04. Caracterização Física
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A . I n t r o d u ç ã o
A caracterização e compreensão do sistema biofísico, e das questões ambientais, é indiscutivelmente
essencial para o ordenamento, apesar de se assistir, frequentemente, a um efectivo desprezo pelas
características físicas, biológicas e humanas do território.
Actualmente é reconhecido que, tanto os problemas, como as potencialidades de um dado território,
mesmo só considerados nas suas linhas fundamentais, desempenham um papel fundamental na
orientação dos processos de ordenamento e de desenvolvimento.
No âmbito do ordenamento do território, o que se pretende é chegar tão perto quanto possível do
óptimo, quanto ao uso global do espaço (e não simplesmente de algumas das suas parcelas e
segundo objectivos sectoriais), pelo que se procura atingir uma conjugação sinérgica de usos e
funções, tanto no espaço como também no tempo, sendo impossível propor uma distribuição
optimizada de usos e funções num determinado espaço, e para um dado tempo, sem se conhecer e
compreender as suas características.
Na perspectiva que se adopta neste trabalho, o processo em curso de planeamento e ordenamento
de território visa organizar a distribuição dos usos e funções no espaço, como contributo para um
desenvolvimento harmonioso. Tal desenvolvimento, que deverá resultar da utilização racional e
sustentável dos recursos naturais e humanos presentes, bem como da conservação dos valores
permanentes do território, é o que se traduz num progresso conjunto e harmonioso das várias
actividades, permitindo não só a mera sobrevivência e segurança mas também a efectiva qualidade
de vida das comunidades ligadas aos diferentes espaços territoriais.
Tendo em vista tal finalidade, só considerando conjunta e equilibradamente as várias componentes
do território, é que o processo de ordenamento poderá actuar pela positiva – as propostas de
distribuição no espaço e no tempo de usos e funções resultarão essencialmente das aptidões,
capacidades e potencialidades, e não só da falta de restrições ou da não aptidão para outras
utilizações.
O que se pretende é, na realidade, atingir um conhecimento do sistema biofísico e da utilização que
dele fazem as comunidades humanas. Não se trata propriamente de uma classificação ou uma
avaliação, mas sim de uma caracterização capaz de ser confrontada com o conjunto de usos e
funções do território úteis às comunidades.
É, no entanto, forçoso reconhecer que esta caracterização do sistema biofísico será sempre
imperfeita, pois trata-se de um sistema muitíssimo complexo sobre o qual só se possuem
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conhecimentos parcelares, mas também que esses conhecimentos são crescentes e permitem
sustentar opções ponderadas quanto à utilização do território.
Desta forma, a caracterização do sistema biofísico com vista ao ordenamento do território constitui-se
como um momento essencial a todo e qualquer estudo de ordenamento territorial.
Com a realização da presente caracterização biofísica, no âmbito do presente processo de revisão do
Plano Director Municipal de Monção, entende-se que esta desempenhará uma forte contribuição na
divulgação de problemas e oportunidades que se encontrem eventualmente encobertos, mas que são
essenciais ao desenvolvimento harmonioso das comunidades humanas instaladas no território, assim
como permitirá induzir uma melhoria substancial das decisões acerca da utilização do espaço, quer
as relativas à sua gestão corrente como, principalmente, às que envolvem opções de ordenamento a
médio e longo prazo.
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B . M e t o d o l o g i a
Considerando que um correcto ordenamento exige, entre outras condições, uma caracterização e
compreensão do território, e reconhecendo que se está ainda muito longe de um entendimento
perfeito do sistema ambiental (quer em termos sectoriais como, principalmente, em termos globais),
admite-se todavia que os conhecimentos actuais são mais do que suficientes para fundamentar
opções razoáveis quanto à utilização do espaço.
O pretender-se caracterizar e compreender o sistema biofísico, e não só os seus componentes, por
muito importantes que eles sejam para todo o processo de tomada de decisões, com vista ao
ordenamento de um qualquer território, tem consideráveis implicações na escolha de informação a
recolher e no seu posterior tratamento.
O problema principal que se coloca ao iniciar-se a caracterização do sistema biofísico, e das
questões ambientais, pode resumir-se em duas simples perguntas:
que informação recolher?
que tipo de tratamento preliminar terá que sofrer esta informação para ser utilizável no
processo de ordenamento?
Responder à primeira questão parece simples, se se afirmar que é a informação que de forma
directa, ou indirecta, condiciona significativamente os usos e funções do território. É, no entanto, uma
indicação vaga, sendo difícil de determinar as características que deverão condicionar, pela positiva e
pela negativa, a utilização do espaço.
Numa perspectiva semelhante poderá afirmar-se que a informação a recolher acerca do sistema
biofísico será aquela que capacite os responsáveis pela tomada de decisões, em qualquer nível, a
promoverem uma melhor utilização do território. Tal afirmação genérica continua, no entanto, a não
definir qualquer tipo de limites para obtenção de informação, limites esses que estão evidentemente
relacionados com prazos e custos.
Acresce que importa ainda apontar a evidente dificuldade em exprimir e transmitir a caracterização de
um qualquer território. Este facto, aliado à necessidade de um tempo de amadurecimento para se
atingir uma aceitável compreensão desse território, condiciona substancialmente as abordagens
metodológicas a adoptar, bem como os parâmetros a estudar nelas contemplados.
Na presente caracterização biofísica, adoptam-se, em teoria, duas abordagens que se entendem
simultâneas e complementares: uma abordagem global e uma abordagem ‘essencialmente’ analítica.
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Pretende-se com a abordagem global ao sistema biofísico, uma contribuição para a sua
caracterização e compreensão global, cuja primeira aproximação à unidade territorial será obtida a
partir de informação disponível, nomeadamente cartografia variada, estudos anteriores (incluindo
obviamente a anterior edição do Plano Director Municipal) e monografias diversas; e também de
reconhecimentos de campo, sem o carácter de levantamento rigoroso, mas sim de percepção
integrada do território.
Com base nesta informação pretende-se uma aproximação às correlações entre os componentes do
sistema, à identificação da acção diferençada dos diversos factores, ao reconhecimento e
caracterização de unidades significativas e hierarquicamente estruturadas.
Contemplando também uma abordagem ‘essencialmente’ analítica, não se nega que esteja presente
simultaneamente a perspectiva sistémica, pois reconhece-se que a análise a desenvolver para cada
um dos vários atributos do território deve considerar as múltiplas inter-relações existentes, contribuído
portanto para entender o conjunto.
Relativamente à caracterização biofísica, são então, consideradas componentes biofísicas e sócio-
económicas, através da contemplação dos seguintes parâmetros: geologia, clima, relevo, água, solo,
vegetação, e usos funções do território.
