Top Banner
COMPLICAÇÕES NEUROLÓGICAS DA CIRURGIA CARDÍACA. REVISÃO SOBRE A PATOGENIA E BASES PARA TRATAMENTO LINEU CESAR WERNECK*; DANTON R. ROCHA LOURES** No decurso da cirurgia cardíaca com circulação extra-corpórea (CEC) grande número de fatores entram em jogo. Além do ato cirúrgico em si, são necessários outros cuidados, principalmente no que tange à oxigenação san- güínea 19 , à pressão arterial 5 > 6 3 e à formação de microêmbolos 1 . 4 . 31 . 47 > 64 , que irão influir diretamente na patogênese das anormalidades neurológicas encontradas no pós-operatório. A incidência das complicações neurológicas varia conforme o autor. Dentre as complicações encontramos comumente alterações psiquiátricas e neurológicas como confusão mental, delírio, alterações nas funções cognitivas, hemiplegias, convulsões, alterações visuais, coma e morte 13 > 23 > 31 > 42 > 5S . Algumas séries chegam a apresentar 53% de complicações imediatas, embora a maioria dos pacientes recuperem-se totalmente 13 . 2 ' s < 42 > 63 . Nesta breve revisão, tentaremos descrever os tipos de complicações encon- tradas em pacientes submetidos a cirurgia cardíaca, sob o ponto de vista vas- cular cerebral. MATERIAL No período de setembro de 1971 a julho de 1973, foram submetidos a cirurgia cardíaca 320 pacientes, cuja idade variou entre 1 a 82 anos, com uma média de 38,7 anos. As patologias, cujas indicações motivaram as intervenções cirúrgicas en- contram-se relacionadas na tabela 1. Destes 320 pacientes, 310 foram submetidos a circulação extracorpórea, com um tempo médio de perfusão de 45 minutos. Trabalho realizado no Centro Neurológico e Serviço de Cirurgia Cardiovascular do Hospital Santa Cruz, Curitiba, Paraná: * Auxiliar de Ensino do Departamento de Medicina (Neurologia) da Universidade Federal do Paraná; ** Auxiliar de Ensino do Departamento de Cirurgia (Cirurgia Cardiovascular) da Universidade Federal do Paraná.
12

COMPLICAÇÕES NEUROLÓGICAS DA CIRURGIA CARDÍACA. … · como confusão mental, delírio, alterações nas funções cognitivas, hemiplegias, convulsões, alterações visuais,

Nov 21, 2018

Download

Documents

PhạmDũng
Welcome message from author
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Page 1: COMPLICAÇÕES NEUROLÓGICAS DA CIRURGIA CARDÍACA. … · como confusão mental, delírio, alterações nas funções cognitivas, hemiplegias, convulsões, alterações visuais,

COMPLICAÇÕES NEUROLÓGICAS DA CIRURGIA CARDÍACA.

REVISÃO SOBRE A P A T O G E N I A E BASES P A R A T R A T A M E N T O

LINEU CESAR WERNECK*;

DANTON R. ROCHA LOURES**

No decurso da cirurgia cardíaca com circulação extra-corpórea (CEC)

grande número de fatores entram em jogo. Além do ato cirúrgico em si, são

necessários outros cuidados, principalmente no que tange à oxigenação san­

güínea 1 9 , à pressão arterial 5> 6 3 e à formação de microêmbolos 1 . 4 . 3 1 . 4 7> 6 4 ,

que irão influir diretamente na patogênese das anormalidades neurológicas

encontradas no pós-operatório.

A incidência das complicações neurológicas varia conforme o autor. Dentre

as complicações encontramos comumente alterações psiquiátricas e neurológicas

como confusão mental, delírio, alterações nas funções cognitivas, hemiplegias,

convulsões, alterações visuais, coma e morte 13> 2 3> 3 1> 4 2> 5 S . Algumas séries

chegam a apresentar 53% de complicações imediatas, embora a maioria dos

pacientes recuperem-se totalmente 1 3 . 2's< 4 2> 6 3 .

Nesta breve revisão, tentaremos descrever os tipos de complicações encon­

tradas em pacientes submetidos a cirurgia cardíaca, sob o ponto de vista vas­

cular cerebral.

M A T E R I A L

No período de setembro de 1971 a julho de 1973, foram submetidos a cirurgia

cardíaca 320 pacientes, cuja idade variou entre 1 a 82 anos, com uma média de

38,7 anos. As patologias, cujas indicações motivaram as intervenções cirúrgicas en­

contram-se relacionadas na tabela 1. Destes 320 pacientes, 310 foram submetidos

a circulação extracorpórea, com um tempo médio de perfusão de 45 minutos.

T r a b a l h o r e a l i z a d o n o Cen t ro N e u r o l ó g i c o e S e r v i ç o de C i ru rg i a C a r d i o v a s c u l a r

d o H o s p i t a l San t a Cruz , Cur i t iba , P a r a n á : * A u x i l i a r de Ens ino d o D e p a r t a m e n t o

de M e d i c i n a ( N e u r o l o g i a ) da U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d o P a r a n á ; ** A u x i l i a r de Ens ino

d o D e p a r t a m e n t o de C i ru rg i a ( C i r u r g i a C a r d i o v a s c u l a r ) da U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d o

P a r a n á .

Page 2: COMPLICAÇÕES NEUROLÓGICAS DA CIRURGIA CARDÍACA. … · como confusão mental, delírio, alterações nas funções cognitivas, hemiplegias, convulsões, alterações visuais,

Ocorreram complicações neurológicas severas em 24 pacientes (Tabela 2) com uma incidência total de 7,8%. No que tange à natureza das complicações assina­lamos, em primeiro lugar, embolia aérea seguida de isquemia cerebral, como mostra a tabela 3.

Page 3: COMPLICAÇÕES NEUROLÓGICAS DA CIRURGIA CARDÍACA. … · como confusão mental, delírio, alterações nas funções cognitivas, hemiplegias, convulsões, alterações visuais,

C O M E N T A R I O S

O sistema nervoso central possui um mecanismo de controle do fluxo

sangüíneo cerebral independente do resto do organismo, com seus sistemas

intrínsecos de autoregulação. O fluxo sangüíneo cerebral (CBF — Cerebral

blood flow) é, em média, de 50 ml /100 gr. de cérebro, pelo método de Kety e

Schmidt, usando um gás inerte e representa 15% do débito cardíaco, ou seja,

em média, 750 ml/minuto 2 5 . Desde longa data, vários pesquisadores tentaram

correlacionar as alterações do CBF e seu controle através de nervos periféricos

pertencentes ao sistema nervoso autônomo. Um estudo conseguiu evidenciar

duplo controle da circulação cerebral, indicando que os vasos extra-parenqui-

matosos estariam controlados pelo estímulo nervoso simpático, enquanto que

os intra-parenquimatosos dependeriam das demandas energéticas e metabó-

l icas 1 7 . Até o momento não existem provas convincentes de que os nervos

descritos atuem no controle do CBF 5 7 , G 2 .

