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Charisme, quand tu nous tiens.ppt

Mar 29, 2016

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Jason James
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  • Charisme, quand tu nous tiens Patrick Charaudeau

  • Carisma: A origem do termo

    Do grego Kharis- kharisma = Graa Divina; Dom; Favor de origem divinaTem-se como um dos primeiros registros o uso do termo nas epstolas de Paulo no NT.

    Carisma como vocao eclesistica.

  • Secularizao do termo Carisma Reforma Protestante Calvinismo principalmente. Max Weber A tica protestante e o esprito do capitalismo.Max Weber- Economia e Sociedade (Vol. 1 e 2).O termo carisma na sociologia poltica.

  • O carisma em Max Weber

    Teoria da ao social - Para ele a ao do indivduo em sociedade dotada de valores, cuja origem est na prpria cultura da sociedade, na prpria tradio. Por isso, para Weber a pesquisa histrica essencial para a compreenso das sociedades. Esta permite o entendimento das diferenas sociais, cuja gnese e formao surgiriam da prpria estrutura da sociedade.

  • influncia da tradio, dos interesses racionais e da emotividade.

    A partir da ao dotada de sentido que o homem passa a ter, enquanto indivduo, significado e especificidade.

    A poltica , deste modo, o conjunto das condutas humanas que comportam a dominao do homem pelo homem.

  • Crtica de Pierre Bourdieu (1987)quanto subjetividade da teoria de Weber. Lana seu conceito de capital social, campo e de habitus.

    Teoria weberiana pautada na busca de legitimidade.

    Para Charaudeau(2005) legitimidade diferente de credibilidade*.

  • Os 3 tipos de dominao legtima em Max Weber:

    Dominao legal

    Dominao tradicional

    Dominao carismtica

  • O carisma seria ento:

    [...] a grande fora revolucionria nas pocas, com forte vinculao tradio.[...] (WEBER, 2004, p. 161).

    decisivo no carisma, a crena nas qualidades extra-cotidianas do pregador, ou na personificao de novas ideias de valores. A f como relacionamento de confiana incondicional em algo, seja isso algum poder mgico, Deus, a razo, ou at mesmo as supostas faculdades sobre-humanas de uma pessoa. essencialmente uma dimenso de sentido irracional, que, pela sua natureza, dificilmente pode ser conciliada de forma duradoura com as exigncias racionais do intelectualismo e do conhecimento racional (CHARAUDEAU) .

  • O carisma : Em Weber Por carisma, deve-se entender: uma qualidade considerada como extraordinria[...] que atribuda a uma pessoa. Esta considerada como dotada de fora e de propriedades sobrenaturais, ou sobre-humanas, ou, pelo menos, excepcionais. (WEBER, 2004, p. 179).

  • O carisma no olhar semiolingustico: Patrick Charaudeau (Charisme,quand tu nous tiens)

    Relao dialgica entre instncia poltica e instncia cidad- legitimidade.

    O carisma no legitimidade, algo que vem se sobrepor a ela.

    Dramatizao do discurso

  • Falar , ao mesmo tempo, falar de si, falar do outro e falar do mundo. Mais especificamente, falar de si, atravs do outro, falando do mundo. No h ato de linguagem (enunciao) que no passe pela construo de uma imagem de si(CHARAUDEAU-traduo nossa).

    Aproximao com a Retrica ethos , pathos e logos

  • PC rel o carisma usado na teoria de Weber, desta forma : Mais tarde, o termo foi empregado na sociologia poltica com o sentido de autoridade, fascinao irresistvel que exerce um homem sobre um grupo de homens (CHARAUDEAU).

    As trs dimenses do carisma: a transcendncia, o corpo, e a atrao.

  • Transcendncia: Todo carisma pretende se segurar em um relicrio qualquer de origem mgica, o que quer dizer que ele est ligado a poderes religiosos e que h sempre nele uma graa divina. (Weber apud Charaudeau)

    Mas esta transcendncia secularizada no curso da histria, o alm como um lugar onde surge uma potncia particular, fora do comum dos mortais, que no nem definvel, nem esperado, sempre escondido, mas onipresente. Encontra-se aqui as duas foras (mal e bem). H assim dentro do carisma alguma coisa de misteriosa, de mgica. (CHARAUDEAU- traduo nossa)

  • O Corpo: A transcendncia no suficiente. preciso que essa se materialize num corpo. preciso, pois, para que haja o carisma,das condies de personalidade, porque no carismtico quem quer. O lder carismtico deve ser digno de representar estas foras do alm e a mensagem que ele quer propagar na Terra. preciso, pois, que o lder carismtico seja inspirado, sem qualquer contingncia humana. O carisma presencial, ele excede o cotidiano do humano com sua parte de sombra e de luz. (CHARAUDEAU).

