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Padro de especializao no comrcio exterior, tecnologia e
crescimento econmico do Brasil
Padro de especializao no comrcio exterior, tecnologia e
crescimento econmico do Brasil
Alex Sander Souza do Carmo Mestre em Desenvolvimento Econmico,
Universidade Federal do Paran (UFPR) Professor assistente,
Departamento de Economia da Universidade Estadual de Ponta Grossa
(UEPG) Rua Jos Bonifcio, 843 rfs CEP: 84015-450 Ponta Grossa PR
Brasil e-mail: [email protected]
Hermes Yukio Higachi Doutor em Economia, Instituto de Economia
da Universidade Estadual de Campinas IE/UNICAMP Professor
associado, Departamento de Economia da Universidade Estadual de
Ponta Grossa (UEPG) Rua Professora Izaura Torrez Cruz, 144 Jardim
Carvalho CEP: 84015-550 Ponta Grossa PR Brasil e-mail:
[email protected]
Augusta Pelinski Raiher Doutora em Economia, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul Professora adjunta, Departamento de
Economia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) Rua Cruz
Machado, 1848 CEP: 84174-420 Castro PR Brasil e-mail:
[email protected]
Resumo
O objetivo deste trabalho mostrar a existncia de conexo entre o
padro de especializao produtiva no comrcio exterior, o nvel
tecnolgico e o crescimento econmico do Brasil. Busca-se identificar
o padro de especializao produtiva do Brasil no comrcio exterior no
perodo de 2000 a 2008, analisando-se as suas implicaes para o
crescimento econmico brasileiro e verificando-se se o mesmo
restrito pelo balano de pagamentos. Para isso, foram estimadas as
elasticidades-renda ponderadas das exportaes e importaes dos
seto-res produtivos do pas, dividindo-os em nveis tecnolgicos e
mensurando-se os seus pesos nas exportaes/importaes totais. Por
fim, utilizando-se a abordagem da Lei de Thirlwall Multissetorial
(LTMS), comparou-se a taxa de crescimento econmico per capita
obtida via LTMS taxa de crescimento efetiva do pas.
Palavras-chave: Crescimento da economia brasileira; Especializao
no comrcio exterior; nveis tecnolgicos; Lei de Thirlwall
Multissetorial.
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Alex Sander Souza do Carmo, Hermes Yukio Higachi e Augusta
Pelinski Raiher
Abstract
The goal of this paper is to show that there is a connection
between the pattern of foreign trade specialization, technological
level and economic growth in Brazil. The aim is to identify the
pattern of specialization in foreign trade of Brazil in the period
of 2000 to 2008, analyzing its implications for economic growth in
Brazil and checking whether it is constrained by the balance of
payments. Toward this purpose we estimated weighted income
elasticities for exports and imports of the countrys productive
sectors, dividing them into technological levels and measuring
their weight relative to total exports/ imports. Finally, using the
Thirlwall Multi- Sector Law (LTMS) approach, we compare the rate of
per capita economic growth achieved through LTMS to the actual
growth rate of the country.
Keywords: Brazilian economic growth; Specialization in
international trade; Technological levels; Thirlwall Multi-Sector
Law.
Submetido em 04 de abril de 2012 Aprovado em 20 de junho de
2012
1. Introduo
Basicamente, as teorias de crescimento econmico tm como
principal ob-jetivo explicar quais so os fatores impulsionadores do
crescimento, ao mesmo tempo em que visam a identificar porque os
pases crescem a taxas diferentes. Para Soares (2010), duas
abordagens destacam-se neste debate: a ortodoxa (neoclssica) e a
heterodoxa (keynesiana, schumpeteriana). A grande diferen-a entre
essas abordagens que a primeira explica o crescimento por meio de
fatores associados oferta (capital fsico, trabalho, capital
humano), ao passo que a segunda o faz por meio dos fatores
associados demanda.
Particularmente, na abordagem keynesiana a questo a ser
respondida se preocupa com os motivos pelos quais os pases
apresentam taxas de crescimento da demanda to desiguais. Assim,
pondera-se que a demanda depende do con-sumo, do investimento e dos
gastos governamentais, acrescentando anlise o setor externo.
Julgando que a exportao o nico componente autnomo da demanda
agregada, os tericos consideram a restrio no Balano de Pagamen-tos
(BP) como o principal fator limitante do crescimento, e somente por
meio da expanso das exportaes seria possvel aumentar a taxa de
crescimento da economia sem deteriorar o BP.
Thirlwall (1979) prope que a explicao para as diferentes taxas
de cresci-mento existentes entre os pases origina-se nas restries
de demanda, que, por sua vez, vinculam-se ao equilbrio no BP. Para
ele, a possibilidade de ampliar as exportaes sem deteriorar a
conta-corrente do BP torna-se o elemento cen-tral, o qual
impulsiona uma utilizao mais adequada da capacidade produtiva
instalada, a gerao de novos investimentos, o desenvolvimento
tecnolgico e a continuidade do crescimento. Neste sentido, o
crescimento liderado pelas exportaes e o balano de pagamentos pode
restringi-lo, ficando o mesmo abaixo do potencial produtivo.
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crescimento econmico do Brasil
Com efeito, no modelo original de Thirlwall, a taxa de
crescimento compa-tvel com o equilbrio externo dada pela razo entre
o coeficiente de elastici-dade-renda da demanda por exportaes e
importaes multiplicada pela taxa de crescimento da economia
mundial. Via de regra, os produtos com elevada elasticidade-renda
da demanda so os de maior valor adicionado, de origem industrial e
de maior intensidade tecnolgica. Destaca-se que a exportao desses
produtos possibilita ao pas o aumento da demanda frente elevao da
renda mundial. Alm disso, os preos relativos tendem a ser mais
favorveis aos bens de maior valor adicionado, os quais, em geral,
apresentam tendncia de aumento tanto do consumo quanto de preos nos
mercados internacionais.
Destaca-se que a abordagem do crescimento sob restrio externa la
Thir-lwall, no obstante ser orientada pela demanda, no negligencia
a importncia dos fatores associados oferta, pois os mesmos esto
embutidos na diferena entre as elasticidades-renda das exportaes e
das importaes, as quais refle-tem as caractersticas no-preo dos
bens e, portanto, sua estrutura produtiva (CARVALHO e LIMA,
2008).
Recentemente, uma extenso do modelo de crescimento sob restrio
externa, derivada do modelo de Thirlwall (Lei de Thirlwall original
LT), foi formulada por Arajo e Lima (2007), em um arcabouo
multissetorial, denominado Lei de Thirlwall Multissetorial
LTMS.
Na LTMS, a taxa de crescimento per capita de um pas igual taxa
de crescimento econmico mundial multiplicada pela razo das
elasticidades-renda ponderadas das exportaes e das importaes,
ajustadas pelas participaes relativas dos diversos setores nas
pautas de importaes e exportaes, respecti-vamente. Como se supe que
os setores econmicos apresentam distintos nveis de
elasticidade-renda da demanda por exportaes e importaes, uma mudana
da composio setorial para aqueles com maior elasticidade-renda da
demanda causaria o aumento da taxa de crescimento compatvel com o
equilbrio externo.
Com efeito, a grande diferena entre a LTMS e a LT que esta ltima
implica que a taxa de crescimento de um pas aumentar apenas se
ocorrer o crescimen-to da renda mundial, enquanto que na verso
multissetorial o crescimento de um pas pode ocorrer mesmo quando a
taxa de crescimento da renda mundial se mantenha constante, porque
o pas pode alterar a sua estrutura produtiva, migrando dos setores
que possuem baixa elasticidade-renda da demanda para aqueles
setores que possuem alta elasticidade-renda. Dessa forma, tal
alterao na composio da pauta de exportaes pode proporcionar ao pas
taxas de crescimento mais elevadas. Assim, a desigualdade quanto s
taxas de cresci-mento entre os pases origina-se nas diferenas entre
as estruturas produtivas dos mesmos (ARAJO e LIMA, 2007).
Outra abordagem de cunho heterodoxo a evolucionista
neoschumpeteriana. Conforme essa abordagem, considera-se a
tecnologia como fator determinante do crescimento, desde que os
setores econmicos com maior intensidade tec-nolgica apresentem: (i)
maior elasticidade-renda da demanda por exportaes, (ii) maior grau
de oportunidade tecnolgica, e (iii) maior potencial de gerar
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efeitos dinmicos sobre o aprendizado tecnolgico de setores a
montante e a jusante nas cadeias de produo. Logo, nesta abordagem,
os pases com a es-trutura produtiva especializada em setores
econmicos com maior intensidade tecnolgica apresentaro taxas de
crescimento mais elevadas.