Outros estudos demonstraram que, durante as variações da pressão arte­

rial, o CBF permanecia constante, indicando a existência de mecanismo auto-

regulador, localizado na parede das artérias. A pressão arterial pode cair até

um terço do normal, sem afetar o CBF, por diminuição da resistência vascular.

Logo que a dilatação arterial for máxima no cérebro inteiro, a resistência

vascular é mínima e a autoregulação então não é mais possível. Neste mo­

mento, o CBF torna-se função linear da pressão arterial. Nesta fase, a artéria

deixa de responder aos outros tipos de vasoconstritores 5 . 2 5 .

Para estudar o CBF existem várias técnicas, baseadas no método do gás

inerte, utilizando óxido nitroso 2 5> 2 7 , kriptônio 8 5 1 0 ou xenônio 133 7> 2 2> 2 7> 4 5> 5 1 ,

sendo este último o mais utilizado no momento. Dentre os fatores que influem

na auto-regulação do CBF, temos o dióxido de carbono arterial e oxigênio:

o primeiro causa vasodilatação por relaxamento da parede arterial e, o segundo,

vasoconstrição 2 5> 5 4 . O dióxido de carbono causa dilatação porque altera o pH

do tecido periarterial; o oxigênio, propiciando aumento do pH, ocasiona meca­

nismo inverso, com vasoconstrição, embora com ação bem mais limitada 5 0> 5 4 .

Com a demonstração destes fatos, foi proposta terapêutica vasodilatadora

para os déficits de perfusão cerebral, como por exemplo infarto cerebral.

Alguns autores relataram bom resultado no passado, utilizando o método de

Kety-Schmidt na avaliação. Este método afere o C B F total do hemisfé­

rio 2 4> w > 3 2> 3 4 . 3 6 . Com os trabalhos que se seguiram, verificando o CBF regio­

nal, o resultado foi diferente, não reproduzindo os achados anteriores com o

dióxido de carbono. Neste método, durante o repouso algumas áreas mostraram

hiperemia máxima (perfusão luxuriosa) 2 1 > 2 5 . 5 0 e durante a administração

de CO2 ocorreu diminuição do CBF na área isquémica (roubo intracere­

bral) 3- 9> 4 9> 5 0> 7 2

Chamamos de perfusão luxuriosa a hiperemia na área do infarto ou isque­

mia cerebral. Na fase de hiperemia reativa, entram em ação conexões artério-

venosas maiores que os capilares, que normalmente encontram-se ocluidos,

sendo que experimentalmente permitem a passagem de émbolos de até 76 mi­

eras 5 2 . Acredita-se que existe uma paralisia vasomotora na área isquémica,

Page 4: COMPLICAÇÕES NEUROLÓGICAS DA CIRURGIA CARDÍACA. … · como confusão mental, delírio, alterações nas funções cognitivas, hemiplegias, convulsões, alterações visuais,

produzida pela acidóse tissular, através do acumulo de ácido láctico, dióxido

de carbono e outros produtos da degradação tecidual 2 1 . 2 6 . 5 9 . A acidóse, agindo

na parede arterial, causaria paralisia vasomotora com dilatação e ausência de

resposta aos estímulos fisiológicos normais, como pressão arterial, dióxido de

carbono e oxigênio. Como o restante do hemisfério é normal, responde normal­

mente a estes estímulos, principalmente ao dióxido de carbono, com vasodila-

tação. A vasodilatação do tecido cerebral normal ocasiona aumento de seu

leito vascular e diminui a sua resistência. A área que se encontra isquémica

perde a sua capacidade reativa vascular e estando em dilatação máxima, não

acompanha o tecido cerebral normal. As colaterais que forneciam sangue para

a área infartada deixam de fazê-lo, porque a pressão de perfusão do tecido

cerebral normal passa a ser menor que o da zona isquémica. Neste momento

ocorre desvio de sangue da área infartada para o tecido normal, pela diferença

de pressão (resposta paradoxal) 9> 4 9> 5 0 . Outra hipótese mais recente, ainda não

aceita pela maioria dos autores, tenta explicar o desvio de sangue da área

isquémica para o tecido normal durante a terapêutica vasodilatadora, pelo

aumento da pressão intracraniana durante a administrção de CO2. Ao ocorrer

dilataçãão, o volume de sangue cerebral intravascular aumenta e comprime

as áreas infartadas, que perderam a sua capacidade vasomotora 6 .

Os fenômenos descritos acima refletem hipóxia tissular, com diminuição

do consumo de oxigênio cerebral e conseqüente acidóse tissular. Esta acidóse

foi amplamente demonstrada, dosando-se ácido láctico no l iquor 4 8 , no córtex

cerebral 4 3 e nos vasos que deixam a córtex 4 8> 6 5 .

Durante a circulação extra-corpórea (CEC) foi demonstrado que à medida

que aumenta o tempo de perfusão, aumenta o P a 0 2 , cai progressivamente o

P a C 0 2 e PO2 do líquido céfalorraqueano, indicando desequilíbrio do fluxo

sangüíneo provocado pela hipocapnia e conseqüente diminuição do CBF, com

hipóxia cerebral progressiva 1 9 . Além das dificuldades de oxigenação 5 3 , os

oxigenadores artificiais propiciam a formação de grande número de micro-

êmbolos durante o período de CEC, como foi amplamente demonstrado nos

estudos de necropsia \ filtros de fibra de v idro 6 4 , filtros de m e t a i s 4 . 4 2 e

u l t r a - s o m 4 . 1 2 . 4 7 . Dependendo de seu tamanho, o embolo é retido nos capilares

cerebrais, conforme foi demonstrado experimentalmente no cão 5 2 . Em um dos

estudos realizados com auxílio de ultra-som, houve importante queda do CBF

em 25%, diminuição do consumo cerebral médio de oxigênio ( C M R O 2 ) em

45% e baixa do consumo de glicose (CMRGi) em 60%. Com interposição de

filtros, o CBF permaneceu constante, com discreta queda do C M R O 2 (4%) e

do CMRGi (16%), que retornaram à linha de base inicial após 90 minutos.

Os autores concluem que durante os procedimentos cirúrgicos com CEC existe

depressão do metabolismo cerebral e CBF, que não são imediatamente rever­

síveis 4 . Quanto maior a duração da perfusão extra-corpórea, maior a possi­

bilidade de se formarem émbolos e, conseqüentemente, distúrbios neurológicos

no pós-operatório 1 2 > 2 3 . 6 3 . Além dos émbolos formados na CEC, dependendo

do tipo de cirurgia, podem ocorrer embolias gordurosas ou aéreas, com sinto­

matologia variável no pós-operatório 6 7 .

