Como a cincia explica o que chamamos de pressentimento (e por
que precisamos dele)Ana Carolina Prado15 de maro de 2012
Voc v um amigo de longe e, em questo de pouqussimos segundos,
tem o pressentimento de que h algo errado. Quando os dois se sentam
para conversar, ele conta que realmente est passando por problemas
srios. Como voc sabia? O neurocientista David Eagleman, que dirige
o Laboratrio de Percepo e Ao do Baylor College of Medicine no
Texas, traz uma explicao no livro Incgnito As Vidas Secretas do
Crebro.Para entender, imagine outra situao: voc e outras pessoas
esto diante de uma mesa com quatro baralhos. Cada um precisa
escolher uma carta a cada rodada e o que aparecer nela pode
significar perdas ou ganhos em dinheiro. Mas h um detalhe: dois
desses baralhos tm mais cartas boas (ou seja, fazem voc ganhar
dinheiro) e dois tm mais cartas ruins. Quem escolhe o baralho o
prprio participante que est tirando a carta. Em todas as rodadas,
enquanto toma a deciso, cada pessoa interrogada sobre quais
baralhos acredita serem bons ou ruins. Quanto tempo voc acha que
levaria para descobrir isso?Um neurocientista chamado Antoine
Bechara e alguns colegas fizeram um experimento exatamente assim em
1997 e descobriram que os participantes precisavam tirar,em mdia,
25 cartaspara sacar quais baralhos eram bons ou ruins.Mas havia um
detalhe: eles tambm mediram, durante toda a tarefa, asreaes
eltricasda pele de cada participante que seriam umreflexo da
atividade do sistema nervoso autnomo, responsvel pela reao de luta
ou fuga, por exemplo. Assim, quando a pessoa se sentisseameaada,
isso seria indicado por esse medidor.E foi isso que permitiu uma
descoberta espantosa: osistema nervoso autnomoconseguia decifrar a
estatstica dos baralhosbemantes que a conscinciados participantes:
por volta da13 carta. A essa altura, cada vez que um deles estendia
a mo para pegar a carta de um baralho ruim, havia um pico de
atividade eltrica em sua pele em outras palavras,uma parte do seu
crebrolhes enviava um sinal de alerta, como que dizendo Cuidado,
cara! Esse baralho vai te fazer perder dinheiro!.Mas acontece que a
mente consciente dessas pessoas ainda no era capaz de captar a
mensagem claramente. Isso se manifestou, ento, na forma de um
pressentimento:elas comeavam a escolher os baralhos bons antes
mesmo de poderem explicar o porqu.Esse pressentimento necessrio
para fazermosboas escolhas. O experimento foi repetido com
voluntrios que tinhamdanos na rea do crebro responsvel pela tomada
de decises o crtex pr-frontal ventromedial. Descobriu-se que essas
pessoasno eram capazes de formar aquele sinal eltrico de alertana
pele. Ou seja, seu crebrono conseguia compreender as estatsticasto
rpido e, assim, no os advertia. Mas, mesmoquando sua mente
consciente finalmente compreendeuquais eram os baralhos bons e
ruins,eles continuaram a escolher as cartas dos montes errados. Se
a sua conscincia sabia o que fazer, mas mesmo assim eles no o
faziam, isso indicaria que a atividade escondida do crebro (que se
manifesta nesse caso na forma do que chamamos de pressentimentos),
essencial para a tomada de decises vantajosas.Reconhecendo rostosO
resultado desses estudos condiz com uma descoberta posterior
relacionada a pessoas consideradas prosopagnsicas aquelas que
soincapazes de reconhecer rostos. Fazendo essa medio dos impulsos
eltricos de sua pele, pesquisadores concluram que elasapresentavam
uma atividade maior quando viam o rosto de uma pessoa que
conheciam. Uma parte do seu crebro ainda era capaz de
distingui-los. O problema que isso no chegava sua mente
consciente.Voltando ao caso do primeiro pargrafo: o pressentimento
que voc teve em relao ao seu amigo pouqussimos segundos aps olhar
