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Embargo Comercial Internacional Contra os EUA Introdução Imagine se os EUA provassem de seu próprio veneno e sofresse um improvável castigo de embargo comercial, diplomático, cultural, econômico, financeiro, tecnológico, midiático proposto pela UN (ONU) como forma de obrigá-lo a desfazer-se de todo o seu arsenal nuclear bélico. O que aconteceria à grande nação do Norte, como ficariam as Relações Internacionais e comércio internacional sem o grande hegemom? Qual é a dependência dos EUA do Mundo? O que aconteceria ao povo norteamericano sob um embargo internacional? Imagine os EUA sem a Coca Cola, Microsoft, GM, GE, Mac Donalds, Johnson & Johnson, Ford, Intel, IBM, Boeing, General Dynamics, Lockheed, e considerando o tamanho da economia cubana de US$ 40 bilhões que teve um prejuízo de US$ 89 bilhões entre 1962 e 2005 com o embargo e a economia norteamericana que possui um tamanho de US$ 16 trilhões, cerca de 400 vezes maior, é de se supor que tal prejuízo seria de incalculáveis US$ 32 trilhões (proporcionalmente ao prejuízo cubano utilizando o método da regra de três simples, obviamente que este valor poderia ser dez vezes maior (US$ 320 trilhões) em outras metodologias que considerassem fatores potencializadores com por exemplos a demografia e a dinâmica da economia norteamericana em comparação com à de Cuba). Imagine milhões de cidadãos norteamericanos fugindo clandestinamente para o Canadá e para o México em busca de comida, remédios, empregos, contrabandeando alimentos, gasolina, petróleo, drogas como nunca antes se fez, se submetendo aos subempregos no Brasil, Chile e Argentina, as empresas de alta tecnologia norteamericanas vendo os seus cérebros escapando para os riquíssimos ex-inimigos árabes como Irã, Iraque, Emirados,
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Cuba: e se fosse contra os USA (US of War)

Feb 22, 2023

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Page 1: Cuba: e se fosse contra os USA (US of War)

Embargo Comercial Internacional Contra os EUAIntroduçãoImagine se os EUA provassem de seu próprio veneno e sofresse umimprovável castigo de embargo comercial, diplomático, cultural,econômico, financeiro, tecnológico, midiático proposto pela UN(ONU) como forma de obrigá-lo a desfazer-se de todo o seuarsenal nuclear bélico.

O que aconteceria à grande nação do Norte, como ficariam asRelações Internacionais e comércio internacional sem o grandehegemom?

Qual é a dependência dos EUA do Mundo? O que aconteceria ao povonorteamericano sob um embargo internacional?

Imagine os EUA sem a Coca Cola, Microsoft, GM, GE, Mac Donalds,Johnson & Johnson, Ford, Intel, IBM, Boeing, General Dynamics,Lockheed, e considerando o tamanho da economia cubana de US$ 40bilhões que teve um prejuízo de US$ 89 bilhões entre 1962 e 2005com o embargo e a economia norteamericana que possui um tamanhode US$ 16 trilhões, cerca de 400 vezes maior, é de se supor quetal prejuízo seria de incalculáveis US$ 32 trilhões(proporcionalmente ao prejuízo cubano utilizando o método daregra de três simples, obviamente que este valor poderia ser dezvezes maior (US$ 320 trilhões) em outras metodologias queconsiderassem fatores potencializadores com por exemplos ademografia e a dinâmica da economia norteamericana em comparaçãocom à de Cuba).

Imagine milhões de cidadãos norteamericanos fugindoclandestinamente para o Canadá e para o México em busca decomida, remédios, empregos, contrabandeando alimentos, gasolina,petróleo, drogas como nunca antes se fez, se submetendo aossubempregos no Brasil, Chile e Argentina, as empresas de altatecnologia norteamericanas vendo os seus cérebros escapando paraos riquíssimos ex-inimigos árabes como Irã, Iraque, Emirados,

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Arábia e Coréia do Norte para vender os segredos mais bemguardados das tecnologias de ponta dos EUA.

A China, Índia e Brasil devolvendo excesso de imigrantes ilegaisaos EUA. Que cenário impensável!

Para simular os efeitos de um embargo econômico servem-nos decomparação os prejuízos causados pelo impacto de dois aviõescontra as Torres Gêmeas em um dos mais importantes centros denegócios em New York em 11 de setembro de 2001 no ataque aoWorld Trade Center.

Efeitos econômicos do ataque às Torres Gêmeas em 11 setembro de 2001

Os ataques de 11 de setembro em New York às Torre Gêmeas doWorld Trade Center pelos terroristas (combatentes islâmicos) daAl Qaeda tiveram um impacto econômico significativo nos EstadosUnidos e nos mercados mundiais.[150]

A New York Stock Exchange (NYSE), a American Stock Exchange (AMEX) e aNASDAQ não abriram em 11 de setembro e permaneceram fechadas até17 de setembro.

Quando os mercados de ações reabriram, o Dow Jones IndustrialAverage (DJIA), índice do mercado de ações, caiu 684 pontos, ou7,1%, para 8.921, um recorde de recuo de um ponto em um dia.[151]

Até o final de semana, o DJIA tinha caído 1.369,7 pontos(14,3%), até então, a maior queda em uma semana na história,embora mais tarde ultrapassada em 2008, durante a crisefinanceira global.[152]

As bolsas estadunidenses perderam US$ 1,4 trilhão em valor emuma semana.[152] Isto é o equivalente a US$ 1,72 trilhão em termosatuais.[153][154]

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Em Nova York, cerca de 430 mil postos de trabalho por mês e US$2,8 bilhões em salários foram perdidos nos três meses seguintesao 11/09.

Os efeitos econômicos foram mais fortes principalmente nossetores econômicos da cidade que lidavam com exportações.[155]

O PIB da cidade foi estimado em ter diminuído 27,3 bilhõesdólares nos últimos três meses de 2001 e em todo o ano de 2002.

O governo federal concedeu US$ 11,2 bilhões em assistênciaimediata ao Governo de Nova Iorque em setembro de 2001 e US$10,5 bilhões no início de 2002 para o desenvolvimento econômicoe para necessidades de infraestrutura.[156]

Os ataques de 11 de setembro também prejudicaram as pequenasempresas em Lower Manhattan próximas ao World Trade Center,destruindo ou deslocando cerca de 18.000 delas.

Foi prestada assistência por empréstimos Small Business Administratione pela Community Development Block Grants and Economic Injury Disaster Loansdo governo federal.[156]

Cerca de 2.960.000 m² do espaço de escritórios de Lower Manhattanfoi danificado ou destruído.[157]

Muitos se perguntam se esses postos de trabalho seriam repostose se a base tributária danificada iria se recuperar.[158] Osestudos dos efeitos econômicos do 11 de setembro mostram que omercado imobiliário de escritórios em Manhattan e o emprego deescritórios foram menos afetados do que o inicialmente esperado,devido as necessidades de serviços financeiros da indústria.[159]

[160]

Com um PIB de US$ 1,4 trilhões (10%) do PIB dos EUA New Yorkpoderia simular o que aconteceria ao PIB geral dos EUA em casode um embargo econômico no caso por extrapolação através de umasimples regra de três, os prejuízos seriam de monta! (US$ 27,3bilhões em um ano se multiplicarmos isso por dez seriam quaseUS$ 3 trilhões de perdas por ano em toda a economianorteamericana!)

É o que se pretende avaliar nesta ficção dissertação

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Comércio Internacional: Uma Fatia Maiorda Economia dos Estados Unidos Durante as últimas quatro décadas o comércio internacionalcresceu de uma fatia relativamente insignificante paracerca de um terço da atividade econômica interna dosEstados Unidos.

Para atender às preferências da economia global, os setoresindustriais e de prestação de serviços dos Estados Unidosespecializaram-se e tornaram-se mais eficientes na produçãode bens e na prestação de serviços apropriados ao mercadointernacional.

Hoje em dia, a maioria dos bens não étotalmente produzida nacionalmente; emvez disso, a produção espalhou-se portodo o mundo para ganhar eficiênciamáxima.

De camisetas e tênis a carros e computadores, muitos dosbens que os americanos consomem diariamente não são mais"fabricados nos Estados Unidos", e sim importados.

Apenas em 2006 os Estados Unidos importaram o equivalente aUS$2,2 trilhões em mercadorias e serviços.

O setor externo dos Estados Unidos — a soma de todos osbens importados e exportados —corresponde atualmente aoequivalente a 30% de toda a economia nacional, ou produtointerno bruto (PIB).

Há apenas quatro décadas, no entanto, a fatia do comércioexterior representava meros 10% do PIB.

Para chegar a ser uma parcela do PIB durante os últimos 40anos de prosperidade econômica significativa dos EstadosUnidos, o setor externo teve de se expandir mais do que aexpansão da economia como um todo.

As importações, aumentando a uma taxa média de quase 11% aoano, lideraram a expansão do setor externo, enquanto as

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exportações cresceram a uma taxa média de mais de 9% aoano.

Além disso, os setores produtivos dos Estados Unidostornaram-se cada vez mais dependentes dos mercadosinternacionais. Quase dois (40%) quintos das receitasauferidas pelas indústrias dos Estados Unidos resultamatualmente das vendas externas, comparadas aos menos de 15%há 40 anos.

Como o comércio internacional se tornou um componente tãogrande e importante da economia americana?

A resposta é simples: como o mundo tornou-se mais integradopor meio do comércio e das finanças, a economia dos EstadosUnidos adaptou-se, especializando-se na produção dedeterminados bens e serviços.

Isto fez parte de um plano profetizado pela Teoria daDependência de autoria de Enzzo Falleto e Fernando HenriqueCardoso (CEPAL - ONU) que baseada na teoria do sistemamundo predizia que o mundo seria dividido entre duas zonas:centro e periferia, o centro produzindo conhecimento, eexportando as suas poluentes indústrias para a periferiareproduzir o conhecimento embutido nas mercadorias eprodutos industriais criados pelo centro, o centro ficandocom os serviços financeiros, econômicos e tecnologia, destaforma gerindo a periferia numa dependência intelectualperpétua entre o centro e a periferia.