Page 5: COMPLICAÇÕES NEUROLÓGICAS DA CIRURGIA CARDÍACA. … · como confusão mental, delírio, alterações nas funções cognitivas, hemiplegias, convulsões, alterações visuais,

Outro fator na gênese das complicações neurológicas da cirurgia cardíaca

é a hipotensão por tempo acima do tolerado pelo cérebro durante a CEC ou

quando o paciente é recolocado em sua própria circulação 4 2 . e 3 . Esta hipoten­

são poderá ocasionar lesões circunscritas ou generalizadas, conforme o tempo

da mesma 5 - 6 3 . Estudos fisiológicos avaliando a tradução elétrica da atividade

cortical, através do eletrencefalograma durante e após a cirurgia cardíaca

com CEC, demonstraram lentificação e até supressão da atividade cerebral 6 3 .

O eletrencefalograma tem pouco valor para detectar alterações imediatas tran-

soperatórias, pois ocorre algum tempo até que o cérebro consuma toda a sua

energia e surjam os padrões anormais, mormente quando o paciente está sendo

operado sob anestesia e hipotermia 2> 6 8 - 6 9 . Estudos experimentais com auxílio

de microscopía eletrônica, revelaram alterações sub-celulares em neurônios e

células gliais, quando havia redução do CBF em níveis sub-normais, principal­

mente quando era empregada CEC do tipo não pulsáti l 7 1 .

Acreditava-se até a pouco tempo que durante a parada circulatória ou

diminuição do CBF, produzir-se-iam alterações no transporte iónico celular

pela falta de energia, com edema endotelial e nas células gliais per i vasculares,

reduzindo ainda mais o fluxo sangüíneo 1 1 . Vários experimentos em animais,

com interrupção do CBF, demonstraram boa recuperação dos mesmos, tole­

rando paradas cardíacas de até 10 minutos, com alterações mínimas, desde

que fosse mantido bom fluxo sangüíneo cerebral após a recuperação 5> 3 9> 4 0 .

Nestes trabalhos, foram verificados dois tipos de lesões patológicas, sendo o

primeiro ao nível do tronco cerebral e que ocorria somente se o tempo sem

perfusão era maior que 10 minutos. O segundo tipo é encontrado na cortex

cerebral, quando existe hipotensão pós-parada cardíaca que leva à diminuição

da circulação encefálica e foi responsabilizada pelas alterações clássicas encon­

tradas nos estudos anteriores 5 . 1 5 . 4 0 . Portanto, um fator decisivo na produção

das lesões é a hipotensão pós-parada cardíaca, pois os animais em que o

coração foi protegido contra a hipotensão, não apresentaram lesões corticais

difusas 3 9 > 4 0 . Recentemente foi demonstrado que a patogenia das lesões isqué­

micas cerebrais está na dependência direta das alterações hematológicas ao

nível capilar cerebral, com agregação dos eritrocitos, responsáveis pelo au­

mento da viscosidade sangüínea durante o baixo CBF ou na ausência do

m e s m o 1 1 . Com a queda do CBF, ocorre estase ao nível capilar, os vasos

entram em colapso e o E E G torna-se plano. Em 3 minutos os eritrocitos §e

agregam, em 5-10 minutos formam-se micro-êmbolos e entre 10-15 minutos

existe separação dos elementos, transformando-se o sangue em soro e coágulo.

Se a ressucitação é possível nos primeiros 3 minutos é difícil depois de 3-5

minutos e impossível após esse tempo. Não é possível conseguir reperfusão

nessa f a s e 2 0 . Esta dificuldade de perfusão não é influenciada pela heparina,

é inversamente relacionada à pressão de perfusão e reduzida pela hemodilui-

ção aguda com solução salina 1 1 . Uma das hipótese para explicar as alterações

que ocorrem na microvasculatura cerebral seria a liberação secundária de

produtos do catabolismo anaeróbico cerebral, atuando sobre a parede dos

vasos 1 5 .

Page 6: COMPLICAÇÕES NEUROLÓGICAS DA CIRURGIA CARDÍACA. … · como confusão mental, delírio, alterações nas funções cognitivas, hemiplegias, convulsões, alterações visuais,

No que tange à terapêutica das lesões cerebrais, baseados nos fatos

expostos acima, verificamos que existe a possibilidade de ocorrer isquemia

cerebral de dois tipos: com oclusão arterial (émbolos) e sem oclusão arterial

(hipotensão) 5 0 . Tentaremos analisar o efeito dos métodos terapêuticos em­

pregados no momento.

A ) LESÕES ISQUÉMICAS COM OCLUSÃO OCULAR

1) Aumento da pressão arterial de perfusão — Conforme discutimos

anteriormente, existe paralisia vasomotora na área lesada e, ao produzir-se

vasoconstrição cerebral difusa no tecido normal, há indiretamente aumento

do fluxo sangüíneo na área isquémica, pelo desvio do sangue para os vasos,

com acidóse tecidual e menor resistência vascular 3 . 9> 7 0 . Este fato foi com­

provado através de medidas do fluxo sangüíneo, com substncias vasoconstri-

toras, como a aminofilina 1 6> 6 1 . Embora faltem estudos clínicos com número

adequado de pacientes, a impressão é de que nos normotensos, com sinais de

isquemia cerebral, a hipertensão teria um efeito benéfico, sendo inclusive

recomendado o uso deliberado de hipertensores para prevenir queda da pressão

arterial e reduzir a morbidade e mortalidade pós-operatória 9- 6 3 .

2) Hiperventilação — Sua base fisiológica é mais ou menos idêntica

ao item anterior, pois ao baixar o PaCC)2, há vasoconstrição cerebral difusa

e "shunt" de sangue para as áreas isquémicas. Este processo também produz

alterações do pH ao nível arterial, com paralisia vasomotora, permitindo

melhores condições metabólicas, pois o oxigênio é altamente difusível 2 1 . 7 2 .

Isto foi demonstrado em pacientes com hipertensão intracraniana severa,

sendo considerado um método heróico no manejo da descompensação aguda.

Períodos prolongados de hiperventilação não mostraram alterações convin­

centes nos pacientes com infarto cerebral, trauma encefálico ou endarterecto-

mia de carótida 3 2 - 5 4 .

3) Agentes trombolíticos — O interesse é unicamente para pesquisas

futuras e nada convincente quanto a sua eficácia no momento 5 0 .

