Top Banner
CIRROSE HEPATICA Objectivos: - identificar sinais e sintomas sugestivos de DHC - estabelecer diagnósticos diferenciais prováveis p/ cada quadro - gerir pedido de exames complementares de diagnóstico - prescrever terapêutica específica para cada situação clínica
56

Cirrose Hepatica (1)

Oct 17, 2014

Download

Documents

Diogo Almeida
Welcome message from author
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Page 1: Cirrose Hepatica (1)

CIRROSE HEPATICA

Objectivos:

- identificar sinais e sintomas sugestivos de DHC

- estabelecer diagnósticos diferenciais prováveis p/ cada quadro

- gerir pedido de exames complementares de diagnóstico

- prescrever terapêutica específica para cada situação clínica

Page 2: Cirrose Hepatica (1)
Page 3: Cirrose Hepatica (1)

CIRROSE HEPÁTICA QUADRO CLÍNICO

SINTOMAS: - AUSENTES ou inespecíficos ( CIRROSE COMPENSADA) ou - Icterícia, colúria, hipocolia ( CIRROSE DESCOMPENSADA) - Ascite - EPS cónica ou recurrente - HDA recidivante - Discrasia hemorrágica( gengivorragias, epistaxis, equimoses)

SINAIS :- ESTIGMAS de DHC - circul.colateral parede abdominal - esplenomegália - hepatomegália - ascite - edemas dos membros inferiores - malnutrição - sinais de EPS

Page 4: Cirrose Hepatica (1)

Caso clínico

BANCO –doente sexo mascul, 42 anos, caucasiano,

- 1 dejecção de melenas na madrugada, abundante, com mal-estar súbito; sudação, astenia e voltou ao leito - há cerca de 1hora, hematemese de sangue digerido , abundante, com sensação de lipotimia, sudação - INEM

1º diagnostico? HD…?

1ª avaliação ? Sinais vitais! - Choque ? Hipotensão e/ou FC> 100 ? - Hipotensão ortostática ? - ENG- sangue vivo ? sangue digerido ? - TR – sangue vivo ? melenas ?

1ª decisão ? UCI ?

Page 5: Cirrose Hepatica (1)

Caso clínico

Ex.Obj - aranhas vasculares raras na base do pescoço - hipertrofia das parótidas - hepatomegália com 4cm, firme mas não dura , ligeiramente dolorosa, bordo fino não cortante, superficie lisa sem circulação colateral da parede abd; sem sinais de ascite- MI sem edema e sem sinais de estase crónica

1º diagn – HDA devido a DHC possível ? Provavel?

Diag difer – HDA – HTPORTAL ? RVE , RVG, GHP ?

- HDA - todas as causas possíveis com inicio agudo? - ULCERA PEPTICA - EROSÕES AGUDAS - S Mallory Weiss? Esofagite grave ? Ulcera Dieulafoy? - Neoplasia gastrica ? Polipos gastricos?

Page 6: Cirrose Hepatica (1)
Page 7: Cirrose Hepatica (1)
Page 8: Cirrose Hepatica (1)
Page 9: Cirrose Hepatica (1)

Caso clinico

Exames laboratoriais:

Hb= 11g/dl Htc=35% GV= 3980000 VGM=102 HGM=32 CMHG=35

GB=3200 45/0/0/50/5 plaq=75000

TP=12/12 PTT= 28/28

PH : AST= 132 ALT=56 FA=120 GGT=360 BIL t =1,2 ALB=4,2 TP=12/12

Glic, ureia, creatinina, ionograma sérico sem alter

Sugere: HDA….. coagulação…… DH …… DHC? ……….estadio ? CIRROSE ? ……….HTPORTAL sem cirrose ?

