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Sete Lagoas, MGDezembro, 2009
125
ISSN 1518-4269
Autores
Rodrigo Vras da CostaEng. Agr., Fitopatologia. Embrapa Milho e
Sorgo.
Cx. P. 151. 35701-970, Sete Lagoas, MG.
[email protected]
Luciano Viana CotaEng. Agr., Fitopatologia. Embrapa Milho e
Sorgo.
Cx. P. 151. 35701-970, Sete Lagoas, MG.
[email protected]
Controle qumico de doenas na cultura do milho: aspectos a serem
considerados na tomada de deciso sobre aplicaoNos ltimos anos, a
produo da cultura do milho no Brasil vem apresentando aumentos
expressivos, decorrentes da evoluo do sistema de cultivo, da
disponibilidade de gentipos mais produtivos e adaptados s diversas
regies, da mecanizao e do aumento da rea de plantio resultante da
rea de plantio na safrinha e do avano da cultura para novas regies
do Centro-Oeste e do Nordeste. Nos ltimos 15 anos, a produo desse
gro praticamente dobrou, passando de 24 para 42 milhes de
toneladas, com um aumento de produtividade de cerca de 1.800 Kg/ha
para mais de 3.000 Kg/ha (COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO,
2009). Entretanto, a produtividade mdia brasileira, de 3.500 kg/ha,
ainda considerada baixa se comparada de outros pases produtores,
como China (5.000 kg/ha), Argentina (7.000 kg/ha) e Estados Unidos
(9.000 kg/ha). Dentre os fatores que tm contribudo para a baixa
produtividade da cultura do milho no Brasil, as doenas so
consideradas, atualmente, um dos mais importantes (PEREIRA et al.,
2005).
Notadamente, a partir do final da dcada de 90, tem-se observado
um aumento significativo na incidncia e na severidade das doenas do
milho no Brasil, resultando em perdas acentuadas na produtividade
da cultura nas principais regies produtoras do pas (JULIATTI et
al., 2007; PINTO, 2004; PINTO et al., 2004). Dentre os fatores que
tm contribudo para o aumento na intensidade das doenas do milho, a
expanso da fronteira agrcola, a ampliao das pocas de plantio (safra
e safrinha), os plantios contnuos de milho, a adoo do sistema de
plantio direto sem rotao de culturas, o aumento do uso de sistemas
de irrigao e o uso de cultivares suscetveis esto entre os mais
importantes, por promoverem modificaes importantes na dinmica
populacional dos patgenos (PEREIRA et al., 2005), resultando num
aumento gradual do potencial de inculo desses organismos nas reas
de cultivo. Dentre as principais doenas da cultura do milho no
Brasil, merecem destaque a cercosporiose, a mancha branca, a
ferrugem polissora, a ferrugem branca, a ferrugem comum, as
helmintosporioses, os enfezamentos e as podrides de colmo.
Tradicionalmente, o manejo das doenas na cultura do milho tem
sido realizado atravs da utilizao de cultivares resistentes
associadas a medidas culturais. Entretanto, nos ltimos anos,
principalmente a partir do ano 2000, grande nfase tem sido dada ao
controle de doenas atravs da aplicao de fungicidas. H alguns anos,
a utilizao de fungicidas para o manejo de doenas na cultura do
milho era restrita a campos de produo de sementes e de milhos
especiais, como milho pipoca e milho doce. Nos ltimos anos,
entretanto, tem-se verificado um aumento acentuado da utilizao de
fungicidas em lavouras comerciais destinadas produo de gros.
A obteno de maiores nveis de produtividade em lavouras de milho,
atribuda incluso das aplicaes de fungicidas no sistema de
produo,
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2 Sistema de Integrao Lavoura-Pecuria: O modelo implantado na
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tem sido relatada por parte de produtores, cooperativas e
fundaes em vrias regies produtoras do Brasil e de outros pases.
Incrementos acima de 25 a 30 sacas/ha tm sido mencionados.