4) Cirurgia vascular — Mortalidade muito alta na fase aguda dos in­

fartos, pela transformação de infartos isquémicos em hemorrágicos e edema

cerebral incontrolável 5 0.

5) Oxigenação hiperbárica — Produz melhoria acentuada dos déficits

neurológicos durante a exposição ao oxigênio em câmara hiperbárica, mas

logo que os doentes são retirados da mesma, o déficit retorna 5 0 .

6) Barbituratos e hipotermia — Os barbitúricos ocasionam bloqueio

metabólico em trabalhos experimentais, sendo que existe a possibilidade de

utilizar esta propriedade farmacológica para proteger os neurônios do cata­

bolismo anaeróbico. Em coelhos e cães, os resultados dos estudos foram

muito bons animando a prosseguir esta linha de investigação no h o m e m 6 6 . 7 3 .

Desde longa data se conhece o efeito da hipotermia para reduzir o metabo­

lismo cerebral 5 0> 6 6> 6 8 . Não existe concordância se a melhoria clínica é pro-

Page 7: COMPLICAÇÕES NEUROLÓGICAS DA CIRURGIA CARDÍACA. … · como confusão mental, delírio, alterações nas funções cognitivas, hemiplegias, convulsões, alterações visuais,

duzida pela diminuição do edema ou pela depressão metabólica 8 . A hipoter­

mia tem sido empregada em complicações neurológicas graves onde se prevê

evolução mais crônica, e também quando as mesmas são acompanhadas de

hipertermia e hipercatabolismo. Ainda está em estudo o seu real va lor 4 7 .

7) Dextran — Como o dextran impede a agregação eritrocitária e pla-

quetária, foi tentado em pacientes com isquemia cerebral. Os primeiros relatos

foram animadores, mas o número de casos foi pequeno, com diferença mínima

favorável 1 4 e outros estudos falharam em comprovar este achado 3 .

8) Manitol, uréia e sorbitol apresentam algum resultado pela redução

do edema. O efeito de rebote no edema cerebral pela uréia e sorbitol, está

ocasionando o seu abandono. Os resultados não são conclusivos 3 2 . 5 0 .

9) Corticoesteróides propiciam melhores resultados atuando sobre o ede­

ma cerebral. A melhoria da evolução clínica é marcante quando o edema

cerebral é preponderante 1 8 . 4 6 . 5 0 , embora alguns estudos experimentais não

confirmem este fato 6 0 .

10) Anticoagulantes — Diferentes são as opiniões sobre sua ação. No

momento estão sendo indicados somente durante as tromboses em evolução

e considerados de grande risco nas tromboses já presentes 4 1 .

11) Vasodilatadores — Este é um dos tópicos mais discutidos na atua­

lidade 2 8 . Os trabalhos realizados até a alguns anos apresentavam um "valor

indiscutível", conforme o método empregado. Utilizavam a medida do fluxo

sangüíneo hemisférico total, que incluía as áreas de infarto e as normais 2 4 . 3 0> 3 2> 3 4 . Como vimos no início, o cérebro normal responde aos vários estímulos

fisiológicos, como dióxido de carbono 1 0 . 2 1 , 2 5 . 2 6 > 2 7> 4 9 , papaverina 2 5 , acetazola-

mida 5 6 e hexobendine 3 6 . Os estudos favoráveis apregoam este tipo de trata­

mento 2 4 ' 3 0 > 3 2 - 3 4 . 3 6 , sendo os pacientes estudados 3-4 dias após o episódio

inicial. Quando esta mesma terapêutica foi avaliada através do fluxo san­

güíneo cerebral regional, foi demonstrado que, além de não funcionar, na

maioria dos casos, era prejudicial. Nos locais com acidóse tecidual já existe

dilatação vascular máxima e a terapêutica empregada ocasionava acentuada

queda do fluxo sangüíneo na área isquémica, revertendo à perfusão luxuriosa

ou hiperemia reativa 3 . 9- 4 4 . 5 6 . 7 2 . Aparentemente, mesmo que aumente o fluxo

na zona infartada, não existe estudo clínico convincente da sua eficácia, e,m

relação à morbidade e mortalidade 2 9 . Além de causar aumento da tensão

arterial e do débito cardíaco quando é utilizado o carbogênio, segue-se hipo-

tensão pós-hipocápnica, que dura vários minutos e porte ser prejudicial ao

paciente 2 9 . Talvez uma indicação seja o fenômeno de diasquise ou vaso-cons-

trição contra-lateral, que ocorre principalmente nas pessoas idosas. Este fenô­

meno consiste em vasoconstrição e diminuição do fluxo sangüíneo no hemis­

fério não atingido e seria mediado por transmissores químicos 3 5 . Ainda assim,

o assunto está em estudo e não existem provas convincentes de efeitos

benéficos.

12) Glicerol — Esta substância utilizada recentemente em acidentes

vasculares encefálicos, demonstrou bom resultado em alguns casos, apesar de

Page 8: COMPLICAÇÕES NEUROLÓGICAS DA CIRURGIA CARDÍACA. … · como confusão mental, delírio, alterações nas funções cognitivas, hemiplegias, convulsões, alterações visuais,

ter sido utilizada alguns dias após o episódio inicial de isquemia. O glicerol

é uma substância que tende a permanecer no sistema vascular, causando

hiperosmolaridade e conseqüente redução do edema cerebral. O pouco que

penetra na barreira hematoencefálica interfere no mecanismo de fosforilação

oxidativa, produzindo uma diminuição do quociente respiratório do hemisfério,

por sua própria oxidação. É uma substância que promete bons resultados,

sendo que existem poucos estudos clínicos na atualidade 3 3 . 3 8 .

B) LESÕES ISQUÉMICAS SEM OCLUSAO OCULAR

Nestes tipos de lesões, a principal preocupação refere-se ao edema cerebral,

sendo empregados todos os meios descritos anteriormente, como corticoeste-

róides, manitol, glicerol, hiperventilação, redução do consumo de oxigênio com

barbitúricos ou hipotermia, redução da acidóse perivascular reduzindo o

PaCC«2. Após a redução do edema, pode-se tentar aumentar o fluxo sangüíneo,

aumentando a pressão arterial sistêmica, embora com certo risco 3 8 . 5 0 .

A : nda é muito confuso o manejo destes doentes e acreditamos que a

melhor medida terapêutica é de caráter preventivo, utilizando filtros no

oxigenador, evitando perfusões e hipotensões prolongadas, operando sob hipo­

termia e procurando manter os pacientes dentro dos padrões metabólicos

normais.

