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Caractersticas e geraes doWebjornalismo: anlise dos
aspectostecnolgicos, editoriais e funcionais.
Thiara Luiza da Rocha RegesFaculdade So Francisco de Barreiras
FASB
ndice1 INTRODUO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
31.1 Problematizao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51.2
Objetivos: geral e especficos . . . . . . . . . . . . . . . . 61.3
Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
INTERNET . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92.1
Jornalismo na internet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
132.1.1 Jornalismo Eletrnico . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
152.1.2 Jornalismo Digital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. 162.1.3 Ciberjornalismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. 182.1.4 Jornalismo Online . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. 222.1.5 Webjornalismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. 252.2 Diferentes e to iguais . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . 283 WEBJORNALISMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
323.1 Do transpositivo ao banco de dados . . . . . . . . . . . . .
333.2 Elementos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
373.2.1 Hipertextualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
383.2.2 Multimidialidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
43
Monografia apresentada Coordenao do Curso de Comunicao Social
comHabilitao em Jornalismo da FASB, como requisito parcial para
obteno do grau deBacharel em Comunicao Social.
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2 Thiara Luiza da Rocha Reges
3.2.3 Interatividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. 443.2.4 Personalizao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. 453.2.5 Memria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. 493.2.6 Banco de Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. 503.2.7 Jornalismo Colaborativo . . . . . . . . . . . . . . . . .
51
4 ANLISE DOS ASPECTOS TECNOLGICOS, EDITORI-AIS E FUNCIONAIS . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.1 Quanto s geraes e seus elementos . . . . . . . . . . . .
544.1.1 Revista Piau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. 544.1.2 Jornal Nova Fronteira . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. 594.1.3 ESPN Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. 634.1.4 CMI Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . 694.1.5 Quadro Resumo da Anlise dos Aspectos Tecnolgicos,
Editoriais e Funcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . .
764.2 Elementos para uma avaliao comparativa . . . . . . . . .
76CONSIDERAES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
84REFERNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
88APNDICES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Caractersticas e geraes do Webjornalismo 3
ESTE TRABALHO tem por objetivo discutir as prticas
jornalsticasna Internet a partir da noo de webjornalismo e suas
caracters-ticas e divises. A escolha do tema justifica-se pela
efervescncia comque as relaes comerciais e sociais se do na
Internet, proporcionandouma abduo entre as teorias e a prtica
jornalstica no novo veculo.Estudar este fenmeno contribui na
construo de teorias que possamdefini-la. Para tal, procuramos
analisar os elementos essenciais quecompem cada gerao do
webjornalismo, usando como parmetroquatro plataformas distintas que
se aproximassem das definies j es-tabelecidas para cada gerao. Esta
anlise parte de uma abordagemacerca das nomenclaturas utilizadas
para definir o jornalismo na Inter-net de modo a estabelecer um elo
com a histria. Na sequncia sodestacadas as particularidades de cada
elemento das geraes do Web-jornalismo. Por fim, so apresentados os
resultados acerca das platafor-mas analisadas, sendo possvel
perceber tendncias impostas pelas no-vas tecnologias, alm de
estabelecer novos critrios balizadores paraclassificao da atividade
jornalstica na Internet.
Palavras-Chave: Internet, Webjornalismo, Jornalismo e
Tecnolo-gia.
1 INTRODUO
Internet: rede de computadores de alcance mundial, formada por
in-meras e diferentes mquinas interconectadas em todo o mundo, que
en-tre si trocam informaes na forma de arquivos de textos, sons e
ima-gens digitalizadas, software1, correspondncias, newsgroup2,
etc. Qua-
1 (inf) Conjunto dos procedimentos, regras e mtodos de programao
e explo-rao de computadores e equipamentos de um sistema
informtico. Sequncia deinstrues codificadas que, quando acessadas
devidamente, fazem com que o com-putador execute determinadas
funes. Parte no-tangvel da mquina. Diz-se tam-bm programa de
computador, ou conjunto de programas. (RABAA & BARBOSA,2001,
p.688)
2 (int) Em port., grupo de notcias. Coletnea de ttulos de
notcias que circulamna usanet, tanto de carter tcnico como geral,
dispostos de modo a permitir que ousurio selecione as de seu
interesse. Funciona como um quadro de avisos e permitea troca de
mensagens entre as pessoas que o freqentam. Os nomes dos
newsgroups
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4 Thiara Luiza da Rocha Reges
tro dcadas de inovaes tecnolgicas e hoje a Internet comporta
en-tretenimento, servios, comrcio e tambm o jornalismo. De sites
eportais a blogs, a atividade jornalstica tem lugar de destaque na
In-ternet. E so vrios os fatores, dentre os quais destacaramos o
baixoinvestimento, comparado a outros veculos, e a liberdade
editorial; au-mento gradativo no nmero de acessos e investimentos
pblico-privadosem incluso digital. Porm, por emergncia das
atividades comerci-ais, a atividade jornalstica na Internet ainda
suscita muitas dvidas, acomear pelas nomenclaturas, definies e
aplicaes, que interferemna prtica tanto do fazer jornalismo e do
seu processamento, quanto narecepo pelos internautas.
As discusses acerca das nomenclaturas compem o segundo cap-tulo
desta monografia que tem por objetivo central discutir as
prticasjornalsticas na Internet a partir da noo de uma dessas
nomenclaturas,o Webjornalismo, fazendo para isso, levantamento de
suas caractersti-cas e divises. Parte-se das nomenclaturas como
forma de entender oprocesso de produo atual sem perder o elo com a
histria, que apesarde recente, j passou por vrias redefinies.
Cabe esclarecer que um acompanhamento da linha do tempo decomo a
atividade jornalstica evoluiu nos ltimos anos no suficientepara
entender o fenmeno Internet. Um estudo mais completo
devecompreender anlises tcnicas e sociolgicas acerca da relao de
inter-ao entre produtor, mquina e receptor, que esto mais intensas,
e porvezes, sendo difcil distinguir o papel exato de cada um na
construo dainformao. Neste estudo buscamos um diagnstico tendo por
base ape-nas os aspectos tecnolgicos, em funo da delimitao proposta
para oobjeto de pesquisa, de modo a compreender como as novas
tecnologiasutilizadas no fazer jornalismo exercem influncia na
prtica profissionaldestinada a Internet, sendo determinantes na
gerao de tendncias di-versas para a rea.
No que tange as geraes do Webjornalismo, pesquisadores defen-dem
a existncia de quatro geraes, distintas entre si, e
sequenciais.Cada gerao possui particularidades, sendo a terceira e
quarta geraesas mais recentes e desenvolvidas atualmente. Na
terceira, destacam-secinco elementos essenciais: hipertextualidade,
multimidialidade, inter-
costumam ser compostos de partes separadas por pontos, de acordo
com o assunto deque tratam. (RABAA & BARBOSA, 2001, p.508)
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Caractersticas e geraes do Webjornalismo 5
atividade, memria e personalizao. J na quarta gerao
processoainda em construo , temos o banco de dados e o jornalismo
colabora-tivo. Tais estruturas so apresentadas como o ideal para o
jornalismo naInternet. Entretanto, seria possvel afirmar que no
possuir um ou maiselementos da gerao a qual pertence implicaria em
descredibilizaoda plataforma?
Estabelecer um padro de produo para a Internet pode
representartanto uma tentativa de fortalecer grandes monoplios da
comunicao,com maior poder de investimentos financeiros, como j
acontece com asmdias tradicionais, ou pode representar ainda uma
forma de sanar dvi-das acerca das rotinas produtivas,
potencializando o veculo do ponto devista da credibilidade de
informaes. Desde j, possvel ressaltar quenotoriamente a Internet um
veculo inovador que possibilita liberdadecriativa tanto na construo
de notcias como nas estruturas, no sendopor acaso, a grande
utilizao de novas e ousadas ferramentas comoblogs e redes
sociais.
1.1 Problematizao
Murad (apud CANAVILHAS, 1999, p.2) afirma que o conceito de
jor-nalismo encontra-se relacionado ao veculo, o suporte tcnico que
per-mite a difuso das notcias, tendo-se ento os termos jornalismo
im-presso, telejornalismo e radiojornalismo. Com a Internet,
seguiu-se amesma linha para se chegar ao conceito
Webjornalismo.
Entretanto, outras nomenclaturas vem sendo adotadas desde o
inciodas atividades do jornalismo no universo digital, em meados
dos anos90, com a utilizao da Internet para fins comerciais. o caso
de jor-nalismo digital, jornalismo eletrnico, jornalismo on-line e
ciberjorna-lismo. No h dvidas de que todas as nomenclaturas tratam
de jorna-lismo na Internet, porm as diferenas na arquitetura,
estrutura da not-cia, no layout e no fazer jornalismo entre os
sites e portais, nacionaise internacionais, revelam com clareza as
fragilidades das classificaesdo veculo, que vo alm das limitaes
socioeconmicas do processode incluso digital.
Os estudos recentes sobre jornalismo na Internet abrem espao
para
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6 Thiara Luiza da Rocha Reges
uma no padronizao, possibilitando que o mesmo se classifique
comoprimeira, segunda, terceira e quarta geraes de acordo com o
nvel deintegralizao das caractersticas definidas para a atividade
no meio e ouso de novas tecnologias, classificao esta que ser
retomada no Cap-tulo 3 deste estudo monogrfico. Partindo do
principio lgico de umaescala evolutiva, seria a primeira gerao o
ponto inicial e a quartagerao o atual estgio considerado como o
padro ideal para prticajornalstica na Internet.
importante ressaltar que a liberdade criativa proporcionada
pelaInternet permite uma maior flexibilizao quanto forma de
oferecerprodutos e servios em relao s demais mdias. Deste modo,
pos-svel analisar o universo de prticas jornalsticas na Internet a
partirda noo de Webjornalismo, suas caractersticas e divises, de
formaa contemplar as interaes possveis e efetivas com o
internauta?
1.2 Objetivos: geral e especficos
O principal objetivo deste estudo discutir as prticas
jornalsticas naInternet a partir da noo de Webjornalismo e suas
caractersticas edivises. Para tanto, e seguindo uma ordem de
desenvolvimento dapesquisa, procuramos verificar a multiplicidade
de plataformas tecnol-gicas e jornalsticas nas diferentes fases do
Webjornalismo. A partirdesse ponto que se torna possvel identificar
os aspectos da evoluotecnolgica que interferem na identidade das
prticas jornalsticas naInternet. Por fim, propomos analisar
comparativamente a estrutura dainformao jornalstica das diferentes
fases do Webjornalismo.
1.3 Metodologia
Definir a metodologia de trabalho , talvez, a parte mais
importante deuma pesquisa cientfica. De acordo com Lago &
Benetti (2007, p.17)a metodologia orienta a pesquisa para uma
concreta adequao entreteoria, problematizao, objeto e mtodo.
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Caractersticas e geraes do Webjornalismo 7
O pesquisador, em sua permanente vigilncia epistemol-gica,
precisa ter, ao mesmo tempo, uma profunda perceposobre a
singularidade de seu objeto e um indiscutvel com-promisso com a
legitimidade dos resultados da pesquisa.Neste difcil arranjo,
preciso ter sensibilidade para en-contrar o mtodo mais adequado
quela investigao emparticular, respeitando os critrios que a cincia
estabelecepara validar o trabalho acadmico. (LAGO &
BENETTI,2007, p. 17)
Quando o tema da pesquisa perpassa pela nova e complexa
mdiaInternet, o pesquisador em muitos casos recai sobre a busca
pela iden-tidade discursiva, visto as particularidades
comunicacionais que a redelhe oferece. Adghirni & Moraes (2007,
p.241) destaca que esse pro-cesso suscita questionamentos como o
emprego das ferramentas webna prtica jornalstica, a adaptao para a
rede das funes do jorna-lismo, as formas de narrar, a identidade do
jornalista, entre outros.