A especializao produtiva de um pas em seu comrcio exterior pode
ser avaliada atravs do conceito de eficincia ricardiana, calcada na
explorao das vantagens comparativas, keynesiana (potencial de
crescimento da demanda) e schumpeteriana (potencial de aprendizado
tecnolgico e inovao). Particular-mente, no presente trabalho
busca-se mostrar que a especializao produtiva do Brasil no comrcio
exterior, concentrada em produtos da agropecuria e bens industriais
de mdia/baixa e baixa tecnologia, que usa intensivamente recursos
naturais e mo-de-obra barata, segue o critrio ricardiano, porm no
consis-tente com o critrio de eficincia keynesiana ou
schumpeteriana.
Em vista dessas consideraes, o objetivo deste trabalho
identificar se o crescimento brasileiro verificado no perodo de
2000 a 2008 consistente com a abordagem de crescimento sob restrio
externa, mais especificamente, com a LTMS.
Alm dessa introduo, esse trabalho possui outras cinco sees. Na
segunda, faz-se uma reviso bibliogrfica acerca das abordagens do
crescimento econ-mico nas ticas keynesiana e schumpeteriana. Na
sequncia, apresentam-se os elementos metodolgicos da pesquisa. Na
quarta, so apresentados os resulta-dos da estimao das
elasticidades-renda das exportaes e das importaes. Na quinta,
testa-se a validade da LTMS ao caso brasileiro. Por fim, na sexta,
descrevem-se as consideraes finais.
2. Abordagens acerca do crescimento econmico: ticas keynesiana e
schumpeteriana
Na tentativa de evidenciar a compatibilidade e
complementaridade, sintetizam-se os aspectos bsicos das abordagens
ps-keynesiana (LTMS) e evolucionista neoschumpeteriana do
crescimento.
2.1 A Lei de Thirlwall Multissetorial (LTMS)
A LTMS (ARAJO e LIMA, 2007) estabelece que existe uma conexo
entre a insero internacional, a estrutura produtiva e a taxa de
crescimento da economia. Nesse sentido, Arajo e Lima (2007) mostram
que, como as elasticidades-renda da demanda dos setores industriais
so distintas, as taxas de crescimento dos pases tambm devero ser
distintas, caso os mesmos possuam estruturas produtivas
dessemelhantes. Como corolrio do modelo, os pases que concentram as
suas exportaes nos setores com maior elasticidade-renda da demanda
devem lograr maiores taxas de crescimento.
Arajo e Lima (2007) desenvolvem a anlise do crescimento sob
restrio externa em um contexto multissetorial, no qual a taxa de
variao da demanda
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distinta em cada setor da economia. Os autores partem da hiptese
de que os fluxos fsicos e monetrios de bens atendem a trs condies:
(i) condio de pleno emprego de trabalho; (ii) condio do gasto total
da renda nacional; e (iii) equil-brio comercial. A condio de pleno
emprego representada da seguinte forma:
(1)
onde ai n e ain so os coeficientes de demanda per capita do bem
final i (i = 1, 2,..., n-1), sendo que o primeiro refere-se demanda
estrangeira e o segundo demanda interna; ani refere-se ao
coeficiente de produo dos bens de consumo, representando a
quantidade de trabalho empregada em cada setor; o coefi-ciente de
proporcionalidade oriundo da relao com o tamanho da populao de cada
pas.
As condies de gasto total da renda nacional e de equilbrio
comercial so representadas pelas equaes (2) e (3),
respectivamente.
(2)
(3)
O equilbrio comercial no escrito em termos de preos, mas sim, em
ter-mos de coeficientes de trabalho. Desta forma, a quantidade de
bens exportados, expressa em quantidade de trabalho aplicado, deve
ser igual quantidade de bens importados, tambm expressa em termos
de quantidade de trabalho. Os autores demonstram que as quantidades
de trabalho incorporadas continuam a regular os preos relativos dos
bens ao levar em conta o preo do bem i (pi) e a taxa de salrio. No
caso de p i < p1, o pas no teria vantagem comparativa na produo
de i; quando ^p i > p1, ocorreria o contrrio. Neste ltimo, os
autores supem que a demanda externa dada por uma funo padro de
demanda por exportao.
Assim, fazendo essas suposies, repetindo-as para as importaes,
conside-rando todos os elementos em termos per capita,
diferenciando os resultados em relao ao tempo, supondo que a variao
dos preos ao longo do tempo entre os pases a mesma e que o
crescimento da populao constante, alm de consi-derar que no h
progresso tcnico, Arajo e Lima derivam a equao (4). Essa equao
apresenta a estimativa do crescimento econmico, denominada de Lei
de Thirlwall Multissetorial, que reflexo da estrutura produtiva
presente no pas.
(4)
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Na equao (4), a elasticidade-renda da demanda de importaes; a
elasticidade- renda da demanda de exportaes; o coeficiente de
proporcio-nalidade; Uy representa a taxa de crescimento per capita
do pas.
O coeficiente de proporcionalidade mostra que, quanto menores
forem as elasticidades-renda setoriais das importaes de um pas e
maiores forem suas elasticidades-renda da demanda das exportaes,
maior ser o benefcio para o pas em decorrncia de um aumento na
demanda externa. Destaca-se que, como as elasticidades-renda
setoriais das importaes e das exportaes so pondera-das por
coeficientes que medem a participao de cada setor nas
importaes/exportaes totais de um pas, a taxa de crescimento
compatvel com o equil-brio externo (LTMS) pode se alterar na medida
em que se altere a composio setorial das exportaes/importaes, mesmo
que a taxa de crescimento externo no se altere ao longo do
tempo.
2.2 A abordagem evolucionista neoschumpeteriana
Na presente subseo apresenta-se de forma sucinta a abordagem de
cresci-mento evolucionista neoschumpeteriana. Nessa abordagem, as
fontes fundamentais do crescimento consistem nas inovaes de
processos e produtos, organizacionais e institucionais. Quando as
inovaes esto ocorrendo e, com efeito, as oportu-nidades esto
aumentando, surgem fortes incentivos ou vantagens econmicas para
realizar os investimentos complementares em capital fsico e humano.
Numa perspectiva evolucionista neoschumpeteriana, o progresso
tcnico cumpre papel central no processo de crescimento, com os
fatores convencionais da funo de produo desempenhando apenas funes
de suporte (NELSON, 1996).
As inovaes organizacionais constituem outra fonte fundamental de
cresci-mento de longo prazo. A adoo e a difuso de novos paradigmas
tecnolgicos geralmente requerem novas estruturas organizacionais,
que, por sua vez, repre-sentam rupturas de rotinas consolidadas,
associadas aos paradigmas anteriores. As estruturas organizacionais
prvias e sua capacidade de transformao diante de novos paradigmas
tecnolgicos so, portanto, elementos condicionantes do desempenho
tecnolgico empresarial.
O processo de inovao da firma naturalmente influenciado pelo
ambiente institucional em que esto inseridas. Assim, os modelos
evolucionistas ne- schumpeterianos consideram como terceira fonte
fundamental do crescimento de longo prazo os Sistemas Nacionais de
Inovao: redes de instituies nos setores privado e pblico cujas
atividades e interaes iniciam, importam, modificam e difundem novas
tecnologias.
A abordagem evolucionista neoschumpeteriana considera a
tecnologia como determinante do crescimento econmico de um pas,
porm reserva um papel importante para a demanda, na forma de
exportaes e importaes, destacando a interao dinmica entre a mudana
tcnica e o comrcio internacional (DOSI et al., 1990). Em outros
termos, supe-se que os efeitos da tecnologia sobre o crescimento
econmico se expressam atravs do padro de especializao e sobre
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crescimento econmico do Brasil
o dinamismo de exportaes e importaes, desde que os setores
econmicos com maior intensidade tecnolgica apresentem: (i) maior
elasticidade-renda da demanda por exportaes, (ii) maior grau de
oportunidade tecnolgica, e (iii) maior potencial de gerar efeitos
dinmicos sobre o aprendizado tecnolgico de setores a montante e a
jusante nas cadeias de produo. Logo, nesta abordagem, os pases com
a estrutura produtiva especializada em setores econmicos com maior
intensidade tecnolgica apresentam taxas de crescimento mais
elevadas.
3. Elementos metodolgicos
Para avaliar a relevncia da restrio externa e da estrutura
produtiva bra-sileira no seu crescimento econmico, utilizou-se a
abordagem keynesiana do crescimento econmico sob restrio externa,
formulada a partir da LTMS. Neste sentido, essa seo apresenta: o
modelo economtrico, a estratgia de estimao dos parmetros e a fonte
dos dados utilizados para atingir o objetivo proposto.
