CASO CLÍNICO: CASO CLÍNICO: Febre Reumática Febre Reumática Marcella Amorim Marcella Amorim Pediatria – HRAS Pediatria – HRAS Escola Superior de Ciências Escola Superior de Ciências da Saúde/SES/DF da Saúde/SES/DF Coordenação: Luciana Sugai Coordenação: Luciana Sugai www.paulomargotto.com.br www.paulomargotto.com.br
CASO CLÍNICO: Febre Reumática. Marcella Amorim Pediatria – HRAS Escola Superior de Ciências da Saúde/SES/DF Coordenação: Luciana Sugai www.paulomargotto.com.br. Caso Clínico. Identificação KAM, sexo feminino, 3 anos e 2 meses, natural de Brasília, procedente do Núcleo Bandeirantes, branca. - PowerPoint PPT Presentation
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CASO CLÍNICO: Febre CASO CLÍNICO: Febre ReumáticaReumática
CASO CLÍNICO: Febre CASO CLÍNICO: Febre ReumáticaReumáticaMarcella AmorimMarcella Amorim
Pediatria – HRASPediatria – HRAS
Escola Superior de Ciências da Escola Superior de Ciências da Saúde/SES/DFSaúde/SES/DF
Criança de 3 anos e 2 meses, há 15 dias iniciou quadro de febre diária, cerca de 2 a 3 picos diários ( 38 -39° C ), sem horário preferencial associado a artrite (dor, rubor e edema) em joelho, cotovelo e tornozelo direito, de caráter migratório (quadro recorrente). A febre sempre acompanha o quadro de artrite e a criança fica chorosa e irritada à manipulação. O quadro articular e a febre melhoravam com uso de Alivium. Mãe nega episódios semelhantes prévios.Nega trauma. Apetite e eliminações preservadas, sem alterações. Nega sintomas respiratórios.
Caso ClínicoRevisão de sistemas
Nega perda ponderal. Refere que a criança fica ativa nos momentos
intercrises. Nega alterações em olhos, ouvido e orofaringe. Nega sintomas respiratórios e gastrintestinais. Sono preservado. Nega alterações musculares e convulsões.
Caso ClínicoAntecedentes Pessoais
• Materno-obstétrico- mãe : GII PI AO CI
- Fez pré-natal, não soube informar o número de consultas
- Gestação sem intercorrências
Caso ClínicoAntecedentes Pessoais
• Fisiológicos- Nascida de parto cesária (DCP), a termo,
Apgar 09 – 10- Peso : 2785g Est : 47 cm PC : 33 cm
- Período neonatal sem intercorrências- Recebeu alta do ALCON com 48h de vida.
- Desenvolvimento neuropsicomotor dentro da normalidade.
Caso ClínicoAntecedentes Pessoais
• Patológicos- episódio de Amigdalite há
aproximadamente um mês tratada por 10 dias com Amoxacilina.
- Nega internações prévias ( 1ª internação).- Nega traumas e cirurgias.- Nega hemotransfusões.
Vacinações em dia.
Caso ClínicoAntecedentes Familiares
• mãe : 30 anos, segundo grau
completo, vendedora, hígida e sem vícios.
• pai : 32 anos, segundo grau completo, motorista, hígido e sem vícios. Refere antecedente de febre reumática – sic.
Caso ClínicoAntecedentes Familiares
• irmã : 7 anos, sem antecedentes patológicos.
• Nega asma, cardiopatias, anemias, TB, Chagas e DM na família. Avó materna : hipertensa.
Caso clínico Hábitos de vida e condições socias - aleitamento materno exclusivo até os 4
meses. - alimentação : 6 refeições diárias, ricas em
laticíneos, frutas, carboidratos ( arroz, batata, pão, biscoitos), verduras em pequena quantidade e leguminosas ( feijão). Faz as refeições habituais da casa.
Caso clínico
Hábitos de vida e condições socias
- Frequenta creche diariamente ( no horário de trabalho dos pais)
- reside em apartamento, 05 cômodos, com 03 pessoas (pai, mãe e irmã), luz elétrica, água encanada e rede de esgoto.
