
alimentar de antes da cirurgia, mas sem uma percepção clara que
esta circuns-tância as faria recuperar peso. e) Ingestão proteica
comprometida: Não há um consenso sobre o ideal proteico após a
cirurgia, e pode variar de 1,5g/kg peso ideal por dia ou 60 a
120g/d (ME-CHANICK et al. 2013; BUSETTO et al. 2017; LOPES et al
2017). Das pacientes pertencentes a este estudo, apenas 12 (7,3%)
usavam suplemento proteico e 96 (58,8%) pre-feriam alimentos macios
e moles, o que denuncia a dimi-nuição abrupta da ingestão de carnes
fibrosas. f) Não usar suplementos nutricionais: A descrição obtida
no estudo é que apenas 98 (61%) ainda usavam al-gum polivitamínico,
29 (17,7%) usavam o complexo B, 32 (19,6%) o ferro e apenas 7
(4,2%) o suplemento de cálcio com vitamina D.g) Sedentarismo: Das
163 entrevistadas, 132 (80,9%) permaneceram no sedentarismo e
entenderam ser está uma causa para a sua recidiva de peso. h)
Descontrole pessoal frente às pressões sociais: muitos obesos
acreditam que a resolução de todos os pro-blemas das esferas
pessoal, profissional e de auto estima, estão ligados ao
emagrecimento “per se” (HIMES et al. 2015). Nesta população este
quesito foi avaliado somente empiricamente, sem critérios
quantitativos.
Qualquer procedimento do trato digestório re-quer uma nutrição
com modificação temporária de con-sistência para o adequado
processo cicatricial. (MECHA-NICK et al., 2013, BUSETTO et al.,
2017). As 163 pacientes do estudo se submeteram a esta alteração de
consistência lenta e progressiva e obtiveram resultado satisfatório
tanto
Otimização Nutricional no Plasma Endoscópico de Argônio para o
Tratamento da Recidiva de Peso após Bypass Gástrico: Um Estudo com
176 Pacientes
clínica
na cicatrização quanto na perda ponderal. As deficiências
nutricionais são uma realidade entre os pacientes com bypass
gástrico. Os que tiveram recidiva de peso estão mais propensos
ainda a estarem de alguma forma debilitados (PARROT et al., 2017).
Nesta amostra de 163 pacientes identificou-se anemias ferropri-va e
megaloblástica e também a carência de vitamina D, condizente com
outro estudo a respeito (BRUNALDI et al., 2017). Porém nenhuma
paciente desta amostra apre-sentou deficiência de cálcio,
contrariando as afirmações de artigo recente (FLORES et al., 2015,
CARRASCO et al., 2018).
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . C onclusão . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . .
O PEA pode ser usado como um tratamento para a recidiva de peso.
O cuidado nutricional deve ser per-manente porque as causas da
recidiva de peso envolvem fatores mecânicos como o aumento do
tamanho da anas-tomose, fatores dietéticos e fatores psicológicos
como os transtornos alimentares e alterações hormonais. O manejo
nutricional é importante para o doente retomar os cuida-dos
alimentares e ter uma segunda chance para o controle ponderal. O
MPB pode ser bastante eficaz na educação nutricional do paciente
após o PEA. O mais importante é que o paciente operado com recidiva
de peso volte para o acompanhamento periódico com a equipe e retome
os cuidados necessários para eliminar e manter seu peso cor-poral e
seu estado nutricional saudável. Mais estudos são necessários para
consolidar a conduta nutricional após o PEA.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Sobre os autores Dra. Maria Paula Carlin Cambi - Nutricionista
pela UFPR, Mestre pela UFSC e Doutora em Medicina Interna pela
UFPR. Membro da COESAS da SBCBM e da IFSO. Nutricionista na Clínica
Dr. Giorgio Baretta, Curi-tiba, Paraná, Brasil. Dr. Giorgio Alfredo
Pedroso Baretta - Médico pela UFPR. Mestre e Doutor em Clínica
Cirúrgica pela UFPR. Membro da SOBED, da SBCBM e da IFSO. Hospi-tal
Vita Batel, Curitiba, Paraná, Brasil.
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NUTRIÇÃO EM PAUTAMAIO 201916
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PALAVRAS-CHAVE: : Obesidade. Bypass gástrico. Ga-nho de peso.
Endoscopia. Guia alimentar. Educação nu-tricional. KEYWORDS:
Obesity. Gastric bypass. Gain weight. Endos-copic. Food guide.