Em relação a cada um dos parâmetros de caracterização do território considerados (envolvendo
recursos, riscos, processos, valores, etc.), dão-se, entretanto, indicações, tanto quanto possível,
quanto:
À justificação da consideração do parâmetro, o seu interesse para o processo de ordenamento
do território, mencionando o significado que tem para os responsáveis e outros participantes no
processo, e nas decisões do ordenamento.
Às fontes dos dados e respectivas limitações.
Aos critérios seguidos na transformação dos dados de base.
À descrição da área em estudo relativamente ao parâmetro em questão: quantidades,
qualidades, localização, evolução no tempo, comparação com outras áreas, etc.
À identificação e caracterização de interacções com outros parâmetros.
À contribuição de cada parâmetro, isolado e interactuando com outros.
Etc.
Entretanto, no que respeita à caracterização biofísica, muitos parâmetros de análise referem-se a
elementos cuja evolução e transformação são diminutas, ou até mesmo negligenciáveis, atendendo à
relatividade da escala temporal homem-natureza! Por exemplo, as características geológicas de um
dado território evoluem em milhares / milhões de anos, e são praticamente imutáveis no tempo de
vida humana!
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Sendo assim, no lapso temporal que decorreu entre o anterior Plano Director Municipal e o que se
encontra agora em elaboração, muito do que então se definiu, continua ainda válido! Ou seja, no
anterior PDM foi já feito um considerável esforço no tratamento de dados de base, transformando-os
em informação útil no processo de planeamento em questão, pelo que seria incomportável proceder a
novos trabalhos conducentes à obtenção da mesma informação, e até “absurdo” omitir esses
mesmos dados no presente trabalho! Desta forma, na presente caracterização, socorre-se à
caracterização efectuada no anterior PDM, sempre que tal se justifique útil e consentâneo com a
metodologia de trabalho adoptada.
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C . L o c a l i z a ç ã o
O Concelho de Monção situa-se no limite Norte do País, inserindo-se numa região relativamente
reduzida em termos de área territorial, o Alto Minho. Estabelece fronteira com Espanha, através do
Rio Minho, e confina com os Concelhos de Arcos de Valdevez, Melgaço, Paredes de Coura, e
Valença. Pertence, para fins administrativos e estatísticos, à Região Norte de Portugal, pertencendo
ao distrito de Viana do Castelo, enquadrando-se na sub-região Minho-Lima, compreendendo 33
freguesias, e apresentando uma superfície de cerca de 203 km2.
Figura 4.1. Enquadramento do Concelho de Monção em Portugal Continental, na Região Norte e na Sub - Região de Minho - Lima.
Região Norte Região Centro Região Lisboa e Vale do Tejo Região Alentejo Região Algarve Sub-Região Minho-Lima Concelho de Monção
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D . R e l e v o
O relevo é um factor essencial na definição de unidades territoriais com vista ao ordenamento, e é
importante o contributo directo e indirecto das características do relevo para determinar aptidões,
capacidades e potencialidades para todas as utilizações e funções úteis ao homem.
Relativamente ao Concelho de Monção, o nível altimétrico
varia entre as zonas da várzea e terrenos fluviais junto ao
Rio Minho, e a zona de montanha onde atinge a cota de
1114 m no limite Sudeste do Concelho (Santo António),
freguesia de Riba Mouro.
As principais elevações do Concelho são:
Bustavade 743 m
Chã de Éguas 751 m
Fonte Boa 925 m
Santo António 1114 m
Da análise da Figura 1.2, verifica-se que as variações do
relevo entre as áreas baixas do concelho, situadas abaixo
dos 100 metros de altitude, ocupam cerca de 20% do
território, igualando com as áreas montanhosas superiores a 500 m.
Figura 4.2. Carta Hipsométrica. Curvas de Nível.
Entre 1 e 100 m Entre 701 e 800 m Entre 101 e 200 m Entre 801 e 900 m Entre 201 e 300 m Entre 901 e 1000 m Entre 301 e 400 m Entre 1001 e 1100 m Entre 401 e 500 m Entre 1101 e 1200 m Entre 501 e 600 m Entre 1201 e 1300 m Entre 601 e 700 m Fonte: Comissão Nacional do Ambiente 1982. Instituto Hidrográfico 1982. Atlas do Ambiente. Direcção-Geral do Ambiente. Instituto do Ambiente.
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E . G e o l o g i a e S i s m i c i d a d e
A geologia, nos seus múltiplos aspectos, constitui um factor-chave para a compreensão de qualquer
território, pois corresponde ao que ele tem de mais permanente e determina outros importantes
atributos, tais como o relevo e o solo.
Os estudos geológicos fornecem indicações acerca de recursos e de riscos que, sendo significativos
na área em estudo, condicionam decisivamente alguns usos e funções do território. Porém, no âmbito
do ordenamento, Cancela d’Abreu (1989) refere que não se justifica desenvolver uma análise
exaustiva acerca da origem e evolução do relevo ao longo do tempo geológico, uma vez que os
processos geomorfológicos foram determinados num passado longínquo, tendo verdadeiro interesse
explicitar as unidades que reflectem aspectos morfológicos particulares.
E . 1 . U n i d a d e s G e o l ó g i c a s
O território do concelho de Monção localiza-se na parte central da zona centro-ibérica do maciço
antigo.
Pode considerar-se a existência de três unidades distintas correntes nesta região, tanto no que se
refere às suas características geológicas, como em relação às características hidrogeológicas, são
elas:
Complexo Xisto-Grauváquico
Rochas Ígneas (eruptivas de fácies granítico)
Depósitos Aluvionares e Terraços Fluviais
Praticamente toda a região entre o Douro e o Minho assenta sobre formações de origem granítica,
por vezes manifestamente evidentes pela presença de afloramentos rochosos. São igualmente
referenciadas manchas importantes de rochas xistosas.
O complexo de xistos e grauvaques, da Idade Câmbrica e Pré-Câmbrica, apresenta-se constituído,
na parte inferior, por terrenos cristalofinos (xistos luzentes passando a micaxistos quartzítcos com
intercalações de calcários metamórficos) e, na parte superior, por terrenos xisto-grauváquicos. Estes
terrenos constituem-se essencialmente em faixas de orientação Norte / Sul e / ou Noroeste / Sudeste.
As rochas eruptivas são, na sua maioria, provavelmente de Idade Hercínica, e terão surgido
associadas a esta orogenia. Assumem, no entanto, aspectos diferentes quanto à composição e à
textura. Pode-se considerar a mancha de rochas vulcânicas compostas essencialmente por granito
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calco-alcalino, por vezes alcalino, de duas micas, com prodominância de biotite, se não se tiver em
conta variações na classificação de índole petrológica.
Pontualmente surgem também rochas de composição grano-diorítica. Na sua grande maioria estes
granitos apresentam-se com tendência para a textura pegmatítica, variando a granolometria de
grosseira a fina. As manchas dominantes apresentam-se em rocha não porfiróide.