R E S U M O

São relatadas as compl i cações neurológicas assinaladas e m 320 pacientes

submet idos a cirurgias cardíacas, c o m u m a incidência de 7 ,8%. As et iologias

mais comuns encontradas fo ram a embol ia aérea ( 4 , 0 % ) e isquemia cerebral

após hipotensão s is têmica ( 2 , 4 % ) . Os autores anal isam a patogenia das c o m ­

plicações cerebrais e t en tam correlacioná- las c o m o f luxo sangüíneo cerebral ,

c o m o metabo l i smo cerebral e c o m a d inâmica dos pequenos vasos cerebrais .

U m a revisão a respeito dos mé todos para t ra tamento da isquemia cerebral é

apresentada.

S U M M A R Y

Neurological complications of heart surgery. A review

about the pathogenesis and treatment bases

T h e neurological compl ica t ions fo l lowing 320 heart surgery, with an

incidence o f 7,8% are reported. T h e m o s t c o m m o n e t io logy were air embolus

( 4 , 0 % ) and cerebral ischaemia fo l lowing hypotension ( 2 , 4 % ) . T h e authors

analyse the pathogenesis of the cerebral compl ica t ion and a t tempt to corre la te

it wi th the cerebra l b lood f low, brain metabo l i sm and dynamics o f the small

cerebra l vessels. A revision about the m o s t c o m m o n methods o f t rea tment of

cerebral ischaemia is made .

Page 9: COMPLICAÇÕES NEUROLÓGICAS DA CIRURGIA CARDÍACA. … · como confusão mental, delírio, alterações nas funções cognitivas, hemiplegias, convulsões, alterações visuais,

R E F E R Ê N C I A S

1. A L L A R D Y C E , D . B. ; Y O S H I D A , S. H . & A S H M O R E , P. G. — T h e i m p o r t a n c e of

m i c r o e m b o l i s m in the p a t h o g e n e s i s o f o r g a n d y s f u n c t i o n caused by p r o l o n g e d

use o f the p u m p o x y g e n a t o r . J. T h o r a c i c & C a r d i o v a s . Surg . 52:706, 1966.

2 . A R F E L , G.; W E I S S , J. & D u B O U C H E T , N. — E E G f ind ings d u r i n g o p e n hear t

s u r g e r y wi th e x t r a - c o r p o r e a l c i r c u l a t i o n . In Meyer , J. S. e Gas tau t , H . — Cere­

bral A n o x i a and the E l e c t r o e n c e p h a l o g r a m , Char l e s C. T h o m a s , Spr ingf ie ld

( I l l i n o i s ) , 1 9 6 1 .

3 . B R A W L E Y , B. W . ; S T R A N D N E S S Jr., E. & K E L L Y , W . A . — T h e p h y s i o l o g i c r e sponse to t he rapy in e x p e r i m e n t a l c e r eb ra l i s c h e m i a . A r c h . N e u r o l . ( C h i c a g o ) 17 :80 , 1967 .

4 . B R E N N A N , R . W . ; P A T T E R S O N , R . H. & K E S S L E R , J. — Cerebra l b l o o d f l o w

and m e t a b o l i s m d u r i n g c a r d i o p u l m o n a r y b y p a s s : e v i d e n c e o f m i c r o e m b o l i c

e n c e p h a l o p a t h y . N e u r o l o g y ( M i n n e a p o l i s ) 21 :665 , 1971.

5 . B R I E R L E Y , J. B. — S y s t e m i c h y p o t e n s i o n : n e u r o l o g i c a l and n e u r o p a t h o l o g i c a l

a spec t s . In M o d e r n T r e n d s in N e u r o l o g y . V o l . 5. A p p l e t o n - C e n t u r y - C r o f t s , L o n d o n ,

1970, p á g . 164 .

6 . BROOK, M. — P a t o g e n i a d o s a c i d e n t e s v a s c u l a r e s c e r eb ra i s e m f u n ç ã o dos

c o n h e c i m e n t o s a tua i s sob re c i r c u l a ç ã o r eg iona l d o e n c é f a l o . R e s u m o d o V Con­

g re s so Bras i l e i ro de N e u r o l o g i a , S ã o P a u l o , Ju lho 1972.

7 . C A R T E R , C. C.; E I C H L I N G , J. O.; D A V I S , D . O. & P E R P O G O S S I A N , M. M. —

Cor r e l a t i on o f r eg iona l c e r eb ra l b l o o d f l o w w i t h r e g i o n a l o x y g e n u p t a k e us ing O 1 5

m e t h o d . N e u r o l o g y ( M i n n e a p o l i s ) 22 :755 , 1972.

8 . C L A S E N , R. A . ; P A N D O L F I , S. & H A S S , G. M. — In t e r rup t ed h y p o t h e r m i a in

e x p e r i m e n t a l c e r eb ra l e d e m a . N e u r o l o g y ( M i n n e a p o l i s ) 2 0 : 2 7 9 , 1970.

9 . F I E S C H I , C.; A G N O L I , A . ; B A T T I S T I N I , N. ; B O Z Z A O , L . & P R E N C I P E , M. —

D e r a n g e m e n t o f r eg iona l ce reb ra l b l o o d f l o w and o f its r e g u l a t o r y m e c h a n i s m s

in a c u t e c e r e b r o v a s c u l a r les ions . N e u r o l o g y ( M i n n e a p o l i s ) 18 :1166 , 1968.

1 0 . F I E S C H I , C.; A G N O L I , A . ; B A T T I S T I N I , N . & B O Z Z A O , L . — R e g i o n a l ce reb ra l

b l o o d f l o w in pa t i en t s w i t h b ra in in fa rc t s . A r c h . N e u r o l . ( C h i c a g o ) 15 :653 , 1966.

1 1 . F I S C H E R , E. G. & A M E S , A . — S tud i e s on m e c h a n i s m s o f i m p a i r m e n t o f

c e r eb ra l c i r c u l a t i o n f o l l o w i n g i s c h e m i a : e f f ec t o f h e m o d i l u t i o n and per fus ion

pressure . S t roke 3 :538 , 1972.

1 2 . F I E S C H E R - W I L L I A M S , M. ; G O T T S C H A L K , P. G. & B R O W E L L , J. N . —

Trans ien t co r t i c a l b l indness . N e u r o l o g y ( M i n n e a p o l i s ) 20 :353 , 1970.

1 3 . G I L M A N , S. — Cerebra l d i so rde r s a f te r o p e n - h e a r t ope ra t i ons . N e w E n g l . J. Med . 272:489, 1965.

1 4 . G I L R O Y , J.; B A R N H A R T , M. I. & M E Y E R , J. S. — T r e a t m e n t o f a c u t e s t roke

w i t h d e x t r a n 40. J . A . M . A . 210 :293 , 1969 .