Nutrition education.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Recebido – 5/11/2018 aprovado – 15/4/2019
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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PARROTT L, FRANK L, RABENA R, et al Ame-rican Society for Metabolic
and Bariatric Surgey Integrated Health Nutritional Guidelines for
the Surgical Weight Loss Patient 2016 Update: Micronutrients. Surg
Obes Relat Dis 00 – 00. 2017 PIZATO N, BOTELHO PB, GONÇALVES VSS,
DUTRA ES, DE CARVALHO KMB. Effect of Grazing Beha-vior on Weight
Regain Post-Bariatric Surgery: A Systematic Review. Nutrients. Dec
5; 9(12). 2017
Nutritional Optimization in Argonium Endoscopic Plasma for the
Treatment of Weight
Rescue after Gastric Bypass: A Study with 176 Patients
-
NUTRIÇÃO EM PAUTAMAIO 2019 17
RESUMO: A má alimentação tem sido cada vez mais fre-quente,
elevando ano a ano o índice de obesidade infan-til. Através de
pesquisa bibliográfica, objetivou-se verifi-car a incidência de
obesidade infantil e/ou a associação com risco metabólico. Foi
realizada na base de dados do Google Acadêmico, com artigos
publicados entre 2014 e 2018 com os descritores em português
“avaliação antro-pométrica”, “crianças”, “risco metabólico”, e
“obesidade”, e a combinação entre si para melhorar os resultados.
De 76 artigos foram selecionados 14 artigos de pesquisas
expe-rimentais que expusessem dados de indivíduos de 0 a 12 anos de
idade. Em 7 dos 14 estudos houve prevalência de mais de 50% de
excesso de peso entre as crianças anali-sadas. Em apenas um estudo
foi analisado a presença de comorbidade. Evidencia-se a necessidade
de mais estudos que correlacionem o estado antropométrico e de
comor-bidades na infância, e o grande índice de excesso de peso
nesta fase da vida.
ABSTRACT: Poor diet has been increasingly frequent, raising the
rate of childhood obesity year by year. Through bibliographic
research, the objective was to verify the incidence of childhood
obesity and / or the
association with metabolic risk. It was carried out in the
Google Scho-lar database, with articles published between 2014 and
2018 with the Portuguese descriptors “anthropometric evaluation”,
“children”, “me-tabolic risk” and “obesity”, and the combination
between them to im-prove the results. From 76 articles were
selected 14 articles of experi-mental research that exposed data of
individuals from 0 to 12 years of age. In 7 of the 14 studies,
there was a prevalence of more than 50% of excess weight among the
children analyzed. In only one study the pre-sence of comorbidity
was analyzed. There is a need for further studies that correlate
the anthropometric and comorbid state in childhood, and the high
rate of overweight in this phase of life.
. . . . . . . . . . . . . . . . . Introdução . . . . . . . . . .
. . . . . . . .
Uma situação conhecida como transição nutri-cional, que é
caracterizada pela inversão da distribuição dos problemas
nutricionais da população, sendo geral-mente uma passagem da
desnutrição para a obesidade é vivenciada nos países em
desenvolvimento, onde devido
Estado Antropométrico Nutricional, Prevalência de Sobrepeso
e
Obesidade em Indivíduos de 0 A 12 Anos – Uma Revisão
Nutritional Anthropometric Status, Prevalence of Overweight and
Obesity In Individuals 0 To 12 Years - A Review
esporte
-
NUTRIÇÃO EM PAUTAMAIO 201918
à industrialização e à urbanização, houve uma mudança no padrão
alimentar das famílias (FAGLIOLI; NASSER, 2008). A obesidade
infantil vem apresentando um rá-pido aumento nas últimas décadas,
sendo caracterizada como uma verdadeira epidemia mundial (STYNE,
2001). A má alimentação tem sido cada vez mais fre-quente, elevando
ano a ano o índice de obesidade infantil, sinalizando um sério
problema de saúde pública de ca-ráter epidemiológico devido fatores
inerentes e as conse-quências e complicações posteriores. Uma das
principais causas da obesidade severa e/ou mórbida na vida adulta
tem sua gênese na nutrição e alimentação errônea realiza-da na fase
da infância (OYHENART et al., 2008). A formação dos hábitos
alimentares é um proces-so que se inicia desde o nascimento com as
práticas ali-mentares introduzidas nos primeiros anos de vida pelos
pais, primeiros responsáveis pela formação destes hábitos.