Na zona fluvial surgem depósitos aluvionares divididos em dois distintos: aluviões e depósitos de
terraços fluviais que se desenvolvem em diferentes espessuras.
As aluviões são da Idade Moderna consistindo essencialmente em terrenos areno-argilosos de
depósitos superficiais formando cascalheiras fluviais e argilas pouco espessas.
Nos terraços fluviais, da era do Quaternário, são formados essencialmente por cascalheiras com forte
componente argilosa ou por argilas mais ou menos consolidadas.
Os fenómenos de metamorfismo e magnetismo intenso a
que esta zona esteve sujeita, determinam a constituição
litológica actual.
O granlito é o principal componente, sendo predominante
alcalino e calco-alcalino ocorrendo também granitos
sicalinos de duas micas. Há que referir a ocorrência de
rochas sedimentares xisto-grauváquicas e séries
metamórficas derivadas. Figura 4.3. Carta Litológica. Complexos Litológicos.
Formações Sedimentares Formações Sedimentares e Metamórficas
Rochas Eruptivas Plutónicas Fonte: Estação Agronómica Nacional 1982. Instituto Hidrográfico, 1982. Atlas do Ambiente. Direcção-Geral do Ambiente. Instituto do Ambiente.
Na zona fluvial surgem depósitos aluvionares pouco
espessos, areias, cascalheiras e lodos, normalmente
pouco consolidados, constituindo as baixas aluvionares e
terraços fluviais.
E . 2 . S i s m i c i d a d e
A sismicidade de uma região refere-se à distribuição no espaço e no tempo das magnitudes dos
sismos que nela ocorrem.
Portugal, no contexto da tectónica de placas, situa-se na placa euro-asiática, limitada a sul pela falha
Açores-Gibraltar, a qual corresponde à fronteira entre as placas euro-asiática e africana e, a oeste
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pela falha dorsal do oceano Atlântico. O movimento das placas caracteriza-se pelo deslocamento
para norte da placa africana e pelo movimento divergente de direcção este-oeste na dorsal atlântica.
Os dados disponibilizados pelo Instituto de Meteorologia demonstram que a actividade sísmica do
território português resulta de fenómenos localizados na fronteira entre as placas euro-asiática e
africana (sismicidade interplaca) e de fenómenos localizados no interior da placa euro-asiática
(sismicidade intraplaca).
Em função do enquadramento geodinâmico regional do território continental português verifica-se que
a sismicidade, associada a falhas activas, apresenta dois casos distintos:
para sismos gerados no oceano (sismos interplacas) a sua sismicidade pode considerar-se
elevada. Os sismos apresentam magnitudes elevadas (M>6) e períodos de retorno de algumas
centenas de anos;
para sismos intraplaca a sismicidade é moderada passando a baixa nas zonas situadas no
norte de Portugal. Este facto não significa que nestas zonas não possam ocorrer sismos de
magnitudes significativas, mas que os seus períodos de retorno são da ordem dos milhares a
dezenas de milhares de ano.
Em Portugal, para além da região do Vale Inferior do Tejo, existem outras zonas de sismicidade
histórica importante: Loulé, Setúbal, Batalha-Alcobaça e Moncorvo.
A sismicidade pode ser expressa através da intensidade, que mede a grandeza de um sismo
qualitativamente, em função dos efeitos nas populações, construções e ambiente. A intensidade varia
com a distância ao epicentro, características geológicas e topográficas do terreno, e com as
estruturas edificadas.
Figura 4.4. Intensidade Sísmica (zonas de intensidade máxima). Valores da Intensidade Sísmica. Período (1901-1971).
Figura 4.5. Sismicidade Histórica. Isossistas de Intensidades Máximas. Escala de Mercalli Modificada.
Intensidade Máxima 5 Intensidade Máxima 6 Intensidade Máxima 6 Intensidade Máxima 7 Fonte: Estação Agronómica Nacional, 1974. Direcção-Geral dos Recursos Florestais / Instituto Hidrográfico, 1975. Atlas do Ambiente. Direcção-Geral do Ambiente. Instituto do Ambiente.
Fonte: Instituto de Meteorologia, 1996. Atlas do Ambiente. Direcção-Geral do Ambiente. Instituto do Ambiente.
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A carta das máximas intensidades observadas até à actualidade, permite concluir que o risco sísmico
no Continente é significativo. Entretanto, no que se refere ao Concelho de Monção, este encontra-se
numa zona de intensidade sísmica máxima de grau 5, que se estende ao longo do Litoral Norte e
penetra para o interior nos vales no Douro e Minho. Relativamente à sismicidade histórica, o
Concelho de Monção constitui precisamente uma zona cuja intensidade máxima verificada é de grau
7, quando na envolvente a intensidade máxima verificada é de grau inferior.
Desta forma, a sismicidade no território de Monção apresenta intensidades que variam entre:
Grau 5 (forte) – que é sentido fora de casa, sendo possível avaliar a direcção do movimento.
As pessoas são acordadas. Os líquidos oscilam e alguns extravasam. Pequenos objectos em
equilíbrio instável deslocam-se ou são derrubados. As portas oscilam, fecham-se ou abrem-se.
Os estores e quadros movem-se. Os pêndulos dos relógios param ou alteram o seu estado de
oscilação.
Grau 7 (muito forte), no qual é difícil permanecer de pé. Os objectos pendurados tremem. As
mobílias partem. As chaminés fracas partem ao nível do terço superior. Queda de reboco,
tijolos soltos, pedras, telhas, parapeitos soltos e ornamentos arquitectónicos. Há estragos
limitados em edifícios de boa construção, mas importantes e generalizados nas construções
mais fortes. Facilmente perceptível pelos condutores de automóveis. Desencadeia pânico geral
nas populações.
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F . Á g u a
Sendo a água um recurso escasso e, em simultâneo, fundamental a todas as formas de vida, é
essencial para o ordenamento do território conhecer a sua distribuição no espaço e no tempo, a sua
circulação e as características que apresenta.
A água é um factor chave para a caracterização e compreensão do território, e o seu estudo contribui
decisivamente quanto a opções de ordenamento, nomeadamente relativas à localização dos
estabelecimentos humanos em sítios seguros, que permitam o aproveitamento dos recursos
existentes sem os degradarem ou destruírem, aos processos de produção agrícola, florestal e
pecuária, bem como ao lazer e recreio ligado à água, e à protecção e promoção de valores naturais e
humanizados.
F . 1 . Á g u a s S u p e r f i c i a i s
Situado na margem esquerda do Rio Minho, e fazendo
parte da sua bacia hidrográfica, o Concelho de Monção
possui uma rede de drenagem dendrítica, pouco densa. A
drenagem verifica-se dominantemente nas direcções S / N
e E / O.