Resultados de pesquisa, no Brasil e no exterior, tm confirmado os
efeitos positivos da aplicao de fungicidas na reduo de perdas na
produtividade ocasionadas pelo ataque de doenas (HARLAPUR et al.,
2009; JULIATTI et al., 2007; PINTO et al., 2004). Esses resultados
tm sido visualizados, normalmente, como incremento de produtividade
em relao a reas no pulverizadas. No entanto, outro aspecto de
extrema importncia a ser considerado a significativa instabilidade
na obteno dos aumentos de produtividade pela utilizao de
fungicidas, ou seja, no tem havido repetibilidade desses ganhos
quando consideradas variaes em fatores como cultivares, intensidade
de doena, sistemas de produo e nvel tecnolgico
empregado. Alm disso, em algumas situaes, mesmo havendo uma
resposta positiva em aumento de produtividade, esses podem no ser
suficientes para garantirem retorno econmico. Esses fatores tm
levado formao de opinies favorveis e contrrias sobre a real
necessidade e viabilidade da utilizao de fungicidas em milho.
At o final da dcada de 90, no havia registro, no Ministrio da
Agricultura, Pecuria e Abastecimento, de fungicidas para o controle
de doenas foliares na cultura do milho. Atualmente, existem 13
produtos comerciais registrados especificamente para essa
finalidade, dos quais 12 so pertencentes aos grupos qumicos dos
triazis e das estrobilurinas, formulados isoladamente ou em
misturas, e um pertence ao grupo qumico dos benzimidazis (Tabela
1). A eficincia dos fungicidas pertencentes aos grupos qumicos dos
trizois e das estrobilurinas est demonstrada na Tabela 2.
Tabela 1. Fungicidas registrados no Ministrio da Agricultura,
Pecuria e Abastecimento para o manejo de doenas foliares na cultura
do milho (BRASIL, 2009)
Fonte: Brasil (2009)
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3Sistema de Integrao Lavoura-Pecuria: O modelo implantado na
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Tabela 2. Eficincia de fungicidas triazis e estrobilurinas para
o controle das principais doenas na cultura do milho (+ Eficiente;
- ineficiente)
Entretanto, por se tratar de uma alternativa muito recente de
manejo das doenas do milho, ainda restam muitas dvidas, por parte
de tcnicos e produtores, com relao escolha e eficincia de produtos,
necessidade de aplicao, s melhores poca e frequncia de aplicaes, ao
efeito das aplicaes nos resultados de produtividade, entre outros.
Desse modo, a presente publicao visa a trazer informaes que possam
auxiliar e orientar tcnicos e produtores sobre os aspectos que
devem ser observados para a tomada de deciso sobre a aplicao de
fungicidas, de modo a se obter uma maior eficincia e uma maior
relao custo/benefcio na utilizao dessa estratgia de manejo de
doenas na cultura do milho.
Os principais fatores que devem ser observados no processo de
tomada de deciso sobre a aplicao de fungicidas para o controle das
doenas do milho so:
1. Histrico de doenas em nveis regional e de propriedade
O conhecimento das principais doenas que atacam a cultura, tanto
em nvel regional quanto de propriedade, primeiro fator a ser
considerado quando se pensa em manejo de doenas, seja atravs do uso
de fungicidas ou por qualquer outra medida de controle. O histrico
de doenas a base para todo sistema de manejo integrado
de doenas implementado com sucesso por trs razes: 1) permite que
se conhea o potencial de perdas na produo em nvel local em funo do
ataque de doenas, o que fundamental para a definio da magnitude das
medidas de controle que devem ser adotadas, inclusive sobre a real
necessidade de se intervir com o tratamento qumico com fungicidas;
2) orienta sobre uma das decises mais importantes a serem tomadas
no planejamento de uma lavoura: a escolha da cultivar a ser
plantada. Nesse aspecto, necessrio que se conhea a reao das
cultivares frente s doenas predominantes na regio e propriedade,
pois o uso de cultivares muito suscetveis pode trazer complicaes
para todo o sistema de manejo, inclusive quanto ao uso de
fungicidas; 3) finalmente, o histrico de doenas , tambm, a base
para a definio de todo o conjunto de estratgias que sero adotadas
para o manejo de doenas.
evidente, portanto, a importncia do conhecimento do histrico de
doenas para o estabelecimento das estratgias de manejo, tanto na
propriedade quanto em nvel regional. Vale ressaltar que a construo
desse histrico passa pela diagnose correta das doena no campo, o
que, em muitas ocasies, tem dificultado a obteno de sucesso nos
programas de manejo, mesmo quando so utilizados fungicidas. Por
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4 Sistema de Integrao Lavoura-Pecuria: O modelo implantado na
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se tratar de um problema relativamente recente para a cultura do
milho, muitas doenas no so amplamente conhecidas por parte de
tcnicos e produtores, resultando, em muitas ocasies, na reduo da
eficincia das medidas empregadas para o seu manejo.
