UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMPUTAÇÃO APLICADA CIDADES INTELIGENTES – PRINCÍPIOS, TECNOLOGIAS E APLICAÇÕES Gilberto Gampert Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Computação Aplicada na Universidade de Passo Fundo. Orientador: Cristiano Roberto Cervi Passo Fundo 2014
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CIDADES INTELIGENTES – PRINCÍPIOS, TECNOLOGIAS E APLICAÇÕES
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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMPUTAÇÃO APLICADA
CIDADES INTELIGENTES – PRINCÍPIOS, TECNOLOGIAS E
APLICAÇÕES
Gilberto Gampert
Dissertação apresentada como requisito parcial
à obtenção do grau de Mestre em Computação
Aplicada na Universidade de Passo Fundo.
Orientador: Cristiano Roberto Cervi
Passo Fundo
2014
CIDADES INTELIGENTES – PRINCÍPIOS, TECNOLOGIAS E
APLICAÇÕES
RESUMO
O desenvolvimento tecnológico que vivemos nas últimas décadas tem oportunizado
transformações importantes na vida das pessoas, especialmente quando soluções tecnológicas
para diversos tipos de problemas são apresentadas à sociedade. Nesse cenário de evolução
tecnológica, a melhoria da qualidade de vida das pessoas que vivem em grandes centros urbanos
torna-se evidente. Cada vez mais a tecnologia, quando empregada corretamente, tem
contribuído para o desenvolvimento econômico, social e humano. Diante desse contexto, o
conceito de Cidades Inteligentes torna-se uma ferramenta importante para a implantação de
novos recursos tecnológicos que visam minimizar problemas em diversas áreas, como
mobilidade urbana, desastres naturais, segurança pública, informações culturais e artísticas,
dentre outros. E para que esses novos recursos tecnológicos estejam disponíveis no cotidiano
das pessoas, tecnologias, ferramentas e aplicações tem sido desenvolvidas para tornar as cidades
mais inteligentes. Diante disso, este trabalho tem por objetivo apresentar uma visão geral sobre
os principais conceitos que envolvem o tema Cidades Inteligentes, bem como apresentar
tecnologias, aplicações e exemplos de implantação de soluções no contexto de Cidades
Inteligentes.
Palavras-chave: Cidades Inteligentes, Tecnologia de Informação e Comunicação, Soluções
Tecnológicas.
SMART CITIES - PRINCIPLES, TECHNOLOGIES AND
APPLICATIONS
ABSTRACT
The technological development that we live in recent decades led to important changes in
people's lives, especially when technological solutions for different types of problems are
presented to society. In this technological evolution scenario, improving the quality of life of
people living in large urban centers becomes evident. Increasingly technology, when properly
employed, has contributed to the economic, social and human development. In this context, the
concept of Smart Cities becomes an important tool for the implementation of new technological
resources that aim to minimize problems in several areas such as urban mobility, natural
disasters, public safety, cultural and artistic information, among others. And so these new
technological resources are available in daily life, technologies, tools and applications have
been developed to make cities smarter. Thus, this work aims to present an overview of the key
concepts that involve the theme Smart Cities and present technologies, applications and
examples for deploying solutions in the context of Smart Cities.
Keywords: Smart Cities, Information Technology and Communication, Technology Solutions.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Domínios da iniciativa IBM [8]. ............................................................................... 10
Figura 2. Visão de cidades inteligentes para o Smart City Council. ........................................ 11
Figura 3. Visão de alto nível do centro de operações (CDOC/DSOC) IBM. ........................... 14
Figura 4. Componentes de alto nível do CDOC. ...................................................................... 16
Figura 5. Arquitetura da GeoPantIn. ........................................................................................ 21
Figura 6. Processo de entrada de dados do UrbanMatch. ......................................................... 22
Figura 7. Ligações do UrbanMatch. ......................................................................................... 23
Figura 8. Serviço de informação de transportes públicos baseado em crowdsensing .............. 24
Figura 9. Arquitetura do TrafficInfo......................................................................................... 25
Figura 10. Visão principal do TrafficInfo ................................................................................ 25
Figura 11. Tela de relatório do TrafficInfo............................................................................... 26
Simple Mail Transfer Protocol (SMTP), e Common Base Event (CBE);
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Padrões de portais, incluindo as Java Specification Request (JSR) 168, JSR 286,
e Web Services for Remote Portlets (WSRP);
Conectividade com a Web 2.0 como PHP, Representational State Transfer
(REST), e feeds RSS ou Atom;
Business Process Management (BPM) e padrões de web services, incluindo
Business Process Execution Language (BPEL), Business Process Modeling
Notation (BPMN), SOAP, XML, Web Services Description Language (WSDL),
e múltiplos padrões de segurança em web services.