De realçar, pela sua posição mais marcante na área, o
Rio Mouro e o Rio Gadanha. Verifica-se ainda a
ocorrência de outras bacias hidrográficas de menor
dimensão.
Figura 4.6. Cursos de Água. Carta da Hidrografia Continental.
Cursos de Água Fonte: Direcção-Geral dos Recursos Naturais, 1989. Instituto Hidrográfico, 1989. Atlas do Ambiente. Direcção-Geral do Ambiente. Instituto do Ambiente.
Existem algumas linhas de água que se desenvolvem
noutros concelhos, como a Ribeira de Lara, que nasce no Concelho de Valença.
Quadro 4.1. Classificação Decimal, Área de Bacia e Comprimento da Linha de Água.
Curso de Água
Classificação Decimal
Área da Bacia km2
Comprimento km
Rio Minho 117,00 16 655,0 300,0
Ribeiro de Lara 117,19 6,7 7,0
Rio da Gadanha 117,21 80,9 17,5
Rio Mouro 117,25 141,0 32,0
Ribeiro de Sucraste 117,01 27,8 6,0
Fonte DGRAH (1981) in PLANESTRA.
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Figura 4.7. Bacias Hidrográficas. Carta da Hidrografia Continental.
Figura 4.8. Escoamento. Quantidade de Água na Rede Hidrográfica. Valores Médios Anuais (em mm).
Minho Entre 600 e 800 mm Lima Entre 800 e 1000 mm Fonte: Direcção-Geral dos Recursos Naturais, 1989. Instituto Hidrográfico, 1989. Atlas do Ambiente. Direcção-Geral do Ambiente. Instituto do Ambiente.
Entre 1000 e 1400 mm Entre 1400 e 1800 mm Entre 1800 e 2200 mm Fonte: Direcção-Geral dos Recursos Florestais, 1974. Instituto Hidrográfico, 1975. Atlas do Ambiente. Direcção-Geral do Ambiente. Instituto do Ambiente.
No Quadro 1, apresenta-se a classificação decimal dos principais cursos de água do concelho, bem
como a sua extensão e a área das respectivas bacias.
A quantidade de água na rede hidrográfica do Concelho de Monção apresenta uma gradação
sensivelmente em paralelo com o Rio Minho, sendo de 600 a 800 mm junto ao Minho até valores
entre os 1000 e 1400 mm no limite Sul do Concelho.
F . 2 . Á g u a s S u b t e r r â n e a s
As características hidrogeológicas definem-se através das condições litológicas, estruturais e
tectónicas associadas aos terrenos existentes ao nível geológico. O conhecimento deste grupo de
condicionantes da recarga e descarga de águas subterrâneas permite estabelecer um esboço de
mecanismo e circulação das referidas águas.
Interessa sobretudo conjugar as características físicas das formações geológicas e analisar o seu
comportamento em relação ao posicionamento dos aquíferos e aos seus processos de alimentação
através das águas pluviais, tendo ainda em conta o desenvolvimento morfológico e topográfico da
zona. De uma maneira geral, conjugam-se com as correntes hidrogeológicas os factores apontados
no Quadro 2.
A zona em estudo é essencialmente caracterizada por dois grandes grupos relativamente ao
substracto geológico. Por um lado a formação de xistos e por outro as formações aluvionares.
É essencialmente sobre estas duas formações que são detectadas ocorrências hidrogeológicas ao
nível da permeabilidade potencial e situação de aquíferos.
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Quadro 4.2. Ocorrências Hidrogeológicas.
Situação Geológica
Situação Fisiográfica
Ocorrência Hidrogeológica
Granitos - Aquíferos ligados a zonas de alteração - Aquíferos fissurados associados aos
sistemas de fractura do granito
Declives inferiores a 15% - Permeabilidade potencial por porosidade
- Intercalações quartzíticas
Xistos - Aquíferos nas zonas fissuradas - Impermeabilidade: alteração das rochas
metassedimentares
Vales mais encaixados e de zonas e declives acentuados
- Zonas impermeáveis ou muito pouco permeáveis (aquíferos superficiais)
- Zonas de permeabilidade (fissuração)
Aluviões - Formações sedimentares modernas de
textura franco-arenosa com considerável percentagem de cascalho quando sobre granitos
Situação marginal das principais linhas de água em
situação de várzea
- Zona de infiltração máxima (aquíferos profundos)
As formações do Complexo Grauváquico Xistoso apresentam algumas zonas de evidentes alterações
da sua litologia, que dão origem à existência de aquíferos, mais ou menos profundos, por
permeabilidade fisural, consoante a própria alteração da rocha.
As formações aluvionares, de idade recente, apresentam essencialmente uma natureza arenosa e
cascalhenta, assim como os terraços fluviais, que desta forma favorecem a infiltração de águas
pluviais, constituindo ‘zonas de máxima infiltração’.
Analisada genericamente a área em estudo, verificam-se ocorrências ao nível das características
hídricas que se apontam como prováveis áreas de maior permeabilidade do substracto geológico,
associadas à existência de inúmeros poços que rentabilizam a água de rega às culturas, indicando
uma riqueza hidrológica (ainda que apenas pontualmente) a considerar. Estes factores tornam-se
mais relevantes, como já foi dito anteriormente, em formações aluvionares em condições de elevada
permeabilidade potencial.
Do ponto de vista da produtividade dos aquíferos, o
Concelho de Monção enquadra-se numa área de
formações improdutivas, ou quase improdutivas (que
ocupam áreas enormes em Portugal), apresentando
produtividade de aquíferos de apenas 50 m3 / (dia km2).
Do ponto de vista da qualidade química das águas
subterrâneas, está-se perante águas de boa qualidade,
cujos valores mais frequentes de cloretos variam entre os
5 e 25 mg / l, e de sulfatos entre 0 e 5 mg / l.
Figura 4.9. Qualidade Química das Águas Subterrâneas. Teor de Cloretos. Valores Mais Frequentes em Cl-.
Entre 5 e 20 mg / l Entre 10 e 25 mg / l
Fonte: Direcção-Geral de Saneamento Básico, 1986. Instituto Hidrográfico, 1987. Atlas do Ambiente. Direcção-Geral do Ambiente. Instituto do Ambiente.
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G . S o l o s
O solo forma-se a uma taxa de 0,3 a 1,5 mm por ano e pode ser considerado, à escala humana,
como um recurso não renovável. O conhecimento dos solos ocorrentes num dado território é um dos
elementos fundamentais essenciais para fundamentar opções de distribuição de usos e funções,
particularmente os que envolvem qualquer tipo de produção agrícola, florestal, pastoril e suas
combinações, sendo também bastante importante quanto a quase todos os usos urbanos, industriais
e recreativos, bem como às funções de protecção, recuperação e regulação. Ou seja, impõe-se a sua
caracterização na sua dupla condição de recurso essencial à vida, e de suporte a estruturas e
infraestruturas.
