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Causos de RH

May 30, 2018

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Monica Ferreira
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    As histrias mais engraadas, divertidas, dramticas es histrias mais engraadas, divertidas, dramticas eAs histrias mais engraadas, divertidas, dramticas es histrias mais engraadas, divertidas, dramticas e

    emocionantes da Comunidade de Recuemocionantes da Comunidade de Recuemocionantes da Comunidade de Recuemocionantes da Comunidade de Recursos Humanosrsos Humanosrsos Humanosrsos Humanos....

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    Sumrio

    A perna curta da mentira ------------------------------------------------ 04

    Compromisso x Comprometimento ----------------------------------- 06

    Estagiria de RH no setor de comrcio exterior -------------------- 09

    A mesma estagiria: Parte 2 Novo carimbo ----------------------- 10

    RH e a vida como ela --------------------------------------------------- 11

    Tio --------------------------------------------------------------------------- 15

    A primeira chance --------------------------------------------------------- 18

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    A PERNA CURTA DA MENTIRA

    Renata Adalgisa Santos de Oliveira, de Recife/PE

    Estudante de Psicologia

    Nossa empresa familiar e com uma poltica de aqui se trabalha

    independente de qualquer coisa e situaes que no tenham a ver com a empresa que

    nem chegue por aqui. Um belo dia, uma funcionria, coordenadora da empresa, que por

    sinal no da famlia dos diretores, adoeceu e passou vrios dias internada no hospital.

    A recomendao que obtive da diretoria foi: no quero que faam

    visitas em horrios de trabalho, se virem, problema da pessoa que adoeceu. Tudo bem,

    ouvi isto, fiquei tristinha de incio, mas tudo bem.

    Essa funcionria era muito querida de todos e chefiava muitas equipes.

    Todos os funcionrios procuravam saber a seu respeito e desejavam ir visit-la, porm

    tnhamos recebido uma recomendao da diretoria, e para nossa infelicidade o horrio

    de visitas era justamente durante nosso expediente. Sendo assim, ou montvamos

    alguma estratgia de visita ou nada feito.

    A coordenadora hospitalizada, era muito querida por todos e ficava

    ligando o tempo todo para todos exigindo a visita e que estava com muitas saudades.

    J se passara uma semana desde a hospitalizao, porm a coordenadora

    no sabia da ordem dos diretores.

    Aguardamos um dia especial em que os diretores viajassem e esse dia

    chegou. Optamos para fazer a visita no finzinho do expediente para tambm no

    atrapalhar o andamento da empresa. Juntei trs funcionrios mais prximos da

    coordenadora hospitalizada e fomos fazer a visitinha. Pegamos o carro e chegamos ao

    hospital. Passamos uns dez minutos no trreo, aguardando o elevador chegar ao

    estacionamento e nada. Quando o elevador chega e se abre quem est descendo para a

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    nossa surpresa? Sim, ele mesmo, um dos nossos diretores. Olhamos um para o outro e

    no sabamos o que dizer, no tnhamos local algum para enfiarmos nossos rostos, ele

    percebeu o quanto estvamos tensos, olhou para ns e disse: Vocs por aqui? Largaram

    mais cedo? No tinham mais nada para fazer na empresa? Que coincidncia? No

    lembro de ter autorizado vocs para fazer essa visita? E a pergunta que soava em nossas

    mentes e que no queria calar era: mas, e no viajou? Como se fosse um adivinho ele

    respondeu: Desisti da viagem, achei melhor ficar para uma reunio com a administrao

    hospitalar do hospital H.E.

    Enfim, ele compreendeu a situao e permitiu que autorizando ou no os

    funcionrios iriam visit-la, e seria bom para ambos.

    A sorte j estava lanada e acabamos chamando-o para ir visitar conosco

    a coordenadora. Ele o fez e samos de l refletindo e dizendo: ser RH dureza, no

    adianta esconder determinadas situaes que elas aparecem de algum modo.

