UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO Correlatos do reconhecimento de emoções faciais com medidas fisiológicas do teste de controle postural em indivíduos com Transtorno de Ansiedade Social Kátia Cruvinel Arrais Ribeirão Preto 2013
99
Embed
Correlatos do reconhecimento de emoções faciais com ...pgsm.fmrp.usp.br/.../2014/11/DOUTORADO-Katia-Cruvinel-Arrais.pdf · KÁTIA CRUVINEL ARRAIS Correlatos do reconhecimento de
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO
Correlatos do reconhecimento de emoções faciais com medidas fisiológicas do teste
de controle postural em indivíduos com Transtorno de Ansiedade Social
Kátia Cruvinel Arrais
Ribeirão Preto
2013
KÁTIA CRUVINEL ARRAIS
Correlatos do reconhecimento de emoções faciais com medidas fisiológicas do teste
de controle postural em indivíduos com Transtorno de Ansiedade Social
Área de Concentração: Saúde Mental
Orientador: Prof. Dr. José Alexandre de Souza Crippa
Ribeirão Preto
2013
Tese apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Doutor em Ciências.
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.
Ficha Catalográfica
Arrais, Kátia Cruvinel
Correlatos do reconhecimento de emoções faciais com medidas fisiológicas do
teste de controle postural em indivíduos com Transtorno de Ansiedade Social.
Ribeirão Preto, 2013.
99p. : il.; 30cm
Tese de doutorado, apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo. Área de concentração: Saúde Mental.
Tese apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Doutor em Ciências Área de Concentração: Saúde Mental
Agradecimentos
Mais uma fase da minha vida é concluída neste momento e diversas pessoas foram essenciais para sua realização e desta forma só tenho a agradecer:
À Deus, que esteve comigo em todos os momentos.
Ao Prof. Dr. José Alexandre de Souza Crippa, que não só foi idealizador da proposta inicial deste estudo, mas foi quem me ofereceu a oportunidade de fazer deste estudo, sendo assim, a base fundamental para que eu chegasse até aqui. Pessoa que foi um exemplo e me ensinou coisas que levarei pelo resto da minha vida. Sempre tão paciente, competente e disponível; hoje posso dizer que a admiração não foi apenas inicial, pois só cresceu ao longo deste período.
À Maria Cecília, Alaor, Carlos e Flavia Osório, que realizaram a coleta dos dados relacionados ao primeiro experimento.
À FAPESP, pelo auxilio financeiro.
À banca examinadora, pela disponibilidade e atenção dispensadas a este trabalho.
Ao programa de Pós-Graduação em Saúde Mental.
Aos Profs. Dr. Antonio Waldo Zuardi e Dr. Francisco Silveira Guimarães, pela paciência, auxilio na realização das analises estatísticas e demais contribuições a este trabalho.
Ao Prof. Dr. Antonio Egidio Nardi, pelas sugestões e empréstimo da plataforma de força.
À Michelle Levitan e Aureliano, pelo treinamento e auxilio na transformação dos dados coletados através da plataforma de força.
À Ila, pela solidariedade, disponibilidade, presteza e companheirismo durante todo o processo de coleta dos dados.
Aos colegas, amigos, técnicos e professores da Pós-graduação, Prof. Dr. Jaime Eduardo Cecílio Hallak, João Paulo Machado de Sousa, Selma Pontes, Sandra Bernardo, Flávia Osório, André, Clarissa, Cristiano, Dani, Emerson, Ligia, Marcos, Mateus, Nelson, Rafael, Simone, Tati, Thiago, pelo auxílio técnico, amizade, disponibilidade, paciência, momentos de descontração e por me ensinarem tanto ao longo deste período.
Aos voluntários, pela disponibilidade.
À toda minha família pelo amor e fé.