A Figura 4 mostra os componentes funcionais de alto nível no CDOC, tais como
firewalls, serviços de aplicativos, mensagens, detecção de eventos e colaboração.
Figura 4. Componentes de alto nível do CDOC.
A partir da Figura 4, pode-se detectar os seguintes componentes funcionais:
Firewalls: oferecem serviços que podem ser usados para controlar o acesso de
uma rede menos confiável, como a Internet, a uma rede privada mais confiável.
Gateway de segurança: fornece segurança na borda da rede através de inspeção
inicial de dados. Pode identificar e bloquear potenciais problemas de segurança
antes que eles atinjam as aplicações da cidade.
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Autenticação e autorização de serviços: identificam se o usuário solicitante é um
usuário registrado, válido do sistema.
Gateway do centro de operações da cidade: fornece o gerenciamento
centralizado para a integração entre o CDOC e os domínios da cidade,
departamentos e sistemas de terceiros.
Balanceamento de carga e armazenamento em cache: fornece escalabilidade
horizontal para servidores web ao despachar pedidos entre vários servidores web
identicamente configurados.
Portal e serviços de personalização: fornece serviços de visualização, exibindo
informações geoespaciais e informações de eventos. Dados e aplicativos são
exibidos com base na função do usuário.
Serviços de aplicação: infraestrutura para a lógica de aplicativos baseados em
componentes e recursos de gerenciamento de transações.
Serviços de mensagens corporativo: suportam roteamento, mediação,
transformação e capacidade de publicação/assinatura. Esses serviços são
fundamentais para apoiar o comportamento orientado a eventos. Eles também
integram diferentes aplicativos executados em plataformas diferentes.
Serviços interativo de resposta de voz: serviços de apoio a o canal de telefonia
dentro do CDOC onde uma entidade externa, como um cidadão pode chamar o
CDOC para relatar um evento.
Serviços de colaboração: inclui a comunicação em tempo real, consciência
situacional e compartilhamento de informações para que os especialistas no
assunto possam resolver problemas.
Mecanismo de regras de negócio: suporta ao filtro e o enriquecimento de
informações sobre o evento. Regras também podem ser aplicadas para auxiliar
na implementação das políticas da cidade.
Análise preditiva e business intelligence: fornece o nível certo de informação no
momento certo para tomada de decisão de negócios. Dados podem ser enviados
e recebidos de sistemas externos, que então podem ser correlacionados com as
informações já fornecidas para o CDOC.
Serviços de gerenciamento de evento e incidentes: fornece a capacidade de
gerenciamento de resposta eficazes, de eventos operacionais aos críticos.
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Informações podem ser compartilhadas entre domínios para avaliar o impacto
sobre os serviços da cidade.
Serviços de orquestração de processos de negócios: oferecem suporte a
otimização e automação de processos de negócios.
Serviços de detecção e o processamento de eventos: detectam eventos e
fornecem processamento de eventos e funções de enriquecimento de eventos.
Serviços de gestão de ativos e informações geoespaciais: são para gestão
eficiente dos ativos da cidade, fornecem contexto e enriquecimento de dados do
evento que facilita a resolução de problemas para o CDOC.
Cada cidade é única, mas dentro de cada uma há a necessidade de operar de forma mais
eficaz e eficiente possível. A proposta da IBM do CDOC e do DSOC pode ajudar uma cidade
realizar essas necessidades. A tecnologia chave dentro destes centros de operações pode coletar,
limpar e analisar dados e apresentar informações para funcionários municipais, dando-lhes
conhecimentos para que eles possam tomar decisões.