Haveria também uma semiperiferia ao qual seria dado acessoà alguma tecnologia para reciclar a matéria prima e a mão-de-obra barata fornecida pela periferia, mas ogerenciamento e a comercialização seriam sempre dos paísescentrais.

Por sua vez, as forças econômicas que impulsionaram aexpansão do setor externo também mudaram a produçãosubjacente e os padrões de consumo do país.

Para entender essas mudanças é interessante dividir asimportações e exportações de bens e serviços em categoriase estudar as evoluções destas (vide a barra lateral). O

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entendimento dessa evolução nos mostra como a economiaamericana distribuiu seus recursos, e esses padrões dedistribuição, por sua vez, demonstram de que maneira aeconomia americana tornou-se mais especializada nos últimos40 anos.

A receita para o crescimento das exportações

De 1967 a 2006 a exportação de serviços, com expansão de umritmo médio de 10% ao ano, liderou o crescimento dasexportações dos Estados Unidos. Conforme demonstra a tabela1, aproximadamente um terço do total das receitas deexportação dos Estados Unidos agora advém da exportação deserviços, tais como serviços financeiros, telecomunicaçõese serviços de gestão e consultoria.

Os Estados Unidos têm um superávit comercial especialmentealto de serviços financeiros, pois as empresas americanassão importantes prestadoras de serviços bancários, deinvestimentos e de seguros para o mundo.

Essa tendência não surpreende, pois, nas últimas décadas,as economias mais desenvolvidas do mundo (e as principaisparceiras comerciais dos Estados Unidos) aumentaram seuconsumo de serviços, ao mesmo tempo em que passaram adespender uma parcela menor de seu lucro com bens físicos.

Para atender a essa crescente demanda, os Estados Unidos setornaram grandes fornecedores de serviços de alto valoragregado.

Ao mesmo tempo, os Estados Unidos aumentaramsignificativamente suas exportações de bens de capital,tornando-se cada vez mais eficientes na produção dessesbens e alocando uma parcela maior de recursos para suaprodução.

Durante a segunda metade dos anos 90, quando investimentosmaciços foram feitos em equipamentos tecnológicos e avançoscientíficos, as exportações de bens de capital atingiramuma alta recorde, representando quase um terço de todas asreceitas de exportação dos Estados Unidos (vide a tabela1).

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Nos últimos 15 anos, semicondutores, computadores,equipamentos de telecomunicações e máquinas industriais têmsido os principais responsáveis pelo aumento dasexportações de bens de capital dos Estados Unidos.

Grande parte da demanda por esses bens vem de economias emdesenvolvimento. Desde 1990, a China passou de 20º para 3º,atrás apenas do Canadá e do México, como uma dos maioresimportadores de máquinas e equipamentos de transportesamericanos.

Os bens de consumo também têm contribuído de formaconsistente para o aumento das receitas de exportação dosEstados Unidos.

A tabela 1 mostra que, como uma parcela do total deexportações, os bens de consumo duplicaram de menos de 5%há quatro décadas para quase 9% em 2006. Mais recentemente,os exportadores americanos experimentaram uma forte demandaglobal por brinquedos (inclusive softwares de jogos) eprodutos farmacêuticos.

As receitas americanas das exportações de produtosfarmacêuticos quintuplicaram desde 1991 para quase US$31bilhões em 2006.

Abastecendo-se de importados

As categorias de bens de consumo e bens de capital tambémaumentaram significativamente suas respectivasparticipações percentuais no total das importações dosEstados Unidos desde 1967.

Atualmente, cada uma dessas duas categorias responde poraproximadamente 20% de todos os pagamentos de importaçãofeitos pelos Estados Unidos (vide a tabela 2).

Assim como no caso das exportações, a maior parte docrescimento das importações de bens de capital é decorrentede produtos de alta tecnologia, sendo um terço delescomprados da China e outros 30% do México, Malásia e Japão.

O fato de que os Estados Unidos tanto exportam quantoimportam volumes substanciais de bens de capital

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(equipamentos usados para fins dede produção) indica onível de especialização que ocorreu na economia dos EstadosUnidos e do resto do mundo.

Muito freqüentemente essas vendas de bens de capital sãoparte do comércio "intrafirma", e ocorrem quase quetotalmente dentro de uma única empresa multinacional.

De acordo com estimativas recentes do Federal Reserve, essecomércio "intrafirma" responde por 40% do total do comérciointernacional de bens dos Estados Unidos.

O que compõe o Mix?

Os bens e os serviços importados e exportados dividem-se emvárias categorias (derivadas das categorias do U.S. Bureau of Economic Analysis [BEA] – Departamento de Análise Econômica), quesão classificadas de acordo com a utilização final do item.

Bens alimentos, rações e bebidas (para consumo animal e

humano)

bens de capital, excluídos os automotivos (principalmente equipamentos usados em produção, tais como maquinário industrial ou computadores)

bens de consumo, excluídos os automotivos (principalmente itens utilizados por consumidores, variando de camisetas a produtos farmacêuticos e eletrônicos)

suprimentos industriais (principalmente bens e matérias-primas, inclusive derivados de petróleo, que serão utilizados para produzir outros bens)

veículos automotivos (carros e caminhões)

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Serviços

serviços de viagem (principalmente comissões de agentes de viagens)

bilhetes de passageiros (avião, trem, barco e outros bilhetes)

outros transportes (principalmente frete e tarifas de serviços portuários)

royalties e licenças (principalmente tarifas cobradas por empresas)

outros serviços privados (principalmente serviços profissionais como contabilidade, seguros e serviços educacionais)

Atualmente a maioria dos bens não é totalmente fabricadanacionalmente; pelo contrário, a produção tem se espalhadopor todo o mundo para ganhar eficiência máxima.

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As exportações americanas, desta forma, têm algunscomponentes estrangeiros, e alguns componentes dos bens queos Estados Unidos importam foram produzidos nacionalmente.

O Fundo Monetário Internacional estima que a parcela decomponentes fabricados nos Estados Unidos que compõem asimportações americanas é de aproximadamente 30%.

Com relação às exportações, em muitos dos bens fabricadosnos Estados Unidos, tais como equipamentos industriaiselétricos, maquinário e computadores, estima-se que oscomponentes importados representem pelo menos 20% dos bensfinais.

Dentre as importações de bens de consumo, a categoria deprodutos farmacêuticos é a que mais rapidamente temcrescido, representando atualmente cerca de 3,5% de todasas importações americanas, com um aumento de mais de 1.500%nos últimos 15 anos e responsável por quase US$65 bilhõesem 2006 - mais do que o valor total das importaçõesagrícolas dos Estados Unidos.

Um quarto dessas importações é proveniente da Irlanda,principal localização estrangeira de indústriasfarmacêuticas americanas.

Além de bens de consumo e de capital, os produtos derivadosde petróleo sempre representaram uma parcela consideráveldas importações dos Estados Unidos.

Na década de 70, os pagamentos aos estrangeiros pelasimportações aumentaram 20%, com as importações de petróleorespondendo por mais de dois quintos (40%) dessecrescimento. Essa alta foi decorrente das crises depetróleo dos anos de 1973 e 1979, quando as crisesgeopolíticas no Oriente Médio causaram a alta dos preços dopetróleo.

Tanto os preços quanto as importações de petróleoestabilizaram-se na metade dos anos 80 e durante os anos90, mas os gastos com petróleo aumentaram consideravelmentenos últimos quatro anos.

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Os produtos derivados de petróleo agora respondem por cercade 15% dos custos totais das importações americanas, sendoo Canadá, o México e a Arábia Saudita os principaisfornecedores dos Estados Unidos.

Feito sob encomenda

Não é de se admirar que desde que o comércio internacionalse tornou um importante componente da economia Americana,grande parte da produção atual dos Estados Unidos édestinada à venda noexterior. Conformedemonstra o quadroabaixo, ao mesmo tempoem que a participaçãodos bens exportados noPIB praticamentedobrou nas últimasquatro décadaspassando de 7%, aparticipação dasexportações de bens naprodução de bens maisdo que triplicou, temcrescido chegando aquase 40%.

A parcela de exportações da produção nacional varia deacordo com a categoria.

Por exemplo, os Estados Unidos exportam aproximadamente 60%das aeronaves civis, 40% dos equipamentos detelecomunicações, 25% dos eletrodomésticos e 20% deveículos motorizados e peças automotivas.

Porém, o valor das exportações em relação à totalidade daprodução doméstica pode estar um tanto superestimado, poisalguns bens exportados são feitos com componentesimportados.

A exportação de serviços como parcela da produção deserviços privados praticamente dobrou nos últimos 40 anos,mas continua relativamente baixa, em menos de 5%.

Participação das Exportações dosEstados Unidos no PIB e naProdução de Bens Privados

Fonte: U.S. Bureau of Economic Analysis dados de Haver Analytics

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Enquanto o setor de serviços expandiu-se rapidamente nosEstados Unidos, significativas barreiras regulatórias noexterior limitam a capacidade das empresas americanas decompetir com empresas nacionais de outros países, embora osEstados Unidos tenham uma vantagem competitiva global emmuitos setores dedicados à prestação de serviços.

Crescimento global

A maior parte do crescimento das receitas de exportaçõesdos Estados Unidos nos últimos 40 anos advém dasexportações de serviços, bens de capital e bens de consumo,enquanto a importação de produtos derivados de petróleo,assim como bens de consumo e de capital levaram a aumentosnos pagamentos de importações feitos pelos Estados Unidos.

Ao se especializar cada vez mais na produção de bens eserviços nos quais tem vantagem comparativa, a economiaamericana aumentou seu comércio com nações estrangeiras eredirecionou parte de seus esforços de produção paraatender à demanda de serviços externos.