2. Aplicao de fungicidas x resistncia gentica dos cultivares
No processo de tomada de deciso sobre a necessidade de aplicao
de fungicidas na cultura do milho, o nvel de resistncia dos
cultivares s principais doenas o principal fator a ser considerado.
De modo geral, no se recomenda a aplicao de fungicidas para
cultivares que apresentam resistncia s doenas predominantes na
localidade.
Na Figura 01, so apresentados as curvas de progresso e os
valores de rea abaixo da curva de progresso (AACPD) da mancha
branca em duas cultivares de milho, BRS 1035 (resistente) e DAS 657
(suscetvel), submetidas a zero
(testemunha), uma (V8) e duas (V8 e 20 dias aps) aplicaes dos
fungicidas tebuconazol + trifloxystrobin (0,75 L/ha), epoxiconazol
+ piraclostrobin (0,75 L/ha) e azoxistrobin + ciproconazol (0,3
L/ha + nimbus 0,5 %). Os resultados demonstram a ausncia de
resposta da cultivar resistente aplicao dos fungicidas, os quais no
diferiram da testemunha sem aplicao quanto ao nvel de doena
observado. Na cultivar suscetvel, as aplicaes dos fungicidas
azoxistrobin + ciproconazol (0,3 L/ha + nimbus 0,5 %) e
epoxiconazol + piraclostrobin (0,75 L/ha) resultaram em menores
valores de severidade da doena nas parcelas. Resultados semelhantes
foram observados para os dados de produtividade. Na cultivar BRS
1035, no houve incremento de produtividade em funo da utilizao dos
fungicidas, enquanto que, na cultivar DAS 657, os tratamentos
baseados em duas aplicaes resultaram em maiores produtividades
quando comparadas testemunha sem aplicao (Figura 2).
Figura 1. Curva de progresso da mancha branca do milho nas
cultivares BRS 1035 (resistente) e DAS 657 (suscetvel) submetidas a
trs diferentes fungicidas, em uma (1) e duas aplicaes (2),
comparadas testemunha sem aplicao (DAE dias aps a emergncia). Nas
tabelas: comparao dos valores de rea Abaixo da Curva de Progresso
da Doena (AACPD) nas cultivares BRS 1035 e DAS 657 submetidas aos
diferentes tratamentos com fungicidas. As mdias seguidas pela mesma
letra no diferem entre si ao nvel de 5 % de probabilidade pelo
teste de Tukey.
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5Sistema de Integrao Lavoura-Pecuria: O modelo implantado na
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Desse modo, a aplicao de fungicidas para o manejo de doenas na
cultura do milho recomendada em situaes de elevada severidade de
doenas, que so resultantes da combinao dos seguintes fatores: uso
de gentipos suscetveis; condies climticas favorveis ao
desenvolvimento das doenas; plantio direto sem rotao de culturas; e
plantios sucessivos de milho na mesma rea. Nessa situao, so
esperados os maiores retornos econmicos das aplicaes de fungicidas
na cultura do milho (Figura 3).
3. Aplicao de fungicidas x produtividade
Para entender como os fungicidas atuam na produtividade da
cultura do milho, necessrio avaliar seu efeito sobre os componentes
de produtividade da cultura, que so cinco: 1) nmero de plantas/ha;
2) nmero de espigas/
planta; 3) nmero de fileiras/espiga; 4) nmero de gros/fileira; e
5) peso de gros. O primeiro componente, nmero de plantas/ha, talvez
o mais importante deles, definido na fase de germinao e emergncia
das plntulas, no incio do ciclo da cultura. Os componentes 2 e 3
(nmero de espigas/planta e nmero de fileiras/espiga) so definidos
entre as fases V5 a V8 (cinco a oito folhas) e o quarto componente
(nmero de gros/fileira) definido entre as fases V12 a VT (12 folhas
at o pendoamento). Finalmente, o ltimo componente de produtividade
do milho, peso de gros, definido entre R1 e R6 (florescimento
maturidade fisiolgica). Portanto, fica evidente que, ao atingir a
fase do pendoamento, o potencial produtivo da cultura j est
definido, pois os quatro componentes de produtividade que poderiam
resultar em aumento do nmero de gros j ocorreram. A partir desse
momento, ocorre
Figura 2. Produtividade mdia de duas cultivares de milho, BRS
1035 e DAS 657, (resistente e suscetvel mancha branca do milho,
respectivamente) submetidas aplicao com diferentes fungicidas: tebu
+ trif tebuconazol + trifloxystrobin, 0,75 L/ha; epox + pira
epoxiconazol + piraclostrobin, 0,75 L/ha; azox + cipr azoxistrobin
+ ciproconazol, 0,3 L/ha + nimbus 0,5 %. Os nmeros em frente aos
fungicidas indicam o nmero de aplicaes.