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    angstia muito grande. Muitos colegas foram demitidos sem qualquer explicao

    plausvel. Apenas era necessrio.

    A nova proprietria, agora uma empresa multinacional, assumiu os contratos

    existentes e os poucos empregados que restamos. Alguns de ns permanecemos na

    multinacional por mais algum tempo e depois samos.

    Trabalhei cinco anos no servio pblico federal, como empregada terceirizada,

    na gesto de polticas pblicas de emprego e renda e qualificao profissional.

    O sentimento de frustrao foi enorme. Nesse rgo as condies de trabalho

    eram ruins. O plano de sade o menos pior possvel. A estrutura fsica horrvel. Os

    recursos financeiros escassos e a administrao engessada. Os servidores mais

    insatisfeitos ainda. Mas o interessante que mesmo ganhando mal eu me sentia bem,

    realizada. Estava fazendo algo que gostava e sendo reconhecida, no financeiramente,

    mas profissionalmente.

    Atualmente trabalho numa empresa da administrao pblica, em que o contrato

    de trabalho regido pela CLT Consolidao das Leis Trabalhistas. Nesta empresa as

    pessoas so remuneradas de acordo com o mercado de trabalho. Dispem de um Plano

    de Cargos e Salrios, implantado recentemente. Temos um Plano de Sade muito bom,

    as restries so apenas as que a Lei no permite. Auxlio-alimentao com um valor

    significativo. Programa de Qualidade de Vida. Uma administrao aberta negociao.

    No entanto os empregados tm compromisso, mas no, comprometimento. Existe uma

    diferena muito tnue entre compromisso e comprometimento.

    Afinal o que falta para que os empregados dessa empresa se comprometam com

    o seu trabalho? Eles tm compromisso com o emprego, mas no tem comprometimento

    com o trabalho a ser realizado. a que afirmo: s h comprometimento com o trabalho

    se houver prazer ao realizar esse trabalho. Se o dinheiro no for coisa mais importante.

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    O reconhecimento financeiro ser conseqncia da realizao profissional.

    Infelizmente somos obrigados a fazer o que no gostamos, pois no h

    oportunidades iguais para todos. E isso no s no servio pblico no. Os jovens esto

    se formando em qualquer curso apenas para terem um diploma e acesso ao mercado de

    trabalho. No importa a sua vocao, o que ele realmente gostaria de fazer.

    Como haver comprometimento com a tarefa se no h prazer na sua realizao?

    As empresas particulares j esto buscando profissionais que gostem do que

    fazem. O processo seletivo envolve muito mais do que provas de conhecimentos

    tcnicos e provas de ttulos. A seleo envolve mecanismos que identifiquem o

    equilbrio emocional do candidato, seus objetivos na vida, seus hobbies, seus gostos,

    enfim quem ele realmente e o que quer. Os reconhecem por isso, e o

    comprometimento vem naturalmente.

    preciso que as empresas pblicas percebam que somente concursos pblicos

    de provas e provas de ttulos no qualificam um profissional para determinado cargo.

    Ento o que fazer para minimizar o problema existente nas empresas e rgo

    pblicos? Acredito que este um trabalho rduo, mas possvel, que passa desde a

    anlise do modo de vida de cada servidor/empregado pblico, suas habilidades e

    competncias. Sua formao profissional. Seus hobbies.

    Mapear o servidor/empregado e fazer a sua realocao de modo que permita a

    ele desenvolver todo o seu potencial de forma criativa e plena, respeitando sua vocao,

    sua limitao enquanto ser humano que .

    Parece impossvel? No acho. Pior ouvir as pessoas reclamando pelos

    corredores, os chefes sem saber o que fazer, e pior ainda o pblico sendo mal atendido,

    pois o principal cliente desse servidor insatisfeito o pblico. Afinal somos servidores

    pblicos.

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    ESTGIRIA DE RH NO SETOR DE COMRCIO EXTERIOR

    Emerson Aguiar Pontes, de Niteri/RJ.