Ao fazer isso, os Estados Unidos se tornaram parte muitomais integrada à economia mundial atual.

Este artigo foi escrito por Galina Alexeenko, analista econômica sênior, e DiegoVilán, economista, ambos do setor regional do departamento de pesquisas doFed de Atlanta.

Tabela 1 Participação das Exportações dos Estados Unidos por Categoria (%)

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19871997 2006 1967 1977

Bens 74,0 77,6 70,8 72,0 70,6Alimentos, rações e bebidas

11,5 12,4 6,9 5,4 4,6

Suprimentos emateriais industriais a

23,0 20,8 18,5 16,0 18,2

Bens de capital, exceto automotivos

22,8 25,0 25,5 31,0 28,3

Veículos automotivos 6,4 8,5 7,6 7,7 7,4

Bens de consumo, exceto automotivos

4,8 5,6 5,6 8,2 8,8

Serviços 26,0 22,4 29,2 28,0 29,4 Viagem 3,7 3,9 6,5 7,7 5,9 Bilhetes de passageiros 0,9 0,9 1,9 2,2 1,5

Outros transportes 5,5 4,5 4,7 2,8 3,3

Royalties e licenças 3,9 3,1 2,8 3,5 4,3

Outros serviços privados

1,6 3,1 8,2 8,9 12,2

aIncluindo produtos derivados de petróleoComentários: As participações de importações não atingem 100 pois ascategorias "outros" e "dispêndios com defesa direta" foram omitidas. Osdados são reportados mais como valores nominais do que valores reais,porque os valores reais podem distorcer os padrões a longo prazo. Osíndices reais fixos ponderados sofrem viés de substituição, o que podesuperestimar ou subestimar alguns componentes, e índices de cadeias reaissofrem de falta de aditividade, tornando impossível o cômputo das

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participações.Fonte: U.S. Bureau of Economic Analysis, dados da Haver Analytics

Tabela 2 Participação das Importações dos Estados Unidos

por Categoria (%) 1967 1977 1987 1997 2006

Bens 69,5 83,7 81,5 83,8 84,3 Alimentos, rações e bebidas

11,5 7,7 4,9 3,8 3,4

Suprimentos emateriais industriais a

30,0 43,0 21,4 19,6 26,6

Bens de capital, exceto automotivos

6,3 7,7 16,7 24,0 18,8

Veículos automotivos 6,0 10,6 16,7 13,2 11,5

Bens de consumo, exceto automotivos

10,5 12,0 17,4 18,4 19,9

Serviços 30,5 16,3 18,5 16,2 15,7 Viagens 8,0 4,1 5,8 4,9 3,2 Bilhetes de passageiros 2,0 1,5 1,4 1,7 1,3

Outros transportes 5,5 4,4 3,7 2,7 3,0

Royalties e licenças 0,5 0,3 0,4 0,9 1,2

Outros 1,0 1,8 3,5 4,2 5,2

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serviços privados

a Incluindo produtos derivados de petróleoComentários: As participações das importações não somam 100 pois ascategorias "outros" e "dispêndios com defesa direta" foram omitidas. Osdados são reportados mais como valores nominais do que valores reais,porque os valores reais podem distorcer os padrões a longo prazo. Osíndices reais fixos ponderados sofrem viés de substituição, o que podesuperestimar ou subestimar alguns componentes, e índices de cadeias reaissofrem de falta de aditividade, tornando impossível o cômputo dasparticipações.Fonte: U.S. Bureau of Economic Analysis, dados da Haver Analytics

Efeito de um bloqueio internacional sobre os EUA,tal qual sofrem Cuba e Coréia do Norte

A realidade histórica é que pelo menos desde ametade da primeira presidência de Franklin DelanoRoosevelt (1934) e, com absoluta nitidez, apartir do fim da Segunda Guerra Mundial, osEstados Unidos têm sido indiscutivelmente osprincipais autores, garantes e líderes do sistemamundial de comércio.

A causa responsável por essa situação é apontadae desenvolvida nas diversas variantes da chamada"teoria da estabilidade hegemônica", o paradigmaconceitual dominante entre os autores maisrepresentativos da economia política das relaçõesinternacionais contemporâneas (1).

A teoria é assim definida num estudo recente: "a

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abertura da economia global depende criticamenteda presença de um país hegemônico que possuitanto os motivos quanto os meios para estabeleceruma ordem comercial liberal" (2).

Dessa forma, os mercados mundiais eramrelativamente abertos e liberais durante opredomínio hegemônico da Grã-Bretanha, culminandocom a primeira fase da globalização, a EraVitoriana, de 1870 a 1914.

O declínio do poderio inglês e a Primeira GuerraMundial introduziram uma etapa de fechamento eretorno ao protecionismo.

A superação dessa fase vai se esboçar com aimposição pelos EUA de uma política liberal decomércio a partir de 1934 e, mais acentuadamente,de 1944-45, quando esse país substitui aInglaterra, a Alemanha e a França derrotadoseconomicamente na Segunda Grande Guerra Mundial,cujo papel de hegemom fora duramente disputadotambém pelo Japão, URSS e Itália, quando ao finaldo conflito mundial, salvou e resgatou a Europadestruída através do Plano Marshall, quando osEUA derramaram trilhões de (bilhões em moeda daépoca) dólares sobre a economia dos paísesaliados e derrotados do Eixo (Japão, Alemanha eItália) retirando a libra esterlina de circulaçãocomo moeda das trocas internacionais até então,ficando com a preferência e o privilégio quecustou mais de 100 milhões de vidas perdidas, e,depois de duas bombas atômicas despejadas sobrepopulações civis no Japão, conseguiu a hegemoniade poder plasmar a nova ordem econômico-financeira (Bretton Woods, o FMI, o BancoMundial, o GATT) e político-estratégica mundiais(a Carta de São Francisco, a ONU, a AliançaAtlântica).

Desde então, quase todas as grandes rodadas denegociação que levaram adiante a liberalização

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progressiva dos mercados tiveram origem eminiciativas americanas e só puderam serconcluídas graças à liderança ativa deWashington, que não hesitou muitas vezes emlançar mão de pressões, ameaças e retaliaçõespara forçar o passo dos descontentesrecalcitrantes.

Salvo no fiasco de Seattle, resultado em grandeparte da ambivalência americana e das divisõesentre os pesos-pesados do comércio mundial, oengajamento de Washington foi decisivo em cadauma das etapas definidoras do processo contínuode liberalização comercial.

Seria apenas necessário qualificar tal assertivacategórica com o reconhecimento de que, já nasrodadas de Tóquio e Uruguai, a participaçãoeuropéia atingiu quase o nível de co-liderança.

Antes e depois de Seattle, até Doha, a iniciativado comissário europeu para o comércio, PascalLamy, pareceu, por momentos, substituir aamericana ou preencher o vácuo criado pelashesitações do final da presidência Clinton.

Se a liderança ianque voltou a afirmar-se noplano das negociações multilaterais, seriapreciso olhar mais de perto para a estrutura docomércio externo dos Estados Unidos a fim decompreender a evolução histórica que conduziu aesse estado de coisas.

Da mesma forma que a imensa maioria dos demaispaíses avançados, eles foram um paísessencialmente protecionista durante a maiorparte de sua história (um século e meio, ao menos– Buy American Act), coincidente com a prolongadafase em que defendiam suas infant industries (ouindústrias nascentes) contra a concorrênciainglesa.

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No auge da Primeira Revolução Industrial, quandoos britânicos pregavam e praticavam o livre-comércio, os americanos preferiam seguir osconselhos do primeiro secretário do Tesouro,Alexander Hamilton, autor de obra pioneira doprotecionismo industrial, considerada a primeiragrande crítica de Adam Smith, o Report onmanufactures (1791).

Em certos momentos, o nível de proteção alcançouas nuvens, como por ocasião da "tarifa deabominação" (1828-31), com a média de 52,7%, ou a"tarifa de guerra", na Guerra da Secessão (1861-71), sendo então a média de 41,3%.

Mesmo após a guerra civil, a média tarifária dosprodutos não-isentos era ainda de 46,5% (tarifaDingley, 1898-1909) e 51,5% na "infame" tarifaHawley-Smoot, na Grande Depressão (1930-34).

A história tarifária americana pode ser divididaem duas grandes fases:

a) Na primeira, da Independência até 1934,o Congresso reteve ciumentamente opoder de estabelecer a proteçãocomercial, mantendo-a em patamarconstantemente elevado.

b) Na segunda, o Legislativo iniciou aprática de delegar a autorização paranegociar tarifas ao Executivo, que,desde então, ao longo de novesucessivas etapas (de 1935 a 2000), foireduzindo as barreiras tarifárias atéchegar à situação presente, na qual amédia tarifária sobre todas asimportações é de cerca de 2% e a médiasobre todos os produtos não-isentos éde 4%.

Embora notável essa redução, comum ao conjuntodos países avançados, deve ser corrigida por duas

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indispensáveis qualificações. A primeira é que setrata de média estatística e, como se sabe, oestatístico é o indivíduo que morre afogado emrio cuja profundidade média é de apenas 40centímetros.

a) Isto é, a maioria das importações pagatarifa baixa ou nenhuma, o que não impedeque alguns produtos (não um ou dois, masalgumas centenas) sejam gravados por taxasconsideravelmente mais onerosas que a média.

O mais grave é que, conforme se verá adiante, astarifas pesadas concentram-se justamente sobre osartigos exportados pelos subdesenvolvidos, àsvezes pelos mais pobres, e afetam de modoparticular o Brasil.

b) A segunda qualificação é que as tarifasestão longe de constituir a arma única oumais temível do arsenal protecionista.

