EDITORIAL Cuidado primário dos olhos: projeto revolucionário? Cláudio Chaves A atenção pa de saúde é o conjunto de ações bicas fnte necessidades da comidade. A maior pae dos cos de cegueira, que se calcula em tomo de ( milhões no mundo, poderia ser evitada e se resen nas giões nos desenvolvidas, onde pdomin infecçs, desnuição e catata, muitas vezes associadas umas ouas. A pvalência do défi- cit su é de 10 a 40 vezes mais elevada em ceas - gis de paes subdesenvolvidos que nos indusaliza- dos. Toda política nacional para a pvenção da ceguea deve naer da pocupação com este importante pro- blema, que percute negativamen na pdutividade e no bemst da população. Nos países em denvolvi- nto, bretudo nas CIdades do inor e n פquen comunidades dos Estados mais pobs, um programa de pvenção da cegueira alo e efevo não pode ser executado com êxi son por oſtalmologistas, tor- nando-se imפrativa a participação de dicos genera- listas e de outras pessoas da comunide. O cuido pmo dos olhos é pe básica da aten- ç prima de saúde, porque a maioria dos casos de guei é pvenível ou curável. A foa de prevenir a cegueira é a mes foa que se utiliza pa pven ous problemas de saúde. Ao trabalhar para prevenir a cegueira estamos também lhordo a saúde da comu- nidade. nde núme dos pblemas oculares pode ser de- tectado, nu eta inicial, por um agente de saúde com amento na especialidade - quando exist espe- ciista lalidade - cuja nção é ucar a comuni- dade sob a lação existente ent as enfedades dos olhos e a falta de higiene, a fal de saneamento e a má nutção, fendo ver que uma comunidade que ennde co e rquê solver esses problemas e que abalha em ui פpara esse objetivo será u comunidade foe e verdadeimen sadia. < Com o uso de um nual esפcco, de cazes simplificos de patologias oculs e escas p a פsquisa da acuidade visual, atende-se a maioria pessoas com pblemas omológicos, principalnte nas פquenas comunidades, onde inexistem especialistas ou mes médicos genelistas. Isto ajud a identifi- condiçs dos oos que necessit anção de um especiasta e priorides pa o encaminhamento. Usunte as enfeidades dos olhos são sti- das de uma פssoa pa ou, muis vezes, ao ulizar- se uma toalha ou ao lp os olhos com as mãos sujas. As scas ém são aaídas פla sujeira e caus também infecçs nos olhos. A higiene é a medida mais poan. Os alhados, co, por exelo, c- pinteiros e sealheiros, pelo fato de estem exposs a os pblemas nos olhoG, necessitam ulizar ulos de proteç nos seus abaos, o smo acontecendo m os que abalham enentando excesso radiação sol, tais como aicultos. Os olhos das canças muitas vezes são afetados por contuss e queimaduras. A má nuiç, especiaente na infância, é uma impoan causa de cegueira. tbalho anterior, descrevemos a siaç da as- sistência dica oſtalmológica no tado do Amazonas, Bsil, sugerdo a urgência de c- plo ade- quado à realidade da gião. Este alho é dedicado aos pfissionais da saúde que desenvolvem suas atividades nas gis cntes de serviços dicos especializados, em esפcial aos médicos generalistas que a nas cidades interio- n. Eo tenha sido desenvolvido para uma região de carrísticas sui geris (Região azônica i- denl Brileira-Estado do azonas), pe ser im- plantado mm em outras gis do ei mundo, on a problemáca apsenta o mes denominador mum - ꜷsência de oſtalmologis ou inexistência de médico genelista. stina-se também a oſtalmologia nitária e a investigação social em oſtalmologia. ARQ. BRAS. OAL. 54(2), 1991 http://dx.doi.org/10.5935/0004-2749.19910027
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Cuidado primário dos olhos: projeto revolucionário?...nos olhos. Precauções: nunca aplicar pomadas ou colmos que contenham ester6ides ou atropina aos olhos sem orien-ARQ. BRAS.
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EDITORIAL
Cuidado primário dos olhos: um projeto revolucionário?
Cláudio Chaves
A atenção primária de saúde é o conjunto de ações básicas frente às necessidades da comunidade.