    Administrador

    Eu trabalhava no Porto de Itagua-RJ numa multinacional no setor de comrcio

    exterior. Vocs no tm noo do que eu j escutei no Porto!

    Uma vez, o diretor de RH da empresa contratou uma estagiria (comidinha)

    para auxiliar ele no setor. Certo dia, um dos rapazes do setor de exportao ia tirar frias

    e, de imediato, mandaram a estagiria de RH para cobrir as frias do garoto.

    Certa vez, numa operao de embarque, a estagiria, com uns dias de

    embarcada, gritou pelo rdio: "Emerson... corre aqui, t embarcando um continer todo

    avariado... ele t sem teto, sem laterais... s tem a porta, e a carga t toda exposta...

    corre! Fui correndo! Pra minha surpresa, quando cheguei no ptio dos contineres era

    uma unidade FLAT RACK. Para quem no tem noo do que um continer Flat Rack,

    segue a foto abaixo. Pode acreditar?

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    A MESMA ESTAGIRIA: PARTE 2

    NOVO CARIMBO

    Vou defender a garota, ele super inteligente, mas, um dia, com toda suadelicadeza, caiu na pegadinha do pessoal Matriz.

    Chega ela no balco da Matriz para a retirada do B/L* e solicita, talvez

    ingenuamente:

    " - .. viu.. eu preciso que voc bote o CARIMBO DE TRANSTORNO..

    TRANSTORNOOOOOOOOOOOOO!!!!"

    Sacana, o rapaz do balco diz estagiria que s poderia carimbar o documento

    com a minha autorizao e ainda d-lhe as coordenadas para preencher a autorizao.

    Eu, (nome da estagiria) solicito autorizao para o CARIMBO DE

    TRANSTORNO para os devidos B/Ls numerao (...) sob sua superviso (...)

    Coitadinha, vou eu explicar para ela que no era transtorno, e sim,

    transbordo*.

    B/L* = Documento usado nas operaes de comrcio exterior para embarque em navios, conhecido como

    Conhecimento de Embarque Martimo (Bill of Lading- B/L)

    Transbordo* = transferncia de bens ou mercadorias de um veculo para outro pertencente ao mesmo titular.

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    RH E A VIDA COMO ELA

    Ana Cristina Portmann Borba e Evandro Valentim de Melo, de Braslia

    Psicloga e Administrador, respectivamente

    Todos os olhares eram atrados para os relgios, seja na tela do computador,

    no pulso ou na parede... Quando os tic-tacs se avizinham das 18h o marcador biolgico,

    sofrendo de ansiedade, deseja que os infindveis minutos passem com maior rapidez.

    Einstein j dizia algo sobre a relatividade do tempo...

    Enfim, 18h. Equipamentos so desligados, todos juntam os pertences e se

    vo. Mais um dia de trabalho termina, menos um dia na contagem de tempo para a

    aposentadoria.

    Alguns se dirigem para seus automveis, outros, menos afortunados, s

    paradas de nibus. Muitas pessoas, muitos caminhos, muitos destinos. Cada um segue o

    seu.

    No RH da empresa, Ana Lcia, como boa comandante a ltima a

    abandonar o barco. Conclui as anotaes em sua agenda, fixa alguns lembretes na tela

    do computador, olha ainda uma ltima vez para se certificar que tudo est em ordem e,

    finalmente, parte. Seu ritual de fim de tarde se repete: caminha at a catraca eletrnica,

    encosta o polegar, ouve o bip, despede-se dos seguranas, mais alguns passos e chega a

    seu carro. Inspira aquele cheirinho de carro novo. H duas semanas havia se

    presenteado, com a participao nos lucros da companhia. A manuteno de seu carro

    anterior estava encarecendo demais. Passou pela panificadora, adquiriu alguns gneros e

    foi para casa, conviver com a famlia no restinho daquele dia.