Page 10: Cirrose Hepatica (1)
Page 11: Cirrose Hepatica (1)

HIPERTENSÃO PORTAL

DEFINIÇÃO - OBSTRUÇÃO ao FLUXO PORTAL (qualquer nível sist. porta)

CLASSIFICAÇÃOPRÉ-SINUSOIDAL EXTRA-HEPÁTICA ---trombose da v. porta >> fluxo da v. esplénica trombose da v. esplénica INTRA-HEPÁTICA – SCHISTOSOMÍASE - Fibrose hepática congénita; HTPortal idiopática; Esclerose hepato-portal - Infiltração dos Espaços Porta – CBP, sarcoidose, linfoma - Tóxicos – fibrose E.P…….Ar, Cu, cloreto de vinil SINUSOIDAL – CIRROSE HEPÁTICA - HAA - vit A, citotóxicos

PÓS-SINUSOIDAL - Oclusão VSH /VCI ; doença venoclusiva - Esclerose hialina central …HAA

Page 12: Cirrose Hepatica (1)
Page 13: Cirrose Hepatica (1)

CIRCULAÇÃO COLATERAL PORTO-SISTÉMICA

- VARIZES ESOFÁGICAS

- VARIZES GÁSTRICAS

- VARIZES DUODENAIS - D2 ; peri-biliares ( VBP)….. Icterícia obstrutiva

- VARIZES COLO-RECTAIS

- GASTROPATIA HIPERTENSIVA PORTAL - congestão vascular difusa ( shunts A-V na submucosa ….dilatação veias e capilares da mucosa)

-VASCULOPATIA INTESTINAL HIPERTENSIVA PORTAL – dilat.capilar mucosa ( jejuno, ileon,cólon – COLOPATIA HIPERTENSIVA PORTAL)

-ESPLENOMEGÁLIA – congestão + alt. histol hiperplasia cél. macrofág. HIPERESPLENISMO – anemia hemolítica, leucopénia, trombocitopénia

-PERMEABILIZAÇÃO da veia umbilical COLATERAIS da parede abdominal

-ANASTOMOSES VASCULARES órgãos abdominais parede abdominal- ( diafragma, retroperitoneu, lig.espleno-renal)

Page 14: Cirrose Hepatica (1)

HIPERTENSÃO PORTAL

APRESENTAÇÃO CLÍNICA

Hemorragia digestiva alta - HDA - hematemeses / melenas/ hematoquézias

Hemorragia digestiva baixa - HDB - melenas / hematoquézias

Anemia ferropénica - perdas ocultas

-COM ou SEM manifestações clínicas da CIRROSE - ICTERÍCIA - ASCITE - EPS - COAGULPATIAEXAME OBJECTIVO: - estigmas de DHC - sinais de ANEMIA - sinais de HTPortal – circul.colat.parede abdominal - esplenomegália - fígado : hepatomegália …..fígado atrófico (duro, indolor)

Page 15: Cirrose Hepatica (1)

HIPERTENSÃO PORTAL - HDA PROGNÓSTICO

-incidência de HDA – 35% ( 2 anos após diagnóstico de CH)

-recidiva precoce ( 1ª semana) – 60% -recidiva ao 1ª ano - 25-75%

-mortalidade no episódio agudo de HDA – 30%

--sobrevida ao 1º ano – 30-70% ( decresce com a função hepática )

)

Page 16: Cirrose Hepatica (1)
Page 17: Cirrose Hepatica (1)
Page 18: Cirrose Hepatica (1)

HIPERTENSÃO PORTAL MEIOS COMPLEMENTARES DE DIAGNÓSTICO

-ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA – diagn e terap - avaliação da extensão e gravidade - VE – diâmetro, sinais vermelhos - PREVISÃO do risco de HDA……..> PROFILAXIA ( beta-bloq; laqueação)

-ECOGRAFIA ABDOMINAL SUPERIOR - ? Diagn de CH ? - HTPortal – dilatação da veia porta ; dilatação de v.esplénica - esplenomegália - colaterais P-S - ascite subclínica - cirrose – ecoestrutura heterogénea; multinodular - bordo crenado - hipertrofia do lobo caudado; > dimensão LE

ECO – DOPPLER do sistema porta - DIAGN. de HTPortal - sentido e velocidade de fluxo – sistema porta ( v.porta c/ fluxo < 16cm/seg sugere HTPortal)

- fluxo nas VSH / VCI ( SBC) - varizes ou shunts P-S intra-hepáticos

Page 19: Cirrose Hepatica (1)

HIPERTENSÃO PORTAL MEIOS COMPLEMENTARES DE DIAGNÓSTICO

- ESPLENOPORTOGRAFIA – punção esplénica sist. porta

-ARTERIOGRAFIA selectiva do tronco celíaco - 3ª fase – retorno venoso esplâncnico -v.mesent.sup,v.esplén, v.porta

-PORTOGRAFIA transhepática – diagn e terap.