para ele provavelmente tem uma explicao parecida. Antes que sua
mente consciente sequer tomasse conhecimento de que ele estava ali,
possvel que seu crebro j tivesse analisado sua linguagem corporale
registrado sinais de que havia algo de errado com ele.Isso ensina
que: 1) Apesar de sua mente consciente (ou aquilo que voc considera
voc) levar o crdito por tudo, elasabe muito pouco das atividades
todas que rolam na sua cabea no mximo, ouve sussurros dela. Mas
isso no um problema porque 2) graas a esses pressentimentos,
podemos tomar decises vantajosas mesmo sem estarmos conscientes da
situao.Quer tomar a deciso certa? Jogue uma moedaSe a nossa mente
consciente sabe to pouco do mundo em comparao com o que est
inconsciente, como podemos acessar as informaes que no chegam at
ela e tomar boas decises?O neurocientista David Eagleman d a dica:
pegue uma moeda, determine qual face equivale a qual deciso e v
nocara ou coroa. No, no que voc vai decidir assim, pelo acaso. O
truque avaliar suasensao depois que a moeda cair. Caso se sinta
levemente aliviado com o resultado, essa a deciso correta para voc.
Se, em vez disso, se irritar e achar isso ridculo, talvez devesse
escolher a outra opo.
A relao entre a beleza e o amorAna Carolina Prado16 de agosto de
2011
O amor e a beleza geralmente andam juntos na literatura, no
cinema, na msica. E no dia a dia: temos a tendncia de achar a
pessoa que amamos a mais bonita da face da Terra (conservadas as
devidas excees, claro. Alguns exemplares humanos de rara beleza,
geralmente residentes em Hollywood, ainda podem ocupar secretamente
as primeiras posies em nosso ranking). Agora,pesquisadores ingleses
descobriram que essa relao no por acaso: amor e beleza ativam
regies semelhantes do crebro.O estudo, publicado em julho na
revista PLoS ONE , foi conduzido por Semir Zeki e seus colegas do
Laboratrio de Neurobiologia da University College London, na
Inglaterra, e pretendia analisar a resposta cerebral de 21 pessoas
de diferentes culturas enquanto observavam obras de arte que
consideravam belas. Eles tiveram de avaliar 60 pinturas e 60
composies musicais e categoriz-las como bonitas, feias ou
indiferentes. Depois, foram expostos novamente a esses estmulos
enquanto a sua atividade cerebral era analisada por um exame de
ressonncia magntica. O crebro dos voluntrios no mostrou nenhuma
reao significativa quando eles eram expostos a obras que no achavam
bonitas nem feias. As feias estimularam o crtex motor primrio e a
amgdala. J a beleza estimula processos cerebrais bem
diferentes.Tanto pinturas quanto msicas consideradas bonitas
ativaram com intensidade semelhante uma seo de 15 a 17 milmetros de
largura do crtex medial orbitofrontal (alm das reas sensoriais
correspondentes). Com base em pesquisas anteriores, que j
relacionavam essa regio com a percepo da beleza, os pesquisadores
acreditam que pode haver uma ntima ligao nessa atividade com
processos relacionados ao desejo, valor e beleza. Isso acontece,
por exemplo, quando voc acha uma coisa bonita, passa a desej-la, e
isso afeta o seu julgamento. A msica parecia exercer um efeito mais
rpido no crebro, mas a arte visual tinha um efeito extra: ela tambm
ativou uma parte do crebro chamada ncleo caudado, que tem sido
associada a sentimentos de amor romntico e se ativa quando vemos o
namorado, por exemplo. E quanto mais bonito voc considera o
estmulo, mais a regio se ativa.Portanto, cinema, literatura e afins
tm certa razo: a feira no tem ligao com o amor, pelo menos no que
diz respeito nossa atividade cerebral. Mas a beleza, sim.A dvida
que fica, agora, : amamos porque achamos bonito ou achamos bonito
porque amamos?