3.1 Modelo economtrico e estratgia de estimao das
elasticidades
Como fora salientado na introduo do presente trabalho, o
objetivo verificar se o crescimento econmico brasileiro, no perodo
de 2000 a 2008, consistente com a LTMS. Dessa forma, como o perodo
de anlise extremamente curto, utilizaram-se as informaes dos 26
Estados do pas mais o Distrito Federal, para os anos de 2000 a
2008, totalizando 234 observaes. Especificamente, as funes empricas
a serem estimadas possuem as seguintes caractersticas:
ln Xjit = j ln zit + j ln cat + Cji + ujit (5)
ln Mjit = j ln yit + j ln cat + Cji + ujit (6)
Nessas duas equaes, i representa os Estados, t o tempo e j so os
setores; os parmetros j, j, j, j representam, respectivamente, as
elasticidades-renda e preo das importaes, e as elasticidades-renda
e preo das exportaes do setor j; y a renda interna; z a renda
mundial; ca a taxa de cambio efetiva. C um componente no observvel
especfico das unidades cross-section e invariante no tempo.
Como o banco de dados possui tanto observaes de cross-section
quanto de srie de tempo, a tcnica economtrica mais indicada a de
painel de dados. A principal motivao para a utilizao dessa tcnica a
possibilidade do controle do componente no observvel (C), que est
presente em ambas as funes. Conforme Wooldridge (2002), caso o
mesmo no seja correlacionado com as variveis explicativas do
modelo, tanto o modelo Pooled quanto o modelo de efeitos aleatrios
(Random Effects) fornecem estimativas consistentes dos parmetros,
mas, caso o componente no observvel (C) seja correlacionado com as
variveis explicativas da equao, esses estimadores so
inconsistentes.
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Nessa situao, para se obter estimativas consistentes dos
parmetros, deve-se utilizar o modelo de efeitos fixos (Fixed
Effect). Para decidir entre os modelos de efeitos aleatrios e de
efeitos fixos utilizou-se o teste de Hausman1.
Conforme o teste de Hausman, verificou-se que o modelo mais
indicado para estimar a funo das exportaes (5) o de Efeitos Fixos,
enquanto que o modelo de Efeitos Aleatrios o mais indicado para
estimar a funo das importaes (6).
3.2 Fonte dos dados
Para a construo da base de dados foram utilizadas as informaes
das importaes e exportaes setoriais de cada Estado brasileiro no
perodo de 2000 a 2008, sendo que essas foram obtidas no site Alice
Web. Esses dados estavam em dlares e foram deflacionados por meio
do Wholesale Price Index dos Estados Unidos (WPI). Destaca-se que
os dados das exportaes e das im-portaes esto classificados em 99
categorias industriais, que foram agrupadas em 5 setores. Esses
setores, por sua vez, foram definidos conforme os seus padres
tecnolgicos em: alta tecnologia; mdia/alta tecnologia; mdia/baixa
tecnologia; baixa tecnologia; e no industriais. Ressalta-se que
essa definio foi baseada na metodologia desenvolvida pela OCDE2,
que tambm fora utili-zada por Furtado e Carvalho (2005), Lall
(2000)3, entre outros. Uma descrio detalhada dos cinco setores pode
ser visualizada no Apndice 1.
Alm dos dados das exportaes e das importaes, utilizaram-se
informa-es de cmbio efetivo, PIB Estadual e PIB Mundial, obtidos no
site do IPEA-DATA, ressaltando que os dois ltimos j se encontravam
a preos constantes.
4. Padro de especializao do Brasil no comrcio internacional
4.1 Anlise da pauta brasileira de exportaes e importaes
Na presente subseo, apresenta-se a composio da pauta de
importaes e exportaes do Brasil no perodo compreendido entre 2000 a
2008, conforme os setores industriais definidos no Apndice 1.
1 Conforme Wooldridge (2002), o teste de Hausman tem a hiptese
nula de que os estimadores do modelo de efeitos fixos e do modelo
de efeitos aleatrios no diferem substancialmente; nesse caso, se a
hiptese nula no rejeitada o modelo mais indicado o de efeitos
aleatrios. Caso contrrio, a concluso a de que o modelo de efeitos
aleatrios no adequado e deve-se empregar o modelo de efeitos
fixos.
2 A OCDE reformulou nos anos de 1990 a sua classificao quanto
intensidade tecnolgica das indstrias, agrupando-as em quatro
grupos: alta tecnologia, mdia/alta, mdia/baixa e baixa tecnologia
(MARKWALD, 2005). A classificao baseou-se num indicador de
intensidade tecnolgica, estimado com base na tecnologia incorporada
nos bens intermedirios e de capital utilizados nos diferentes
setores industriais. Assim, os setores que incorporavam mais
intensamente bens intermedirios e de capital de alta tecnologia
classificavam-se no grupo alta tecnologia; medida que diminua a
intensidade tecnolgica dos bens intermedirios e de capital dos
setores, eles foram agrupados em mdia/alta, mdia/baixa, baixa
tecnologia, sucessivamente.
3 Lall (2000) combinou a classificao feita por Pavitt (1984) com
a construda pela OECD, argumentando que a primeira mais difcil de
usar porque as distines analticas no so claras e existe grande
sobreposio entre as categorias, ao contrrio do que ocorre com a
classificao feita pela OECD.
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Na Tabela 1, verifica-se que o setor de alta tecnologia diminuiu
a sua participao nas exportaes mdias do perodo, tendo a menor
participao quando consideradas todas as indstrias juntamente com os
produtos no in-dustriais; ademais, os setores que a compem, ou
estagnaram sua contribuio ou reduziram-na no perodo de 2000 para
2008. Esse mesmo fenmeno ocorreu com o setor de mdia/alta
tecnologia, o qual teve o segundo menor peso mdio quando
considerados os diferentes nveis tecnolgicos da indstria. Ao mesmo
tempo, o setor de mdia/baixa tecnologia foi o que mais contribuiu
para as exportaes do pas, elevando a sua participao e a da maioria
das categorias que o compem quando se faz um comparativo entre 2000
e 2008. J o setor de baixa tecnologia teve queda de participao no
decorrer do perodo anali-sado, mas continuou na segunda posio no
que se refere contribuio para as exportaes do pas, destacando-se
que o peso do setor de baixa tecnologia, juntamente com o de
mdia/baixa tecnologia, correspondeu a 55% das expor-taes mdias do
pas no perodo.
Por fim, no setor denominado de produtos no industriais, a
agropecu-ria foi a categoria que dominou, com peso de 14% nas
exportaes totais e representando 90% das exportaes deste setor.
Ressalta-se que essa categoria teve uma participao na exportao
total do Brasil superior ao setor de alta tecnologia. Em resumo,
analisando-se os pesos de cada setor no total exportado, tem-se o
padro de especializao do pas no comrcio exterior, o qual pautado
essencialmente nos setores industriais de baixa e mdia/baixa
tecnologia, em conjunto com os produtos da agropecuria.
No caso das importaes, verifica-se que, tanto em 2000 quanto em
2008, elas se concentram sobretudo nos setores de mdia/alta,
mdia/baixa e alta tec-nologia. Em mdia, considerando-se todo o
perodo analisado, esses trs setores industriais atingiram 89% das
importaes totais do Brasil.
4.2 Estimao das elasticidades-renda das exportaes e
importaes
Na Tabela 2 reportam-se as elasticidades-renda e preo das
exportaes e importaes brasileiras para os setores industriais4.
Considerando-se, primeiramente, o efeito do cmbio efetivo sobre
o co-mrcio exterior brasileiro, verifica-se que, no caso das
exportaes, somente as categorias agropecuria e outros produtos
minerais no metlicos foram influenciadas pelo cmbio; isto , em
certa medida, a competitividade dessas categorias foi determinada
pelo diferencial de preo. J para os demais setores, principalmente
no caso dos nveis mais intensivos de tecnologia, a competiti-vidade
estava baseada principalmente na qualidade. No caso das importaes,
para 70% das categorias industriais o cmbio mostrou-se
significativo, em que o nvel mximo de significncia alcanou 10%.
4 Destaca-se que quando a elasticidade-preo (cmbio efetivo) no
foi significativa, estimaram-se novamente as exportaes/importaes em
funo do PIB mundial/PIB brasileiro tirando a varivel cmbio.
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Tabela 1.- Pesos das exportaes (X), das importaes (M) e do
saldo: comparativo entre 2000 e 2008 e mdia para o perodo
2001/2008.