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4. SOLUÇÕES IMPLEMENTADAS EM AMBIENTES URBANOS
Este capítulo apresenta algumas soluções implementadas em ambientes urbanos no
contexto de cidades inteligentes.
4.1. APLICAÇÕES
A proposta apresentada por [16], denominada MEK, parte do princípio que as pessoas
estão cada vez mais conectadas aos dispositivos móveis e o mau uso da informação ou até
mesmo a falta dela, é um problema que afeta os grandes centros urbanos. As pessoas são
consideradas como potenciais centros de conhecimentos onde quaisquer recursos de
informação podem ser disseminados para quem o considere importante. Aproveitando as
grandes inovações tecnológicas pode-se pensar que cidades ou locais também podem ser
consideradas fontes de dados. Diante desse cenário, pode existir colaboração entre os
envolvidos (cidadãos, organizações e governo) e esta colaboração pode ser realizada de forma
oportunística.
De acordo com Kraut et al. [17] podem existir quatro formas de atividade interativa:
Interações Planejadas: são reuniões formais previamente marcadas;
Interações Intencionais: são quando alguém procura explicitamente uma pessoa
específica
Interações Oportunísticas: são interações que são antecipadas por alguém, mas
só ocorrem se estas pessoas se encontram por acaso
Interações Espontâneas: não são esperadas por ninguém e ocorrem
oportunisticamente.
Na visão de Zhang [18], o modelo de colaboração oportunística é mais voltado para uma
colaboração pervasiva, flexível e distribuída, possibilitando vantagens mais significativas para
a transmissão de informação e de conhecimento.
A abordagem MEK [16] possui diversas funcionalidades, tanto ativas, quanto passivas,
para realizar a troca de informações entre usuários. Todas as opções são acessadas pela interface
principal da aplicação. As funcionalidades serão apresentadas a seguir:
Perfil: interface onde o usuário pode preencher informações como nome, idade
e áreas de interesse;
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Cadastrar conhecimento: o usuário pode cadastrar um conhecimento em seu
dispositivo e disponibilizá-lo para troca. O conhecimento é classificado pelo
usuário por meio de assuntos definidos em uma taxonomia de interesses;
Troca de conhecimento: o MEK, enquanto cliente, procura outros dispositivos
próximos por meio de bluetooth. A aplicação servidor verifica se possui
conhecimentos que estejam classificados na mesma área ou subárea de interesse;
Pesquisar: o usuário pode buscar por conhecimentos já cadastrados em seu
dispositivo por meio de palavras-chaves, área de interesse ou título. Os
conhecimentos podem ser agrupados por conhecimentos criados, conhecimentos
adquiridos ou conhecimentos sugeridos;
Pesquisar arredores: é possível para o usuário procurar por conhecimentos em
dispositivos próximos usando palavras-chave, área de interesse ou título. Uma
vez selecionado um conhecimento, a transferência é iniciada;
Troca de mensagens: é disponibilizada uma opção de chat caso os usuários
queiram utilizar um serviço que provê mais privacidade;
MEk Desktop: interface que permite ao usuário organizar e sincronizar todo o
seu conhecimento em seu computador, como criação, edição e exclusão.
A proposta apresentada por Baptista e Falcão [1], denominada GeoPaintIn, define um
modelo de Pantanal4 Inteligente voltado ao cenário e às necessidades do Pantanal, utilizando
sensores humanos e técnicas de geoprocessamento. A proposta utiliza um sistema
georreferenciado onde as pessoas podem participar ativamente da preservação e manutenção
da região, bem como auxiliar na preservação de sua biodiversidade.
Os usuários podem inserir denúncias de problemas encontrados, sugestões de solução e
suas preocupações gerais em qualquer ponto da região. Isto pode ser um importante meio para
discussões entre os usuários, pois qualquer um que esteja cadastrado no sistema pode fazer
comentários sobre as ocorrências.
Dados multimídia como fotografias, vídeos, textos e áudio também podem ser inseridos
no momento da realização da denúncia, proporcionando opções variadas na forma de interação
com o sistema e com os demais usuários interessados no problema.