Deste modo, para responder aos questionamentos da pesquisa
pro-posta, que em termos gerais coincide com os questionamentos
levan-tados por Adghirni & Moraes (2007, p.242), seguimos o
modelo demetodologia hbrido do Grupo de Pesquisa em Jornalismo
On-line GJOL, da Faculdade de Comunicao da Universidade Federal da
Ba-hia. Nesta metodologia, o pesquisador segue trs etapas: 1)
Revisopreliminar da bibliografia e anlise de organizaes
jornalsticas; 2) For-mulao de hipteses e estudo de caso; e 3)
Elaborao de categorias deanlise e processamentos dos dados
coletados. (MACHADO & PAL-CIOS, 2007, p.201)
Na primeira etapa, desenvolvida nos Captulos 2 e 3 desta
mono-grafia, foi realizada reviso bibliogrfica dos dois pilares
desse estudo:a Internet e as prticas jornalsticas presentes neste
veculo. Foram ana-lisadas vrias fontes, desde estudos mais antigos,
aos mais recentes, fru-tos da expanso e crescimento da Internet no
processo de comunicaosocial.
Em relao s quatros geraes do Webjornalismo, que compema segunda
etapa da pesquisa quanto hiptese e estudo de caso ,procuramos
analisar de forma tcnica a presena de certas caractersti-cas que
definem a evoluo do jornalismo na Internet, gerao a gera-o. A
escolha das plataformas a serem analisadas se deu principal-
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8 Thiara Luiza da Rocha Reges
mente atravs da aproximao de exemplos prticos com a
definioterica, de autores que compem ncleos de pesquisa nacional,
reunidosdurante pesquisa exploratria. Segundo estes estudos, o
Webjornalismopassa por evolues, perceptveis atravs de uso de novas
tecnologias,saindo de um ambiente de mera digitalizao de informaes
para autilizao de banco de dados e o exerccio do jornalismo
colaborativo.
No desenvolvimento da pesquisa emprica foram escolhidas entoas
quatro plataformas: para primeira gerao do Webjornalismo, o siteda
Revista Piau, (www.revistapiaui.com.br/); para segunda ge-rao do
Webjornalismo, o site do Jornal Nova Fronteira
(www.jornalnovafronteira.com.br/); para terceira gerao do
Webjornalismo,o portal ESPN Brasil
(http://espnbrasil.terra.com.br/agora); e para a quarta gerao do
Webjornalismo, o site CMI Brasil (www.midiaindependente.org/). Os
critrios de escolha foram respecti-vamente: plataforma site, com
textos digitalizados na integra do im-presso, campos para acesso
disponveis apenas para assinantes da re-vista; plataforma site,
produo de notcias local (Barreiras Bahia),textos publicados no
impresso e no online com a mesma estrutura; pla-taforma portal,
especializada em notcias do mundo esportivo, que com-pe um grupo
empresarial produtor de contedo tambm para uma re-vista, uma
emissora de rdio e dois canais de televiso por assinatura,com
possibilidades de utilizao dos recursos multimdia na plataformaweb,
e que possui contedos produzidos exclusivamente para Internet;site
colaborativo, consolidado, que possui vrias redes
interconectadas,com grupos de produo de notcias em diversas partes
do Brasil e doMundo.
Dada a escolha das plataformas, a pesquisa segue por dois
momen-tos contemplando assim a terceira etapa da pesquisa: forma de
co-leta e anlise dos dados. O primeiro momento composto por
ob-servao individual das plataformas com vistas a averiguar o uso
dascaractersticas, assim descriminadas: 1) Hipertextualidade; 2)
Multimi-dialidade; 3) Interatividade; 4) Memria; 5) Personalizao;
6) Utiliza-o de Bases de Dados; e 7)Jornalismo Colaborativo. Para
comple-mentar esse processo, foi encaminhado, via e-mail,
questionrio paraos jornalistas/editores responsveis por cada
plataforma analisada, comobjetivo de obter maiores informaes sobre
a adaptao do profissionaljornalista s novas tecnologias utilizadas
para o fazer jornalismo na In-
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www.revistapiaui.com.br/www.jornalnovafronteira.com.br/http://espnbrasil.terra.com.br/agorawww.midiaindependente.org/www.midiaindependente.org/
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Caractersticas e geraes do Webjornalismo 9
ternet; os motivos da utilizao ou no das caractersticas do
Webjorna-lismo; informaes quanto a interao com os internautas.
Esses ques-tionamentos permitem entender o uso de ferramentas
tecnolgicas nocontexto da produo jornalstica. A primeira etapa de
anlise ser a-presentada no Captulo 4, de forma detalhada e tambm,
de forma maiscompacta, atravs de quadro resumo.
Cabe destacar que os contatos para encaminhamento dos
question-rios foram mantidos atravs dos e-mails disponveis em cada
platafor-ma. Porm, apenas dois contatos foram de fatos respondidos
com a efe-tivao do questionrio: Revista Piau e Jornal Nova
Fronteira. O por-tal ESPN Brasil no disponibiliza seo Contatos como
comumenteencontramos nas plataformas jornalsticas na Internet.
Foram feitas ten-tativas de contato direto atravs do Twitter da
ESPN e do Blog de JosTrajano, diretor de jornalismo da ESPN Brasil,
ambos sem sucesso. Nocaso da CMI Brasil, fora encaminhado e-mail
para todos os endereosdisponveis na seo Contatos, porm no obtemos
resposta.
No segundo momento da anlise, as plataformas foram observadasde
modo comparativo, com objetivo de confirmar a presena de
outrascaractersticas relevantes ao processo de construo de
informaes naInternet. Em destaques nesta comparao esto as relaes de
Intera-tividade, assim como a Usabilidade das plataformas.
2 INTERNET
O Ibope/Nielsen registrou em dezembro de 2009 um total de 67,5
mi-lhes de internautas no Brasil. Em setembro, eram 66,3 milhes.
Istorepresenta um crescimento de 1,2 milho de novos brasileiros e
brasilei-ras com mais de 16 anos na Internet, em apenas trs meses.
O Brasil o5o pas com o maior nmero de conexes Internet. O tempo
mdio denavegao em julho de 2009 foi de 48 horas e 26 minutos.
Segundoa Fundao Getlio Vargas (FGV) so 60 milhes de computadoresem
uso, devendo chegar a 100 milhes em 2012 (TO BE GUARANY,2010). Mais
do que nmeros e estatsticas a Internet representa o rompi-mento de
barreiras fsicas, que provocam incertezas e polmicas desdeseu
surgimento.
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10 Thiara Luiza da Rocha Reges
Em um perodo de acelerao da tecnologia de comuni-cao, a Internet
desafiou previses e trouxe consigo muitassurpresas. Mais fenmeno
que fatos, dizia-se tal comoocorrera com os telefones celulares.
Tambm se declara-va que ela era o equivalente, nas comunicaes,
fron-teira desbravada no Oeste. Rapidamente deixou para trsa fsica
e desenvolveu uma psicologia prpria, como haviafeito o
desbravamento da fronteira, e o que veio a ser cha-mado de sua
ecologia, palavra nova nos estudos de co-municao. De forma mais
auspiciosa, em 1997 comeoua ser tratada como paradigma, palavra que
j estivera namoda. (BRIGGS & BURKE, 2006, p.300)
Contudo, a rede de comunicao, hoje amplamente conhecida
prin-cipalmente pela gerao Y3, teve suas origens em 1969, com a
Arpanet,rede de computadores montada para garantir a comunicao
emergen-cial caso os Estados Unidos fossem atacados pela Unio
Sovitica, du-rante a Guerra Fria. Tal rede foi desenvolvida pela
Advanced ResearchProjects Agency (ARPA), esta, formada em 1958 pelo
Departamento deDefesa dos Estados Unidos. A ARPA era composta pelo
InformationProcessing Techniques Office (IPTO), e foi este o
departamento que fi-cou responsvel pelo desenvolvimento da
Arpanet.
O IPTO era formado basicamente por acadmicos e cientistas
dacomputao que visavam o desenvolvimento da pesquisa interativa
decomputao no pas.
Para montar uma rede interativa de computadores, o IPTOvaleu-se
de uma tecnologia revolucionria de transmissode telecomunicaes, a
comutao por pacote, desenvolvi-da independentemente por Paul Baran
na Rand Corporation
3 Gerao Y ou Generation Y, apareceu pela primeira vez em um
artigo do pe-ridico Advertising Age de agosto de 1993. O escopo dos
nascidos nesta gerao representado pelo intervalo de 1982 at o incio
do sculo XXI, porm as datasespecficas ainda so imprecisas. [...]
Uma das principais caractersticas dessa geraodiz respeito ao
relacionamento com as novas mdias. Mais do que qualquer
geraoprecedente, os Y esto cercados por tecnologia em todas as
partes, eles conectam-seao mundo pelos sinais da Internet e o
digital faz parte de suas vidas desde a infncia. Oque rege a
experincia on-line, fluda, hipermdia, sem razes. (CARA, 2008,
p.75)
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Caractersticas e geraes do Webjornalismo 11
(um centro de pesquisa californiano que frequentementetrabalhava
para o Pentgono) e por Donald Davies no Bri-tish National Physical
Laboratory. (CASTELLS, 2003,p.14)
O sistema foi aplicado na Arpanet e os primeiros ns da rede
em1969 estavam em universidades norte-americanas. A rede era
descen-tralizada e flexvel o suficiente para resistir a um ataque
nuclear, mesmoeste no sendo o objetivo real do desenvolvimento da
Arpanet. O pr-ximo passo da pesquisa do IPTO foi tornar possvel a
conexo da redeArpanet a outras redes, o que criou o conceito uma
rede de redes. VintCerf, Steve Crocker e Jon Postel, todos
cientistas da computao, divi-dem o protocolo de controle de
transmisso (TCP) apresentado anosantes por um grupo de pesquisa
francs em duas partes, acrescentandoum protocolo intra-rede (IP),
gerando assim o protocolo TCP/IP que utilizado ainda hoje para
operar a comunicao da Internet.
Entre 1975 e 1990, a Arpanet passa por transferncia de rgo
ad-ministrador; criada a MILNET, rede independente de uso militar;
aArpanet torna-se a ARPA-INTERNET, dedicada s pesquisas, mas
logofica obsoleta. Em 1990, com a maioria dos computadores tendo
seu pro-tocolo TCP/IP aps financiamento do Departamento de Defesa
dosEstados Unidos aos fabricantes a Internet torna-se privada. A
partirde ento, o crescimento constante.
