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FACULDADES NORDESTE – FANOR CAMPUS DUNAS Jéssica Silveira Raniere Martins Tays Cabral Gondim Rodrigo Cavalcante Felipe Magalhães ANÁLISE DO LIVRO “CIDADE COLAGEM” Colin Rowe e Fred Koetter 1978
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cidade colagem

Apr 23, 2023

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Page 1: cidade colagem

FACULDADES NORDESTE – FANOR

CAMPUS DUNAS

Jéssica Silveira

Raniere Martins

Tays Cabral Gondim

Rodrigo Cavalcante

Felipe Magalhães

ANÁLISE DO LIVRO “CIDADE COLAGEM”

Colin Rowe e Fred Koetter

1978

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FORTALEZA - CE

2015

Jéssica Silveira

Raniere Martins

Tays Cabral Gondim

Rodrigo Cavalcante

Felipe Magalhães

RESENHA DO LIVRO “CIDADE COLAGEM”

Trabalho apresentado como requisito parcial paraobtenção de aprovação na disciplinaHistória da Arquitetura e do UrbanismoContemporâneo, no Cursode Arquitetura e Urbanismo, na Fanor – Faculdades Nordeste

Prof. Luanda de Oliveira

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FORTALEZA - CE

2015

SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO..................................................................................................4

2.CIDADE MODERNA E CONCEITO DE CIDADECOLAGEM.........................5

3.CIDADE COLAGEM INSERIDA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA......6

4.CONCLUSÃO........................................................................................... 7

5.REFERENCIAS ..................................................................................... 8

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INTRODUÇÃO

Neste trabalho iremos apresentar uma análise sobre o livropublicado em 1978 por Colin Rowe e Fred Koetter, chamadoCidade Colagem ( tradução brasileira).

O livro elabora uma das teorias mais influentes do pósguerra nos Estados Unidos, e se debate no “contextualismo”,que já vinha sendo desenvolvido desde a década anterior.

Colin Rowe, na década de 1960 já trabalhava com estudantesda Cornell University, onde se deu origem ao livro e ondefoi observado a presença da figura e fundo como instrumentode análise urbana, ou seja,tanto os espaços livres quanto

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os construídos articulam em proporções invertidas na malhaurbana.

O material foi finalizado entre 1973 e 1978, período em queantecedendo sua publicação final, começou a circular comoum manuscrito e em seguida foi publicado na forma de artigona edição nª 158 da Architectural Review ( agosto de 1975).

O interesse dos autores pela configuração urbana de Roma,embora já estivesse evidente nas suas primeiras versões,ganhou mais relevo após a particiação de Rowe e sua equipeno concurso e na exposição Roma Interrota, que consistia naelaboração de novas propostas para a cidade de Roma àpartir do Plano de Giambattista Nolli ( conhecido por suarepresentação dos cheios e vazios da forma urbana, oradestacando e ora desconhecendo as fronteiras entre espaçospúblicos e privados.

A idéia principal do livro, Colin cria o conceito de“cidade-colagem” que sigifnica reconhecer a existênciasimultânea dos dois tipos de cidade distintos, sem queprevaleça sobre o outro. A cidade colagem seria “inclusiva”pois se trata da somatória de porções que compreendemtanto a cidade tradicional como a “cidade moderna”.

CIDADE MODERNA E CONCEITO DE CIDADE COLAGEM

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O valor do espaço urbano vai se modificando conforme osprincípios e costumes de uma sociedade específica. Aspraças, espaços públicos, locais mal iluminados e abertoshoje ganham uma mediação de insegurança e perigo. Aarquitetura moderna, em partes, havia invertido a proporçãoentre espaço livre e espaço construído.

O espaço “nostálgico”, da preservação da memória, e o“profético”, que seria o futuro de uma cidade, influenciamnas transformações da cidade moderna.

Uma cidade moderna pode significar uma arquitetura que nãosegue um estilo, podendo se variar de acordo com o tempo eo espaço. A arquitetura desde sempre servia como umprincípio. A cidade tem seus espaços, ruas, casasedificações e acaba transformando-a em um espaço“estriado”, com ramificações distinguindo onde está cadalocalização, e com ela vem a verticalização.

Com isso, a cidade moderna atrai criticas e muitas formasde interpreta-la. A mesma pode ser considerada respostasimbólica as rupturas sociais e psicológicas decorrentes daSegunda Guerra Mundial e da Revolução Russa.