A ferramenta pode ser utilizada, ainda de navegadores web, por dispositivos móveis, o
que possibilita a realização de denúncias em tempo real nas redondezas dos locais onde foram
4 Complexo do Pantanal, situado no sul de Mato Grosso e no noroeste de Mato Grosso do Sul, ambos Estados do
Brasil, engloba também o norte do Paraguai e leste da Bolívia.
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detectados problemas. Ainda, caso o usuário possua dispositivo equipado com GPS (Global
Positioning System), é possível informar com exatidão o local em que o problema está
ocorrendo. Outro fator relevante à proposta, é que a ferramenta permite a realização de
consultas espaciais e temporais, facilitando aos usuários a pesquisa sobre as informações
desejadas.
A Figura 5 apresenta a arquitetura do GeoPantIn.
Figura 5. Arquitetura da GeoPantIn.
Conforme a arquitetura do GeoPantIn, mostrada na Figura 5, ela está definida em três
camadas:
Camada de Apresentação: o acesso à ferramenta é realizado pelo usuário por
meio de HTTP, que executará as páginas HTML que compõem a interface
(Figura 5 (a)). Esta camada contém os elementos da aplicação que são
visualizados pelo usuário final e utilizados para a inserção dos dados provindos
dos próprios usuário. Além das páginas HTML, a interface utiliza serviços
externos do Google Maps que exibe no mapa as informações geográficas de dos
locais.
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Camada de Negócios: esta camada (Figura 5 (b)) é responsável pelo
processamento das operações requisitadas pelo usuário e contém a lógica de
negócio do sistema desenvolvido. A lógica é composta pelos gerenciadores dos
sensores humanos, dos usuários, dos recursos multimídia, das denúncias e pelos
serviços de persistência da informação.
Camada de Dados: na camada de dados (Figura 5 (c)) encontram-se os dados
que são processados e gerados pela camada de negócios e visualizados pelos
usuários na camada de apresentação. Ela utiliza três repositórios de dados: (i)
para armazenar as informações da ferramenta e suas interações; (ii) para
armazenar arquivos multimídia que são compartilhados pelos usuários; e (iii)
para armazenar os metadados geográficos e executar as funções geográficas do
PostGIS.
A proposta especificada por [19], denominada UrbanMatch, apresenta um jogo para
dispositivos móveis que provê reconhecimento de localização com objetivo de integrar
jogadores para fornecerem informações relacionadas à cidade italiana de Milão. UrbanMatch
visa selecionar as fotos mais representativas relacionadas aos pontos de interesse da cidade. A
proposta liga os monumentos e lugares relevantes da cidade de Milão com as respectivas fotos,
por meio da recuperação dessas mídias em sites web.
A Figura 6 apresenta a entrada de dados do UrbanMatch.
Figura 6. Processo de entrada de dados do UrbanMatch.
Conforme a entrada de dados do UrbanMatch, apresentada na Figura 6, os dados provêm
de fontes disponíveis na web. Os pontos de interesse da cidade de Milão são coletados e
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escolhidos entre os disponíveis no OpenStreetMap5. O UrbanMatch é, essencialmente, um jogo
de acoplamento de fotos. A mecânica do jogo consiste em uma interface que apresenta ao
jogador 8 fotos de pontos de interesse na vizinhança desse jogador e pede seu acoplamento. As
ligações entre os pontos de interesse na vizinhança e as fotos apresentadas podem não ser as
mesmas para todas as fotos, pois alguns links podem estar certos, uma vez que vem de fonte
confiável, e alguns podem estar incorretos.
A Figura 7 apresenta as ligações do UrbanMatch.
Figura 7. Ligações do UrbanMatch.
O processamento do jogo é representado na Figura 7. Em cada nível do jogo, confiáveis
pontos de ligações de fotos (seta verde da esquerda) são apresentados juntamente com uma série
de links candidatos relacionados com os mesmos pontos de interesse (seta amarela da esquerda),
com fotos buscadas no Wikimedia Commons6 e Flickr7. Se os jogadores relacionam as mesmas
fotos dos mesmos pontos de interesse, é dado um sinal de confiança e seu valor de confiança é
aumentado. Se não existe evidência de uma associação entre as fotos, a ligação não é validada,
o que demonstra falta de acoplamento. Nesse caso, é dado um sinal de desconfiança e o valor
de confiança diminui.
