UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E APLICADAS CAMPUS DE CAICÓ CAMILLA VALESSA DANTAS DE OLIVEIRA CONTABILIDADE DE CUSTOS: um estudo de caso sobre o ponto de equilíbrio de uma empresa do ramo faccionista têxtil. CAICÓ-RN 2016
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E APLICADAS
CAMPUS DE CAICÓ
CAMILLA VALESSA DANTAS DE OLIVEIRA
CONTABILIDADE DE CUSTOS: um estudo de caso sobre o ponto de
equilíbrio de uma empresa do ramo faccionista têxtil.
CAICÓ-RN
2016
CAMILLA VALESSA DANTAS DE OLIVEIRA
CONTABILIDADE DE CUSTOS: um estudo de caso sobre o ponto de
equilíbrio de uma empresa do ramo faccionista têxtil.
Monografia apresentada ao Departamento de
Ciências Exatas e Aplicadas do Centro de Ensino
Superior do Seridó da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, para obtenção do título de
Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador(a):
Prof. Ms. Sócrates Dantas Lopes.
CAICÓ-RN
2016
CAMILLA VALESSA DANTAS DE OLIVEIRA
CONTABILIDADE DE CUSTOS: um estudo de caso sobre o ponto de
equilíbrio de uma empresa do ramo faccionista têxtil.
O presente trabalho trata da análise do ponto de equilíbrio de uma empresa do ramo
têxtil, situada na cidade de Jardim do Seridó- RN. Antes de adentrar no tema principal, faz-se
necessário ressaltar alguns temas como: a contabilidade, de forma geral, a contabilidade
gerencial, aspectos essenciais à pesquisa, como a relação entre os custos envolvidos no
processo produtivo e as receitas auferidas a fim de identificar o ponto de equilíbrio entre eles.
A contabilidade vem contribuindo, há tempos, para o desenvolvimento empresarial,
sendo utilizada como meio de controle e prestação de contas. O surgimento da contabilidade
remete à necessidade dos comerciantes em adquirir controle nas transações de seus negócios.
Deste modo, a contabilidade foi se adaptando e evoluindo, de acordo com as necessidades
comerciais. Segundo Santos (2011, p.1):
A contabilidade é um sistema de contas composto por normas, regras e princípios
para a acumulação, geração e análise de dados para atender a necessidades internas e
externas de uma empresa [...]. É ramo do conhecimento necessário como eficiente
instrumento de controle, planejamento e gestão de um negócio com ou sem
finalidades lucrativas
Uma das principais vantagens da contabilidade é proporcionar aos gestores informações
gerenciais sobre como nortear uma empresa para que ela consiga os resultados almejados e
manter-se no mercado. Diante de períodos de instabilidades de mercado e crises econômicas,
surge, cada vez mais, a necessidade de bons gestores que entendam do negócio e que estejam
dispostos a buscar novas técnicas, caso seja necessário, para se adaptarem ao mercado.
Chiavenato, (2012, p.21).
O espírito empreendedor aprende a perceber e localizar as oportunidades no mundo
dos negócios e aproveitá-las rápida e adequadamente. Para tanto, deve ter visão
panorâmica e fortalecer a flexibilidade, a adaptabilidade e a manobrabilidade em um
mundo dinâmico e complexo. No entanto, deve também fugir dos perigos e
percalços que rondam toda atividade criativa e inovadora. Os perigos mais comuns
nos novos negócios podem ser perfeitamente neutralizados e evitados.
A Contabilidade é ferramenta indispensável na atuação de diversos ramos, podendo-se
enumerar, dentre eles, a contabilidade gerencial que atua auxiliando o gestor com informações
úteis ao processo de gestão da empresa.
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A contabilidade gerencial é relacionada com o fornecimento de informações para
administradores - isto é, aqueles que estão dentro da organização e que são
responsáveis pela direção e controle de suas operações” (Padoveze, 2000, p.31 apud
Araújo, 2015 p.16).
A contabilidade gerencial é o ramo da contabilidade que auxilia no planejamento
estratégico, favorecendo a administração empresarial quando utiliza as informações geradas
através dos documentos contábeis, o que facilita a tomada de decisão.
