Sairão na frente aqueles que antes de tentarem abraçar o mundo inteiro com uma nova tecnologia, olharem para dentro das nossas casas, das nossas empresas e das nossas cidades e desbra- varem todos os pequenos problemas a serem solucionados. Ao longo dos últimos 10 anos estamos vivendo uma explosão tecnológica como nunca se viu antes. Não dizemos isto em função do surgimento dos smartphones, tablets e demais dispositivos que antes eram apenas vistos em filmes de ficção científica. De fato, a humanidade já presenciou feitos tecnológicos muito maiores, como o envio de pessoas ao espaço utilizando processadores mais simples do que os presentes nos videogames atuais. O que nos motiva a afirmar que os últimos 10 anos foram ímpares na história da tecnologia é a mudança na figura do próprio inovador. No passado, as maiores inovações eram feitas por grandes gênios em suas garagens ou megalaboratórios. Steve Wozniak, Steve Jobs, Bill Gates, todos eram “pontos fora da curva” capazes de criar microcomputadores com interface gráfica na época em que máquinas de escrever ainda eram utilizadas. De forma mais enfática, a criação de um simples jogo de Pong exigia um profis- sional versado em linguagens de baixo nível como Assembly e em projeto de hardware digital. Hoje em dia, crianças de 10 anos desenvolvem jogos 3D multiplataforma e criam robôs na sala de aula. Ou seja, temos milhares de inovadores com as mais diversas formações criando tecnologias ao redor do mundo, e a todo momento. Basta abrir o Kickstarter para comprovar a veracidade deste fato. O maior site de financiamento coletivo do mundo informa em sua apresentação que desde o lançamento da empresa, em abril de 2009, 11 milhões de pessoas contribuíram para 104.864 projetos que arrecadaram US$ 2,3 bilhões. Em 2014, a plataforma teve 22.252 projetos independentes custea- dos com sucesso, somando um total de US$ 529 milhões. Desses, a tecnologia disparou em primeiro lugar na arrecadação em dinheiro: US$ 125 milhões (fonte: Tecmundo, jan/2015). Neste mundo cheio de inovadores surgiu o conceito de Internet das Coisas, motivado pela ideia de criar dispositivos inteligentes que se comunicassem entre si e resolvessem problemas tão grandes como o monitoramento de indústrias ou tão pequenos quanto saber quando a água do seu bebedouro vai acabar, ou quando a caixa d'água está vazia. O fato interessante é que muitos desses problemas aparentemente insignificantes escondem grandes oportunidades de negócio. Vamos analisar, por exemplo, as boias de caixa d’água, dispositivos presentes na grande maioria dos lares brasileiros que controlam o acionamento e o desligamento das bombas de água. As boias utilizadas hoje em dia apresentam diversos problemas de confiabilidade, usabilidade e segurança. Por exemplo, em muitas delas, o contato que liga e desliga a bomba se encontra no interior do flutuador, de forma que na ocorrência de uma falha na vedação toda a caixa d’água fica eletrificada, representando um perigo para as pessoas que realizam sua manutenção e para os próprios consumidores da água. Além disso, não é raro uma boia deixar de chavear a bomba no momento certo, o que pode ocorrer em três situações. No primeiro caso, a cisterna está sem água e a boia não desliga a bomba, deixando a mesma rodando em vazio. Esta situação pode diminuir bastante a vida útil da bomba. No segundo caso, a caixa d’água está cheia e a boia não desativa o fluxo de água, o que pode provocar vazamentos que causam diversos danos às residências, como infiltrações nas paredes, por exemplo, e o desperdício de água.