Por que julgamos as pessoas de acordo com a quantidade de roupas
que elas esto usando?Ana Carolina Prado14 de novembro de 2011
Pode parecer absurdo e preconceituoso julgar acapacidade mentale
apersonalidadedas pessoas pelaquantidade de roupaque elas esto
usando. Mas um artigo de pesquisadores das universidades de
Maryland, Yale e Northeastern (EUA), publicado no jornal
Personality and Social Psychology, revelou que exatamente isso o
que fazemos. E tem mais: seis estudos mostraram que a ideia que
fazemos em relao mentalidade e atitudede algum pode mudar
significativamente se essa pessoa tira uma blusa ou faz qualquer
outra coisa que a faa revelar mais o seu corpo. Assim,
instantaneamente.A descoberta expande a ideia difundida h muito
tempo de que, quando um homem v uma mulher usando pouca roupa,
elese concentra mais emseu corpo e menos em sua inteligncia, o que
faz com que ele a veja como um objeto sem mente ou moralidade.
Pesquisas anteriores sugerem que isso acontece quando se olha para
algum em um contexto sexual, como na pornografia.Mas o novo estudo
mostra que, alm de esse efeito ocorrer comambos os sexos, as
pessoas com pouca roupano so vistas como mero objeto. Em vez
disso,muda-se o tipo de disposio mental que atribumos a elas e isso
no acontece s quando seexpedemais o corpo. Mostramos tambm que isso
pode acontecer mesmo sem a remoo de roupas.Simplesmente focar nos
atributos fsicos de algum, concentrando-se em seu corpo em vez de
em sua mente, faz voc ver a pessoa menos como umagente[algum com a
capacidade de agir, planejar e exercer autocontrole] e mais como
umexperimentador[algum mais focado na sensaes e emoes],explicou ao
MedicalXpress um dos autores do estudo, o psiclogo Kurt Gray.Em
mltiplas experincias, os pesquisadores puderam comprovar a
existncia desses dois tipos de percepo que temos sobre os outros.
Quando os homens e mulheres usados como voluntrios focavam no corpo
de algum, a percepo de agncia (autocontrole e ao) foi reduzida,
enquanto a percepo de experincia (emoo e sensao) foi aumentada.Para
os autores, esse efeito ocorre porque as pessoas,
inconscientemente,pensam em mentes e corpos como coisas distintas
ou at mesmo opostas com a capacidade de agir e planejar ligada
mente e a capacidade de experimentar ou sentir ligada ao corpo. De
acordo com Gray, as descobertas no so de todo ruim: elas podem ser
teis na vida amorosa. O foco no corpo e o aumento da percepo da
sensibilidade e emoo que isso provoca pode ser bom para os amantes,
diz ele.A roupa, o cuidado e o sexismoSurpreendentemente, o estudo
tambm descobriu que um foco no corpo da pessoa pode na
verdadeaumentar a postura moral dos outrosem relao a ela pelo menos
no que se refere a causar-lhes danos. Embora quem estivesse
vestindo pouca ou nenhuma roupa tenha sido visto como menos
moralmente responsvel nos testes, eles tambm foram vistos
comoindivduos mais sensveise, portanto,merecedores de maior proteo.