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apenas a realizao do potencial produtivo, atravs do enchimento
dos gros. As aplicaes de fungicidas realizadas na fase de
pendoamento (fase adotada como referncia para as aplicaes de
fungicidas) apenas interferem no ltimo componente de produtividade
e atuam preservando o potencial produtivo da cultura atravs da
proteo contra as perdas causadas pelas doenas. correto afirmar,
ento, que a aplicao de fungicidas no aumenta o potencial produtivo
da cultura, mas evita perdas na produtividade devido ao ataque de
doenas, atravs da proteo conferida durante parte do perodo de
enchimento dos gros.
Tem sido demonstrado que alguns fungicidas, notadamente aqueles
pertencentes ao grupo qumico das estrobilurinas, apresentam efeitos
que vo alm do controle de doenas, denominados efeitos fisiolgicos.
Dentre esses efeitos, esto: a maior resistncia a vrios tipos de
estresses, como seca e nutricional; aumento da capacidade
fotossinttica das plantas; reduo da respirao foliar; e maior
eficincia do uso de gua (BECK et al., 2002; BARTLETT et al., 2002).
Os estudos sobre os efeitos fisiolgicos das estrobilurinas foram
inicialmente desenvolvidos na cultura da soja. Na cultura do milho,
entretanto, esses efeitos no tm sido to evidentes, sendo
detectada,
Figura 3. Ambientes de maior e menor riscos de ocorrncia de
doenas em elevada severidade e probabilidade de retorno econmico da
aplicao de fungicidas na cultura do milho.
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em algumas situaes, menor produtividade em reas pulverizadas com
fungicidas quando comparada a reas no pulverizadas. Desse modo,
mais estudos so necessrios para definir a existncia e a magnitude
dos efeitos fisiolgicos de fungicidas em plantas de milho. Por
outro lado, considerando tambm a possibilidade do surgimento de
populaes de patgenos resistentes s molculas fungicidas, em funo do
seu uso intensivo, e os efeitos negativos desses produtos ao meio
ambiente, coerente enxergarmos os fungicidas como ferramenta
importante especificamente para o manejo de doenas e buscarmos
elevar os nveis de produtividade da cultura atravs de melhorias e
adequaes em seu sistema de produo.
4. Aplicao de fungicidas x ocorrncia de doenas
Outro fator importante a ser considerado para a tomada de
deciso, tanto da necessidade de aplicao quanto da escolha do
produto a ser utilizado, que as doenas, normalmente, ocorrem de
modo simultneo no campo, o que pode influenciar a eficincia das
aplicaes. Como exemplo, os fungicidas do grupo qumico dos triazis
apresentam uma baixa eficincia no controle da mancha branca (Figura
4), uma doena de ampla ocorrncia nas principais regies produtoras
de milho do pas e que, normalmente, ocorre simultaneamente com
outras doenas importantes, como a cercosporiose e as ferrugens,
doenas controladas de modo eficiente com fungicidas triazis. Desse
modo, para garantir uma maior eficincia das aplicaes, fundamental a
realizao do monitoramento da lavoura na fase de pr-pendoamento,
antes da aplicao do fungicida. Considerando que as folhas acima da
espiga contribuem, em mdia, para mais de 90 % da produo das plantas
de milho e que as doenas foliares, na sua maioria, aparecem
inicialmente nas folhas baixeiras e progridem em direo s folhas
superiores, a folha abaixo da folha da espiga representa uma boa
referncia para a realizao de inspees de campo. A presena de
sintomas de doenas nessa folha, em cultivares suscetveis, associada
a condies
ambientais favorveis ao desenvolvimento das doenas, representa
um indicao da necessidade de se intervir com a aplicao de
fungicidas (Figura 4). Condies de ambiente caracterizadas por
temperaturas elevadas e baixa umidade relativa do ar desfavorecem a
maioria das doenas que atacam a cultura do milho. No entanto,
temperaturas moderadas e ambientes midos (elevada umidade relativa
do ar, chuvas frequentes, irrigao e orvalho) favorecem o
desenvolvimento dessas enfermidades.