Aos meus pais, que me ensinaram o valor do conhecimento e, que fizeram da educação de nós filhos, seu principal objetivo. Lembro-me, de ainda na infância, pedirmos tantas coisas e do meu pai nos dizer que a única coisa que poderiam nos oferecer seria uma boa educação e que tudo mais poderíamos conquistar através desta. Hoje compreendo o quanto isso custou à eles e sei que este foi o maior presente que algum dia eu poderia receber. Agradeço ainda, o carinho, o cuidado, confiança, compreensão e o apoio para que eu pudesse realizar cada coisa que um dia desejei.
Ao meu marido, pelo amor, dedicação, compreensão, paciência e persistência.
Aos meus irmãos e sobrinhos, que sempre me proporcionam momentos de tanta alegria e compreenderam a minha ausência em alguns momentos.
Aos meus tios, que me acolheram como filha e me ofereceram suporte.
Às amigas Alininha e Erikinha, que sempre estiveram ao meu lado e, se hoje sei o que significa amizade, posso dizer que aprendi com elas.
“Conhecer não é demonstrar nem explicar, é aceder à visão.”
(Antoine de Saint-Exupéry)
Produção científica originada desta Tese
Artigos completos publicados em periódicos indexados
• Arrais KC, Machado-de-Sousa JP, Trzesniak C, Santos Filho A, Ferrari MC, Osório FL, Loureiro SR, Nardi AE, Hetem LA, Zuardi AW, Hallak JE, Crippa JA. Social anxiety disorder women easily recognize fearfull, sad and happy faces: the influence of gender. J Psychiatr Res. 2010 Jun;44(8):535-40
• Machado-de-Sousa JP, Arrais KC, Alves NT, Chagas MH, de Meneses-Gaya C, Crippa JA, Hallak JE. Facial affect processing in social anxiety: tasks and stimuli. J Neurosci Methods. 2010 Oct 30;193(1):1-6.
Trabalhos Resumidos Publicados em Anais de Congressos
• Arrais KC, Rodríguez LMP, Linares IMP, Machado-de-Sousa JP, Hallak JEC, Crippa JA. Women with social anxiety disorder are hypersensitive to threat-related. Praga, República Tcheca. WPA International Congress, 2012.
Nardi AE, Zuardi AW, Hallak JEC, Crippa JAS.Body sway patterns in patients with social anxiety disorder viewing fearful facial expressions. Florença, Italia. 8th IBRO World Congress of Neuroscience, 2011.
Resumo
ARRAIS, K. C. Correlatos do reconhecimento de emoções faciais com medidas fisiológicas do teste de controle postural em indivíduos com Transtorno de Ansiedade Social. 2013. 99f. Tese (doutorado) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2013.
Alguns estudos sugerem que indivíduos com transtorno de ansiedade social (TAS) apresentariam alterações no processamento de emoções faciais. Os objetivos deste estudo foram: Avaliar o reconhecimento de expressões faciais estáticas e dinâmicas de seis emoções básicas (alegria, tristeza, nojo, raiva, medo e surpresa) em indivíduos com TAS e avaliar o comportamento postural e as reações fisiológicas quando estes sujeitos são expostos às estas expressões. A amostra foi constituída por 78 sujeitos com TAS e 153 controles saudáveis na primeira etapa e 30 sujeitos com TAS e 31 saudáveis na segunda etapa. Todos os voluntários são estudantes universitários, com idade entre 18 e 30 anos e com classificação sócio-demográfica similar. As tarefas de reconhecimento de expressão facial consistiram em julgar qual emoção facial era apresentada na tela de um computador. Os estímulos foram apresentados em forma de filme e estáticas. Todos os estímulos iniciavam com uma face neutra (0%) e conforme era avançado, a intensidade da emoção apresentada aumentava gradativamente até que atingisse a expressão total de uma determinada emoção (100%). Quando o sujeito fosse capaz de reconhecer a emoção apresentada, deveria imediatamente informar a emoção reconhecida. Este procedimento deveria ser repetido até o término da tarefa. Foram posteriormente avaliados o tempo, a acurácia e a intensidade necessária para que ocorresse o reconhecimento. Na tarefa em que pretendíamos avaliar o comportamento postural e as reações fisiológicas de indivíduos com TAS frente às emoções faciais foi solicitado ao voluntário que permanecesse sobre uma plataforma de força (estabilômetro) enquanto era exposto à emoções faciais. Posteriormente, avaliamos se havia correlação entre desempenho no reconhecimento de emoções faciais e as reações fisiológicas e o comportamento postural dos indivíduos com TAS quando expostos as emoções faciais. Na