Na contabilidade gerencial, pode-se destacar a contabilidade de custos como um de
seus pilares, sendo ela responsável por gerar diversas informações usadas na tomada de
decisões estratégicas e de fundamental importância para manter-se no mercado. Deste modo,
os gestores do ramo têxtil, alvo deste trabalho acadêmico, lidam com grandes desafios quanto
à gestão eficaz de custos, objetivando sua continuidade.
A Contabilidade de Custos é usada no ambiente empresarial por seus usuários, a fim
de analisar sua produção de bens ou serviços e os valores a eles alocados, uma vez que os
custos atuam diretamente no valor de venda e no resultado da empresa.
A gestão de custos atua auxiliando diferentes instrumentos de análise, através do
domínio das competências essenciais ao seu desenvolvimento e gestão, por meio de diferentes
métodos de apuração dos custos de produção, como também a análise dos resultados. O
objeto deste trabalho acadêmico é realizar um estudo do ponto de equilíbrio entre receitas e
custos da empresa analisada. Nele será evidenciada a importância de uma empresa conhecer
seus custos e despesas e assim poder estimar quanto a empresa deve produzir para se manter e
a partir de quando começará a obter lucro. Santos (2011, p 37) define o que é ponto de
equilíbrio:
O ponto de equilíbrio será obtido quando o total dos lucros marginais, de todos os
produtos comercializados, equivalerem ao custo estrutural fixo do mesmo período
de tempo objeto da análise [...]. A informação também conhecida, como a do
faturamento mínimo que uma empresa precisa obter para não incorrer em prejuízo
[...].
Tomando-se por base este conceito, o ponto de equilíbrio é usado para nortear a gestão
do negócio na relação de receitas e custos para que não haja prejuízos financeiros. Esta
pesquisa acadêmica acerca da análise do ponto de equilíbrio também servirá para identificar o
desempenho da empresa analisada, assim como mostrar que a análise do ponto de equilíbrio
poderá atuar como uma valiosa ferramenta de gestão empresarial.
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Diante de tais fatos, como o conhecimento do ponto de equilíbrio e da margem de
contribuição podem auxiliar a gestão de uma empresa do ramo faccionista têxtil, para que essa
consiga obter resultados positivos frente à sustentabilidade organizacional e ao cenário de
vulnerabilidade econômica presente na atividade?
1.2- OBJETIVOS DA PESQUISA
1.2.1-Geral
O objetivo geral deste trabalho é identificar a margem de contribuição e ponto de
equilíbrio de uma empresa do ramo faccionista têxtil na cidade de Jardim do Seridó – RN, a
fim de auxiliar a gestão da empresa no acompanhamento do negócio.
1.2.2- Específicos
Caracterizar a atividade faccionista têxtil;
Classificar a estrutura de custos da empresa;
Discorrer sobre alguns sistemas de custeio, enfatizando o custeio variável.
Calcular as margem bruta, de contribuição e líquida.
1.2.3- Justificativa
A região do interior do Rio Grande do Norte, mais precisamente a cidade de Jardim do
Seridó-RN, cidade foco deste trabalho, é uma área pouco desenvolvida economicamente,
localizada no polígono da seca e com poucas oportunidades de empregos, o que chama a
atenção para o advento da chegada das facções de costura na cidade, há, aproximadamente,
uma década, trazendo geração de emprego e renda onde a escassez de trabalho e renda assolava
os habitantes. Esses pequenos negócios industriais de costura são vistos pela população local
como dádivas.
As facções de costura têxtil foram se firmando e se expandindo, e hoje, a atividade já é
vista como nova via impulsionadora na economia da cidade e região seridoense, levando-se
em consideração alguns fatores como: a importância da atividade faccionista têxtil para os
jardinenses; a crise que o setor enfrentou nos anos de 2012 e 2013, devido às irregularidades
no abastecimento de peças, resultando que as facções recebiam uma quantidade menor de
peças o necessário para a sua capacidade de produção, gerando inúmeras paralisações na
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produção, demissões e até o fechamento de algumas delas, além do fato de estarmos
vivenciando períodos de dificuldades financeiras no cenário nacional. Diante desse cenário,
surgiu a necessidade de realização de um estudo que identifique o ponto de equilíbrio e a
margem de contribuição presentes nas facções têxteis, de forma que esse estudo possa auxiliar
a gestão das empresas em geral, contribuindo para identificar a viabilidade do negócio, como
também a continuidade deste segmento industrial tão importante para o município de Jardim
do Seridó e para a Região do Seridó Potiguar.