À medida que as tarifas sofriam redução, elasforam sendo substituídas, até com vantagem, pelasmedidas de "proteção comercial" (salvaguardas,antidumping, direitos compensatórios contrasubsídios) e por barreiras teoricamentedestinadas a fins legítimos específicos mas que,na prática, se vêm desviadas para intuitosprotecionistas (requisitos sanitários efitossanitários para alimentos e produtosagrícolas, barreiras técnicas para manufaturas,exigências ambientais etc.).

Antes do final da Rodada Uruguai, em meados dosanos de 1980, Michael Finger, então economista doBanco Mundial, utilizou modelos matemáticos depesquisadores do MIT para concluir que, naqueleinstante, quando a média tarifária americana erade 5,3%, o nível efetivo de proteção subia a maisde 20% ao serem convertidas em cifras asbarreiras das cotas de têxteis e vestuário, os

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direitos antidumping contra calçados e aço, as"restrições voluntárias de exportação" entãovigentes em matéria de automóveis e aço.

Não conheço estudo que tenha atualizado o cálculodo nível de proteção corrente, mas não é difícilestimar que ele seja considerável, uma vez quemuitas das restrições anteriores seguem emaplicação.

A descrição da evolução histórica que acabo defazer é a abordagem habitual nos estudos sobreprotecionismo comercial.

Argumentando que ela é incapaz de captar acomplexidade do panorama atual, o professor deHarvard, Craig VanGrasstek, em livro ainda nãopublicado, mas cujo original pude ler, propõe umamaneira inovadora de analisar o sistema comercialdo seu país e de qualquer outro.

Em obra que intitulou provisoriamente de As trêsdimensões da política comercial dos EUA, em lugar defixar-se apenas na altura da barreira aduaneira,compara essa política a um pacote ou volume comtrês dimensões:

a) A primeira, a altura, mede o grau deintervenção estatal no comércio,principalmente por meio de barreiras àsimportações (tarifas, quotas, medidas não-tarifárias etc.).

b) A segunda, a largura, avalia o nível dediscriminação aplicado aos vários parceirosde forma diferenciada.

c) A terceira, a profundidade, depende daamplitude dos temas incluídos no sistemacomercial em anos recentes (serviços,propriedade intelectual, investimentos,concorrência, meio ambiente, questõestrabalhistas e, quem sabe, uniformização de

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impostos no futuro).

É o que alguns chamam de "expansão das fronteirasdo sistema", passando da integração rasa(comércio de bens aberto) à profunda(uniformização da legislação).

Desse modo, em vez da dicotomia maniqueísta -protecionismo versus comércio livre -, é possívelafirmar que os EUA evoluíram de um regimecomercial que era alto (tarifas e barreiraselevadas), estreito (todos eram tratados mais oumenos igualmente) e pouco profundo (só abrangia ocomércio de mercadorias), para um sistema que ébaixo (tarifas pequenas), largo (proliferam osregimes discriminatórios conforme a natureza dosparceiros) e profundo (cada vez mais abrangente).

O modelo tridimensional presta-se melhor que ostradicionais para o nosso propósito.

As restrições no acesso às patentes e àtecnologia, assim como a proibição do uso derequisitos como o do "conteúdo local" ou "índicede nacionalização" na aprovação de projetos deinvestimento estrangeiro, são algumas dasconseqüências da extensão das fronteiras dosistema, acarretando o estreitamento das opçõesde política industrial e colocando fora doalcance dos subdesenvolvidos muitos dosinstrumentos largamente utilizados pelos ricosdurante seu processo de desenvolvimento.

Como se diz no jargão dos negociadores, essaofensiva equivale a "chutar a escada" pela qualos abastados de hoje galgaram o ápice e onde nãoquerem ser perturbados por adventíciosimportunos.

Vou concentrar-me de preferência na segundadimensão, a largura da discriminação entreparceiros. Não só porque é de particularatualidade na discussão da ALCA (Associação de

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Livre Comércio das Américas), mas também pelo seuextraordinário potencial pernicioso comoinstrumento, quer para substituir as reduções doprotecionismo da primeira dimensão, emconseqüência das negociações, quanto parapressionar os que resistem ao expansionismo dosistema na direção da terceira dimensão.

Em outras palavras, a manipulação seletiva dadiscriminação pode revelar-se a ferramentadiabólica que faltava aos ricos para compensar agradual perda de competitividade em setorescrepusculares de suas economias, estendendo econgelando, ao mesmo tempo, o domínio de umasuperioridade incontrastável nas áreas de pontaem tecnologia ou outros domínios nos quais osmenos desenvolvidos têm ainda poucas condições decompetir.

Durante a ocupação japonesa da China, Chiang KaiChek dizia temer mais os comunistas de Mao que osinvasores nipônicos, porque enquanto os últimosnão passavam de inimigos do corpo, os primeirospodiam matar a alma.

Com o comércio é a mesma coisa.

Nada no sistema impede, em princípio, suaextensão dentro de limites razoáveis.

Já a não-discriminação é a própria alma, ocoração do sistema.

Ao contrário do que se crê correntemente, o GATTe a OMC não têm como objetivo primordial aliberalização imediata e total do comérciomundial, mas a sua liberalização progressiva,conforme não se cansam de repetir os europeus emdefesa de sua política agrícola.

O artigo 1º do Acordo Geral sobre Tarifas eComércio (GATT) é intitulado "tratamento geral de

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nação-mais-favorecida", justamente para sublinhara absoluta prioridade da não-discriminação.

a) Estipula que "qualquer vantagem (...)concedida por qualquer parte contratante aqualquer produto (...) de qualquer outropaís será concedida imediata eincondicionalmente a todo produto similaroriginário (...) das demais partescontratantes (...)".

b) O artigo 2º reforça a obrigação, ao disporque "cada parte contratante concederá aocomércio das demais partes contratantes umtratamento não menos favorável que oprevisto no (...) presente Acordo".

A cláusula da nação-mais-favorecida (MFN eminglês, NMF em português), ou seja, a expressãopositiva da não-discriminação é a pedrafundamental sobre a qual foi edificado o regimedo GATT/OMC.

Houve sempre exceções para acolher aspreferências preexistentes a 1947 ou com o fim deajudar os subdesenvolvidos a superar suaslimitações estruturais, "tratando desigualmenteos desiguais" (o GSP, ou Sistema Generalizado dePreferências, por exemplo).

Essas exceções deveriam ser raras, concedidascriteriosamente e com duração provisória em tese,embora pudessem prolongar-se pelo temponecessário para superar o problema que sedestinavam a resolver.

Por esse motivo, os Estados Unidos foram, noinício, muito rigorosos, quase fundamentalistasna defesa de um multilateralismo exclusivo eexcludente de qualquer condescendência.

Nos anos de 1930, o Brasil enfrentou problemascom Washington devido aos acordos chamados de

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"marcos de compensação" com a Alemanha nazista,cujo ministro da Economia, o dr. Schacht, ospromovia com nações centro-européias, o Egito enosso país.

Os americanos abriram exceção maior ao tolerar eaté incentivar, por motivos estratégicos ligadosà necessidade de conter a URSS durante a GuerraFria, o Tratado de Roma (1957) e o Mercado ComumEuropeu, com seus cinco membros fundadores(Alemanha, França, Itália, Países Baixos,Bélgica-Luxemburgo).

Desde então, a integração econômico-comercialeuropéia não cessou de se aprofundar e expandir,chegando aos atuais 15 membros, que seriam 25 apartir de 2004.

O potencial de crescimento não se detém aí,podendo o número facilmente atingir e superar os30, com a incorporação de nações menores nosBálcãs, na Europa Oriental, a Turquia.

Se a esses acrescentarmos os acordos de livre-comércio com países da África do Norte, doMediterrâneo e do Oriente Próximo, assim como asmais de 70 ex-colônias, signatárias do Tratado deCotonou (antigamente acordos de Lomé), osdenominados países ACP (África, Caribe,Pacífico), é forçoso constatar que os europeusteceram um sistema comercial próprio, semabandonar ou repudiar o sistema multilateral.

A rigor, os europeus mantêm três regimescomerciais: o mais aberto, no interior dos 15,atuais 25;

a) o segundo, quase equivalente às antigas"preferências imperiais", com ex-colônias eassimilados, e

b) o terceiro, o da OMC, em relação ao resto do

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mundo.

Esse verdadeiro império comercial, que substituiucom vantagens o vetusto imperialismo dosAvoengos, permitiu à Europa Ocidental, entreoutras proezas, a de construir, não com osmecanismos de mercado, mas graças a pesadossubsídios, a perniciosa Política Agrícola Comum(PAC).

O resultado é que, embora tenham uma agriculturareconhecidamente não-competitiva, conseguempreencher quase todos os lugares dentre os 12maiores exportadores agrícolas, salvo rarasexceções.

Cansados de deblaterar contra a situação, osEstados Unidos fizeram o que costumam fazer ospoderosos em casos semelhantes: juntaram-se aoseuropeus, não mediante a adesão à União Européiamas na imitação do exemplo.

Em 1985, véspera do início da Rodada Uruguai,Washington assinou, pela primeira vez em décadas,um acordo de livre-comércio com Israel.

Esse primeiro foi seguido, alguns anos depois,pelo Nafta com o Canadá e México, o acordo com aJordânia, as negociações da ALCA com os 33 paísesdo hemisfério ocidental, "do Alasca à Patagônia",além de numerosas outras iniciativas comdistintos graus de tratamento preferencial: as"preferências andinas" para combater o cultivo dacoca, a Iniciativa da Bacia do Caribe, o AGOA(African Growth Opportunity Act) para osafricanos.

Somando a discriminação negativa (por exemplo, anão-aplicação da cláusula de nação-mais-favorecida a países comunistas, as sanções contraCuba, Iraque etc.) com a positiva (os acordospreferenciais), os EUA passaram de regime de"protecionismo igualitário e não-discriminatório"

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no século XIX à situação atual, descrita porVanGrasstek nos seguintes termos:

Hoje, o puro tratamento de nação-mais-favorecida, conhecido agora como relaçõescomerciais normais (NTR, em inglês) constituiuma categoria residual (apesar de ainda grande)na hierarquia de tratamento estendida pelosEstados Unidos a seus parceiros de comércio(3).