-RESSONÂNCIA Magnética Nuclear ( angio-RMN)

MEDIÇÃO DE PRESSÕES:

- Cateterismo das VSH ………..Pressão venosa hepática encravada (WHVP) Pressão venosa livre na VSH (FHVP) P porta = gradiente Normal= 5-6mmHg > 12mmHg..…..> VE CH = 15-20 mmHg

- Medição do fluxo e pressão nas VE – ECO – EDA com Doppler das VE

Page 20: Cirrose Hepatica (1)

HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA na CIRROSE HEPÁTICA ABORDAGEM TERAPÊUTICA

-INTERNAMENTO em UCI - avaliação hemodinâmica - via de acesso EV – 2 perif ou catéter venoso central - reposição da volémia - correcção da coagulopatia – T.protrombina - PLASMA FRESCO - Trombocitopénia – CONC. PLAQUETAS - reposição da Hb até 8g/dl - CONC.ERITROCITOS

- TERAP.FARMACOLÓGICA

-HDA MACIÇA – TAMPONAMENTO ESOFÁGICO – balão Sengstaken-Blakemore-HDA ACTIVA - ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA

- DIAGN.DIFERENCIAL - rotura de varizes esofágicas / gástricas - gastropatia hipertensiva portal - úlcera péptica, gastrite erosiva, s.Mallory-Weiss - TERAPÊUTICA – ESCLEROSE ou LAQUEAÇÃO das varizes

Page 21: Cirrose Hepatica (1)
Page 22: Cirrose Hepatica (1)
Page 23: Cirrose Hepatica (1)
Page 24: Cirrose Hepatica (1)
Page 25: Cirrose Hepatica (1)
Page 26: Cirrose Hepatica (1)

HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA em CIRROSE HEPÁTICA TERAPÊUTICA FARMACOLÓGICA

Objectivo : controlar a hipertensão portal ( << pressão nas varizes )

VASOCONSTRICTOR ESPLÂNCNICO – OPÇÕES

-VASOPRESSINA – vasoconstrição esplâncnica – abandonada-TERLIPRESSINA - bolus 2mg….1-2 mg 4/4H EV ( 48H)

-SOMATOSTATINA – bolus 250ug…..perfusão EV ( 5 dias)-OCTREÓTIDO bolus 50-100 ug….perfusão EV (5 dias)

+- NITROGLICERINA – venodilatação periférica…< DC.....< fluxo portal TD ( após equilíbrio hemodinâmico)

-Eficácia – controle da HDA em 70-80% casos - 1ª OPÇÃO: TERLIPRESSINA + NTG

- 2ª OPÇÃO: Somatostatina/ Octreótido + NTG

Page 27: Cirrose Hepatica (1)

HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA em CIRROSE HEPÁTICA TERAPÊUTICA

MEDIDAS ADICIONAIS :

1 – Inibir secreção ácida gástrica - < incid. úlceras de stress agudo - inibe a lesão da mucosa esofágica- RGE Omeprazol, pantoprazol,esomeprazol EV ou Ranitidina EV

2 – Profilaxia de infecção sistémica…..alto risco em HDA em CH Ceftriaxone EV (7 dias) Ciprofloxacina/levofloxacina EV …PO (7 dias) 3 – Profilaxia da EPS - remoção das proteínas do sangue retido no tubo digest. ( enemas, lavagens gástricas) - lactulose ( SNG, PO) - restrição proteica

4 – Tratamento da ascite – SE necessário - paracentese de peq. volume - diuréticos só após remissão da HDA e sem EPS

Page 28: Cirrose Hepatica (1)

PROFILAXIA DA HDA por HTPORTAL ROTURA DE VARIZES / HDA-Gastropatia Hipertensiva Portal

PROFILAXIA PRIMÁRIA : CIRROSE com varizes esofágicas grandes ou com sinais de risco ( sinais vermelhos) - estadio avançado ( Child-Pugh C)

PROFILAXIA SECUNDÁRIA : após 1ª HDA - rotura de VE…..associada a programa de laqueação de varizes - rotura de Varizes gástricas – esclerose com colas de fibrina em HDA activa + terap. farmacológica - HDA por gastropatia hipertensiva portal – terap. farmacológica