O presente estudo prevê, além de buscar respostas para o questionamento levantado,
agregar maior embasamento ao tema facções têxteis. No interior do RN, a atividade é
desenvolvida num ambiente de vulnerabilidade econômica, pelo fato de que as empresas
faccionistas têxteis dependem de demandas produtivas de outras empresas. No entanto, essa
atividade tem se mostrado de grande relevância para a região do Seridó Potiguar.
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2 - REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 -CONTABILIDADE DE CUSTOS
A contabilidade de custos surge da contabilidade financeira e da contabilidade geral e
teve início com a Revolução Industrial. Uma gestão de custos bem elaborada é capaz de
reduzir o ambiente de incertezas, facilitando para o gestor optar na hora da tomada de decisão.
Segundo Bornia (2002, p. 35),
Com o aparecimento das empresas industriais (revolução industrial), tendo por
objetivo calcular os custos dos produtos fabricados. Antes disso, os artigos
normalmente eram produzidos por artesãos que, via de regra, não constituíam
pessoas jurídicas. Praticamente só existiam empresas comerciais, que utilizavam à
contabilidade financeira basicamente para avaliação do patrimônio e apuração do
resultado do período.
A partir do século xx, começaram a surgir obras voltadas para escriturar as operações
mercantilistas, com o objetivo de enaltecer a apuração do custo e resultados, a fim de ajudar
os gestores no controle e gestão do negócio. De acordo com Santos (2011, p.12):
A necessidade do controle fez com que a apuração de custos ganhasse importância
desde o inicio do capitalismo. Era por meio da contabilidade de custos que o
comerciante tinha respostas se estava lucrando como seu negócio, pois bastava
confrontar as receitas com as despesas do mesmo período. A contabilidade de custos
era usada como um instrumento seguro para controlar as variações de custos e de
vendas e também para avaliar o crescimento ou retrocesso do negócio.
A gestão de custos requer o uso de informações corretas, objetivas e precisas que
auxiliam no processo decisório da entidade e sua manutenção no ambiente em que atua; deste
modo, cabe ao sistema de custos coletar dados e transformá-los em informações. De acordo
com Warren, Reeve e Fess (2003, p. 8), O objetivo de um sistema de contabilidade de custos é
acumular os custos de produtos, além de fornecer informações com o intuito de possibilitar
um melhor controle deles.
Toda e qualquer empresa necessita do controle e análises de custos, seja ela pequena,
média ou grande empresa. A sobrevivência e manutenção das mesmas no mercado vem do
lucro manipulado pelos valores e volumes gerados de suas transações, bem como buscar
atender às necessidades de seus clientes, o que é primordial para sua permanência no
mercado. Segundo Bomfim, Passarelli, 2011 :
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As empresas continuam conscientes de que proporcionar lucros satisfatórios aos
seus proprietários é a condição básica da sua sobrevivência; no entanto, perceberam
que, em um ambiente altamente competitivo, o objetivo de lucro satisfatório não
pode ser atingido por meio de mágicas financeiras, sem que se dedique uma atenção
prioritária ao consumidor.
Para Kroetz (2001, p. 6), A contabilidade de custos centra sua atenção no estudo da
composição e no cálculo dos custos, também observa o resultado dos centros ou dos agentes
do processo produtivo. A contabilidade de custos tem como característica ser de caráter
interno”. É importante ressaltar ainda, segundo Kroetz (2001, p. 8-9), que:
A Contabilidade de Custos não se aplica somente às indústrias, sendo que é possível
calcular custos comerciais, de serviços, agrícolas etc. Porém a ênfase maior é dada à
atividade industrial, uma vez que é neste segmento seu maior campo de atuação
(motivo esse que leva muitos a denominarem, erroneamente, a contabilidade de
custos como sinônimo de contabilidade industrial).
A contabilidade de custos gera informações que devem ser usadas no planejamento e
tomada de decisão, através de métodos contábeis confiáveis, responsáveis por demonstrar a
real situação da entidade.
As novas tecnologias advindas das mudanças ocorridas diariamente no mercado
competitivo evidenciam o quanto a gestão de custos é essencial dentro das empresas, onde as
informações, mudanças e as estratégicas tendem a seguir tais mudanças, moldando–se às
necessidades do ambiente, a fim de gerar dados cada vez mais precisos à tomada de decisões.
Para Beulke (2008), tais mudanças exigem, tanto das organizações privadas quanto das
públicas, ações gerenciais cada vez mais eficazes para a distribuição de produtos, em tempos
reais reduzidos e com menos recursos. A existência de uma contabilidade de custos diminui o
ambiente de incerteza do gestor, que passa a dispor de informações técnicas para as suas
decisões.
O novo cenário, por sua vez, precisa cada vez mais de profissionais capacitados e
atualizados, munidos de conhecimentos, criatividade e visão de mercado, para atuar com
eficácia neste modelo de gestão.
Diante do exposto, torna-se notória a necessidade da utilização da contabilidade de
custos no âmbito empresarial como ferramenta de auxílio aos gestores, neste mercado em que
atuam, onde a concorrência não conhece fronteiras e apenas os mais fortes e bem preparados
conseguem permanência.
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O objetivo da análise de custos é mostrar, através de comparações, o melhor caminho a
ser seguido pela gestão do negócio e ressaltar que a não utilização de seus dados pelas
empresas, nos dias atuais, pode resultar em seu fracasso, uma vez que estas informações
geradas podem servir para criar meios de lidar com os concorrentes de mercado.
2.2 - CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS
A classificação dos custos pode ser entendida levando-se em consideração a tomada de
decisões (relevantes e não relevantes), quanto à identificação (custos diretos e indiretos) e ao
volume produzido (variáveis e fixos).
2.2.1- Custos Quanto à Tomada de Decisões
A relação dos custos, quanto à tomada de decisão, pode defini-los em duas categorias,
a saber: relevantes e não relevantes. Para Wernke (2001, p.13):
Custos relevantes são aqueles que se alteram dependendo da decisão tomada e
custos não relevantes os que independem da decisão tomada. Assim, os custos
realmente importantes como subsídio à tomada de decisão são os relevantes; os
outros não necessitam ser considerados.
A tomada de decisão é um processo de escolha da melhor solução para um problema
ou situação. Tal processo é considerado difícil e, uma vez feito, poderá ocasionar
consequências positivas ou mesmo negativas para a entidade. Por este motivo, deve ser
tomada de acordo com sua relevância e da forma que melhor possa gerar resultados positivos,
que é o objetivo de toda organização.
2.2.2-Quanto à Identificação
Podem ser classificados como custos diretos ou indiretos. Custos diretos são aqueles
custos que estão diretamente e fisicamente ligados ao processo produtivo, processo de
fabricação do produto. Já os custos indiretos não se relacionam diretamente ao produto, o que
dificulta sua alocação, sendo necessário recorrer a métodos de rateio para sua absorção.
DIRETOS
CUSTOS
INDIRETOS
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Bornia (2002, p. 44) entende que:
Custos diretos são aqueles facilmente relacionados com as unidades de alocação de
custos (produtos, processo, setores, clientes etc.). Exemplos de custos diretos em
relação aos produtos são a matéria-prima e a mão de obra direta. A alocação e a
análise desses custos são relativamente simples.
Wernke (2001, p. 13) complementa:
custos diretos são os gastos facilmente apropriáveis às unidades produzidas, ou seja, são aqueles que podem ser identificados como pertencentes a este ou àquele
produto. Por sua natureza, características próprias e objetividade ou por controles
individuais como a ficha técnica do produto, sem a necessidade de rateios.
Desta forma, os materiais, a mão de obra envolvida e demais itens usados na
fabricação de determinado produto, quando têm sua simples alocação direta e objetiva ao
produto, compõem o que se chama de custos diretos.