Exame Físico Antropometria e sinais vitais Peso atual : 13 Kg Temp : 37°C FC : 120 bpm FR : 26 ipm
Exame Físico Ectoscopia Criança em bom estado geral, corada,
Fâneros : sem alterações. Linfonodos : palpáveis em cadeia
cervical anterior e submandibular ( móveis, indolores). Restante das cadeias não palpáveis.
Exame Físico
• Ap. respiratório : MVF sem ruídos adventícios. Ausência de esforço respiratório.
• Ap. cardiovascular : RCR em 2T, BNF. Presença de sopro sistólico (3+/6+) melhor audível em borda esternal esquerda. Pulsos periféricos amplos.
• Abdome : plano, RHA presentes, flácido, indolor, sem massas ou visceromegalias. Traube livre.
Exame Físico
• Extremidades : presença de artrite em tornozelo direito, discreto edema e eritema. Dor leve à movimentação. Restante das articulações sem alterações. Perfusão preservada.
• SNC : ausência de rigidez de nuca e de alterações nos movimentos e no comportamento da criança
• Orofaringe : levemente hiperemiada
Caso Clínico
Hipóteses diagnósticas : - Febre Reumática? - Cardiopatia? Sopro a esclarecer? - Artrite reativa? Artrite a esclarecer?
Exames• Ecocardiograma : normal.• ECG : ritmo sinusal, FC 125bpm, â
QRS +60°, PR = 0.12ms, onda T negativa em V1, sem sobrecarga.
Laudo normal para a idade.
Evolução• 29/08/07 : criança assintomática. Nega
febre e artralgias. - exame físico mantido em relação ao
anterior.OBS : durante a visita a cardiologista
pediátrica fez o diagnóstico de Sopro de Still.
• Conduta : Parecer para Reumatologia Provável alta à tarde.
Evolução• Parecer da Reumatologia - tarde “ Ao exame : BEG, hipocorada (1+/4+).ACR prejudicada pelo choro da criança.Pele e mucosas : íntegras, sem vasculite,
rash e Raynaud.Osteoarticular : ausência de flogose,
deformidades, dor óssea e claudicação.
Evolução• Continuação parecer... Impressão : tem 01 sinal maior( poliarticular
migratória típica??) e 03 menores (artralgia, aumento de provas de atividade infl. e febre) p/ Febre Reumática, embora ASLO normal (79 UI-14/08). Sugiro resgate do ASLO desta internação. Se > ou igual a 333 UI, iniciar profilaxia com penicilina e encaminhá-la p/ este ambulatório. Se ASLO normal em duas medidas, sugiro cogitar Leucose ( febre, artralgia dosar LDH) e pesquisar TB (PPD)”
Evolução• (29/08/07) tarde : de acordo com o
parecer da Reumatologia e como a ASLO desta internação veio normal (131 UI) (negativo em duas medidas), a paciente recebe alta médica sob orientações e c/ um encaminhamento para Hematologia pediátrica.
• “ Infecções estreptocócicas em outros locais como na pele justificam complicações renais tardias, mas NUNCA febre reumática”
FEBRE REUMÁTICAEpidemiologia
• Pico : 5 – 15 anos crianças e adolescentes
• Rara antes dos 3 anos e reduz sua incidência após 18 anos
• Baixo nível socioeconômico e aglomerados
• No Brasil é uma doença endêmica
FEBRE REUMÁTICAEpidemiologia
• Problema de saúde pública sequela em valvas cardíacas
• Incidência : -100 a 200 casos novos/100 mil
crianças em idade escolar* * países em desenvolvimento
FEBRE REUMÁTICAEpidemiologia
• Gênero 1:1 *coréia de Sydenham e estenose
mitral mulheres• Sem predisposição racial
FEBRE REUMÁTICAEpidemiologia
• “ Valvulopatia reumática crônica é a doença cardiovascular adquirida mais frequente entre adolescentes e adultos sendo a principal causa de óbito por doença cardíaca em menores de 40 anos”
FEBRE REUMÁTICACuriosidades
- Probabilidade de FR após uma infecção 3%
- Chance do ocorrer FR pode ser 5 X maior em indivíduos que desenvolvem altos títulos de ASLO
FEBRE REUMÁTICAFatores de risco
- Principal : história prévia de FR - Linhagem da cepa - Persistência da bactéria na orofaringe
• Caráter recidivante em 20% dos casos - mais comum nos 2 – 5 primeiros anos - cada reativação aumenta a incidência e a
gravidade da lesão valvar !