A escassez de dados sobre as tipologias pedológicas
locais, apenas permite informar sobre as ocorrências
prováveis dos terrenos, tendo como base a caracterização
geológica, o conhecimento da região e alguns dados
gerais sobre recolhas de solos na zona.
Assim, poder-se-á inferir, com base no substracto
geológico da zona, que os solos a ele associados
surgiram a partir da decomposição e evolução
pedogenética de rochas xistosas e graníticas, com
predomínio das últimas, constituindo manchas de solos
ácidos com texturas e profundidades variáveis.
Figura 4.10. Solos. Unidades Pedológicas.
Cambissolos Rankers Fonte : Serviço de Reconhecimento e Ordenamento Agrário, 1971. Comissão Nacional do Ambiente – Instituto Hidrográfico, 1978. Atlas do Ambiente. Direcção-Geral do Ambiente. Instituto do Ambiente.
Nos vales, e em algumas encostas, surgem os solos escuros ricos em matéria orgânica, tipicamente
formados por processos de arrastamento e acumulação. Em contrapartida, a níveis altimétricos
superiores, em encostas de declive acentuado, surgem os solos esqueléticos, altamente erosinados.
A existência de unidades pedológicas da zona reflecte essencialmente a presença de dois grupos
fundamentais: Cambissolos Úmbricos Crómicos associados às rochas eruptivas e Cambissolos
Úmbricos Órticos associados a xistos, para além dos Aluviões e Solos de Baixa, resultantes da
sedimentação.
Os Cambissolos assumem enorme importância na região sendo praticamente dominantes. Os solos
incluídos nesta classe podem desenvolver-se a partir de materiais de rocha semelhante, embora
transportados à distância.
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Este transporte pode ser efectuado por solifluxão (acção da gravidade) ou por coluvinação (transporte
pelas águas de escorrimento superficial facilitado pela gravidade).
Nos Cambissolos Úmbricos Crómicos, incluem-se os seguintes sub-grupos:
Buxx1 – de xistos e rochas afins;
Buxx2 – de depósitos de vertentes em áreas de xistos ou rochas afins, frequentemente com
filões de rochas quartzíticas.
Nos Cambissolos Úmbricos Órticos, incluem-se os seguintes sub-grupos:
Boug1 – de granitos e rochas afins;
Boug2 – de depósitos de vertentes em áreas de granitos;
Boug3 – de coluviões de base de encostas ou de fundos de vales, em áreas de granitos.
Dada a origem geológica e a incidência do clima no
processo pedogenético, a generalidade dos solos
apresentam-se ácidos, pobres em fósforo, potássio
assimilável e cálcio, com um pH entre 4,6 e 5,5 - abaixo
do considerado óptimo para o crescimento da vegetação),
e que facilitam a lixiviação de nutrientes e xenobióticos
para as águas subterrâneas, afectando as suas
características físicas, químicas e biológicas.
Este facto deverá ser tomado em conta na selecção dos
sistemas culturais, quer em termos de escolha de cultivos,
quer, sobretudo, na correcção e fertilização dos solos,
para a manutenção dos níveis de fertilidade. Nos solos agrícolas o pH pode elevar-se recorrendo à
correcção mineral, contribuindo para a retenção de catiões, como os metais pesados, o alumínio, o
ferro, e outras moléculas orgânicas que compõem os fertilizantes e os pesticidas.
Figura 4.11. Acidez e Alcalinidade dos Solos. Classes de pH (em água).
<= 4,5 Entre 4,6 e 5,5 Fonte: Estação Agronómica Nacional, 1979. Instituto Hidrográfico, 1980. Atlas do Ambiente. Direcção-Geral do Ambiente. Instituto do Ambiente.
Estas circunstâncias físicas e químicas destes solos permitem ponderar sobre as suas aptidões de
utilização. Assim, e em termos agrícolas, pode-se considerar que os solos da região se repartem por
dois grandes blocos:
Solos com elevada capacidade de utilização agrícola;
Solos com capacidade e utilização florestal e silvopastoril.
Os solos com elevada ou boa capacidade de utilização agrícola envolvem os aluviossolos e solos de
baixa ou alguns cambissolos, desde que em situações topográfica de declive inferior a 8%.
ve n t u r a da c ruz , p l a nea ment o / l uga r do p l a no / l e i t u r a s do t e r r i t ó r i o | 4.17
04 . c a r a c t e r i za ção f í s i ca | 3 . ª F a se | p l ano d i r e c t o r mun i c i pa l de monçã o |
Por via da regra, estas características físicas conferem, por consequência, um dilatado período de
operabilidade, que contribui acentuadamente para a possibilidade de intensificação cultural e
simplificação das sequências operatórias.
Sintetizando, pode concluir-se que se trata de solos de reduzida fertilidade natural, embora de grande
potencialidade produtiva, que têm sido devidamente incrementados ao longo dos anos. A elevada
produtividade destas terras manifesta-se normalmente em zonas de baixa, nos socalcos, até à cota
dos 500 m. Resulta basicamente na intervenção humana consubstanciada na sistematização e
trabalho de captação e distribuição de água, o que permitiu a introdução de sistemas agrícolas
altamente intensivos, em que as culturas se sucedem, com intervalos curtos, onde ocorrem variadas
formas de associação cultural.
Em termos de capacidade de uso, verifica-se que os solos têm uma vocação predominantemente
florestal, ocorrendo nos vales e zonas aluvionares, junto aos rios, as áreas de aptidão agrícola.
ve n t u r a da c ruz , p l a nea ment o / l uga r do p l a no / l e i t u r a s do t e r r i t ó r i o | 4.18
04 . c a r a c t e r i za ção f í s i ca | 3 . ª F a se | p l ano d i r e c t o r mun i c i pa l de monçã o |
H . C l i m a
O clima é considerado um factor fundamental para entender a formação, constituição e
funcionamento de qualquer território, e é o responsável pelo tipo geral de actividade biológica, pelo
que constitui um dos parâmetros importantes na definição de unidades territoriais com vista ao
ordenamento. A caracterização climática permite equacionar, entre outros aspectos, as condições
mais propícias para os estabelecimentos humanos e/ou de técnicas utilizadas para alterar situações
existentes.
Para a presente caracterização foram analisados os elementos climáticos com significado para o
ordenamento (os que têm a ver com as interacções expressas pelos usos e funções existentes).
Do ponto de vista climático, esta região apresenta nítida influência atlântica que, conjuntamente com
o vale do Rio Minho e vales subsidiários e influências da região montanhosa do interior, lhe imprime
características próprias.