tarefa de reconhecimento de estímulos estáticos observou-se que as mulheres com TAS são sensíveis ao reconhecimento de faces de alegria (p=0,002) e tristeza (p=0,033). Foi observado ainda que os indivíduos com TAS são mais sensíveis para o reconhecimento de faces que expressam medo (p=0,003) e apresentaram aumento da freqüência média de oscilações corporais quando expostos à esta emoção (p = 0,027). Este achado sugere que indivíduos com TAS iniciam respostas defensivas a ameaça iminente, considerando que as expressões faciais de medo indicam a presença de possível risco em um determinado ambiente. A maior freqüência de oscilação do corpo poderia ser atribuída à tendência dos pacientes com TAS tem de escapar diante da ameaça potencial antes que uma avaliação de risco detalhada seja concluída. Este comportamento pode desempenhar um papel importante na manutenção do TAS, tendo em vista que a evitação social decorrente da avaliação do risco imprecisa pode levar a uma redução da frequência de interação social.
Palavras-Chaves: Transtorno de Ansiedade Social, Fobial Social, Reconhecimento,
Expressões Faciais, Controle Postural.
Abstract
ARRAIS, K. C. Correlates of recognition of facial emotions with physiological measures of postural control testing in individuals with Social Anxiety Disorder. 2013. 99f. Tese (doutorado) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2013.
Some studies suggest that individuals with social anxiety disorder ( SAD ) would present alterations in the processing of facial emotions. The aims of this study were to evaluate the recognition of static and dynamic facial expressions of six basic emotions ( happiness, sadness , disgust , anger , fear and surprise) in individuals with SAD and evaluate postural behavior and physiological reactions when these individuals are exposed to these expressions . The sample consisted of 78 subjects with SAD and 153 healthy controls in the first stage and 30 subjects with SAD and 31 healthy in the second stage . All volunteers are university students , aged between 18 and 30 years and with similar socio- demographic classification . The recognition tasks consisted of facial expression facial judge which emotion was displayed on a computer screen . The stimuli were presented in movie mode (dynamic) and photographs (static). All stimuli started with a neutral face ( 0 % ) and was advanced as the intensity of the emotion displayed increased gradually until it reached the full expression of a particular emotion ( 100 % ) . When the subject was able to recognize the emotion presented , should immediately inform the recognized emotion . This procedure should be repeated until the end of the task . Were evaluated further time , the accuracy and intensity required for recognition to occur . In the task we wanted to evaluate postural behavior and physiological reactions of individuals with SAD forward to facial emotions was asked to volunteer to remain on a force platform while being exposed to facial emotions. Subsequently , we evaluated whether there was a correlation between performance in the recognition of facial emotions and physiological reactions and postural behavior of individuals with SAD when exposed facial emotions. In recognition task of static stimuli was observed that women with SAD are sensitive to facial recognition of happiness (p = 0.002) and sadness (p = 0.033). It was observed that individuals with SAD are more sensitive to the recognition of faces expressing fear ( p = 0.003) and showed an increase in mean power frequency of body sway when exposed to this emotion (p = 0.027) . This finding suggests that individuals with SAD initiate defensive responses to imminent threat, whereas facial expressions of fear indicate the presence of possible risk in the environment . The highest frequency of oscillation of the body could be attributed to the tendency of patients with SAD must escape before the potential threat before a detailed risk assessment is completed. This behavior may play an important role in maintaining the TAS in order that the resulting social avoidance of inaccurate assessment of risk may lead to a reduction in the frequency of social interaction.
Key-words: Social Anxiety Disorder, Social Fobia, Recognition, Facial Expressions,
Postural Control.