A maior parte dos casos de cegueira, que se calcula em tomo de 40 milhões no mundo, poderia ser evitada ese apresenta nas regiões menos desenvolvidas, onde predominam infecções, desnutrição e catarata, muitas vezes associadas umas às outras. A prevalência do déficit visual é de 10 a 40 vezes mais elevada em certas regiões de países subdesenvolvidos que nos industrializados.
Toda política nacional para a prevenção da cegueira deve nascer da preocupação com este importante problema, que repercute negativamente na produtividade e no bem-estar da população. Nos países em desenvolvi
mento, sobretudo nas CIdades do interior e nas pequenas comunidades dos Estados mais pobres, um programa de prevenção da cegueira amplo e efetivo não pode ser executado com êxito somente por oftalmologistas, tornando-se imperativa a participação de médicos generalistas e de outras pessoas da comunidade.
O cuidado primário dos olhos é parte básica da atenção primária de saúde, porque a maioria dos casos de cegueira é prevenível ou curável. A forma de prevenir a cegueira é a mesma forma que se utiliza para prevenir outros problemas de saúde. Ao trabalhar para prevenir a cegueira estamos também melhorando a saúde da comunidade.
Grande número dos problemas oculares pode ser detectado, numa etapa inicial, por um agente de saúde com treinamento na especialidade - quando inexistir especialista na localidade - cuja função é educar a comunidade sobre a relação existente entre as enfermidades dos olhos e a falta de higiene, a falta de saneamento e a má nutrição, fazendo ver que uma comunidade que entende como e porquê resolver esses problemas e que trabalha em equipe para esse objetivo será uma comunidade forte e verdadeiramente sadia.
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Com o uso de um manual específico, de cartazes simplificados de patologias oculares e escalas para a pesquisa da acuidade visual, atende-se a maioria das pessoas com problemas oftalmológicos, principalmente nas pequenas comunidades, onde inexistem especialistas ou mesmo médicos generalistas. Isto ajudará a identificar as condições dos olhos que necessitam atenção de um especialista e prioridades para o encaminhamento.
Usualmente as enfermidades dos olhos são transmitidas de uma pessoa para outra, muitas vezes, ao utilizarse uma toalha ou ao limpar os olhos com as mãos sujas.
As moscas também são atraídas pela sujeira e causam também infecções nos olhos. A higiene é a medida mais importante. Os trabalhadores, como, por exemplo, carpinteiros e serralheiros, pelo fato de estarem expostos a sérios problemas nos olhoG, necessitam utilizar óculos de proteção nos seus trabalhos, o mesmo acontecendo com os que trabalham enfrentando excesso de radiação solar, tais como agricultores.
Os olhos das crianças muitas vezes são afetados por contusões e queimaduras. A má nutrição, especialmente na infância, é uma importante causa de cegueira.
Em trabalho anterior, descrevemos a situação da assistência médica oftalmológica no Estado do Amazonas, Brasil, sugerindo a urgência de criar-se um plano adequado à realidade da região.
Este trabalho é dedicado aos profissionais da saúde que desenvolvem suas atividades nas regiões carentes de serviços médicos especializados, em especial aos médicos generalistas que atuam nas cidades interioranas. Embora tenha sido desenvolvido para uma região de características sui generis (Região Amazônica Ocidental Brasileira-Estado do Amazonas), poderá ser implantado também em outras regiões do terceiro mundo, onde a problemática apresenta o mesmo denominador comum - ausência de oftalmologista ou inexistência de médico generalista. Destina-se também a oftalmologia sanitária e a investigação social em oftalmologia.
Cuidado primdrio dos olhos: um projeto revolucionário?
Aspectos Técnicos
Propósito - capacitar, através de treinamento, pessoal profissional ou não da área de saúde no cuidado primário dos olhos a fim de ampliar os serviços de atenção de saúde da comunidade.
Objetivos - treinar e capacitar pessoal para: identificar as estruturas externas dos olhos; reconhecer as características das enfermidades mais comuns que afetam os olhos; atender casos simples e encaminhar os indicados; coletar informações na comunidade e manter um registro dos pacientes identificados e orientados sobre sua condição; desenvolver atividades educativas sobre higiene pessoal, nutrição e qualquer outra atividade que conduza à prevenção da cegueira.
