Colheitas e diagnóstico em microbiologia Covilhã 8 de Outubro 2009
Colheitas e diagnóstico
em microbiologia
Covilhã 8 de Outubro 2009
Quando um clínico suspeita que o doente tem uma infecção por um
microrganismo (bactéria, vírus, fungo ou um parasita) o que
pretende do laboratório de microbiologia?
Que identifique o microrganismo responsável pela infecção
Instituir uma terapêutica correcta
Quais são as metodologias que
podem ser utilizadas no
diagnóstico microbiológico ?
Metodologias utilizadas no diagnóstico
microbiológico
1º. Exame bacteriológico
Colheita do produto biológico (urina / pus / expectoração)
Exame microscópico:
Exame a fresco
Coloração de Gram / Coloração de Ziehl Neelsen
Cultura: em meios artificiais
Incubação: 35 a 37º.C durante 24horas
Identificação dos microrganismos isolados
Antibiograma
Emissão do resultado / contacto com o clínico
Ziehl Neelsen
M. tuberculosis
Microscopia – coloração de Gram
•Coco / bacilo
•Gram + ou Gram -
Cultura em meio sólido: E. coli
Identificação bioquímica
Antibiograma
Equipamentos de identificação e
antibiograma automatizados
Metodologias utilizadas no diagnóstico
microbiológico
2.º pesquisa de antigénios no produto biológico
Pesquisa do Streptococcus piogenes numa zaragatoa da
orofaringe
Pesquisa de ag. de Legionella pneumophyla e de Pneumococcus
na urina
Pesquisa de adenovirus e rotavírus nas fezes
Imunocromatografia / Imunofluorescência / EIA
3.º testes serológicos
Colheita de sangue periférico
Para um tubo seco sem anticoagulantes → Soro
Pesquisa de antigénios
Ag Hbs, Ag Hbe – Hepatite B
Pesquisa de anticorpos (IgG / IgM)
Diagnóstico da Rubéola, da Toxoplasmose, da Mononucleoseinfeciosa (EBV) da Hepatite A, etc
Utilizado em microrganismos que não crescem nos meios habituais de cultura
Metodologias utilizadas no
diagnóstico microbiológico
4.º. Estudos de Biologia Molecular
Pesquisam directamente o DNA ou RNA do microorganismo
Testes rápidos
Testes caros
Testes em desenvolvimento
Pesquisa de Mycobacterium tuberculosis na expectoração
• Microscopia: Ziehl Neelsen de baixa sensibilidade
• Cultura em meio líquido : 10 dias
• Cultura em meio de Lowenstein: 42 dias
Metodologias utilizadas no
diagnóstico microbiológico
Requisição
Pedido da análise
Pedido do exame
Requisição correctamente preenchida
Identificação do doente: nome, idade, sexo
Identificação do clínico prescritor
Informação clínica relevante
• Que possa auxiliar o microbiologista na pesquisa do
agente infectante.
• Antibioterapia, algaliação, etc.
Colheita
Regras gerais de colheita
em microbiologia
Para que um laboratório obtenha um resultado correcto,
algumas regras de colheita devem ser cumpridas
Colheita deve ser efectuada sempre antes do início da terapêutica
antibiótica:
O antibiótico inibe o crescimento bacteriano
Evitar resultados falsos negativos
Colher amostras representativas :
Efectuar a colheita no local onde há maior probabilidade de isolar
o microorganismo
Infecção urinária: colheita de urina
Infecção respiratória inferior: secreções respiratórias
Colheita
Utilizar condições de assepsia rigorosa em todas as colheitas
Evitar o contacto da amostra com desinfectantes: têm efeito inibitório
Eliminar a presença de microrganismos colonizantes
Colheita de pús de ferida: evitar contacto com microrganismos da pele circundante
Todas as colheitas são efectuadas para recipientes estérilizados
Colheita
Número de colheitas:
Varia consoante o tipo de exame
Urocultura: 1 colheita é habitualmente suficiente
Hemocultura: são necessárias 2 a 3 colheitas
Pesquisa de Micobactérias
• Efectuar 3 colheitas em 3 dias consecutivos
• Eliminação intermitente das Micobactérias
Quantidade da amostra:
quantidade suficiente que permita a execução dos exames
solicitados
Colheita
Pesquisa de anaeróbios
Efectuar a colheita por aspiração com agulha e seringa
Enviar de imediato ao laboratório
Se necessário utilizar meio de transporte
Não aceitar zaragatoas para cultura de anaeróbios
Identificação das amostras:
Todas as amostras biológicas têm que estar correctamente identificadas
Nome do doente, número do processo, etc
Transporte: imediato ao laboratório
Transporte
Imediato
O mais rápido possível
Em caso de demora utilizar um meio de transporte
• Meio de Stuart
• Meio de Trichomonas
• Meio de Cary Blair
Meio
Stuart
Conservação dos produtos biológicos
Conservação:
É necessária para que os microrganismos mais sensíveispermaneçam viáveis.