Os outros parecem ser menos inclinados a prejudicar as pessoas com
a pele nua e mais inclinados a proteg-los. Em um experimento, por
exemplo, as pessoas eram menos inclinadas a dar pequenos choques
eltricos em homens sem camisa do que naqueles que estavam vestidos,
explica Gray.No entanto ele destaca que,no ambiente de trabalho ou
em contextos acadmicos, nos quais as pessoas so basicamente
avaliadas de acordo com sua capacidade de planejar e agir, isso
temefeitos negativos:ser visto como um experimentador faz a pessoa
parecer menos competente e lhe tira aliderana, o que impacta
negativamente a avaliao do seu trabalho. Essas pessoas tambm so
vistas como mais reativas e emocionais, caractersticas que tambm
podem prejudicar a sua carreira.O aspecto positivo de um foco no
corpo, como o aumento no desejo de proteger contra danos, tambm
pode ser prejudicial. Segundo os autores, isso pode dar origem ao
chamado sexismo benevolente, comum nos Estados Unidos na dcada de
1950, em que os homens oprimiam as mulheres sob o pretexto de
proteg-las.
7 fatores que fazem as pessoas acreditarem em coisas
estranhasAna Carolina Prado18 de novembro de 2011
Em uma pequena cidade de Illinois (EUA), um bandido misterioso e
bizarro estampava as capas dos jornais l por volta de 1944. Tudo
comeou com uma mulher que declarou que um homem entrou em seu
quarto no meio da noite e anestesiou suas pernas com um spray a gs
paralisante. Logo apareceram os jornais com manchetes como BANDIDO
DO ANESTSICO SOLTA. E, nos 13 dias seguintes, cerca de 25 casos
semelhantes foram relatados e amplamente explorados pela imprensa.
A polcia da cidade ficou de prontido. E os maridos com suas armas
carregadas. Duas semanas depois, ningum havia sido preso.
Enenhumvestgio qumico havia sido descoberto. Assim, tanto a polcia
quanto a mdia comearam a se referir ao evento como um caso de
histeria de massa.Ondas de avistamentos de ETs, chupacabras,
fantasmas ou bandidos bizarros cuja existncia nunca foi comprovada
aparecem de tempos em tempos em diversos lugares. s vezes, vira
moda ver sinais milagrosos ou mensagens malignas escondidas em
msicas, rtulos, filmes. Mas o que leva uma pessoa a acreditar em
coisas como essas? disso que fala o livro Por que as pessoas
acreditam em coisas estranhas?, do psiclogo e historiador da cincia
americano Michael Shermer. O critrio usado por ele para definir o
que so coisas estranhas afalta de evidncias cientficaspara
comprovar sua existncia.Com base no livro, listamos alguns fatores
que influenciam nesse tipo de crena e podem fazer, inclusive, com
que pessoas extremamente inteligentes sejam pegas. Afinal, garante
ele, ningum est completamente imune histeria coletiva. D uma lida e
depois diga pra gente se voc concorda ou no.1. Elas querem
acreditarSegundo Michael Shermer, a principal razo pela qual as
pessoas acreditam em coisas estranhas simpes: elas querem
acreditar. Mas por que? Porque d bem-estar, reconfortante e
consola. Para Shermer, se algum perguntar qual a sua posio sobre a
vida aps a morte, provvel que voc diga que favorvel. E explica: O
fato de eu serfavorvel vida aps a morte no significa que vou
consegui-la [ou que ele acredito nela]. Mas quem no a quereria?