  • A Atrao: O carisma envolve a troca, a interao entre as imagens e os olhares que entram em ressonncia e fazem eco.

    pessoa carismtica como espelho-mediador deste alm, de maneira que o pblico seja atrado em um movimento de identificao, em algo idealizado.

    condio principal para o surgimento de uma liderana carismtica- a crise:

    preciso que o pblico esteja em uma situao de espera, que sofrendo, vtima, cado ou infeliz, ele tenha como horizonte um objeto de desejo, s vezes de busca de algo que ele no sabe o que , na esperana da apario de um homem providencial. O carismtico faz assim eco em uma necessidade de identificao da parte de uma opinio, ou de uma comunidade que est em crise de identidade e sofre de decadncia social. (Patrick Charaudeau)

  • O carisma na religio- portadores da revelao divina guias para o paraso fim das dores

    O carisma no mundo artstico busca de um ideal de si identificao pela paixo ao artista.

    O carisma na poltica:O carisma poltico de outra natureza: de um lado o poder, um lugar indeterminado mas tendo fora de dominao; do outro um povo, entidade global (contra-poder). Do lado do poder, os atores, que, em um regime democrtico tiram sua legitimidade da soberania popular, encontram-se embarcados em uma busca de captao do pblico. (CHARAUDEAU)

  • O discurso poltico , constitutivamente, um discurso de persuaso e de seduo(CHARAUDEAU).

    Para Charaudeau (2005), o ator poltico consegue a adeso do pblico ao:1-construir uma imagem de si, um ethos, destinado a sedimentar sua credibilidade e oferecer ao pblico um espelho de identificao;2- escolher os modos de interpelao do pblico que o permite de se reconhecer em uma certa identidade cidad;3-saber desqualificar o adversrio, porque preciso se mostrar melhor que o concorrente;4- saber exaltar os valores que se defende, como descrevendo uma idealidade social do bem comum.

  • O ator poltico deve navegar entre lgica simblica e lgica pragmtica.

    preciso que ele seja portador de simblicos identitrios, para que o povo possa se ver em um espelho de idealidade do bem-viver junto, mas preciso que, paralelamente, o ator poltico mostre sua capacidade de poder realizar este sonho, propondo meios de o atend-lo(CHARAUDEAU).

  • Sendo assim, o carisma poltico se declina de quatro maneiras: transcendental, cesarista, enigmtico e de sabedoria.

    O carisma transcendental:Figura messinicaO ator poltico deve dar a impresso de que ele habitado por uma voz que se encontra em seu ntimo, mas que isso viria de um lugar desconhecido, impondo-se como uma evidncia e tendo que entregar uma mensagem. Alguma coisa que da ordem da inspirao, da vocao, do dever kantiano (Faa o que deve), ao risco de transgresso de uma ordem estabelecida e de oposio a seus guardies, resta a dever cass-los, como fez Cristo com os mercadores no Templo.(CHARAUDEAU-Traduo nossa).

  • Joana DArcDe Gaulle- o comandante.Quando o ator poltico uma mulher, o esprito invocado outro: Musa de diversos movimentos populares, alma materna, ao mesmo tempo age com compaixo, empatia, e como genitora, podendo dar esperana s multides, como Eva Pron (CHARAUDEAU). Houve algo desse tipo em Sgolne Royal quando ela lanou sua campanha presidencial em 2007. Uma imagem feminina, reivindicadora, de proteo e natureza fecunda, instituindo-se como uma mulher portadora de um projeto novo em gestao[...] Uma imagem (desejada ou natural) da Madona (Virgem Maria), toda vestida de branco, inclinando-se aos pobres e deserdados, prximo das pessoas na multido, sempre estampando o sorriso daquela que se sente guiada por uma voz interior. Assimilando-se Frana, materializando nela o seu slogan A Frana Presidente (CHARAUDEAU).

  • O Carisma cesarista:

    Corresponde a um ethos de poder: Poder que movido por uma energia fora do comum que vem a ele atravs das profundezas do seu ser. Ele uma fora da natureza . (CHARAUDEAU). Mas alm de o carisma cesarista ser marcado pela energia, ele tambm se constri no prprio domnio do poder, atravs de palavras e de atos de dominao, de coero, mais ou menos violentos, s vezes mesmo cruis, de maneira que eles provoquem submisso consentida ou terror. (CHARAUDEAU).

  • Chefe Dominador:mostra o autoritarismo brutal, com comportamentos paranoicos e perversos. Ele impe um modelo nico de viver junto, sem diferenas identitrias, agindo sobre as paixes denunciando os inimigos e designando os bodes expiatrios. Ele instaura um regime totalitrio que pode se tornar genocida.(CHARAUDEAU) Chefe Revolucionrio:participa deste ethos de poder, armas s mos, representante do povo oprimido, e se ele guerreiro, se ele se vale da disciplina de um soldado, ele emprega, sobretudo, essa energia, sua potncia, para liderar o povo atrs de si. (CHARAUDEAU)

    Carisma enigmtico: aquele que vem do mistrio de uma personalidade e provoca um problema de seduo. A mistura entre luz e sombra que fascina. (CHARAUDEAU) Ex: Franois Mitterrand ( ele era chamado Sphinx).