Posteriormente, vai sendo moldado, tendo como base as preferências
individuais, as quais são determinadas pelas experiências positivas
e negativas vividas com relação à alimentação, pela disponibilidade
de alimentos dentro do domicílio, pelo nível socioeconômico, pela
influência da mídia e pelas necessidades fisiológicas (SANTOS,
2007). Os hábitos alimentares de uma pessoa interferem tanto na sua
imagem pessoal quanto na sua saúde física e mental, pois maus
hábitos podem resultar em quadro de obesidade, a qual, por sua vez,
pode acarretar em baixo autoestima, baixo rendimento físico e
cognitivo, discrimi-
nação, bullying, comprometimento dos relacionamentos pessoais,
transtorno psíquicos e patologias variadas. Des-ta forma, de modo a
se conseguir uma boa qualidade de vida, é fundamental que seja
estabelecido na primeira in-fância uma alimentação adequada
(CAROLI; LAGRAVI-NESE, 2002). A associação da obesidade com
alterações meta-bólicas, como a dislipidemia, a hipertensão e a
intolerân-cia à glicose, considerados fatores de risco para o
diabetes melitus tipo 2 e as doenças cardiovasculares até alguns
anos atrás, eram mais evidentes em adultos. No entanto, hoje já
podem ser observadas frequentemente na faixa etária mais jovem
(STYNE, 2001). A promoção de uma alimentação saudável tem sido
pauta frequente de debates que visam a promoção da saúde dos
indivíduos, através de bons hábitos alimentares, desde a infância
(SANCHO, 2006). Em pesquisa realizada pelo IBGE - Pesquisa
Na-cional de Saúde Escolar, foram observados que dos 58.971
estudantes avaliados por idade e peso, 16% da amostra es-tava com
sobrepeso, e 7,2% das crianças apresentou obesi-dade (DE PAULI,
2017). O objetivo deste trabalho foi analisar os resul-tados de
estudos experimentais sobre avaliação antropo-métrica infantil, que
expuseram índices de adequação ou não de peso, e/ou correlação do
estado nutricional com comorbidades presentes.
Estado Antropométrico Nutricional, Prevalência de Sobrepeso e
Obesidade em Indivíduos de 0 A 12 Anos – Uma Revisão
-
NUTRIÇÃO EM PAUTAMAIO 2019 19
Tabela 1: Resultados sobre avaliação antropométrica infantil
conforme diferentes técnicas utilizadas.
ESTUDO
Nº DE CRIANÇAS PESQUISA-
DAS (N)
FAIXA ETÁRIA
LOCAL DO
ESTUDO
AVALIAÇÕES REALIZADAS RESULTADOS RELEVANTES
De Paula et al., (2014) 217
7 e 11 anos
Escola Pública e particular Fortaleza/
CE
Peso, estatura, e IMC.
Alta prevalência de sobrepeso e obesidade entre escola-res, no
entanto, maior incidência em escolas particulares. As crianças de
sexo masculino e as do sexo feminino de escola particular
apresentaram prevalência de 50,0% e
45,5% respectivamente; já na escola pública, as crianças do sexo
masculino tiveram uma prevalência de 9,9% e
no feminino 15,6%.
Silva e Costa-Sin-gh (2015)
50 6 a 10 anos
Escola da rede pública
São José do Rio
Preto/SP
Peso, altura, e questionário de frequência
alimentar.
A presença de sobrepeso e obesidade em 84% dos es-tudados. Sendo
a maioria, 64% obesidade em meninas. Relevante consumo de açúcar,
balas, chocolates e bola-cha recheada, apresentando padrão
alimentar deficiente
em vitaminas e minerais.
Goergen, Dal Bosco e Adami (2015)
353 2 e 6 anos
Escolas de educ. infantil
Rio Gran-de do Sul
IMC/I, e P/E.
Maioria das crianças encontrava-se em risco de sobrepe-so ou
sobrepeso conforme o IMC para a Idade (50,7%, n=179). Já segundo o
Peso para a Estatura, a maioria
52,7% (n=158) encontrava-se em eutrofia.
Perrone et al., (2015) 227 9 anos
Escolas Amazo-
nas
Peso, altura e circunferência da cintura, e
dados socioeco-nômicos.
85,5% (n=201) com peso adequado para idade, 84,58% (n=192)
estatura adequada para idade, 82,37% (n=187) eutróficos conforme
IMC, 83,72% com CC adequada. Prevalência de famílias da classe C
socioeconômica.
Mendes et al., (2015) 60
6 à 10 anos
Escola Itaúna/
MG
Peso e a esta-tura; avaliação consumo dieté-
tico.
Prevalência de excesso de peso em escolares de seis a 10 anos de
idade (21,6%) e sugere que este resultado possa estar relacionado à
obesidade da mãe e à alta ingestão de pães e salgadinhos e esteja
inversamente proporcional à
ingestão de iogurte e sorvete.
Kneipp et al., (2015) 417
6 à 11 anos
Escola Itajaí/SC
Questionário com pais de dados Antro-pométricos e
Peso, estatura e circunferência das crianças.
