Top Banner
1 PREFEITURA MUNICIPAL DE CAPÃO DA CANOA SECRETARIA DA EDUCAÇÃO RMCC REFERENCIAL MUNICIPAL COMUM CURRICULAR DO TERRITÓRIO DE CAPÃO DA CANOA CAPÃO DA CANOA, JUNHO DE 2019
245

Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

Jun 11, 2021

Download

Documents

dariahiddleston
Welcome message from author
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Page 1: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

1

PREFEITURA MUNICIPAL DE CAPÃO DA CANOASECRETARIA DA EDUCAÇÃO

RMCC

REFERENCIAL MUNICIPAL COMUM CURRICULAR DO

TERRITÓRIO DE CAPÃO DA CANOA

CAPÃO DA CANOA, JUNHO DE 2019

Page 2: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

2

Amauri Magnus GermanoPrefeito Municipal

Jairo MarquesVice-prefeito

Secretária da Educação do MunicípioRegina Rosane Witt Marques

Supervisora da Secretária da EducaçãoSemilda Almeida Tomasel

Coordenadora da Educação InfantilAndréa de Espíndola Rodrigues

Coordenadora da Educação EspecialFabiane Garbine

Escolas do Território de Capão da Canoa

Page 3: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

3

EMEF. Prudente de MoraisEMEF. Mário CurtinoveEMEF.Luiz Claudio MagnanteEMEF. Professor Moacyr de Araújo PiresEMEF. Leopoldina Veras da SilveiraEMEF. Manoel Medeiros FernandesEMEF. Prefeito Jorge DarivaEMEF. Zilpa Mattivi de OliveiraEMEF. Cícero da Silva BrogniEMEF. Iglesias Minosso RibeiroEMEF. Professora Iracema VizzottoEMEF. Ana Bauer FelicioInstituto Estadual RiachueloE.E de Ensino Médio Luiz MoschettiE.E de Ensino Médio Capão NovoE.E. de Ensino Fundamental Emilio Tarragô AssumpçãoInstituto de Educação Divina ProvidênciaColégio Padre César Vegézzi

Escolas de Educação Infantil do Território de Capão da Canoa

EMEI. Professora Adelaide Fernandes de SouzaEMEI. Mundo NovoEMEI. Marieta Ferreira LessaEMEI. Pingo de GenteEMEI. CarrosselEMEI. Professora Ediane Silveira MenotiEMEI. Recanto dos BaixinhosEMEI. Jardelino Valdomiro NovasckiECEI. Cantinho da Esperança PessiEscola Particular de Educação Infantil Recanto da CorujinhaCasa Escola de Educação Infantil Estrelinha do MarEscola Particular de Ensino Infantil GirassolCentro Educacional Infantil Irmã Lucia

LISTA DE SIGLAS

Page 4: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

4

AEE - Atendimento Educacional Especializado

ANEB – Avaliação Nacional da Educação Básica

BNCC – Base Nacional Comum Curricular

CEB – Câmara de Educação Básica

CME – Conselho Municipal de Educação

CNE – Conselho Nacional de Educação

CONAE – Conferência Nacional de Educação

CONEB – Conferência Nacional da Educação Básica

DCNEI – Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente

EMEF – Escola Municipal de Ensino Fundamental

EMEI – Escola Municipal de Educação Infantil

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

INEP – Instituto Educacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica

MEC – Ministério da Educação

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

PAP – Profissional de Apoio Pedagógico

PDE – Plano de Desenvolvimento da Educação

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PPP – Projeto Político Pedagógico

RCG – Referencial Curricular Gaúcho

RMCC – Referencial Municipal Comum Curricular

SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica

SME – Secretaria Municipal da Educação

INTRODUÇÃO

Page 5: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

5

Depois de três décadas de atraso, o Brasil finalmente, ganhou uma Base

Nacional Comum Curricular (BNCC), homologada em 20 de dezembro de 2017 pelo

Conselho Nacional de Educação. Essa data tornou-se um divisor de águas na

Educação nacional, pois a partir dela opaís definiu o conjunto de aprendizagens

essenciais a serem garantidas às crianças e jovens brasileiros inseridos no processo

de escolarização na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. A partir da BNCC,

os Estados e municípios devem revisar seus referenciais curriculares para garantir

que as escolas tenham uma fonte consolidada para fundamentar as readequações de

seus Projetos Político-pedagógicos (PPPs).

Etimologicamente, currículo significa caminho, o que pressupõe escolha.

Que caminhos serão percorridos para que a escola garanta a aprendizagem das

crianças e jovens? Essa resposta precisa ser dada pela coletividade educacional.

Conforme afirma Sacristán (2008),o currículo é a forma de ter acesso ao

conhecimento, não podendo esgotar seu significado em algo estático, mas através

das condições em que se realiza e se converte numa forma particular de entrar em

contato com a cultura.

Essa publicação que ora prefaciamos apresenta a síntese consolidada de

um processo participativo, elaborado por profissionais competentes e

compromissados com a educação escolar. Oficialmente, o documento será referência

para revisão e reorganização dos currículos de todas as instituições de ensino de

Educação Infantil e de Ensino Fundamental que compõem a rede municipal de Capão

da Canoa, RS. Apresentando os princípios, direitos e orientações metodológicas,é um

documento dinâmico, passível de alterações conforme requerem os momentos

históricos da sociedade brasileira. Em síntese, constitui-se em uma política pública

voltada para a construção de uma escola de Educação Básica de qualidade e para

todos.

Esse referencial considera que o processo de construção de políticas públicas para a

educação passa necessariamente pela discussão da autonomia da escola.Uma

autonomia que possibilite que os diversos atorem que compõem a comunidade

escolar possa atuar e responsabilizar-se, juntos, pela construção de seu projeto social

e educativo. Foi esse o espírito que esteve presente na construção desse documento.

Page 6: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

6

Nesse processo, optou-se por envolver os docentes, primeiramente, em atividades

formativas sobre a BNCC, que elucidassem as dimensões do currículo escolar. O

foco do processo foi apresentar a tarefa da construção curricular como ação coletiva

e participativa. Dessa forma, fez-se essencial realizar, juntamente com todos os

profissionais das escolas da rede, debates para alinhamento da construção da parte

diversificada do currículo municipal.

As limitações de toda construção coletiva impõem a necessidade de constante

revisão e rediscussão do documento para que o mesmo continue a expressar as

necessidades e os anseios dos profissionais que constroem a partir de seu trabalho

diário, a educação no município.