Setores X2000X
2008X
MdiaM
2000M
2008M
MdiaSaldoMdia
Industria de alta tecnologia 0,114 0,071 0,087 0,244 0,193 0,224
-0.201Aeronutica e aeroespacial 0,049 0,029 0,035 0,019 0,018 0,015
0,046Farmacutica 0,004 0,004 0,004 0,025 0,025 0,028 -0,040Material
de escritrio e Informtica. Equipamento de rdio, TV e comunicao
0,053 0,033 0,043 0,165 0,115 0,142 -0,151
Instrumentos mdicos 0,008 0,004 0,005 0,035 0,036 0,039
-0,057Indstria de mdia/alta tecnologia 0,211 0,180 0,203 0,361
0,372 0,365 -0,184
Veculos automotores, reboques e semireboques 0,081 0,074 0,083
0,067 0,074 0,061 0,077
Produtos qumicos, exceto farmacuticos 0,054 0,043 0,046 0,128
0,145 0,141 -0,146
Equipamentos para ferrovia e material de transporte 0,001 0,001
0,001 0,002 0,003 0,002 -0,001
Mquinas e equipamentos mecnicos 0,075 0,062 0,073 0,164 0,150
0,160 -0,114
Indstria de mdia/baixa tecnologia 0,250 0,339 0,284 0,260 0,339
0,300 0,123
Construo e reparao naval 0,000 0,007 0,003 0,000 0,000 0,001
0,007
Borracha e produtos plsticos 0,032 0,025 0,029 0,051 0,053 0,056
-0,032Produtos de petrleo refinado e outros combustveis 0,021 0,092
0,058 0,148 0,196 0,169 -0,159
Outros produtos minerais no metlicos 0,082 0,110 0,085 0,017
0,023 0,021 0,162
Produtos metlicos 0,115 0,104 0,109 0,044 0,067 0,055
0,145Indstria de baixa tecnologia 0,296 0,222 0,267 0,087 0,068
0,073 0,456Produtos manufaturados e bens reciclados 0,013 0,009
0,010 0,008 0,008 0,008 0,009
Madeiras e seus produtos, papel e celulose 0,087 0,051 0,070
0,026 0,016 0,019 0,118
Alimentos, bebidas e tabaco 0,127 0,129 0,132 0,019 0,018 0,019
0,263Txteis, couro e calados 0,069 0,033 0,055 0,033 0,027 0,028
0,066Produtos no industriais 0,129 0,188 0,159 0,048 0,028 0,037
0,306Agrcolas 0,111 0,166 0,142 0,048 0,028 0,037 0,267Objetos de
arte 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000Transaes especiais
0,018 0,021 0,017 0,000 0,000 0,000 0,039
Fonte: Dados da pesquisa.
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abr./jun. 2012 149
Padro de especializao no comrcio exterior, tecnologia e
crescimento econmico do Brasil
Um ponto importante a considerar que, a partir de 1999, o Brasil
passou a adotar o regime de cmbio flutuante. Entretanto, segundo
Pires de Souza e Hoff (2011), isso no significou que as autoridades
monetrias ficaram ausentes do mercado de cmbio. Na verdade, em
alguns momentos especficos ao longo destes oito anos (2000 a 2008),
lanou-se mo de uma poltica cambial bastante ativa, utilizando-se
como instrumento no somente as intervenes no mercado de cmbio
vista, como tambm a venda de ttulos indexados e swaps cambiais.
Conforme o grfico ilustrado no Apndice 2, verifica-se que at 2004 a
taxa de cmbio favoreceu o padro de especializao do pas no comrcio
mundial, mas a partir deste ano o cmbio voltou a se valorizar,
contribuindo para o aumento das importaes.
Dessa forma, acredita-se que a poltica cambial adotada a partir
de 1999 beneficiou o padro de especializao do comrcio internacional
do pas apenas nos quatro primeiros anos da anlise (2000 a 2004).
Nos demais anos (2005 a 2008), a mesma favoreceu a importao,
sobretudo a dos produtos de alta e mdia tecnologia (considerando-se
os pesos apresentados na Tabela 1). Por conseguinte, nesse perodo o
cmbio indiretamente afetou as indstrias domsticas de alta e mdia
tecnologia, pois os seus produtos passaram a ter maior concorrncia
dos importados.
Ainda com relao Tabela 2, direcionando-se a anlise para as
elasticidades--renda das exportaes, verifica-se que, com exceo das
categorias industriais aeronutica e aeroespacial e transaes
especiais, as demais foram esta-tisticamente significativas no nvel
de pelo menos 10%. A categoria que apre-sentou a maior
elasticidade-renda das exportaes foi Material de escritrio...
equipamento de rdio, TV e comunicao, seguida de Instrumentos mdicos
de tica e preciso; destaca-se que ambas pertencem ao setor
denominado de alta tecnologia. J as categorias com menores
elasticidades-renda, significativas a 10%, foram Txteis, couro e
calados e Madeiras e seus produtos, papel e celulose, ambas
pertencentes ao setor de baixa tecnologia.
Os resultados obtidos no presente trabalho sugerem que existe
uma relao positiva entre a elasticidade-renda das exportaes e o
nvel tecnolgico, pois se verifica que o setor de alta tecnologia
apresentou a maior elasticidade-renda, se-guido da indstria de
mdia/baixa, mdia/alta e de baixa tecnologia. Os resultados
encontrados apontam que um aumento de 1% na renda mundial, ceteris
paribus, eleva as exportaes de alta tecnologia do pas em torno de
5,31%, enquanto que as exportaes da indstria de baixa tecnologia
aumentam apenas 2,77%.
Vale destacar que os produtos da agropecuria, que pertencem ao
setor ou-tros produtos no industriais, apresentaram
elasticidade-renda das exportaes em patamar semelhante ao da
indstria de alta tecnologia e tiveram, ao mesmo tempo, a menor
elasticidade-renda das importaes. Conforme Martins (2008), a
liderana de um pas num determinado segmento pode ser identificada
quando esse possui elevada elasticidade-renda de exportaes e baixa
elasticidade-renda de importaes. Neste sentido, os resultados
obtidos no presente trabalho indicam que o Brasil efetivamente
possui liderana na produo agropecuria.
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abr./jun. 2012 150
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Tabela 2.- Elasticidade-renda e elasticidade-preo das exportaes
e importaes brasileiras 2000 a 2008.
Setores
Exportaes ImportaesElast. Renda(PIB
mundial)
Elast. Preo
(cmbio efetivo)
Elast Renda(PIB
Brasil)
Elast. Preo
(cmbio efetivo)
Indstria de alta tecnologia 5,31+ - 2,23+ -
Aeronutica e aeroespacial 0,343(0,14) -4,031
(1,80)**-6,323
(-2,67)*
Farmacutica 4,187 (2,68)* -4,125(8,72) -
Material de escritrio... equipamento de rdio, TV e comunicao
9,115(7,44)* -
1,686(5,25)*
-1,407(1,71)***
Instrumentos mdicos de tica e preciso
8,311 (6,23)* -
2,160(9,34)* -
Indstria de mdia-alta tecnologia 3,53+ - 2,21+ -Veculos
automotores, reboques e semi-reboques
4,260(5,52)* -
3,863(3,26)*
-4,334(-3,67)*
Produtos qumicos, exceto farmacuticos
2,573(4,06)* -
1,930(6,22)*
-0.576(-1,92)**
Equipamentos para ferrovia e material de transporte
8,055(4,32)* -
6,452(4,35)* -
Mquinas e equipamentos mecnicos
3,235(5,81)* -
1,777(12,02)*
-0,951(-3,70)*
Indstria de mdia/baixa tecnologia 3,61
+ - 2,56+ -
Construo e reparao naval 4,235(1,73)*** -4,168
(4,32)*-6,137
(-2,60)*
Borracha e produtos plsticos 5,945(7,05)* -2,248
(10,29)*-1,849
(-4,09)*Produtos de petrleo refinado e outros combustveis
6,682(4,08)* -
2,870(5,06)* -
Outros produtos minerais no metlicos
3,153(5,14)*
0,664(1,72)***
2,427(8,05)*
-1,439(-2.00)**
Produtos metlicos 4,158(4,94)* -1,921
(9,81)*-2,270
(-3,66)*Indstria de baixa tecnologia 2,77+ - 1,98+ -Produtos
manufaturados e bens reciclados
2,134(2,02)* -
1,928(5,87)*
-3,450(-4,78)*
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abr./jun. 2012 151
Padro de especializao no comrcio exterior, tecnologia e
crescimento econmico do Brasil
Destaca-se que a produo desses produtos, via de regra, no tem
intensidade tecnolgica elevada, pois demanda, sobretudo, recursos
naturais. Dessa forma, a liderana do Brasil na produo da
agropecuria se coaduna com a eficincia ricardiana. Conforme a
eficincia ricardiana, um pas possui vantagem compa-rativa na produo
de determinado bem se o custo de oportunidade desse bem mais baixo
do que o obtido em outros pases; ressalte-se que essa
vantagem/desvantagem comparativa de custos determinada pela
disponibilidade relati-va de fatores de produo. Seguindo a lgica da
eficincia ricardiana, como o Brasil relativamente abundante em
recursos naturais, o Brasil possui vantagem comparativa na produo
agropecuria e, por conseguinte, deve se especializar na produo e
exportao desses produtos.