FEBRE REUMÁTICAPatogênese
• Via faríngea de infecção• Reação auto-imune inflamação
não-supurativa em tecido conjuntivo
• “mimetismo molecular”• Linfócitos T e B / auto-anticorpos
FEBRE REUMÁTICAPatogênese
FEBRE REUMÁTICAPatogenia
• Coração - peri, mio e/ou
endocardite (pancardite)
- valvas : espessamento, deformidades e encurtamento das cordoalhas
FEBRE REUMÁTICAPatogenia
• Articulação - Exsudato fibrinoso - Derrame estéril - Sem deformidade articular ou
pannus
FEBRE REUMÁTICADiagnósticos diferenciais
• Endocardite bacteriana• Doença de Still• Gonococcemia• Artrites reativa (outras causas de poliartrite)
FEBRE REUMÁTICAQuadro clínico
• Febre, sintomas gerais e artrite
FEBRE REUMÁTICAQuadro clínico
• Critérios maiores 1) poliartrite 2) cardite 3) eritema marginatum 4) nódulos subcutâneos 5) coréia de Sydenham
FEBRE REUMÁTICAQuadro clínico
• Critérios menores clínicos : artralgia, febre e história
prévia de FR ou presença de valvulopatia crônica
laboratoriais : aumento dos reagentes de fase aguda e alargamento do intervalo PR no ECG
FEBRE REUMÁTICAQuadro clínico
• Poliartralgia e febre : manifestações mais frequentes
• Sintomas faríngeos : 20-70% casos• OBS período de latência entre a
faringoamigdalite e a FR é de 2 a 4 semanas ( mínimo 1 semana e máx. 5 semanas)
FEBRE REUMÁTICAQuadro clínico
• Ordem decrescente de frequência : - poliartrite 60-80% - cardite 50% - coréia 20% - eritema marginatum e nódulos
subcutâneos 5% ( quase sempre associados a cardite)
FEBRE REUMÁTICAQuadro clínico
• Manifestação rara : pneumonite reumática
• Febre + sintomas articulares são mais precoces
• Cardite surge junto c/ e artrite ou poucos dias após
• Coréia : mais tardia!!• OBS : coréia e poliartrite quase nunca
ocorrem simultaneamente!
FEBRE REUMÁTICAQuadro clínico
• POLIARTRITE• Mais precoce e mais comum• Pico dos ac específicos p/ FR• Poliarticular, assimétrica e migratória• Grandes articulações periféricas• A inflamação dura em cada articulação
1-5 dias• Auto-limitada : duração 2-4 semanas
FEBRE REUMÁTICAQuadro clínico
• POLIARTRITE• “ resposta dramática aos
salicilatos”• 20% casos surge em articulações
fora do habitual• Não há deformidade nem evolução
p/ artropatia crônica!!!
FEBRE REUMÁTICAQuadro clínico
• CARDITE• Determinante do prognóstico• Mais comum em pré-escolares• Comum em recidivas• Pancardite reumática• Inflamação pode durar até 2 meses
FEBRE REUMÁTICAQuadro clínico
• CARDITE• Sopro cardíaco em foco
mitral (valvulite) 80%• Tecido valvar
edemaciado e amolecido (regurgitação valvar)
• Leve, moderada e grave ( + comum termos de leve a moderada repercussão hemodinâmica)
FEBRE REUMÁTICAQuadro clínico
• CARDITE• Principais sopros : - holossistólico apical ( mais comum)
irradiação p/ axila e dorso - Carey-Coombs ( estenose mitral
• Não pruriginosa e não dolorosa• Manifestação menos comum• Tronco e porção proximal dos membros• Caráter migratório• Geralmente “diz” que há cardite
FEBRE REUMÁTICAQuadro clínico
• NÓDULOS SUBCUTANEOS• Firmes, indolores, 0.5 a 2 cm,
solitários ou numerosos• Superfícies extensoras dos
membros• Associação c/ cardite costuma ser
grave!!