Dessa forma, muito nos honra apresentar o REFERENCIAL MUNICIPAL

COMUM CURRICULAR DO TERRITÓRIO DE CAPÃO DA CANOA, ação que vai

muito além de uma mera apresentação de um currículo prescrito, mas

essencialmente, representa a concretização de uma etapa fundamental de reflexão

sobre a escola pública e seu papel social.

SUMÁRIO

Page 7: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

7

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 05

1. APRESENTAÇÃO ................................................................................................ 10

2. CONTEXTO HISTÓRICO DE CAPÃO DA CANOA..............................................12

3. CONTEXTUALIZAÇÃO .........................................................................................15

4. REALIDADE EDUCACIONAL ...............................................................................16

4.1 Índice de desenvolvimento da educação básica .................................................. 16

5 HISTÓRICO DA CONSTRUÇÃO DO REFERENCIAL MUNICIPAL COMUM CURRICULAR ...........................................................................................................23

5.1 A necessidade de readequação curricular no município de Capão da Canoa para alinhar-se a Base Nacional Comum Curricular......................................................... 235.1.1Processo de Construção da Base Nacional Comum Curricular ......................24

6 REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................26

6.1 Escola e educação ............................................................................................... 266.2 Concepções de escola e educação pautadas nas contribuições dosEducadores de Capão da Canoa.............................................................................286.3 Cultura e educação .............................................................................................. 316.4 Desenvolvimento humano .................................................................................... 346.5 Currículo e educação............................................................................................ 366.6Concepções de currículo e educação pautadas nas contribuições doseducadores de Capão da Canoa ...............................................................................386.7 Aprendizagem ...................................................................................................... 406.7.1 Concepções de aprendizagem pautadas nas contribuições dos educadores de de Capão da Canoa ...............................................................................................43

6.8 Planejamento e educação ................................................................................... 456.8.1 Concepções de planejamento e educação pautadas nas contribuições doseducadores de Capão da Canoa .............................................................................. 486.9 Avaliação ............................................................................................................. 496.9.1 Avaliação de aprendizagem ...........................................................................506.9.2 Concepções de avaliação da aprendizagem pautadas nas contribuições dos educadores de Capão da Canoa................................................................................ 526.9.3 Avaliação institucional interna ........................................................................ 556.9.4 Avaliação de redes de educação básica.......................................................... 56

Page 8: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

8

6.11.1 Os sujeitos da Inclusão Escolar e o Atendimento Educacional Especializado ............................................................................. 566.11.2 Adaptações Curriculares........................................................................586.11.3 Terminalidade Específica............................................................................... 596.11.4 Avaliação ......................................................................................................... 606.11.5 Profissionais do Atendimento Educacional Especializado .............................. 616.11.6 A Escola Especial na Perspectiva Inclusiva..................................................... 62

7.OS FUNDAMENTOS PEDAGÓGICOS DO REFERENCIAL MUNICIPAL COMUMCURRICULAR DE CAPÃO DA CANOA ..................................................... 63

7.1 Competências gerais da educação básica .........................................................647.2 Foco no desenvolvimento de competências ........................................................ 667.3 O compromisso com a educação integral ...........................................................667.4 Educação de Jovens e Adultos ............................................................................687.5 Aceleração de estudos ......................................................................................... 707.6 Educação das Relações étnicos-raciais e Educação Escolar Quilombola .......... 717.7 Estrutura do Referencial Municipal Comum Curricular de Capão da Canoa ....... 748.Matriz Curricular Ensino Fundamental.......... .......................................................... 768.2Avaliações trimestrais por área do Conhecimento................................................. 778.3 Matriz Curricular EJA Anos Iniciais ..................................................................... 788.4 Modalidade NEJA ................................................................................................ 798.4.1 NEJA - Organização Curricular Anos finais ..................................................... 80

8.4.2 Matriz Curricular EJA – Anos Finais ................................................................. 81

9. ETAPAS DO ENSINO FUNDAMENTAL.................................................................82

9.1 Áreas da Linguagem ............................................................................................ 889.2 Língua Portuguesa .Campo de Atuação............................................................. .909.3 Arte ....................................................................................................................... 949.4 língua Inglesa ....................................................................................................... 979.5 Língua Espanhola............................................................................................. 101 9.6 Ensino Religioso ................................................................................................ 101 9.7 Área de Ciências Humanas ............................................................................. 1079.8 Geografia ........................................................................................................... 1079.10 História ............................................................................................................. 1089.11 Turismo ......................................................................................................... 1109.12 Àrea de Ciências da Natureza ........................................................................ 1119.13 Matemática ...................................................................................................... 115

10 EDUCAÇÃO INFANTIL.................................................................................... 124

Page 9: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

9

11. CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL.......................129

12. PRINCÍPIOS BÁSICOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL E OS DIREITOS DE APRENDIZAGEM.................................................................................................... 131

12.1 Princípios Éticos ............................................................................................... 13312.2 Princípios Políticos..................................................................................13412.3 Princípios Estéticos........................................................................................... 134

13. CONCEPÇÕES NORTEADORAS DO TRABALHO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL........................................................................................... 137

14. CONCEPÇÃO DE CRIANÇA .............................................................................139

15. AS INTERAÇÕES E A BRINCADEIRA NA PROPOSTA CURRICULAR ........142

16. CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS.........................................................................148

17. EDUCAÇÃO ESPECIAL.................................................................................155

17.1 Os Sujeitos da Inclusão Escolar....................................................................15717.2 Currículo........................................................................................................... 15817.3 Educação integral ............................................................................................ 15917.4 Avaliação .......................................................................................................... 16117.5 Profissional de Atendimento Educacional Especializado.................................. 162

18 ARTICULAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL163

19 ORGANIZADOR CURRICULAR........................................................................166

20 Matriz Curricular – Educação Infantil ............................................................ 167

21. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................168

1. APRESENTAÇÃO

O Referencial Municipal Comum Curricular do Território (RMCC) para a

Educação Básica de Capão da Canoa foi elaborado de uma forma democrática, num

Page 10: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

10

processo que contou com a participação de professores, supervisores pedagógicos,

gestores escolares e equipe do departamento pedagógico da Secretaria Municipal da

Educação de Capão da Canoa.

Este documento que você recebe agora, apresenta o resultado de um trabalho

bonito, elaborado coletivamente, a muitas mãos, pois acreditamos que um processo

construído de forma participativa, além de se caracterizar por uma estratégia de

engajamento e comprometimento, é uma decisão política e filosófica que mostra a

forma que temos de olhar, perceber e entender o mundo em que estamos inseridos,

bem como as relações nele presentes. Incitar o envolvimento e a participação das

pessoas é estimular a autoria daqueles que constroem a história e esse documento

revela exatamente esse processo de construção.

