08/09 ESPECIAL MERCADO 05 a 11/05/2014 Elas compram menos calçados e q Azimute720 objetiva balizar estratégias da indústria e varejo nacionais de calçados Carina Locks Q ue o momento não é dos melhores pa- ra o setor calçadis- ta brasileiro, quem acom- panha o mercado está cansado de saber. A crise econômica e a retração do consumo de forma ge- ral parecem ter afetado negativamente o segmen- to. Confirmando tal cená- rio, a pesquisa Azimute720, da Focal Pesquisas (Porto Alegre/RS), mostra que as mulheres, que for- mam o principal nicho de consumo de sapatos no País, estão comprando menos calçados. Para o responsável pelo estudo, Gustavo Campos, a situa- ção representa um desafio para a indústria nacio- nal. Como dica, ele aler- ta as fábricas para que apostem no posiciona- mento das marcas e para que invistam em qualidade. “Preço baixo não vence na crise”, argumenta o analista de Inteligência da empresa, acrescentando que o estu- do mostrou, também, que há espaço para marcas bem consolidadas no mercado. Embora a Azimute720 compile números de 2013, ela só foi apresentada recentemente devido à grande quantidade de in- formações, que precisou ser registrada e avaliada. A pes- quisa mostra que, em 2013, as mulheres compraram, em média, 5,7 pares de cal- çados. Em 2011, quando foi feito o estudo anterior, a média era de 7,05 pares ao ano. É inegável que a que- da, que gira em torno dos 20%, foi sentida pela in- dústria. Contraponto Embora a Associação Bra- sileira das Indústrias de Cal- çados (Abicalçados) aponte crescimento no consumo de calçados de 2011 para 2012 - os do ano passado ainda não foram contabilizados -, a re- alidade é distinta por reunir todos os segmentos (femini- A situação representa um desafio para a indústria nacional. As fábricas devem apostar no posicionamento das marcas e investir em qualidade. Há espaço para marcas bem consolidadas no mercado. no, masculino, infantil e es- portivos). Já a Azimute720 refere-se apenas ao público feminino. Da mesma forma, embo- ra números da Abicalçados apontem crescimento na pro- dução nacional, que foi de 819 milhões em 2011 e a es- timativa é que tenha sido de 900 milhões em 2013, a enti- dade vem declarando que o aumento refere-se à produ- ção de modelos injetados, de fabricação simples. Preço Em relação ao preço, po- rém, os números apurados pelo estudo da Focal Pesqui- sas mostraram-se mais ani- madores. Em 2013, o pú- blico feminino pagou, em média, R$ 127,00 por um escarpim básico. Em 2011, elas pagaram R$ 106,84 A Azimute720 é reconheci- da pelo mercado como a mais completa pesquisa sobre o con- sumo de calçados femininos no Brasil, tanto que esta se- gunda edição, que apresenta números de 2013, contou com patrocínio exclusivo da Asso- ciação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Para o presidente-executi- vo da entidade, Heitor Klein, o estudo tem como objetivo balizar as estratégias da indús- tria e varejo de calçados através do comportamento de consu- mo de calçados femininos, seg- mento que responde por mais de 56% do total de calçados produzidos no País - 490 mi- lhões de pares de um total de 864 milhões. “A pesquisa ser- ve como um guia para o setor calçadista, que vive dias difíceis com a concorrência desleal dos produtos asiáticos e problemas estruturais já conhecidos e que fazem parte do chamado Custo Brasil”, diz. Consumidor Conforme o analista de In- teligência da Focal Pesquisas, Gustavo Campos, o levanta- mento visa trazer o consumi- dor para o âmbito da discussão sobre o varejo de calçados. Em um universo de 2.429 questio- nários respondidos por mu- lheres com idade média de 34 anos nas seis principais capitais do Brasil (Belo Horizonte, Bra- sília, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo), o es- tudo mostra dados relevantes e que podem orientar estraté- gias comerciais da indústria e do varejo calçadista. Pesquisa que mapeia o comportamento de compra das brasileiras mostra, ainda, que elas estão pagando mais pelo mesmo modelo. Já por um par de sandálias, as consu- midoras desembolsaram, em média, R$ 99,30 em 2013, an- te R$ 86,46 em 2011. Para Campos, os valores pagos mostram que a brasilei- ra valoriza mais um escarpim, que registrou maior aumento no preço médio pago, do que uma sandália, embo- ra, muitas vezes, os mo- delos abertos sejam mais difíceis de produzir. “Ob- serva-se que ela encontra mais utilidade em um escarpim, que pode ser usado em qual- quer clima, em várias oca- siões e até mesmo se não estiver com as unhas feitas”, exemplifica ele. A q