Os custos indiretos não se relacionam diretamente ao produto, são de difícil
identificação e precisam de métodos de rateios para sua alocação às unidades. A dificuldade
de alocação é um dos maiores problemas no sistema de custos, devido à sua absorção não ser
tão simples e ter possibilidades de ser efetuado por vários critérios. São exemplos de custos
indiretos a mão de obra indireta e o aluguel. A dificuldade encontrada na alocação de tais
custos aos produtos e sua análise deram origem aos métodos de custeio por absorção. Para
Nascimento (2001, p. 28):
Custo indireto é o que, embora não incida diretamente sobre a produção ou a venda,
é parte integrante como resultante da participação das atividades de apoio ou auxiliar
ao processo de transformação, produção e comercialização de um bem ou serviço.
Wernke (2001, p. 14) traz uma definição mais clara do que são custos indiretos,
Custos indiretos são os gastos que não podem ser alocados de forma direta ou
objetiva aos produtos ou a outro segmento ou atividade operacional, e caso sejam
atribuídos aos produtos, serviços ou departamentos, serão mediante critérios de
rateio
Sendo assim, os custos indiretos são gastos que não podem ser alocados de maneira
direta e objetiva aos produtos, serviços, departamentos ou outros objetos de custo, sendo
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efetuada sua alocação de maneira indireta, utilizando critérios de distribuição como o rateio, a
alocação, a apropriação, dentre outros disponíveis para tal fim.
2.2.3- Quanto ao Volume Produzido
A avaliação dos custos leva em consideração sua relação com o volume de produção e
separa-os em fixos e variáveis.
Bornia (2002) define custos fixos como sendo aqueles que, independentemente do
volume da atividade, não variam com alterações no volume de produção, como, por exemplo,
salário do gerente.
Nesse sentido, Koliver (2008, p. 67) afirma: “custos fixos são aqueles que tendem a
permanecer num determinado nível, entre certos limites no uso da capacidade instalada da
entidade”.
Em relação aos custos fixos, são aqueles que existem mesmo se a empresa não estiver
operando, pois seu valor independe do volume de produção, não alterando quando aumenta a
produção.
Os custos variáveis estão diretamente vinculados ao volume de produção. Wernke
(2001, p. 14) ressalta que:
Quanto maior for o volume de produção, maiores serão os custos variáveis totais.
São os valores consumidos ou aplicados que têm seu crescimento vinculado à
quantidade pela empresa. Têm seu valor determinado em função de oscilações na
atividade da empresa, variando de valor na proporção direta do nível de atividade. O
exemplo mais adequado para custo variável é a matéria-prima, pois se para produzir
uma unidade de produto gastam-se $10, ao produzir duas unidades gastam-se $ 20.
Os custos variáveis alteram seu valor dependendo diretamente da quantidade
produzida, na mesma proporção, em determinado período.
2.3 - DESPESAS
As despesas são gastos que correspondem ao montante usado para manter o
funcionamento da empresa, mas tais gastos não são enquadrados no processo de produção da
empresa, não compondo os custos do produto. Bornia (2002, p. 40) afirma:
Despesa é o valor dos insumos consumidos com o funcionamento da empresa e não
identificados com a fabricação. São as atividades fora do âmbito da fabricação. A
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despesa é geralmente dividida em administrativa, comercial e financeira. Portanto,
as despesas são diferenciadas dos custos de fabricação pelo fato de estarem
relacionadas com a administração geral da empresa.
Kroetz (2001, p.11) complementa trazendo alguns exemplos:
A comissão do vendedor, por exemplo, é ainda um gasto que se torna imediatamente
uma despesa. O equipamento usado na fábrica, que fora gasto transformado em
investimento e posteriormente considerado parcialmente como custo torna-se, na
venda do produto feito, uma despesa. A máquina de escrever da secretária do diretor
financeiro, que fora transformada em investimentos, tem uma parcela reconhecida
como despesa (depreciação), sem transitar pelo custo.
Sendo assim, despesas são gastos que uma empresa tem com sua manutenção, para
obter receitas, tais gastos que não se enquadram como processo de transformação ou produção
dos bens e produtos.
