Crise Internacional pré Primeira Guerra Mundial

Crise Internacional pré Primeira Guerra Mundial


Tendências1871-1918: marca um novo período nas

relações internacionais (Ris) europeias;- 1871: Unificação Alemã: realizada a partir de

três guerras, industrialização rápida e eficiente;

- 1918: declínio do poder europeu. - O Império Alemão influenciou mais do que

qualquer outro país o caráter das Ris.


- 1871-1897: potencial de hegemonia sobre a Europa;

- 1897-1918: potência mundial não satisfeita;- “O medo frente ao domínio alemão da Europa e

às ambições alemãs em escala mundial superou as rivalidades e as linhas de conflito tradicionais entre Inglaterra, a França e a Rússia, concentrando a orientação da política exterior desses Estados numa aliança defensiva contra a Alemanha” (Wolfgang Döpke)



- A lógica do sistema de Viena tornara-se impraticável:

a)As unificações eliminaram os pequenos estados que atuavam como tampões na Europa;

b)A parte europeia do Império Otomano deixa de ser moderadora de conflitos para transforma-se em produtora de crises;


Com exceção do Império Austro-Húngaro, todas as potências europeias, mais EUA e Japão, entraram no círculo das potências coloniais. O “novo imperialismo” forçou a entrada no sistema internacional de partes que ainda se encontravam fora:a) partilha da África;b) ocupação territorial de parte da Ásia;c) abertura da China.

Nunca a brecha militar, econômica e tecnológica entre a Europa e o resto do mundo seria maior.


Todavia, já se identificam limites ao poder europeu.

EUA: entre a Guerra Civil e o final do século tornaram-se a primeira potência industrial do mundo;

Japão: derrota a Rússia em 1905.


A partir de 1871, o sistema de Estados não mais retornou aos objetivos principais do Concerto Europeu

- Até 1879: destruição total do consenso com ausência de alianças permanentes e alianças ocasionais entre as potências;

- Após 1879: sistema de alianças permanentes mesmo em tempo de paz;

- 1907: bipolaridade. Tríplice Aliança: Alemanha, Áustria-Hungria e Itália. Tríplice Entente: França, Rússia e Grã-Bretanha.


Dimensão interna do sistema europeu- Cinco grandes potências: Alemanha, França, Grã-

Bretanha, Rússia e Áustria-Hungria;- O equilíbrio de poder se alterara desde 1871; - Teste de grande potência: guerra e capacidade

industrial. a) Alemanha: potencial hegemônico;b) França: perdeu seu potencial hegemônico;c) Império Áustro-Húngaro: declínio; d) Rússia: grande população e fraqueza industrial; e) Itália: atraso econômico e insuficiência militar.


Fatores que alteraram as Ris do período:- Lenta (mas contínua) democratização:

partidos, grupos de interesse, organizações civis de massa e imprensa;


- Nacionalismo: mudança de caráter em relação ao início do século XIX; reflexo da passagem muito rápida para a sociedade de massas e de mercado; Jingoísmo (GB), chovinismo (Fr), novo imperialismo (EUA), grupos nacionalistas na Alemanha. Influência do darwinismo social.


- Nacionalismos separatistas: Império Otomano e Áustria-Hungria.



Divisão: 1871- 1890: diplomacia da Europa e relações internacionais foram dominadas pelasalianças do sistema de Bismarck.1890 – 1918: bipolarização em blocos de poder permanente, preparação e advento daPrimeira Guerra Mundial.


Em termos de historiografia, o período é controverso. Principais debates:

1)Existência de equilíbrio de poder ou de hegemonia alemã após 1871;

2)Explicação da expansão europeia depois de 1870- teorias do imperialismo;

3)Causas da Primeira Guerra Mundial.


1871-1890Objetivo de Bismarck: integridade da Alemanha, tática: sugerir desinteresse alemão por qualquer aumento de poder.

1815-1898 [1871-1890]


Panorama do continente europeu:1) Estados Liberais:a) França: derrotada na Guerra franco-prussiana, organiza sua III República.Recupera-se do trauma da Guerra e da Comuna de Paris, alimentando umdesejo de revanche contra a Alemanha.b) Inglaterra: vive o “esplêndido isolamento”.2) Estados Absolutistas:a) Áustria-Hungria.b) Rússia.c) Império Otomano3) Países liberais da Europa meridional:a) Itália.b) Portugal.c) Espanha.