FEBRE REUMÁTICAQuadro clínico
• CORÉIA DE SYDENHAM• 1-6 meses do início da FR• Após outros sintomas maiores terem
desaparecido• Movimento involuntário, brusco, nas
extremidades e na face• Sexo feminino / 5-15 anos• Auto-ac se ligam nos neurônios do
gânglio da base
FEBRE REUMÁTICAQuadro clínico
• COREIA DE SYDENHAM• Disartria• Hipotonia, “mão em ordenha”,
disgrafia, tremor de língua e reflexos patelares pendulares
• Sono e sedação desaparece• Piora c/ estresse emocional• Labilidade emocional
FEBRE REUMÁTICAAlterações laboratoriais• Reagentes de fase aguda PCR : - FR e infecções bacterianas - elevada - primeiro marcador a subir e a
normalizar ( antes da resolução dos sintomas)
FEBRE REUMÁTICAAlterações laboratoriais• Reagentes de fase aguda VHS : - 2º a se elevar ( normaliza tb antes do
término da atividade reumática) - devido ao aumento do fibrinogênio*
( catiônica) * marcador de fase aguda
- infecções bacterianas, FR, LES, vasculites e neoplasias malignas
FEBRE REUMÁTICAAlterações laboratoriais• Reagentes de fase aguda MUCOPROTEINAS : - mais confiáveis - normalizam apenas c/ o fim da atividade reumática - não são influenciados pelos salicilatos e corticóides - alfa1-glicoproteína e alfa2-macroglobulina - VR : até 4 mg/dL - últimos a se elevar e são os + duradouros - também aumentam nas infeções bacterianas, LES e na
AR
FEBRE REUMÁTICAAlterações laboratoriais• Provas imunológicas -FAN e FR : negativos -ASLO, antiDNAse B e antiHialunoridase - ASLO : principal, elevada ( >333
unidades Todd) - pode persistir elevada por 1-6 meses OBS : swab da orofaringe não é bom
exame p/ confirmar infecção estreptocócica!
FEBRE REUMÁTICADiagnóstico
FEBRE REUMÁTICADiagnóstico
Confirmado :
2 critérios maiores ou 1 maior e 2 menores
FEBRE REUMÁTICADiagnóstico
• OBS : o diagnóstico da coréia de Sydenham não exige critérios de Jones !!!!
• OBS : coréia de Sydenham diagnóstico de FR!!!!
FEBRE REUMÁTICAConsiderações
• Recidiva : Quadro Clínico semelhante ao episódio inicial
• Diagnóstico : critérios de Jones• Ressalva apenas 1 critério
maior ou 2 menores!
FEBRE REUMÁTICATratamento
• Controle da atividade inflamatória• Erradicação do S. pyogenes
FEBRE REUMÁTICATratamento
• Erradiação do S. pyogenes # Penicilina G Benzatina, IM, dose única: 600 000 U (< 25 Kg) 1 200 000 U ( adulto) # Alternativas: Penicilina V oral ou
Eritromicina
FEBRE REUMÁTICATratamento
• Objetivos - prevenir a recorrência de FR - impedir a transmissão p/
contatos próximos OBS : não interfere no curso nem
reduz o risco de cardite!!
FEBRE REUMÁTICATratamento
• Poliartrite, febre e sintomas gerais:• Salicilatos (droga de escolha)• Resposta dramática• Dose plena até remissão total dos
sintomas• Reduzir 2/3 da dose plena até os
marcadores inflam. se normalizarem (PCR, mucoproteínas)
• Reduzir paulatinamente
FEBRE REUMÁTICATratamento
• Cardite:• Depende da gravidade• Casos moderados ou graves
Prednisona (droga de escolha) 1-2 mg por Kg/dia, VO, em 3-4 tomadas
• Se cardite leve: AAS.• Manter terapia por 2-3 meses em dose
plena. Depois reduzir paulatinamente, por 2 semanas.
FEBRE REUMÁTICATratamento
• Cardite:• Quadros mais graves: dobutamina,
digoxina e diuréticos.• Pulsoterapia com metilprednisolona• Obs: os corticoesteróides não afetam o
curso da doença cardíaca reumática bem como a evolução para lesão valvar crônica.
Valpróico, Carbamazepina e Prednisona p/ aliviar a sintomatologia!
FEBRE REUMÁTICAProfilaxia
• Primária: • Tratamento de qualquer faringoamigdalite
estreptocócica antes do 1º episédio de FR Penicilina G benzatina, IM, dose única. 600 000 U (< 25 Kg) 1 200 000 U ( adultos) #quanto mais precoce, maior a prevenção