No frigorífico de 2 a 8º. C (para impedir a proliferação demicrorganismos contaminantes)
Estufa a 37º.C
• LCR – Meningococo
• Exsudado vaginal – Gonococo, Trichomonas vaginalis
Quais as colheitas mais
frequentemente efectuadas no
laboratório de microbiologia ?
Quais as suas particularidades ??
Infecção urinária
Infecção urinária por Proteus mirabilis
Swarming do Proteus
Urocultura
Colheita asséptica de urina
Colheita asséptica de urina
Jacto médio
Cateterismo vesical
Punção supra púbica
Saco colector
Cistite
Pielonefrite
Colheita de urina por jacto médio
Colher a 1ª. urina da manhã (a mais concentrada)
Lavar os genitais externos com água e sabão
Não utilizar soluções antisépticas
Desprezar o 1º. Jacto de urina
Colonização da uretra
Recolher a urina do jacto intermédio
Desprezar o jacto final de urina
Colheita de urina
no doente algaliado
Metodologia:
Desinfectar o local da punção com álcool 70%
Clampar a algália 10 a 15 minutos
Aspirar a urina com agulha e seringa
A algaliação é responsável por UTI em meio hospitalar
As culturas são muitas vezes polimicrobianas
Microrganismos hospitalares
Não algaliar um doente para fazer colheita de urina
Nunca colher urina do saco colector
Colheita de urina por punção
supra púbica
Procedimento invasivo pouco utilizado
• Pielonefrite criança com fraldas
• Pesquisa de anaeróbios
A colheita é efectuada com a bexiga cheia
Desinfectar a pele da região supra púbica com um antiséptico
Puncionar a bexiga com agulha e seringa
Aspirar a urina
Os microrganismos isolados são sempre valorizáveis
Colheita de urina para saco colector
Efectuada em crianças com fraldas
Lavar bem a área genital da criança e secar
Aplicar o saco
Transferir a urina para recipiente esterilizado
Se ao fim de 30 minutos não se observar emissão de urina, retirar o saco e repetir todo o procedimento
Colheita asséptica de urina
Volume + / - 10 ml
Semear de imediato, conservar no frigorífico de 2 a 8 º. C
A urina é um óptimo meio de cultura
Microrganismos responsáveis por UTI:
Bactérias – E.coli
Fungos – Candida albicans
Parasitas – Trichomonas vaginalis contaminação vaginal
Hemoculturas
Quando se faz ?
Doente com febre de origem desconhecida
Pesquisa de microrganismos no sangue periférico
Colheita: de sangue numa veia periférica
Inoculação: do sangue num frasco de hemocultura
Meio de cultura líquido enriquecido
Incubação: dos frasco em equipamentos automatizados
Monitorização contínua do crescimento bacteriano
Consumo de O2
Produção de CO2
Hemocultura: colheita
desinfecção da pele
Evitar a contaminação por microrganismos da pele
Staphylococcus epidermidis
Norma de colheita
1. Desinfecção da pele com álcool / sol. Iodada
2. Limpeza mecânica
3. Deixar actuar (1 a 2 min.)
4. Deixar secar
5. Colher o sangue
6. Limpar a pele com álcool – remover o iodo (hipersensibilidade)
7. Desinfectar a membrana do frasco com álcool
8. Inocular o sangue no frasco de hemocultura
Equipamento automatizado para
hemoculturas
Frasco de hemocultura com
meio de cultura liquído
Detecção automática do
crescimento bacteriano
Estão disponíveis 4 tipos de frascos
para hemocultura:
•Adultos: aeróbios e anaeróbios
•Pediátricos
•Micobactérias
Hemocultura
Volume de sangue inoculado
Adulto – 10 ml / frasco (2 frascos aerobiose e anaerobiose)
Criança – 1 a 4 ml / frasco (1 frasco)
.