Esse conceito de estriagem das cidades é considerado umacolagem, como se fosse “cocha de retalhos”, onde ocorre àjustaposição de imagens e ou camadas, e a marcação visíveldo sistema viário criando uma lógica de mobilidade earticulação do espaço urbano. Um exemplo é a cidademoderna de Archigram, projeto idealizado pelo SuperStudio,fundado em 1966 pelos italianos Adolfo Natalini e CristianoToraldo di Francia, como também a Praça Harlem, deAlessandro e Roberto Magris e Piero Frassinelli. Ambos osprojetos seguem uma construção Futurista, mas com umaconcepção distinta. A Archigram (anexo 1) representa umcenário que rompe com o intorno (o privilégio do objeto emrelação à paisagem - profético) e o segundo, a Praça Harlemrepresenta a nostalgia.

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Esses arquitetos criadores do Superstudio idealizavam todasas formas física artificiais, objetos e edifícios e osconsideravam dispensáveis.

A arquitetura moderna criou a utopia da cidade semexceções, da cidade ideal. Um exemplo é a cidade deVersalhes projetada por Luís XIV em Paris ( anexo 2 e 3), quepode ser considerada um esboço desse design total, por seruma cidade impassível, racionalmente organizada, destituídade ambigüidades onde a prevalência de idéia é irresistívele tem um estilo único.

Ela é uma critica a Paris e nela estão prefigurados todosos mitos da sociedade racionalmente organizada e“cientifica” a sociedade em que não há lugar para oacidental, por isso a mesma possuía uma relação com adefinição de algo que se baseia em apenas uma coisa, algo“centralizado”.

A Villa Adriana ( anexo 4), cidade situada a 30km de Roma eprojetada pelo Imperador Adriano, é uma espécie de Roma emminiatura. Um lugar diversificado, contendo várioselementos de diferentes lugares, portanto podemos dizem queela se caracteriza como uma cidade colagem, onde tentadissimular toda a referência a uma idéia de controle total,pode ser considerada uma dialética viva dos elementos que acompõem.

Ela pode ser considerada uma vila diversificada em que seencontra um pouco de cada lugar, um pouco da Síria, doEgito entre outros lugares , a vila atua como se fosse umaseria de recordações das viagens de Adriano, por essa suadiversificação a Villa Adriana possui uma relação com adefinição de raposa que é aquele, como já foi dito, quepersegue muitos afins e também possui relação com o quechamamos de colagem.

A colagem é uma composição feita utilizando diferentesmateriais de diferentes origens, a Villa Adriana possui

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essa colagem, no momento em que possui um “pedaço” de cadalugar criando assim uma sobreposição de imagens.

Esse confronto entre Luis XIV e Adriano podem ser melhorinterpretados por uma citação de Isaiah Berlin, nesteensaio Berlim distingue duas presonalidades: o ouriço e araposa.

“A raposa conhece muitas coisas, mas o ouriço conhece uma grande coisa”

Essa citação define uma relação com o pensamento críticodos arquitetos modernistas. Onde a figura da raposarepresenta um pensamento difuso que é aquele que perseguemuitos fins e que são desvinculados e contraditórios. Já oouriço, no contexto modernista é uma coerência earticulação e pode ser considerado aquele que relacionatodas as coisas a uma só noção fundamental a um sistemamais ou menos coerente.

A colagem é uma composição feita utilizando diferentesmateriais de diferentes origens, a Villa Adriana possuiessa colagem, no momento em que possui um “pedaço” de cadalugar criando assim uma sobreposição de imagens.

A bricolagem é outro tema relatado no livro Cidade Colagem.A bricolagem é um termo que vem do francês "bricolage", eeste conceito surgiram na década de 50 nos Estados Unidos,essa idéia de bricolagem é uma forma de arte muitocriativa, no qual qualquer um pode tentar fazer algo apartir de objetos que no final tomarão formas abstratas oureais, ou seja, uma colagem de objetos diferentes,possuindo uma própria estratégia para usar de formacriativa materiais existentes. Na arquitetura moderna oprocesso de colagem é mais evidente na produção de LeCorbusier, que em suas obras conserva as origens do espaçoe transforma com inovação o contexto com a arte,disfarçadode ouriço, embora muitas vezes se comporte como uma raposa.

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Portanto, em suas obras conserva as origens do espaço etransforma com inovação o contexto com a arte.

A bricolagem – bricoleur não pode ser definido por umprojeto, só podemos defini-lo por sua instrumentalidade. Obricoleur cria estruturas por meio de conhecimentos, omesmo possuía uma relação com a definição das raposas poressa diversidade.

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CIDADE COLAGEM INSERIDA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

O crescimento desordenado, o aumento das migrações e a

procura de oportunidade de trabalho nas metrópoles têm

conferido a elas a absorção de

transformações num tempo record, resultando em colagens e

adaptações nem sempre oportunas. A cidade-colagem é um

produto da nova era, das provocações e atitudestomadas sem

uma direção previamente planejada e homogênea, que resulta

num tecido urbano fragmentado, com sobreposições e colagens

de formas e estilos, muitas vezes efêmeras.

Ao invés de planos, projetos urbanos sensíveis às tradições

vernáculas,

histórias locais e comunidades, revitalização de áreas e

bens históricos e

arquitetônicos, e a geração de formas variadas e autônomas,

que explicitam a

novidade gerada pelo momento. A intervenção contemporânea

se alimenta dos

valores publicitários em voga na sociedade. Por ser

diferente, contrapõe-se à

regularidade da estrutura urbana, multiplicando seus

impactos sobre a cidade, de um lado respondendo a uma

lógica especulativa do mercado que necessita ampliar a área

de construção através da expansão das redes de comunicação,

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por outro indicando uma interferência marcante na paisagem

urbana contemporânea, que possibilita transformar a cidade

em mais um produto de consumo.

Enquanto produto de consumo, a cidade investe em glamour,

projetos de

revitalização de áreas históricas, valorização do

patrimônio arquitetônico, ligação entre áreas estratégicas,

ampliação dos espaços públicos, atividades ligadas ao

mercado. Cidades portuárias e industriais descobrem em suas

antigas edificações e vazios urbanos junto às margens de

rios possibilidades de explorar novas tendências através de

atividades menos marginais e atraentes para um público com

maior poder aquisitivo, reproduzindo modelos internacionais

nem sempre adequados à realidade local.

O investimento em projetos urbanos de grande porte e

visibilidade faz parte de

uma estratégia comum entre cidades com potencial turístico.

Sob o conceito de revitalização e culturalização dos

espaços, crescem os investimentos em projetos emblemáticos

dentro de uma estética global, marcando a diferença entre

as áreas antigas e as áreas revitalizadas, deixando claro o

processo de fragmentação espacial e social nestas cidades.

O investimento na estética, na monumentalidade e noarrojamento dos projetos é uma resposta às demandas dacidade contemporânea, que se traduz na valorização daatratividade urbana a partir da identidade, cultura,patrimônio arquitetônico, espaços públicos, herança

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ecológica e qualidade ambiental, assim como da garantia damobilidade e acessibilidade a partir de sistemas públicosde transporte de massa, evitando as deseconomias docongestionamento, problemático para a vivência nasmetrópoles contemporâneas (Borja e Castells, 1997).

As mudanças observadas nas cidades atuais são reflexos dasmudanças conferidas na sociedade e na economia. Lyotard(1985)16 localiza seus argumentos no contexto de novastecnologias de comunicação, situando a ascensão dopensamento pós-moderno no cerne do que vê como umadramática transição social e política nas linguagens decomunicação em sociedades capitalistas avançadas,resultando em mudanças que tornam a linguagem vazia edescompromissada, livre de regras.

As revitalizações de áreas, os projetos de urbanização deruas comerciais, as intervenções pontuais etc são reflexosdesse discurso, observado na fragmentação da cidade, dotecido urbano unido pelas redes de comunicação einformação. As fraturas urbanas causadas por essafragmentação do tecido, acabam sendo costuradas a partir denovos elementos como as pontes, os espaços públicos e asáreas de transição entre esses espaços. Entretanto, nemsempre há possibilidade ou interesse nessa costura,identificando-se em áreas próximas partes tão distintasquanto as encontradas em cidades diferentes.

A exposição dessas fraturas urbanas faz parte do discursopós-moderno, ondea descontinuidade é acelerada pelosprocessos de transformação das cidades, decorrentes dasmudanças econômicas, sociais e políticas, que privilegiamcertos projetos em detrimento de outros, resultando emalguns momentos numa colagem patética e esquizofrênica,formada por obras suntuosas e exuberantes, sem referênciaàs características locais, à escala, à história etc.

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CONCLUSÃO

Concluímos que a cidade colagem nada mais é que a somatóriade diferentes estratégias de intervenção no espaço urbano,e a revitalização urbana, no lugar dos procedimentos derenovação urbana, transformam-se em princípios-chave naspráticas urbanísticas contemporâneas.

Um exemplo de cidade colagem nos tempos contemporâneos eque está inserida em todas as metrópoles brasileiras, sãoas favelas.

Elas exprimem bem a teoria de Rowe e Koetter, com as suasdinâmicas de construção e sensações transmitidas quandoexploradas por um passeio. São locais efêmeros que seamarram de acordo com as necessidades dos habitantes. Vocêé surpreendido a cada “esquina”. Pode se deparar com umavista maravilhosa, através de um mirante ao qual este estáinserido sobre a laje de um morador e ao mesmo tempo estarao lado de um estabelecimento deteriorado.

Existe uma infinidade de histórias que são refletidasatravés da complexa composição de uma favela. As favelassão nada mais nada menos que uma figura sobre uma imagem,que no caso, essa imagem se entende como uma área vaga dacidade.

Devido à origem de cada pessoa que nela habita, as favelasse formam de um jeito forçado, mas ao mesmo tempo singelo.São contraditórias no âmbito urbano, mas são totalmentecoerentes quanto a sua construção. As duplicidades queesses meios nos fornecem desperta a certeza que elas se

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enquadram quase de uma forma perfeita em umas das maioresteorias urbanas da contemporaneidade, a cidade-colagem.

Além de se emoldurarem a essa teoria no sentido urbano, node uma visão geral, elas se revelam com uma arquitetura desurpresas com blocos fragmentados que se entrelaçam. Nãofuncionam de uma forma perfeita e são cheias deirregularidades e deformidades devido a questão sociais,políticas e econômicas, mas possuem a essência e a formulade ideologia do momento atual vivido.

ANEXOS

Anexo 1 - Archigram

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Anexo 2 – Versalhes

Anexo 3 – Versalhes vista aérea

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Anexo 4 – Vila Adriana

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ROWE, Colin; KOETTER, Fred. Collage city. Cambridge, Mass.:The MIT Press, 1981. trad. esp. Ciudad collage. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 1981.

ARANTES, Otília Beatriz Fiori. “Uma Estratégia Fatal. Acultura nas novas gestões urbanas.” In: ARANTES, O.,VAINER, C. e MARICATO, E. A Cidade do pensamento único.Desmanchando consensos. Petrópolis, Editora Vozes, 2000.

DAN, Su. “Expansão urbana na Zona Leste de Pequim, China.”Fórum de Debates. 5ª Bienal Internacional de Arquitetura eDesign de São Paulo. Metrópole. 13 a 20 setembro de 2003,Ed. Abílio Guerra, SP.

DAVIS, Mike. “ Cidade de Quartzo”. Ed. Página Aberta, SãoPaulo, 1993.

Page 17: cidade colagem

DEBORD, Guy. “A sociedade do espetáculo - Comentários sobrea sociedade do espetáculo”. Contraponto Editora Ltda, Riode Janeiro, 1997.

HARVEY, David. “Condição Pós-moderna”. Ed. Loyola, SãoPaulo, 1992.

ROSSI, Aldo. “Arquitetura da Cidade”. Ed. Martins Fontes,SP, 1995.

MONTANER, Josep Maria. Arquitetura e Crítica. Barcelona:Gustavo Gili, 2007. p. 119-120.

LYNCH, Kevin. The Image of the City. Cambridge, Mass.: TheMIT Press, 1960. trad. bras. A imagem da cidade. São Paulo.Martins Fontes, 1999.

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< http://urbanistas-urbanistas.blogspot.com.br/2007/09/cidadecolagem_03.html>.

Acesso em 4 de junho de 2015

HTU História e Teoria Urbanismo, Cidade Colagem, Disponívelem

<http://htucriticas.blogspot.com.br/2007/09/cidade-colagem-pode-ser-considerada.html>.

Acesso em 3 de junho de 2015

História e Teoria do Urbanismo, Cidade Colagem,Disponível em

< http://fgmn.blogspot.com.br/2007/09/cidade-colagem.html>.

Acesso em 3 de junho de 2015

Vitruvius, Cidade e memória: do urbanismo “arrasa-quarteirão” à questão do lugar , Disponível em

Page 18: cidade colagem

< http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/10.112/30>.

Acesso em 6 de junho de 2015