    Na manh seguinte, chegando ao trabalho, de longe notou que havia algo de

    errado. Pessoas se aglomeravam entrada do edifcio. Estacionou o carro e foi verificar,

    afinal o RH precisa estar antenado aos acontecimentos.

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    - Bom-dia, pessoal. O que houve?

    - O Srgio...

    - O que tem o Srgio?

    - Foi assassinado ontem.

    - Como que ?

    - Isso mesmo, Ana Lcia. O Srgio morreu ontem noite, voltando para casa.

    A notcia foi um baque. Srgio era um bom amigo de Ana Lcia, que no

    conseguiu segurar algumas lgrimas.

    Ana Lcia foi para a sala do Diretor Administrativo que, a par do ocorrido,

    j a estava aguardando.

    - Entre em contato com a famlia do Srgio, veja o que podemos fazer, se esto

    precisando de algum apoio, essas coisas. E, por favor, mantenha-me informado.

    J em sua sala de trabalho, outros colegas tambm a aguardavam, bastante

    chocados. Partilharam os afazeres daquele dia, designando a alguns as rotinas, afinal o

    RH no pode parar, e a difcil tarefa de contatar a famlia do Srgio.

    Dizem que chefe ganha mais que os outros para resolver problemas. Nas

    teorias estudadas na Administrao chama-se administrao pelas excees. E se havia

    algo considerado exceo, era a morte de um colega de trabalho.

    Ana Lcia concluiu que deveria ir pessoalmente residncia do colega.

    Perguntou se havia algum voluntrio para acompanh-la e sua xar, Ana, na verdade

    Ana Paula, se ofereceu.

    No caminho conversavam com Ado, um dos motoristas da empresa, que

    forneceu mais detalhes a ambas.

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    - Foi na sada da faculdade. Ele estava na parada de nibus, quando dois bandidos

    mascarados se aproximaram e anunciaram o assalto. Parece que ele reagiu e levou dois

    tiros. Os bandidos fugiram sem levar nada. O socorro chegou, mas j era tarde.

    Na casa de Srgio, a famlia chorava. Esposa, um casal de filhos, com 9 e 6

    anos estavam abraados av paterna. Ana Lcia e Ana Paula se aproximaram, se

    identificaram e ficaram daquele jeito, impotentes diante da tragdia. Na conversa com

    Zulmira, a viva, souberam quando e onde ocorreria o sepultamento. Ana Paula se

    afastou discretamente e contatou o RH para que repassassem as informaes. A

    mobilizao da empresa foi macia. Todas as unidades se cotizaram, enviaram coroas

    de flores e representantes ao cemitrio. Velrio e enterro transcorreram como era de se

    esperar. Muita tristeza.

    Na segunda-feira os profissionais do RH se organizaram para que as medidas

    prticas fossem operacionalizadas. Trataram de levantar dados sobre seguros,

    beneficirios, resciso contratual etc.

    s 14h daquele dia a viva compareceu ao RH acompanhada de advogado a

    fim de se inteirar de seus direitos. Ana Lcia os recebeu e orientou pormenorizadamente

    sobre todas as aes a serem adotadas.

    Mais uma vez, o tempo, senhor de tudo, se encarregou de arquivar aquele

    episdio em um cantinho da memria. Dias, semanas e exatos dois meses se passaram,

    quando mais uma vez, Ana Lcia chegando ao estacionamento da empresa, para mais

    um dia de labuta, percebeu que algo havia acontecido. Pessoas se aglomeravam

    entrada do edifcio. Estacionou o carro e foi verificar, afinal o RH precisa estar antenado

    aos acontecimentos (parece a repetio de uma cena...).

    - Bom-dia, pessoal. O que houve?

    - A viva do Srgio...

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    - O que tem ela?

    - Foi ela.

    - Ela o qu?

    - Ela que mandou matar o Srgio!

    - Que histria essa, gente?

    - Olha aqui o jornal.