Todavia, na contramo da eficincia ricardiana encontra-se a
abordagem da eficincia kaldoriana5. A eficincia kaldoriana assegura
que as exportaes de um pas tendem a crescer de maneira tanto mais
rpida e consistente, quanto mais elevados forem os seus
coeficientes de elasticidade-renda. Nessa situa-o, o padro de
especializao no comrcio mais eficiente quanto maior a participao
relativa de exportaes de elevada elasticidade-renda da demanda
internacional (MARTINS, 2008).
A eficincia kaldoriana parte da ideia de que, quanto maior e
mais veloz for a taxa de crescimento da demanda internacional pelos
produtos de um pas em resposta ao crescimento da renda mundial,
maior ser a chance de se obter
5 Abordagem que parte da viso macroeconmica keynesiana. Ou seja,
segue a abordagem keynesiana.
Madeiras e seus produtos, papel e celulose
1,977(1,50) -
2,364(7,86)*
-3,096(3,96)*
Alimentos, bebidas e tabaco 3,571(9,53)* -1,430(0,95)
1,565(1,56)
Txteis, couro e calados 1,966(2,05)** -2,029
(6,56)*-1,801
(-1,94)**Produtos no industriais 4,92+ - 0,62+ -
Produtos da agropecuria 5,505(7,73)*1,282
(2,85)*0,624
(1,78)*** -
Objetos de arte, de coleo e antiguidades
7,154(3,33)* -
0,792(1,13)
-4,464(2,21)**
Transaes especiais 0,002(0,30)-5,157
(-2,46)** - -
Fonte: Resultados da pesquisa.Nota: * Significativo a 1%. **
Significativo a 5%. ***Significativo a 10%. + Elasticidades
determinadas pela mdia ponderada das elasticidades dos setores
pertencentes quele nvel tecnolgico.
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taxas de crescimento mais elevadas. Desta forma, um padro de
especializao eficiente do setor industrial seria aquele baseado nas
exportaes de produtos de alta elasticidade-renda. Portanto, de
acordo com os dados divulgados na Tabela 2, crescimento a taxas
mais elevadas poderia ser obtido se o pas intensificasse a produo e
a exportao do setor de alta tecnologia, especificamente, das
ca-tegorias Material de escritrio,..., equipamento de rdio, TV e
comunicao e Instrumentos mdicos de tica e preciso, pois so as
mesmas que obtiveram as maiores elasticidades-renda entre todas as
categorias analisadas (incluindo os produtos no industriais).
Para Kaldor (1989) o progresso tecnolgico era importantssimo na
defini-o dos padres de demanda e de produo nacional; esse progresso
faria com que novos produtos gradualmente substitussem os
pr-existentes, e no curso desse processo de substituio a demanda
por novos produtos cresceria acima da elevao geral da demanda,
resultante do crescimento econmico. Como consequncia, os
exportadores mais bem sucedidos penetrariam tanto nos mercados
internacionais quanto nos domsticos, via substituio dos produtos
existentes pelos novos. No entanto, nem Kaldor e nem os seus
seguidores deram sequncia anlise das propriedades e caractersticas
do progresso tecnolgico e seus impactos dinmicos sobre o padro de
especializao (MARTINS, 2008); essa lacuna s foi preenchida pela
abordagem schumpeteriana.
A abordagem da eficincia schumpeteriana6 completou e deu
sequncia kaldoriana, prescrevendo um padro de especializao baseado
na exportao de produtos para os quais se tem elevado grau de
oportunidade, apropriabilidade e cumulatividade tecnolgica. Assim,
as abordagens kaldoriana e schumpeteriana no so excludentes; pelo
contrrio, podem ser complementares, desde que se aceite a hiptese
de vinculao entre o comrcio exterior e o progresso tecnolgico.
Considerando-se os dados do Brasil de 2000 a 2008, como as
maiores elasticidades-renda das exportaes so as dos produtos
pertencentes ao setor de alta tecnologia, ento pela abordagem
schumpeteriana, associada kaldoriana, a especializao mais eficiente
para o Brasil, para se obter maiores taxas de crescimento, seria em
produtos com intensidade tecnolgica mais avanada. Destaca-se que as
firmas desse setor so as mais inovadoras, utilizam seus recursos
produtivos de maneira mais eficiente, pagam salrios mais elevados e
so mais bem sucedidas no objetivo de ampliar seus mercados.
Adicionalmente, so as que mais crescem no comrcio internacional e
seu dinamismo contribui ainda para a gerao de economias externas
(spillovers) em benefcio de outros setores industriais, dinamizando
de forma mais intensiva o crescimento econ-mico (MARKWALD, 2005).
Contudo, essa situao muito distinta da que foi observada, pois o
Brasil concentrou as suas exportaes sobretudo nos setores de
mdia/baixa e baixa tecnologia (ver Tabela 1).
No caso das importaes, as maiores elasticidades-renda foram
obtidas naqueles setores que compem a indstria de alta e mdia
tecnologia, os quais
6 Que corresponde abordagem evolucionista neoschumpeteriana.
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Padro de especializao no comrcio exterior, tecnologia e
crescimento econmico do Brasil
representam de forma conjunta 59% das importaes mdias do pas
(ver Tabela 1). Desse modo, verifica-se que o padro de especializao
no comrcio exterior extremamente perverso, tendo em vista que o
Brasil concentra as suas exporta-es naqueles setores menos
intensivos em tecnologia, e que possuem menores elasticidades-renda
da demanda, enquanto que as importaes concentram-se nos setores de
alta e mdia tecnologia, que possuem elasticidades-renda da demanda
mais elevadas.
Combinando-se os dados reportados nas Tabelas 1 e 2, podem ser
obtidas as elasticidades-renda ponderadas das exportaes e das
importaes, em que os ponderadores so justamente os pesos dos
setores industriais na pauta comercial brasileira. A evoluo das
elasticidades-renda ponderadas das exportaes e das importaes do
Brasil, no perodo de 2000 a 2008, apresentada na Figura 1.
Percebe-se que, no decorrer de oito anos, a elasticidade-renda
das exporta-es se elevou de 3,78 para 4,14. Mais precisamente, a
mesma cresceu de 2000 a 2003, diminuiu em 2004, e voltou a crescer
a partir de 2005. J no caso das importaes, a elasticidade-renda
ponderada passou de 2,22 (2000) para 2,32 (2008), mas essa elevao
no foi linear, pois nos quatro primeiros anos da anlise (2000 a
2003) a mesma diminuiu, chegando ao patamar de 2,19 (2003),
voltando a crescer a partir de 2004. Como se considera que as
elasticidades--renda das exportaes e das importaes so constantes ao
longo do tempo, o aumento observado em ambas as elasticidades foi
decorrente da alterao dos pesos setoriais na pauta comercial
brasileira.
No caso da razo das elasticidades ponderadas, esta passou de
1,71 (2000) para 1,80 (2008), alterando-se muito pouco ao longo do
tempo, resultado direto do saldo positivo que se teve no comrcio
internacional, decorrente do aumen-to das exportaes do pas
especialmente naqueles bens de baixa intensidade tecnolgica,
confirmando a ausncia de mudanas no padro de especializao
Figura 1.- Evoluo das elasticidades-renda ponderadas das
importaes (M) e das exportaes (X) e da razo das elasticidades
ponderadas Brasil
2000 a 2008.
Fonte: Resultados da pesquisa.
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abr./jun. 2012 154
Alex Sander Souza do Carmo, Hermes Yukio Higachi e Augusta
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produtiva do pas. Calculando-se a razo das elasticidades-renda
ponderadas de cada setor da Tabela 2, foram obtidos os seguintes
resultados: 2,38 para o setor de alta tecnologia; 1,60 para o de
mdia/alta; 1,41 para o de mdia/baixa; 1,40 para o de baixa
tecnologia.
Na tentativa de analisar a contribuio de cada setor e de cada
nvel tec-nolgico na elasticidade-renda ponderada das exportaes de
2000 e de 2008, construiu-se a Tabela 3. Ressalta-se que nessa
tabela as duas ltimas colunas apresentam, respectivamente, a variao
na parcela da elasticidade de cada setor/nvel e quanto essa variao
representou na diferena entre a elasticidade-renda ponderada das
exportaes em 2000 e em 2008.
Os setores que contriburam negativamente para a alterao da
elasticidade foram: Material de escritrio e Informtica, Equipamento
de rdio, TV e co-municao (-50%); Madeiras e seus produtos, papel e
celulose (-20%); Txteis, couro e calados (-19%); Produtos metlicos
(-13%); Mquinas e equipamentos mecnicos (-12%); Borracha e produtos
plsticos (-11%); Instrumentos mdicos (-9%); Veculos automotores,
reboques e semi-reboques (-9%); Produtos qu-micos, exceto
farmacuticos (-7%); Produtos manufaturados e bens reciclados (-2%);
Aeronutica e aeroespacial (-1.91%).
