Revista Ciência Plural. 2015;1(3):26-37 CONCENTRAÇÃO ALCOÓLICA DE ANTISSÉPTICOS BUCAIS COMERCIALIZADOS NO BRASIL NO INÍCIO DA SEGUNDA DÉCADA DO SÉC. XXI Alcohol concentration of oral antiseptics marketed in Brazil at the beginning of the second decade of the century XXI Raphael Ferreira de Souza Bezerra Araújo Graduação em Odontologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, Brasil. E-mail: [email protected]Meily de Mello Sousa Graduação em Odontologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), mestranda em Saúde Coletiva pela UFRN. E-mail: [email protected]Kenio Costa Lima Graduação em Odontologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), mestrado em Odontologia Social pela UFRN, doutorado em Ciências (Microbiologia) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pós-doutorado pela Agência de Saúde Pública de Barcelona, Professor associado IV da UFRN e do Programa de Pós-Graduação em Odontologia e em Ciências da Saúde da UFRN. E-mail: [email protected]Autor responsável pela correspondência: Kenio Costa Lima Departamento de Odontologia Av. Senador Salgado Filho, 1787 – Lagoa Nova – Natal – RN – Brasil CEP: 59056-000. Fone: +55 84 3342-2338 E-mail: [email protected]
12
Embed
CONCENTRAÇÃO ALCOÓLICA DE ANTISSÉPTICOS BUCAIS ...
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Revista Ciência Plural. 2015;1(3):26-37
CONCENTRAÇÃO ALCOÓLICA DE ANTISSÉPTICOS BUCAIS
COMERCIALIZADOS NO BRASIL NO INÍCIO DA SEGUNDA
DÉCADA DO SÉC. XXI
Alcohol concentration of oral antiseptics marketed in Brazil at
the beginning of the second decade of the century XXI
Raphael Ferreira de Souza Bezerra Araújo Graduação em Odontologia, Universidade Federal do Rio
Mint, Listerine®Freshburst®, Listerin® Tartar Control, Listerine® VanillaMint e Fluomint®.
O álcool foi encontrado em 21 (80,77%) dos 26 enxaguatórios utilizados na pesquisa. A presença de
álcool em marcas comerciais que alegam não conter etanol na sua composição é preocupante. Isso é um
alerta para as autoridades brasileiras terem um maior controle sobre esses produtos. É recomendado também
que os níveis de álcool, quando utilizados nos antissépticos bucais, devem ser apenas o suficiente para
desempenhar o seu papel de solvente e estabilizador. Todas as marcas comercias são obrigadas a
mencionar todas as substâncias presentes na solução, bem como a concentração exata de etanol na mistura,
como é regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), na resolução para Registro
de Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes. Uma maior fiscalização por parte dos órgãos
públicos é necessária para controlar esses produtos.
Quadro 2. Porcentagem de álcool para os medicamentos orais recomendados pela FDA .
Idade limite % de álcool
Crianças abaixo de 6 anos Sem álcool, caso contrário, no máximo, 0.5%
Crianças entre 6 e 12 anos Até 5% de álcool
Pessoas acima de 10 anos Não mais do que 10% de álcool
Fonte: Over the counter drug products intended for oral ingestion that contain Alcohol, pp13590-95. Food and Drug administration. Federal Register/Vol.60, No.48/Monday, March13, 1995/Rules and Regulations.
O álcool foi encontrado em 21 (80,77%) dos 26 enxaguatórios utilizados na pesquisa. A presença de
álcool em marcas comerciais que alegam não conter etanol na sua composição é preocupante. Isso é um
36 Revista Ciência Plural. 2015;1(3):26-37
alerta para as autoridades brasileiras terem um maior controle sobre esses produtos. É recomendado também
que os níveis de álcool, quando utilizados nos antissépticos orais, devem ser apenas o suficiente para
desempenhar o seu papel de solvente e estabilizador. Todas as marcas comerciais são obrigadas a
mencionar as substâncias presentes na solução, bem como a concentração exata de etanol na mistura, como
é regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), na resolução para Registro de
Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes (os bochechos são enquadrados nessa categoria).