A proposta de Farkas et al. [14], denominada TrafficInfo, apresenta um protótipo de um
aplicativo para smartphones, que utiliza a multidão como um sensor para obter informações do
serviço de transporte público. A abordagem consiste em explorar o sensoriamento participativo,
muitas vezes chamado mobile crowd sensing (MCS), com base no poder da multidão para
coletar dados em tempo real. A Figura 8 mostra esse cenário.
5 O OpenStreeMap (http://www.openstreetmap.org/) é um mapa do mundo de uso livre sob uma licença aberta. 6A Wikimedia Commons (http://commons.wikimedia.org/wiki/Main_Page) é um banco de dados de
aproximadamente 21 milhões de arquivos de mídia que podem ser utilizados livremente. 7 O Flickr é um site da web de hospedagem e compartilhamento de imagens fotográficas (e eventualmente outros
tipos de mídia).
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Figura 8. Serviço de informação de transportes públicos baseado em crowdsensing
Os sensores internos de dispositivos móveis dos passageiros, ou os próprios passageiros,
por meio de relatórios de incidentes, fornecem os dados necessários para o rastreamento dos
veículos e enviam informações de rota para o prestador de serviços. O provedor de serviço
agrega, limpa, analisa os dados coletados e divulga atualizações em tempo real.
O TrafficInfo é um aplicativo Android, que apresenta informações de movimentação do
transporte público de uma determinada cidade em tempo real, utilizando o Google Maps. Ele
foi construído através de uma estrutura de comunicação baseada no XMPP (Extensible
Messaging and Presence Protocol), seguindo um modelo de comunicação
publicação/assinatura em que os passageiros devem inscrever-se por intermédio do TrafficInfo,
de acordo com seu interesse, em canais de informações de tráfego de linhas ou paradas. Então,
eles recebem informações em tempo real, tais como a posição do veículo, mudança de horários,
informações de multidões. A arquitetura do TrafficInfo é apresentada na Figura 9.
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Figura 9. Arquitetura do TrafficInfo.
A tela de abertura do TrafficInfo apresenta o mapa (Google Maps) da cidade que as
informações de transporte público são visualizadas (Figura 10). Neste caso, a cidade é
Budapeste, capital da Hungria. O usuário pode acompanhar as posições reais dos veículos
associados com os canais assinados. Estes veículos são representados no mapa por pictogramas
clicáveis.
Figura 10. Visão principal do TrafficInfo
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O usuário pode navegar para uma tela (Figura 11) onde pode reportar diversas situações,
tais como indicação de multidões (Crowdedness), um relatório sobre danos ou mensagem de
texto livre.
Figura 11. Tela de relatório do TrafficInfo
No geral, quanto mais dados são reunidos, maior é a qualidade da experiência do
serviço. No entanto, é importante saber quais dados serão relevantes. Neste caso, os dados são
necessários para identificar informações da linha, a posição do veículo, eventos nas paradas e
para detectar eventos de transporte, tais como congestionamentos de trânsito, avarias e coisas
incomuns. É fundamental ser capaz de detectar automaticamente esses eventos, mas no
momento o evento detecção é possível apenas através de interação do usuário com o aplicativo.
27
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve por objetivo apresentar uma visão geral sobre os principais conceitos
inerentes ao tema Cidades Inteligentes, bem como explanar as principais tecnologias e
aplicações, assim como exemplificar algumas soluções para problemas no contexto de Cidades
Inteligentes.
Inicialmente foi apresentado o panorama atual da população mundial, onde ficou claro
que mais da metade da população passou a viver em cidades e que esta urbanização trouxe
diversos novos desafios e problemas para a gestão das cidades. Ao mesmo tempo que surgiram
os problemas, surgiram as oportunidades. Neste contexto, aparece o conceito de Cidades
Inteligentes, com o objetivo de suprir a crescente necessidade de novas técnicas e ferramentas
para enfrentar estes desafios e problemas. Este conceito passou a ser visto cada vez mais
associado com o emprego de TICs.