Principais causas de cegueira no mundo: tracoma; ferimentos; cicatrizes na c6rnea; avitaminoses e desnutrição; doenças infecciosas; cataratas; outras (descolamento de retina, estrabismo, tumores e diabetes).
Outros problemas oculares: vícios de refração (miopia, hipermetropia e astigmatismos); presbiopia.
Cuidados: identificar o problema; tomar a acuidade visual; tratamento dos casos simples e encaminhamento dos complexos; medidas preventivas.
Ao colher a hist6ria, verificar se há: dor, perda ou diminuição da visão, inflamação e/ou secreção purulenta, ferimentos, lacrimejamento e fotofobia.
Ao examinar as estruturas oculares, identificar possíveis alterações: a c6rnea deverá estar clara, brilhante e transparente; a pupila deverá ser negra, redonda e reagir à luz; a escleroconjuntiva deverá estar branca; as pálpebras deverão abrir e fechar normalmente; a visão deverá ser normal; os cílios não deverão tocar no globo ocular; os olhos deverão estar paralelos.
Medidas gerais para prevenção da cegueira: promover a higiene ocular; incentivar o consumo de dieta alimentar regional adequada; utilizar rotineiramente nos olhos dos recém-nascidos, colmo de Nitrato de Prata a 1 % (método de Credé); garantir a vacinação infantil; promover a busca ativa precoce do cuidado dos olhos; medir a acuidade visual; encaminhar ao oftalmologista todo caso de traumatismo severo ou problemas graves nos olhos.
Precauções: nunca aplicar pomadas ou colmos que contenham ester6ides ou atropina aos olhos sem orien-
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tação do oftalmologista; nunca aplicar medicamentos quando suspeitar que há perfuração do olho; nunca utilizar colmo anestésico como recurso terapêutico.
A aplicação inadequada de colmo de ester6ides aos olhos pode produzir: catarata; glaucoma; agravamento de infecções; retardo no processo de cicatrização.
Técnicas de procedimento: remoção de cOIpos estranhos; preparo e aplicação de protetores oculares; eversão das pálpebras; aplicação de medicamentos nos olhos; medida de acuidade visual.
Aspectos Sociais
o corpo técnico deste trabalho seria de fácil implementação e de execução a baixo custo, entretanto é indispensável colocar tal proposta de intervenção médica na perspectiva do seu contexto social.
Os seguintes aspectos mercem especial reflexão: Que posição tal projeto ocuparia numa lista de prio
ridades no terceiro mundo? Como implementar um programa tecnicamente exe
qüível na realidade dessas regiões?
Considerando a simplicidade técnica, o benefício potencial e o baixo custo de uma triagem oftalmo16gica preliminar, que pode ser feita por qualquer pessoa com um mínimo de treinamento, por que isso já não vem
sendo feito? Por não atender interesses político-econômicos?
Apesar do aspecto médico ser intrinsecamente justificável de modo pleno, a implementação desta proposta e seu desdobramento, no contexto da realidade políticoeconômica do terceiro mundo, deflagrariam situações que não interessariam ao poder, uma vez que, como define Focault: "La salud es objeto de una verdadera lucha politica".
Gastos com a criação de infra-estrutura necessária à implementação do projeto e com a correção dos defeitos visuais diagnosticados seriam o primeiro obstáculo para a sua execução. Outras conseqüências que poderiam ser vistas como desinteressantes seriam a geração de "novas necessidades", que anteriormente não eram sentidas ou percebidas, e o aumento do número da população estudantil com a redução da evasão e da reprovação escolar de causa oftalmo16gica.
Em resumo, o aumento da força reinvindicat6ria de uma população mais bem informada, por possuir melhor eficiência visual, com condições portanto de " • • • melhorar seu rendimento e superar-se".
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Cuidado prinuIrio dos olhos: wn projeto revolucio1UÚio?
Assim, apesar de simples e exeqü{vel esta proposta,
por melhorar indiretamente a fonnação e o conheci
mento, desencadearia uma revolução nos moldes do que diz Focault: "EI saber es peligroso • • • " , imediata por
aumentar a força de pressão reinvindicat6ria junto aos
políticos, autoridades sanitárias e da administração, e,
num segundo momento, por abrir as portas para a não