Beta-bloqueantes não-selectivos - propanolol, nadolol - Propanolol – 10-20-40 mg 12/12H - R: reduzir FC de 25% relativamente à basal ( 30% sem resposta)

Mononitrato de isossorbido – 50mg/dia ( rétard) - alternativa ao b-bloq (C-I p/ b-bloq)– eficácia similar redução NS da mortal-HDA - para adicionar ao b-bloq se este não induzir resposta

Page 29: Cirrose Hepatica (1)
Page 30: Cirrose Hepatica (1)

Caso clínico

Banco – doente sexo mascul, 50 anos, caucasiano

Distensão abdominal progressiva nos últimos 3 mesesAumento de peso gradual e de perim abdominal que atribuiu a obesidade; Edemas maleolares vespertinos no ultimo mês

Nas últimas 2 semanas aumento brusco do vol abd , s/ dor abd e s/ alt transitocom ganho de 6 kg na última semana, redução da diurese s/ oligúria e agravamento dos edemas dos MI que atingiram o terço inf das coxas

1ª questão? Aumento de volume abdominal …. ASCITE ?

MCD – SEMIOLOGIA !!! Se dúvidas, antes de picar, ECOGRAFIA

Se dúvidas de oclusão intestinal associada - NÃO PICAR! Rx simples abd em pé ou perfil para excluir níveis líquidos

Page 31: Cirrose Hepatica (1)

Caso clínico

2ª questão - ASCITE INAUGURAL

- ETIOLOGIAS – Cirrose hepatica - Carcinomatose peritoneal - Tuberculose peritoneal - Ascite pancreática - Peritonite bacteriana secundária?

-HTPORTAL não cirrose - sindr Budd Chiari? doença venoclusiva ?

- Causas sistémicas de transudação peritoneal:- ICC dta - Pericardite constrictiva - Sindr nefrótico - Hipotiroidismo Causas raras: sindr Meigs mesotelioma peritoneal FMF

Page 32: Cirrose Hepatica (1)

ASCITE em cirrose hepática

INÍCIO súbito…………factor precipitante - HDA – evidente ou oculta ( anemia progressiva) - infecção- urinária, respiratória, entérica, bacteriémia - peritonite bacteriana espontânea - PBE - HAA trombose da veia porta carcin.hepatocelularINÍCIO INSIDIOSO…………............correlaciona com INSUF.HEPÁTICA

- COM ou SEM – EDEMA dos membros inferiores OLIGÚRIA

EXAME OBJECTIVO : - aumento de volume abdominal com macicez à percussão dos quadr. Inferiores, mobilizável com decúbito lateral-Edema dos membros inferiores-Edema escrotal << retorno VCI-Edema da parede abdominal-Hérnias da parede abdominal -HIDROTÓRAX da cirrose hepática – derrame pleural dto. c/ líq.ascítico

Page 33: Cirrose Hepatica (1)

ASCITE – MECANISMO PATOGÉNICO

CIRROSE HEPÁTICA << síntese de ALBUMINA Obstr, fluxo portal Obstr.drenagem VSH Hipoalbumémia HTPortal >> linfa hepática

ASCITE VASODILATAÇÃO << VOLÉMIAPERIFÉRICA (< RPT) activa receptores de volume

Pg intra-renais R-A-A SNV-S ADH ANF

>> REABSORÇÃO de Na

>> volémia ( circ.hiperdinâmica) >> ASCITE

Page 34: Cirrose Hepatica (1)

ASCITE - DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL OBJECTIVOS

1 – DIAGN.DIFERENCIAL “TRANSUDADO / EXSUDADO”

- GRADIENTE SERO-ASCÍTICO da ALBUMINA > 1,1 g/dl………………….HTPortal provável < 1,1 g/dl………………….EXSUDADO !...........investigar!

> 1,1 g/dl NÃO EXCLUI patol. Inflamatória/ infecciosa/ infiltrativa ( DHC subclínica associada a patologia intercorrente; transudação maciça por HTPortal dilui o L.A.)