Por muito tempo e mesmo hoje em dia, o discursooficial de todos os praticantes desse jogo temsido o de repetir que tais acordos devem servistos como building blocks, não como obstruções oustumbling blocks à meta última do sistema, quecontinuaria a ser a implantação definitiva, emfuturo impreciso, de regime comercial não-discriminatório e aberto, abrangendo todo oplaneta.

Sem pôr em dúvida a sinceridade de proclamaçõesdesse tipo, é permitido indagar se osresponsáveis por elas acreditam no realismo deesperar que a meta se concretize em tempoplausível.

A onda dos acordos preferenciais tornou-se tãoavassaladora que hoje, até os mais renitentesopositores, Japão e Cingapura, decidiram negociarum entre si.

O USTR Zoellick vem pressionando o Congresso como risco de que os EUA percam a liderança emmatéria comercial se não forem capazes de imitare superar o ativismo de europeus e mexicanos namultiplicação de acordos de livre-comércio.

Por fim, talvez a razão principal para umsaudável ceticismo provenha das vantagensevidentes que os acordos preferenciais rendem aospoderosos, dificilmente igualáveis por qualqueravanço que se possa lograr nas negociações

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multilaterais.

Com efeito, se essas negociações tivessem derealizar seriamente suas promessas, deveriamlevar não só os EUA e a UE, mas o Japão, a Coréiado Sul, a Suíça e a Noruega, a aceitarem, emprazo razoável, um comércio agrícola semsubsídios ou barreiras e a abertura de seusmercados para manufaturas intensivas em mão-de-obra, tais como os tecidos, as confecções, oscalçados, os artigos de couro, os móveis, semmencionar o aço dos subdesenvolvidos.

Ora, esses produtos representam justamente o"caroço duro" do protecionismo, os setoresdefendidos por poderosos lobbies internos.

Enquanto as negociações multilaterais condenamesses setores ao virtual desaparecimento, osacordos preferenciais permitem-lhes transferir asoperações para países de salários baratos dentroda zona preferencial, preservando o controle e olucro principal, ou mesmo evitando e adiando asconcessões nas áreas críticas, em troca depreferências para produtos menos sensíveis.

O primeiro caminho foi, por exemplo, o seguido noNafta em matéria de têxteis e confecções,mediante a regra de "tríplice origem", que fez doMéxico o principal supridor desses produtos aomercado norte-americano.

Por meio de regras diferentes, a Europaestabeleceu regime similar com paísesmediterrâneos, dos quais a Turquia converteu-seno maior exportador ao mercado europeu.

Outro exemplo interessante ocorreu quando aindústria automobilística americana conseguiuvencer a ameaça dos japoneses em meados dos anosde 1980.

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Confrontadas com essa concorrência, as trêsgrandes montadoras - GM, Ford e Chrysler -transferiram, a partir de 1986, boa parte de suasoperações à zona fronteiriça mexicana, ondeconstruíram plantas basicamente destinadas aexportar modelos para os EUA utilizando mão-de-obra barata local.

Essa foi uma das iniciativas concretas queacabaram levando à negociação do Nafta.

O segundo caminho é o que conduz aos africanos ecaribenhos beneficiários do tratamentopreferencial em bananas ou quotas de açúcar a seagarrarem às suas margens de preferência, em vezde apoiar outros subdesenvolvidos, que insistemna liberalização do comércio agrícola.

Aliás, uma das vantagens adicionais dos acordospreferenciais é que eles possibilitam aospoderosos isolar e talvez dobrar os impertinentescomo o Brasil e a Argentina, culpados da ousadiade pretender que a teoria das vantagenscomparativas aplique-se igualmente ao suco delaranja, ao açúcar, à carne, à soja, e não só aosprodutos eletrônicos, às máquinas e aosequipamentos sofisticados, nos quais os avançadosnão temem concorrência.

É esse o mecanismo clássico das pressões nanegociação da ALCA: insinua-se que se o Brasilpersistir no "irrealismo" de reclamar concessõesnos setores em que é competitivo arrisca-se aficar sozinho com seus princípios, abandonadopelos demais latino-americanos, que passariam aviver e prosperar, para sempre felizes noacolhedor e maternal regaço do mercado americano.

Idêntico mecanismo serve igualmente para fazerexpandir as fronteiras do sistema comercial nadireção desejada pelos que o dominam.

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Alega-se, por exemplo, que assuntos comoagricultura e antidumping são globais e sistêmicos,só podendo avançar-se no âmbito multilateral.

A OMC constituiria, assim, o teto máximo do que éviável alcançar em tais questões.

Curiosamente, porém, em temas que são tão ou maisglobais que esses - serviços, propriedadeintelectual, investimentos, competição, comprasgovernamentais - Washington deseja não sónegociá-los na ALCA mas obter resultado além daOMC ou "WTO-plus".

Não seria mais lógico transferir todas asquestões globais para a OMC, ou alternativamente,ter o mesmo nível de ambição estendido àagricultura e ao antidumping?

Essa seria a lógica socrática mas não a do poder,que prefere a regra "o que é meu, é meu; o que éseu, é negociável".

Mais uma vez, como os outros estão ansiosos emreceber fatia das preferências, não custa muitoesforço persuadi-los a engolir gradualmente todosos setores novos.

Em alguns dos acordos de livre-comércio, até ostemas trabalhistas e ambientais acabaramincluídos.

Resta ver se os esquemas preferenciais serãocapazes de impedir por muito tempo uma dasmaiores iniquidades do regime comercial norte-americano: a concentração das tarifas maiselevadas nos produtos exportados pelos pobres defora, os subdesenvolvidos e consumidos pelospobres de dentro.

No estudo America's hidden tax on the poor (4), EdwardGresser, que foi assessor da USTR, Charlene

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Barshefsky, revela que os tecidos, roupas ecalçados representam apenas 6,7% das importaçõesamericanas mas suportam metade da carga tarifáriaincidente sobre as importações.

Em 2001, as importações totais somaram US$ 1,132trilhões, sobre as quais foram arrecadadas US$18,6 bilhões de tarifas (a média da tarifaefetivamente aplicada foi de apenas 1,6%).

Os calçados e roupas produziram US$ 8,7 bilhões,quase metade das tarifas cobradas, apesar de nãoterem chegado a 7% das importações.

Mais chocante é verificar que a tarifa médiaincidente sobre os produtos originários deBangladesh, um dos países mais pobres do mundo,foi de 14,1%, ao passo que as exportações daFrança tiveram de pagar apenas 1,1%.

As cifras correspondentes à Mongólia e à Noruegaforam, respectivamente, de 16,1% e 0,5%, aopaupérrimo Camboja e à próspera etecnologicamente avançada Cingapura, de 15,8% a0,6%, e assim por diante.

Também é difícil entender por que as roupasbaratas consumidas pelos pobres americanos,sobretudo mulheres, pagam 16% de tarifa, emcontraste com as caras, de seda, gravadas só em2,4% ou menos.

Chegamos finalmente ao exemplo do Brasil, naçãoparticularmente prejudicada pelo protecionismoseletivo dos Estados Unidos, uma vez que muitasde nossas exportações atuais ou potenciais seconcentram em áreas consideradas sensíveis:produtos agrícolas, frutas, vegetais e carnesafetados por barreiras sanitárias, aço e ligas deferro, vítimas favoritas de antidumping e direitoscompensatórios, ao lado de calçados e roupas, que

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têm de afrontar também as tarifas proibitivas.

É bastante conhecido o estudo realizado em 2000pela Embaixada do Brasil em Washington.

Utilizando dados de 1999, o estudo comparou atarifa média aplicada pelos EUA aos 15 principaisprodutos brasileiros de exportação da época,concluindo que essa média alcançava 45,6%.

Em contraste, a tarifa média brasileira para as15 maiores exportações norte-americanas paranosso mercado era de 14,3%.

O USTR contestou a metodologia empregada,alegando que se havia recorrido à média tarifáriasimples e não à ponderada por volume de comércio.

O contra-argumento da Embaixada pareceu-me entãoválido e assim continuo a pensar.

De fato, certas tarifas americanas, em especialas incidentes sobre exportações que excedamquotas, são de tal maneira elevadas que eliminamqualquer possibilidade de exportação.

Esse é, por exemplo, o caso do açúcar (236%extra-quota), tabaco (350% extra-quota), etanol(2,5% mais US$ 0,52 por galão), suco de laranja(US$ 0,785 por litro).

Ademais, diversos estudos indicam que cerca de60% de todos os produtos exportados pelo Brasilpara os EUA são afetados, de uma maneira ou deoutra, por barreiras tarifárias e não-tarifárias,alguns tendo desaparecido completamente domercado americano após a imposição de sanções,outros tendo de enfrentar tarifas altíssimas comocertos têxteis (38% ad valorem, mais US$ 0,485 porquilo).

Seria, portanto, enganador utilizar a médiaponderada por volume de comércio, já que não se

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pode estimar qual seria o fluxo das exportaçõesse as tarifas e outras barreiras não fossem tãoaniquiladoras de qualquer comércio.

Os mesmos problemas tornam problemática earriscada, embora não impossível, a posiçãonegociadora brasileira na ALCA.

Com efeito, em numerosos itens, a tarifaamericana já está próxima de zero e, nessescasos, duas possibilidades existem:

a) ou o Brasil já os exporta e não necessita deacordo adicional para fazê-lo (exemplos docafé, minério de ferro e aviões, com tarifazero),

b) ou não os exporta por não ter condições decompetir com terceiros, como os asiáticos,em muitos artigos eletrônicos ou químicos,nos quais somos deficitários em nossopróprio mercado.

Em tal situação, não será reduzindo um pontoporcentual que mudará a perspectiva.

Em compensação, nos produtos em que somoscompetitivos, não só as barreiras americanas sãointransponíveis como a Trade Promotion Authority crioumecanismo novo para dificultar qualquerconcessão.

Efetivamente, em cerca de 350 produtos sensíveis,o Executivo terá de submeter-se a complicadasconsultas, às vezes com não menos que quatrocomissões parlamentares (as duas de Agricultura,a "Ways and Means", da Câmara e a de Finanças, doSenado), se quiser negociar a redução debarreiras.

As consultas são minuciosas e pre-estabelecidasnos mínimos detalhes. A negociação não estáproibida em tese mas na prática não será fácil

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superar essa verdadeira corrida de obstáculos.Boa parte dos produtos incluídos na lista sãoaqueles para os quais os Estados Unidos fizeram amenor redução possível no fim da Rodada Uruguai:15%. Dentre esses produtos, especialmente os 120mais importantes, encontram-se quase todos os deinteresse prioritário para o Brasil.

Pode-se alegar, é claro, que tais produtoscorrespondam a aproximadamente de 15% a 20% dasexportações brasileiras para o mercado americano.

Aqui, contudo, volta a incidir a dificuldade quejá enfrentamos anteriormente: como calcular opotencial de exportações inibidas hoje porbarreiras proibitivas?

É possível que existam outros produtos, menoscomplicados, capazes de substituir os sensíveis,ou talvez haja outras vantagens decorrentes daALCA, como os investimentos.

Não disponho nem do espaço, nem dos dados, paraum exame mais aprofundado e satisfatório de todasas alternativas para viabilizar um acordovantajoso.

As considerações deste artigo destinam-semeramente a ilustrar alguns dos problemasprovenientes do peculiar protecionismo praticadonos EUA.

Em resumo: nas negociações comerciais, como emquaisquer outras negociações internacionais, nãose deve jamais perder de vista a centralidade dopoder, neste caso o poder do mercado, isto é, acapacidade de um governo como o americano dedosar o acesso dos parceiros a seu mercado deacordo com as concessões que deles obtiver.

Mas se o poder é a realidade central das relaçõesinternacionais, ele não é, de forma alguma, a

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única e exclusiva realidade.

Essas relações, como as sociais em geral, são umamistura de conflito, domínio onde se afirmaincontrastável o poder, com o interesse mútuo decooperação, área que permite outras modalidadesmais positivas de interação.

Notas

1 Robert Gilpin, The political economy of international relations. Princeton, Princeton University Press, 1987.

2 Craig VanGrasstek, The three dimensions of U. S. trade policy, em preparação para publicação.

3 Craig VanGrasstek, op. cit.

4 Edward Gresser, America's hidden tax on the poor - the case for reforming U. S. tariff policy. Washington, Progressive Policy Institute, março de 2002.

O embargo dos Estados Unidos a Cuba

As relações entre Cuba e Estados Unidos foraminiciadas em 27 de maio de 1902, quando o enviadoamericano, Herbert Goldsmith Squiers, apresentouas suas credenciais ao governo cubano em Havana.[1]

Nos dias atuais, a política externa dos EstadosUnidos para Cuba é focada em forçar reformasdemocráticas e econômicas em Cuba através dapolítica de embargos para obterem um

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reposicionamento com relação aos direitoshumanos dentro da ótica e das perspectivas dosEUA do que representa democracia e direitoshumanos para os americanos em relação à existenteno país caribenho.[2]

O navio USS Whibdey Island, com aproximadamente 2.000refugiados cubanos resgatados no mar.

Localização das instalações militares da Marinha dos EstadosUnidos na Baía de Guantánamo.

Após a Guerra Hispano-Americana, que obrigou aEspanha a ceder os seus direitos coloniais sobreCuba em benefício dos EUA, as forças militaresnorte-americanas ocuparam o país até 1902, quandoos Estados Unidos permitiram a um novo governocubano, assumir o controle total dos assuntos doEstado.

Os Estados Unidos, no entanto, assumiram a tutelaobrigarando Cuba a conceder-lhes o direitocontínuo de intervenção para preservar aindependência e a estabilidade de Cuba, emconformidade com a Emenda Platt.

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Esta emenda foi revogada em 1934, quando ambosassinaram um Tratado de Relações.

Este tratado deu continuidade aos acordos de1903, que arrendavam a Base Naval da Baía deGuantánamo para os Estados Unidos.

Os dois países cooperaram sob o governo deFulgencio Batista até a década de 1950.

Após a Revolução Cubana de 1959 e a ascensão deFidel Castro ao poder, as relações sofreram umaprogressiva deterioração.

Como resultado das reformas de Fidel Castro e umacrescente cooperação de seu governo com a UniãoSoviética, os Estados Unidos romperam as relaçõesdiplomáticas com Cuba em janeiro de 1961.

Em 7 de fevereiro de 1962, após o governo de Cubater nacionalizado as empresas e propriedades decidadãos americanos, iniciou-se um embargoeconômico, comercial e financeiro ao país.

Crise dos mísseis de Cuba

Vista aérea mostrando base de lançamento demísseis em Cuba, novembro de 1962

O episódio conhecido como a crise dos mísseis deCuba (em inglês Cuban Missile Crisis), ocorrido emOutubro de 1962, foi um dos momentos de maiortensão da Guerra Fria.

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A crise é conhecida pelos russos como "crisecaribenha" (em russo: Карибский кризис, transl.Karibskiy krizis) e pelos cubanos como "crise deoutubro" (em espanhol: Crisis de Octubre).

A crise começou quando os soviéticos, em respostaa instalação de mísseis nucleares na Turquia,Grã-Bretanha e Itália [1] em 1961 e à invasão deCuba pelos estado-unidenses no mesmo ano,instalaram mísseis nucleares em Cuba.

Em 14 de Outubro, os Estados Unidos divulgaramfotos de um voo secreto realizado sobre Cubaapontando cerca de quarenta silos para abrigarmísseis nucleares.

Houve uma enorme tensão entre as duas super-potências pois uma guerra nuclear parecia maispróxima do que nunca.

O governo de John F. Kennedy, apesar de suasofensivas no ano anterior, encarou aquilo como umato de guerra contra os Estados Unidos.

Nikita Kruschev, o Primeiro-ministro da URSS àépoca, afirmou que os mísseis nucleares eramapenas defensivos, e que tinham sido láinstalados para dissuadir outra tentativa deinvasão da ilha, indignando assim ainda mais osamericanos.

Anteriormente, em 17 de abril de 1961 (logo apóso voo de Yuri Gagarin), o governo Kennedy játinha tentado um fracassado desembarque na Baíados Porcos (operação planejada pela CIA, que usouos refugiados da ditadura de Fulgêncio Batistacomo peões na fracassada tentativa de derrubar oregime cubano).

Mas agora a situação era muito mais séria.

Nenhum presidente dos Estados Unidos poderia

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admitir a existência de mísseis nucleares daqueladimensão a escassos 150 quilômetros do seuterritório nacional.

O presidente Kennedy acautelou Khruschev de queos EUA não teriam dúvidas em usar armas nuclearescontra esta iniciativa russa. Ou desativavam ossilos e retiravam os mísseis, ou a guerra seriainevitável.

Os Treze Dias

Foram treze dias de suspense mundial devido aomedo de uma possível guerra nuclear, até que em28 de Outubro Kruschev, após conseguirsecretamente uma futura retirada dos mísseisestadunidenses da Turquia, concordou em removeros mísseis de Cuba.

Enquanto os EUA e a URSS negociavam, a populaçãoestadunidense tentava defender-se como podia.

Nunca antes se tinha comprado tanto cimento etijolo na história dos EUA depois que JohnKennedy ter declarado a verdadeira gravidade dasituação pela televisão.

Milhares de chefes de família, aterrorizados,trataram de cavar nos seus pátios e jardinspequenos abrigos que possibilitassem asobrevivência da sua família durante a possívelguerra nuclear.

Consequências

Na década de 1960, havia uma clara tendência àproliferação dos arsenais nucleares.

Por esta razão, e ainda sob o impacto da crisedos mísseis de Cuba, os Estados Unidos, a UniãoSoviética e a Grã-Bretanha assinaram, em 1963, umacordo que proibia testes nucleares na atmosfera,em alto-mar e no espaço (assim, apenas testes

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subterrâneos poderiam ser legalmente realizados).

Em 1968, as duas super-potências e outros 58países aprovaram o Tratado de Não-Proliferação deArmas Nucleares.

O objetivo desse acordo era tentar conter acorrida armamentista dentro de um certo limite,com ele, os países que já possuíam artefatosnucleares se comprometiam a limitar seus arsenaise os países que não os continham ficavamproibidos de desenvolvê-los, mas poderiamrequisitar dos primeiros tecnologia nuclear parafins pacíficos.

Participação brasileira

Segundo documentos revelados pelo NationalSecurity Archive em 2012, o Brasil participousecretamente das negociações durante a crise,ajudando a conter "o momento mais perigoso dahistória da Humanidade", chegando a enviar umrepresentante à Havana em 19 de outubro de 1962.

Antes, o Departamento Americano solicitou umaaproximação com Castro, mediante intercessãobrasileira.[2]

Referências

1. ↑ Carlos Federico Dominguez Ávila. Ensaio geraldo fim. Revista de História.

2. ↑ "Brasil agiu secretamente para tirarmísseis de Cuba, revela dossiê dos EUA",UOL, 12-10-2012. Página visitada em 13-10-2012.

Bibliografia

ALLISON, Graham, e ZELIKOW, Philip. Essenceof Decision: Explaining the Cuban MissileCrisis. 2ªed. Nova York: Longman, 1999.

BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. De Martí a

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Fidel: A Revolução Cubana e a AméricaLatina. Rio de Janeiro: CivilizaçãoBrasileira, 1998.

FRANCO, Álvaro da Cunha (compilador).Documentos da Política Externa Independente.Brasília: Funag, 2008.

GADDIS, John Lewis. História da Guerra Fria.Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2006.

O embargo dos Estados Unidos a Cuba

O embargo dos Estados Unidos a Cuba (descrito emCuba como el bloqueo, termo em castelhano que,conforme as traduções oficiais em português,significa "embargo") é um embargo econômico,comercial, cultural, artístico, diplomático,tecnológico, político, social, midiático efinanceiro imposto a Cuba pelos Estados Unidosque se iniciou em 7 de Fevereiro de 1962.

Foi convertido em lei em 1992 e em 1995. Em 1999,o presidente Bill Clinton ampliou este embargocomercial proibindo que as filiais estrangeirasde companhias estadunidenses de comercializar comCuba, a valores superiores a 700 milhões dedólares anuais.

A medida está em vigor até os dias atuais,tornando-se um dos mais duradouros embargoseconômicos na história moderna.

Apesar da vigência do embargo, é importante notarque nem todo comércio entre Estados Unidos e Cubaestá proibido.

Desde 2000 foi autorizada a exportação dealimentos dos Estados Unidos para Cuba,condicionada ao pagamento exclusivamente à vista(antecipado: as mercadorias devem ser pagas antesdo navio zarpar do porto americano)[1], e osEstados Unidos são o sétimo exportador de

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alimentos para a ilha, nisso se incluindo suaajuda humanitária (envio gratuito)[2].

De 1992 a 1999, os Estados Unidos TOFFU enviarammais ajuda humanitária a Cuba que todos os entãoquinze membros da União Européia e a AméricaLatina [3] .

Em casos de tragédias, como o furacão Michelle,os Estados Unidos também enviaram ajudahumanitária de emergência[4].

Cuba já despendeu cerca de 1,8 bilhões de dólaresimportando alimentos dos Estados Unidos, dosquais US$ 474 milhões em 2004 e US$ 540 milhõesem 2005"[1]

Este embargo permanece uma questão extremamentecontroversa em todo o mundo, e é formalmentecondenado pelas Nações Unidas.

A Assembléia Geral das Nações Unidas em 2007,

determinada a encorajar o estrito cumprimento dosobjetivos e princípios consagrados pela Carta dasNações Unidas" (...) e "reafirmando, dentreoutros princípios, a igual soberania das nações, a não-intervenção e a não interferência em seus assuntosinternos"(..)[5]

condenou, pela 16º vez consecutiva, o embargoimposto a Cuba pelos Estados Unidos, por 184votos a quatro.

Votaram a favor da manutenção do embargo apenasos próprios Estados Unidos, apoiados por Israel,Palau e Ilhas Marshall.

Essa última Resolução da ONU, aprovada dia 30 deoutubro de 2007, pede o fim do embargo econômico,comercial e financeiro contra Cuba "o mais rápidopossível".

Segundo a BBC "todos os que se manifestaram na Assembléia

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Geral nesta terça feira (30 de outubro) denunciaram o embargoamericano, considerado desumano e um vestígio da Guerra Fria".

A Resolução da ONU foi aprovada uma semana após opresidente George Bush ter declarado que "oembargo contra Cuba será mantido enquanto o regime comunistaestiver no poder na ilha".

Essa Resolução da Assembléia Geral da ONU, noentanto, não tem força legal para ser impostacontra seus infratores[6].

O embargo é criticado até mesmo portradicionais críticos do regime socialistade Cuba, como críticos conservadores, queargumentam que o embargo na verdade maisajudou Fidel Castro do que o atrapalhou, aoproporcionar-lhe um bode expiatório para seisentar de todos os crônicos problemas dailha. Empresários e negociantes argumentam,por sua vez, que a proibição de comércio comos Estados Unidos ajuda a outros países, quepoderão ter vantagens do pioneirismo assimque o embargo for suspenso[7]. Outro motivocitado pelos críticos ao embargo que é oisolamento de Cuba prejudica as relações dosEstados Unidos com os países latino-americanos, e a proximidade entre os regimesesquerdistas do continente e Fidel Castrocria um bloco anti norte-americano[8].

Bloqueio

Em maio de 1958 os Estados Unidos suspenderam suaajuda militar oficial ao governo do ditadorFulgêncio Batista, num episódio que ficouconhecido com o "embargo militar a Cuba".[9][10],quando a guerrilha entre as forças do ditador eos revolucionários de Fidel Castro já houvera seiniciado[11].

Em julho de 1960, em resposta as nacionalizacões,

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foi reduzida a quota de importação de açúcarcubano pelos Estados Unidos.

A URSS aceitou comprar o excedente cubanoencalhado, permitindo assim a seu governoprosseguir com sua revolução comunista que foraescurecida pelo povo na Constituição daquelepaís.

Esse primeiro ato de hostilidades, que acabariapor conduzir ao embargo total de Cuba, foipraticado pelo presidente norte-americano DwightD. Eisenhower, no dia 6 de julho de 1960, quandoreduziu, com aprovação do Congresso, em 700.000toneladas, a cota de importação do açúcar cubano.

Até então os Estados Unidos importavam um terçode seu consumo de açúcar da ilha[12].

Eisenhower impôs, em 19 de outubro de 1960, umembargo parcial a Cuba. Posteriormente rompeu asrelações diplomáticas em 3 de janeiro de 1961 :

(...) Dessa maneira, o Governo dos Estados Unidos aquinotifica o Governo de Cuba do término dessas relações(diplomáticas)" "(...) Accordingly, the Government ofthe United States hereby formally notifies theGovernment of Cuba of the termination of suchrelations[13].

Memorando Nacional de Ação de Segurança nº 23 dodia 21 de fevereiro de 1961 - Recomendação que orestante das exportações de Cuba para os EUA sejaembargado.

Neste interim, a União Soviética, por razões deinteresses políticos seus, passou a oferecer aCuba altos preços preferenciais para asexportações cubanas, especialmente do açúcar, e avender petróleo a baixos preços preferenciais,criando dessa maneira um subsídio virtual, quebeneficiava economicamente o governo de Fidel.

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Em resposta a este alinhamento de Cuba com ossoviéticos em plena guerra fria, o presidenteJohn F. Kennedy ampliou as medidas tomadas porEisenhower mediante a emissão de uma ordemexecutiva, ampliando as restrições comerciais em7 de fevereiro e novamente em 23 de março de1962 [14]

Depois do episódio da Crise dos mísseis de CubaKennedy implantou restrições para viagens a Cubaem 8 de fevereiro de 1963.

Depois emitiu um Regulamento para o Controle dosRecursos Cubanos (Cuban Assets ControlRegulations, em inglês)[15].

E em 8 de julho deste mesmo ano, baixou a Acta deComércio com o Inimigo como resposta a hospedagemde mísseis em Cuba.

Desta forma os ativos cubanos nos Estados Unidosforam congelados.

A Organização dos Estados Americanos impôssanções multilaterais a Cuba em 26 de julho de1964 [16] .

Em 29 de julho de 1975 uma nova resolução foiaprovada pela Organização dos Estados Americanosna qual essa reafirmou seus princípios de não-intervenção, decidindo

deixar em liberdade os Estados membros do "TIAR(Tratado Interamericano de Assistência Recíproca)para que, de acordo com a política e interessesnacionais de cada um, conduzam suas relações com aRepública de Cuba no nível e na maneira que cadaEstado membro julgar conveniente[17].

As restrições para os cidadãos norte-americanosem viagens para Cuba foi suspensa em 19 de marçode 1979; quando o presidente Jimmy Carter negou-se a renovar esta regulamentação, que devia ser

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renovada a cada seis meses.

As restrições para os gastos em dólares tambémforam reduzidas.

O presidente Ronald Reagan reinstaurou o embargocomercial em 19 de abril de 1982.

O embargo foi reforçado em outubro de 1992 pelaAta para a Democracia Cubana (popularmenteconhecida como lei Torricelli)[18] e em 1996 pelaAta para a liberdade cubana e pela solidariedade democrática(Ata Helms-Burton)[19]

Estas atas ou leis apresentavam muitos artigosque estabeleciam que as filiais de empresasestadounidenses situadas em terceiros países, nãopoderiam estabelecer nenhum tipo de relaçãocomercial com Cuba.

Enquanto os Estados Unidos mantém relaçõescomerciais normais com outros estados comunistas,tais como a República Popular da China (com aqual seu comércio aumentou de US$ 5 bilhões em1980 para US$ 231 bilhões em 2004, o que a tornouseu terceiro maior parceiro comercial, suasegunda maior fonte de importações, e seu quintomaior mercado exportador)[20], e tenha levantadoseu embargo contra o República Socialista doVietnã, em fevereiro de 1994 (o que fez seucomércio internacional com aquele país comunistacrescer de US$ 220 milhões em 1994 para US$ 6,4bilhões em 2004)[21], o mesmo não ocorre em relaçãoa Cuba por que existe um forte "lobby de Cuba",majoritariamente conservador, formado porexilados cubanos, liderados pelo Comitê de AçãoPolítica Democrática Cuba-Estados Unidos[8], na sua maioriaresidentes no estado da Flórida, cujasinfluências políticas nos Estados Unidosdificultam a normalização das relaçõesdiplomáticas com Cuba.

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Esse comitê é uma pequena organização,economicamente muito poderosa, que forma ochamado "lobby de Cuba", de linha dura em matériade isolamento e embargo, e é apoiado peloscubano-norte-americanos[8].

Recrudescimento das sanções

A partir de 2002, o clima de confronto entre osEstados Unidos e Cuba, que nunca deixou deexistir, assume novos contornos, no governo Bush.[22]

Em junho de 2004, George Bush anunciou as medidasdo relatório da “Comissão de Ajuda para uma CubaLivre”, objetivando uma “mudança de regime”, comodisse o Presidente americano.

