C reio que todos nós deveríamos nos tornar merecedores do significavo tulo de cuidadores. Mas... de quem? A princípio de nós mesmos, para nos tornar aptos depois, a cuidar de outras pessoas... Como bem nos lembram as empresas aéreas :“ Em caso de despressurização da cabine , primei- ro ajuste a máscara em você mesmo, depois nas pessoas próximas que necessitarem de ajuda” e a indicação de segurança é óbvia , pois se assim não for feito,pode faltar o ar, justamente a quem pode ajudar, e todos vão ficar sem proteção. Tornarmo-nos cuidadores de nós mesmos é uma árdua e diuturna tarefa, que requer empenho, determinação, persistência, consciência da pró- pria idendade e por conseqüência, consciência das próprias necessidades. Não é fácil, nem sim- ples elaborar uma construção existencial digna, éca, autônoma, em que predominem intera- ções amenas e harmônicas . Jung conceituou VIDA como “uma pau- sa luminosa entre nascimento e morte” e den- tro de sua concepção cabia a cada um cuidar, e muito bem, deste legado, para que, na medi- da do possível, cada pessoa expressasse esta potencialidade de aspectos luminosos em sua biografia. Os angos gregos, em sua mitologia, ocupavam-se com atenção em compreender o tempo, e a duração de cada vida. Para isto con- tavam histórias do “Deus-Tempo”, Cronos , uma divindade terrível , que devorava seus filhos, tal como, ainda hoje,igualmente se não tomarmos cuidado, seremos inexoravelmente devorados e engolidos pelo tempo linear das tarefas, deveres, compromissos, imperavos , tudo bem demarca- do pelos refrões: “não vai dar tempo.”.. “tem que ser”...”tenho que fazer”... Mas na outra face da moeda, os gregos,para compensar estes aspectos adversos, contavam também em sua mitologia , com uma divindade benevolente, Kairós , aquele que regia o tempo circular, tempo que permia relembrar, refler, resgatar, regenerar , cicatrizar e renascer, quantas vezes fossem necessárias. Relatavam também histórias sobre as três irmãs, aquelas que gerenciavam o fio da vida, Láquesis, Athropus e Cloto. Eram descri- tas como implacáveis no desempenho de seus afazeres, determinando forma, circunstancia e duração de cada vida. As Moiras, como também eram conhecidas, são ainda hoje,personagens freqüentes no teatro, como coro e contraponto no fundo da cena, lembrando da inevitabilidade de determinados fatos.Assim do imaginário gre- go onde residiam estas belas e criavas metáfo- ras ,até os dias de hoje, nos beneficiamos des- tas representações simbólicas para abranger os conceitos de impermanência e finitude Atualmente, em nossos conturbados tempos pós modernos, temos o conjunto de in- formações advindos da Gerontologia, que igual- mente nos alerta, sem metáfora e sem poesia, que a parr de trinta anos há grande chance dos processos metabólicos e regeneravos de nosso organismo não ocorrerem da mesma forma que o processamento dos desgastes naturais do viver. E alertam os gerontólogos, que longevidade sau- dável é possível, mas é uma construção connua, que não pode ser iniciada quando o individuo já se percebe VELHO, mas sim que é para ser feita ao longo de toda vida , enquanto se vai, devagar , connua e silenciosamente , dia por dia , en- velhecendo. Em outras palavras: Cuide-se , pois você está atravessando o tempo... Para transformar-se num Novo Velho, aquele que envelhece avo e com saúde, e não se deixa tolher por estereópos restrivos sobre seu envelhecimento, é preciso atenção connua e múlplos e persistentes auto cuidados , dos quais vou selecionar um, por ser polissêmico e fundamental: a Nutrição. Mas já que muito se escreveu da necessidade de reduzir frituras, do- ces, carne vermelha, enlatados, refrigerantes e outros similares , cujo consumo connuado ,a médio e longo prazo, pode trazer sérias complica- ções à saúde, vou abordar outro po de nutrição, pernente à dimensão sul: a nutrição anímica e afeva , que também interfere no equilíbrio psi- cossomáco, imunológico, e portanto influencia em nossas melhores ou piores maneiras de atra- vessar o tempo, e envelhecer. A nutrição anímica acontece nos domí- nios de Kairós, este tempo fora do tempo, cir- cular, tranqüilo, contemplavo, e pode ser feita através de prácas meditavas, preces, produ- ção expressiva,criava e arsca, cuidados com plantas, animais, convívio ameno com pessoas e prácas de reconecção ao sagrado. Estas úlmas Angela Philippini é Diretora da Clínica Pomar de Arteterapia, Mestre em Criatividade pela Universi- dade de Santiago de Com- postela, Espanha, Editora da Revista Imagens da Trans- formação. Autora dos livros “Para entender Arteterapia: Cartografias da Coragem” , “Grupos em Arteterapia: Redes Criativas para colorir vidas” , “Reencantamentos para libertar histórias” e “Celebrações : histórias para encantar a vida” . www.arteterapia.org.br [email protected] Ao atravessar o tempo, Cuidado!