esse o ponto. uma reao muito humana acreditar nas coisas que nos
fazem sentir melhor.2. A gratificao imediataMuitas crenas estranhas
promovem um bem-estar instantneo. Shermer cita no livro o exemplo
dos mdiuns que atendem pelo telefone a um custo de 3,95 dlares por
minuto. Eles usam as chamadas tcnicas de leitura a frio: vo
tentando adivinhar as coisas partindo de informaes mais gerais
(envolvendo coisas banais que so verdadeiras para quase todo mundo,
como presses financeiras vm lhe causando problemas afinal, at Eike
Batista ter um dia difcil se perder grana no mercado financeiro). A
partir das pistas que as pessoas vo dando, os supostos mdiuns
conseguem deduzir as informaes mais especficas que iro
impressionar. Se o mdium diz algo que no corresponde realidade da
pessoa naquele momento, a sada simples: ele diz que a
coisavaiacontecerno futuro. E a pessoa acredita. Afinal, a grande
sacada que eles no precisam estar certos o tempo todo. Quem
telefona costuma esquecer os erros e lembrar mais dos acertos e, o
mais importante, as pessoasdesejamque o mdium acerte. Os cticos no
gastam 3,95 dlares por minuto nisso, mas os crentes sim, explica o
autor.3. SimplicidadePara termos uma gratificao imediata, preciso
que as crenas tenhamexplicaes simplespara as coisas complexas do
mundo. Coisas boas e ruins acontecem tanto para as pessoas boas
quanto para as ruins, aparentemente de modo aleatrio. As explicaes
cientficas costumam ser complicadas e requerem treino e esforo para
ser entendidas. A superstio e a crena no destino e no sobrenatural
oferecem um caminho mais simples, diz Shermer. Para ilustrar isso,
ele conta uma experincia de Harry Edwards, chefe da Australian
Skeptics Society (Sociedade dos Cticos Australianos).Edwards
publicou uma carta num jornal local falando sobre uma galinha de
estimao que ele costumava carregar empoleirada nos seu ombro. s
vezes, porm, ela no se segurava e acabava deixando um carto de
visitas na sua camisa. Mas o que poderia ser algo desagradvel
acabava dando origem a acontecimentos muito positivos. Edwards
listou alguns desses episdios e os correlacionou com certos eventos
que ocorriam em seguida e chegou concluso de que o coc da galinha
lhe trazia boa sorte. Sempre que ela carimbava sua roupa, ele
encontrava uma carteira com dinheiro, ganhava na loteria, recebia
alguma notcia boa. Ento ele levou a ave para vrias consultas
espirituais e descobriu que ela havia sido um filantropo numa vida
passada e que tinha reencarnado para fazer o bem s pessoas por meio
de suas fezes. Assim, Edwards terminou sua carta ao jornal
oferecendo-se para vender saquinhos com o coc da sorte de sua
galinha. Era tudo um teste, mas ele recebeu dois pedidos e 20
dlares pela mercadoria. Sim, houve pessoas que compraram a histria.
Porque ela era simples mais fcil que as leis da probabilidade, por
exemplo.
4. Nvel de incertezas e perigos do localO local onde a pessoa
est influencia suas crenas. Estudos mostraram quequanto mais
incertezas o ambiente oferece, maior a superstio. O antroplogo
Bronislaw Malinowski constatou, por exemplo, que os habitantes das
ilhas Trobriand, no litoral da Nova Guin, recorriam mais a rituais
supersticiosos medida que se afastavam no mar para pescar. Nas guas
calmas das lagoas a que estavam acostumados, os rituais
desapareciam. Ele concluiu, ento, que a magia aparece em situaes em
que esto em jogo a incerteza, o acaso e um jogo emocional intenso
entre a esperana e o medo. No encontramos isso quando a atividade
certa, confivel e est sob o controle de mtodos racionais e
processos tecnolgicos, conta Malinowski.5. Abertura a novas
experinciasEstudos envolvendo experincias msticas concluram que as
pessoas com maior predisposio ao misticismo (ou seja, crena em
coisas estranhas) tendem a ter uma personalidade com altos nveis de
complexidade, abertura a novas experincias, variedade de
interesses, inovao, tolerncia ambiguidade e criatividade. Elas
tambm podem ter maior propenso a serem absorvidas em fantasias,
capacidade de suspender o processo de julgamento que permite
separar eventos reais e imaginao e uma boa disposio de investir
seus recursos mentais para representar o objeto imaginrio do modo
mais vvido possvel.6. O fato de pessoas inteligentes em um campo da
cincia no serem necessariamente inteligentes em outroMichael
Shermer chama ateno para o fato de que muitos pesquisadores
brilhantes em certas reas podem cometer erros e deixar passar fatos
importantes, por ignorncia, ao fazerem incurses em outras reas. Os
recm-chegados de outros campos, que em geral se enfiam com os dois
ps sem o treino e a experincia exigidos, passam a gerar novas
ideias que consideram por causa do sucesso que obtiveram em seu
prprio campo revolucionrias. O problema que, na maioria dos casos,
aquelas ideias j foram avaliadas anos ou at dcadas antes e foram
rejeitadas por razes legtimas.7. Pessoas inteligentes acreditam em
coisas estranhas porque tm capacidade para defender crenas s quais
chegaram por razes no inteligentesSegundo Shermer, a maioria das
pessoas constitui suas crenas por uma variedade de razes que no tm
muita evidncia emprica nem raciocnio lgico. Elas fazem suas
escolhas segundo variveis como a constituio gentica, social,
influncia de familiares e amigos, experincias pessoais etc.