Este documento apresenta o conjunto orgânico e progressivo de

aprendizagens essenciais que todos os estudantes de Capão da Canoa devem

desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. O RMCC traz

os fundamentos pedagógicos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), incluindo

todos os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos cinco campos de

experiência para a educação infantil, bem como inclui todas as competências e

habilidades das áreas do conhecimento e componentes curriculares do ensino

fundamental. Mas para além do que dispõe a BNCC, este referencial curricular traz

aspectos locais para serem trabalhados nas escolas de, com contribuições dos

profissionais que atuam no município.

Nele também estão incluídas temáticas regionais através do que está disposto

no Referencial Curricular Gaúcho (RCG), como história, cultura e diversidade étnico-

racial de forma a complementar BNCC.

O RMCC traz as concepções que fundamentam o currículo e os indicativos

conceituais e metodológicos dos componentes curriculares que irão subsidiar

educadores, professores e gestores escolares na elaboração dos Projetos Políticos

Pedagógicos e as práticas docentes das unidades educacionais.

O Referencial Curricular de Capão da Canoa, orientará o trabalho pedagógico

nas escolas do município, promovendo a busca constante de reflexões, debates,

Page 11: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

11

estudos e pesquisas, objetivando, assim, qualificar ainda mais os processos de

ensino e aprendizagem.

Regina Witt Marques

Secretária da Educação

2. CONTEXTO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE CAPÃO DA CANOA

Capão da Canoa é uma cidade do Estado do Rio Grande do Sul. Os habitantes

se chamam Caponenses.

Page 12: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

12

Capão da Canoa floresceu por volta de 1900 com o nome de Arroio da

Pescaria, época em que os primeiros ranchos começaram a se agrupar à beira mar.

O local abrigava, além de pescadores, também alguns aventureiros. Por vezes o local

era visitado por tropeiros, fazendeiros e viajantes.

Mais tarde, por volta de 1920, começaram a chegar os primeiros veranistas

oriundos da serra gaúcha e também de Porto Alegre, os maiores frequentadores

eram os descendentes das colônias alemãs e italianas, por volta de 1940 a colônia

israelita também começou a se fazer presente em bom número. O nome de Arroio da

Pescaria, só começou a desaparecer na década de 40, quando alguns entendem que

surgia a denominação Capão da Canoa.

Na verdade o nome Capão da Canoa, já existia no interior de uma fazenda de

propriedade da família Nunes, na extensão da praia de Xangri-Lá (hoje município de

Xangri-Lá) com fundos para a Lagoa das Malvas, pois este, eram quem davam apoio

aos visitantes que passavam ou vinham veranear. Como tempo este lugar passou a

ser conhecido, fazendo com que o velho nome Arroio da Pescaria desaparecesse,

dando espaço para Capão da Canoa.

Pelo Ato Número 073 de 1º de fevereiro de 1933, Cornélios surgiu como 6

Distrito de Osório, onde estava incluída também a Vila de Capão da Canoa. Em 1952

o 6 Distrito de Osório. Cornélios foi transferido para Capão da Canoa. A emancipação

do município Caponense, veio trinta anos depois pela Lei 7.638, de 12 de abril de

1982. A posse do primeiro prefeito, foi em 31 de janeiro de 1983. Inicialmente o

município contava com 23 balneários, possuindo 30 km de orla marítima.

Atualmente o município possui 11 balneários, com 19,1 km de extensão norte

sul, densidade demográfica é de433habitantesporkm²noterritóriodomunicípio,divididos

em quatro distritos: 1° Sede-Capão da Canoa, 2º Capão Novo, 3º Arroio Teixeira e 4°

Curumim. Limitando-se ao leste com o Oceano Atlântico, ao sul com Xangri-Lá, ao

norte com Terra de Areia e a oeste com Maquiné e Terra de Areia.

Page 13: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

13

Capão da Canoa tem as seguintes coordenadas geográficas: Latitude: 29° 45'

32'' Sul, Longitude: 50° 2' 51'' Oeste.

Para todas as formalidades administrativas, você pode ir à prefeitura de Capão

da Canoa Av. Paraguassú, 1881.

Renda

A renda per capita média de Capão da Canoa cresceu 108,94% nas últimas

duas décadas, passando de R$ 423,32,em 1991, para R$ 614,43, em 2000, e para

R$ 884,47, em 2010. A evolução da desigualdade de renda nesses dois períodos

pode ser descrita através do Índice de Gini, que passou de 0,49, em 1991, para 0,55,

em 2000, e para0,51, em 2010.

População

Page 14: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

14

Entre 2000 e 2010, a população de Capão da Canoa cresceu a uma taxa

média anual de 3,26%, enquanto no Brasil foi de 1,17%, no mesmo período. Nesta

década, a taxa de urbanização do município passou de 99,46% para99,40%. Em

2010 viviam, no município, 42.040 pessoas.

Entre 1991 e 2000, a população do município cresceu a uma taxa média anual de

5,43%. Na UF, esta taxa foi de1,21%, enquanto no Brasil foi de 1,63%, no mesmo

período. Na década, a taxa de urbanização do município passou de 99,39% para

99,46%.

3. CONTEXTUALIZAÇÃO

Page 15: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

15

Com relação à organização do sistema de ensino, CAPÃO DA CANOA possui

um sistema Municipal de ensino constituído, com sistema próprio.

O sistema Municipal de ensino abrange a educação Infantil e o Ensino

Fundamental, na rede municipal e privada.

Quanto à Educação Básica, o sistema Municipal conta com:

- Escolas Municipais: 21 Escolas

- Estaduais: 04 Escolas

- Privadas: 16 Escolas

TOTAL DE ESCOLAS: 41 Escolas

Os sistemas municipais de ensino estão constituídos e organizados com

legislação específica, tendo como órgão executivo a Secretaria Municipal da

Educação e como órgão colegiado deliberativo, o respectivo Conselho Municipal de

Educação (CME).

4. REALIDADE EDUCACIONAL

Page 16: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

16

4. 1. ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

O IDEB é o principal indicador da qualidade da educação básica no Brasil.

Para fazer essa medição, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB)

utiliza uma escala que vai de 0 a 10. A meta para o Brasil é alcançar a média 6.0 até

2021, patamar educacional correspondente ao de países da Organização para a

Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), como Estados Unidos, Canadá,

Inglaterra e Suécia.