2 – EXCLUIR PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA (PBE) - neutrófilos > 250 / cc - ex.cultural do L.A. (meio bifásico) / hemoculturas - se positivo, confirma; se negativo, não exclui - Terapêutica AB imediata ( mortalidade= 30-50%; recidiva= 70% -1ano ) -Cefotaxima EV (7 d); cefalosp III ; ciproflox EV/PO; amox/clav EV - PONDERAR ALBUMINA EV se repercussão hemodinâmica

-Profilaxia da recidiva PBE : Norfloxacina 400 mg/d contínuo (ou até TH)

Page 35: Cirrose Hepatica (1)

ASCITE DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

-ASCITE MALIGNA ( carcinomatose peritoneal )- grad S-A < 1,1 >> LDH >> colesterol citol: cél.malignas-ASCITE TUBERCULOSA - grad S-A <1,1 linfocitose ADA >> ( BK raramente isolado)

-ASCITE PANCREÁTICA – grad S-A <1,1 amilase do L.A. elevada

-ASCITE pós-PERITONITE BACTERIANA SECUNDÁRIA – grad S-A <1,1 neutrofilia < glucose >> lactato-Síndr.Budd-Chiari – fase aguda – grad S-A <1,1 compon quiloso ( linf, triglic)-Transudados : ICC Síndr. Nefrótico Pericardite constrictiva

Page 36: Cirrose Hepatica (1)

TERAPÊUTICA DA ASCITE

1- REPOUSO no leito – decúbito lateral

2 – DIETA HIPOSSALINA – 1g Na ( 2g sal)

3 – DIURÉTICOS – ESPIRONOLACTONA – tubo distal, natriurese, poupa K 25-400 mg/d – 2 dias de latência de efeito - FUROSEMIDA – ansa de Henle; natriurese, perde K 40-120 mg/d – efeito rápidoAjuste posológico consoante a resposta clinica:R/ Esp 50…Esp100…+ Fur 40…Esp 200… Esp 300… Fur 80

4 – Controle da ingestão hídrica ( < 1l/dia)

Monitorização da resposta : - diurese; peso diário; vigiar FC e TA - ureia, creatinina, ionograma sérico 2-3x/sem - ionograma urinario semanal

Objectivo : redução de peso de 0,5-1 kg /dia – sem edema dos MI – 0,5 Kg/d com edema dos MI - 1-1,5

Page 37: Cirrose Hepatica (1)

TERAPÊUTICA FARMACOLÓGICA DA ASCITE COMPLICAÇÕES

1 – ENCEFALOPATIA PORTO-SISTÉMICA - diurese mto aumentada c/ perda> 0,5 kg/d….Hipovolémia - alcalose hipoclorémica ( Fur) - hipokaliémia

2 – ALTERAÇÕES ELECTROLÍTICAS - hipokaliémia - hiponatrémia de diluição - excr. Renal de Na >> água ; ADH; - restrição água ; parar diuréticos - tratar apenas c/ Na < 125 mEq/dl - SF ; Manitol a 20% - alcalose hipoclorémica ( KCl) - acidose hiperclorémica ( Esp)

3 – INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA PRÉ-RENAL -diurese mto.aumentada……Hipovolémia……<< perfusão renal

- Parar diuréticos; expansão da volémia com SF / expans. plasma

Page 38: Cirrose Hepatica (1)

TRATAMENTO DA ASCITE PLANEAMENTO

- 1º EPISÓDIO de ascite – dieta, repouso, espironolactona ( 25-50 mg/dia)

- Múltiplos episódios de agravamento/ crónica – reforçar terap. prévia

- D.H.C. descompensada por factor precipitante ( infecção, HDA) - antecipar resposta lenta mesmo com optimização da terap. - terap. agressiva do factor precipitante -Abandono da terapêutica/ ingestão de sódio – retomar dose prévia

FACTOR PREDITIVO DA RESPOSTA:

- NATRIURESE - < 5-10 mEq/dia -----------dose alta esp+fur 5-25 dose intermédia esp > 25 restrição salina + dose baixa esp

PARACENTESE URGENTE - ATÉ 3 l - ascite sob tensão ( no Banco) dispneia risco de rotura de hérnia umbilical

Page 39: Cirrose Hepatica (1)

TRATAMENTO DA ASCITE ALTERNATIVAS

PARACENTESES EVACUADORAS sob EXPANSORES da volémia

IND: terap. diurética ineficaz terap. limitada por complicações dos diuréticos alternativa para internamento breve

Drenagem rápida de 5-10 litros – com infusão simultânea de proteínas 8 g (6-10) / litro de LA drenado