    Ana Lcia recebeu o jornal e leu rapidamente a matria que relatava a ao

    policial no desvendamento do assassinato encomendado de Srgio Dias Ribeiro por sua

    ex-esposa, Zulmira Pereira Ribeiro em associao com o advogado aquele que

    compareceu ao RH em companhia da viva Hrcules Mendes Figueiredo, com o

    objetivo de receber o seguro de vida que o falecido destinara viva...

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    TIO

    Evandro Valentim de Melo, de Braslia

    Administrador

    A Equipe de Sebastio do Amor Divino, Tio, como era conhecido, contava

    com seis tcnicos, incluindo ele prprio. Tio era o veterano da equipe e um dos mais

    antigos na empresa. Foi admitido ainda garoto como auxiliar de infra-estrutura.

    Humilde, semi-alfabetizado e forte de compleio e carter, como o so muitos dos

    sertanejos, veio para Braslia com o irmo mais velho, tentar ser algum na vida,

    seguindo o conselho do pai, pequeno agricultor do interior da Bahia. Nos primeiros anos

    de existncia de Braslia era fcil se empregar. Bastava comparecer nos locais de

    seleo e iniciar na mesma hora.

    O encarregado simpatizou com aquele rapago e o inseriu na equipe de

    manuteno da empresa.

    Tio logo se destacou entre seus pares. Dedicado e comprometido, foi

    ganhando atribuies e ampliando seu espao de atuao. Em pouco tempo ficou

    bastante conhecido na empresa, pelas qualidades e sade de ferro. Jamais adoecia.

    A empresa cresceu e novas oportunidades foram surgindo. Tio,

    aproveitando as polticas de recursos humanos da empresa, para elevao de

    escolaridade, voltou a estudar. Concluiu o ensino fundamental e em seguida o ensino

    mdio.Carregava consigo o desejo de se tornar tcnico em eletrnica. Os colegas da

    rea de RH, sabedores disso, incentivavam Tio a procurar as escolas tcnicas, a fim de

    que fizesse o curso profissionalizante, que, concludo, lhe permitiria participar das

    selees internas e, finalmente, chegar a ser um tcnico em eletrnica.

    Tio se esforava muito, mas no conseguia ser aprovado nos exames finais.

    Tentou uma, duas, trs vezes e a aprovao no vinha. Com a ajuda do RH, que o

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    mantinha sempre informado, Tio passou a viajar e a fazer as provas em outras cidades

    do Brasil, que permitiam ao aluno apenas fazer os exames finais, algo semelhante a um

    curso a distncia.

    Exatos seis anos depois da primeira tentativa, Tio finalmente superou este

    difcil obstculo. Foi uma festa. Alis, duas. Isso porque logo em seguida, Tio tambm

    foi aprovado na seleo interna que o permitiu mudar do cargo de auxiliar de infra-

    estrutura para tcnico em eletrnica.

    Tio, agora, participava da equipe de manutenes em estaes repetidoras

    da empresa, que atuava no ramo de telecomunicaes. Tais estaes eram bem distantes

    da sede da empresa, o que demandava, dependendo da situao, que a equipe

    permanecesse por at trs dias ausente.

    A partir dessas viagens Tio, j bem conhecido e admirado na empresa virou

    uma espcie de mito. A equipe, forosamente, fazia refeies nos sempre presentes

    botequins de beira de estrada, sendo que a qualidade do que se come nesses

    estabelecimentos deixa muito a desejar. Todos os integrantes, de todas as equipes que se

    deslocavam nessas viagens, cedo ou tarde contraiam algum problema de sade: infeco

    intestinal, diarria, disenteria e males semelhantes eram comuns nesses empregados.

    Exceto no Tio. Dono de um fantstico metabolismo e digesto invejveis, Tio

    consumia o mesmo que seus colegas e no era afetado. Adiciona-se a isso, seu paladar

    no muito exigente. Ele, ento, comentava que os membros da equipe eram muito

    delicados. E esses, j cansados de ouvir chacota do Tio resolveram, um dia, se vingar.