Selecionamos dentre a massa de dados aquilo que confirme mais as
coisas em que j acreditamos e ignoramos ou racionalizamos o que no
vem confirma-las. Todos fazemos isso, mas as pessoas inteligentes
fazem melhor, seja por talento ou por estarem treinadas, explica.
Assim, elas tambm podem defender melhor suas crenas para si
mesmas.
Mulheres gostam mais dos homens quando eles esto chateadosAna
Carolina Prado9 de maro de 2012
A psicloga Shiri Cohen, da Escola de Medicina de Harvard, fez um
estudo junto com outros pesquisadores para o qual conversou com 156
casais sobre seus relacionamentos e descobriu algo interessante: os
homens gostam quando suas namoradas ou esposas compartilham sua
felicidade com eles.Maso contrrio no verdadeiro.Elas preferem
quando os homens compartilham sua raiva ou frustrao. fcil entender
a motivao dos homens quer dizer, quem no gosta de ver os outros
felizes, n? Mas e quanto s mulheres? Calma, isso no significa que
sejamosdo malou algo assim.Segundo Cohen, as mulheres encaram a
disposio de um homem em compartilhar sentimentos negativos como um
sinal de que ele est investindo no relacionamento e disposto a se
envolver. As mulheres tendem a gostar mais de se envolver em
conflitos, disse ela. J os homens sentem exatamente o oposto em
relao a esses momentos de conflito e encaram isso como uma ameaa
relao. por isso que preferem quando todo mundo parece feliz.Parece
um problema? No precisa ser. Segundo o estudo, o que realmente
importa em um relacionamento se voc sente que a outra pessoa est
tentando se conectar a essas emoes sejam elas boas ou ms.
Conselhos errados que as pessoas do: Vrias cabeas pensam melhor
do que umaAna Carolina Prado8 de maro de 2012
Essa voc j ouviu: diante de uma deciso difcil, o ideal pedir
ajuda. Afinal, ter duas pessoas quebrando a cabea para resolver um
problema melhor do que uma s, dizem. Trs, ento, ainda melhor do que
duas, e assim por diante. Mas esse no um bom conselho. Por
que?Porque nem sempre.Enrolaes parte, a explicao bem simples: ao
buscar uma soluo com outras pessoas, voc acabaconfiando mais
naquilo que for consensoe dmenos importncia a opinies individuais.
Isso pode te fazerignorar pontos importantesou solues mais
espertas. O processo colaborativo o prprio problema, explica a
psicloga Julia A. Minson, que conduziu um estudo sobre o tema na
Universidade da Pensilvnia.Na pesquisa, publicada na
revistaPsychological Science, Minson e a psicloga Jennifer S.