Lista de Tabelas
Tabela 1. Visão geral dos principais resultados por referências
Tabela 2. Características clínicas e demográficas das amostras da 1ª Etapa
Tabela 3. Características clínicas e demográficas das amostras da 2ª Etapa
Tabela 4. Frequência cardíaca e eletro condutância da pele durante a exposição às expressões faciais
Lista de Figuras
Figura 1. Exemplo da representação das emoções básicas por um dos atores.
Figura 2. Exemplo de morfismo.
Figura 3. Exemplo de imagens intermediárias representando alegria em rosto feminino, partindo da face neutra (0% de emoção) até a expressão plena (100%) com acréscimos sucessivos de 10%.
Figura 4. Imagem ilustrativa do procedimento
Figura 5. Imagem ilustrativa do procedimento
Figura 6. Plataforma de força
Figura 7. Imagem ilustrativa do procedimento
Figura 8. Exemplo da sequência de apresentação das imagens
Figura 9. Média de quadros avançados (intensidade da emoção) pelas mulheres até que fosse emitida a resposta para cada emoção
Figura 10. Média de quadros avançados (intensidade da emoção) pelos homens até que fosse emitida a resposta para cada emoção
Figura 11. Média de quadros avançados (intensidade da emoção) até que fosse emitida a resposta para cada emoção
Figura 12. Frequência média dos deslocamentos ântero-posteriores dos voluntários quando expostos as expressões faciais.
Figura 13. Exemplo de frequência média dos deslocamentos de um voluntário saudável quando exposto à expressão de medo
Figura 14. Exemplo de frequência média dos deslocamentos de um individuo com TAS quando exposto à expressão de medo
Lista de Abreviaturas e Siglas
ANOVAmr Análise de variância de medidas repetidas
BAI Beck Anxiety Inventory
BSPS Brief Social Phobia Scale;
DPS Disability Profile Scale
FC Frequência cardíaca
LSRDS Liebowitz Self-Rated Disability Scale
MANOVA Análise de Variância Multivariada
PHQ Patient Health Questionnaire
SCID-CV Entrevista Clínica Estruturada para o DSM-IV
SCL Média do nível de condutância da pele
SD Desvio Padrão
SF Número de flutuações do nível de condutância da pele
1.1Ansiedade...................................................................................................................16 1.2O Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social).....................................................17 1.3Critérios Diagnósticos para Fobia Social (DSM –IV)................................................19 1.4Reconhecimento de expressões faciais.......................................................................21 1.5Análise do balanço postural e avaliação de reações fisiológicas ...............................27
3.1 Seleção dos Sujeitos..................................................................................................33
3.1.1 Instrumentos de avaliação......................................................................................35
3.2 Tarefa de reconhecimento das expressões faciais.....................................................38 3.2.1 Confecção das tarefas.............................................................................................39 3.2.2 Descrição da tarefa.................................................................................................41
3.3 Tarefa de exposição às emoções faciais para avaliação do comportamento postural e monitoramento da ativação autonômica......................................................................... 47
4.1 Sujeitos......................................................................................................................55 4.2 Tarefa de reconhecimento das expressões faciais.....................................................56 4.3 Tarefa de exposição às emoções faciais para avaliação do comportamento postural e monitoramento da ativação autonômica..........................................................................59
Tabela 1. Visão geral dos principais resultados por referências
JACFEE,Japanese and Caucasian Facial Expressions of Emotion; PFA, Pictures of Facial Affect; KDEF,
Karolinska Directed Emotional Faces; DANVA, Diagnostic Analysis of Nonverbal Accuracy Scale; BFRT, Benton Facial Recognition Test; Fourteen studies used their own usually non-standardized series.
Embora existam diversos estudos sobre o tema e seus achados sejam relevantes,
procuramos nesta Tese superar as principais limitações presentes em estudos anteriores,
que são: (i) amostras pequenas; (ii) a inclusão de sujeitos já tratados e/ ou (iii) com
comorbidades.