Frasco de hemocultura pediátrico
Hemocultura
Número de colheitas
• 1 colheita: insuficiente - falsos positivos e negativos
• 2 colheitas: suficiente - descartam contaminação
• 3 colheitas: Taxa de recuperação de 99%
Frasco de Hemocultura para Micobactérias
Hemocultura
Quando efectuar a colheita
Bacteriémia contínua – febre persistente
Sempre que o doente tem febre
Bacteriémia transitória
Os doentes apresentam picos febris
Efectuar a colheita antes do pico febril
Após o calafrio ou após o início da subida da temperatura
Altura em que os microrganismos estão presentes na corrente
sanguínea em maior número.
Hemoculturas – período de incubação
O período de incubação varia com a suspeita clínica
A informação clínica é fundamental
Hemocultura: 5 dias
Brucelose: 28 dias
Fungos: 14 dias
Mycobacterium avium complex (MAC)
doentes imunocomprometidos
Incubação: 42 dias
Infecções do aparelho
respiratório inferior:
Pneumonias
Infecção do aparelho respiratório
inferior – produtos a colher
Expectoração
Expectoração emitida por tosse profunda
Na ausência de expectoração
• Induzir a expectoração: nebulização com NaCl 0,85%.
• Indicar que é expectoração induzida
• Amostra de aspecto salivar
Broncoscopia
Processo invasivo
Elimina a contaminação da orofaringe
• Secreções brônquicas
• Lavado bronco – alveolar, etc
Líquido pleural: derrame pleural
Expectoração
A expectoração é uma má amostra para estudo microbiológico
Apresenta uma baixa sensibilidade: 30 a 50%
É necessário obter uma amostra produtiva
Recusar amostras salivares
Doentes Internados
• 24h após o internamento estão colonizados por microorganismos hospitalares
• Bacilos Gram negativos
Expectoração produtiva
Pneumococcus Haemophylus influenza
Colheita de expectoração
A colheita é efectuada de manhã em jejum, após lavagem daboca com água
Rejeitar :
Amostras salivares
Amostras com restos alimentares
Para estudo de Micobactérias:
Efectuar colheita em 3 dias consecutivos
Colheita do suco gástrico: Má amostra
Outras metodologias utilizadas no
diagnóstico das pneumonias
Pesquisa de antigénios na urina:
Legionella / Pneumococcus
Imunocromatografia
Serologia:
Microrganismos de difícil crescimento
Chlamydia pneumoniae / Mycoplasma pneumoniae
EIA / IF
Infecção de ferida
ferida da pele
Infecção de ferida / ferida da pele
Ferida superficial
o Limpar a lesão com soro fisiológico ou água destilada
o Colheita do exsudado da lesão:
Quando possível colher por aspiração com seringa
Se não é possível colher para 2 zaragatoas
• 1ª. zaragatoa para sementeira em meio sólido
• 2ª. zaragatoa para sementeira em meio líquido de
enriquecimento
Infecção de ferida
Ferida profunda
o Desinfectar a pele circundante com álcool ou sol. iodada
o Colheita:
Colher a amostra por aspiração com seringa
Efectuar a colheita, o mais profundamente possível
Não tocar nos bordos da ferida
• Não contaminar a amostra com flora da pele circundante
Se não é possível, efectuar a colheita com 2 zaragatoas
(a evitar)
Pus de ferida
Não efectuar estudos microbiológicos de escaras de decúbito:
Amostras fortemente contaminadas
Culturas polimicrobianas (3 ou mais tipos de microrganismos)
Resultados sem interesse clínico
Tratamento:
Limpeza da ferida
Limpeza cirúrgica
Remoção dos tecidos necrosados
Exame microbiológico das fezes
Estudo das diarreias
Salmonella spp
Exame bacteriológico (cultura)
Salmonella / Shigella
E. coli OH 157 - criança
Yersinia enterocolitica / Campylobacter
Clostridium dificille (toxinas A e B)