IMC.
44% dos escolares apresentaram excesso de peso, asso-ciado com
as variáveis de melhor qualidade da dieta, há-bito de realizar
refeições em frente à televisão, excesso de peso dos pais, maior
escore de atuação da família na
alimentação e atividade física das crianças.
Souza, Lima e
Mascare-nhas (2016)
151 4 à 5 anos
Centro de Educação Infantil
Três Bar-ras/SC
Peso, altura e IMC.
A prevalência de sobrepeso foi em 19,20%, e de obesi-dade de
9,93%, dos estudados.
Nutritional Anthropometric Status, Prevalence of Overweight and
Obesity In Individuals 0 To 12 Years - A Review
esporte
-
NUTRIÇÃO EM PAUTAMAIO 201920
ESTUDO
Nº DE CRIANÇAS PESQUISA-
DAS (N)
FAIXA ETÁRIA
LOCAL DO
ESTUDO
AVALIAÇÕES REALIZADAS RESULTADOS RELEVANTES
Christ-mann, Dal Bosco e Adami (2016).
342 6 à 11 anos
Escola Rio Gran-de do Sul
Peso, altura, níveis de PAS e PAD,
CC, e RCE.
32,7% (n=112) com sobrepeso e 5% (n=17) de obesos pela
classificação do IMC para idade; 11,1% (n=38) eram
pré-hipertensos, 5% (n=17) estavam com HAS estágio I, na
classificação da PAS/PAD geral; 37,1% (n=127)
tinham CC elevada, e 23,4% (n=80), RCE elevada. Não foram
encontrados escolares com HAS estágios II e III.
De Pauli et a., (2017) 2146
7 à 11 anos
Escolas Guarapu-ava/PR
IMC, IC e RCE.
(33,25%) com sobrepeso e obesidade, de acordo com o IMC. Maior
percentual de sobrepeso e obesidade encon-trado na faixa etária
entre os 10 e 11 anos do sexo mascu-lino (41,76%). Conforme RCE
19,05% na faixa de risco; 80,94% abaixo da faixa de risco, e
conforme IC 22,37%
com risco elevado e 77,63% com baixo risco.
Machado e Oliveira
(2017)96 10 a 12 anos
Escola de Periferia e escola
particular Sorriso/
MT
Peso, estatura e dobras cutâ-
neas (triciptal e subescapular). Questionário
socioeconômico e de frequência
alimentar.
Número de casos com excesso de peso foi mais alto em meninas nas
escolas particulares (61,54%). Índices de ex-cesso de gordura
subcutânea das escolas particulares, em ambos os sexos (Masculino
33,34% e Feminino 38,46%), foram maiores. Frequência alimentar do
sexo masculino de ambas as escolas apresentaram um consumo
maior
de pães, cereais, massas, carnes, ovos, feijões, gorduras,
azeites e açucares. Já no sexo feminino notou-se um
maior consumo de gorduras, azeites e açucares por parte das
escolas particular
Braga--Pontes, Guarinoa
e Dias (2017)
293 2 à 10 anos
Escola Particular Portugal
Peso, e estatura - no início e no final de cada ano letivo entre
2009-2010 e
2012-2013).
Maior prevalência de excesso de peso no sexo feminino aos 8 anos
(52,9%); peso de nascença não tem correlação com o IMC na amostra,
visto que, até os 3 anos (meninas) e 4 anos (meninos) mantinham
prevalência de baixo peso 14,5% e 31,6% respectivamente; possível
identificar que aos 3 e 5 anos são períodos tendencialmente
críticos para
o desenvolvimento de excesso de peso, tendo em conta que a
maioria das crianças com excesso de peso nestas idades mantém-se
nesta classe de IMC posteriormente.
Souza (2018) 875
7 a 10 anos
Escolas do Ensino
Funda. Volta
Redonda/RJ
CP.
48,7% (n=426) com risco metabólico pelo CP Maior prevalência de
Excesso de gordura em 52,2% (n= 457), 58,2% (n=509) Eutróficas,
17,7% (n=155) Sobrepeso, e
21,5% (n=188) Obesidade.
Carvalho et al., (2018)
8 1 à 6 anos
Centro de Reabi-litação Piauí
P/I, E/I, IMC/ I pela OMS (2006) e comparativo com a
curva de Cronk.
Na avaliação geral 28,6% eutróficos e 71,4% com risco de
sobrepeso, adiposidade central e composição corporal
em crianças com síndrome de Down.
Alves et al., (2018).