Figura 5. Presena de doena na folha abaixo da folha da espiga
como critrio para auxiliar no processo de tomada de deciso sobre a
aplicao de fungicidas na cultura do milho. Outros critrios, como
condies ambientais e suscetibilidade da cultivar, devem ser
considerados de modo conjunto.
5. Caracterstica dos fungicidas
Atualmente, a maioria dos produtos comerciais registrados no
Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento para o manejo das
doenas foliares do milho pertencem aos grupos qumicos dos triazis e
das estrobilurinas, formulados puros ou em misturas (Tabela 3). As
caractersticas desses produtos tambm devem ser consideradas, quando
da sua utilizao, visando a uma maior eficincia no controle das
doenas. As molculas fungicidas pertencentes ao grupo das
estrobilurinas atuam em nvel de respirao mitocondrial dos fungos,
sendo mais efetivas nas fases iniciais do seu ciclo de vida, ou
seja, na germinao dos esporos e nos processos iniciais de infeco.
Os fungicidas triazis, que atuam em nvel da biossntese de
ergosterol, um componente da membrana celular dos fungos, podem
promover o controle de patgenos fngicos em fases mais avanadas do
seu ciclo, como a colonizao (crescimento micelial) e a
pr-esporulao. Portanto, as aplicaes de produtos pertencentes a
esses grupos qumicos apresentam maior eficincia quando so
realizadas nos sintomas iniciais das doenas no campo. Normalmente,
as aplicaes realizadas em situaes de elevada intensidade de doenas
so menos efetivas para o seu controle.
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8 Sistema de Integrao Lavoura-Pecuria: O modelo implantado na
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Figura 4. Eficincia de diferentes fungicidas para o manejo da
mancha branca do milho. Fonte: Pinto (2004)
Tabela 3. Grupos qumicos e ingredientes ativos de fungicidas
registrados no Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento
para o controle de doenas foliares na cultura do milho
Fonte: Brasil (2009)
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6. poca de aplicao de fungicidas na cultura do milho
Quanto deciso sobre a melhor poca de aplicao de fungicidas para
o controle de doenas na cultura do milho, dois pontos devem ser
considerados: 1) a fase do ciclo da cultura na qual as plantas so
mais sensveis ao ataque de patgenos; e 2) o perodo de ocorrncia das
principais doenas. Conforme j mencionado anteriormente, na fase
compreendida entre o pendoamento (VT) e os gros leitosos (R3), as
plantas de milho necessitam do mximo de sua capacidade
fotossinttica, pois se inicia um intenso perodo de translocao de
fotoassimilados para as espigas. Nessa fase, qualquer fator que
interfira negativamente, reduzindo a rea foliar e,
consequentemente, a sua capacidade fotossinttica, resulta em redues
significativas na produtividade de gros. Essa a fase considerada
crtica para a cultura do milho e deve ser considerada quando se
pretende proteger as plantas via aplicao de fungicidas. Se
considerarmos que o perodo residual mximo dos fungicidas dos grupos
das estrobilurinas e dos triazis est em torno de 15 a 20 dias e que
a fase de enchimento de gros no milho dura, em mdia, 60 dias,
deve-se ter cuidado com as aplicaes realizadas muito cedo, ainda na
fase vegetativa da cultura (como exemplo, no estdio de oito folhas,
como feito nas aplicaes com pulverizadores de arrasto), pois quando
as plantas realmente necessitarem da proteo qumica os produtos no
estaro mais efetivos (Figura 6).
Por outro lado, necessrio considerar, tambm, o momento do
aparecimento das doenas na lavoura. Algumas doenas, como as
ferrugens, a mancha de Turcicum e, em algumas situaes, a mancha
branca, podem incidir ainda na fase vegetativa da cultura e, numa
situao de uso de cultivares suscetveis e de predominncia de condies
ambientais favorveis, o controle qumico deve ser considerado, de
modo a evitar que elevados nveis de doenas alcancem as folhas acima
da espiga na fase de florescimento da cultura. Fica, portanto,
evidente que a poca ideal para a realizao das aplicaes de
fungicidas na cultura do milho depende de um monitoramento da
lavoura, que deve ser iniciado ainda na fase vegetativa da cultura,
e todos os aspectos acima mencionados devem ser considerados para a
tomada de deciso.