Criado pelo Instituto Nacional de Pesquisa Educacional Anísio Teixeira (Inep) em

2007, o IDEB sintetiza em um único indicador dois conceitos importantes para aferir a

qualidade do ensino no país:

1. Fluxo: representa a taxa de aprovação dos estudantes;

2. Aprendizado: corresponde ao resultado dos estudantes no Saeb (Sistema de

Avaliação da Educação Básica), aferido tanto pela Prova Brasil, avaliação censitária

do ensino público, e a Ana, avaliação amostral do Saeb, que inclui também a rede

privada.

Com o IDEB, ampliam-se as possibilidades de mobilização da sociedade em

favor a educação, uma vez que o índice é comparável nacionalmente e expressa em

valores os resultados mais importantes da educação: aprendizagem e fluxo. A

combinação de ambos tem também o mérito de equilibrar as duas dimensões: se um

sistema de ensino retiver seus estudantes para obter resultados de melhor qualidade

no Saeb ou Prova Brasil, o fator fluxo será alterado, indicando a necessidade de

melhoria do sistema. Se, ao contrário, o sistema apressar a aprovação do estudante

sem qualidade, o resultado das avaliações indicará igualmente a necessidade de

melhoria do sistema.

O IDEB também é importante por ser condutor de política pública em prol da

qualidade da educação. É a ferramenta para acompanhamento das metas de

qualidade do PDE para a educação básica. O Plano de Desenvolvimento da

Educação estabelece como meta, que em 2022 o IDEB do Brasil seja 6,0 – média

Page 17: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

17

que corresponde a um sistema educacional de qualidade comparável a dos países

desenvolvidos.

Em 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em

todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

aprendizagem (proficiência em matemática e língua portuguesa) quanto no fluxo

escolar (taxas de aprovação).

O IDEB dos anos iniciais passou de 4,9 (2015) para 5,1 (2017).

Já nos anos finais passou de 4,0 (2015) para 4,3 (2017).

A aprendizagem na rede municipal atingiu em 2017 a maior taxa desde que o

sistema de avaliação da educação básica (SAEB) foi instituído em 2005.

Apesar destes avanços o município não atingiu a meta projetada pelo MEC.

IDEB de Capão da Canoa em 2017 para os anos iniciais do Ensino Fundamental:

O IDEB 2017 nos anos iniciais da rede municipal cresceu, mas não atingiu a

meta e não alcançou 6,0. Tem o desafio de garantir mais estudantes aprendendo e

com um fluxo escolar adequado.

IDEB de Capão da Canoa em 2017 para os anos finais do Ensino Fundamental:

O IDEB 2017 nos anos finais da rede municipal cresceu, mas não atingiu a

meta e não alcançou 6,0. Tem o desafio de garantir mais estudantes aprendendo e

com um fluxo escolar adequado.

O número total de estudantes matriculados na rede municipal no ano de

2018, segundo dados do Censo Escolar/INEP 2017, foi de 10.372 estudantes, sendo

destes 2.128 crianças de 0 a 5 anos e 11 meses; 8.243 estudantes dos anos iniciais

do ensino fundamental e anos finais; 98 matrículas de educação especial.

Page 18: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

18

O objetivo da rede municipal de ensino é trabalhar em favor da melhoria da

qualidade social da educação do município e, o Referencial Municipal Comum

Curricular, na busca de subsidiar as ações pedagógicas da escola e o trabalho

docente, torna-se um instrumento de consulta e apoio que dialogará com o professor

no sentido de contribuir para uma aprendizagem significativa.

Como um dos instrumentos de aprimoramento do trabalho docente, a

formação continuada dos profissionais da educação é um processo constante na rede

municipal de educação de Capão da Canoa. Investir na qualificação de seu quadro

profissional sempre foi uma marca da Secretaria de Educação, que realiza essa

tarefa em diferentes formatos e modalidades.

Essa formação continuada acontece através de seminários, palestras,

oficinas pedagógicas, produções de materiais didáticos, tanto nas escolas quanto

reunindo centenas de profissionais que buscam em sua prática pedagógica, dedicar

momentos para refletir sobre o seu ser e fazer docente.

O documento Referencial Municipal Comum Curricular do Território de

Capão da Canoa é o resultado do trabalho colaborativo desta rede de educação, que

é entendida por todos profissionais que atuam nela como a base para o

desenvolvimento do nosso município.

Page 19: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

19

Page 20: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

20

Page 21: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

21

Page 22: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

22

2005 2007 2009 2011 2013 2015 20171° e 5° 3.4 4.3 4.4 5.0 4.8 4.9 5.1

2005 2007 2009 2011 2013 2015 20179° ANO 3.7 3.8 3.7 3.8 3.6 4.0 4.3

Page 23: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

23

5. HISTÓRICO DA CONSTRUÇÃO DO REFERENCIAL MUNICIPAL COMUM CURRICULAR DO TERRITÓRIO DE CAPÃO DA CANOA

A Secretaria Municipal da Educação (SME) tem muitas histórias para contar.

Histórias que foram construídas pelos profissionais da educação que atuam nas

instituições de ensino e pelos profissionais dos diferentes setores da secretaria.

Uma história feita por muitas mãos não se constrói de maneira linear e

harmônica. É um processo de ir e vir. Tem avanços, retrocessos, e resulta numa

atividade colaborativa que expressa a memória e o desejo de pessoas que acreditam

na educação como um ato pedagógico e político. Pedagógico por que a educação

trabalha com o conhecimento científico e o processo formativo, contribuindo para o

desenvolvimento da cidadania, no qual todos refletem, pesquisam e aprendem.

Político porque tem intencionalidade e participação, interage, discute, confrontam-se

ideias e disto resulta: diretrizes, normatizações e sobre tudo possibilidades de ação

que promovem a alteração da realidade, ainda que não perceptíveis de imediato, pois

em educação os resultados não são em curto prazo.