1 5 . G I N S B E R G , M. D . & M Y E R S , R . E. — T h e t o p o g r a p h y o f impa i r ed m i c r o v a s c u l a r

pe r fus ion in the p r i m a t e b ra in f o l l o w i n g to ta l c i r c u l a t o r y arrest . N e u r o l o g y

( M i n n e a p o l i s ) 22 :998 , 1972.

1 6 . G O T T S T E I N , U. & P A U L S O N , O. B. — T h e e f f ec t o f i n t r aca ro t i d a m i n o p h y l i n e

in fus ion o n the c e r e b r a l c i r c u l a t i o n . S t r o k e 3 :560, 1972.

1 7 . H A R P E R , A . M. ; D E S H M U K , V . D . ; R O W A N , J. O. & J E N N E T T , B. — T h e i n f l u e n c e o f s y m p a t h e t i c n e r v o u s a c t i v i t y on ce r eb ra l b l o o d f l o w . A r c h . N e u r o l . ( C h i c a g o ) 2 7 : 1 , 1972.

1 8 . H A R R I S O N , M. J. G. & R U S S E L L , R . W . — Ef fec t o f d e x a m e t h a s o n e on e x p e r i m e n t a l ce reb ra l in fa rc t ion in the gerb i l . J. N e u r o l . N e u r o s u r g . P sych ia t . 35 :520 , 1972.

1 9 . H A S B R O U C K , J. D . & R I G O R , B. M. — T h e o x y g e n tens ion o f ce reb rosp ina l

f lu id d u r i n g c a r d i o p u l m o n a r y bypass . J. T h o r a c i c & C a r d i o v a c . Surg . 58 :754 , 1969.

2 0 . H E K M A T P A N A H , J. — Cerebra l b l o o d f l o w d y n a m i c s in h y p o t e n s i o n and c a r d i a c

arrest . N e u r o l o g y ( M i n n e a p o l i s ) 23 :174 , 1973.

Page 10: COMPLICAÇÕES NEUROLÓGICAS DA CIRURGIA CARDÍACA. … · como confusão mental, delírio, alterações nas funções cognitivas, hemiplegias, convulsões, alterações visuais,

2 1 . H O E D T - R A S M U S S E N , K. ; S K I N H O J , E.; P A U L S O N , O.; E W A L D , J.; B J E R R U M , J. K. ; F A H R E N K R U G , A . & L A S S E N , N. A . — R e g i o n a l ce reb ra l b l o o d f l o w in a c u t e a p o p l e c y ( t h e l u x u r y pe r fus ion s y n d r o m e o f b ra in t i s s u e ) . A r c h . N e u r o l . ( C h i c a g o ) 1 7 : 2 7 1 , 1967.

2 2 . J A F F E , M. E. ; M c H E N R Y , L. C. & G O L D B E R G , H. I. — R e g i o n a l ce reb ra l b l o o d f l o w m e a s u r e m e n t w i t h smal l p r o b e s . N e u r o l o g y ( M i n n e a p o l i s ) 20 :225 , 1970.

2 3 . J A V I D , H. ; T U F O , H . M. ; N A J A F I , H . ; D Y E , W . S.; H U N T E R , J. A . & J U L I A N O. C. — N e u r o l o g i c a l a b n o r m a l i t i e s f o l l o w i n g o p e n - h e a r t su rge ry . J. T h o r a c i c & C a r d i o v a s c . Surg . 58 :502 , 1969.

2 4 . K O G U R E , K.; F U J I S H I M A , M. ; S C H E I N B E R G , P. & R E I N M U T H , O. M. — Ef fec t s o f c h a n g e s in c a r b o n d i o x i d e p ressure and a r te r ia l p ressure o n b lood f l o w in i s c h e m i c r eg ions o f the b ra in in d o g s . C i r cu l a t i on R e s e a r c h 24 :557 , 1969.

2 5 . L A S S E N , N. A . — Cerebra l b l o o d f l o w and o x y g e n c o n s u m p t i o n in man . P h y s i o l o g i c a l R e v i e w s 19 :183 , 1959.

2 6 . L A S S E N , N. A . — T h e l u x u r y - p e r f u s i o n s y n d r o m e and its poss ib le r e l a t ion to a c u t e m e t a b o l i c ac idos i s loca l i sed w i t h i n t he b ra in . L a n c e t 2 :1113, 1966.

2 7 . M c H E N R Y Jr., L. C. — Cerebra l b l o o d f l o w . N e w Eng l . J. Med . 274 :82 , 1966 . 2 8 . M c H E N R Y Jr., L. C. — Cerebra l v a s o d i l a t o r t he r apy in s t roke . S t r o k e 3:686,

1 9 7 2 .

2 9 . M c H E N R Y , L . C.; G O L B E R G , H . I.; J A F F E , M. E.; K E N T O N II I , E . J . ; W E S T , J . W . & C O O P E R , E. S. — R e g i o n a l ce reb ra l b l o o d f l o w . A r c h . N e u r o l . ( C h i c a g o ) 27 :403 , 1972.

3 0 . M c H E N R Y , L . C.; J E F F E , M. E. ; K A W A M U R A , J. & G O L B E R G , H . I. — Ef fec t o f p a p a v e r i n e o n r e g i o n a l b l o o d f l o w in f o c a l v a s c u l a r d isease o f the bra in . N e w E n g l . J. Med . 282:1167, 1970.

3 1 . M E Y E R , J. S.; C H A R N E Y , J. Z . ; R I V E R A , V. M. & M A T H E W , N . T . — Cerebra l e m b o l i z a t i o n : p r o s p e c t i v e c l in ica l ana lys i s o f 42 cases . S t roke 2 :541 , 1971.

3 2 . M E Y E R , J. S.; F U K U U C H I , Y . ; S H I M A Z U , K . ; O H U C H I , T. & E R I C S S O N , A . D . — A b n o r m a l h e m i s p h e r i c b l o o d f l o w and m e t a b o l i s m in c e r e b r o v a s c u l a r d i sease : t he rapeu t i c t r ia l s w i t h 5 % C O 2 i nha la t ion , h y p e r v e n t i l a t i o n and i n t r a v e n o u s infus ion o f T H A M and m a n n i t o l S t r o k e 3 :157 , 1972.

3 3 . M E Y E R , J. S.; F U K U U C H I , Y . ; S H I M A Z U , K. ; O H U C H I , T. & E R I C S S O N , A . D . — E f f e c t o f i n t r a v e n o u s infus ion o f g l y c e r o l o n h e m i s p h e r i c b l o o d f l o w and m e t a b o l i s m in pa t i en t s w i t h a c u t e c e r e b r a l i n fa rc t ion . S t roke 3:168, 1972 .