Bismarck:Sua referência era a posição da Alemanha na

Europa. Seus objetivos:1) Isolar a França;2) Manter a Inglaterra despreocupada das questões

continentais. Era inabordável por mar e o foco de conflito eram as questões coloniais.

3) Estabelecer alianças firmes com Rússia e Áustria-Hungria. A Rússia era inabordável.




A ideia era exercer uma política de arbitragem, evitando conflitos.

- Fez tratados (formais e duradouros) com aliados potenciais da França.

- A criação, longe da pretensão de “qualquer conquista territorial” de uma “situação política global”, “na qual todas as potências, fora a França, necessitassem de nós e, em suas relações entre si, fossem o quanto possível mantidas afastadas de coligações contra nós”.

- Isso implicava evitar antagonismos de seus aliados Rússia e Áustria-Hungria nos Bálcãs.

- Havia certa afinidade ideológica com os Estados monárquicos Conservadores da Europa.


Sistemas de Bismarck1) Primeiro Sistema. Tratado dos Três

Imperadores (1872/1873-1878) – Alemanha, Áustria-Hungria e Rússia. Em 1874 houve a adesão da Itália. Valeu até 1878 e enfrentou dois tipos de dificuldades: a reação francesa e o temor de uma “guerra preventiva”, e a crise dos Bálcãs que motivou o Congresso de Berlim de 1878 e afastou a Rússia.



2) Segundo Sistema (1879-1885): conseguiu agrupar em torno da Alemanha um grupo de aliados que pareciam poder afastar a revanche francesa e assegurar a paz:

a) Dúplice-aliança: 1879, entre Alemanha e Áustria, com um tratado secreto válido por cinco anos.

b) Tratado de 1881 entre Alemanha, Áustria-Hungria e Rússia. Acordo de três anos renovado em 1884.

c) Tríplice Aliança: 1882. Foi a adesão da Itália à Tríplice Aliança. Válido por cinco anos.

Ponto alto do isolamento francês.



3) Terceiro Sistema (1887-1891)a) Renovação da Tríplice Aliança em 1887;b) Tratado de Resseguro entre Alemanha e Rússia.

Secreto, estabelecia a dupla neutralidade com respeito às questões dos Bálcãs;

c) Tratado entre Itália e Grã-Bretanha em 1887: fórmula de aproximação da Alemanha com a Inglaterra pela mediação italiana. Manutenção do status quo no Mediterrâneo. Reforçado por um acordo entre Itália e Espanha em 1887;

Sistema tornou-se complicado e contraditório.



O sistema foi se encaminhando para um afastamento da Alemanha e da Rússia. As razões disso foram:

- Papel mediador da Alemanha no conflito russo-austríaco e sua preferência pela Áustria;

- Dimensão econômica: a proteção aduaneira de produtos agrários prejudicava a Rússia. A Rússia passa a se orientar economicamente para a França. Após, a orientação seria política e diplomática.


Questão do Oriente: foi o conjunto de problemas políticos internacionais surgidosem consequência do declínio do Império Otomano, que era o “guardião dosestreitos”. A área dos estreitos de Bósforo e de Dardanelos passou a ser disputadapelas potências europeias – Rússia, Inglaterra, França e Áustria. As potências oradefenderam a integridade do Império, ora defenderam a sua desintegração em váriosEstados, sempre em função dos seus interesses econômicos e políticos .

RússiaA Rússia era uma das únicas potências europeias que não possuía bons portos. Seusportos estavam situados em zonas afastadas das rotas comerciais., regiões de águasgeladas ou facilmente bloqueáveis. Durante todo o século XIX a Rússia buscouuma saída para o Mediterrâneo via Bósforo ou Dardanelos. Daí seu interesse emdefender o Império Otomano para proteger os cristãos eslavos.



Inglaterra: Tinha interesses econômicos e políticos no Mediterrâneo oriental. E em garantir rotas marítimas e terrestres que a comunicassem com a Índia. Daí seu interesse na “integridade”do Império Otomano.

França: Tinha interesse n Egito. Mas estava isolada na Europa.

Áustria: Também tinha interesse em bons portos e na livre navegação no Danúbio. Mas se envolveu nessa questão depois que perdeu a influência sobre a Alemanha e Itália.