Uma maior fiscalização por parte dos órgãos públicos é necessária para controlar esses produtos.
Na prescrição clínica deve-se dar preferência à utilização de antissépticos orais sem álcool, os quais
provocam menos danos à mucosa oral. Mesmo aqueles que não possuem álcool na sua composição não
devem ser utilizados de forma indiscriminada, e sim, em situações específicas em que realmente o paciente
necessite da solução, como é o caso de paciente com deficiência na coordenação motora, idosos, pacientes
com limitação da abertura bucal e que apresentam dificuldades de realizar a higiene oral pelos meios
mecânicos.
Agradecimentos
Gostaríamos de agradecer a Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Brasil, especialmente aos
Departamentos de Química e Odontologia que possibilitaram a execução desse projeto de pesquisa. Estamos
também gratos pelo apoio ilimitado e ajuda de Danielle Clarisse Barbosa e Nathalia Ramos da Silva.
Referências
1. Latimer J, Munday JL, Buzza KM, Forbes S, Sreenivasan PK, McBain AJ, Antibacterial and anti-biofilm
activity of mouthrinses containing cetylpyridinium chloride and sodium fluoride. BMC Microbiology (2015)
15:169
2. Watt R, Petersen PE. Periodontal health through public health – the case for oral health promotion.
Periodontology 2000, Vol. 60, 2012, 147–15
3. Gunsolley JC. Clinical efficacy of antimicrobial mouthrinses. Journal of Dentistry 38, S1 (2010) S6–S10
4. Marsh P, Martin MV. Terapia antimicrobiana e profixia para infecções orais. In: Microbiologia Oral. 4ª ed.
São Paulo: Santos; 2005. p. 170-178.
5. Blom T, Slot DE, Quirynen M, Van der Weijden GA. The effect of mouthrinses on oral malodor: a
systematic review. Int J Dent Hygiene 10, 2012; 209–222
6. Montenegro MM, Flores MF, Colussi PRG, Oppermann RV, Haas NA, Rosing CK. Factors associated
with self-reported use of mouthwashes in southern Brazil in 1996 and 2009. Int J Dent Hygiene 12, 2014;
103—107
7. Haq MW, Batool M, Ahsan SH, Qureshi NR. "Alcohol use in mouthwash and possible oral health
concerns". J Pak Med Assoc. 2009 Mar;59(3):186-90.
8. Koschier F, Kostrubsky V, Toole C, Gallo MA. In vitro effects of ethanol and mouthrinse on permeability in
an oral buccal mucosal tissue constructo. Food and Chemical Toxicology 49 (2011) 2524–2529
37 Revista Ciência Plural. 2015;1(3):26-37
9. Eliot MN, Michaud DS, Langevin SM, McClean MD, Kelse KT. Periodontal disease and mouthwash use
are risk factors for head and neck squamous cell carcinoma. Cancer Causes Control . 2013 July ; 24(7):
1315–132
10. Vecchia CL. Mouthwash and oral cancer risk: An update. Oral Oncology (2009) 45, 198–200
11. Neville BW, Damm DD, Allen CM, Bouquot JE. Patologia Epitelial. In: Patologia Oral e Maxilofacial. 2ª.
Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2004. p. 304-372.
12. Pöschl G, Seitz HK. Alcohol and cancer. Alcohol Alcohol. 2004 May-Jun;39(3):155-65.
13. Winn DM, Diehl SR, Brown LM, Harty LC, Bravo-Otero E, Fraumeni JF Jr, Kleinman DV, Hayes RB.
Mouthwash in the etiology of oral cancer in Puerto Rico. Cancer Causes Control. 2001 Jun;12(5):419-29.
14. Moghadam BKH, Thurlow T. Extensive oral mucosal ulcerations caused by misuse of a commercial
mouthwash. Cutis. 1999; 64:131-4.
15. Bahna P, Hanna HA, Dvorak T, Vaporciyan A, Chambers M, Raad I. Antiseptic effect of a novel alcohol
free mouthwash: a convenient prophylactic alternative for high-risk patients. Oral Oncol 2007; 43:159-64
16. Bolanowski SJ, Gescheider GA, Sutton SV. Relationship between oral pain and ethanol concentration in