  • Carisma do sbio: um guia para o povo, no por razes eleitoreiras, mas por com- paixo. O verdadeiro sbio est fora do campo do poder. No tem outro horizonte, que no o ideal humano e se situa por cima das contradies humanas. (CHARAUDEAU).

    O carisma a troca do ator poltico e seu pblico e no h um carisma puro. atravs da combinao de um com outro, ou mesmo com todos os tipos, que se constroem as figuras carismticas. (CHARAUDEAU). preciso que haja, sobretudo, ressonncia com a multido, identificao com o povo (e aqui a mdia faz um papel importantssimo). Sem ressonncia no h carisma. No tem carisma quem quer. (CHARAUDEAU).

  • Pontos cruciais do Carisma: preciso que haja a identificao do pblico com o ator poltico, este ltimo que lana mo de estratgias para explorar o imaginrio sociocultural do povo, construindo seu carisma em cima de valores e lugares comuns ( fenmeno de negociao de distncia entre atores do cenrio poltico).

    Para Bourdieu, quanto maior o nvel de capital poltico, aqui entendido como reconhecimento social, adquirido ou delegado, maior a probabilidade para o ingresso no campo poltico. [...] Tambm, quanto maior disponibilidade de certo habitus poltico, ou seja, de determinados esquemas de percepo e de ao poltica que do ao interessado as predisposies e competncias necessrias para participar da concorrncia ou luta simblica pelo poder simblico. (SAINT-PIERRE, 2004, p. 167).

  • Pontos cruciais do Carisma: Nessa luta simblica pelo poder simblico, os polticos profissionais utilizam estratgias discursivas no s pra distinguir-se de seus concorrentes, mas tambm para conquistar a adeso dos cidados aos seus projetos e propostas polticas. Trata-se assim, de uma luta estratgica visando ao monoplio do direito de falar e de agir em nome de uma parte ou da totalidade dos membros da sociedade (DA SILVA, 2013,p. 171)

    Para compreender as tomadas de posio ou a produo de discursos no campo poltico, necessrio levar em cona os interesses que se encontram em jogo na luta concorrencial que se trava entre os profissionais da poltica. Trata-se, portanto, de saber quais so as tomadas de posio dos concorrentes e quais so as aspiraes dos leigos, dos cidados comuns que se encontram na mera condio de consumidores de produtos polticos (DA SILVA, 2013, p. 168).

  • Pontos cruciais do Carisma: Para compreender as tomadas de posio ou a produo de discursos no campo poltico, necessrio levar em cona os interesses que se encontram em jogo na luta concorrencial que se trava entre os profissionais da poltica. Trata-se, portanto, de saber quais so as tomadas de posio dos concorrentes e quais so as aspiraes dos leigos, dos cidados comuns que se encontram na mera condio de consumidores de produtos polticos (DA SILVA, 2013, p. 168).

    Ao obter essa fora, o poltico profissional acumula seu capital poltico ou poder simblico, um poder que aquele que lhe est sujeito d quele que o exerce [...], um poder que existe porque aquele que lhe est sujeito cr que ele existe. (DA SILVA, 2013, p. 171).

  • Anlise do pronunciamento de LULA, no II Frum Mundial de Direitos Humanos em Braslia, no dia 12/12/2013. Material cedido pela Unio, atravs da EBC comunicao e TV NBR (empresas governamentais).

  • Corrida presidencial francesa: Os candidatos da Campanha 2012. Eva Joly- desprovida de carismaFranois Bayrou- um carisma suaveMarine Le Pen- um carisma populistaJean-Luc Mlenchon- um carisma duvidosoNicolas Sarkozy- em perda de carismaFranois Hollande- em busca de carisma

  • Referncias: BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simblicas. 2 ed. Org. e trad. por Sergio Miceli. Perspectiva: So Paulo, 1987. CHARAUDEAU, Patrick. Charisme quand tu nous tiens.Les paradoxes du charisme en politique(notes de campagne), NOTES DE CAMPAGNE (un regard smiologique).Disponvel em: http://www.patrick-charaudeau.com/Charisme-quand-tu-nous-tiens-Les.html. Acesso em 02/04/2014.

    CHARAUDEAU, Patrick. Le discours politique: Les masques du pouvoir. Paris: Vuibert, 2005. DA SILVA, Jos Otaclio. Pierre Bourdieu in Estudos do Discurso: perspectivas tericas. (org. Luciano Amaral Oliveira)- 1.ed.- So Paulo: Parbola Editorial, 2013.

  • SAINT-PIERRE, Hctor. Max Weber: entre a paixo e a razo. 3 ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2004. WEBER, Max. Economia e sociedade: Fundamentos da sociologia compreensiva. Vol 2. Traduo de Regis Barbosa e Karen Elsabe Barbosa. So Paulo: Editora da UnB, 2004.