R/ albumina humana a 20%- 1 frasco=50cc= 10g dextrano, poligelina, - sem NaCl ; volume de infusão excessivo - só em paracentese c/ vol < 5 l

-Esquema: repetir 2/2 a 4/4 dias cf necessário associar diuréticos e optimizar a dose antes da alta

Vantagens: < duração de internamento eficácia similar; sobrevida sobreponível

Page 40: Cirrose Hepatica (1)

Caso clínico

Banco - doente sexo mascul, 58 anos, com diagnóstico de DHC

Insonia persistente desde há 2 meses com periodo de sono à tarde

Alteração da vida diaria com trocas de horas, nomes e rotinasDesorienta-se na rua e perdeu as chaves; parece alheado Quando instado, tem reacção disfórica com gritos e ameaças

Treme a vestir-se e a alimentar-seA família traz o doente ao Banco “com receio de AVC”

EXobj- ex neurológico sem sinais focais - Flapping tremor - discreta hipertonia generalizada; hiperreflexia OT

1ª questão – Alter neurológica associada a DHC? EPS ?? ou Patologia neurológica e/ou psiquiátrica intercorrente?

Page 41: Cirrose Hepatica (1)

ENCEFALOPATIA PORTO-SISTÉMICA

DEFINIÇÃO: quadro neuropsiquiátrico na doença hepática por

- ANASTOMOSES P-S ( shunt cirúrgico) e/ou DHC - INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA ( falência hep.fulminante)

QUADRO CLÍNICO

1 - Alter. MENTAIS - alter. estado de consciência - perturbações de personalidade - déficit intelectual - alter. discurso; apraxia 2 – Alter. NEUROMUSCULARES : - asterixis ( flapping tremor) - hiper-reflexia……..hipo……arreflexia - hipertonia…………hipo……atonia - s.Babinsky3- Alter. EEG – ritmo delta

4 – Fetor hepaticus

Page 42: Cirrose Hepatica (1)

ENCEFALOPATIA PORTO-SISTÉMICA AVALIAÇÃO

GRAU I inversão sono…….euforia……………..deficit t.psicométricos irritabilidade apraxia

GRAU II apatia….....….......alt. personalidade........> apraxia………….asterixis desorientação alt.comportamento ataxia > reflexos agressividade discurso lento > tónus

GRAU III sonolência……….confusão………………..disfasia……………> /< agitação estupor

GRAU IV COMA

Page 43: Cirrose Hepatica (1)
Page 44: Cirrose Hepatica (1)
Page 45: Cirrose Hepatica (1)

ENCEFALOPATIA PORTO-SISTÉMICA PATOGENIA

proteínas (intest) >> produção substâncias lesivas alter.metabolismo bactérias aminoácidos

<< metabolização hepáticaINSUF.HEPÁTICA COLATERAIS P-S ALTER. NEUROTRANSMISSORES

->> síntese NH3…….> conc.p NH3………SNC- deplecção glutamato < regulação sináptica glu </ glN > < transm. excitatória

->> síntese GABA………activa receptor GABA/BZ……neuroinibição pós-sináptica

- falsos neurotransmissores (fen)……….>> AA aromáticos……… >> fen no SNC << dopamina ( << tr. motora/cognit)

->> triptofano…………>> serotonina…………alter. sono/vigília

Page 46: Cirrose Hepatica (1)

ENCEFALOPATIA PORTO-SISTÉMICA DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

1 – LESÕES INTRA-CRANIANAS - HEMATOMA – subdural, epidural, cerebral - INFECÇÕES – encefalite abcesso cerebral empiema subdural - LESÕES MENÍNGEAS – meningite bacteriana ou tuberculosa hemorragia subaracnoideia2 – ENCEFALOPATIAS METABÓLICAS - hipoxémia, hipercapnia - urémia - hipoglicémia - alter. electrolíticas – hiponatrémia (hipomagnesiémia, hipofosfatémia)

3 – ENCEFALOPATIAS TÓXICAS - ÁLCOOL - intoxicação aguda; síndr. privação - síndr. Wernicke; síndr. Korsakoff - fármacos: benzodiazepinas, opiáceos, barbitúricos - heroína, cocaína, canabinóides

4 – STATUS PÓS- CRÍTICO - EPILEPSIA do alcoólico

Page 47: Cirrose Hepatica (1)