3 4 . M E Y E R , J. S.; G O T O H , F.; G I L R O Y , J. & N A R A , N . — I m p r o v e m e n t in bra in o x y g e n a t i o n and c l in i ca l i m p r o v e m e n t in pa t i en t s w i t h s t rokes t rea ted w i t h p a p a v e r i n e h y d r o c h l o r i d e . J . A . M . A . 194 :957 , 1 9 6 5 .

3 5 . M E Y E R , J. S.; K A N D A , T. ; F U K U U C H I , Y . ; S H I M A Z U , K. ; D E N N I S , E . W . & E R I C S S O N , A . D . — Cl in i ca l p r o g n o s i s co r r e l a t ed w i t h h e m i s p h e r i c b l o o d f l o w in ce reb ra l i n fa rc t ion . S t roke 2 :383 . 1971.

3 6 . M E Y E R , J. S.; K A N D A , T.; S H I N O H A R A , Y . ; F U K U U C H I , Y . ; S H I M A Z U , K.; E R I C S S O N , A . D . & G O R D O N , W . H. — E f f e c t o f h e x a b e n d i n e o n ce reb ra l h e m i s p h e r i c b l o o d f l o w and m e t a b o l i s m . N e u r o l o g y ( M i n n e a p o l i s ) 21 :691 , 1971.

3 7 . M E Y E R , J. S.; S A W A D A , T. ; K I T A M U R A , A . & T O Y O D A , M. — Cerebra l o x y g e n , g l u c o s e , l a c t a t e and p y r u v a t e m e t a b o l i s m in s t roke . T h e r a p e u t i c cons ide ra t ions . C i r c u l a t i o n 37 :1036 , 1968.

3 8 . M E Y E R , J. S.; T E R A U R A , T. ; M A R X , P.; H A S H I , K. ; & S A K A M O T O , K. — B r a i n s w e l l i n g due t o e x p e r i m e n t a l c e r eb ra l i n fa rc t ion . C h a n g e s in v a s o m o t o r c a p a c i t a n c e a n d e f f ec t s o f i n t r a v e n o u s g l y c e r o l . B ra in 95 :833 , 1972.

3 9 . M I L L E R , J. R . & M Y E R S , R . E. — N e u r o l o g i c a l e f f ec t s o f sy s t emic c i r c u l a t o r y a r res t in t he m o n k e y . N e u r o l o g y ( M i n n e a p o l i s ) 20 :715 , 1970.

4 0 . M I L L E R , J. R . & M Y E R S , R . E. — N e u r o p a t h o l o g y o f sy s t emic c i r c u l a t o r y a r res t in adu l t m o n k e y s . N e u r o l o g y ( M i n n e a p o l i s ) 22 :888 , 1972.

4 1 . M I L L I K A N , C. H . — R e a s s e s s m e n t o f a n t i c o a g u l a n t t he r apy in v a r i o u types o f o c c l u s i v e c e r e b r o v a s c u l a r d isease . S t r o k e 2 :201 , 1971.

Page 11: COMPLICAÇÕES NEUROLÓGICAS DA CIRURGIA CARDÍACA. … · como confusão mental, delírio, alterações nas funções cognitivas, hemiplegias, convulsões, alterações visuais,

4 2 . M I L L I K A N , C. H. — S u m m a r y o f the e igh t P r i n c e t o n C o n f e r e n c e o n ce rebra l v a s c u l a r d iseases ( January 5-7, 1972, N a s s a u T a v e r n , P r i n c e t o n , N e w J e r s e y ) . S t roke 3 :105, 1972.

4 3 . O L E S E N , J. — T o t a l CO 2 , l ac t a t e and p y r u v a t e in b ra in b iops ies t aken after f r eez ing the t issue in situ. A c t a N e u r o l . S c a n d i n a v . 46 :141 , 1970.

4 4 . O L E S E N , J. & P A U L S O N , O. B. — T h e e f f ec t o f in t ra-ar ter ia l p a p a v e r i n e on t he r eg iona l ce rebra l b l o o d f l o w in pa t ien t s w i t h s t roke o r in t rac ran ia l t umor . S t r o k e 2 :148 , 1 9 7 1 .

4 5 . O L E S E N , J.; P A U L S O N , O. B. & L A S S E N , N . A . — R e g i o n a l ce rebra l b l o o d f l o w in m a n de t e rmined by the init ial s l ope o f the c l e a r e n c e o f in t ra-ar ter ia l ly in jec ted 133 X e . S t r o k e 2 :519, 1971.

4 6 . P A T T E N , B. M. ; M E N D E L L , J.; B R U U N , B. ; C U R T I N , W . & C A R T E R , S. — D o u b l e - b l i n d s tudy o f the e f f ec t s o f d e x a m e t h a s o n e o n a c u t e s t roke . N e u r o l o g y ( M i n n e a p o l i s ) 22 :377 , 1972.

4 7 . P A T T E R S O N , R . H. & K E S S L E R , J. — M i c r o e m b o l i d u r i n g c a r d i o p u l m o n a r y bypass de t ec t ed b y u l t r a sound . Surg. Gyn . .& Obst . 129:505, 1969.

4 8 . P A U L S O N , G. W . ; L O C K E , G. E. & Y A S H O N , D . — Cerebra l spinal f lu id lac t ic ac id f o l l o w i n g c i r c u l a t o r y arrest . S t r o k e 2 :565 , 1971.

4 9 . P A U L S O N , O. B. — R e g i o n a l ce reb ra l b l o o d f l o w in a p o p l e x y due t o o c c l u s i o n o f the m i d l e ce reb ra l ar tery . N e u r o l o g y ( M i n n e a p o l i s ) 20 :63 , 1970.

5 0 . P A U L S O N , O. B. — Cerebra l a p o p l e x y ( s t r o k e ) : pa thogenes i s , p a t h o p h y s i o l o g y and the rapy as i l lus t ra ted by r eg iona l b l o o d f l o w m e a s u r e m e n t s in the bra in . S t r o k e 2 :327 , 1971.

5 1 . P O T C H E N , E. J.; D A V I S , D . O.; W H A R T O N , T. ; H I L L , R . & T A V E R A S , J. M. — R e g i o n a l c e r eb ra l b l o o d f l o w in m a n : a s tudy o f the x e n o n 133 w a s h o u t m e t h o d . A r c h . N e u r o l . ( C h i c a g o ) 20 :378 , 1969 .

5 2 . P R O S E N Z , P. — I n v e s t i g a t i o n s o n the f i l ter c a p a c i t y o f the d o g ' s brain. A r c h . N e u r o l . ( C h i c a g o ) 26 :479 , 1972.

5 3 . R A C E , D . ; D E D I C H E N , H. & S C H E N K , W . G. — R e g i o n a l b l o o d f l o w d u r i n g d e x t r a n - i n d u c e d n o r m o v o l e m i c h e m o d i l u t i o n in the d o g . J. T h o r a c i c & C a r d i o v a s c . Surg . 53 :578 , 1967.