Mueller pediram a 252 pessoas que estimassem nove nmeros
relacionados com a geografia, demografia e o comrcio dos Estados
Unidos. Essas estimativas foram feitas individualmente e aps
discusses em grupos, e cada pessoa tambm teve que classificar o
nvel de confiana em suas respostas.Depois, os voluntrios puderam
ver as estimativas de outros e fazer alteraes nas suas prprias, se
quisessem. Para deixar a brincadeira mais legal e engajar ainda
mais o pessoal cada um ganhava US$30 a cada duas rodadas, mas
perdia US$1 para cada ponto percentual que desviasse da resposta
correta.Os resultados: 1) Quem trabalhou em grupos de quatro
pessoas (ou teve mais crebros pensando sobre um problema)no se saiu
melhordo que as duplas ou trios e 2) nas primeiras tentativas,quem
trabalhou em dupla acertou um pouquinho maisdo que quem estava
sozinho.Masessadiferenasumiu depois que os participantes puderam
compararseus palpites com os dos outros e alter-los.O segundo ponto
pode ser explicado pelo terceiro: 3) Aqueles que trabalharamcom um
parceiroeram mais confiantesem suas estimativas emenos dispostos a
aceitar influnciade fora.Segundo as pesquisadoras, esseexcesso de
confianacustou caro: se essas pessoas tivessemprestado mais
atenoaos nmeros que vieramde foraereconsiderassemseus palpites,
provavelmenteteriam se sado melhor. Foi o que aconteceu com quem
trabalhou sozinho.Ento no,um grupo de 10 pessoas no 10 vezes
melhor. Na verdade, ocorre o oposto: Matematicamente, tem-se um
resultado melhor quando a deciso tomada a dois.Para cada pessoa
adicional, esse benefcio caiem uma curva descendente, disse Julia
Minson.Mas que fique claro que issono significa que devemos abolir
o trabalho em equipe. O segredo, segundo o estudo, saber dessa
desvantagem (o excesso de confiana) e procurar formas de
compens-la. As equipes podem ser incentivadas, por exemplo, a ouvir
mais as opinies individuais e as de fora.A mesma coisa vale para um
casal que toma uma deciso financeira, por exemplo. S porque voc
tomou uma deciso com outra pessoa e se sente bem com isso,no tenha
tanta certeza de que j resolveu o problemae no precisar da ajuda de
ningum, disse Minson. Em outras palavras, tenha bom senso e no se
feche em um mundinho com sua dupla ou equipe.ViaPsychological
Science
Estresse muda a forma como tomamos decisesAna Carolina Prado1 de
maro de 2012
J teve a impresso de que o estresse deixa voc menos esperto e
faz com que tome decises ruins? Pois um estudo publicado
naPsychological Sciencepode explicar o porqu. Pesquisadores da
Universidade da Califrnia do Sul descobriram quesituaes
estressantes mudam a forma como as pessoas avaliam riscos e
recompensas.O que acontece que, surpreendentemente, prestamos mais
ateno nos possveis resultados positivos de nossas escolhas quando
estressados, ignorando as desvantagens o que pode levar a decises
das quais temos mais chance de nos arrepender depois.Pense na
situao:voc quer trocar de emprego. Assunto estressante, certo? Se
voc tem uma nova oportunidade, pode acabar prestando ateno demais
no salrio maior e ignorando o fato de que levar o dobro do tempo
para chegar ao local de trabalho.O estresse geralmente associado a
experincias negativas, de modo que nossa tendncia achar que
pensaramos mais nos aspectos negativos de nossas decises, diz Mara
Mather, uma das autoras do estudo. Mas experimentos que levaram a
situaes de estresse, como ficar com a mo na gua gelada por alguns
minutos ou dar uma palestra, mostraram que ocorre o oposto:os
aspectos positivos dominam.VciosO foco nos pontos positivos tambm
ajuda a explicar por que o estresse desempenha um papel to
importante em relao aos vcios. D para entender melhor, por exemplo,
por que pessoas viciadas tm tanta dificuldade para controlar seus
impulsos. Elas provavelmente pensam mais nosefeitos agradveisdo
vcio e ficam menos capazes de resistir a eles.O estresse tambm
aumenta as diferenas na forma como homens e mulheres encaram
situaes de risco. Enquanto os homens se tornam mais dispostos a se
envolver em situaes arriscadas, as mulheres so mais
conservadoras.