Observamos ainda que até o momento em que esta pesquisa foi iniciada, não
haviam estudos publicados nesta área que tivessem adotado estímulos faciais dinâmicos.
técnica de computação gráfica morphing. O algoritmo do morphing pode gerar qualquer
imagem no contínuo de A para B e a posição da imagem neste contínuo é especificada
parametricamente. Essa parametrização é que nos dá a proporção de A e B na imagem
gerada e, conseqüentemente a similaridade em relação a A ou B pode ser controlada
(Benson & Perret, 1991).
Para fazer o morfismo entre faces foi necessário marcar manualmente todos os
pontos que definem os contornos da face e de cada elemento facial. Para cada ponto na
primeira face (face neutra) havia seu equivalente na segunda (face expressando
emoção). Utilizando esses pontos como referencial de “partida” e “alvo”, o algoritmo de
morph gerou as figuras intermediárias entre uma face e outra (Figura 2).
Figura 2. Exemplo de morfismo. Todos os pontos que definem o contorno e os elementos faciais das faces A e B foram marcados. Para cada ponto na face A, existia um correspondente na face B. Os pontos equivalentes das faces A e B foram sobrepostos e a distâncias vetoriais entre eles foram determinados como na face C. A imagem D representa uma imagem intermediária de A e B (50%).
Desta forma, cada imagem que representa características típicas de cada emoção
foi submetida ao morfismo com uma imagem neutra, o que gerou 9 imagens
intermediária que foram utilizadas na primeira tarefa e 998 imagens intermediárias com
acréscimo de 0,001% de uma para outra na segunda tarefa.
Para a confecção da segunda tarefa, tais imagens foram agrupadas, dando assim
origem a cada filme que consequentemente era constituído por 1000 imagens. A
primeira imagem apresentada em cada tarefa era uma face neutra (0%) e a última era a
representação típica da expressão emocional (100%).
Cada filme teve a duração de 10 segundos e foi apresentada com auxilio do
software de apresentação Superlab 4.0 (produzido por Cedrus Corporation®). Já para a
primeira tarefa, o tempo de apresentação era livre e dependente do avanço de cada
imagem pelo sujeito participante do estudo. Esta tarefa dinâmica recebeu o nome de
Movie Morphing Faces Task.
Figura 3. Exemplo de imagens intermediárias representando alegria em rosto feminino, partindo da face neutra (0% de emoção) até a expressão plena (100%) com acréscimos sucessivos de 10%.
Tabela 4. Freqüência cardíaca e eletro condutância da pele durante a exposição às expressões faciais
Grupo Média SD pControle 0,74 0,24
TAS 0,76 0,29
Controle 0,52 0,33
TAS 0,54 0,37
Controle 0,5 0,35
TAS 0,51 0,37
Controle 0,42 0,3
TAS 0,43 0,37
Controle 0,39 0,37
TAS 0,36 0,33
Controle 0,36 0,36
TAS 0,4 0,37
Controle 0,42 0,35
TAS 0,41 0,36
Controle 3,74 0,26
TAS 3,78 0,3
Controle 3,7 0,27
TAS 3,74 0,3
Controle 3,66 0,3
TAS 3,7 0,33
Controle 3,62 0,34
TAS 3,66 0,36
Controle 3,58 0,37
TAS 3,62 0,39
Controle 3,55 0,39
TAS 3,6 0,41
Controle 3,53 0,42
TAS 3,58 0,43
Controle 57,37 9,98
TAS 57,03 11,9
Controle 59,53 8,54
TAS 60,17 8,92
Controle 61,33 9,6
TAS 61,17 9,38
Controle 62,97 9,26
TAS 62,34 10,32
Controle 61,67 10,32
TAS 60,17 10,3
Controle 60,8 11,02
TAS 60,34 10,46
Controle 61,33 11
TAS 60,03 12,18
HR_Raiva 0,58
HR_Surpresa 0,87
HR_Neutro 0,67
HR_Tristeza 0,78
HR_medo 0,95
HR_Nojo 0,81
SCL_Surpresa 0,55
SCL_Neutro 0,55
HR_Alegria 0,91
SCL_Medo 0,49
SCL_Nojo 0,52
SCL_Raiva 0,54
SF_Neutro 0,87
SCL_Alegria 0,39
SCL_Tristeza 0,46
SF_Nojo 0,45
SF_Raiva 0,62
SF_Supresa 0,62
SF_Alegria 0,46
SF_Tristeza 0,56
SF_Medo 0,71
SD, desvio padrão; SF, número de flutuações espontâneas do nível de condutância da pele; SCL,respostas de condutância da pele; HR, frequência cardíaca.