A seguir tratou-se das iniciativas e modelos existentes, propostos por pesquisadores,
governos, ONU e grandes empresas, como IBM, Siemens e Cisco. Cada um destes atores
apresenta um conjunto de eixos (domínios) de Cidades Inteligentes. Concluiu-se que não existe
consenso em relação aos domínios fundamentais de cidades inteligentes, pois os desafios e
problemas variam de cidade para cidade.
Foram apresentadas diversas tecnologias e ferramentas aplicadas ao tema. Dentre estas
tecnologias, pode-se citar: internet das coisas, sistemas de informação, computação nas nuvens,
computação móvel, big data e business inteligence, tecnologias sociais e crowdsourcing. Uma
solução de destaque, proposta pela IBM, é o centro de controle (CDOC) que fornece uma visão
holística da cidade, fornecendo acesso centralizado a informações de diversas fontes,
contribuindo com análise e dados relevantes. Esta solução se completa com o DSOC, que
oferece suporte a um domínio especifico da cidade, fornecendo acesso aos indivíduos a
informações relacionadas com suas atividades.
Algumas aplicações de cidades inteligentes, como o UrbanMatch, que apresenta um
jogo que provê reconhecimento de localização com o objetivo de obter informações relacionada
à cidade de Milão, ou o TrafficInfo, que apresenta um aplicativo para smartphones que utiliza
a multidão como sensor para obter informações do serviço de transporte público; são exemplos
de aplicações de TICs na implementação de cidades inteligentes.
Os artigos analisados demonstraram que existem muitos desafios a serem explorados no
tema que envolve Cidades Inteligentes. Atualmente, com a evolução das tecnologias de
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informação, comunicação e interação, torna-se imprescindível que soluções para problemas em
ambientes urbanos sejam planejadas com a utilização desses recursos, melhorando a qualidade
de vida das pessoas. Diante disso, cria-se um espaço importante para que soluções tecnológicas
sejam implementadas, em diversas áreas de pesquisa, como aplicações para dispositivos
móveis, adaptabilidade diante do contexto, recomendação de produtos e serviços, geração de
informações estratégicas, dentre outras.
Como trabalhos futuros, pretende-se analisar alguns trabalhos importantes no contexto
de cidades inteligentes e definir alguns critérios e elementos com o objetivo de comparar esses
trabalhos. Diante disso, pode-se verificar as áreas de pesquisa que estão em aberto e possuem
potencial de exploração científica e tecnológica.
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REFERÊNCIAS
[1] BAPTISTA, C. S.; FALCÃO, A. G. R. GeoPantIn: Uma ferramenta de rede social
baseada em localização inspirada em soluções de Cidades Inteligentes. Anais 4o Sinpósio
de Geotecnologias no Pantanal, Bonito - MS, 2012. 639-648.
[2] TOWNSEND, A. M. Smart Cities: big data, civic hackers, and the quest for a new utopia.
New York - NY: W. W. Norton & Company, Inc., 2013.
[3] FARIAS, J. E. P. D. et al. Cidades Inteligentes e Comunicações. Revista de Tecnologia
da Informação e Comunicação, Campina Grande, v. 1, p. 28-32, Outubro 2011.
[4] CARAGLIU, A.; DEL BO, C.; NIJKAMP, P. Smart Cities in Europe. Journal of Urban
Technology, 2011. 65-82.
[5] GAMA, K.; ALVARO, A.; PEIXOTO, E. Em Direção a um Modelo de Maturidade
Tecnológica para Cidades Inteligentes. VIII Simpósio Brasileiro de Sistemas de
Informação (SBSI 2012), São Paulo - SP, 2012. 150-155.
[6] TEN Steps to Becoming a Smart Community. Site do California Institute for Smart
Communities, 2011. Disponível em:
<http://www.smartcommunities.org/library_10steps.htm>. Acesso em: 13 Julho 2014.
[7] SMART cities Ranking of European medium-sized cities. Site da Vienna University of
Technology, Centre of Regional Science, 2007. Disponível em: <http://www.smart-
cities.eu/download/smart_cities_final_report.pdf>. Acesso em: 13 Julho 2014.
[8] IBM Smarter Cities. Site da IBM, 2014. Disponível em: