CHRONICA SEMANAL RE DIGI DA POR UM A SOCI EDADE D 'H OMENS SEM LETTRAS PROPRIETARIO- B:UM:SER'l'O S. PIN'l' O C 0RRE$P0NOtNCIA Á LIVRARIA POPULAR, R. AUGUSTA, 222- LISBOA X-U Xllr. XCA•Sle: ÁS QU X::O.: ' JrA S •lr'"lE:XlR. A S POR tNNO OU 52 N ... 11000 REIS- CADA N. 0 20 R!IS ANNO L° P.\ LACIO LH'\\"ERl'\O DI S. PETERSHlRGO C HRONICA DA SEMA NA su." '•AR10- . \\cdida• 'anitarias-0 concerto n favor do" pcs· cadorcs de Caparica- em assa•sin(llO N .\.o tl:em escasseado louvores ús auctorida· des encarregadas de velarem pela saude publica e, graças às proYidcncias adopta- das . tem melhorado consideraYclmentc o estado sanitario de Lisboa, como pode verificar-se pe- 1 los boletins demographicos das ultimas sema- nas, que dão uma percentagem menor na mor- talidade, comparados com os dos annos prece- dent es . eloquente o facto e demonstra cathcgori- camente a necessidade de torn ar effcctivas as medidas adoptadas, não sú para est armos sem- pre prcca,·idos contra a invasão de qualquer epidemia, mas para desmentirmos a qualificaçao
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CHRONICA SEMANAL RED I G I DA POR UM A SOCI EDADE D 'HOMENS SEM LETTRAS
PROPRIETARIO- B:UM:SER'l'O S . PIN'l'O C 0RRE$P0NOtNCIA Á LIVRARIA POPULAR, R. AUGUSTA, 222- LISBOA
X-U Xllr. XCA•Sle: ÁS Q U X::O.:'JrA S •lr'"lE:XlR.A S
---~~PRCÇO POR tNNO OU 52 N ... 11000 REIS- CADA N.0 20 R!IS
ANNO L°
P.\ LACIO LH'\\"ERl'\O DI S. PETERSHlRGO
CHRONICA DA SEMANA
su." '•AR10- .\\cdida• 'anitarias-0 concerto n favor do" pcs· cadorcs de Caparica- em assa•sin(llO
N.\.o tl:em escasseado louvores ús auctorida· des encarregadas de velarem pela saude publica e, graças às proYidcncias adopta
das. tem melhorado consideraYclmentc o estado sanitario de Lisboa, como pode verificar-se pe-
1 los boletins demographicos das ultimas semanas, que dão uma percentagem menor na mortalidade, comparados com os dos annos precedentes.
f~ eloquente o facto e demonstra cathcgoricamente a necessidade de tornar effcctivas as medidas adoptadas, não sú para estarmos sempre prcca,·idos contra a invasão de qualquer epidemia, mas para desmentirmos a qualificaçao
.\ ILLGSTRA<,:.\O POPUL.\R
de - insalubre - que tem. nüo só no paiz, como no estrangeiro, a formosa rainha do Tejo.
Nào basta, porem, o que; se: tem feito, que é realmente muito. L~ neccssario mais ainda. l~ preciso cortar o ma l pela raiz e acabar de vez com a causa uoica d'essa crescente e assustadora mortalidade, que de anno para anno se vae acccntuando e contra a qual nüo são sufiicientes os meios proph~ latico~. adoptados na occasião presente.
Todos sabem que no pessimo s~stema de canalisação está a genese d'esse morbus morticida, que se manifesta por dilforentes fórmas e ao qual a scicncia já deu o nome de febres de l ,isboa.
Ora se é conhecida a causa e se essa causa pódc ser supprimida, façam-se todos os sacrificios, empenhem-se todos os esforços e esgotc.:m-sc todos os recursos para conseguir esse benclicio publico e para satisfater esse desideratum commum.
S e os rendimentos do município não são sufficientes peça-se auxilio ao governo e se isso não fôr bastante recorra -se ao emprestimo nacional, com um juro modico, que não faltarão capitaes, que se ofTcreçam para um fim tão util e tão instante.
ll:ós conhecemos e sabemos avaliar os sacrifícios que são precisos para l..:var a cabo uma obra de tal magnitude: mas sabemos tambem que outras se tcem realisado, menos neccssarias e menos urgentes do que esta que reclamamos.
A J.\ venida da Liberdade, por exemplo, era mais dispensaYel, e a • \ 1•enid,1 abriu-se á custa de ccnt.:nas de contos de reis e sem haYer uma necessidade publica que reclamasse aquclla obra.
Apro\·eitem·se, pois, os estudos feitos e façam-se outros se tanto for necessario, mas reforme-se o pessimo s.1 stema de canos de esgoto que ex iste, e faça-se a reforma de modo que as aguas do Tejo arrastem barra fóra esse lixo immundo que, na baixa mar, fica exposto ao sol, tornando insupportavcl o ambiente pelos miasmas que exhala.
X
Realisou-se, como se tinha annunciado, o conccrto em favor das \ictimas do incendio de Caparica.
Se o espaço fosse mais am pio, maior teria sido o numero dos contribuintes para o meritorio fim, que teve em vista a bcncmcrita commissão, o rgaoisadora d 'aquella esp lcndida festa.
f.. illuminação e ra profusa e deslumbrante e
o programma foi executado com a maestria, que distingue as bandas, que tomaram parte no concerto.
J\ Ode symjihonica do maestro ,\\anoel J\ntonio Correia fo i irreprehensivelmente executada por todas as bandas sem omissào de nenhuma da~ e;-.igencias da partitura.
l ~sta composição mereceu o applaui.o gcral e, sc outros titulos de gloria náo cngrinaldassem a fronte do illustre compositor, ba~ta\·a esta peça para dar-lhe um Jogar distinctissimo entre os mais inspirados maestros.
,\ commi~sào de\·e estar satisfeita pela bi1.arria, com que o publico tem acud ido ao seu appcllo, t.: as desventuradas victimas d 'aquetlc fatal inccnd io devem ficar reconhecidas aos esforços empregados pelos seus bcmfcitorcs, que se não t~em poupado a sacrificios para lhes melhorar a triste situaçáo em que fica1·am.
X
\\ai» um assassinato. praticado co m a infamis· sima navalha. fi.:ou registado n<h annacs do crime.
Repugna relatar taes factos cuja sequencia é um lab6o lançado no caractcr nacional, que não 6, como póde suppôr-se, dado a estas sce nas de sangue .
O caso é tão repetlente que náo carece de st:i· carregado nas córes para ser visto. tal qual é, sinÍ!'tro e hediondo.
Um cautclleiro fadista. um cobarde, um misera\'cl, um dºesses ser.:s abjecto:;, que por ahi enxamcam, porque a lei e tão condescendente, que tolera esses parasitas, que entram na vida roubando um lenço e vão subindo na escala dos vicios e dos crimes até chegarem ao assassinato, enterrou uma navalha no coraçúo de um homem que lhe castigou umas insolcncias com um par de murros.
1": a histo ria de todos os criminosos d'aquellc jacz, para os quaes o degredo é uma pena 1ns1-gnificante .
Conhecemos que é diílicil exterminar essa horda de faquistas, que infestam a capital: mas se é dinicil. não é impossível a tarefa, e o primeiro passo é supprimir essa vergonha nacional chamada a- Loteria- que é a capa que encobre a ociosidade d'csses malvados, mais perigosos que os cães hydrophobos, porque para cs.tes a civilisação inventou a agulha envenenada e para aquel les abol iu a fo rca e supprimiu o carrasco.
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/\ ILLUSTRAÇAO POPULAR
DESCRIPÇÀO DAS NOSSAS GRAVURAS
O 1 \t.,,uo 01·: '''"'mo e uma das sumptu0sas rcs idencias dos autocratas ela Russia .
Pelo c1·oq11is, que os nossos lei tores encontram n'cste numéro, póde ª'·aliar-se a sumptuosidade d'esse cdilicio, que e um monumento de architectura, não só pela sua grandéza, como pela regularidade do risco e pela perfeição artist ica cios seus labores.
Entre as residencia~ dos faustosos czares, esta é uma das mais nota,·cis: e na historia d 'aquella nação o :Pal.Jcio de lm•emo representa um papel importantíssimo, porque tem sido o theatro de muitas se..:nas politicas.
X .\ M.:gunda gravur:1 d 'cstc numero representa
uma Sarakoleza e uma l\assonke/a, mulheres do Alto enegal. De,·em pouco á naturéza as mulheres d'aquellas raças. :\cm belleza, nem elegancia, nem graça, nem intelligencia, finalmente falta completa de todos os predicados, que destinguem o bello sexo do sexo forte .
. \lcm de feias, 'l'i;tem-se de uma man.:ira tão exotica. que ficam ainda mais horroro::.as.
Os penteados, que usam, são esquisitos e ext ravagantes, mas tão complicados e ditliceis, que S<' podem considcrnr milagres da pacienc1a.
Tcem uma grande prcdilecção pelas contas e pelos enfeites de metal, com que se adornam com tal profusão, que chegam a esconder o pescoço nas voltas duplicadas dos collares.
Têem noções tão exactas do pudôr, que envolvem o tronco em amplos manteus e usam cm ,·ez de :.aia uns sacos de riscado, tão estreitos que lhes tolhem os movimentos.
Os pcs são chatos, informes e horrendos. Os leitores, em face da gravura, podem fazer ideia da benevolcacia da nossa apreciação.
X O Cabo Xortc .:: uma massa enorme de ro
chedos t:sbranquíçados e de aspecto phantastico, que entra pelo mar dentro, cortando as vagas espumantes do oceano artice.
;./ 'essas sombrias paragens, segundo as informações que nos dá o illustre viajante inglez, a que abaixo nos referimos, é tal a aridez das paisagens, que a vista nãQ encontra um oasis em
que repouse . li :\\ontanhas de gelo, um ceu carregado, onde
St: não vi: o brilho do sol, noites escu r:is, sem o
matiz das cstrcllas, eis o quadro desolador que olTcrece aos ,-íajantes aquella paragem. reprc~entada na nossa terceira gravura.
X A nossa ult ima gravura é o retrato de um
d't.:sscs valentes marinheiros russos, que alTrontam os perigos marítimos com o sangue frio e a coragem caractcriscos dos homens do norte.
Não ha typo mais accentuadamcnte ,·íril do que o d'esses homens tão valorosos como intclligentcs, que se empregam na ardua e arriscada profissão marítima, no mar polar.
Cobertos de pclles, com a barba crescida, o olhar firme e inci<;i,·o, as feições correctamcnte desenhadas, a estatura désen,·olvida e com uma energia moral, pouco commum, aventuram-se aos r iscos da navegação, da caça e da pesca, com um stoicismo admiravcl.
Xo curioso livro de mr. William lle1rn oll Dixon - a Russia l .ivre - encontram-se detalhadas noticias áccrca do caracter, dos costumes e da vida cios habitantes das regiões polares, que elle teve occasião de estudar, nas suas viagens áquel las regiões.
CASTRO AL YES c:crchro d..:: 'J>iil'l<.tnO. Ü grande -.o) fc~undo. 1 u. l}Uc a -.orh: chora~tc aos mi'."!~r·os t.:'cra\"o-...
1- úra~ Christo mo~lrando nos r~:-..Íl.tnados bra,·1, ... \ ( ruz da rcdempç;io no ccu do ~"'º .\\undo.
Sim, quando o abutre informe, o negro capti\t.:Ít"( A(;: entranhas roi.i n tantos infdi/c ... , F o braço do foitor. p.:<ado. traiçoeiro \\ a.is e mai-.. lht.:"' c.:ivava as funda-.. cic._1tril~~:
Qu,mdo o pae e senhor os seio~ a•-.i ltarn Ás desgraçadas mties, rnubando-lhes os li lhos Para os vender cm publico â c .... :-n nH,'O ign.iYu, A~ .. im .:omo quem vende um bando de novi lho .... :
~ ·e~e instante u bramir das mai .. acerbas dór..: .. Parecia ou' ir--.c no:;. para mo ... do' ccus ! Eras tu, eras tu. que contra o~ mcrcadorc~ Anda,·as acccndendo as colcrn• de Ileu<!
P!'odigo scmc3dor da Santa Liberdade C'os soluças da• mães lirmastc a tua l(loria ! Já nada mai• te rc;,ta: Cm .ol n~ c1crnidadc F: um nonie arrcmc,<ado ás amplid<te' d,l llistoria.
_\\CLHERES DO ALTO SEl\ECAL
S·l A 1LLUSTR.\Ç.\0 POPCLAR
É
MINIAT U RAS
C>%L V%0ENT El
ti't do:-. 'ulto~ mnis em inentes do scculo xv. Poeta l)'rÍ\!O e dramatico di~tincto, tornou-se tam
hcm nota\cl como nctor. como musico e como ouri·
O -.cu tht.:;.1tro tem o r._\ro merecimento de ser 'crdadciramcntc portuguc1.
Gil \"iccnte foi o primeiro c"-Criptor do no<-"-0 pai7, que .:ompr~hcndcu . ..:om uma dc\~ada intui~ão. o valor das liuc· rJturas. É p0r i~-.o que~ cm muita!-- da!-t ""lias obras. ha profun
dos w«tigios da tradiç,io nacional. O celebre fundador do no"o thc<Ltro. era um e, pi rito al
tamente culto~ e ~e como põeta comico. é por ventura o primeiro do ~cu h.:mpo, como /a,,,·ante, oc:cupa um loga r distin· cto entre os admira\'ci~ nrd~tas do ~ccu l o de Migud Anr;clo e de Leonardo de \'inci . \ primorosa Custod ia de llclem uma das mara,llha~ do ourlvc~nria do renascimento-e a rc .. ,·dação mai< brilhante da in,piraçào artistica de Gil \'iccntc, ll poeta jo,·ial e originaJi,ta da ci1rtc de D . . \\ anucl.
O encyclopcdi-;mo e o trnço mai .... caracteristi~o da~ cclcbridac!cs da RcM~en~a.
CARTEI RA UTIL
O•TF.m:r1· 'lº"' '-l'.'> no~~a~ genti ... lcitora"- umc.1 rccclta ma· gnifica para fazerem, com economia., um s.aborosis~imo licor, ttio ugra.dn,cl ao paladat\ como ao o1phato,
é que além d'isso é um tonico C"-Ccllcnle e rccommcndado pelos melhores e ma i ~ :-.ahio~ hygic nistas.
Não tem d iflic1al d,1dc' o fohrico cl'csta deliciosa bchida e a oecasião é apropriad.1 p.lra ~cr feita a C\.petjcncia,
Escolhcm-~c do.1c pc~cí(O~ u,randc~, maduro~ e !'k10 ... , e partem-se cm fatia, dcl<;.1dinha<. que <.e deitam dentro de um tacho no,·o e vidrado. onde j.i dc\em c-t:lr doi< litro• de bom ,·inho branco.
Ocpois p<l<!-...: <> tacho 'ohn: um lume brando. onde "' deixa ferver. até que º' pccc~os e o vlnho formem uma cald.t gros•a e gclat i nosa.
Retira-se então o L•l•ho do lume e passa-S<! o seu conthcudo por uma peneira tina, ajuntando-se-lhe cm <;cguida 05 gramma> de assucar hranco, meio lit ro de aguardente e um pau de canclla.
Deixa-se re1>0u>ar tudo, por c•puço de qu inze d ias, e côasc depois para garrnfo,, onde pódc ser cnnservado por o tem· po que se qui>cr.
Experimentem v. e'\.• . ..: l:'rcmprc 4uc sabureicm o prcoioso licor lembrem-se de quem, com tanto desprendimento, lhes deu a r.:ceita. que p<.dia fotcr a fortuna de qual-iuer t.!on~rvciro.
L.\t c1-1.o~o.
REVISTA DOS THEATROS
NÃO ha uma unica casa de t:spectaculos , que abra as suas portas ao publico, nem havia tambe m publico, que acceitasse o supplicio
de ir penar para o purgatorio do theatro n'estas noi tes de asphyxiantc calor, que tem havido em L isboa.
O Colyseu chegou a ten tar, nào d i;:emos bem , imaginou ten tar a concorre nc ia, annunciando uns concertos espectaculosos nos programmas; mas o publico resistiu ú tentaçào e continuou a aílluir ao passeio de S. Pedro d',\ lcantara e aos pequenos sq11.:zres do ;-\ tcrro, preforindo a tepida baíagcm das auras ao supplicio <le vêr on·alhados de suor os inst rumentos dos illustres profcssnres, que com uma coragem sobrchumana se arriscavam a ver desgrudar os seus str.1divari11s n'aquclle ambiente de 10 graus ccntigrados.
Concertos csplendidos foram os que no ant igo passeio pu blico organisou e d ir igiu ,\ladame J oscphine . \mann .
Esses s im, eram dd iciosos, eram concorridos. eram apreciados, porque a lém da com petencia da eximia professora, que os dirigia, proporcionavam ao cspcctador a commodidadc de OU\·ir as melodias dos g.-andcs mestres, ao ar li\Tc e cm um ambiente perfumado pelas emanações balsamicas do arvoredo.
I ~ a verdade 1:: que esses conce rtos crearam no publico o gosto pe la musica class ica, que tem hoje innumeros amadores e que até en tão era quasi q ue desconhecida entre nós, q ue ti nha mos o ou\·ido acostumado ú musica ca11f,1bile da es· cola italiana .
\\aclame j osephine .\ mann, apesar de ter dcsapparecido o passeio publico e não haver em L isboa outro recinto, onde podésse continuar os
, seus concertos. alimenta o fogo sagrado, olTerecendo, por um modicissimo preço, uma cxcellente publicação litteraria-artistica-musical , onde os amadores e ncon tram as mais primorosas joias da s ublime a r te de Beethoven, Schubert , L i· to llT e outros .
i~ um primo r artis tice a (;,11_eta ,l/11sie,1l \\agnifico papel - impressão nitida-curiosissimos a rtigos - a parte littera ria escrupulosamente cuidada e a parte musical esple nd ida pela variedade, pela q uant idade e pela q ualidade.
~em mesmo no estrangei ro conhecemos pu blicação alguma n'aquelle gcnero, que se lhe avantage e e de presumir que a cmpreza colha dos sacri ficios, que está fazendo, bene fi cos resul ta dos, attento o merecime nto da publicação, a modicidade do preço e a regularidade da distribuição.
São esses os nossos votos. ---+]ôl-+----
A ILLUSTRAÇ.\O POPULAR ss
FOR U~ BEIJO
R&rMtNC~ DE .. rlHFSfO t~APENIHJ
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N u. Opo~·a:
•OMlirtautdo do "'"""°,." aAltw·rfif11l,1
S r:<;l'"io o meu systcma, rcpan: qut: não digo mal do dos outros, o amor. sendo uma paixão resu ltante de um contacto
qualquer material ou immatcrial , ha de ter ne cessariamente um começo.
- De accordo. - Uns gasta m sett: dias a constru ir csse ca-
dafalso, tantos quantos lku~ gastou para fazer o mundo e outros I.:vantam o cm sete segundos. f~ uma questão de temperamento. o que e nota \•el, porém, é que se, para a gcração do amor, o tempo varia segundo as organ isaçõcs, para a morte d'cllc a duraç·10 é a mesma, lenta e angustiosa. Portanto quer o temperamento seja nen·oso, bilio,;o ou 1.1 mphatico o tratamento a s~guir é sempre o mesmo.
-Qual, doutor? perguntou Roberto, sorrindo.
-O abuso que \'<té direito a cura. isto é ao esquecimento.
-.\ sua theoria, \\'illiams, con,;inta que lh 'o dig.i, é ess.!ncialmentc materialista.
- Porque? - Porque o amor é considerndo como uma
doença physica. - .\\as o amor nào é outra coisa. - Seriamente? -.\'\uito seriamen te. - Então a ;ilma niiCJ tem nada com essa pai-
xão? - Nüo. - .\las entáo isso que sentimos moralmen-
te ... - Perdão. i'~ necessario não confundir as fa.
culdadcs da alma com as do cerebro. Eu nego que o amor nasça na alma e sustento que essa paixão é uma resultante de uma especie de amo· lecimento cerebral, porque o cerebro é a séde de todas as loucuras.
-É essa a sua con\'icc;ão? -Certamente, a convicção adquirida na ex-
paiencia propria .. \\as se as minhas thcorias lhe repugnam fica-lhe o direito sal\'O de 1·egeital-as. de continuar a viver nos seus mundos idiaes e .
de deixar voar a alma pelo rosco ccu da sua phantasia cm busca da sua irmã gemea. E se isso ainda o não contentar. eu explicar-lhe-hei o sy:,,tema da attracção dos cspiritos, da união dos corações. o de s\\ edenb<>rg, o philo:-opho sueco. o de ...
-Basta! interrompeu Roberto. Basta! O meu amigo possue uma erudição pasmosa sobre o assumpto e que só pode ter sido adquirida ú cu"ta de sacrificios ele sensibilidade .
- Como se engana. -:-\unca amou? - Nào digo que náo - n.:spondcu o nobre in-
glez. cuja fronte se annuviou.- .lú amei . .. - Quantas \'ezcs? - Uma só. -E? ... - 1·: esse amor vi\ e ainda. - Ah !. . . -.\las voltcmo!. ao nosso pon to dc partida.
Fallavamos de si. Diga-me, está apaixonado? - Xão! -Que diziamos cntáo, quando co.n.çamo,
esta discussão? -Que se o fogo se manifcsta~sc de repente,
n 'csta sala, eu me arriscaria ao perigo das cha:nmas para salvar uma mulher, cuja b:ll:za me impressionou.
- Bravo! O seu cerebro resente·se ainda dos ardores do sol da i\írica . .\lostre-me essa houri que tanto o magnetisou. Onde collocou .\\:1ho· meth essa joia do seu parai~o?
-.\sua direita, \\ 'il liams. ' \o camarok que segue ao do marechal de .\\ º" .\\ H•. \'e?
Sir \\ ' illiams não respondeu. Os vidros do seu binoculo estavam na direc
ção do camarote da formosá mulh<!r, q ue n'cssa occasião estava só e cm la ng uido ab;rndono deixava errar ao acaso os formosos olhos, que pa reciam seguir no espaço um ~on ho caprichcso da sua imaginação.
Sir Williams viu, lixou-a e impalidcceu. - Que tem? perg untou Roberto. - Nada, meu amigo ... um choque ncrvobo.
É realmente formosa aquella mulher. -Conhece-a? -Conheço. - Sabe como se chama? -Sei- t a marque1a Regina de ~andov .. l.
P ertence a uma das mais illustres fom:I:as do Brazil.
- .Já lhe foi apre:.entado?
A ILLUSTRAÇAO POPULAR
EXPEDIENTE
ACRADF:Clc..llOS a todos os nossos collaboradores a sua i Ilus
trada cooperação e é tal a alllucncia de ori~ina l para a nossa sccçflo, p.1ss.1/empo, que não nos é possiYel publicar, como desejavamos, todas as producções, que nos teem s ido enviadas.
Fica assim explicado o motivo, por que não demos ainda algumas charadas, que nos fo ram offcrccidas com o pedido de urgencia na publicação.
X
Accusamos tambem a reccpção de algumas cartas com a decifração do cn)gma e charadas do numero antecedente.
Eis os decifradores: Carmo e Sousa- P . ~.
- (_). Pereira. Recebemos igualmente
a offcrta de dois excellentcs ar tigos do nosso collaborador Rogerio de \ ' illamaior, que publ icaremos cm um dos nossos prox imos numeros .
PASSA TE MPO ENIGMA
(SCl'l'rtt:ssi\o OE CONSO.\ NT.ES)
.a .uc .ão .o . . o .e .ui. - .e .e il .i .. a .e .a .. ão .ou - .e . a.a .o .. a .. ia . cu a.a .. e .o.a.ão
Cl l.\lUD.\ XO\"ISSl.\I.\
Atravc.., ... " a cdadc do rccr\!ÍO- ~ - .J.
:\ss.1 & S1 "º•· Aílirm:i e ordena est" mulher - 1 - 1.
B. P.
1 · \t 1•11.01 o rH :;so
CHARADA
No fim do pntrio Tejo Principia o Oceano - 1
1·: um nome port ugucz E c:hapado Ju,i tano- 1.
,\mor o fc1 a~"ª~~ino /\ mor o fc, de.humano .
P. ,\.
E'plic;iç:11> do cni,;m;i do n.• L:-Ou pua o homem <u para o i;:io lc\\.l !l llr.1 t:'pada na :não.
E,plica,ito d.1 char .. da- ,\Lr.\C~.
E•pli~açào dn eh m1da no Í••im:i - DESTl:\0.
Typ. da Empreza Litteraria Luso-Brazileira- Lisboa ,') P.ITEO DO ALJl'Bt -5