2.4 -MÉTODOS DE CUSTEIO
Métodos de custeio são modelos usados para determinar os custos dos produtos e
facilitar a apropriação destes na apuração dos resultados ao final do período. A contabilidade
de custos apresenta vários métodos de apropriação, elencados de acordo com os objetivos e
necessidades de cada entidade. Dentre os métodos existentes, o presente trabalho irá frisar o
Custeio Variável, por ser o método usado pra trabalhar a margem de contribuição e o ponto de
equilíbrio, e o Custeio por Absorção ou RKW, por sua relevância na gestão do negocio e ser o
único aceito pela legislação Brasileira. Wernke (2001, p. 20) ressalta que,
A atribuição de valores “verdadeiros” aos produtos passou a constituir um dos
principais objetivos da contabilidade de custos, tanto para a divulgação em
demonstrações financeiras periódicas – do montante do estoque final e do custo dos
produtos vendidos – quanto como base para decisão sobre o mix ótimo de produtos.
Para tanto, torna-se necessário um sistema de custos que consiga mensurar e alocar
os custos aos produtos, da forma mais adequada possível. Ou seja, calcular o custo
total de cada produto, assumindo este custo total como resultante da soma dos custos
variáveis aos custos fixos (ou a soma dos custos diretos aos custos indiretos).
Os métodos de custeio, desde sua origem, vêm oferecendo, de forma padronizada e
objetiva, a investigação e determinação dos custos totais. No decorrer do tempo, surgiram
novas metodologias para atender com maior precisão e para facilitar a tomada de decisão.
Conforme Bruni e Famá (2004, p. 208),
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Um dos maiores problemas dos sistemas de custeio consiste na alocação dos custos
indiretos (variáveis ou fixos) aos produtos. Em processos de tomada de decisões,
muitas vezes, os custos fixos rateados de forma imprecisa levam a decisões
inadequadas, como o corte de produtos lucrativos ou mesmo corte de produtos
deficitários.
Entender a forma de alocar os custos aos produtos é de suma importância para atingir
a eficácia de uma gestão de custos. Deste modo, entender todas as formas de alocação é vital
para a efetividade das informações geradas.
2.4.1 - Custeio por Absorção
O custeio por absorção ou RKW foi desenvolvido na Alemanha no século 20. O
mesmo consiste em apropriar todos os custos aos produtos fabricados, sejam eles diretos ou
indiretos, fixos ou variáveis. Esta é a forma de custeio usada no Brasil, pois respeita os
Princípios da Contabilidade e aceita pela legislação comercial e fiscal, lei n° 6.404/76, em seu
art. 177. Bomfim, Passarelli (2011, p.60) diz que:
Quando, ao custear-se os produtos fabricados pela empresa, são atribuídos a esses
produtos, além dos seus custos variáveis, também os custos fixos, diz-se que se está
usando a modalidade de custeio por absorção.
As vantagens deste método, segundo Kroetz (2001), são: considera o total dos custos
por produto, formação de custos para estoques, permite a apuração do custo por centro de
custos. Já as desvantagens são as seguintes: poderá elevar artificialmente os custos de alguns
produtos, não evidencia a capacidade ociosa da empresa, os critérios de rateio são sempre
arbitrários, portanto nem sempre justos.
Wernke (2001) complementa, dizendo: Há desvantagem no custeio por absorção,
conforme este consiste na utilização dos rateios para distribuir os custos entre os
departamentos e/ou produtos. Como nem sempre tais critérios são objetivos, podem distorcer
os resultados, penalizando alguns produtos e beneficiando outros.
A utilização dos custos fixos como forma de rateios pode dificultar as decisões de
gerência da empresa quanto à formação do preço de venda do produto, uma vez que, por mais
objetivos que sejam feitos estes rateios, não deixa de ser uma maneira de arbitrar os
resultados.
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2.4.2- Custeio Variável ou Direto
O método de custeio direto ou variável é utilizado apenas para fins gerenciais, pois o
mesmo não é aceito pela legislação. Nele são considerados somente os custos variáveis dos
produtos vendidos; os custos fixos são separados e considerados como despesas daquele
período. Kroetz (2001, p. 60) afirma que:
Só são alocados aos produtos os custos variáveis, ficando os fixos separados e
considerados como despesas do período, indo diretamente para o resultado do
exercício; para o estoque só vão, como consequência, os custos variáveis (indiretos
e/ou diretos), motivo que leva a legislação a não aceitá-lo, ou ainda, dentro desse
método os custos variáveis são considerados como atribuíveis aos produtos; é o caso
de materiais e mão de obra direta. Já os custos fixos são tratados como despesas do
período e, portanto, não são ativados na conta de estoques.