O que permitiu Internet abarcar o mundo todo foi o
de-senvolvimento da www. Esta uma aplicao de compar-tilhamento de
informao desenvolvida em 1990 por umprogramador ingls, Tim
Berners-Lee, que trabalhava noCERN, o Laboratrio Europeu para a
Fsica de Partculasbaseado em Genebra. Embora o prprio Berners-Lee
notivesse conscincia disso (Berners-Lee, 1999, p.5), seu tra-balho
continuava uma longa tradio de ideias e projetostcnicos que, meio
sculo antes, buscara a possibilidade deassociar fontes de informao
atravs da computao inter-ativa. [...] Foi Berners-Lee, porm, que
transformou to-dos esses sonhos em realidade, desenvolvendo o
programaEnquire que havia escrito em 1980. Teve, claro, a van-tagem
decisiva de que a Internet j existia, encontrando
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12 Thiara Luiza da Rocha Reges
apoio nela e se valendo de poder computacional descentra-lizado
atravs de estaes de trabalho: agora utopias po-diam se
materializar. [...] Em colaborao com RobertCailliau, Berners-Lee
construiu um programa navegador/e-ditor em dezembro de 1990, e
chamou esse sistema de hi-pertexto de world wide web, a rede
mundial. (CASTELLS,2003, p. 17 e 18)
Cabe nesta histria um pequeno adendo, a contribuio dos
hackers4
no desenvolvimento de plataformas cada vez mais claras e
acessveis aogrande pblico, inicialmente formado em sua maioria por
estudantes.Os Laboratrios Bell, criadores do sistema operacional
UNIX, liber-aram em 1974 para as universidades o cdigo-fonte5 da
plataforma, per-mitindo inclusive alteraes. Logo os estudantes se
tornaram grandesgnios na manipulao da linguagem computacional,
sendo respons-veis pela criao de um programa que estabelecia a
comunicao en-tre computadores. Esse fato influenciou diretamente o
movimento dafonte aberta, uma tentativa dos usurios da UNIX de
manter livre oacesso s informaes de softwares. E a tentativa deu
resultado: em1991, Linus Torvalds, um estudante de 22 anos,
desenvolveu o sistemaoperacional Linux, e disponibilizou
gratuitamente pela Internet para queoutros hackers o aperfeioassem
e devolvessem para a Internet.
Essa cultura estudantil adotou a interconexo de computa-dores
como um instrumento da livre comunicao, e, nocaso de suas
manifestaes mais polticas [...], como uminstrumento de liberao,
que, junto com o computadorpessoal, daria s pessoas o poder da
informao, que lhes
4 A cultura hacker, a meu ver, diz respeito ao conjunto de
valores e crenas queemergiu das redes de programadores de
computador que interagiram on-line em tornode sua colaborao em
projetos autonomamente definidos de programao criativa(LEVY apud
CASTELLS, 2003, p.38)
5 Cdigo-fonte so as linhas de programao que formam um software
em suaforma original. Inicialmente, um programador "escreve"o
programa em uma certalinguagem como C++ ou Visual Basic. Com o
cdigo-fonte de um programaem mos, um programador de sistema pode
alterar a forma como esse soft fun-ciona, adicionar recursos,
remover outros enfim, adaptar o soft s suas neces-sidades.
Disponvel em
www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u7618.shtml. Acesso
23 de abril de 2010.
www.bocc.ubi.pt
www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u7618.shtmlwww1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u7618.shtml
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Caractersticas e geraes do Webjornalismo 13
permitiria se libertar tanto dos governos quanto das corpo-raes.
(CASTELLS, 2003, p.26)
Avanando para alm do que conta a maioria dos livros sobre
ahistria da Internet, Castells (2003, p.19), destaca que a rede
nasceuda improvvel interseo da big scince6, da pesquisa militar e
da culturaliterria. O objetivo da IPTO era receber financiamento
para o desen-volvimento da pesquisa em computao, pesquisa essa
audaciosa paraa poca, e que as empresas, nem do setor privado to
pouco do pblico,se interessavam em custear. No estamos aqui
desconsiderando a ori-entao militar da pesquisa e o papel do
Departamento de Defesa. evidente que sem os mesmos no seria possvel
que os cientistas de-senvolvessem a rede, por no dispor de recursos
financeiros e fsicosnecessrios.
Entretanto, destaca-se como estratgia mais relevante para o
sucessoda pesquisa, a autonomia administrativa e criativa dada ao
departamentopara o desenvolvimento das atividades computacionais. A
Internet sedesenvolveu num ambiente seguro, propiciado por recursos
pblicos epesquisa orientada para misso, mas que no sufocava a
liberdade depensamento e inovao. (CASTELLS, 2003, p.24).
2.1 Jornalismo na internet
O uso do veculo Internet para prticas jornalsticas comeou h
poucomais de duas dcadas, mas j passou por vrias transformaes de
formanada linear. Junior (apud PEREIRA, 2003, p.12), destaca que a
histriado jornalismo on-line pode ser dividida em trs estgios:
transpositivo,perceptivo e hipermiditico. Cada uma dessas etapas
marcada pelaevoluo no uso de tecnologias que a Internet comporta.
No incio, ossites dedicavam-se digitalizao dos produtos do
impresso. medidaque os profissionais foram se capacitando para uso
da Internet, os sitescomearam a destacar profissionais que se
dedicassem a produo decontedo exclusivo para web, chegando at o
terceiro estgio, com aintensificao do uso de recursos multimdia e
hipertextualidade.
6 Big Science refere-se s investigaes cientficas que envolvem
projetos vultu-osos e caros, geralmente financiados pelo governo.
(CASTELLS, 2003, p.19)
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14 Thiara Luiza da Rocha Reges
O primeiro site de notcias na rede, o Chicago Tribune, foi
criadoem 1992 nos Estados Unidos, um ano aps o lanamento da
WWW.Quanto produo especifica de notcias, o primeiro foi o
tambmnorte-americano The Wall Street journal que, em maro de 1995,
lanouo Personal journal. Cada assinante recebia matrias
personalizadas deacordo com as informaes disponibilizadas no
momento do cadastro.Em linhas gerais, sites e portais jornalsticos
norte-americanos surgirama partir da evoluo dos sites de busca.
No Brasil, o jornalismo na Internet toma forma em 1995, quando
oJornal do Brasil lana seu site. O jornal O Globo e a agncia de
notciasAgncia Estado, do Grupo Estado, tambm lanaram a verso
eletrnicade suas publicaes, ajudando no ponta-p do jornalismo na
Internet nopas. Ferrari (2008, p.27) ressalta que os tradicionais
grupos de mdiado Brasil, como as Organizaes Globo, o Grupo Estado e
a EditoraAbril, se mantm como os maiores conglomerados de mdia do
pas,tanto em audincia quanto em receita com publicidade. Estes
gruposdetem o controle de sites, portais e blogs, podendo
informalmente serchamados de bares da Internet brasileira.
A agilidade no desenvolvimento de plataformas jornalsticas na
In-ternet no segue a linha evolutiva apontada por Junior (apud
PEREIRA,2003, p.12). O que se percebe que as empresas entraram no
jogo, jo-gando, fazendo e aprendendo ao fazer, com algumas
tentativas desas-trosas. Esse um dos fatores que explicaria o fato
de existem platafor-mas jornalsticas em diferentes nveis de
aproveitamento tecnolgico.Pereira (2003, p.13) destaca ainda razes
econmicas como a desva-lorizao cambial do real em 1999; o fim da
bolha especulativa dasempresas ponto-com; demisses ou remanejamento
de jornalistas dasredaes.
Percebe-se aqui a existncia de um trip relevante para entender
ojornalismo na Internet: tecnologia, o profissional e impactos
sociais.Nesta pesquisa no vamos nos aprofundar no debate das
implicaeseconmicas favorveis ou no ao uso da Internet para fins
jornalsticose comerciais, to pouco nas mudanas do perfil
profissional para ade-quao, principalmente, as novas
tecnologias.
Neste ponto da monografia buscamos maior aprofundamento no
ter-ceiro pilar da Internet, a tecnologia. Para tanto vamos
analisar as no-menclaturas utilizadas para definir a prtica
jornalstica na Internet, co-
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Caractersticas e geraes do Webjornalismo 15
mo forma de identificar como as caractersticas e demais aspectos
tec-nolgicos interferem na definio da identidade das produes
dire-cionadas a essa mdia.
2.1.1 Jornalismo Eletrnico
O conceito de que para existir uma boa comunicao basta que o
emis-sor transmita uma informao, de forma clara e concisa, atravs
deum canal comum, a um receptor especfico, no mais suficiente
paradar conta desse fenmeno que molda, sem precedentes, a vida em
so-ciedade. J nos anos 30, Bertold Brecht (1932, citado por
ENZENS-BERGER, 1978, p. 50) defendia que o ouvinte no se limitasse
aescutar, mas tambm falasse, no ficasse isolado, mas
relacionado.(PRIMO, 2003, p.21)
O que Brecht apontava desde aquela poca, e que hoje abre
vriosleques de debate, a possibilidade de interao social mediada
pormeios de comunicao, que neste caso deixam de exercer a funo
demeros distribuidores de informao. O que cabe aqui ressaltar
quetanto a interao mediada por meios tradicionais (como rdio,
televiso,livro, telefone, etc.), como tambm, mediada por
computadores, e porque no por celular, possuem em comum a utilizao
de um dispositivoeletrnico como elo da relao.
Em se tratando de meios de comunicao, o eletrnico est atrelado
tecnologia, no sentido de aprimoramento e evoluo, sendo o pontode
partida o telgrafo, como destaca Briggs & Burke (2006,
p.137):
A telegrafia foi o primeiro grande avano da rea de
eletri-cidade, descrita em 1889 pelo primeiro-ministro britnico,o
marqus de Salisbury, como uma estranha e fascinantedescoberta que
tivera influncia direta na natureza morale intelectual e nas aes da
humanidade. Ela havia re-unido toda a humanidade em um grande nvel,
em que sepodia ver [sic] tudo que feito e ouvir tudo que dito,
ejulgar cada poltica adotada no exato momento em que oseventos
aconteciam.
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16 Thiara Luiza da Rocha Reges
inegvel que mesmo com a ampla difuso, principalmente do r-dio e
da televiso, o computador se destaca como o dispositivo eletrni-co
da nova era, essencialmente pelas relaes de interao j
propor-cionadas desde sua interligao atravs das redes. Neste caso,
o dis-positivo depende da tecnologia da informao para ampliar seu
poderde conexo social. O acesso a Internet atravs do computador vem
nasltimas dcadas re-formulando relaes sociais e comerciais, e passa
aFigurar no cenrio o entretenimento, o e-commerce, as redes sociais
eas prticas jornalsticas.
Quanto s atividades jornalsticas, pesquisadores tem
apresentadoteses nos ltimos anos buscando esclarecer os elementos
essenciais daatividade, perpassando tambm pelo campo das
nomenclaturas e defini-es. Segundo Mielniczuk (2003, p.2 e 3), em
linhas gerais, observa-seque autores norte-americanos utilizam o
termo jornalismo online ou jor-nalismo digital, j os autores de
lngua espanhola preferem o termo jor-nalismo eletrnico. Apesar de
reconhecida relevncia destes autores,priorizaremos nesta pesquisa
as definies de pesquisadores brasileiros,salvo quando as excees se
fizerem indispensveis.
No que compete conceituao no mbito especfico do fazer
jor-nalismo, o Jornalismo Eletrnico a prtica jornalstica em
ambienteseletrnicos. Vale ressaltar que esta seria a forma mais
abrangente, vistoque o jornalismo na Internet, independente da
nomenclatura, faz uso deferramentas eletrnicas. A partir de tal
definio, possvel subentenderque qualquer atividade jornalstica que
dependa de utenslios eletrni-cos, pode ser classificada como
Jornalismo Eletrnico. J quanto apli-cabilidade, de acordo com a
definio acima, to ampla que mesmoao tentar delimitar apenas ao
veculo Internet no possvel apresentaras caractersticas do fazer
jornalstico, nem no que tange a arquitetura elayout da pgina, nem
estrutura da notcia e relaes com o pblico.
2.1.2 Jornalismo Digital
Antes de apresentar o conceito e caractersticas do Jornalismo
Digital,cabe aqui esclarecimentos dos termos virtual e digital,
visto que, se-
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Caractersticas e geraes do Webjornalismo 17
gundo Lvy (1999, p.46), a digitalizao o fundamento tcnico
davirtualidade.