    A oportunidade surgiu quando determinada manuteno preventiva, que parecia ser

    coisa rpida, se transformou em uma srie de procedimentos emergenciais, em

    decorrncia de uma forte chuva, que danificou parte de um importante equipamento.

    Dois dos colegas se ofereceram para buscar o almoo na birosca mais prxima. O prato

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    do dia era strogonoff com arroz e fritas, que alis, Tio apreciava muito. Antes, porm,

    passaram na farmcia e compraram um vidro de leite de magnsia, poderoso laxante

    bem conhecido das pessoas que sofrem de constipao intestinal. Naquele almoo, a

    quentinha destinada a Tio recebeu um ingrediente que nenhum chefe de cozinha jamais

    havia pensado.

    De volta estao, os colegas se reuniram para o almoo. Nessa hora e meia

    de intervalo laboral, alguns cochilavam, outros jogavam domin, at que chegasse o

    momento de retornar ao trabalho.

    Tio, como sempre, devorou o almoo. Tirou um breve cochilo e, acordou

    cinco minutos antes da hora do reincio das atividades. Mais uma qualidade biolgica

    do Tio, que no precisava de despertador.

    A expectativa de todos pairava no ar. Passada uma hora, nada. Duas horas

    depois, nada. Terminado o servio, A equipe acomodou os instrumentos e ferramentas

    no porta-malas do veculo e iniciou o trajeto de volta sede. Estavam incrdulos. Tio

    no manifestou nenhum sintomazinho sequer. De repente, seu rosto se contorceu. Um

    dos colegas cutucou outro pensando, ambos, agora! Qual no foi a decepo de todos

    quando a contoro facial do Tio foi apenas o anncio de um ftido e sonoro pum,

    daqueles dignos de entrar para os anais da histria, seguido, claro, daquela gargalhada

    gutural do Tio, acompanhada da dedicatria: pra vocs, com carinho.

    Esta viagem foi contada e recontada por muito, muito tempo, inclusive no

    discurso de despedida, a cargo do presidente da empresa, quando da aposentadoria do

    Tio. Foi um dia muito especial. Muitas homenagens, depoimentos, presentes e l se foi

    o Tio, para uma nova fase da vida. Sade digna de um super-heri snior. Voltou para

    a Bahia e, dizem, continua firme como uma rocha.

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    A PRIMEIRA CHANCEEvandro Valentim de Melo, de Braslia

    Administrador

    Chegou quela poca da vida em que no era mais possvel permanecerdependente dos pais. Mesada? Nunca recebeu. Era coisa, para poucos privilegiados.

    Ganhos espordicos aqui e acol, porm inconstantes, no mais satisfaziam suas

    necessidades. Era o ltimo estgio da adolescncia. O passo seguinte era conseguir um

    emprego e mergulhar na vida adulta, com todos os reveses, vantagens,

    responsabilidades etc.

    Encontrava-se nesta fase. Namorava firme, com a mesma pessoa h quase dois

    anos. Conclura o ensino mdio. No tinha a menor chance de passar no vestibular da

    UnB, graas pssima qualidade dos professores de seu curso de ensino mdio, salvo

    rarssimas excees, e o desinteresse prprio com o qual convivera durante os trs anos

    de estudo. Sem possibilidade de estudar em faculdades particulares, vivia no limbo,

    entre o fim do ensino mdio e o incio do primeiro emprego.

    Esta fase, experimentada por muitos, bastante angustiante, pois como qualquer

    jovem queria e precisava trabalhar, mas a grande maioria das empresas, quando havia

    vagas, direcionava a seleo para trabalhadores j experientes.

    Questionamento comum dos jovens nesta faixa etria se no nos deixam

    trabalhar, como que adquirimos experincia?. Felizmente nos dias atuais, existem

    polticas governamentais que incentivam as empresas a contratar pessoas sem

    experincia, mas isso s passou a existir recentemente, antes a conversa era outra.