Processo

5.1. A NECESSIDADE DE READEQUAÇÃO CURRICULAR NO MUNICÍPIO DE CAPÃO DA CANOA PARA ALINHAR-SE A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR

A elaboração desse documento: Referencial Municipal Comum Curricular

(RMCC) é uma dessas histórias que temos para contar. Nasce da necessidade de

uma nova reorganização curricular em virtude da aprovação da Base Nacional

Comum Curricular (BNCC) que é fruto de uma determinação legal e que tem por

objetivo contribuir com o trabalho das escolas e seus professores. Ela é o resultado

de um longo processo de discussões envolvendo amplos setores da sociedade que

lutam para que todos tenham acesso à educação de qualidade, independentemente

do local e da de nosso referencial de condição social em que vivem. A BNCC recém

aprovada pelo Conselho Nacional de Educação é obra de milhares de mãos em

diferentes tempos da história recente. A trajetória da construção da BNCC que dá

origem a construção de nosso referencial se dá da seguinte forma:

Page 24: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

24

5.1.2 Processo de Construção da Base Nacional Comum Curricular

Page 25: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

25

Page 26: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

26

6. REFERENCIAL TEÓRICO

A caminhada de construção do Referencial Municipal Comum Curricular,

que se consolida neste momento, foi trilhada por muitos. Um trabalho realizado com a

participação dos profissionais da Rede Municipal. O documento contempla as etapas

da Educação Infantil, do Ensino Fundamental, contempla as modalidades de

Educação Especial, e Educação de Jovens e Adultos. Partindo das experiências e

práticas dos profissionais da educação deste município, este referencial curricular

contempla as concepções epistemológicas e filosóficas daqueles que fazem a

educação de Capão da Canoa acontecer. Concepções variadas sobre cultura, escola,

educação, infância e adolescência, aprendizagem, currículo, avaliação, dentre outros,

foram refletidos e conceituados pelos educadores do município, objetivando a

construção participativa, coletiva e democrática de um Referencial Curricular de

acordo com a realidade local. Tudo isso sem deixar de levar em consideração a

proposta pedagógica já existente, sintonizando o que se tem com os pressupostos

pedagógicos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Acentua-se ainda, a necessidade de compreender que um documento

como este será sempre um caminho, um norte, uma direção para refletir o fazer

pedagógico, o currículo e sua aplicabilidade na sala de aula e para além dela. Não

queremos que esse documento demonstre um “engessamento” pedagógico, e sim,

que ele seja um instrumento que oriente, servindo de suporte às práticas e aos

Projetos Políticos Pedagógicos de cada uma das escolas municipais que visam

cumprir com seu papel social.

6.1 ESCOLA E EDUCAÇÃO

Dissemos que a educação como processo de socialização é parte constitutiva

e crucial para a organização e manutenção de qualquer sociedade. É por meio dela

que os indivíduos são adaptados à vida social. Ela consiste, essencialmente, na

transmissão para as novas gerações não apenas de conhecimentos, informações,

mas de valores e conservações.

Page 27: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

27

Numa sociedade contemporânea em que modificar é tarefa da qual somos

todos protagonistas principais, faz eco uma questão que merece reflexão: que função

tem a educação e a escola na construção de cidadãos mais atuantes e com mais

autonomia?

Tal educação supõe repensar e frequentemente transformar muitas das

práticas pedagógicas atuais. ”...O direito à educação não é simplesmente direito de ir

à escola; mas o direito à apropriação efetiva dos saberes, dos saberes que fazem

sentido.”(CHARLOT,2005,p.148).

Desta forma, é importante repensar à respeito das escolhas que fazemos

ao listar conhecimentos que serão ensinados. Ou seja, os ensinamentos que estamos

ministrando nas escolas fazem sentido para os estudantes? De que modo aquilo que

é ensinado contribui para o entendimento de mundo e sociedade que queremos?

Estas escolhas tornam os estudantes agentes de transformação ou apenas

reprodutores de outros pensamentos?

Esta é a hora de refletirmos a escola como um espaço de reflexão e

discussão. Pra que isto aconteça é necessário repensar as possibilidades de currículo

que estamos ofertando, fazer análise e buscar superar o discurso de um currículo

crítico, firmando práticas significativas que favoreçam a construção de ações

reflexivas e emancipatórias.

É necessária uma mudança significativa na práxis da escola. Uma mudança que

contemple a autonomia de todos os seus agentes. É preciso se priorizar a inteligência

a sensibilidade, a afetividade, a responsabilidade, o respeito, o afeto. Atitudes essas

que formam um ser integral.

Para isso, o desafio é o de garantir, o direito humano a uma educação de

qualidade, que atenda a todas essas perspectivas. Assim, uma educação integral

implica numa escola atenta às demandas sociais, que se faz inovadora na medida em

que entende e realiza uma educação voltada para a formação humana, buscando

habilitar os seus atores para o exercício da cidadania.

Page 28: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

28

Dessa forma, a garantia dos conhecimentos científicos que irão

possibilitar que se enfrente a realidade de forma crítica e reflexiva, está na prática

pedagógica, no fazer cotidiano, ético, vivenciado no dia a dia das escolas. Uma

prática que contemple solidariedade, justiça social, verdade e pluralidade.

6.2 CONCEPÇÕES DE ESCOLA E EDUCAÇÃO PAUTADAS NAS CONTRIBUIÇÕES DOS EDUCADORES DE CAPÃO DA CANOA

Uma educação social, pautada na cidadania é uma educação solidária com o

real cumprimento das normas e currículo estabelecidos. Uma educação mais

humanizada,igualitária,transformadora, transparente, de união, respeito, humildade

que mostre que fazer o bem, olhar para o próximo com mais carinho e preocupação é

essencial. Mostrar que valores são importantes, assim como os objetos de

conhecimento. Se conseguirmos isso uma coisa levará a outra.Teremos bons

cidadãos, com vontade de sempre crescer.

Uma educação que prepare o indivíduo em sua integralidade, que desenvolva

competências, habilidades e valores voltados para a vida em sociedade. Que

promova a paz, o conhecimento científico e compreensão do mundo, das sociedades,

das leis e deveres, e acima de tudo, dos direitos humanos e o respeito à vida em

geral. Uma educação que mostre mais respeito para com as crianças e jovens, pois

muitas crianças e jovens vão para escolas com fome,triste sou revoltado pela

situação que passam em casa. Uma educação transformadora, que busque a justiça

e o bem. Que construa um cidadão que saiba lutar pelos seus direitos.Que conheça e

viva a dignidade. Que saiba refletir e agir para a mudança social. Mas principalmente,

que seja uma educação desacomodada, com muito respeito, comprometimento e

ética.

Uma educação moderna, inovadora, de qualidade, pautada em metodologias

diferenciadas, onde objetos de conhecimento possam ser trabalhados em salas

próprias(ambientes) e que o professor possa utilizá-las a seu favor de forma dinâmica

e proveitosa. Com projetos significativos, que respeite os ritmos individuais, que

Page 29: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

29

reorganize os espaços e tempos. Que se aproprie de diferentes recursos e

tecnologias, bem como de atividades lúdicas.

A educação dos objetos de conhecimento por si só não educa. Precisamos

oferecer motivação que desperte o interesse das crianças e jovens. Eles precisam

perceber que há preocupação dos envolvidos em melhorar a qualidade de vida de

cada um e da sociedade como um todo. Uma educação séria que faça a diferença

tem que ser mais que cumprir tarefas.Devemos ponderar o tempo de aprendizagem e

maturidade dos estudantes. Que possa manter os estudantes mais tempo em contato

com o ambiente escolar.