5.2 Comportamento postural e monitoramento da ativação autonômica
Os sujeitos com TAS apresentaram aumento da frequência média de
deslocamentos antero-posteriores quando expostos a faces de medo embora não tenham
apresentado alterações estatisticamente significativas de freqüência cardíaca ou eletro
condutância da pele. Este mesmo grupo de sujeitos precisou de menor intensidade para
reconhecer as faces que expressavam medo, mas não demonstraram resultados
semelhantes no reconhecimento de outras emoções. Assim, podemos sugerir que os
indivíduos com TAS são mais sensíveis ao reconhecimento desta emoção.
De acordo com os níveis de defesa estabelecidos por Robert e Caroline
Blanchard (1988; Blanchard et al., 2001), quando um indivíduo é exposto à uma ameaça
potencial, ele tende a realizar uma investigação cautelosa do risco. Já quando a ameaça
está distante, o comportamento adotado é o de imobilidade (congelamento) como
tentativa de não chamar atenção para si e permitir o monitoramento da fonte de perigo,
assim como de preparação para luta ou fuga. No entanto, quando a ameaça está
próxima, a reação é de fuga ou agressão defensiva.
A esta análise realizada por Blanchard et al. (1988), Gray e McNaughton (2000) adicionaram componentes da teoria da aprendizagem, incluindo estímulos condicionados que sinalizam punição ou perda de recompensa (frustração) como eliciadores de ansiedade. Esses autores também realçam a importância da existência do conflito esquiva-aproximação e da direção da resposta para a distinção entre medo e ansiedade. Assim, quando a situação permite aproximação ao estímulo aversivo, caracterizando um conflito entre aproximação e evitação, os comportamentos observados (inibição comportamental e avaliação de risco) estariam relacionados à ansiedade. Por outro lado, quando a situação oferece somente as estratégias de defesa do tipo esquiva ativa e fuga, os comportamentos estariam relacionados com o medo (Carvalho-Netto, 2009)
.A observação da manifestação de medo por alguém em situações sociais
também constitui uma forma de aquisição de medos sociais, sendo esta conhecida como
condicionamento vicário (Caballo, 1995).
O medo envolve uma tendência de retirada (Davidson et al., 1990), mas a
aprendizagem pode atenuar, aumentar, ou até mesmo substituir esta tendência. No caso
de indivíduos com TAS outro estudo observou que este indivíduos apresentariam maior
sensibilidade para o reconhecimento de faces expressando medo (Arrais et al., 2009) e
desta forma a aprendizagem pode ter aumentado a tendência de retirada associada a esta
maior sensibilidade.
Desta forma, é possível concluir que os indivíduos com TAS apresentam
comportamento que corresponde com uma percepção exacerbada da intensidade da
ameaça, pois este tipo de resposta seria esperado quando este estivesse em uma situação
ameaçadora real.
Sendo assim, seria possível inferir que os sujeitos com TAS emitem respostas
defensivas (fuga) a ameaça potencial, considerando que a expressão de medo é
geralmente reconhecida como indicativa de perigo. A maior freqüência de oscilações
corporais poderia ser atribuída à tendência dos indivíduos com TAS a escapar diante da
ameaça potencial antes de uma avaliação de riscos seja concluída. Este comportamento
pode desempenhar um papel importante na manutenção do TAS visto que a evitação
social decorrente da uma maior sensibilidade para o reconhecimento de risco pode levar
a uma redução na frequência de interação social.
Segundo Barlow (1988), Öst e Hugdahl (1981), o TAS pode se desenvolver
como conseqüência de uma ou mais experiências de condicionamento traumático.