    A alternativa encontrada e seguida por muitos jovens era fazer o mximo

    possvel de cursos, como datilografia, matemtica financeira, relaes humanas, prticas

    trabalhistas, prticas contbeis e por a vai. Dessa forma o currculo vai ganhando

    robustez e compensando a falta de experincia profissional.

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    Com ele no foi diferente. No SENAC cursou datilografia em mquina manual,

    em mquina eltrica, em mquina eletrnica e matemtica financeira. Alis, foi o

    SENAC que o encaminhou para a primeira oportunidade concreta de emprego.

    Era um dia frio, como so os dias de junho em Braslia. A empresa situava-se no

    Shopping Venncio 2000. L compareceu meia hora antes do horrio previsto, vestindo

    roupas novssimas que aguardavam ocasio merecedora de tal atitude. Como informado

    no SENAC, no seria o nico a ser encaminhado para anlise da empresa contratante.

    Na sala de espera, logo a seguir chegaram uma jovem tambm encaminhada pelo

    SENAC e aquele que seria o responsvel pela seleo.

    Apresentou-se, explicou como seriam os testes e encaminhou ambos os

    pretendentes vaga para uma sala contgua, onde esperavam, imponentes, duas

    mquinas eltricas IBM, da marca e modelo preferidos dentre as opes disponveis no

    mercado poca.

    O selecionador entregou um texto para que treinassem por 10 minutos,

    objetivando esquentar os dedos j que a temperatura girava em torno dos 12 graus.

    Decorrido o tempo concedido para treino, informou que o mesmo texto treinado seria o

    da prova de velocidade. Teriam os mesmos 10 minutos para comprovar que

    conseguiriam superar os 250 toques lquidos por minuto. Mostrou o cronmetro zerado,

    desejou boa sorte e deu o sinal de partida. Ouviam-se os frenticos tlec-tlecs da

    mquina. Ambos os pretendentes foram bons alunos. A noo de tempo foi para o

    espao. O foco da ateno era totalmente direcionado para aquele momento. Tinha

    certeza de ter alcanado excelente pontuao, fato confirmado posteriormente. Sua

    concorrente, apesar do bom resultado, cometeu erros, ficando em segundo lugar, que

    naquele caso era sinnimo de ltimo. Outros testes foram aplicados: raciocnio lgico,

    entrevista, ou melhor, duas entrevistas. No final de tudo, j prximo de meio-dia veio o

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    veredito. Ele havia tido melhor desempenho. O selecionador teve a delicadeza de

    chamar individualmente cada um dos concorrentes para evitar constrangimentos. No ato

    em que recebeu a notcia de que fora o escolhido, o selecionador perguntou se estava

    com os documentos necessrios admisso, que ocorreria dali a trs dias. Entretanto, ao

    examinar o Certificado de Alistamento Militar constatou que o candidato ainda no

    havia sido dispensado do servio militar.

    - U! Voc ainda no foi dispensado do servio militar?

    - No. Compareci no dia marcado, mas no fui nem admitido nem dispensado.

    Disseram-me para retornar l em janeiro do prximo ano.

    - Puxa vida, que chato! Temos um problema. Sem ser dispensado ou j ter

    prestado o servio militar no h como contrat-lo. Infelizmente para ns dois. Para ns

    pelo fato de voc ter apresentado um timo desempenho nos testes de seleo,

    indicando que seria um bom colega de trabalho. Para voc, por perder uma boa

    oportunidade profissional. Uma pena mesmo...

    Ele ouviu e memorizou aquele discurso. Para o resto da vida guardou grande

    mgoa para com o servio militar.

    A vida continuaria e prosseguir era preciso. Quem d os primeiros passos rumo

    vida profissional deve contar com possibilidades de sucesso ou insucesso. Por enquanto,

    continuaria a figurar no exrcito, mas no exrcito de desempregados.