A palavra virtual pode ser entendida em ao menos trssentidos: o
primeiro, tcnico, ligado informtica, um se-gundo corrente e um
terceiro filosfico. O fascnio susci-tado pela realidade virtual
decorre em boa parte da con-fuso entre esses trs sentidos. Na acepo
filosfica, vir-tual aquilo que existe apenas em potncia e no em
ato, ocampo de foras e de problemas que tende a resolver-se emuma
atualizao. [...] Mas no uso corrente, a palavra vir-tual muitas
vezes empregada para significar a irrealidade enquanto a realidade
pressupe uma efetivao mate-rial, uma presena tangvel. (LVY, 1999,
p.47)
A parte tcnica do virtual fica por conta do digital, traduo de
in-formaes em cdigo binrio formado por combinaes de 0 e 1.
Nosentido corrente da palavra, o cdigo binrio inacessvel aos seres
hu-manos e apenas podemos acompanh-lo atravs das atualizaes, o queo
qualifica pertencente ao campo virtual. Levy (1999, p.48)
comple-menta que os cdigos de computador atualizam-se em alguns
lugares,agora ou mais tarde, em textos legveis, imagens visveis
sobre tela oupapel, sons audveis na atmosfera.
Vale ressaltar que alm da quantidade de informaes que podemser
digitalizadas, possvel tambm a produo diretamente no for-mato
binrio, e principalmente, o processo, tanto no ato da
virtualizaocomo no ato de restituio, feito de forma rpida com alto
nvel depreciso. O computador, suporte fsico pelo qual essas aes
tornam-se possveis, passa, portanto, a ser parte integrante da
construo doJornalismo digital.
A diferena entre o Jornalismo Assistido por Computadorese o
Jornalismo Digital consiste em que, no primeiro caso,o computador
entra como um elemento auxiliar para a pro-duo das informaes
enquanto que, no segundo, o com-putador constitui a prpria
plataforma para todas as etapasdo processo de produo e circulao dos
contedos jor-nalsticos. (MACHADO apud MOHERDAUI, 2008, p.2)
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18 Thiara Luiza da Rocha Reges
Pela possibilidade de traduzir em nmeros informaes em
vriosformatos, o conceito de Jornalismo digital est atrelado ao uso
de tec-nologias digitais, tanto na captura, como no processamento e
dissemi-nao da informao. Entra neste contexto desde o mais simples
recursocomo um pendrive at smartphones. comum tambm aplicar a
termi-nologia Jornalismo Multimdia, justamente por permitir a
manipulaode arquivos de textos, som e imagem.
A digitalizao da informao faz desaparecer o meio fsi-co,
instaurando uma nova forma de fazer jornalismo, a qualpressupe
atualizao instantnea dos bits na forma de tex-tos, grficos,
imagens, animaes, udio, vdeo os re-cursos da multimdia. Com a
digitalizao, o jornalismose renova dando sequncia ao movimento de
evoluo dosmeios de comunicao, movimento esse diretamente asso-ciado
ao desenvolvimento e dinmica das cidades. (BAR-BOSA, 2002,
p.11)
2.1.3 Ciberjornalismo
As prticas jornalsticas na Internet ganharam fora quando
passaram aexplorar as potencialidades do ciberespao. Segundo Dreves
(s/d, p.2)a questo do desenvolvimento jornalstico neste ciberespao
est di-retamente ligado com a tecnologia e adaptao das informaes,
aoveculo miditico. Porm antes de evoluir no debate acerca das
prticasjornalistas preciso entender o ciberespao. Dentre todas as
definies,a que mais se destaca a apresentada do Pierre Lvy:
Eu defino o ciberespao como o espao de comunicaoaberto pela
interconexo mundial dos computadores e dasmemrias dos computadores.
Essa definio inclui o con-junto dos sistemas de comunicao
eletrnicos (a inclu-dos os conjuntos de rede hertzianas e
telefnicas clssicas),na medida em que transmitem informaes
provenientesde fontes digitais ou destinadas digitalizao. Insisto
na
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Caractersticas e geraes do Webjornalismo 19
codificao digital, pois ela condiciona o carter plstico,fluido,
calculvel com preciso e tratvel em tempo real,hipertextual,
interativo e, resumindo, virtual da informaoque , parece-me, a
marca distintiva do ciberespao. Essenovo meio tem a vocao de
colocar em sinergia e inter-facear todos os dispositivos de criao
de informao, degravao, de comunicao e de simulao. A perspectiva
dadigitalizao geral das informaes provavelmente tornaro ciberespao
o principal canal de comunicao e suportede memria da humanidade a
partir do prximo sculo.(LEVY, 1999, p. 92 e 93).
Para Santi (2009, p. 184), o prefixo ciber, faz referncia
cibern-tica, sendo ento o ciberespao um ambiente hipottico povoado
porelementos da eletrnica e informtica.
A concepo de Lemos (1997) diz que o ciberespao podeser entendido
a partir de duas perspectivas: como o lu-gar onde estamos quando
entramos num ambiente virtual(realidade virtual), e como o conjunto
de redes de computa-dores, interligadas ou no, em todo o planeta
(BBS, video-textos, Internet...). Para o autor, porm estamos
cami-nhando para uma interligao total dessas duas concepesdo
cyberespao, pois segundo ele as redes vo se interligarentre si e,
ao mesmo tempo, permitir a interao por mun-dos virtuais em trs
dimenses. O cyberespao assimuma entidade real, parte vital da
cybercultura planetria queest crescendo sob os nossos olhos, aponta
Lemos (1997).(SANTI, 2009, p.184)
A grosso modo o ciberespao pode ser dividido em web e
ambientesmarginais. Essa distino acontece porque a web possui uma
inter-face mais clara e com amplas possibilidades de
interatividade. Jung-blut (2004, p.115) destaca que na web que
podemos experimentar asensao mais intensa de estarmos, em certo
sentido, viajando ciberes-pacialmente, isso, devido principalmente
ao uso do hipertexto.
A integrao do contedo, da conectividade e da interaohumana na
Web permite a criao de redes por palavras,
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20 Thiara Luiza da Rocha Reges
por imagens, por documentos e pela lgica que as interliga.No que
o texto simplesmente se torne hipertexto, ligadointernamente por
supernotas de rodap; o texto se torna arede que conecta o usurio a
todos os recursos de palavras:pessoas, organizaes, informaes,
servios. Ele forneceo contexto, a comunidade e as conexes de
navegao quedefinem o ciberespao. (KAHIN apud JUNGBLUT, 2004,p.
115)
Quanto aos ambientes marginais no possvel uma melhor delimi-tao.
Estes se expandem a cada dia. Destacando os principais teramosos
que permitem localizao e transferncia de arquivos (ftp,
archie,gopher, etc.), os que permitem o uso remoto, por simulao, de
umcomputador distante, neste caso os sistemas telnet7 e os que
permitema comunicao, de forma sncrona ou assncrona, entre os
usurios darede.
A partir do ciberespao surgem ramificaes como cibercultura,
ci-berpunk, cibercidades8 e ciberjornalismo. Este , portanto, toda
a ativi-dade jornalstica realizada no ciberespao, ou com auxlio das
ferra-mentas disponibilizadas neste mesmo ambiente. Dentro da
estruturatecnolgica oferecida pelo ciberespao possvel explorar
jornalistica-mente as caractersticas de multimidialidade,
interatividade, hipertex-
7 Telnet is a network protocol and is commonly used to refer to
an application thatuses that protocol. The application is used to
connect to remote computers, usually viatcp port 23. Most often,
you will be telneting to a unix like server system or perhapsa
simple network device such as a switch.
(www.telnet.org/htm/faq.htm)(Telnet um protocolo de rede e
normalmente usada para se referir a uma aplicaode uso deste
protocolo. A aplicao usada para conectar computadores
remotos,normalmente via TCP porta 23. Mais frequentemente, voc
poder se telconectar aum unix como servidor de sistema ou talvez um
padro de rede simples como com umswitch.)
8 O termo cyber remete digital, virtual, tecnologia e
informtica. Associado acidades representa projetos que buscam a
devida apropriao social das novas tec-nologias, de forma
igualitria. Quando pensamos em cibercultura, busca-se retrataro
comportamento da sociedade vigente, que se desenvolve rodeada de
tecnologia, comsuas tribos e os hackers. Estes, por sua vez
impulsionaram um movimento, iniciadoem 1980, quando o escritor de
fico cientfica Bruce Bethke sofreu um ataque dehackers. O lanamento
do livro Cyberpunk! de Bethke, tinha a inteno de inven-tar um
neologismo que exprimisse a justaposio de atitudes punk e alta
tecnologia.(FERNANDES, 2009, p.18)
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www.telnet.org/htm/faq.htm
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Caractersticas e geraes do Webjornalismo 21
tualidade, personalizao e memria, que sero melhor definidas
nocaptulo 3 desta monografia. Tendo este perfil, investigadores
comoSalaverra (2005, p.21) defendem que o ciberperiodismo ou
ciberjorna-lismo a terminologia mais apropriada para essa forma de
jornalismo,tambm denominada jornalismo digital, jornalismo online,
jornalismomultimdia e jornalismo eletrnico. (BARBOSA, 2005,
p.1)
Vale ressaltar que seria insuficiente apresentar essas definies
semesclarecer que o ciberespao um ambiente que passa por
constantesmutaes. As mudanas ocorrem em todos os componentes do
ciberes-pao, os seres humanos, as informaes, as redes fsicas de
computa-dores e os programas.
A Internet no uma coisa estvel, no uma tecnolo-gia pronta. uma
como uma cidade que est em per-manente construo e cuja a vida dos
prdios extrema-mente efmera. No Ciberespao, o que no presente, oque
no novidade, arcaico, talvez objeto da arqueolo-gia. So tantas
coisas novas que para aprend-las faz-senecessrio esquecer. [. . . ]
Na verdade, muitos navegadoresdo Ciberespao no parecem preocupados
com registro ememria histrica. So mais ligados s memrias
artifici-ais, importantes para o acesso e a manipulao da infor-mao.
Mantm-se registros eletrnicos do saldo bancrio,da produo, dos
acontecimentos, mais por exigncia deum mundo concreto, que funciona
baseado em um mod-elo anterior ao Ciberespao. O Ciberespao pode at
reterregistros histricos em suas entranhas, mas, para seus
usu-rios, o que significativo o que circula na superfcie ef-mera
das telas: a informao atualizada. (FRANCO apudJUNGBLUT, 2004,
p.113)
Apesar do poder de memorizao do ciberespao, e sua ligao comas
tecnologias intelectuais9, arisco-me a dizer que at o momento o
9 O ciberespao apia muitas tecnologias intelectuais que
desenvolvem a memria(atravs de bases de dados, hiperdocumentos,
Web), a imaginao (atravs de simu-laes visuais interativas),
raciocnio (atravs de inteligncia artificial, sistemas espe-ciais,
simulaes), percepo (atravs de imagens computadas de dados e
telepresenageneralizada) e criao (palavras, imagens, msica e
processadores de espaos virtu-ais). (LEVY, 2008, p. 165)
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22 Thiara Luiza da Rocha Reges
seu principal destaque, tem sido a informao momentnea e as
atua-lizaes constantes, denotando agilidade, o que nos faz lembrar
que ociberespao cada vez mais transitrio e inconstante.
2.1.4 Jornalismo Online
Escritor e jornalista, o alemo Otto Groth10 um dos precursores
dojornalismo. Segundo Groth o jornal primeiramente obra cultural
e,portanto, uma realidade de sentido (FIDALGO, 2004, p. 2). Para
terjornal, portanto, preciso ter uma ideia do que jornal, e o que a
de-termina o homem, j que o produto ser destinado a ele. O
autoracrescenta ainda que independente da sua forma de materializao
(im-presso, rdio ou televiso e Internet) a essncia ou identidade,
ou seja, aideia que a sociedade tem de jornal, ou jornalismo, se
mantm a mesma.