ENCEFALOPATIA PORTO-SISTÉMICA AGUDA FACTORES PRECIPITANTES

1 – EXCESSO de prod. azotados: - ERRO DIETÉTICO ( excesso proteico) - OBSTIPAÇÃO agravada - HEMORRAGIA (sangue no cólon)

2 – ALTERAÇÕES hidro-electrolíticas / HIPOVOLÉMIA : - diuréticos em excesso - paracenteses de grande volume - vómitos / diarreia

3 – FÁRMACOS – SEDATIVOS; hepatotóxicos

4 – INFECÇÕES – PBE , infecções respirat, urinaria, enterica; inf oculta

5 –Ingestão alcoólica…..HAA…..EPS

6 – Intervenção cirúrgica

Page 48: Cirrose Hepatica (1)

ENCEFALOPATIA PORTO-SISTÉMICA TRATAMENTO

OBJECTIVOS: tratar causa precipitante rever fármacos em curso – parar diuréticos,hipotensores e ansiolíticos limitar a produção e absorção de NH3 e de outras toxinas de origem intestinal – dieta com restrição proteica estimular esvaziamento do cólon alterar a flora bacteriana do cólon e o ph fecal

1 – DIETA - RESTRIÇÃO PROTEICA VARIÁVEL – cf grau de EPS aguda ou crónica - preferir proteínas vegetais; manter aporte calórico

2 – LACTULOSE / LACTITOL – degradados pelas bactérias do cólon ÁC. LÁCTICO…LACTATO – ef.osmotico H+ - ioniza NH3…..< absorção favorece flora sacarolítica

3 – ANTIBIOTICOS NÃO ABSORVÍVEIS – neomicina; norfloxacina; rifaximina metronidazol- descont intest select

4 – ENEMAS DE LIMPEZA – EPS aguda grau III / IV

Page 49: Cirrose Hepatica (1)

PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA - PBE

Defin : infecção espontânea do líq. ascítico, sem foco infeccioso intra-abd

Evolução – agravamento da D.H.C. agravamento da função renal Mortalid. = 50% sépsis Recidiva ao 1º ano = 70%

PATOGÉNESE - translocação bacteriana do intestino p/ LA …. Infecção do LA - depressão dos sistemas de defesa anti-bacteriana

- < activ. bactericida do LA - < função SER ; neutropénia c/ < função neutrófilos - < capac. opsonização do LA ( < complemento)

( proteína LA < 1 g/dl ; alb s < 2.5 g/dl )

>> RISCO : após paracentese, após endoscopia digestiva após 1º episódio de PBE

Page 50: Cirrose Hepatica (1)

PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA

Etiologia: 90% monomicrobiana – 70% Gram-negat – E.coli Enterobacteriáceas 20-30% - Gram-posit – Enterococo raro –anaeróbios ; fungos – Candida albicans em crescendo – nosocomiais (SAMR) QUADRO CLÍNICO: – febre, dor abdominal difusa, dor à palpação c/ ou s/ reacção peritoneal OU AUSENTE

- AGRAVAMENTO da D.H.C. / função renal

DIAGNÓSTICO : paracentese - neutrófilos > 250/ cc = PBE - ex. bacteriol. em meio bifásico – 30% posit - hemoculturas – 50-80% posit LA c/ GSAA > 1,1 g/dl

ASCITE NEUTROCÍTICA – ( s/ isolamento bact) ------TRATAR como PBE

BACTERASCITE ( c/ isolamento bact + s/ neutrofilia)….REPETIR!

Page 51: Cirrose Hepatica (1)

PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA

TRATAMENTO : urgente!! – após colheitas e contagem neutrófilos compatível

- OPÇÃO: Cefalosporina de 3ª geração – CEFOTAXIME EV (mín= 5-7 dias) outras cefalosporinas III ger. Amoxicilina / Ác. Clavulânico – EV

Versus Quinolona – CIPROFLOXACINA - PO – ( 5-10 dias) outras

SUPORTE HEMODINÂMICO >> citoquinas…..vasodilatação sist..….disf circulatória depressão da função renal R/ ALBUMINA – 1º dia – 1,5 g/kg ; 3º dia - 1g/kg