Responsável por diarreia em doentes a fazer antibioterapia
Associado a infecção hospitalar
Microrganismo formador de esporos
Difícil de erradicar
Imunocromatografia
Vírus
Rotavírus / Adenovírus
• Crianças
• Imunocromatografia
Colheita fezes
Colher fezes não moldadas
Porções que contenham sangue, pus, ou muco
Rejeitar fezes contaminadas com urina
Conservação :
No frigorífico 2 a 8 º.C
Colheita de fezes
exame parasitológico
Pesquisa de ovos quistos e parasitas
Colheita em 3 dias consecutivos
A quantidade da amostra:
Deve ser mais ou menos do tamanho de uma noz
Exsudado nasal
Staphylococcus aureus meticilina resistente
Pesquisa de portadores de MRSA
Pesquisa de MRSA no exsudado nasal
MRSA - Staphylococcus aureus meticilina resistente
Cada vez mais resistente aos antibióticos (vancomicina /teicoplanina)
Está frequentemente associado a infecção hospitalar
Transmite-se doente a doente (pessoal de saúde)
O combate à infecção por MRSA
É uma prioridade em todos os hospitais a nível mundial
Lavagem das mãos
Isolar os doentes infectados
Fazer o despiste dos portadores nasais de MRSA
Exsudado nasal pesquisa de MRSA
A quem se deve fazer o despiste de portador de MRSA ?
Doentes que vão ser internados
• Provenientes de outros hospitais (grandes hospitais)
• Provenientes de lares de 3ª. Idade
• Provenientes da comunidade (Co MRSA)
Trabalhadores da área da saúde
• Em caso de surto epidémico
Exsudado nasal pesquisa de MRSA
Como se faz o despiste?
Colheita Efectuada com zaragatoa na parte anterior das 2 narinas
Exame cultural Em meio de MRSA (meio cromogénico) Resultado ao fim de 24 a 48h
Pesquisa de MRSA por PCR Teste caro Resposta em 2h
Líquido céfalo raquidiano
Colheita: punção lombar
Transporte: deve ser imediato.
Conservação:
Na estufa 35 - 37 º.C
Nunca refrigerar
Processamento:
Exame citológico (contagem células), Gram e Ziehl-Neelsen
Exame cultural bacteriológico e micológico
Pesquisa de antigénios capsulares
Exsudado vaginal / uretral
Colheita do exsudado:
Exsudado vaginal - efectuada com 2 zaragatoas
Exsudado uretral - se há emissão abundante de pus, colher
directamente uma gota para uma lâmina de vidro
Trabalhar de imediato
Conservar na estufa a 37º.C.
Nunca refrigerar (Trichomonas vaginalis, Gonococo)
Exsudado vaginal / uretral
Procedimento laboratorial:
Exame citológico: células, leucocitos, Trichomonas vaginalis
Coloração de Gram:
Lactobacilos – conservação da flora vaginal
Presença de “clue cells” - diagnóstico de vaginose bacteriana
Exame cultural:
Streptococcus agalactiae
Neisseria gonorrhoeae
Exsudado vaginal / uretral
N. gonorrhoeaeEx. vaginal sem alterações
Exsudado vaginal / uretral
Ex. micológico – C. albicans Ex.parasitológico – T. vaginalis
Exsudado vaginal / uretral
Chlamydia trachomatis
Colheita: Microrganismo intracelular Colheita com zaragatoas próprias (escova) Recolher células
Diagnóstico laboratorial: Pesquisa directa de antigénios no exsudado
imunocromatografia, EIA
Diagnóstico serológico Pesquisa de anticorpos IgG e IgM no soro
Colheitas e diagnóstico
em microbiologia
Covilhã 8 de Outubro 2009
Exsudado faríngeo
amigdalite estreptocócica
Exsudado faríngeo
Amigdalite Estreptocócica
Colher o exsudado da orofaringe com 2 zaragatoas
Colher pus - placas brancas na orofaringe
Sem tocar na restante cavidade oral
Exame bacteriológico: demorado (48 – 72h)
Cultura:
• gelose sangue
• meio líquido de enriquecimento
Identificação
Pesquisa directa de antigénios de S. piogenes
Teste rápido
Imunocromatografia