Dito isto, afirmada a natureza ideal do jornal enquanto cria-o
cultural, no levanta qualquer problema considerar ojornalismo
online como jornalismo. Se h jornalismo im-presso, radiofnico e
televisivo, tambm h jornalismo on-line. Trata-se apenas de uma
diferente materializao deuma realidade ideal. Podemos at considerar
que um mes-mo jornal pode ter diferentes materializaes, e alis
issoque acontece com muito jornalismo online, que consisteapenas
numa materializao de jornais que se concretiza-vam anteriormente em
outros suportes, impressos, radiof-nicos ou televisivos. (FIDALDO,
2004, p.3)
Como forma de determinar o jornal ideal, Groth (apud
FIDALDO,2004, p.2) destaca algumas caractersticas como sendo
essenciais paraqualquer jornal, independente da materializao, sendo
essas: a perio-dicidade, universalidade, atualidade e publicidade.
Debruamo-nos
10 (1875 a 1965) Nascido em Schlettstadt, Alemanha. Como
professor e pes-quisador foi um discpulo de Max Weber e dedicou-se
ao ensino de Cincias em Jor-nalismo do Instituto de Jornalismo, em
Munique (Mnchner Instituts fr Zeitungswis-senschaft). Seu trabalho,
de particular relevncia, cabido ao espao dos meios im-pressos e
ultrapassado, no plano do desenvolvimento terico, pelas linhas
circunviz-inhas de cincias da comunicao. (INFOAMERICA.ORG)
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Caractersticas e geraes do Webjornalismo 23
aqui sobre a periodicidade, fator que ressalta a relevncia e
sentido dotermo online aplicado a prtica jornalstica na
Internet.
Para que o produto se configure como jornalismo, precisa
existiruma repetio da marca do jornal atravs dos textos, linha
editorial,e tambm identidade visual da empresa, ou seja, precisa
haver uma re-gularidade de publicaes, seja essa diria, semanal,
quinzenal, etc. En-tretanto, a essncia do jornal no est na repetio,
mas sim na aproxi-mao com a realidade do receptor do produto. Otto
Groth (FIDALGO,2004, p.4) destaca que o diferencial no est na
regularidade da perio-dicidade, no estabelecimento de intervalos
exatos entre uma edio eoutra, mas sim na possibilidade de aproximar
a notcia com o momentodo acontecimento que a gerou.
Sem dvida que a grande vantagem do jornalismo radiof-nico
relativamente imprensa e televiso de a sua pe-riodicidade ser muito
superior e de se aproximar mais doideal da simultaneidade. O slogan
de uma rdio noticiosaportuguesa Se est a acontecer, voc precisa de
saberexprime bem esta noo de periodicidade levada s lti-mas
consequncias, de produzir uma manifestao do jor-nal sempre que a
actualidade noticiosa assim o exija. (FI-DALDO, 2004, p.4)
A Internet, porm, quebra essa hegemonia do rdio medida queela no
precisa esperar o horrio do prximo boletim de notcias paradivulgar
a informao. Outro fator que ela rompe com a temporali-dade por
permitir que o leitor molde os seus horrios e acompanhe
aosacontecimentos, sem perder uma informao por estar longe do
veculoou com o mesmo desligado.
O destinatrio pode conciliar no jornalismo online o queno pode
fazer no jornalismo radiofnico, que conjugarda melhor forma, ou do
modo que lhe for mais conveniente,a periodicidade acrescida da
informao com os hbitosdiscretos de obter informao a intervalos
regulares. Acres-ce neste ponto que o jornalismo online pode manter
conti-nuamente acessveis as sucessivas edies de um jornal, oque
obviamente a rdio e a televiso no podem fazer, e
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24 Thiara Luiza da Rocha Reges
dar uma profundidade temporal nica ao desenvolvimentonoticioso
de determinado evento. (FIDALDO, 2004, p.4 e5)
O termo online, aplicado a Internet, vem corroborar com a
defesade que o que se pratica neste veculo sim jornalismo, e que
apesar daliberdade de plataformas e criao, o produto final conserva
as carac-tersticas da forma-jornal e o elo com a histria construda
pelo jorna-lismo. Rabaa & Barbosa (2001, p.523 e 524),
apresenta as seguintesdefinies:
On-line: (inf11) Em port., em linha. 1. Diz-se dos dis-positivos
perifricos que esto sob controle direto de umaunidade central de
processamento ou em comunicao comela. Oposto de off-line. 2. Diz-se
da possibilidade de inter-ao entre um usurio e um computador.
Caracterstica docomputador ou de qualquer equipamento que esteja
prontopara funcionar ou em funcionamento.
(inf, int12, tc13) 1. Diz-se da transmisso, em tempo real
dequalquer informao via computador. 2. Diz-se do com-putador ou
qualquer perifrico funcionando em rede. 3. P.ext., diz-se da
informao disponvel em uma rede. 4. P.ext., diz-se do usurio que est
naquele momento conec-tado a uma rede.
(tc) Estado em que se encontra o equipamento ou terminalquando
efetua transmisso ou recepo de uma mensagemque produzida naquele
momento, e no registrada pre-viamente, em fita ou qualquer outro
suporte, para posteriortransmisso. Usa-se tb sem o hfen:
online.
Aproximando o termo online de jornalismo, tem-se a ideia de
agi-lidade e instantaneidade, atravs de uma conexo em tempo real,
infor-maes atuais e de relevncia para o contexto social. Palcios
(apud
11 inf = informtica12 int = Internet13 tc = telecomunicaes
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Caractersticas e geraes do Webjornalismo 25
DREVES, s/d, p.2) ressalta que trata-se de um ambiente
comunica-cional e informacional onde alm das funes tradicionais de
emis-so e recepo transpostas dos meios de comunicao
preexistentes,colocam-se os fatores de demanda (ao invs de emisso)
e acesso (aoinvs de recepo) no contedo informativo.
Esclarecendo qualquer duvida que possa existir quanto ao uso
dostermos digital e online, apesar de ambos serem usados para
nomearo jornalismo praticado na rede, o primeiro se refere ao
suporte de trans-misso, enquanto que o segundo diz respeito forma
de circulao dasnotcias. Quanto s caractersticas do fazer
jornalismo, cabe ressaltaras disparidades entre os vrios ncleos de
pesquisa e pesquisadores naescolha do termo a ser empregado, o que
vem a provocar incoernciasquanto s particularidades da atividade.
Se for levado em consideraoo significado literal do nome deduz-se,
pelo menos, que exista produode notcias exclusivas para a Internet
e no apenas a digitalizao dasmatrias produzidas para outros
veculos.
2.1.5 Webjornalismo
Quando Murad (apud Canavilhas, 1999, p.2) diz que o conceito do
jor-nalismo est atrelado ao suporte tcnico, definindo o
Webjornalismocomo nomenclatura para o fazer jornalismo na Internet,
mais precisa-mente na plataforma www (ou web), faz parecer que
estamos lidandocom algo simples. Pertencente ao ciberespao, a web
ganhou destaquepela aplicao da linguagem de hipertexto (HTML), que
torna a in-terface mais usual a pessoas sem nenhum conhecimento
especfico decdigos ou outros comandos de informtica. Neste caso
podemos en-tender que como forma de jornalismo mais recente, o
Webjornalismo a modalidade na qual as novas tecnologias j no so
consideradasapenas como ferramentas, mas, sim, como constitutivas
dessa prticajornalstica. (BARBOSA, 2005, p. 2)
No Webjornalismo, o uso das novas tecnologias configura-se
comobase, tanto para o emissor (site) como para o receptor
(webleitor).Considera-se como informao webjornalstica relatos
descritivos, in-terpretativos e opinativos da realidade
contempornea, que se caracteri-
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26 Thiara Luiza da Rocha Reges
zam pela articulao de recursos da linguagem hipermiditica em
maiorou menor grau de sofisticao (ALZAMORA, 2004, p.1). Apesar
deWebjornalismo estar relacionado web, o termo s comeou a ser
uti-lizado quando passou a haver um melhor aproveitamento das
potencia-lidades da plataforma. Iniciativas empresariais e
editoriais mudaram deestratgia e ultrapassaram a ideia de
digitalizao dos formatos tradi-cionais, aprofundando no uso de
recursos multimdia e hipertexto.
Sobre as atividades jornalsticas na web,
Bardoel e Deuze (2000), apontam quatro elementos:
in-teratividade, customizao de contedo, hipertextualidadee
multimidialidade. Palacios (1999), com a mesma preo-cupao,
estabelece cinco caractersticas: multimidialida-de/convergncia,
interatividade, hipertextualidade, perso-nalizao e memria (SANTI,
2009, p.185).
Cabe ressaltar que alguns estudos nacionais [BARBOSA, 2005;
MA-CHADO, 2008; MIELNICZUK, 2001; MIELNICZUK, 2003; SANTI,
2009]dividem a evoluo do Webjornalismo em trs, quatro e at cinco
fases,e as caractersticas acima corresponderiam ao Webjornalismo de
ter-ceira gerao. As particularidades de cada fase, assim como suas
ca-ractersticas sero discutidas no captulo 3 desta monografia. O
que relevante ressaltar neste ponto como o jornalismo na web altera
noapenas a relao dos profissionais com o produto, mas tambm a
relaodo leitor com o jornalismo.
A criao da World Wide Web, anunciada pelo engenheirobritnico Tim
Bernes Lee, no incio dos anos 90, mudouas relaes dos leitores com
os jornais, dos jornais com osjornalistas e dos jornalistas com a
rede. Do ponto de vistados leitores, a web ampliou a participao na
produo decontedo. Do ponto de vista da produo jornalstica, al-terou
o conceito de notcia. Do ponto de vista empresarial,mudou a
distribuio e a circulao de informao. (MO-HERDAUI, 2008, p.4)
A teoria matemtica da informao, como mostra a Figura 01,sofre
interferncias com a Internet. O que se percebe que no ciberes-pao
as relaes em torno da informao possuem um ciclo ininter-rupto, e a
todo o momento, uma notcia pode ganhar novas verses. O
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Caractersticas e geraes do Webjornalismo 27
processo de construo continuo, e envolve jornalistas, fontes e
we-bleitores/usurios.
Diferentemente das formas anteriores de jornalismo que
ne-cessitam ser distribudas seja atravs da circulao (pa-pel
impresso) seja pela difuso de ondas, o jornalismo di-gital precisa
ser acessado pelo leitor/usurio. O texto estl posto como uma
unidade que deve ser construda se-gundo um formato multilinear
propiciado pelo hipertexto, oqual permite a organizao da narrativa
jornalstica em dife-rentes nveis ou blocos de texto aliando alm de
imagensestticas, vdeos, animaes e udio, que so ligados entresi pelo
link como o elemento constitutivo e inovador parao hipertexto
digital, uma escrita marcada pela supresso delimites de espao e de
tempo. (BARBOSA, 2002, p.14)
Em linhas gerais, a interatividade permite que o usurio opine,
e-logie e critique, colabore com sugestes e, principalmente
construa asnotcias, o que, quando bem aplicado e apurado, ajuda a
explorar osenso crtico da populao. A customizao de contedo, ou
perso-nalizao, fortalece a relao entre canal e receptor ao permitir
que omesmo se reconhea no produto final. O hipertextualidade abre
umleque de possibilidades, levando o usurio ao aprofundamento
atravsde links. A multimidialidade transmite uma mesma informao em
for-matos diferentes (udio, vdeo, imagem esttica ou texto),
proporcio-nando novas formas de leitura. J a memria rompe a
barreira de es-pao e tempo, deixando disponvel ao usurio, informaes
publicadasnos momentos em que o usurio no estava conectado a
rede.