Toda a região é influenciada pela marcada exposição a massas de ar marítimo devido à proximidade
do litoral conjugada com uma situação de variação altimétrica e ocupação do solo que favorecem a
ocorrência de microclimas.
H . 1 . T e m p e r a t u r a
Em termos de valores médios diários, esta região não
ultrapassa, por norma, os 25 ºC.
Os Estios, em geral, são moderados, sem amplitudes
térmicas marcadas. Os meses de Julho, Agosto e
Setembro, são os mais quentes do ano e as temperaturas
variam entre os 10 ºC e os 20 ºC de média aproximada.
No verão a média diária situa-se entre os 20 ºC e 30 ºC,
com amplitudes térmicas na primavera e no Outono por
volta dos 10 ºC.
O mês mais frio, Dezembro, apresenta em termos de
temperatura média, valores similares em toda a região, que rondam os 9 ºC. A temperatura média
anual situa-se entre os 12,5 ºC e os 15,0 ºC na faixa norte de Monção junto ao Rio Minho, sendo mais
extensa à medida que se avança para Oeste. Na parte a Sudeste do Concelho os valores da
temperatura média anual baixam para o intervalo entre os 10,0 ºC e os 12,5 ºC.
Figura 4.12. Temperatura Média Diária do Ar. Valores Médios Anuais, em ºC. Período 1931-1960.
Entre 10,0 e 12,5 ºC Entre 12,5 e 15,0 ºC Fonte: Serviço Meteorológico Nacional, 1974. Direcção-Geral dos Recursos Florestais, 1975. Instituto Hidrográfico, 1975. Atlas do Ambiente. Direcção-Geral do Ambiente. Instituto do Ambiente.
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04 . c a r a c t e r i za ção f í s i ca | 3 . ª F a se | p l ano d i r e c t o r mun i c i pa l de monçã o |
H . 2 . P r e c i p i t a ç ã o
Em termos mais alargados, a região em estudo apresenta
uma forte queda pluviométrica, com grandes variações do
litoral para o interior, registando, em termos médios
anuais, entre 100 e 110 dias com chuvas com intensidade
superior a 1 mm / dia, embora se verifiquem flutuações
acima dos mínimos médios, as quais são
predominantemente influenciadas pelos factores de
aproximação da orla litoral e das linhas de altitude.
Os valores máximos mensais globais da precipitação,
bem como a sua distribuição ao longo do ano,
apresentam-se de forma homogénea por toda a região.
Esta é a região do país onde se registam os mais
elevados valores de precipitação. No Concelho de
Monção propriamente dito, registam-se valores médios anuais de cerca de 1000 mm junto ao Rio
Minho, crescendo esses valores à medida que se avança para Sul, chegando a atingir até 2000 mm
nas zonas mais elevadas e de marcada exposição atlântica.
Figura 4.13. Precipitação. Quantidade Total. Valores Médios Anuais (mm). Período 1931-1960.
Entre 800 e 1000 mm Entre 1000 e 1200 mm Entre 1200 e 1400 mm Entre 1400 e 1600 mm Entre 1600 e 2000 mm Entre 2000 e 2400 mm Fonte: Serviço Meteorológico Nacional, 1974. Direcção-Geral dos Recursos Florestais, 1975. Instituto Hidrográfico, 1975. Atlas do Ambiente. Direcção-Geral do Ambiente. Instituto do Ambiente.
H . 3 . H u m i d a d e
A região do Alto Minho é caracterizada de forma genérica
pelos valores elevados da humidade relativa do ar. A
proximidade do litoral e a ocorrência de inúmeras linhas
de água conferem maior frescura e humidade à camada
de ar mais próxima do solo, conjugada na ocorrência de
nevoeiros baixos.
É essencialmente em função deste factor que
praticamente não existe variação nesta região nos valores
da humidade relativa do ar ao longo do ano.
A humidade relativa do ar apresenta então valores médios
anuais entre os 80 e 85% na zona Este, crescendo para
valores superiores a 85% na zona mais atlântica do Concelho.
Figura 4.14. Humidade Relativa do Ar às 9 TMG. Valores Médios Anuais (em %). Período 1931-1960.
Entre 75 e 80 % Entre 80 e 85 % Superior a 85 % Fonte: Serviço Meteorológico Nacional, 1974. Direcção-Geral dos Serviços Florestais, 1975. Instituto Hidrográfico, 1975. Atlas do Ambiente. Direcção-Geral do Ambiente. Instituto do Ambiente.
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04 . c a r a c t e r i za ção f í s i ca | 3 . ª F a se | p l ano d i r e c t o r mun i c i pa l de monçã o |
H . 4 . I n s o l a ç ã o e R a d i a ç ã o
A região do Alto Minho é a região do país que regista os
mais baixos valores de quantidade total de radiação
global, sendo inferiores a 140 kcal / cm2.
Em termos de insolação, esta é também a região que
apresenta os períodos de insolação mais reduzidos. Figura 4.15. Insolação. Valores Médios Anuais. Período 1931-1960. Inferior a 1800 horas
Em Monção, a exposição à insolação varia entre o mínimo
nacional, inferior a 1800 horas anuais, a Sudeste, e as
2400 horas médias anuais registadas a nordeste do
Concelho de Monção.
Entre 1800 e 1900 horas Entre 1900 e 2000 horas Entre 2000 e 2100 horas Entre 2100 e 2200 horas Entre 2200 e 2300 horas Entre 2300 e 2400 horas
Entre 2400 e 2500 horas Fonte: Serviço Meteorológico Nacional, 1974. Direcção-Geral dos Serviços Florestais, 1975. Instituto Hidrográfico, 1975. Atlas do Ambiente. Direcção-Geral do Ambiente. Instituto do Ambiente.
H . 5 . N e b u l o s i d a d e , N e v o e i r o e G e a d a
A nebulosidade não apresenta variabilidade de ocorrência em toda a região, sendo a sua variação
anual de certa forma notória, uma vez que a sua formação é frequente na região do Minho.
Os índices de nebulosidade (quantidade de nuvens) exprimem-se por números de 0 a 10,
correspondendo cada unidade a um décimo de coberto de nuvens. Deste modo, 0 representa céu
limpo e 10 representa céu encoberto, sem qualquer porção azul visível.
A nebulosidade média anual varia entre 4 na região de
Braga e 6 na região de Viana do Castelo. Constata-se que
os meses de Fevereiro, Junho e Dezembro são os que
apresentam maiores índices de nebulosidade.
A geada é um processo local e característico de
ocorrências microclimáticas resultantes da conjugação do
relevo, hidrologia e ocupação do solo, por isso as suas
ocorrências são locais e variáveis, se bem que em toda a
região se façam sentir geadas durante um período de
tempo bastante alargado, circunstância que condiciona a
definição de aptidões culturais e a delimitação da
geografia dos sistemas culturais.