239 crianças e 79 pais
6 meses a 6 anos
Creches Carapicu-
íba/SP
Peso, estatura e IMC das crianças,
e Peso, estatura e circunferência abdominal dos
pais, Questionário alimentar.
Da amostra 67% eram mães e 33% pais, 47% meninas e 53% meninos,
Crianças com sobrepeso e obesidade re-
presentaram 31% (meninas) e 35% (meninos). Mães com sobrepeso e
obesidade 62%, e pais 65%. Baixa frequência (10,81%) de consumo
adequado diário de frutas. Frituras, salgados e embutidos no mínimo
2x por semana: 54,04%
e para a de doces foi de 54,03%.IMC: índice de massa corporal;
IMC/I: índice de massa corporal para idade; P/E: peso para
estatura; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial
diastólica; CC: circunferência da cintura; RCE: relação da cintura
pela estatura; IC: índice de conicidade; CP: circunferên-cia da
panturrilha; P/I: peso para idade; E/I: estatura para idade.Fonte:
os autores.
-
NUTRIÇÃO EM PAUTAMAIO 2019 21
esporte
. . . . . . . . . . . Mater iais e Métodos . . . . . . . . . . .
. .
Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfi-ca, que utilizou
a base de dados do Google Acadêmico, com os descritores em
português “avaliação antropomé-trica”, “crianças”, “risco
metabólico”, e “obesidade”, e, a combinação entre si para melhorar
os resultados. Foram selecionados os artigos publicados no período
de 2014 a 2018 Encontraram-se 76 artigos, sendo que, 14 se
en-quadraram nos critérios de inclusão da pesquisa, que pre-via
serem estudos experimentais, e que expusesse dados antropométricos
de indivíduos de 0 a 12 anos de idade. Os artigos foram avaliados
de forma indepen-dente. A fase inicial da seleção constituiu na
análise de títulos, resumos e, finalmente, a leitura dos estudos
para selecioná-los com base nos critérios de elegibilidade. Para
facilitar a coleta de dados e a confiabilidade da seleção, os dados
que compunham a pesquisa descreveu o número de amostra estudada,
faixa etária, local do estudo, avaliações realizadas, e resultados
relevantes.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . Resultados . . . . . . . .
. . . . . . . . . . .
Encontra-se na literatura, estudos experimentais que buscam
verificar o estado antropométrico de crianças, principalmente em
creches, escolas e hospitais, como ex-posto na Tabela 1. Segundo
Silva, Balaban e Motta (2005), as cau-sas da obesidade são
multifatoriais, envolve fatores am-bientais e genéticos, genéticos
e ambientais, neste último, destacam-se a ingestão energética
excessiva e a atividade física diminuída. O desmame precoce e
introdução alimentar ina-dequada, distúrbios do comportamento
alimentar, e rela-ção familiar inadequada são alguns fatores
determinan-tes para a obesidade na infância (DALCASTAGNÉ et al.,
2008). A partir do momento do diagnóstico de proble-mas
nutricionais na infância, ações precoces devem acon-tecer para
sanar esses transtornos, haja visto que esses desvios nutricionais
tendem a aumentar a incidência de doenças crônicas nas diferentes
fases posteriores da via (ALVES et al., 2011).
. . . . . . . . . . C onsiderações Finais . . . . . . . . . . .
.
A obesidade infantil visivelmente é um problema de saúde
eminente e crescente entre todas as classes so-ciais, e a
associação com hábitos alimentares errôneos e estilos de vida
inadequados são fatores preditores para o agravo do problema. Fica
evidente a grande incidência de excesso de peso, seja sobrepeso ou
obesidade, entre indivíduos de 0 a 12 anos, pois através dos
distintos métodos antropomé-tricos realizados, em 50% dos estudos
citados, majorita-riamente os indivíduos encontravam-se com excesso
de peso, embora, expressivamente também tenha sido obser-vado
inadequações do estado antropométrico pelo exces-so de peso, em
todos os demais estudos. Averiguou-se que em apenas um estudo foi
ana-lisado a presença de comorbidade, sendo observado a presença de
hipertensão arterial sistêmica em 5% daquela amostra. Portanto,
fica evidente a necessidade de mais es-tudos que correlacionem o
estado antropométrico, a pre-sença de comorbidades, além da
importância e a corre-lação com a prática de atividades e
exercícios físicos na infância, bem como, o desenvolvimento de
medidas efeti-vas para prevenir precocemente qualquer risco
metabóli-co e nutricional.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Sobre os autores Marcia Adriana Bogoni Rodrigues - Acadêmica de
Nutrição na Universidade do Oeste de Santa Catarina – Campus
Videira. Profa. Dra. Marceli Pitt Coser - Nutricionista Clí-nica e
Hospitalar. Especialista em Fitoterapia ASBRAN. Professora na
Universidade do Oeste de Santa Catarina – Campus Videira.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
PALAVRAS-CHAVE: Antropometria. Estado nutricional. Doenças
metabólicas. Obesidade infantil.KEYWORDS: Anthropometry.