Esclarecemos, porm, que ao apresentar as caractersticas do
Web-jornalismo e suas potencialidades, no se trata de enumerar
justificativaspara balizar a afirmao de que as atividades
jornalsticas na Internet es-to configurando o novo jornalismo, ou
que as mdias tradicionais estocom os dias contados.
(...) Entendido o movimento de constituio de novos for-matos
mediticos no como um processo evolucionrio li-near de superao de
suportes anteriores por suportes no-vos, mas como uma articulao
complexa e dinmica de
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28 Thiara Luiza da Rocha Reges
diversos formatos jornalsticos, em diversos suportes,
emconvivncia e complementao no espao meditico, ascaractersticas do
jornalismo na Web aparecem majoritari-amente como Continuidades e
Potencializaes e no, ne-cessariamente, como Rupturas com relao ao
jornalismopraticado em suportes anteriores. Com efeito, possvel
ar-gumentar-se que as caractersticas elencadas anteriormentecomo
constituintes do jornalismo na Web podem, de umaforma ou de outra,
ser encontradas em suportes jornalsti-cos anteriores, como o
impresso, o rdio, a TV, o CD-Rom.(PALACIOS apud BARBOSA, 2002, p.
16)
FIGURA 01 Teoria Matemtica da Informao
2.2 Diferentes e to iguais
Escolher o nome de um filho no tarefa fcil: precisa saber
primeiroqual o significado, que pode variar de acordo com a origem
e influn-cias at da numerologia (para os crdulos), alm de ser um
nome para
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Caractersticas e geraes do Webjornalismo 29
toda vida, sendo relevante haver uma identificao com as
caractersti-cas fsicas, e porque no, psicolgicas da criana.
Desde o incio das atividades jornalsticas na Internet,
pesquisadoresse esforam na construo de definies, nomenclaturas e
caractersti-cas que comportem a efervescia da nova mdia.
Sem dvida, no se pode desconhecer que a fundamen-tal tarefa
epistemolgica concentra-se na elaborao de umconceito e sua
conseqente sntese, entretanto, esse obje-tivo s se d a conhecer
atravs de uma forma que, su-perando todas as caractersticas
mimticas do fenmeno,permite que o conheamos ou o identifiquemos
pelos no-mes que o sintetizam. Ou seja, o ato de nomear tende
asuperar toda relao arbitrria entre um significante em re-misso
para um significado. (FERRARA, 2008, p.25)
Abre-se aqui um parntese para o esclarecimento do sentido de
novamdia, como um mix entre o novo e velho, tanto quanto ao
produtocomo aos receptores deste, como elementos complementares.
Mano-vich (apud DALMONTE, 2007, p.2) destaca que os velhos dadosso
representaes da realidade visual e da experincia humana, isto
,imagens, narrativas baseadas em textos e audiovisuais o que
normal-mente compreendemos como cultura. Os novos dados so
dadosdigitais. Percebe-se nova mdia como a possibilidade de
reinventar ojornalismo no que tange ao uso de mais recursos
estticos, novas es-tratgias para veiculao de informaes e as relaes
com o receptorda mensagem.
As nomenclaturas mais aplicadas ao jornalismo na Internet
oscilamentre jornalismo eletrnico, jornalismo digital ou multimdia,
ciberjor-nalismo, jornalismo online e Webjornalismo. E todas essas
nomencla-turas so tentativas de elucidao da diversidade encontrada
no fazerjornalismo na Internet, pela qual, diariamente jornalistas
mantm roti-nas produtivas, atentos a possibilidades e modificaes em
seus for-matos. As particularidades de cada nomenclatura
apresentada acima seentrelaam, o que leva a concluso que no se
trata de prticas dife-rentes, mas sim, de informaes que se moldaram
com tempo e hoje secomplementam.
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30 Thiara Luiza da Rocha Reges
Mielniczuk (2003, p.5) apresenta, atravs de uma representao
gr-fica em forma de superposio de esferas (Figura 02), a delimitao
dasterminologias acima identificadas, afirmando que o Webjornalismo
estcontido no jornalismo online, que por sua vez est contido no
ciberjor-nalismo, e este no jornalismo digital, estando todos
contidos no jorna-lismo eletrnico, que seria o mais abrangente das
formas de jornalismona Internet.
FIGURA 02 Esferas que ilustram a delimitao das
terminologias.(Mielniczuk, 2003, p.5)
Alm do sentido atribudo prpria representao, Mielniczuk(2003,
p.5) complementa que,
As definies apresentadas assemelham-se a esferas con-cntricas
que fazem o recorte de delimitaes. Como jfoi referido, estas
definies aplicam-se tanto ao mbito daproduo quanto ao da disseminao
das informaes jor-nalsticas. Um aspecto importante que elas no so
exclu-dentes, ocorre sim que as prticas e os produtos elabora-
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Caractersticas e geraes do Webjornalismo 31
dos perpassam e enquadram-se de forma concomitante emdistintas
esferas.
Visto de tal forma, tem-se a impresso que as dvidas quanto
aojornalismo na Internet esto sanadas. Entretanto, relevante
ressaltarque no se trata apenas de definies, mas de um novo fazer
jornalismo,que rompe com a temporalidade e as noes de espao fsico,
e renovao sentido de mass media, j que a audincia na Internet no
pode serentendida como uma massa composta por pessoas fsicas que no
seconhecem, que esto separadas umas das outras no espao e que
tmpouca ou nenhuma possibilidade de exercer uma ao ou uma
influnciarecprocas (WOLF apud PEREIRA, 2003, p.57)
A nomenclatura ideal para a prtica jornalista na Internet
devecontemplar no apenas aspectos tecnolgicos como a plataforma e
aspossibilidades nela dispostas. A Internet apresenta-se como mdia
re-volucionria pelo poder de estabelecer relaes todos-todos,
enquantoas demais mdias ainda esto no processo um-um ou
um-todos.
Ao abordarmos a dinmica social da comunicao, nos de-paramos com
a necessidade de dominar uma gama de defi-nies que, se por um lado
resultam de uma nomenclaturatcnica, por outro, decorrem de
contextos sociais, oscilandoentre usos e expectativas. Nesse
nterim, a definio denovas mdias pode nos conduzir tanto a um debate
acercada construo social do conceito, bem como percepode sua
transitoriedade, decorrente da mutabilidade das tec-nologias, o que
nos conduz dualidade velhas/novas m-dias. (DALMONTE, 2007, p.1)
Trata-se de um processo de transio, onde apesar dos
inmerosacessos a Internet ainda busca, perante o pblico, a
confirmao de suaidentidade jornalstica. Historicamente, todos os
veculos passaram poressa fase.
O jornalismo impresso, por exemplo, foi considerado, atmeados da
dcada de 60, um gnero literrio. J o nasci-mento do rdio foi saudado
como o de uma oitava arte,
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32 Thiara Luiza da Rocha Reges
tanto que a preocupao esttica foi dominante nos primei-ros
estudos sobre o meio. Da mesma forma, o jornalistaCarlos Chagas
(1997: 336) afirma que a televiso, intro-duzida no Brasil na dcada
de 1950, comeou como umabrincadeira de gente rica, sem nenhum
compromisso como jornalismo. (PEREIRA, 2003, p.56)
O primeiro ponto a se destacar o veculo. Nestes quase vinte
anosde prtica jornalstica na Internet com vrias incertezas
principalmentequanto s nomenclaturas, no que tange as
caractersticas essenciais daatividade, autores parecem concordar
com a aplicabilidade de cincos e-lementos:
multimidialidade/convergncia, interatividade, hipertextuali-dade,
personalizao e memria. Fidalgo (2004, p.8) destaca, porm,que a
desatualizao ou a no atualizao peridica da informaojornalstica
online constitui mesmo causa de descredibilizao. Se hmeio que exija
permanente atualizao a informao jornalstica vei-culada na Internet.
Seguindo pensamento anlogo, Canavilhas (1999,p.4) afirma que a
utilizao do som consome largura de banda, mas,indubitavelmente,
acrescenta credibilidade e objetividade notcia. Se-gundo os
autores, cada parte essencial para montar o quebra-cabea,no
podendo, portanto, dissociar a aplicabilidade de tais
caractersticas.
3 WEBJORNALISMO
Recente e em constante processo de transformaes, o fazer
jornals-tico na Internet uma realidade da sociedade contempornea, e
porisso ainda carece de definies que esclaream sua identidade,
prin-cipalmente ante aos receptores dessa informao. No que diz
respeito nomenclatura, as pesquisas do Grupo de Pesquisa em
Jornalismo On-Line (GJOL) da Faculdade de Comunicao da Universidade
Federal daBahia (UFBA), da qual fazem parte Marcos Palacios e Andr
Lemos,fortaleceram o uso de Webjornalismo como a terminologia capaz
dedescrever este fenmeno.
Este captulo objetiva o aprofundamento terico nas
particularida-des do Webjornalismo, no que tange as fases
evolutivas e as caracters-ticas que definem a atividade jornalstica
na Internet. No decorrer da
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Caractersticas e geraes do Webjornalismo 33
exposio, perceber-se- a enorme variedade de abordagens e
ramifi-caes que balizam o jornalismo na Internet, mas que juntas
buscam oque seria o ideal da atividade na nova mdia. Esse passeio
pelos elemen-tos do Webjornalismo, alm de reforar os esforos dos
pesquisadoresem estabelecer a identidade da atividade, nortear a
anlise desta mono-grafia.
Primeiramente, destaca-se a evoluo da atividade jornalstica
naInternet, atravs da potencializao do uso da plataforma HTML e
odesenvolvimento de novas ferramentas tecnolgicas que exercem
in-fluncias diretas, tanto na produo jornalstica como na recepo
dasinformaes.
Avanando na discusso, far-se- um detalhamento de cada ele-mento
que compem a terceira e a quarta gerao do
Webjornalismo.Hipertextualidade, multimidialidade, interatividade,
personalizao ememria, estes da terceira gerao, e banco de dados e
jornalismo co-laborativo, da quarta gerao. As descries seguiro o
perfil de apre-sentao das definies gerais de cada elemento, sem o
aprofundamentoem debates que possam suscitar dvidas no momento da
anlise, vistoque cada elemento pode passar por adaptaes, de forma
individual,mas que comprometem o fazer como um todo.
3.1 Do transpositivo ao banco de dados
Como forma de entender as relaes dentro do Webjornalismo,
pesqui-sadores [BARBOSA, 2005; MACHADO, 2008; MIELNICZUK,
2001;MIELNICZUK, 2003; SANTI, 2009] dividiram-no em fases, de
acordocom a explorao dos elementos tecnolgicos. Para Marshall
McLuhan,o contedo de qualquer mdia sempre uma antiga mdia que foi
subs-tituda (CANAVILHAS, 1999, p.1). Na Internet essa relao fica
claraquando analisada a evoluo da atividade jornalstica em cada
geraodo Webjornalismo, sendo atualmente quatro ou cinco geraes, a
de-pender da anlise do pesquisador.