Analisando-se os setores agrupados em nveis tecnolgicos, o setor
de alta tecnologia foi o que mais contribuiu negativamente para a
alterao da elas-ticidade (-60%), seguido dos setores de baixa
(-40%) e mdia/alta tecnologia (-27%). Como se supe que as
elasticidades-renda de cada setor no se alteram no perodo, ento,
basicamente, esse efeito negativo representa a queda de participao
desses nveis tecnolgicos nas exportaes brasileiras. Assim, a
indstria de alta tecnologia, a qual apresenta a maior
elasticidade-renda interna-cional (Tabela 2) e a qual, pela
eficincia schumpeteriana, tenderia a dinamizar o crescimento
econmico do pas, apresentou a maior queda de participao nas
exportaes do pas.
As categorias que contriburam positivamente para a elevao da
elastici-dade-renda ponderada das exportaes no perodo foram:
Produtos de petrleo refinado e outros combustveis (133%); Agrcolas
(85%); Outros produtos minerais no metlicos (25%); Construo e
reparao naval (9%); Alimentos, bebidas e tabaco (2%); Equipamentos
para ferrovia e material de transporte (1%); Farmacutica (0,41%);
Objetos de arte, etc. (0,11%). Em termos setoriais, o setor de
mdia/baixa tecnologia foi o principal responsvel pelo aumento da
elasticidade-renda ponderada de 2000 para 2008, contribuindo com
142%, e impulsionado principalmente pelo desempenho das categorias
Produtos de petrleo refinado e outros combustveis e Outros produtos
minerais no metli-cos. Isso demonstra que o peso aumentou em favor
do padro de especializao j existente em 2000 (principalmente do
setor agropecurio e das indstrias de mdia/baixa tecnologia),
mudando muito pouco a estrutura produtiva do pas neste perodo de
oito anos.
No caso da elasticidade-renda ponderada das importaes (Tabela
4), os se-tores que mais contriburam negativamente para o aumento
na sua elasticidade,
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abr./jun. 2012 155
Padro de especializao no comrcio exterior, tecnologia e
crescimento econmico do Brasil
Tabela 3.- Participao setorial na elasticidade-renda ponderada
das exportaes 2000 e 2008.
SetoresElast.pond.2000
Contrib.elast. pond.
2000 (%)
Elast.pond.2008
Contrib,elast. pond.
2008 (%)
Difer.elast.pond.
Contrib. para as difer.
Indstria de alta tecnologia 0,58 15,37 0,37 8,84 -0,22
-59,93Aeronutica e aeroespacial 0,02 0,45 0,01 0,24 -0,01
-1,91Farmacutica 0,02 0,45 0,02 0,45 0,00 0,41Material de escritrio
e Informtica. Equipamento de rdio, TV e comunicao
0,48 12,78 0,30 7,36 -0,18 -49,65
Instrumentos mdicos 0,06 1,69 0,03 0,78 -0,03 -8,77Indstria de
mdia-alta tecnologia 0,73 19,40 0,64 15,36 -0,10 -27,14
Veculos automotores, reboques e semi-reboques 0,35 9,17 0,31
7,57 -0,03 -9,27
Produtos qumicos, exceto farmacuticos 0,14 3,65 0,11 2,69 -0,03
-7,38
Equipamentos para ferrovia e material de transporte 0,01 0,14
0,01 0,23 0,00 1,18
Mquinas e equipamentos mecnicos 0,24 6,44 0,20 4,87 -0,04
-11,66
Indstria de mdia/baixa tecnologia 1,07 28,23 1,58 38,11 0,51
142,17
Construo e reparao naval 0,00 0,01 0,03 0,76 0,03 8,63Borracha e
produtos plsticos 0,19 5,05 0,15 3,63 -0,04 -11,31Produtos de
petrleo refinado e outros combustveis 0,14 3,67 0,62 14,91 0,48
133,31
Outros produtos minerais no metlicos 0,26 6,85 0,35 8,38 0,09
24,54
Produtos metlicos 0,48 12,66 0,43 10,43 -0,05 -12,99Indstria de
baixa tecnologia 0,79 20,87 0,65 15,58 -0,14 -40,12Produtos
manufaturados e bens reciclados 0,03 0,74 0,02 0,48 -0,01 -2,18
Madeiras e seus produtos, papel e celulose 0,17 4,55 0,10 2,41
-0,07 -20,12
Alimentos, bebidas e tabaco 0,45 12,01 0,46 11,10 0,01
1,52Txteis, couro e calados 0,13 3,57 0,07 1,58 -0,07
-19,34Produtos no industriais 0,61 16,13 0,92 22,11 0,31
85,01Agrcolas 0,61 16,13 0,91 22,09 0,30 84,90Objetos de arte,..
0,00 0,00 0,00 0,01 0,00 0,11Transaes especiais 0,00 0,00 0,00 0,00
0,00 0,00Elasticidade Mdia 3,78 - 4,14 - 0,36 -
Fonte: Resultados da pesquisa.
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Tabela 4.- Participao setorial na elasticidade-renda ponderada
das importaes 2000 e 2008.
SetoresElast.pond.2000
Contrib.elast. pond.
2000 (%)
Elast.pond.2008
Contrib,elast. pond.
2008 (%)
Difer.elast.pond.
Contrib.. para as difer.
Indstria de alta tecnologia 0,54 24,16 0,45 19,31 -0,09
-87,99Aeronutica e aeroespacial 0,08 3,49 0,07 3,17 0,00
-3,84Farmacutica 0,10 4,69 0,10 4,45 0,00 -0,80Material de
escritrio e Informtica. Equipamento de rdio, TV e comunicao
0,28 12,58 0,19 8,36 -0,09 -84,95
Instrumentos mdicos 0,08 3,40 0,08 3,32 0,00 1,60Indstria de
mdia/alta tecnologia 0,81 36,60 0,85 36,80 0,04 41,33
Veculos automotores, reboques e semi-reboques 0,26 11,63 0,29
12,34 0,03 27,90
Produtos qumicos, exceto farmacuticos 0,25 11,15 0,28 12,05 0,03
32,06
Equipamentos para ferrovia e material de transporte 0,01 0,64
0,02 0,86 0,01 5,90
Mquinas e equipamentos mecnicos 0,29 13,18 0,27 11,55 -0,02
-24,52
Indstria de mdia/baixa tecnologia 0,67 30,11 0,87 37,43 0,20
199,33
Construo e reparao naval 0,00 0,05 0,00 0,07 0,00 0,39Borracha e
produtos plsticos 0,11 5,19 0,12 5,16 0,00 4,55Produtos de petrleo
refinado e outros combustveis 0,43 19,23 0,56 24,25 0,14 135,12
Outros produtos minerais no metlicos 0,04 1,86 0,06 2,40 0,01
14,31
Produtos metlicos 0,08 3,78 0,13 5,56 0,05 44,97Indstria de
baixa tecnologia 0,17 7,78 0,13 5,71 -0,04 -40,01Produtos
manufaturados e bens reciclados 0,02 0,71 0,02 0,65 0,00 -0,70
Madeiras e seus produtos, papel e celulose 0,06 2,77 0,04 1,60
-0,02 -24,26
Alimentos, bebidas e tabaco 0,03 1,26 0,03 1,12 0,00
-1,83Txteis, couro e calados 0,07 3,05 0,05 2,35 -0,01
-13,23Produtos no industriais 0,03 1,35 0,02 0,74 -0,01
-12,66Agrcolas 0,03 1,35 0,02 0,74 -0,01 -12,66Objetos de arte,..
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Transaes especiais 0,00 0,00 0,00 0,00
0,00 0,00Elasticidade Mdia 2,21 - 2.32 - 0,100 -
Fonte: Dados da pesquisa.
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Padro de especializao no comrcio exterior, tecnologia e
crescimento econmico do Brasil
entre 2000 e 2008, foram o de alta tecnologia (-88%), seguido
dos setores de baixa tecnologia (-40%) e dos produtos no
industriais (-13%). Desta forma, o peso das importaes dos produtos
de alta tecnologia diminuiu neste perodo, enfatizando que a
indstria de Material de escritrio e Informtica, Equipamento de
rdio, TV e comunicao foi a que mais colaborou para esse efeito
negativo (85%).
Em resumo, os resultados indicam que o padro de especializao do
Brasil no comrcio internacional no se alterou no perodo de 2000 a
2008, sendo que o mesmo pautado principalmente pelos produtos da
agropecuria e de mdia/baixa e baixa tecnologia, no caso das
exportaes, e nos produtos de alta e mdia/alta tecnologia, no caso
das importaes. Desse modo, esse padro de especiali-zao executado
pelo pas coaduna com o critrio ricardiano, parcialmente com o
kaldoriano, mas no com o critrio schumpeteriano, tendo em vista o
fraco desempenho dos setores de alta tecnologia.