O custeio direto ou variável aloca aos produtos apenas os custos reconhecidos como
variáveis, pois os fixos não estão relacionados como volume de produção, ou seja,
independentemente de sua produção, os custos fixos não oscilam. Um exemplo clássico é o
aluguel do prédio que, independente da produção aumentar ou diminuir, permanece o mesmo
valor. Os custos variáveis por sua vez, são diretamente relacionados ao volume produzido,
pois, quanto mais a empresa produzir, mais custos serão criados. Para tal caso, pode-se citar o
exemplo da matéria prima que, quanto mais produzir, mais será necessário aumentar a
quantidade utilizada nos produtos.
Diferentemente do custeio por absorção, o variável não utiliza o critério de rateio, o
que ocasiona a eliminação da possibilidade de distorções. Deste modo, as vantagens sobre o
custeio por absorção se tornam significativas quando levadas em consideração a apuração de
resultados financeiros.
Diante do exposto, é possível afirmar que toda empresa necessita obter informações
gerenciais que sejam úteis para os processos decisórios e elaboração de relatórios gerenciais.
Tais informações são geradas a partir da utilização de ferramentas disponíveis pela
contabilidade de custos e, dentre elas, torna-se possível destacar os métodos de custeio,
margens de contribuição e ponto de equilíbrio, pois, conhecendo esses indicadores, a empresa
teria informações necessárias para a tomada de decisão e adoção de melhores práticas.
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2.5- CONCEITOS ACERCA DA MARGEM BRUTA, MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO E
MARGEM LÍQUIDA.
Para que uma empresa opere bem, deve utilizar-se de todas as ferramentas úteis à
tomada de decisão e análise de seu negócio; as margens citadas acima auxiliam o gestor na
tomada de decisão em momentos que necessitem avaliar se determinadas decisões são
oportunas ou não para a empresa. Tal análise auxiliará o gestor que almeja desempenhar um
bom planejamento estratégico, a fim de melhorar seu resultado operacional.
A margem bruta representa o valor que sobra das vendas após subtrair os custos dos
serviços prestados. Observe-se a fórmula a baixo:
MB= Venda – CSP
Onde:
MB = Margem bruta
CSP= Custo Dos Serviços Prestados
Margem de contribuição
A Margem de Contribuição é primordial para o planejamento de todas as empresas,
uma vez que, caso a margem de contribuição não seja conhecida, a empresa pode estar
operando com prejuízo. Para Wernke (2001, p. 44).
O estudo da margem de contribuição é elemento fundamental para decisões de curto
prazo. Além disso, o estudo da margem de contribuição possibilita análises
objetivando a redução dos custos, bem como políticas de incremento de quantidade
de vendas e redução dos preços unitários de venda dos produtos.
Vejamos a fórmula para encontra a margem de contribuição:
MC = MB – DV
Onde:
MB = Margem bruta
DV = Despesas variáveis
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Margem Líquida
A margem líquida é expressa pelo restante das receitas com a prestação de serviços, ou
seja, mostra o lucro líquido das operações da empresa.
ML = MC – DF
Onde: ML= Margem Líquida
MC= Margem de Contribuição
DF= Despesas Fixas
A fim de garantir o sucesso de uma empresa, muitos fatores devem ser utilizados. As
margens mencionadas acima refletem grande importância, pois, a partir de seus dados, é
possível saber qual a situação em que se encontra a empresa. De posse dos números obtidos
por elas, é possível afirmar quanto uma empresa precisa vender para atingir seu ponto de
equilíbrio para que suas receitas sejam equivalentes aos seus custos e despesas totais,
eliminando a possibilidade de prejuízo operacional.
2.6 - PONTO DE EQUILIBRIO
O ponto de equilíbrio é o indicador de segurança da empresa, pois indica o valor
mínimo que é necessário comercializar, vender para que as receitas se igualem aos custos e
despesas da empresa; Atingindo tal valor, é excluída a hipótese de prejuízo e, ultrapassando o
mesmo, inicia-se a obtenção do lucro.