Em trabalho de 2008, Schwingel (2008:56) prope siste-matizar os
processos de produo no ciberjornalismo em 5fases: A) Experincias
pioneiras final dos anos 60 com
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34 Thiara Luiza da Rocha Reges
o envio de informao via fax, clipping via telnet, e prove-dores
Internet de acesso restrito a clientes. B) Experinciasde primeira
gerao a partir de 1992 e os produtos sotranspostos do impresso para
a web. C) Experincias de se-gunda gerao a partir de 1995 e os
produtos permanecemvinculados ao modelo metforico do veculo
impresso. Oprocesso de produo passa a apresentar algumas
funesdistintas do impresso. D) Experincias de terceira gerao a
partir de 1999 e os produtos vo se autonomizando domodelo do
impresso. Os sistemas de gesto de contedoscomeam a ser utilizados,
com a utilizao de banco de da-dos integrados ao produto. E)
Experincias ciberjornalsti-cas a partir de 2002, com o uso de banco
de dados integra-dos, de sistemas de produo de contedos e a
incorporaodo usurio na produo atravs do jornalismo
colaborativo.(MACHADO, 2008, p.5)
A primeira gerao do Webjornalismo, ou perodo
transpositivo,ocupa-se da transposio, integral, de parte do contedo
produzido paraveculos impressos. No h nenhuma adequao do texto para
a m-dia, no se contrata jornalistas, nem treina-os, para trabalhar
com onovo ambiente, e as atualizaes acontecem de acordo com ritmo
dasredaes, 24 horas no caso de jornais dirios. Trata-se de uma
tentativatmida de entrar no ciberespao.
Assim, nesse modelo ainda em prtica por alguns jornais, visvel
uma ausncia de agregao significativa de recursospossibilitados pela
tecnologia da Internet. No raro, princi-palmente no comeo da era
dos jornais online, observava-seque a verso colocada na rede era,
por vezes, apenas par-cial, com algumas sees, da que era publicada
no formatoem papel. (SILVA JR. apud DALMONTE, 2005, p.5)
Cabe destacar neste ponto o medo da mdia impressa de que o
pbli-co trocasse o papel pelo computador, o que transformava a
pgina daweb em um propulsor publicitrio, tentando conquistar mais
assinantespara o jornal ou revista. Ainda hoje possvel encontrar
sites que
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Caractersticas e geraes do Webjornalismo 35
disponibilizam contedo com a seguinte frase: Leia a matria na
inte-gra na edio impressa do jornal. Exemplos so o
www.atarde.com.br, da Bahia, e o www.folha.com.br, de So Paulo.
Mesmo que aestratgia tenha funcionado por um perodo, tornou-se
rapidamente umtiro-no-p, porque o usurio ficava com a informao
incompleta. ParaDreves, (s/d, p.3) foi este medo que fez com que a
produo informa-tiva jornalstica brasileira demorasse mais para
comear a criar as suascaractersticas.
A partir de 1995, mesmo ainda atrelados ao modelo de produodo
impresso, as redaes comeam a ser ocupadas por jornalistas
de-dicados a Internet, com explorao de novas ferramentas, produo
decontedo exclusivo para a mdia, mesmo que ainda de forma
incipiente.Na segunda gerao do Webjornalismo, ou perodo perceptivo,
sitesocupavam-se principalmente do aproveitamento dos textos.
Nesta fase, mesmo ainda sendo meras cpias do impressopara a Web,
comeam a surgir links com chamadas paranotcias de fatos que
acontecem no perodo entre as edi-es; o e-mail passa a ser utilizado
como uma possibili-dade de comunicao entre jornalista e leitor ou
entre osleitores, atravs de fruns de debates; a elaborao das
not-cias passa a explorar os recursos oferecidos pelo hipertexto.A
tendncia ainda era a existncia de produtos vincula-dos no s ao
modelo do jornal impresso, mas tambms empresas jornalsticas cuja
credibilidade e rentabilidadeestavam associadas ao jornalismo
impresso. (MIELNIC-ZUCK, 2001, p.2)
Percebendo a potencialidade e facilidades de negcios
proporciona-das pela mdia, empresas partem para o lanamento de
produtos exclu-sivos para a Internet (algumas at, sem vnculo com
empresas de mdiatradicionais, principalmente por no ser necessrio
passar por processode licitao junto aos rgos de regulao
governamental). Nasce a ter-ceira gerao do Webjornalismo, ou perodo
hipermiditico. SegundoSanti (2009, p.186) a fuso, em 1996, entre
Microsoft e NBC, uma em-presa de informtica e a outra de comunicao,
o melhor exemplodeste perodo: O www.msnbc.com talvez tenha sido o
pioneiro site de
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www.atarde.com.brwww.atarde.com.brwww.folha.com.brwww.msnbc.com
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36 Thiara Luiza da Rocha Reges
jornalismo que no surgiu como decorrncia da tradio e da
experin-cia do jornalismo impresso.
nesta fase que se percebe a utilizao dos cinco elementos,
citadosanteriormente: multimidialidade/convergncia, interatividade,
hipertex-tualidade, personalizao e memria.
Nos produtos jornalsticos dessa etapa, possvel
observartentativas de, efetivamente, explorar e aplicar as
potencia-lidades oferecidas pela web para fins jornalsticos.
Nesseestgio, entre outras possibilidades, os produtos jornalsti-cos
apresentam recursos em multimdia, como sons e ani-maes, que
enriquecem a narrativa jornalstica; oferecemrecursos de
interatividade, como chats com a participaode personalidades
pblicas, enquetes, fruns de discusses;disponibilizam opes para a
conFigurao do produto deacordo com interesses pessoais de cada
leitor/usurio; apre-sentam a utilizao do hipertexto no apenas como
um re-curso de organizao das informaes da edio, mas tam-bm comeam a
empreg-lo na narrativa de fatos. (MIEL-NICZUCK apud DALMONTE, 2005,
p.6)
Em 2004 nova transformao, agora com a incorporao do bancode
dados. A quarta gerao do Webjornalismo proporcionada poravanos na
programao dos cdigos fonte que permitem uma maiorrelao notcia e
usurio, medida que novas pginas so criadas me-diante solicitao do
usurio em naveg-las. A nova marca do Web-jornalismo est em mais
flexibilidade nas estruturas. Para Santi (2009,p.187) na quarta
gerao que ocorre a efetiva industrializao dosprocessos jornalsticos
para a web que at ento eram elaborados deforma intuitiva e
artesanal. A abertura de espaos para maior partici-pao do
internauta acaba por provocar um distanciamento profissionaldo
contedo produzido, de modo que,
Em um sistema automatizado de produo no Webjorna-lismo,
caracterstico de sua quarta gerao, o controle doprocesso parece se
encontrar na elaborao de sua arquite-tura da informao, j que em
todas as demais etapas ha possibilidade de incorporao do usurio. A
publicao
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Caractersticas e geraes do Webjornalismo 37
aberta e o desenvolvimento colaborativo que caracterizamo
Webjornalismo a partir de ento, parecem representar,principalmente
para o jornalista, a perda do controle doprocesso de produo de
informaes no ciberespao (MA-CHADO apud SANTI, 2009, p.187)
possvel desde j ressaltar a no-linearidade no processo
evolutivofase-a-fase. O que teoricamente se apresenta de forma
cadenciada, naprtica construiu-se sob a influncia de fatores
externos como, capitalpara investimento na Internet e conhecimento
tcnico dos profissionaisdiretamente envolvidos. No caso especfico
Brasil, podemos citar aindaa desvalorizao do real em 1999 que pegou
desprevenida a maioria dasempresas endividadas em dlar, o fim da
bolha especulativa das empre-sas ponto-com, enxugamento nas redaes,
e priorizao da quantidadeem tempo real em detrimento da
qualidade.
A reaco dos media ao paradigma emergente, acabou porse revelar,
inicialmente, precipitada e desajustada face nova realidade. A
ausncia de uma noo clara de quaiseram as novas regras do jogo,
conduziram o fenmeno jor-nalstico a uma experimentao superficial do
novo meio,desaproveitando todas as potencialidades latentes. A
meratransposio de contedos jornalsticos para a rede sho-velware
como se fosse um suporte de papel, foi a provaevidente que faltou
conscincia e conhecimento para do-minar o desafio electrnico. Este
ainda um problema quepersiste, (...)the ink isnt dry yet como faz
questo de no-tar Jeff Boulter, mas h, no entanto, sinais claros que
jorna-listas e redaces tm consolidado a construo das notciaaos
pressupostos multimdia. (NUNES, 2005, p.1)
3.2 Elementos
Neste captulo fazemos uma reflexo sobre conceitos e
funcionalidadede cada elemento que compe a terceira e quarta geraes
do Web-
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38 Thiara Luiza da Rocha Reges
jornalismo, sendo hipertextualidade, multimidialidade,
interatividade,personalizao, memria, banco de dados e jornalismo
colaborativo.
Cabe salientar que cada elemento possui caractersticas
particulares,no necessariamente interligadas umas com as outras, de
modo que cadaelemento pode ser analisado de forma separada, como
comumente temsido feito. Nesta pesquisa, apesar do contedo a seguir
apresentar ape-nas caractersticas gerais sem grande aprofundamento
terico, busca-sea compreenso da relevncia de cada elemento, e os
possveis impactosque a ausncia dos mesmos pode causar.
3.2.1 Hipertextualidade
A primeira das caractersticas do Webjornalismo a ser destacada,
a hi-pertextualidade, pode ser entendida como base que proporciona
as re-laes jornalista mquina leitor jornalista, possibilitando
perfeitoencadeamento das funes de multimidialidade e
interatividade. As re-laes de hipertextualidade se intensificaram
com a tecnologia, sendoutilizada desde 1990 com os Compact-Disc
Read Only Memory, os CD-ROM. Lvy (1999, p.55) destaca que
independente do contedo da m-dias, quem consulta um CD-ROM navega
pelas informaes, passade uma pgina-tela ou de um sequncia animada
para outra indicandocom um simples gesto os temas de interesse ou
as linhas de leitura quedeseja seguir.
A terminologia hipertexto foi criada nos anos 60 por Theo-dor H.
Nelson, e refere-se a uma modalidade textual nova,a eletrnica. Como
ele mesmo explica: com hipertexto,refiro-me a uma escrita no
seqencial, a um texto que sebifurca, que permite que o leitor eleja
e leia melhor numatela interativa. De acordo com a noo popular,
trata-sede uma srie de blocos de textos conectados entre si
pornexos, que formam diferentes itinerrios para o usurio.
Ohipertexto, [...], implica um texto composto de fragmentosde texto
[...] e os nexos eletrnicos que os conectam entresi (LANDOW apud
DALMONTE, 2005, p.7)
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Caractersticas e geraes do Webjornalismo 39
Lvy (1999, p.56) esclarece que os hiperdocumentos ou
hipertextos(considerando neste caso texto em sua expresso mais
ampla que in-clui imagens e sons) podem ser encontrados tambm fora
do ambientedas tecnologias da informao, como no caso de uma
biblioteca. Nessecaso, a ligao entre os volumes mantida pelas
remisses, as notas dep de pgina, as citaes e as bibliografias.
Fichrios e catlogos cons-tituem os instrumentos de navegao global
na biblioteca.
O conceito de hipertexto enquanto forma de escrita no-linear,
combifurcaes em rede, se amplia quando Landow (apud DALMONTE,2005,
p.8) apresenta as caractersticas prprias do campo:
INTERTEXTUALIDADE O hipertexto seria, essencial-mente, um
sistema intertextual, enfatizando uma intertex-tualidade que
ficaria limitada nos textos em livros. As refe-rncias feitas a
outros textos potencializada no hipertextoatravs do recurso do
link, que realiza as conexes entresos blocos de textos (Mielniczuck
& Palcios, 2001, p.4).
MULTIVOCALIDADE est associada idia de polifo-nia de Bakhtin, que
sustenta a possibilidade de coexistn-cia de diversas vozes na
narrativa literria. em termos dehipertextualidade, ele aponta para
uma qualidade impor-tante deste meio de informao: o hipertexto no
permiteuma nica voz tirnica. Mas sim, a voz sempre a que e-mana da
experincia combinada do enfoque do momento,da lexia 8 que um est
lendo e da narrativa em perptua for-mao segundo o prprio trajeto da
leitura (Landow, 1995,p.23).