Uma educação realística, pautada no estudante, verdadeira, em que professor

e estudante aprendem mutuamente se respeitando e dando uma visão real do mundo

em que se vive.Comprometida com reflexões críticas acerca das diferentes

realidades, conscientes das necessidades de seu próprio município, que compreenda

os diferentes contextos. Libertadora,que dê conta dessa sociedade líquida, onde tudo

escorre pelas mãos. Que compreenda os avanços tecnológicos e tudo que se

redesenha em função disso.

Uma educação com base na realidade que é encarada pelas crianças e

adolescentes,visando conscientizá-las que não estão ali para somente garantir uma

“nota” satisfatória e passar de ano. A educação quando levada a sério, vai muito,

além disso. Formar pessoas com conhecimento, que aprendam com significado.

É cada vez mais necessário que formemos nas nossas escolas, seres

pensantes, e não crianças e adolescentes acomodados, “preguiçosos”, que se

apoiam na “decoreba” para fazer prova e logo depois esquecem de tudo. Uma

educação que contemple a realidade atual de olho no amanhã, despertando

expectativas, sonhos e a consciência do significado de aprender.

Uma educação formadora, pautada no aperfeiçoamento constante dos

profissionais que atuam na educação, que ofereça suporte ao professor, a fim de que

se tornem profissionais cada vez mais competentes, qualificando-os cada vez mais

para o mercado de trabalho. Que todos,professores, ao aperfeiçoarem-se, tome cada

Page 30: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

30

vez mais consciência que se os estudante, muitas vezes sai da aula sem saber para

que sirva ou onde aplicar o “objeto de conhecimento”dado.Que o professor possa ter

a consciência e o entendimento do quanto sua aula foi ou não

producente. Uma educação de qualidade, não de quantidade.

Uma educação inclusiva, pautada no atendimento e no olhar atento em relação

aos estudantes especiais, bem como aos professores que trabalham com estes

estudantes. Que ofereça suporte ao professor para detectar e encaminhar os

estudantes aos atendimentos necessários,repercutindo num melhor resultado da

aprendizagem dos mesmos, pois na maioria das vezes os profissionais não são

preparados para lidar com tantas diferenças numa mesma sala e acabam esgotados

e frustrados por não conseguirem realizar um bom trabalho. Uma educação que

valorize a experiência, vivência, significado e felicidade. A criança precisa se sentir

feliz na escola, realmente pensando em se apropriar dela.

Uma educação parceira, pautada na cumplicidade entre família e escola. Cada

um fazendo a sua parte sem responsabilizar o outro por aquilo que lhe compete, sem

que um precise assumir o papel do outro. Que ambas possam envolver-se com

comprometimento e responsabilidade nesse processo.

Comprometida com a real missão que se tem como educador. A missão de

auxiliar a família a preparar o educando para a vida, instrumentalizando-o com

saberes necessários, sendo coerentes com os valores já introduzidos pela família.

Uma educação significativa, pautada no sentido dos objetos de conhecimento.É

preciso rever muitos conceitos e fazer mudanças no sentido destes conhecimentos,

dando mais significado ao que vem sendo ensinado na escola, e, para isso, há

necessidade do comprometimento de todos.

Uma educação de descobertas, pautada na valorização das diferentes

habilidades e competências, descentralizada do conteúdo pelo conteúdo, com

projetos educativos interdisciplinares, através de temas de relevância social, para

fazer de nossos estudantes, pessoas capazes de refletir e modificar as necessidades

da sociedade. Com comprometimento dos professores e poder público. Uma escola e

educação não verticalizada, onde todos aprendem e ensinam. Uma educação que

Page 31: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

31

proporcione e incentive o estudante, a explorar suas potencialidades, e que possibilite

momentos alternados entre a sala de aula e espaços diferenciados dentro e fora da

escola.

6.3 CULTURA E EDUCAÇÃO

A cultura foi ao longo do tempo permeada de diferentes significados e

estudada por diferentes ciências. A perspectiva filosófica defende uma ideia de

cultura como manifestação plural e como processo dinâmico. Ao tentar classificar os

tipos de produção cultural, encontramos a de massa (midiática), a popular e a erudita.

.Já a perspectiva sociológica entende a cultura como“[...]o conjunto de práticas por

meio das quais significados são produzidos e compartilhados sem um grupo.”

(MOREIRA; SILVA, 2008, p. 27). Para a abordagem antropológica o homems e faz

humano na e a partir da cultura.

Numa perspectiva dita pós-moderna, a cultura aparece como a produção das

diferenças e o currículo, é o modelador da construção de identidades e encarna as

relações de poder da sociedade. (CORRÊA, 2008). Desta forma, como a educação e

as escolas estão concebendo a cultura? Quais as implicações de se fazer uma

escolha curricular pautada em uma dessas perspectivas? Que ideia de cultura

desejamos trazer para o currículo da nossa educação?

Todo currículo escolhido nos leva a uma seleção e uma escolha, uma vez

que o currículo tem um tempo e um espaço para se concretizar. Assim, uma

perspectiva possível é a do multiculturalismo, entendendo-o como as diversas

manifestações culturais dos povos, produzidas ao longo de sua história.

Numa versão mais progressista da crítica, o multiculturalismo, ao enfatizar a manifestação de múltiplas identidades e tradições culturais, fragmentaria uma cultura nacional única e comum, com implicações políticas regressivas. (MOREIRA, SILVA, 1999, p. 89).

Para se apropriar de uma perspectiva multicultural e desta forma transpor esta

concepção para o currículo e para as práticas pedagógicas, é necessário ter uma

Page 32: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

32

postura que garanta o respeito e a convivência do diferente. Esta tarefa não é simples

e exige um olhar ampliado para dar conta do multiculturalismo característico do país,

que infelizmente foi ignorado e banalizado e que por muito tempo foi sustentado pela

ideia de harmonia cultural e social(CORRÊA,2008).Tal perspectiva não revelava a

base de produção das diferenças, muito menos questionava a forma como o poder

estava imbricado nessa visão. Moreira e Candau (2008) defendem que:

Elaborar currículos culturalmente orientados demanda uma nova postura por parte da comunidade escolar, de abertura às distintas manifestações culturais. Faz-se indispensável superar o “daltonismo cultural”, ainda bastante presente nas escolas. O professor“ daltônico cultural” é aquele que não valoriza o “arco-íris de culturas” que encontra nas salas de aulas e com que precisa trabalhar, não tirando, portanto, proveito da riqueza que marca esse panorama.