Nutritional status. Metabo-lic diseases. Pediatric obesity.
Nutritional Anthropometric Status, Prevalence of Overweight and
Obesity In Individuals 0 To 12 Years - A Review
-
NUTRIÇÃO EM PAUTAMAIO 201922
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
RECEBIDO: 7/12/2018 - APROVADO: 10/3/2019
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Estado Antropométrico Nutricional, Prevalência de Sobrepeso e
Obesidade em Indivíduos de 0 A 12 Anos – Uma Revisão
-
NUTRIÇÃO EM PAUTAMAIO 2019 23
RESUMO: A alimentação infantil atualmente encontra-se marcada
por um alto consumo de produtos industriali-zados, estes ricos em
aditivos, dentre eles, os corantes alimentares, influenciando na
cor dos alimentos, tor-nando-os mais atrativos. Verificar na
literatura científica os possíveis riscos que o consumo de corantes
artificiais ocasiona no público infantil foi o objetivo desta
pesquisa. Utilizou-se as bases de dados LILACS, MEDLINE, SciE-LO e
BVS e artigos científicos originais e/ou de revisão publicados no
período de 2007 a 2017. Foi observado que o uso de corantes pode
desencadear alergias de pele, ur-ticária, asma, náusea, anafilaxia,
vômitos, dermatite, dor de cabeça, renite, bronco- espasmos,
distúrbios compor-tamentais, dentre eles o transtorno de déficit de
atenção e hiperatividade. Alguns estudos também associam um
potencial carcinogênico a alguns corantes, nomeadamen-te a
eritrosina e a tartrazina. O uso em larga escala desses alimentos
industrializados pelas crianças é um problema relevante, que requer
cuidados e intervenções sociais e go-vernamentais.
ABSTRACT: Infant food is currently marked by a high consumption
of industrialized products, which are rich in additives as, among
them, food coloring, influencing the color of food and making them
more attractive. The goal of this research is to verify in the
literature the possible risks that the consumption of artificial
coloring causes in children. LILACS, MEDLINE, SciELO and VHL
databases and ori-ginal scientific and/or revision articles
published between 2007 and 2017 were used. It was observed that the
use of coloring can trigger skin allergies, urticaria, asthma,
nausea, anaphylaxis, vomiting, dermatitis, headache, renitus,
bronchospasms, behavioral disorders, which among them there are
attention deficit disorder and attention deficit hyperactivity
disorder. Some studies also associate a carcinoge-nic potential to
some coloring, namely erythrosine and tartrazine. The large-scale
use of those industrialized foods by children is a relevant problem
requiring care and social and governmental intervention.
. . . . . . . . . . . . . . . . . Introdução . . . . . . . . . .
. . . . . . . . Com o desenvolvimento tecnológico industrial, a
indústria alimentícia lançou mão do uso disseminado
Repercussões Clínicas do Uso de Produtos Alimentares Contendo
Corantes Artificiais pelo Público
Infantil: Uma Revisão da Literatura
pediatria Clinical Repercussions of the Use of Food Products
Containing Artificial Dyes by Children: A Review of the
Literature
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de aditivos alimentares (SALTMARSH, 2013; AMCHO-VA, KOTOLOVA;
RUDA-KUCEROVAl, 2015). Os coran-tes são alguns dos aditivos mais
empregados na indústria alimentícia. A modificação da cor natural
do alimento constitui-se em um fator fundamental para sua melhor
aceitação pelo mercado consumidor. Antes do paladar, os alimentos
coloridos seduzem as pessoas pela visão. A importância da aparência
do produto para sua aceitabili-dade é a maior justificativa para o
emprego dos corantes (ANASTÁCIO et al., 2016). O público infantil é
o maior consumidor de ali-mentos coloridos, pois a indústria
investe maciçamente nesses produtos para as crianças, por serem
mais atrativos e influenciarem sua escolha (POLÔNIO; PERES, 2009).