São ações que recrudescem ainda mais o bloqueio,agravando as ações contra o turismo e osinvestimentos em Cuba, restringindo os fluxosfinanceiros e limitando as remessas familiares[23]

Mais alguns exemplos

É proibido empresas de terceiros países aexportação para os Estados Unidos dequalquer produto que contenha algumamatéria-prima cubana (A França não podeexportar para os Estados Unidos uma geléiaque contenha açúcar cubano).

É proibido a empresas de terceiros paísesque vendam a Cuba bens ou serviços nos quaisseja utilizada tecnologia estadunidense ouque precisem, na sua fabricação, produtosdessa procedência que excedam 10% do seuvalor, ainda quando os seus proprietáriossejam nacionais de terceiros países.

Proíbe-se a bancos de terceiros países queabram contas em dólares norte-americanos apessoas individuais ou jurídicas cubanas, ouque realizem qualquer transação financeira

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em essa divisa com entidades ou pessoascubanas, em cujo caso serão confiscadas.Isso bloqueia totalmente Cuba de utilizar odólar em suas transações de comércioexterior.

É proibido aos empresários de terceirospaíses levar a cabo investimentos ounegócios com Cuba, sob o suposto de queessas operações estejam relacionadas comprioridades sujeitas a reclamação por partedos Estados Unidos da América. Osempresários que não se submetam a essaproibição serão alvo de sanções erepresálias como o cancelamento, ou nãorenovação, de seus vistos de viagem aosEstados Unidos [18] [19] .

Prejuízos causados pelo bloqueio

Segundo relatório anual da ONU, realizado em2005, o bloqueio já causou desde o seu início até2005, um prejuízo superior a 89 bilhões dedólares para o país caribenho [24]

Ato de guerra

Desde 1909, na Conferência Naval de Londres,ficou definido como princípio do Direitointernacional que o “bloqueio é um ato de guerra”e nessa base, o seu emprego é possível unicamenteentre os beligerantes.

Por esse motivo, o bloqueio contra Cuba éconsiderado como se fosse um ato de guerra. Masum ato de guerra econômico.

Assim como o Direito Internacional classifica obloqueio como genocídio, pois não haveria nenhumanorma internacional que o justifique em tempos depaz.

Condenações mundiais ao bloqueio

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Votações contra o bloqueio feitas pela ONU

Em 2005 a Assembléia Geral das Nações Unidascondenou o bloqueio pela 14ª vez, por uma largamargem de votos. Apenas três países votaramcontra a resolução que pedia o fim do bloqueio:as Ilhas Marshall, Israel e os Estados Unidos.

Em 15 de outubro de 2005 em Salamanca, durante aXV Cimeira Ibero-Americana, os líderes da comunidadeibero-americana aprovaram duas resoluções sobreCuba, cujo texto final inclui declarações quecondenam o embargo "econômico, comercial efinanceiro" norte-americano e "apoiam a extradição doanticastrista Posada Carriles" e que, segundo os chefesde Estado e Governo, "em nada diferem de outras jáaprovadas em cimeiras anteriores ou nas Nações Unidas." Opresidente da Comissão Europeia, Durão Barroso,disse ser importante ficar claro que a condenaçãodo embargo não constitui "um sinal de tolerância sobre aviolação de direitos humanos em Cuba."[25]

A Assembléia Geral das Nações Unidas de 2006aprovou, por 183 votos a favor, quatro contra(Israel, Ilhas Marshall, Palau e Estados Unidos)e uma abstenção (Micronésia)[26], a condenação dobloqueio imposto pelos Estados Unidos a Cuba,pela 15º vez consecutiva.

Em 2008, ao vigésimo nono dia do mês de outubro,a Assembléia Geral da Organização das NaçõesUnidas (ONU) aprovou por ampla maioria aresolução contra o bloqueio econômico impostopelos Estados Unidos a Cuba.[1] Dos 192 países,185 votaram contra o bloqueio; três a favor domesmo (Estados Unidos, Israel e Palau). Houveduas abstenções (Ilhas Marshall e Micronésia) edois países não votaram (El Salvador e Iraque).

O ministro das Relações Exteriores de Cuba,Felipe Pérez Roque, apresentou à Assembléia Geraldas Nações Unidas o projeto de resolução cubano

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intitulado "Necessidade de pôr fim ao bloqueioeconômico, comercial e financeiro, imposto pelosEstados Unidos da América a Cuba".

Pela décima sétima vez, a Assembléia votou sobrea questão.

O ato da aprovação só tem efeito simbólico. Omesmo em 2007, quando a Assembléia condenou apolítica dos EUA, com 184 votos a favor doprojeto que pedia a suspensão. Para que obloqueio seja suspenso, é necessária umaresolução do Conselho de Segurança da ONU, em queos EUA têm direito a veto. A discussão levanta apolêmica sobre a reforma da instituição.

Para o ministro cubano, o bloqueio constitui oprincipal obstáculo para o desenvolvimentoeconômico e social do país.

Pérez Roque ressaltou que agora o debate e avotação da resolução ocorrem em um cenáriodiferente: a passagem de dois furacões, aseleições nos EUA e a crise financeirainternacional.

O ministro afirmou que o bloqueio "é uma políticagenocida e ilegítima".

Organismos internacionais se solidarizaram com aluta de Cuba pelo fim do bloqueio.

A Comunidade Caribenha (Caricom) denunciou que obloqueio é um impedimento ao desenvolvimento doCaribe e não somente um castigo a Cuba.

Na Assembléia da ONU, o representante do Caricom,George Talbot, disse que a segurança de Cuba e asua recuperação após a passagem dos furacõesestão comprometidas pelo bloqueio.

O Movimento de Países Não Alinhados, que agrupa118 países, também se pronunciou em favor de

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Cuba.

O representante do movimento, o embaixadoregípcio Maged Abdelaziz, afirmou que essapolítica dos Estados Unidos impõe obstáculos paraa total realização dos direitos humanos do povocubano.

Vaticano

O papa João Paulo II também condenou publicamenteo bloqueio durante suas visitas pastorais à ilhaem 1979 e 1998.[carece de fontes?]

Organização dos Estados Americanos (OEA)

O secretário-geral da Organização dos EstadosAmericanos (OEA), José Miguel Insulza, manifestouem 20 de janeiro de 2009 a esperança de que, soba presidência de Barack Obama, os Estados Unidoslevantem o embargo que mantêm há mais de 50 anoscontra Cuba.[27]

Referências

1. ↑ a b LEO House OKs Cuba food trade, auto safety bill sent to Clinton. . October 12, 2000

2. ↑ CIA's The World Factbook

3. ↑ U.S. leads in authorizing humanitarian aidto Cuba, State Department says Miami Herald,15 de abril de 1999

4. ↑ The Cuban Foreign Ministry thanks the U.S.government for its concern regarding the damages caused by Hurricane Michelle, Granma, 9 de novembro de 2001

5. ↑ Necessity of ending the economic, commercial and financial embargo imposed by the United States of America against Cuba. , Assembléia Geral, Nações Unidas, A/62/L.1, 15 de outubro de 2007

6. ↑ ONU volta a pedir fim do embargo americano contra

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7. ↑ chirinos, fanny s. (March 30 2006). Bonilla calls for end to Cuba trade embargo. caller.com. Página visitada em 22 de outubro de 2006.

8. ↑ a b c GHARIB, Ali. Embargo à Cuba é obsoleto e inútil afirmam especialistas. Washington: Inter Press Service; 22 de outubro de 2007

9. ↑ Memorandum of Discussion at the Department of State-Joint Chiefs of Staff Meeting , Pentagon, Washington: May 2,1958,11:30 a.m.

10. ↑ Timeline: US-Cuba relations. BBC News, Thursday, 23 August 2007, 14:13 GMT 15:13 UK

11. ↑ Memorandum From the Assistant Secretary of State for Inter-American Affairs (Rubottom) to the Deputy Under Secretary of State for Political Affairs (Murphy) Washington: Department of State, Central Files, 737.5-MSP/6-2658, 26 de junho de 1958.

12. ↑ Statement by the President Upon Signing Bill and Proclamation Relating to the Cuban Sugar Quota. The American Presidency Project; americanpresidency.org; July 6th, 1960

13. ↑ Telegram From the Department of State to the Embassy in Cuba. Washington: 3 de janeiro de 1961, 21h05

14. ↑ Proclamation 3447--Embargo on all trade with Cuba.

15. ↑ Cuban Assets Control Regulations.

16. ↑ Novena Reunión de Consulta de Ministros de Relaciones Exteriores... , Washington, D.C., July 21-26, 1964. (OEA/Ser.C/II.9)

17. ↑ Decimosexta Reunión de Consulta de Ministros de Relaciones Exteriores. , Washington, DC: Secretaria General de la Organizacion de los Estados

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18. ↑ a b Cuban Democracy Act of 1992. U. S. Government, Department of State

19. ↑ a b LOWENFELD, Andreas F. Congress and Cuba: The Helms-Burton Act . The American Journal of International Law, Vol. 90, No. 3 (Jul., 1996), pp. 419-434.

20. ↑ MORRISON, Wayne M. China-U.S. Trade Issues. Foreign Affairs, Defense, and Trade Division, atualizado em 1 de julho de 2005

21. ↑ Vietnam-US Relations.

22. ↑ U.S.D.S. United States – Departament of State. Bush Announces Strengthening Measures Dealing with Cuba . Washington D.C., 13 de julho de 2002(a). Acessado em: 10 out. 2002.

23. ↑ Report to the President: Commission for Assistance to a Free Cuba. May 6, 2004

24. ↑ ISRAEL, Esteban. Cuba classifica embargo norte-americano de "esquizofrênico". Havana: Agência Reuters, in UOL Notícias, 18/09/2007 - 18h01

25. ↑ SALVADOR, Susana. Salamanca 'desbloqueia' embargo dos Estados Unidos a Cuba. Lisboa: Diário de Notícias, 16 de Outubro de 2005

26. ↑ General Assembly yet again issues annual call for end to US embargo against Cuba. Nova York: UN News Centre; 9 de novembro de 2006

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