Caballo (1995) e Caballo, Andre e Bas (1997) explicam como ocorre o condicionamento de fobias sociais. De acordo com esses autores, os sintomas da fobia social podem constituir uma resposta condicionada, em que a
situação fóbica se torna um estímulo condicionado associado a uma experiência aversiva. Após essa associação, a freqüente esquiva da situação fóbica torna-se reforçada pela eliminação ou redução da ansiedade condicionada. Assim, a evitação mantém a ansiedade, uma vez que o indivíduo não aprende que a situação temida não é perigosa ou tão perigosa (Falcone, 2000).
Embora este estudo tenha tido uma série de vantagens metodológicas em relação
aos estudos prévios, algumas limitações devem ser destacadas e que poderiam explicar
os resultados divergentes.
Com relação ao tempo de tarefa, na primeira etapa não havia restrições de tempo
e os estímulos permaneciam na tela até que o voluntário emitisse uma resposta. A
influência do tempo de apresentação tem sido reconhecida como um dos influenciadores
que afetariam o reconhecimento de expressões faciais, assim como o tipo de estímulo
adotado, sendo que na primeira etapa a tarefa era composta por estímulos estáticos e na
segunda, dinâmicos.
Evidências recentes sugerem que estímulos emocionais apresentados de forma
dinâmica apresentariam melhor adequação ecológica, pois expressões emocionais são
dinâmicas por natureza (Sato e Yoshikawa, 2007 apud Johnston et al., 2008) e, desta
forma, seriam reconhecidos com maior precisão quando comparados aos estímulos
estáticos (Weyers et al., 2006 apud Johnston et al., 2008). Além disso, há evidências
sobre a especialização de sistemas cerebrais que são preferencialmente ativados pelo
movimento, incluindo o movimento de elementos faciais (Peuskens et al., 2005 apud
Se sim, qual(is)?_______________________________________________________________
Faz uso de álcool? □ SIM □NÃO Se sim, com que frequência?_______________________
Faz uso de alguma droga? □ SIM □NÃO Com que freqüência?____________________
Se sim, qual(is)?_______________________________________________________________
Você é ou já foi Fumante? □ SIM □ NÃO
Faz psicoterapia? □ SIM □NÃO Se sim, há quanto tempo?_________________________
Você tem ou teve algum sintoma psiquiátrico? □ SIM □ NÃO Qual?________________
93
Já recebeu diagnóstico de algum transtorno psiquiátrico ? □SIM □NÃO
Se sim, qual e há quanto tempo? _ _______________________________________________
Fez ou faz tratamento para este transtorno? □ SIM □NÃO
Se sim, há quanto tempo? _ _____________________________________________________
História familiar de transtorno(s) psiquiátrico(s)? □ SIM □ NÃO
Se sim, qual transtorno? ________________________________________________________
Se sim, qual o parentesco ? _____________________________________________________
Assinale abaixo a quantidade que você tem em casa dos seguintes itens:
94
ANEXO 7
ANEXO 8
95
ANEXO 9
96
97
ANEXO 10
98
ANEXO 11
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
ESCLARECIMENTOS AOS SUJEITOS DA PESQUISA Você foi submetido a uma avaliação anterior referente à pesquisa “Transtorno de
Ansiedade Social: Validação de Instrumentos de Auto e Hetero- Avaliação” (processo HCRP nº 11570/2003) onde respondeu as escalas Breve de Fobia Social, Escala de Liebowitz do Funcionamento Psicossocial, SPIN, auto-avaliação ao falar em público, SSPS, Inventário de Ansiedade de Beck. Perfil de comprometimento avaliado pelo clínico profissional, QSG, Escala de ansiedade e evitação em situações de desempenho e interação social, VAMS, FAST, PHQ-2, Escala de comportamentos de segurança na ansiedade social, Inventário de habilidades sócias.