Segundo Prado (2003), a prática de colorir alimentos vem dos povos
antigos. Os egípcios retiravam da natureza substâncias, como
especiarias e condimentos, para essa finalidade. A utilização de
corantes em alimentos desenca-deia uma série de polêmicas, pois a
principal justificativa para seu emprego é tornar o produto mais
atrativo esteti-camente. Somado a isto, diversos estudos vêm
demons-trando a ocorrência de reações adversas a curto e longo
prazo, associadas ao consumo de alimentos que apresen-tam esses
aditivos. Já se sabe que eles não são totalmente inofensivos à
saúde (GONÇALVES; SCHUMANN; PO-LÔNIO, 2008). O crescente consumo de
produtos industrializa-dos em detrimento dos produtos naturais é
uma preocu-pação atual. A praticidade, a falta de tempo para
preparar os alimentos, o fácil acesso, o custo acessível, são
fatores que contribuem para esse consumo. Porém, se faz neces-sário
uma atenção especial aos riscos que o uso excessivo e frequente
dessas substâncias ocasiona na saúde humana, devendo haver maior
controle nas quantidades utilizadas e no seu uso abusivo em
produtos alimentares. As crianças são atraídas pela cor e aparência
dos alimentos, tornando esses produtos alimentícios amplamente
consumidos por este público. O presente artigo tem como objetivo
verificar os possíveis riscos que o consumo de produtos
alimentí-cios industrializados contendo corantes artificiais
ocasio-na no público infantil.
Trata-se de um estudo de revisão da literatura
. . . . . . . . . . . . . . . . . Metodologia . . . . . . . . .
. . . . . . . . .
científica sobre uso de corantes artificiais em produtos
alimentares infantis e seus efeitos na saúde humana. Utili-zou-se
as bases de dados LILACS e MEDLINE e a biblio-teca eletrônica
SciELO a fim de identificar artigos cientí-ficos originais e/ou de
revisão publicados no período de 2007 a 2017. Utilizou-se também a
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), que integra as bases acima
citadas. A busca nas fontes supracitadas foi realizada tendo como
termo indexador “corantes alimentares”, “corantes alimentares
artificiais”, e “alimentos industrializados”. Incluiu-se na
pesquisa publicações em inglês e português que atende-ram aos
critérios e abordaram a temática.
. . . . . . . . . . Resultados e Discussão . . . . . . . . .
Alimentação Infantil na Atualidade
A mudança no hábito alimentar da população brasileira, ocorrida
nas últimas décadas, tem atraído a atenção dos órgãos reguladores e
da comunidade científi-ca como um todo, pois a substituição de
alimentos in na-tura por alimentos processados vem contribuindo de
for-ma contundente para o empobrecimento da dieta. Além de a dieta
ter sofrido modificações ao longo do tempo, a tecnologia aplicada
pela indústria de alimentos com o in-tuito de aumentar o tempo de
vida útil desses produtos tem gerado questionamentos quanto à
segurança do em-prego de aditivos alimentares, fundamentalmente
quando se trata de corantes artificiais (POLÔNIO; PERES, 2009).
Diversos autores discutem que os conhecimen-tos que grande parte
das crianças de nossa sociedade têm sobre alimentação estão
diretamente relacionados à pu-blicidade de alimentos apresentada
por meio da televisão, da internet e de outros meios tecnológicos.
Diante disso, as crianças consistem em um público atrativo às ações
de marketing, pois, além de sua vulnerabilidade, influenciam nas
compras da família e possibilitam a fidelização pre-coce do
consumidor à determinada marca, que pode se estender até a vida
adulta (SILVA; LATINI; TEIXEIRA, 2017). O público infantil é o
maior consumidor de ali-mentos coloridos, pois a indústria investe
maciçamente nesses produtos para as crianças, por serem mais
atrativos e influenciarem sua escolha. Porém, a presença de reações
alérgicas não é rara, pois as crianças apresentam maior
Repercussões Clínicas do Uso de Produtos Alimentares Contendo
Corantes Artificiais
pelo Público Infantil: Uma Revisão da Literatura
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suscetibilidade às reações adversas provocadas pelos adi-tivos
alimentares, devido à sua “imaturidade fisiológica”, que prejudica
o metabolismo e a excreção dessas substân-cias (POLÔNIO; PERES,
2009). Além disso, a capacidade cognitiva de um adulto para
controlar um consumo re-gular ainda não é observada em uma criança
(GONÇAL-VES; SCHUMANN; POLÔNIO, 2008). Sobre os efeitos adversos, é
importante destacar aqueles que estão relacionados com a saúde
infantil, por-que as crianças estão entre os maiores consumidores
de produtos industrializados e, também estão mais suscetí-veis a
estas reações adversas. Estes efeitos estão relacio-nados à
frequência e a quantidade de consumo por peso corporal e as
crianças possuem peso menor e tolerância também menor (POLÔNIO;
PERES, 2009).