Figura 4.16. Geada. N.º de Dias no Ano. Valores Médios Anuais (em Dias). Período 1941-1960. Entre 30 e 40 dias Entre 40 e 50 dias Entre 50 e 60 dias Fonte: Serviço Meteorológico Nacional, 1974. Direcção-Geral dos Serviços Florestais, 1975. Instituto Hidrográfico, 1975. Atlas do Ambiente. Direcção-Geral do Ambiente. Instituto do Ambiente.
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A ocorrência de índices de geada dá-se
fundamentalmente nos meses de Janeiro, Fevereiro e
Dezembro, com frequência de 26 dias anuais na região de
Braga e 28 dias na região de Viana do Castelo.
O Concelho de Monção está sujeito à ocorrência de
geadas num intervalo de 5 a 10 dias, à excepção de uma
pequena zona a sudeste onde a ocorrência de geadas se
encontra num intervalo fixado entre os 10 e os 20 dias
anuais.
No que se refere à geada relativamente à duração da
época agrícola, de Outubro a Setembro, verificam-se que
a ocorrência de geadas acontece num período inferior a
um mês na parte Oeste do Concelho, alargando para valores entre um e dois meses na porção Este.
Figura 4.17. Geada. Duração da Época no Ano Agrícola Out.-Set. Valores Médios Anuais (em Meses). Período 1941-1960.
Inferior a 1 mês Entre 1 e 2 meses Entre 2 e 3 meses Entre 3 e 4 meses Fonte: Serviço Meteorológico Nacional, 1974. Direcção-Geral dos Serviços Florestais, 1975. Instituto Hidrográfico, 1975. Atlas do Ambiente. Direcção-Geral do Ambiente. Instituto do Ambiente.
H . 6 . V e n t o
Nesta região, e não tomando em conta variações impostas pelas características morfológicas da
paisagem, predominam os ventos com rumos dos quadrantes Norte e Noroeste, com frequências
consideráveis ao longo do ano.
Para Viana do Castelo a frequência dos ventos distribui-se regularmente pelos quadrantes NE, SO,
NO, O e S, com alguma dominância para o quadrante Norte. Para Braga o predomínio é o quadrante
SO (com 9 observações e uma velocidade de 8 km / h). Trata-se, portanto, de uma zona muito pouco
ventosa, observando-se também uniformidade ao longo do ano, em termos de frequência e
velocidade.
H . 7 . Í n d i c e d e C o n f o r t o B i o c l i m á t i c o
O índice de conforto bioclimático, do Atlas do Ambiente, adopta uma classificação que considera 8
qualificações entre o Muito Frio e o Muito Quente.
Monção apresenta, em Janeiro, um índice de conforto bioclimático de Frio em vasta extensão do
Concelho, sendo Fresco na sua parte Noroeste. Em Abril, a zona anteriormente classificada em Frio
passa a Fresco, enquanto que a parte em Fresco passa a Confortável (Fresco) prolongando-se agora
para Este seguindo a faixa junto ao Rio Minho. Em Julho o índice de conforto bioclimático é Quente
em toda a extensão do Concelho, ocorrendo no limite exterior, a Sudeste, uma faixa de transição de
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Confortável - Quente, Confortável, até Confortável – Fresco. Em Outubro, praticamente todo o
Concelho apresenta-se em Confortável, à excepção da referida faixa de transição a Sudeste, que
agora penetra mais no Concelho e apresenta um índice de conforto bioclimático Confortável – Fresco.
Figura 4.18. Índice de Conforto Bioclimático. Janeiro. Valores Médios no Período 1961-1990.
Figura 4.19. Índice de Conforto Bioclimático. Abril. Valores Médios no Período 1961-1990.
Figura 4.20. Índice de Conforto Bioclimático. Julho. Valores Médios no Período 1961-1990.
Quente Confortável (Quente) Confortável Confortável (Fresco) Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica, 1992. Instituto Hidrográfico, 1993. Atlas do Ambiente. Direcção-Geral do Ambiente. Instituto do Ambiente.
Fresco Confortável (Fresco) Frio Fresco Muito Frio Frio Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica, 1992. Instituto Hidrográfico, 1993. Atlas do Ambiente. Direcção-Geral do Ambiente. Instituto do Ambiente.
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica, 1992. Instituto Hidrográfico, 1993. Atlas do Ambiente. Direcção-Geral do Ambiente. Instituto do Ambiente.
Figura 4.21. Índice de Conforto Bioclimático. Outubro. Valores Médios no Período 1961-1990.
Confortável Confortável (Fresco) Fresco Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica, 1992. Instituto Hidrográfico, 1993. Atlas do Ambiente. Direcção-Geral do Ambiente. Instituto do Ambiente.
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I . R e g i õ e s N a t u r a i s e E c o l ó g i c a s
Segundo Pina Manique e Albuquerque (1984), o Concelho
de Monção enquadra-se na região natural denominada
Noroeste Cismontano.
Ainda segundo o mesmo autor, a área em estudo
classifica-se como zona ecológica de andar fotoclimática
basal ( < 400 m ) a sub - montano ( 400 - 700 m ),
ocorrendo as espécies Castanea Sativa, Pinus Pinaster
Atlântica, Pinus Pinea, Quercus Robur, Quercus Suber e
ainda, em zonas mais altas, Bétula Celtibérica, Quercus
Pyrenaica e Taxus Baccata.
Figura 4.22. Regiões Naturais. Tipos de Paisagem.
Noroeste Cismontano Alto Portugal Fonte: Estação Agronómica Nacional, 1984. Instituto Hidrográfico, 1985. Atlas do Ambiente. Direcção-Geral do Ambiente. Instituto do Ambiente.
Estas estruturas fitocenóticas encontram-se frequentemente degradadas ou são mesmo inexistentes
na maior parte da zona em estudo. Os arroteamentos, o pastoreio e os incêndios, reverteram grande
parte do coberto original da zona, em formações do tipo mato (localmente do tipo matagal) e que de
certa forma esquemática se pode enquadrar em:
Tojais, caracterizados por Ulex parvifolius, Ulex minor, Ulex micranthus, Ulex europaeus ssp.
europaeus, Genista tricanthus e Genista anglica.
Urzais altos, com Erica scoparia ssp. Scoparia ou Erica australis.
Urzais baixos, caracterizados por Erica umbellata, Calluna vulgaris, Erica ciliaris e Erica
Tetralix.
Matos baixos, com predomínio de Labiadas em concreto: Lavandula pedunculata ssp.
Sampaiana, Lavadula luisieri, Thurnus caespititus, etc.