A análise do equilíbrio entre receitas de vendas e custos é muito importante como
instrumento de decisão gerencial. O sucesso financeiro de qualquer empreendimento
empresarial está condicionado à existência da melhor informação gerencial. Santos (2011,
p.37)
Santos, 2011, em seu livro: Contabilidade e Análise de Custos traz uma definição
simplicista do ponto de equilíbrio:
É a expressão usada para definir o equilíbrio entre o faturamento de vendas e os
custos totais, equivalente ao lucro zero. A partir do ponto de equilíbrio (Break even
point) é que as operações de uma empresa começam a gerar lucro. O gráfico
expresso abaixo traz uma representação do ponto de equilíbrio.
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GRAFICO 1- REPRESENTAÇÃO DO PONTO DE EQUILÍBRIO.
Fonte: Martins (2003).
Atualmente, o cenário de mercados é marcado pela competitividade, o que faz com
que qualquer ferramenta usada para desenvolver a empresa a fim de atingir sua
sustentabilidade e atender às crescentes exigências do mercado seja vista como peça
primordial no processo de tomada de decisão de curto prazo. Neste sentido, o ponto de
equilíbrio é visto pela maioria dos gestores empresarias como necessário e suficiente para
gerir seus resultados.
Existem diferentes tipos de ponto de equilíbrio, mas todos são responsáveis por gerar
informações usadas no gerenciamento da empresa, com enfoques diferentes. Segundo Bornia
(2002)” , a diferença entre eles são os custos e despesas fixos a serem considerados em cada
caso”. Ainda de acordo com Bornia (2002, p. 79):
Os três pontos de equilíbrio fornecem importantes subsídios para um bom
gerenciamento da empresa. O ponto de equilíbrio financeiro informa o quanto a
empresa terá de vender para não ficar sem dinheiro e, consequentemente, ter de
fazer empréstimos, prejudicando ainda mais os lucros. Se a empresa estiver
operando abaixo do ponto de equilíbrio financeiro, ela poderá até cogitar uma perda
temporária nas atividades. O ponto de equilíbrio econômico mostra a rentabilidade
real que a atividade escolhida traz, confrontando-a como outras opções de
investimento.
A utilização do ponto de equilíbrio é capaz de agir de forma eficiente no planejamento
da gestão empresarial, identificando possíveis descontroles ocorridos, oscilações positivas ou
negativas nos inúmeros itens que o compõem, assim como possibilitar avaliação e correções,
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quando necessário, em tempo que possa recuperar os resultados negativos e melhorar os
almejados para futuros períodos.
Para chegar ao ponto de equilíbrio os custos e despesas totais devem ter se igualado às
receitas totais. Observe-se a fórmula do ponto de equilíbrio:
PE = Custos e Despesas Variáveis + Custos e Despesas Fixas
Onde:
CV= Custo Variável;
CF= Custo Fixo;
DV= Despesas Variáveis
DF= Despesas Fixas.
A seguir, serão apresentados cada um dos pontos de equilíbrio estudados: Contábil,
Financeiro e Econômico.
2.6.1-Ponto de Equilíbrio Contábil
No ponto de equilíbrio a entidade não terá prejuízo nem lucro; ela atingirá o valor
necessário para cobrir o custo das mercadorias vendidas ou serviços prestados, as despesas
fixas e variáveis, sendo calculado pela seguinte fórmula:
PEC= Despesa fixa / Margem de contribuição
O ponto de equilíbrio contábil ou operacional é usado comumente para análises e
auxílios na tomada de decisão e leva em consideração os custos e despesas fixas referentes ao
funcionamento da entidade; é o quociente simples da divisão.
2.6.2-Ponto de Equilíbrio Econômico
Para se encontrar o ponto de equilíbrio econômico é necessário levar em consideração
as despesas e receitas financeiras, acrescidas do saldo da correção monetária, ou seja, na
hipótese da soma das margens de contribuição totalizar um valor que, deduzidos os custos e
despesas fixas, seja suficiente para remunerar o capital próprio da empresa com uma taxa que
seja satisfatória aos acionistas e adaptável ao mercado cada vez mais competitivo. O valor é