5. Lei de Thirlwall Multissetorial: anlise descritiva e validao
das estimativas
Na seo anterior, analisou-se a composio da pauta comercial
brasileira, assim como estimaram-se as elasticidades-renda das
exportaes e das impor-taes. Esses dados foram utilizados para
estimar a taxa de crescimento mdia do PIB e do PIB per capita do
Brasil no perodo de 2000 a 2008, conforme os preceitos da Lei de
Thirlwall Multissetorial (LTMS). A seguir, essas estimativas so
confrontadas com as taxas de crescimento efetivas do PIB e do PIB
per capita do Brasil no mesmo perodo (2000 a 2008). Com isso,
possvel determinar se o crescimento econmico brasileiro foi
restrito pelo balano de pagamentos. Na subseo 5.1 descrevem-se os
critrios utilizados para a validao da LTMS; em seguida, na subseo
5.2 testa-se a validade da LTMS para o caso brasileiro.
5.1 Critrios de validao da LTMS
Conforme visto na seo 2.1, a taxa de crescimento da renda per
capita esti-mada pela LTMS dada pela multiplicao da taxa de
crescimento da renda per capita mundial pela razo das
elasticidades-renda ponderadas das exportaes e importaes (equao 4).
Para validar se o crescimento da economia brasileira no perodo de
2000-2008 foi restrito pelo balano de pagamentos, utilizam-se duas
metodologias de validao.
Inicialmente, com os dados reais do PIB per capita do Brasil (em
dlares) calcula-se a taxa de crescimento mdia do perodo. Em
seguida, compara-se a taxa de crescimento efetiva com a taxa de
crescimento estimada pela LTMS por meio de teste t de Student de
contraste de mdias. Nesse caso, determina--se o valor do teste t
(7) e ele comparado ao valor crtico com n-1 graus de liberdade e
nvel de significncia de 5%. A hiptese nula do teste a de que a taxa
de crescimento do PIB per capita, estimada pela LTMS, no distinta
da taxa efetiva do perodo.
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(7)
onde _X a mdia do crescimento do PIB per capita efetivo; S o seu
desvio-
-padro; n o tamanho da amostra; a taxa estimada pela LTMS.O
segundo mtodo de validao a tcnica de McGregor e Swales (1985),
via a estratgia do teste de regresso. Nesse caso, primeiramente,
regride-se a taxa de crescimento do PIB per capita efetivo contra a
taxa de crescimento estimada, verificando-se, na sequncia, se
possvel rejeitar a hiptese nula de que a declividade e o intercepto
da reta de regresso so iguais a 1 e a 0, respectivamente, pelo
teste F de restries conjuntas. Para a construo da srie da taxa de
crescimento estimada, obteve-se a taxa de crescimento anual do PIB
per capita mundial e multiplicou-se pela razo das
elasticidades-renda ponderadas das exportaes e importaes do pas,
gerando-se assim uma taxa de crescimento anual estimada pela
LTMS.
Ressalte-se que, alm de ter sido feita uma estimativa da taxa de
cresci-mento do PIB per capita, calculou-se tambm a taxa de
crescimento do PIB do Brasil via LTMS, sendo executados os mesmos
procedimentos de validao anteriormente descritos.
5.2 Anlise de validao da LTMS
O crescimento mdio do PIB para o perodo 2000 a 2008 foi igual a
6,41% a.a., enquanto que o estimado pela LTMS foi de 6,55% a.a..
Neste sentido, verifica-se que a taxa de crescimento obtida via
LTMS foi muito prxima efetiva, superestimando-a em apenas 0,14%. J
para o PIB per capita, a taxa de crescimento efetiva (mdia) no
perodo analisado foi de 5,10% a.a., enquanto que a taxa de
crescimento estimada pela LTMS foi de 5,19% a.a. Assim, o erro de
estimao do modelo foi relativamente pequeno, apenas - 0,09%.
Com o objetivo de validar as estimativas da LTMS, comparou-se a
taxa de crescimento prevista pelo modelo e as taxas de crescimento
do PIB e do PIB per capita efetivas por meio da prova t de Student
de contraste entre duas mdias. Como o valor do teste t encontrado
tanto para o PIB quanto para o PIB per ca-pita foram menores que o
seu valor crtico (1,89), com n-1 graus de liberdade, e nvel de
significncia de 5%, no se pode rejeitar a hiptese de que a taxa de
crescimento do PIB e a taxa de crescimento do PIB per capita
estimadas pela LTMS so semelhantes s taxas efetivas do perodo
(Tabela 5).
Alm da prova t de Student, utilizou-se um teste mais formal de
valida-o, aplicando-se a metodologia de McGregor e Swales (1985).
Nesse caso, regrediu-se primeiramente a taxa de crescimento do PIB
efetivo contra a taxa de crescimento estimada, verificando-se, na
sequncia, se possvel rejeitar a hiptese nula de que a declividade e
o intercepto da reta de regresso so iguais
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Padro de especializao no comrcio exterior, tecnologia e
crescimento econmico do Brasil
Tabela 5.- Taxas de crescimento do PIB e do PIB per capita: Lei
de Thirlwall Multissetorial (LTMS) e efetiva 2000 a 2008.
Taxa de crescimentoCrescimento mdio
do PIB2000-2008 (%)
Crescimento mdio do PIB per capita
2000-2008 (%)Efetiva 6,41 5,10LTMS 6,55 5,19Erro -0,14
-0,09Estatstica t de Student -0,18 -0,10
Fonte: Resultado da pesquisa.
a 1 e a 0, respectivamente. Esse processo tambm foi aplicado ao
PIB per capita. Em ambos os casos, conforme o teste F de restries
conjuntas, no possvel rejeitar a hiptese nula (Tabela 6).
Dessa forma, tanto por meio de teste t de Student quanto pela
metodologia de McGregor e Swales (1985) no possvel rejeitar a
hiptese de que a taxa de crescimento da economia brasileira no
perodo de 2000 a 2008 compatvel com a LTMS.
Tabela 6.- Teste de regresso de validade da LTMS (conforme a
metodologia de McGregor e Swales (1985)).
Varivel independenteVarivel dependente
Crescimento PIB
Crescimento PIB per capita
LTMS 0,842(2,86)*0,851
(2,72)*
Constante 0,0089(0,44)0,0069(0,39)
R2 0,54 0,55Teste de regresso: inclinao igual a 1 e intercepto
igual a zero 0,84
+ 0,89+
Fonte: Resultado da pesquisa.Nota: Estatstica t de Student entre
parnteses. * Significativo a 5%. + p-valor da estatstica F.
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Alex Sander Souza do Carmo, Hermes Yukio Higachi e Augusta
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6. Consideraes finais
No presente trabalho buscou-se mostrar que existe uma conexo
entre o padro de especializao da economia brasileira no comrcio
exterior, o nvel tecnolgico e o crescimento econmico.
Primeiramente, analisou-se o peso dos setores industriais na
pauta de exportaes e importaes do Brasil no perodo de 2000 a 2008.
Nesse caso, verificou-se que as exportaes concentram-se nos setores
de mdia/baixa e baixa tecnologia, ao passo que as importaes
concentram-se nos setores de mdia/alta e mdia/baixa e alta
tecnologia.
Em seguida, estimaram-se as elasticidades-renda das exportaes e
impor-taes, tendo sido identificado que as mesmas possuem relao
positiva com o nvel de intensidade tecnolgica da indstria. Nessa
situao, os setores de alta intensidade tecnolgica apresentaram, em
mdia, maiores elasticidades-renda da demanda por exportaes e
importaes do que todos os demais setores in-dustriais, inclusive da
agropecuria, com exceo apenas da indstria de mdia/baixa tecnologia
no que se refere a importaes.
Posteriormente, combinando-se essas informaes com os pesos dos
setores na pauta comercial, estimaram-se as elasticidades-renda das
exportaes e das importaes ponderadas. Quanto evoluo das
elasticidades-renda pondera-das das exportaes, observou-se que a
indstria de mdia/baixa tecnologia foi a principal responsvel pelo
seu aumento de 2000 para 2008, contribuindo com 142%. Isso
demonstra que o peso est aumentando em favor do padro de
especializao j existente em 2000 (principalmente do setor
agropecurio e das indstrias de mdia/baixa tecnologia), mudando
muito pouco a estrutura produtiva do pas neste perodo de oito
anos.
Por sua vez, na evoluo das elasticidades-renda ponderadas das
importa-es, os setores agrupados por intensidade tecnolgica que
mais contriburam negativamente para o aumento na sua elasticidade
entre 2000 e 2008, foram a indstria de alta tecnologia (-88%),
seguida da indstria de baixa tecnologia (-40%) e dos produtos no
industriais (-13%). Desta forma, o peso das impor-taes dos produtos
de alta tecnologia diminuiu neste perodo, enfatizando-se que o
setor Material de escritrio e Informtica, Equipamento de rdio, TV e
comunicao foi o que mais colaborou para esse efeito negativo
(85%).