5 4 . R A I C H L E , M. E. & P L U M , F. — H y p e r v e n t i l a t i o n and ce reb ra l b l o o d f l o w . S t roke 3:566, 1972.

5 5 . R E E S , J. E.; D U B O U L A Y . G. H. ; B U L L , J. W . D . ; M A R S H A L L , J.; R U S S E L L , R . W . & S Y M O N , L. — T h e c o m p a r a t i v e ana lys i s o f i s o t o p e c l e a r e n c e c u r v e s in n o r m a l and i s c h e m i e bra in . S t roke 2 :444 , 1971.

5 6 . R E G L I , F.; Y A M A G U C H I , T. & W A L T Z , A . G. — Ef fec t s o f a c e t a z o l a m i d e on ce r eb ra l i s c h e m i a and i n f a r c t i o n af te r e x p e r i m e n t a l o c c l u s i o n o f m i d d l e ce rebra l ar tery . S t roke 2 :456 , 1971.

5 7 . R O S E N B L U M , W . I. — N e u r o g e n i c c o n t r o l o f c e r e b r a l c i r c u l a t i o n . S t r o k e 2 :429 , 1 9 7 1 .

5 8 . S A C H D E V , N . S.; C A R T E R , C. C ; S W A N K , R . L. & B L A C H L Y , P. H. — R e l a t i o n s h i p b e t w e e n p o s t - c a r d i o t o m y de l i r ium, c l in i ca l n e u r o l o g i c a l c h a n g e s and E E G a b n o r m a l i t i e s . J. T h o r a c i c & C a r d i o v a s c . Surg . 54 :557 , 1967.

5 9 . S H I N O H A R A , Y. — M e c h a n i s m o f c h e m i c a l c o n t r o l o f ce reb ra l v a s o m o t o r a c t i v i t y . N e u r o l o g y ( M i n n e a p o l i s ) 23 :186 , 1973.

6 0 . S I E G E L , B. A . ; S T U D E R , R . K. & P O T C H E N , E. J. — Stero id t he r apy o f bra in e d e m a . A r c h . N e u r o l . ( C h i c a g o ) 27 :209 , 1972.

6 1 . S K I N H O J , E. & P A U L S O N , O. B. — T h e m e c h a n i s m o f a c t i o n o f a m i n o p h y l l i n e u p o n ce reb ra l v a s c u l a r d i sorders . A c t a N e u r o l . S c a n d i n a v . 46 :129 , 1970.

6 2 . S K I N H O J , E. — T h e s y m p a t h e t i c n e r v o u s sys tem and the r e g u l a t i o n o f ce rebra l b l o o d f l o w in m a n . S t roke 3 :711 , 1972.

6 3 . S T O C K A R D , J. J.; B I C K F O R D , R . G. & S C H A U B L E , J. F. — Pres su re -dependen t ce reb ra l i s c h e m i a du r ing c a r d i o p u l m o n a r y bypass . N e u r o l o g y ( M i n n e a p o l i s ) 2 3 : 521, 1973.

Page 12: COMPLICAÇÕES NEUROLÓGICAS DA CIRURGIA CARDÍACA. … · como confusão mental, delírio, alterações nas funções cognitivas, hemiplegias, convulsões, alterações visuais,

6 4 . S W A N K , R . L. ; H I R S C H , H. ; B R E U E R , M. & HISSEN, W . — E f f e c t o f g lass w o l l f i l t r a t ion o n b l o o d d u r i n g e x t r a c o r p o r e a l c i r cu l a t i on . Surg . Gyn . Obs t . 117 :547 , 1963 .

6 5 . S Y M O N , L. ; D O R S C H , N . W . C. & G A N Z , J. C. — L a c t i c ac id e f f l u x f r o m i s c h a e m i c b r a i n : an e x p e r i m e n t a l s tudy. J. N e u r o l . Sc i . 17 :411 , 1972.

6 6 . T A B A D D O R , K. ; G A R D N E R , T. J. & W A L K E R , A . E. — Cerebra l c i r cu l a t i on and m e t a b o l i s m a t d e e p h y p o t h e r m i a . N e u r o l o g y ( M i n n e a p o l i s ) 22 :1065 , 1972.

6 7 . T H O M A S , J. E. & A Y Y A R , R . — S y s t e m i c fa t e m b o l i s m . A r c h . N e u r o l . ( C h i c a g o ) 26 :517 , 1972.

6 8 . v a n L E E U W E N , W . S.; M E C H E L S E , K..; K O K , L . & Z I E R F U S S , E. — E E G dur ing hea r t o p e r a t i o n w i t h ar t i f ic ia l c i r c u l a t i o n . In M e y e r & G a s t a u t — Cerebra l A n o x i a and the E l e c t r o e n c e p h a l o g r a m . Char l e s C. T h o m a s , Spr ingf ie ld ( I l l i n o i s ) , 3 9 6 1 .

6 9 . W I E D E R H O L T , W . C.; L O C K E , G. & Y A S H O N , D . — H y p o t e n s i o n and its e f f e c t o n E E G a c t i v i t y in the d o g . N e u r o l o g y ( M i n n e a p o l i s ) 22 :717 , 1972.

7 0 . W I S E , G.; S U T T E R , R . & B U R K H O L D E R , J. — T h e t r e a t m e n t o f b ra in i s chemia w i t h v a s o p r e s s o r d rugs . S t r o k e 3 :135 , 1972 .

7 1 . W R I C H T , G. — Ul t r a s t ruc tu ra l c h a n g e s in d o g b ra ins i m m e d i a t e l y f o l l o w i n g non-pu l sa t i l e e x t r a c o r p o r e a l c i r c u l a t i o n and p r o l o n g e d anaes thes ia . Br . J. E x p . Pa th . 53 :501 , 1972.

72 . Y A M A G U C H I , T . ; R E G L I , F. & W A L T Z , A . — E f f e c t o f P a C O 2 o n h y p e r e m i a and i s c h e m i a in e x p e r i m e n t a l c e r e b r a l i n f a rc t i on . S t r o k e 2 :139 , 1971.

7 3 . Y A T S U , F. A . ; D I A M O N D , I.; G R A Z I A N O , C. & L I N D Q U I S T , P. — E x p e r i m e n t a l b r a in i s c h e m i a p r o t e c t i o n f r o m i r r eve r s ib le d a m a g e w i t h a r ap id - ac t i ng ba r ­b i tu ra t e ( M e t h o h e x i t a l ) . S t r o k e 3 :726 , 1972.

Centro N e u r o l ó g i c o — Hospital Santa Cruz — Rua do Rosário 144 — 80000 Curitiba, PR — Brasil.