É aquele que vê todos os estudantes como idênticos, não levando em conta a necessidade de estabelecer diferenças nas atividades pedagógicas. (MOREIRA; CANDAU, 2008, p. 31).

Assim, a escola deverá resgatar as práticas culturais da comunidade escolar

onde é construída a história do estudante para que tenha a possibilidade de se

reconhecer no espaço escolar. Embora a escola seja um espaço que individualiza e

isola os seus atores, ela pode a partir de uma prática dialógica, lúdica e científica,

possibilitar experiências de vida e aprendizagens para além da monotonia, repetição

e individualismo, ampliando o repertório cultural,dando espaço para adversidade

cultural e a convivência do diferente.

É notório que documentos oficiais hoje, contemplem avanços que questionam

o diferente e as minorias, sejam elas índios, negros, mulheres, homossexuais, mas é

dever utilizar-se do espaço escolar como espaço para reflexão cultural de forma

crítica.

Em nossa visão, a cultura popular representa não só um contraditório

terreno de luta, mas também um importante espaço pedagógico onde

são levantadas relevantes questões sobre os elementos que

organizam a base da subjetividade e da experiência do estudante.

(GIROUX; SIMON, 1999, p. 96).

Page 33: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

33

A cultura escolar na contemporaneidade vem se construindo na cultura

midiática, cultura construída com base no sistema capitalista industrial. A escola, por

sua vez, como um espaço heterogêneo, veicula as ideias de globalização.

Que cultura está incitando nos muros escolares? É imprescindível quebrar o

isolamento e possibilitar aos estudantes de Capão da Canoa a interação, o convívio

com a cultura local e global, as trocas que garantam a discussão, o confronto de

concepções através das práticas pedagógicas alicerçadas no currículo. Tendo como

referência a cultura globalizada, com base no sistema capitalista e reafirmada em

uma cultura midiática, é possível observar o distanciamento construído na escola em

relação à cultura local.

Se a cultura dos ancestrais não existe mais como sistema de interpretação do mundo coerente e suficiente, ela deixou, entretanto, marcas na vida cotidiana. Alguns desses traços são fortes, como a língua, que expressa certa concepção de mundo. Outros são mais fragmentários: práticas sociais ou religiosas específicas, preferências alimentares,músicas e danças, produções artísticas. É importante que a escola considere essas heranças culturais, trabalhe-as, esclareça-as; é importante para o jovem cujos ancestrais pertenciam a essa cultura: para se construir, um sujeito precisa se inscrever em uma descendência, ter raízes, origens e precisa que essas raízes sejam reconhecidas de maneira positiva, validadas socialmente. (CHARLOT, 2005, p. 135).

A cultura, sabemos, é um movimento da sociedade. No entanto, negar a

cultura popular em substituição a esta cultura capitalista industrial, globalizada e

midiática é, definitivamente, romper com o passado. Qual a cultura que a escola

pretende conferir aos seus estudantes? Quais são as redes de significações que

estamos construindo para a sociedade contemporânea? A cultura que se constrói na

escola pode ser responsável pela alteração da cultura tradicional do seu entorno e a

partir disto, abrir espaço para a descaracterização da comunidade.

Na busca de informações cada vez mais requintadas e de conhecimentos cada vez mais complexos, elas vão construindo práticas sociais e valores, bem como modos de interagir com o outro.

Page 34: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

34

Nessa busca, as crianças dialogam com textos, personagens e com cultura de seu tempo, demarcando espaços sociais. Desse modo delineiam mecanismos de se inserir tanto na rede quanto no mundo mais amplo e de sobreviver nessa esfera midiática,definindo passaportes para ingressar na cultura circunscrita por essa rede midiática.(SALGADO; SOUZA, 2005, p. 21).

Os valores identitários da cultura globalizada apresentam-se como uma ruptura

com acultura popular? Diante de tal dilema, sem respostas que possam satisfazer o

ideal, como enfrentarmos o real? Que representações culturais as escolas de Capão

da Canoa querem que sua comunidade construa? Talvez, além de trazer respostas, a

construção de um Referencial Curricular poderá garantir orientações e ao mesmo

tempo formular novas perguntas. Perguntas essas que cada escola, cada professor

em seu cotidiano, com as crianças, adolescentes e adultos buscar á responder a

partir de suas experiências culturais.

6.4 DESENVOLVIMENTO HUMANO

O desenvolvimento humano é caracterizado por uma sequência de

transformações sucessivas marcadas pela evolução biológica e pela vivência cultural

e social que levam à ampliação do repertório, socialização do conhecimento formal.

Consideramos o homem nesta perspectiva como um sujeito singular e único, capaz

de transformar o mundo como autor de sua história.

Os períodos de desenvolvimento são normalmente, referidos como infância, adolescência,maturidade e velhice. É mais adequado, porém, pensarmos o processo de desenvolvimento humano em termos das transformações sucessivas que o caracterizam,modificações que são marcadas pela vivência cultural (LIMA, 2008, p. 24).

Nesse contexto, os diferentes grupos sociais, principalmente a família e a escola,

desempenham um papel fundamental nesta organização do homem como sujeito

ativo de sua história e na sua ampliação da experiência humana.

Page 35: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

35

No desenvolvimento humano podemos identificar a existência de etapas clara mente diferenciada, caracterizada por um conjunto de necessidades e de interesses que lhe garantem coerência e unidade. Sucedem-se numa ordem necessária, cada uma sendo a preparação indispensável para o aparecimento das seguintes (GALVÃO, 2001 p. 39).

A noção de desenvolvimento está atrelada a um contínuo de evolução do

sujeito ao longo de todo o ciclo vital. Essa evolução não se dá de forma linear, mas

nos diversos campos da existência tais como afetivo, cognitivo, social e motor. Esse

caminhar contínuo não é determinado apenas por processos de maturação biológica

ou genética. O meio (e por meio entenda-se algo muito amplo, que envolve cultura,

sociedade, práticas e interações) é fator de máxima importância no desenvolvimento

humano, pois permite o contato com a diversidade cultural.

O comportamento do homem moderno, cultural, não é só produto da evolução biológica, ou resultado do desenvolvimento infantil, mas também produto do desenvolvimento histórico. No processo de desenvolvimento histórico da humanidade,ocorreram mudanças e desenvolvimento não só nas relações externas entre as pessoas e no relacionamento do homem com a natureza; o próprio homem, sua natureza mesma,mudou e desenvolveu-se (VYGOTSKY; LURIA, 1996, p. 95).