Os resultados obtidos no presente trabalho indicam que o padro
de especia-lizao da economia brasileira no comrcio exterior, ao
explorar as vantagens comparativas como recursos naturais e
mo-de-obra de baixo custo, est de acordo com o critrio ricardiano,
porm vai de encontro com os critrios key-nesiano e schumpeteriano,
tendo em vista que os setores de alta intensidade tecnolgica, que
possuem a maior elasticidade-renda da demanda e o maior potencial
de aprendizado tecnolgico, possuem pequena participao na pauta de
exportaes do Brasil.
Por fim, testou-se a hiptese de que o crescimento da economia
brasileira no perodo de 2000 a 2008 condizente com a LTMS. No
presente trabalho,
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Padro de especializao no comrcio exterior, tecnologia e
crescimento econmico do Brasil
utilizaram-se como critrios de validao da LTMS o teste t de
Student e a me-todologia de McGregor e Swales (1985). Os resultados
obtidos, considerando-se os dois critrios utilizados, confirmam que
a taxa de crescimento da economia brasileira no perodo de 2000 a
2008 condizente com a LTMS.
Assim, como o crescimento do Brasil restrito pelo Balano de
Pagamen-tos, e como em termos de indstrias a de alta tecnologia foi
a que apresentou a maior elasticidade-renda ponderada da exportao,
seguida da indstria de mdia/alta tecnologia, o crescimento do pas a
taxas mais elevadas poderia ser induzido diretamente via fomento
dos setores mais intensivos em tecnologia.
No caso da agropecuria, que apresentou elevada
elasticidade-renda pondera-da das exportaes e peso significativo
nas exportaes totais do pas, conforme Vicente et al. (2003), a
intensidade no uso de insumos modernos substitutos da terra, como
agrotxicos e fertilizantes, afeta positivamente a produtividade
total dos fatores. Como esses produtos fazem parte dos setores de
alta e mdia/alta tecnologia, polticas voltadas para o fomento
desses setores poderiam conduzir a um crescimento mais dinmico da
economia, tendo em vista que tais indstrias tambm poderiam afetar a
produtividade da agricultura brasileira, por meio da produo e
inovao de insumos modernos substitutos da terra, o que elevaria a
produo e a exportao dos produtos da agropecuria, induzindo
indiretamente o crescimento econmico do pas.
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Padro de especializao no comrcio exterior, tecnologia e
crescimento econmico do Brasil
Apndice 1.- Classificao das categorias em setores e em nveis
tecnolgicos (NT).
NT Setores Categorias
Ind.
de
alta
tec.
Aeronutica e aeroespacial
Aeronaves e outros aparelhos areos, etc. e suas partes
Farmacutica Produtos farmacuticosMaterial de
escritrio...equipam. de rdio, TV e comunicao
Mquinas, aparelhos e material eltricos,suas partes,etc.
Instrumentos mdicos de tica e preciso
Instrumentos e aparelhos de ptica, fotografia, etc. Relgios e
aparelhos semelhantes, e suas partes
Ind.
de
md
ia-a
lta te
cn.
Veculos automotores, reboques e semi-reboques
Veculos automveis, tratores, etc. suas partes/acessrios
Produtos qumicos, exceto farmacuticos
Produtos qumicos inorgnicos, etc. Produtos qumicos orgnicos.
Adubos ou fertilizantes. Extratos tanantes e tintoriais, taninos e
derivados, etc. leos essenciais e resinoides, prods. de perfumaria,
etc. Sabes, agentes orgnicos de superfcie, etc. Matrias
albuminides, produtos a base de amidos, etc. Plvoras e
explosivos,artigos de pirotecnia, etc. Prod. para fotografia e
cinematografia. Produtos diversos das ind. qum.
Equipam. para ferrovia e material de transporte
Veculos e material para vias frreas, semelhantes, etc.
Mquinas e equipamentos mecnicos
Armas e munies, suas partes e acessrios. Reatores nucleares,
caldeiras, mquinas, etc., mecnicos.
Ind.
de
md
ia-b
aixa
tec.
Construo e repar. Naval Embarcaes e estruturas
flutuantesBorracha e prod. plsticos Plsticos e suas obras. Borracha
e suas obrasProdutos de petrleo ref. e outros combustveis
Combustveis minerais, leos minerais, etc. ceras minerais
Outros produtos minerais no metlicos
Obras de pedra, gesso, cimento, amianto, mica, etc. Produtos
cermicos. Vidro e suas obras. Sal, enxofre, terras e pedras, gesso,
cal e cimento. Minrios, escrias e cinzas
Produtos metlicos
Ferro fundido, ferro e ao. Obras de ferro fundido, ferro ou ao.
Cobre e suas obras. Nquel e suas obras. Alumnio e suas obras.
Chumbo e suas obras. Zinco e suas obras. Estanho e suas obras.
Outros metais comuns, ceramais, obras dessas matrias. Ferramentas,
artefatos de cutelaria, etc. de metais comuns. Obras diversas de
metais comuns.
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Ind
stri
a de
bai
xa te
cnol
ogia
Produtos manufaturados e bens reciclados
Brinquedos, jogos, artigos p/ divertimento, esportes, etc. Obras
diversas. Instrumentos musicais, suas partes e acessrios. Prolas
naturais ou cultivadas, pedras preciosas, etc. Chapus e artefatos
de uso semelhante,e suas partes. Guarda-chuvas, sombrinhas,
guarda-sis, bengalas, etc. Penas e penugem preparadas, e suas
obras, etc.
Madeiras e seus produtos, papel e celulose
Mveis, mobilirio mdico-cirurgio, colches, etc. Madeira, carvo
vegetal e obras de madeira. Cortia e suas obras. Obras de
espartaria ou de cestaria. Pastas de madeira ou matrias fibrosas
celulsicas, etc. Papel e carto, obras de pasta de celulose, de
papel, etc. Livros, jornais, gravuras, outros produtos grficos,
etc.
Alimentos, bebidas e tabaco
Gorduras, leos e ceras animais ou vegetais, etc. Preparaes de
carne, de peixes ou de crustceos, etc. Acares e produtos de
confeitaria. Cacau e suas preparaes. Preparaes a base de cereais,
farinhas, amidos, etc. Preparaes de produtos hortcolas, de frutas,
etc. Preparaes alimentcias diversas. Bebidas, lquidos alcolicos e
vinagres. Resduos e desperdcios das indstrias alimentares, etc.
Fumo (tabaco) e seus sucedneos manufaturados. Produtos da indstria
de moagem, malte, amidos, etc.
Txteis, couro e calados
Seda. L, pelos finos ou grosseiros, fios e tecidos de crina.
Algodo. Outras fibras txteis vegetais, fios de papel,etc.
Filamentos sintticos ou artificiais. Fibras sintticas ou
artificiais descontnuas. Pastas, feltros e falsos tecidos, etc.
Tapetes, outros revestimentos p/ pavimentos de matrias txteis.
Tecidos especiais, tecidos tufados, rendas, tapearias, etc. Tecidos
impregnados, revestidos, recobertos, etc. Tecidos de malha.
Vesturio e seus acessrios, de malha. Vesturio e seus acessrios,
exceto de malha. Outros artefatos txteis. Confeccionados, sortidos,
etc. Calcados, polainas e artefatos semelhantes, e suas partes.
Peles, exceto a peleteria (peles com pelo), e couros. Obras de
couro, artigos de correeiro ou de seleiro, etc. Peleteria (peles
com pelo), suas obras, peleteria artificial.
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Padro de especializao no comrcio exterior, tecnologia e
crescimento econmico do Brasil
Prod
. no
indu
st.
Produtos da agropecuria
Animais vivos. Carnes e miudezas, comestveis. Peixes e
crustceos, moluscos e outros invertebrados aquticos. Leite e
laticnios, ovos de aves, mel natural, etc. Outros produtos de
origem animal. Plantas vivas e produtos de floricultura. Produtos
hortcolas, plantas, razes, etc. comestveis. Frutas, cascas de
ctricos e de meles. Caf, ch, mate e especiarias. Cereais. Sementes
e frutos. Oleaginosos, gros, sementes, etc. Gomas, resinas e outros
sucos e extratos vegetais. Outros produtos de origem vegetal.
Objetos de arte.... Objetos de arte, de coleo e
antiguidadesTransaes especiais Transaes especiais
Fonte: Furtado e Carvalho (2005), adaptado pelos autores.
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Apndice 2.- ndice da taxa de cmbio efetiva mdia: Brasil - 2000 a
2008 (1994=100).
Fonte: IPEADATA.