HANZ ENZ ENS BE R E In: Mediocridade e loucura e outros ensaios. São Paulo: Ed. Ática, 1995. p. 35–42. CREPÚSCULO DOS RESENHISTAS ESDE QUANDO EXISTEM CRÍTICOS? Desde quando eles deixaram de existir? As profissões e seus no- mes aparecem e desaparecem; como figuras na di- visão de trabalho, eles são sujeitos a obscuras re- gras de evolução cultural. Reconhecemos essa situação e a aceitamos, pelo menos em ter mos genér icos. É apenas no nosso próprio ofício que as coisas são um pouco diferentes. É extre- mamente difícil para nós acreditar que somos dispensáveis! No entanto, basta pensarmos no mineiro das salinas, no fabricante de espadas — para onde eles sumiram? —, no homem que fa- ziam cestos, no que fundia latão , no fabr icante de agulhas ou de esporas. É possível que, sem que nos déssemos conta, o mesmo tenha acontecido conosco. Uma extinção brutal, completa e abrupta costuma ser a exceção. T ransições graduais, transforma- ções imperceptíveis — é assim que as coisas c ostumam aconte- cer. As quantidades nas espécies ameaçadas vão diminuindo num processo dificilmente percebido pelo restante do mundo, até que o último desapareça. É perfeitamente imaginável que num futuro pró ximo perguntemos o que aconteceu com o crí- tico, o resenhista. Eles estavam lá, há questão de momentos… ou teriam sido frutos de nossa imaginação? Dizem que existem autores que continuam se queixando dos seus críticos. Por mera questão de hábito, eles continuam uma controvérsia que nunca foi particularmente produtiva. A D j