Consequências: o Império Otomano sofreu diversos desmembramentos. Houve o surgimento de novos Estados: Bulgária, Romênia, Grécia, Sérvia.



1890-191418 de março de 1890: demissão de Bismarck. A historiografia antagoniza a política continental conservadora de Bismarck e a Weltpolitik agressiva de Wihelm II.

- Há, todavia, entre ambas, linhas de continuidade. Ex: a deterioração das relaçõesAlemanha e Rússia iniciou com Bismarck; o novo rumo mantinha a política continental, com a tentativa de ganhar a Grã-Bretanha.

- 1887-1897: anos de transição; formação do antagonismo teuto-russo, Weltpolitik e programa de construção naval, que criou o antagonismo teuto-britânico.

- Aliança franco-russa: entre 1891 e 1894. Pacto militar defensivo que previa ajuda mútua.

- Para a Alemanha, motivou o temor da guerra em duas frentes e gerou o Plano de Schieffen.

- Até 1896, tentou-se uma aproximação com a Inglaterra.

Wihelm II (1859-1941) [1888-1918]


- Em 1897 ocorreu o rompimento definitivo com a política de Bismarck. Início da política da “mão livre”: liberdade em relação a alianças até armar-se e constituir aliança com a Rússia contra a Inglaterra;

- Aspirava a um status de potência mundial;- Na prática, os feitos foram pífios;


- O cerne era a construção de uma marinha de guerra que rivalizasse com a inglesa;

- Na Inglaterra, desencadeou-se a navy-scare entre 1908-1909;

- Término da spendid isolation britânica;- Até 1900, os antagonistas da Inglaterra ainda

eram a França e a Rússia;- A Weltpolitik e a construção naval alemã

mudaram esse quadro;


- 1904: Entente Cordiale franco-inglesa. Era mais um acerto para a superação dos conflitos coloniais – Egito/Marrocos;

- 1905-1906: derrota da Rússia para o Japão e revolução russa;



1904-1914: era das crises- Crises franco-alemãs de origem colonial;- Crises austro-russas de origem balcânica

(Rússia se volta para os Balcãs).


Primeira crise marroquina:-Tentativa de romper por parte da Alemanha a entente cordiale;-Alemanha exigia uma conferência para decidir a independência do Marrocos;-A Conferência de Algesiras (1906) confirmou a independência formal do Marrocos, mas confirmou o domínio informal francês;-A entente cordiale saiu fortalecida e a França se aproximou mais da Rússia; Conferência de Algesiras


-Em 31 de agosto de 1907 a Inglaterra assina um tratado com a Rússia: Tríplice Entente;


Crise de anexação da Bósnia-Hezergovina (1908-1909)-Em outubro de 1908, Áustria Hungria anexou Bósnia (pretexto era evitar sua anexação pela Turquia);-Sérvios pedem a intervenção russa;-Rússia não intervém, mas se volta contra a Áustria-Hungria;-Nacionalismo eslavo se torna mais agressivo;

Le Petit Journal 18/10/1908


Segunda crise marroquina ou crise de Agadir (1911)-Ocupação pela França da capital do Marrocos para dominar uma revolta contra o sultão motivou o envio pela Alemanha a canhoeira Panther para o porto de Agadir;-Intenção: em troca do reconhecimento do domínio francês do Marrocos, obter territórios no Congo;-Inglaterra interveio a favor da França; -Acordo franco-alemão de 4 de novembro de 1911: França cedia parte do Congo e recebia parte dos Camarões. França estabelece protetorado no Marrocos a partir de 1912 e se compromete a exercer o direito de preempção no Congo belga consultando a Alemanha. -Fortalecimento da Tríplice Entente.


Crise balcânica de 1912-1913 (primeira e segunda guerra balcânica)-Império otomano mantinha território na Europa que era cobiçado por Grécia, Bulgária e Sérvia; -Itália declara guerra aos Turcos em setembro de 1911;-13 de março de 1912: tratado servo búlgaro. Se uniram à Grécia e Montenegro.;-13 de outubro de 1912: ultimato à Turquia e guerra (primeira guerra);-Durante as negociações a Bulgária ataca a Sérvia que a vence rapidamente (tratado de Bucareste de 10 de agosto de 1913) (segunda guerra); -Crescimento da Sérvia e aumento da tensão da região com a Áustria-Hungria.


The Punch - 1908

Crise Internacional pré Primeira Guerra Mundial

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