Aditivos Alimentares: Corantes Artificiais
É evidente a importância dos aditivos sob o pon-to de vista
tecnológico na produção de alimentos. Porém, é necessário estar
atento aos possíveis riscos toxicológicos que podem ser acarretados
pela ingestão frequente dessas substâncias (POLÔNIO, 2010). Antes
da permissão do uso de determinado aditi-vo, faz-se necessário uma
avaliação extensiva de sua capa-cidade tóxica, levando em conta
propriedades específicas, sua capacidade de gerar efeitos
colaterais e suas interações no organismo. Os aditivos alimentares
devem ser manti-dos sob constante observação e necessitam de
avaliações recorrentes, baseadas nas variações das condições de
utili-zação e em quaisquer novos dados científicos (AMCHO-VA;
KOTOLOVA; RUDA-KUCEROVA, 2015; POLAK, et al., 2015). A ANVISA
publicou resoluções que estabelecem limites máximos permitidos para
o uso de aditivos para as diferentes categorias de alimentos a fim
de minimizar os riscos à saúde humana (SCHUMANN; POLONIO; GONÇALVES
et al., 2008). Além disso, ela estabelece que o uso de aditivos em
alimentos seja proibido quando hou-ver evidências ou suspeita de
que o mesmo não é segu-ro para consumo humano, servir para encobrir
falhas no processamento e ou manipulação do alimento, encobrir
alteração ou adulteração da matéria-prima ou do produ-to já
elaborado, induzir o consumidor a erro, engano ou confusão,
interferir sensível e desfavoravelmente no valor nutritivo do
alimento (BRASIL, 2009). Segundo Prado (2007), a manutenção da cor
na-tural do alimento é um fator fundamental para o marke-ting do
produto, sendo justificativa para melhorar sua
aparência e aumentar sua aceitabilidade, sendo esta a única
função dos corantes alimentares. Eles não oferecem nenhum valor
nutritivo. Grandes investimentos em pro-pagandas são realizados
pelos fabricantes de guloseimas para conquistar o mercado e tornar
seu produto cada vez mais atrativo, sendo uma de suas estratégias o
uso de co-rantes artificiais. Embora não seja recomendado a
utilização de aditivos intencionais em alimentos destinados a
crianças menores de um ano, existem vários produtos no merca-do,
como iogurtes, gelatinas, refrigerantes, biscoitos, ba-las, dentre
outros, que são consumidos tanto por crianças como por adultos, e
que não estão sujeitos à referida nor-matização, o que torna a
criança muito vulnerável (PO-LONIO; PERES, 2009). Os corantes
naturais geralmente são instáveis e sofrem degradação durante o
processamento e armazena-mento dos alimentos. Os corantes
artificiais apresentam diversas vantagens, a maior estabilidade,
maior poder co-rante, menor custo de obtenção e solubilidade em
água. No entanto, diversos problemas de saúde estão relaciona-dos
ao consumo destes aditivos (RODRIGUES; OLIVE-RA; RIOS, 2015).
Atualmente existem doze corantes permitidos, por lei, no Brasil,
tanto de origem natural quanto de ori-gem artificial. Os corantes
artificiais são mais difundidos e utilizados, por apresentarem
menores custos de produção e maior estabilidade, tendo grande
importância no meio industrial. Dentre eles, destacam-se corantes
como o ama-ranto, a eritrosina B e a tartrazina, que possuem
aplicações muito diversas na indústria alimentícia, sendo
utilizados em alimentos processados, laticínios, e até em bebidas
al-coólicas (ANASTÁCIO et al., 2016). No Brasil, a regulamentação
do uso de aditivos para alimentos, incluindo os corantes, é de
competência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). O
decreto nº 50.040 de 24 de Janeiro de 1961, do Ministério da Saúde,
foi a primeira norma técnica de regulamentação para o emprego de
aditivos químicos em alimentos. Ele determina quais os alimentos em
que podem ser empre-gados cada corante e seus limites máximos
permitidos. Atualmente, a legislação brasileira permite o uso de
onze corantes artificiais, sendo eles: amaranto, amarelo
crepús-culo, azul brilhante, azul patente V, indigotina,
eritrosi-na, azorrubina, ponceau 4R, verde rápido, vermelho 40 e
tartrazina (BRASIL, 1999). Apesar dos corantes artificiais citados
serem permitidos pela ANVISA, a possibilidade de efeitos adversos a
saúde não é nula (ABRANTES et al., 2010).
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NUTRIÇÃO EM PAUTAMAIO 201926
Manter a cor natural do produto, ou intensificá-la é
determinante para a primeira avaliação do consumidor, pois antes de
experimentar sensações gustativas, ocorre a sedução inicial pela
visão, que associa alimentos colori-dos, vistosos e atraentes