De um modo geral, pode referir-se que os matos de urzais
e de giestas são dominantes nas cotas mais elevadas e
os tojais predominam nas áreas de maior influência
atlântica. No entanto, qualquer uma das formações
referidas pode ocorrer com dominante, em mosaico ou em
estrutura mista, com outras formações por toda a área em
estudo, variando apenas os elementos florísticos de
acordo com as respectivas preferências ecológicas. Figura 4.23. Zonas Ecológicas. Carta Ecológica (Fito-edafo-climática)
Basal (Inferior a 400 m) Submontano (Entre 400 e 700 m)
Os processos de florestação sistemática iniciados em
meados do século passado ( embora derivados de
processos tradicionais complementares à agricultura ), em
Montano (Entre 700 e 1000 m) Altimontano (Entre 1000 e 1300 m) Erminiano (Superior a 1300 m) Fonte: Estação Agronómica Nacional, 1982. Instituto Hidrográfico, 1984. Atlas do Ambiente. Direcção-Geral do Ambiente. Instituto do Ambiente.
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especial os povoamentos de pinheiro bravo ( Pinus
Pinaster ) e mais recentemente de Castanea sativa,
constituem os aspectos mais relevantes da acção do
homem na paisagem ao longo da área em estudo.
Figura 4.24. Regiões Naturais. Tipos de Paisagem.(Caracterização Eco-Fisionómica). Gandara (Tojal, Sub-serra Nordestina)
Montanhas de Granito e Xisto (Nível Florestal) Montanhas de Granito e Xisto (Nível Pastoril) Ribeira Atlântica (Regadio Estreme)
Fonte: Estação Agronómica Nacional, 1984. Instituto Hidrográfico, 1985. Atlas do Ambiente. Direcção-Geral do Ambiente. Instituto do Ambiente.
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04 . c a r a c t e r i za ção f í s i ca | 3 . ª F a se | p l ano d i r e c t o r mun i c i pa l de monçã o |
J . R e c u r s o s N a t u r a i s
J . 1 . R e c u r s o s A g r í c o l a s e F l o r e s t a i s
Trata-se de uma das principais potencialidades do Concelho, dada a ocorrência de bons solos férteis
em toda a várzea bordejante do Rio Minho e vales dos principais afluentes ( Rio Gadanha e Rio
Mouro ).
A região detém óptimas condições para a produção do vinho verde, registando-se, em determinados
locais, condições climáticas, pedológicas e topográficas que criam um micro - clima proprício à
produção de Alvarinho.
A importância das actividades agrícolas no Concelho foram equacionadas no PDAR do Vale do
Minho, destacando-se:
Programa Operacional de Emparcelamento – Perímetro Monção I ( Pias, Pinheiros ), Monção II
( Moreira, Barrocas e Taias );
Programa de Arranque da Vinha ( 10 ha em Abedim, Lúzio, Anhões e Lordelo );
Reestruturação de 137,7 ha de vinha na zona de bom potencial vitícola.
Quanto à zona montanhosa que constitui um ecossistema adequado à florestação, deverão ser
avaliadas as áreas com potencialidades para a produção florestal e as áreas com objectivos de
conservação da natureza ( registe-se os condicionantes das áreas de baldio do perímetro da Serra da
Anta e parte do perímetro da Serra da Bualhosa.
Acrescente-se as potencialidades existentes para as actividades agro-turísticas, apicultura e outras
que estão associadas a estes recursos.
J . 2 . R e c u r s o s E c o l ó g i c o s e P a i s a g í s t i c o s
As potencialidades do Concelho de Monção, com origem nos recursos ecológicos centram-se
fundamentalmente no Rio Minho. Com efeito, trata-se de um recurso favorável ao desenvolvimento
de actividades como a piscicultura e a pesca, nomeadamente da truta, do sável, e da lampreia.
A montanha possui um elevado potencial cinegético, o que justifica a promoção controlada da caça.
A beleza natural e o valor paisagístico tornam Monção um local aprazível para passeio, pelo que se
justifica o estudo de percursos pedestres.
ve n t u r a da c ruz , p l a nea ment o / l uga r do p l a no / l e i t u r a s do t e r r i t ó r i o | 4.26
04 . c a r a c t e r i za ção f í s i ca | 3 . ª F a se | p l ano d i r e c t o r mun i c i pa l de monçã o |
ve n t u r a da c ruz , p l a nea ment o / l uga r do p l a no / l e i t u r a s do t e r r i t ó r i o | 4.27
Muito embora algumas destas zonas constituam zonas ecológicas sensíveis, trata-se contudo de
recursos importantes, que face às suas potencialidades turístico – recreativas, deverão ser
explorados com uma gestão adequada e equilibrada.
J . 3 . R e c u r s o s M i n e r a i s
Em termos de recursos minerais exploráveis, destaca-se o granito que constitui o substrato geológico
predominante da região.
Um dos locais onde se procede à sua extracção é no Monte dos Penedos ( Pias ), que constitui uma
estrutura morfológica elipsoidal, de orientação E-O, na periferia sul-sudeste da grande mancha do
batólito granítico de Monção. Trata-se de um relevo que atinge cerca de 183 metros de altitude,
sobressaindo das áreas aplanadas contíguas, drenadas pelo Rio Gadanha e seus afluentes, onde as
altitudes se aproximam dos 75 metros.
A Sudeste e Leste, a mancha granítica de Monção, pós-tectónica varisca, contacta tectonicamente,
através de importante falha SO-NE, com granitos sin-tectónicos variscos envolvendo numerosas
manchas residuais de metassedimentos silúsicos fortemente metamorfizados.
As exposições graníticas do Monte dos Penedos ( Pias ) originaram-se durante a intrusão magmática
pós-tectónica varisca, relativamente à 3.ª fase de deformação, ocorrida há cerca de 280 M.a.
O granito é comercialmente designado por ‘Cristal Rosa de Monção’ ou ‘Rosa de Monção’, e insere-
se no extremo Sul-Sudeste do grande maciço granítico ( batólito ) de Monção, de igual natureza e
composição calco-alcalina.
Este batólito granítico de Monção prossegue para além do Rio Minho, onde se desenvolve mais
amplamente na Galiza ( Espanha ). Constitui, assim, um batólito circunscrito, alongado segundo
Norte-Sul, em que a sua maior área exposta ocorre em Espanha, onde é designado como ‘granito de
Porriño’.
O granito de Monção, como é assim denominada a litologia desde batólito granítico, contacta a Leste
e Sudeste, por falha de orientação SO-NE, com o granito sin-tectónico varisco de duas micas, de
grão médio a fino e lencocrático ( granito de Longos Vales ), com frequentes encraves e manchas
residuais de metassedimentos supostos silúricos.
A Sul-Sudeste, Sul, Sudoeste e Oeste, o mesmo batólitico de Monção contacta com
metassedimentos paleozónicos ( silúrico ) e, ocasionalmente, com o granito fino e médio, de duas
micas, sin-tectónico varisco.