DESCENTRALIZAO Esta caracterstica refere-se aofato de que, ao
contrrio dos textos impressos que propemum centro, oferecem uma
ordem para a leitura (que podeou no ser obedecida pelo leitor), o
hipertexto enquantouma malha de blocos de textos interconectados
oferece apossibilidade de movimentos de descentramento e
recen-tramento contnuos. o leitor, atravs dos seus caminhosde
leitura, que vai elegendo temporariamente os sucessivoscentros.
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40 Thiara Luiza da Rocha Reges
RIZOMA um conceito desenvolvido por Deleuze eGuatarri, no livro
intitulado Mil Plats. Os autores utilizama metfora de um tipo de
vegetao aqutica, que se desen-volve na superfcie da gua, no
possuindo tronco ou caule,ela totalmente ramificada. Segundo Landow
(1997) o ri-zoma ope-se a idia de hierarquia, pois ao contrrio da
es-trutura de uma rvore, um rizoma, em tese, pode conectarqualquer
ponto a qualquer outro ponto, oferecendo muitoscomeos e muitos
fins.
INTRATEXTUALIDADE - Esta caracterstica citada porLandow (1995,
p. 53) e refere-se s ligaes internas es-tabelecidas entre lxias
dentro do mesmo sistema ou site(Mielniczuck & Palcios, 2001,
p.4).
Cabe esclarecer que o texto jornalstico construdo atravs da
co-leta de informaes sobre um tema especfico, linear,
hierarquizada, queleva em considerao a veracidade dos fatos e os
valores-notcia. Ohipertexto, por sua vez, a possibilidade de
co-criao de uma infor-mao, a medida que dada ao leitor a liberdade
de escolher a sequn-cia de sua leitura, usando para isso dos
recursos tecnolgicos, ligaesde estruturas em rede, atravs de links.
O leitor assume, portanto, apostura participativa ao optar no
direcionamento de sua leitura.
O navegador pode tornar-se autor de maneira mais pro-funda do
que ao percorrer uma rede preestabelecida: aoparticipar da
estruturao de um texto. No apenas ir es-colher quais links
preexistentes sero usados, mas ir criarnovos links, que tero um
sentido para ele e que no terosido pensados pelo criador do
hiperdocumento. H sis-temas igualmente capazes de gravar os
percursos e reforar(tornar mais visveis, por exemplo) ou
enfraquecer os linksde acordo com a forma pela qual so percorridos
pela co-munidade de navegadores. Finalmente, os leitores podemno
apenas modificar os links, mas tambm acrescentar oumodificar ns
(textos, imagens, etc.), conectar um hiper-documento a outro e
dessa forma transformar em um nicodocumento dois hipertextos que
antes eram separados ou,
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Caractersticas e geraes do Webjornalismo 41
de acordo com o ponto de vista, traar links hipertextuaisentre
um grande nmero de documentos (LVY, 1999, 57)
O hipertexto atribui ao texto a caracterstica de constante
produo,um ciclo produtivo de forma ininterrupta, que proporciona a
leitura no-linear, fator que dimensiona o texto digital. Tanto a
construo como arecepo dos produtos jornalsticos na Internet esto
critrio do leitor.
3.2.1.1 Pirmide Invertida e Pirmide Deitada
Comumente as prticas jornalsticas so regidas por manuais deredao
que objetivam uma escrita padro, que atinja o seu propsito
deinformar. Desde meados de 400 anos antes de Cristo, Plato,
Aristte-les e Pitgoras j iniciavam uma narrativa destacando logo no
incio ospontos fundamentais da temtica. Esse perfil foi seguido ao
longo dosanos e em 1861, durante a Guerra Civil nos Estados Unidos,
jornalistasforam forados a perceber a relevncia dessa estrutura por
dificuldadesde comunicao alm dos custos, os problemas tcnicos de se
comu-nicar atravs de telgrafos, fez com que reprteres construssem
suasnotcias a partir dos acontecimentos mais relevantes.
Tem-se ento o modelo de pirmide invertida. Fazendo refern-cia as
grandes pirmides do Egito, ao invert-la, a base, que sustentaa
pirmide, passa a Figurar como o topo. Assim funciona o sistema
dapirmide invertida no Jornalismo, que est assentado no trip: 1)
Base o lide, que introduz o assunto; 2) Corpo o desenvolvimento
damatria, onde se trata do tema proposto; e 3) Fecho corresponde
aocume da pirmide, de preferncia apontando para o futuro
(JORGE,2006, p. 1 e 2).
O modelo de pirmide invertida aplicada ao jornalismo na
Inter-net conserva o princpio de leitura no-linear do hipertexto.
Apesar deaparentemente encadeada, como as informaes mais
importantes danotcia esto dispostas logo no primeiro pargrafo (ou
bloco), o leitorfica livre pra escolher uma prxima leitura ou o
aprofundamento desta,se for do seu interesse. Jorge (2006, p.13)
destaca ainda que para au-tores como Jakob Nielsen, considerado o
papa da usabilidade na rede,a pirmide invertida o modelo mais usual
e recomendado.
Na web, a pirmide invertida tornou-se ainda mais impor-
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42 Thiara Luiza da Rocha Reges
tante desde que os estudos apontaram que os usurios norolam o
texto, ento eles frequentemente lem apenas aparte de cima da
matria. Leitores muito interessados even-tualmente usam as setas de
rolagem para ir at o fim e obtertodos os detalhes. (NIELSEN apud
JORGE, 2006, p.13)
Apesar de comprovada a eficincia deste modelo, autores como
Ra-mon Salaverria consideram-na uma tcnica limitadora quando se
falade outros gneros jornalsticos que podem tirar partido das
potenciali-dades do hipertexto (CANAVILHAS, 2006, p.7). A nova
proposta dearquitetura, prope uma construo textual em nveis de
informao,dispondo de recursos estilsticos e maior aproveitamento
dos recursosmultimdia, possibilitando a construo diversificada do
Webjornalismoa cada nova notcia.
O modelo, que Canavilhas (2006, p. 15) denomina pirmide
deitada,seguindo os mesmo preceitos para a definio da pirmide
invertida,possui quatro nveis de leitura:
A Unidade Base o lead responder ao essencial: Oqu, Quando, Quem
e Onde. Este texto inicial pode seruma notcia de ltima hora que,
dependendo dos desen-volvimentos, pode evoluir ou no para um
formato maiselaborado. O Nvel de Explicao responde ao Por Que ao
Como, completando a informao essencial sobre oacontecimento. No
Nvel de Contextualizao oferecidamais informao em formato textual,
vdeo, som ou in-fografia animada sobre cada um dos Ws. O Nvel
deExplorao, o ltimo, liga a notcia ao arquivo da publi-cao ou a
arquivos externos. Da mesma forma que aquebra dos limites fsicos na
web possibilita a utilizaode um espao praticamente ilimitado para
disponibiliza-o de material noticioso, sob os mais variados
formatos(multi)mediticos, abre-se a possibilidade de
disponibiliza-o online de todas a informao anteriormente produzidae
armazenada, atravs de arquivos digitais, com sistemassofisticados
de indexao e recuperao de informao(PALCIOS apud CANAVILHAS, 2006,
p.16)
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Caractersticas e geraes do Webjornalismo 43
3.2.2 Multimidialidade
Seguindo a tendncia de leitura no-linear do jornalismo na
Internet,os recursos de udio, vdeo e imagens compe o que
convencionouchamar-se de multimdia. Para Lvy (1999, p.63), o termo
multi-mdia significa, em princpio, aquilo que emprega diversos
suportes oudiversos veculos de comunicao. Mas, segundo o autor, o
termo vemsendo aplicado de forma errada, para representar duas
tendncias con-temporneas: a multimodalidade e a integrao
digital.
Lvy (1999, p.63) destaca que quando uma informao apresen-tada em
mais de um suporte, sendo textos, imagens e udio, temos por-tanto,
uma informao multimodal pois afeta mais de um sentido hu-mano (a
viso, a audio, o tato, as sensaes proprioceptivas). Emsegundo
lugar, a palavra multimdia remete ao movimento geral dedigitalizao
que diz respeito, de forma mais imediata ou distante, sdiferentes
mdias (LVY, 1999, p.65).
O correto emprego do termo multimdia, segundo ao autor, remeteao
uso de distintas mdias como forma de promover uma mesma infor-mao,
como se, por exemplo, o filme Avatar filme de fico sucessode
bilheterias em 2010 originasse simultaneamente um desenho
ani-mando, jogos de videogame, e utenslios como camisetas,
chaveiros eoutros.
Mas se desejamos designar de maneira clara a conflunciade mdias
separadas em direo mesma rede digital in-tegrada, deveramos usar de
preferncia a palavra unim-dia. O termo multimdia pode induzir ao
erro, j que pare-ce indicar uma variedade de suportes ou canais, ao
passoque a tendncia de fundo vai, ao contrrio, rumo inter-conexo e
integrao. (LEVY, 1999, p. 65)
Na prtica, a introduo de elementos no textuais no jornalismo
naInternet, exige uma mudana de postura da rotina de produzir e
con-sumir informaes. O jornalista passa a ser um produtor de
contedosmultimdia de cariz jornalstico webjornalista. Por sua vez,
o uti-lizador do servio no pode ser identificado apenas como
leitor, teles-pectador ou ouvinte j que a webnotcia integra
elementos multimdia,
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44 Thiara Luiza da Rocha Reges
exigindo uma "leitura"multilinear (CANAVILHAS apud DREVES,s/d,
p.5).
Quanto a no-linearidade desta narrativa, os elementos
multimdiaprovocam no receptor a sensao de participao na produo das
in-formaes. A todo momento, o status de espectador e de produtor
semisturam. Esta estrutura narrativa exige uma maior concentrao
doutilizador na notcia, mas esse precisamente o objectivo do
Webjor-nalismo: um jornalismo participado por via da interaco entre
emissore receptor (CANAVILHAS, 1999, p.4).
3.2.3 Interatividade
Defendida por muitos como o maior feito da Internet, o termo
inter-atividade que emerge com a indstria informtica ao
mostrar-seto amplo, torna-se vago (PRIMO, 2009, p. 21). Seria
equivocado afir-mar que a interatividade surgiu com a Internet. Nas
mdias tradicionais possvel perceber facilmente exemplos de relao
jornalista x recep-tor quando o jornal publica as cartas de leitor,
ou quando o ouvinte pedea sua msica favorita ao locutor, ou ainda
quando se escolhe o filme quepassar na TV durante a programao da
madrugada.
Apesar da relao com as mdias tradicionais, possvel afirmar quea
interao um dos conceitos de base da comunicao mediada porcomputador
(PRIMO, 2009, p.21). O que cabe esclarecer so as for-mas que essa
interao acontece, e de que como seus efeitos interferemno fenmeno
comunicacional estabelecido na Internet.
Para simplificar, e evitar uma imensa lista com dezenas detipos
e sub-tipos, pude observar dois grandes grupos de pro-cessos
interativos mediados por computador. O primeiro,que chamei de
interao reativa, caracteriza-se pelas trocasmais automatizadas,
processos de simples ao e reao.Podemos considerar que tanto um
intercmbio entre doisbancos de dados quanto o uso do programa Gimp
por umestudante so exemplos de interao reativa. Ora, as tro-cas
encontram-se previstas. Mas existem intercmbios nosquais pouco ou
nada est definido a priori. Um bate-papo
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Caractersticas e geraes do Webjornalismo 45
entre amigos no MSN, uma negociao comercial via Sky-pe e at