Posteriormente participou da pesquisa intitulada “Reconhecimento de Emoções Faciais
em Indivíduos com Transtorno de Ansiedade Social” (processo HCRP nº 12467/2008) que tinha por objetivo principal avaliar o reconhecimento de expressões faciais de seis emoções básicas (alegria, tristeza, nojo, raiva, medo e surpresa) em indivíduos com Transtorno de Ansiedade Social. Nesta pesquisa realizou uma tarefa de reconhecimento de expressões faciais, onde deveria informar qual emoção era apresentada em imagens faciais exibidas em um monitor.
Agora venho por meio deste documento convidá-lo a participar novamente da mesma
pesquisa. No entanto, você deverá realizar uma tarefa diferente caso concorde em participar, o objetivo da pesquisa é o mesmo, mas pretendemos com esta nova tarefa avaliar as suas reações autonômicas durante a exposição às faces com expressões emocionais.
Na sessão experimental da qual você poderá participar, você será instruído a permanecer de pé sobre uma plataforma, serão então colocados em você eletrodos na ponta de dois dedos e no peito que terão por objetivo monitorar seu suor e freqüência cardíaca respectivamente. Você deverá olhar para uma tela que estará localizada a sua frente onde serão exibidas imagens, devendo permanecer estático (sem se mover) durante toda exibição das imagens. Esta atividade terá duração de 5 minutos.
Durante todo o tempo de realização da atividade você estará acompanhado por um
pesquisador que responderá quaisquer perguntas que você possa ter e a quem você deve se dirigir caso deseje interromper sua participação no experimento a qualquer momento, o que não lhe trará nenhuma conseqüência negativa.
Caso realize tratamento no Hospital das Clínicas, se você não concordar em participar
do estudo, o seu tratamento não terá qualquer alteração, sendo garantido o seu seguimento nesta instituição. Caso queira, os resultados da pesquisa serão fornecidos a você assim que disponíveis.
Esta atividade não deve lhe causar nenhum desconforto e não oferece riscos. No
entanto, caso você se sinta incomodado de alguma maneira, poderá conversar com o pesquisador acompanhante que lhe fornecerá todas as informações e auxílios necessários. Se mesmo assim você se sentir desconfortável e não quiser continuar, poderá recusar-se a continuar o teste.
Você estará nos ajudando a entender melhor o transtorno de ansiedade social e como ele
pode ser melhor diagnosticado.
99
Uma via deste documento será entregue a você e outra com igual teor ficará com o
pesquisador responsável. Eu _________________________________________, R.G.__________________, abaixo
assinado, tendo recebido as informações acima, e ciente dos meus direitos abaixo relacionados, concordo em participar.
1. A garantia de receber a resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento a qualquer
dúvida acerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros relacionados com a pesquisa e o tratamento a que serei submetido;
2. A liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de participar no estudo sem que isso traga prejuízo à continuidade do meu cuidado e tratamento;
3. A segurança de que não serei identificado e que será mantido o caráter confidencial da informação relacionada com a minha privacidade;
4. O compromisso de me proporcionar informação atualizada durante o estudo, ainda que esta possa afetar minha vontade de continuar participando;
5. A disponibilidade de tratamento médico e a indenização que legalmente teria direito, por parte da Instituição à saúde, em caso de danos que a justifiquem, diretamente causados pela pesquisa e;
6. Que se existirem gastos adicionais estes serão absorvidos pelo orçamento da pesquisa.
Tenho ciência do exposto acima e desejo participar da pesquisa. Ribeirão Preto, _____ de _________________________ de __________ .
_________________________________________ Assinatura do voluntário
__________________________________ ___________________________ Prof. Dr. José Alexandre de Souza Crippa Kátia Cruvinel Arrais Pesquisadores responsáveis: Prof. Dr. José Alexandre de Souza Crippa Kátia Cruvinel Arrais Telefones para contato: 16-36022201 ou 16-36022703
Endereço para correspondência: Departamento de Neuropsiquiatria e Psicologia Médica Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo Hospital das Clínicas - Terceiro Andar Av. Bandeirantes, 3900 Ribeirão Preto - São Paulo - Brasil CEP - 14048-900