PROFILAXIA DA RECIDIVA . Indicada após 1º episódio PBE; referenciar ao TH Indicada após HDA, após endoscopias/ manobras

R/ Norfloxacina PO – 400 mg/dia Cotrimoxazol 400/80 – 1/dia ( 5 d/sem)

Page 52: Cirrose Hepatica (1)

SÍNDROME HEPATO-RENAL

Defin: INSUFICIÊNCIA RENAL em doentes com D. Hepática aguda ou crónica na ausência de qualquer causa de patologia renal

DIAGNÓST: - APÓS exclusão de outras causas - hipovolémia, sépsis, nefrotóxicos ( aminoglicosídeos; AINE ); glomerulonefrite

PROGNÓST: mortalidade: 50-95% remissão SE a doença hepática fôr reversível – FHF, HAA transplante hepático

TIPOS de SHR – tipo 1 – IRA aguda , creat > 1,5 mg/dl; clear.creat < 20 ml/min

- tipo 2 – deterioração gradual da função renal, c/ flutuações prolongando-se semanas a meses

Page 53: Cirrose Hepatica (1)

SÍNDROME HEPATO-RENALCRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO CONVENCIONAIS

CRITÉRIOS MAJOR: -Doença hepática aguda ou crónica com insuf. hepática avançada e hipertensão portal-Redução da taxa de filtração glomerular indicada por creat > 1,5 g/dl ou clear.creat < 40 ml/min-Ausência de - choque, infecção bacteriana, tratamento recente por fármacos nefrotóxicos, perda excessiva de fluidos

-Ausência de melhoria mantida da função renal após expansão c/ 1,5 l SF ou colóide EV

-Ausência de proteinúria ( < 0,5g/d) e de sinais ecográficos de doença renal ou do sist.urinário

-CRITÉRIOS MINOR – diurese < 500 ml/d - natriurese < 10mmol/l - osmolalidade u> p - nº eritrocitos urina < 50/hpf

Page 54: Cirrose Hepatica (1)

SÍNDR. HEPATO-RENALCRITÉRIOS DIAGNÓSTICO- REVISÃO

1 – Cirrose com ascite

2 – Creatinina sérica >133 µmol/l ( >1,5 mg/dl)

3 – Ausência de melhoria da creatinina sérica (descida para nível < 133 µmol/l), após período de, pelo menos, 2 dias de suspensão de diuréticos e expansão da volémia com albumina (dose recomendada:1g/kg/dia até ao máximo de 100 g/dia)

4 – Ausência de choque

5 – Ausência de tratamento recente ou actual com fármacos nefrotóxicos

6 – Ausência de doença renal parenquimatosa, tal como seria indicado por proteinúria > 500 mg/dia, microhematúria > 50GV/ hpf e/ou ecografia renal alterada.

Page 55: Cirrose Hepatica (1)

SÍNDROME HEPATO-RENAL TRATAMENTO

LINHAS DE ORIENTAÇÃO: Excluir hipovolémia/ sépsis Parar diuréticos e nefrotóxicos

-EXPANSÃO da VOLÉMIA - SF e/ou colóide EV (1-2 dias)

-Antibioterapia de largo espectro, após colheita de fluidos p/ ex.bact

-Optimizar a Hemodinâmica renal – MAP > 75 mmHg

- Paracentese – só p/ diminuir tensão e P. venosa renal ( S/ hipotensão)

- Suporte hemod. - Dopamina - dose dopaminérgia – ensaiar por 24H p/ > DU

-Opções em estudo: Albumina+Terlipressina (15 dias)- 1ªopção Albumina + Midodrina + Octreótido (20 d) Albumina + Noradrenalina (10 d)

Suporte artificial – SÓ em casos seleccionados p/ TH ou FHF - Hemofiltração veno-venosa contínua

Page 56: Cirrose Hepatica (1)

SÍNDROME HEPATO-RENAL - PATOGÉNESE

FALÊNCIA HEPÁTICA endotoxina radicais livres NO, Pg I2, endotox, VASODILAT.SISTÉMICAglucagon << PAM ACTIVAÇÃO SNV- simpát mediadores: leucotrienos, TXA2 vasoconstrição endotelina 1 RAAS ,isoprostanos<< Pressão << Fluxo sang renal adenosinaPerfusão renal

<< Taxa de filtração glomerular contracção cél. Mesangiais

SHR