7. Disponibilidade de equipamentos para pulverizao
A disponibilidade de equipamentos para pulverizao outro fator
que influencia a eficincia do manejo de doenas na cultura do milho
atravs do uso de fungicidas. De modo geral, os equipamentos
utilizados so os pulverizadores de arrasto, principalmente em
pequenas propriedades, e autopropelidos e aeronaves em grandes
propriedades. No caso dos pulverizadores de arrasto, as pulverizaes
podem ser realizadas em plantas com at 100 cm de altura
aproximadamente, ou seja, por volta do estgio de 8 a 9 folhas
definitivas (V8 a V9). Nesse caso, deve-se dar preferncia para o
plantio de cultivares que apresentem bom nvel de resistncia s
principais doenas, pois, em situaes de condies favorveis ao
desenvolvimento das doenas e uso de cultivares suscetveis, a
aplicao de fungicidas muito cedo (V8 a V9) provavelmente ser
insuficiente para o controle adequado das doenas aps o
florescimento, com consequentes perdas na produtividade. Os
equipamentos autopropelidos, cuja altura de eixo de aproximadamente
120 cm, permitem a realizao de aplicaes em fases mais avanadas do
ciclo (V10 a VT), quando comparado aos pulverizadores de arrasto.
As pulverizaes realizadas com avies, embora apresentem um custo
mais elevado, no apresentam as limitaes mencionadas anteriormente e
os resultados de trabalhos de pesquisa tm mostrado que a eficincia
dessa modalidade de aplicao equivalente quela observada nos
pulverizadores terrestres.
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10 Sistema de Integrao Lavoura-Pecuria: O modelo implantado na
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Figura 6. Perodo residual dos fungicidas em relao ao perodo de
enchimento dos gros na cultura do milho.
Consideraes finais
Os fungicidas so ferramentas de grande impor-tncia para o manejo
de doenas em diversas culturas de importncia econmica e sua
utiliza-o tem contribudo de forma significativa para o aumento na
produo de alimentos no Brasil e no mundo ao longo dos anos.
Entretanto, mais re-centemente, uma grande ateno tem sido dada a
questes relacionadas segurana alimentar, preservao dos recursos
naturais e sustentabi-lidade da produo agrcola. Nesse contexto, o
uso de fungicidas em lavouras comerciais deve estar embasado por
critrios tcnicos, visando a se obter uma maior eficincia no
controle de doenas e menores efeitos prejudiciais sade e ao meio
ambiente. O uso de fungicidas para o controle de doenas na cultura
do milho muito recente, havendo dvidas por parte de tcnicos e
produtores em vrios aspectos da sua utilizao, o que resulta, muitas
vezes, no uso inadequado dos produtos, sem se observar os aspectos
tc-nicos necessrios. A observao dos fatores aqui apresentados
constitui um passo importante para a utilizao racional dessa medida
de controle, com benefcios que vo desde o menor risco sade humana e
ao meio ambiente, menor custo de produo, at a preservao da
efetividade das molculas fungicidas devido ao menor risco de
surgimento de populaes de patgenos a elas resistentes.
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Embrapa Milho e Sorgo
Exemplares desta edio podem ser adquiridos na:Embrapa Milho e
SorgoEndereo: Rod. MG 424 km 45 - Caixa Postal 151Fone: (31)
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Presidente: Antnio lvaro Corsetti PurcinoSecretrio-Executivo:
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Dessaune Tardin, Eliane Aparecida Gomes, Paulo Afonso Viana e
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Lacerda de CastroEditorao eletrnica: Tnia Mara Assuno Barbosa
Comit de publicaes
Expediente
Circular Tcnica, 125
144-154, 2009.
JULIATTI, F. C.; ZUZA, J. L. M. F.; SOUZA, P. P.; POLIZEL, A. C.
Efeito do gentipo de milho e da aplicao foliar de fungicidas na
incidncia de gros ardidos. Bioscience Journal, Uberlndia, v. 23, n.
2, p. 34-41, 2007.
PEREIRA, O. A. P.; CARVALHO, R. V.; CAMAR-GO, L. E. A. Doenas do
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PINTO, N. F. J. A.; ANGELIS, B.; HABE, M. H. Avaliao da
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