São sobejamente conhecidos os estudos do desenvolvimento a partir da

psicologia,filosofia e antropologia para entender como se dá o processo de

humanização e a apropriação dos conhecimentos. O fato é que mesmo com

concepções diferenciadas, os conceitos acerca da humanização buscam explicar a

necessidade do ser humano se relacionar com diferentes grupos sociais.

Dessa forma, humanizar-se com os outros e com o meio cultural e a escola é

um espaço importante neste processo, pois permite o confronto com diferentes

perspectivas, concepções e visões de mundo que acontecem nas relações

estabelecidas e na veiculação do conhecimento acumulado pela humanidade. Assim,

a construção da cidadania e de sua participação social se dá no exercício da dúvida,

das escolhas e das oportunidades que são oferecidas aos sujeitos.

Page 36: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

36

Construir um currículo respeitando o desenvolvimento humano significa decidir

o tipo de sociedade que se quer construir e a contribuição das instituições

educacionais neste processo. É enxergar acriança, o adolescente, o adulto e o idoso

como sujeito de sua história e fruto de experiências vividas em sua caminhada

pessoal e social. Significa, ainda, escolher conhecimentos, práticas pedagógicas e

avaliativas que levem em conta o tempo e o ritmo de cada sujeito.

6.5 CURRÍCULO E EDUCAÇÃO

Currículo é tudo aquilo que uma sociedade considera necessário que os

estudantes aprendam ao longo de sua escolaridade. Como quase todos os temas

educacionais, as decisões sobre currículo envolvem diferentes concepções de

mundo, de sociedade e, principalmente,diferentes teorias sobre o que é o

conhecimento, como é produzido e distribuído,qual seu papel nos destinos humanos.

A construção de propostas curriculares de uma rede de ensino ou de uma escola

exige resgatar a forma como o currículo é pensado e materializado no cotidiano das

instituições, pó risso sua importância para o enfrentamento das práticas que gravitam

em torno dele.

A Rede Municipal de Ensino de Capão da Canoa, historicamente vem

discutindo, ora em cada etapa da educação básica, ora nas modalidades específicas,

a forma de trabalhar os saberes acumulados por áreas do conhecimento,

componentes curriculares e/ou linguagens. Todo este processo resultou nas práticas

de professores e gestores no entendimento do que seria necessário trabalhar em

cada turma/ano.

No entanto, com a inclusão da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) que

indica um currículo comum para a Educação Básica Nacional, cada Estado e

consequentemente, cada Município enfrenta a necessidade de rever seu currículo,

fazer adequações necessárias e construir seu próprio referencial que garanta a

formação das crianças, adolescentes e adultos tanto de forma horizontal como

vertical do currículo.

Page 37: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

37

Devemos apenas ter o cuidado para não cairmos na concepção de que tudo

que é tradicional é velho e antigo e, por isso, precisa ser descartado. Entendemos

que tudo é processo,tudo é história e tudo forma. Experiências vividas constroem

legados e, por isso, não podem ser descartadas e sim levadas em consideração,

aprimoradas e complementadas pelas práticas contemporâneas que também

construirão história.

Os documentos oficiais sinalizam o currículo como o coração das práticas

educativas e por isso precisa levar em conta as características da comunidade

escolar e, sobretudo, o multiculturalismo. As implicações curriculares na visão do

multiculturalismo do pensamento pós-crítico estão ligadas à produção das diferenças

que não podem ser reduzidas ao determinismo (sempre foi assim) e, por isso,

precisam ser analisadas constantemente.

O currículo é visto como aquele que modela a formação das identidades e

constitui as relações de poder da sociedade, sendo o fio da trama social. Assim

sendo, o currículo não é desinteressado, ingênuo e desprovido de poder. Repensar o

currículo significa também ficar longe de padrões estabelecidos para lidar com a

exceção: linearizar os objetos de conhecimento escolares, em detrimento aos

conhecimentos produzidos pela humanidade.

Assim, pode-se afirmar que a necessidade de flexibilização curricular supõe a

quebra de rigidez de práticas culturalmente construídas, pelas quais os atores sociais

da escola estabelecem novas conexões e constroem aprendizagens significativas.

Por aprendizagem significativa entende-se aquela carregada de sentido para o sujeito

e caracterizada pela interação entre novos conhecimentos relevantes (MOREIRA,

2003).

Cientes de que a ideia de flexibilização vincula-se à necessidade de conceder maior plasticidade, maior maleabilidade ao que se quer flexionar, destituindo-o da rigidez tradicional, neste caso o currículo escolar, podemos adotar este conceito (LOPES, 2008,p.10).

Page 38: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

38

Além disso, não existe um modelo único de currículo, com receitas prontas,

uma vez que este processo demandará reflexões e escolhas às vezes difíceis de

serem feitas.

Atender às necessidades do desenvolvimento humano requer mais do que

meros discursos,requer um trabalho lotado de intencionalidade, pedagógico,

constante e sistemático.Desta forma,para poder funcionar, o conhecimento científico,

também conhecido como formal precisa de atividades específicas como a cultura e a

memória para conseguir funcionar. Este tipo de conhecimento é aquele veiculado nas

instituições de educação, nos livros, enquanto que o

conhecimento informal, também conhecido como senso comum, é o que se dá fora

da escola.

Cabe ao professor identificar o nível de desenvolvimento dos estudantes para

poder intervir e ajudá-los a estabelecer novas ligações e, com isso, aprender coisas

novas. Não se trata,desta forma, de dar continuidade aos conhecimentos já aprendidos,

mas transformá-los para que se aprenda outros conhecimentos, que se façam relações,

que se confrontem conceitos,que se analise a luz de sua experiência anterior.

Dessa forma, é necessário criar alternativas que dêem conta de toda

experiência criada no cotidiano escolar. Criar alternativas de organização curricular

que, em vez de buscar silenciar as experiências em curso, ajudem a legitimação de

espaços e tempos variados e múltiplos.

A proposta curricular deve se preocupar com o que fazer como fazer e onde

buscar, ou seja explorar e desenvolver habilidades e competências que contemplem

as intenções de um currículo que valorize o desenvolvimento humano.

6.6 CONCEPÇÕES DE CURRÍCULO E EDUCAÇÃO PAUTADAS NAS CONTRIBUIÇÕES DOS EDUCADORES DE CAPÃO DA CANOA

O currículo norteia o fazer. É muito importante, indispensável. É a base. É tudo

aquilo que a escola pretende ensinar. É tudo aquilo que se faz na escola, explícita ou

Page 39: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

39

implicitamente. Ele orienta as atividades educativas, as formas de executá-las e a sua

finalidade. Ele coloca o estudante em condições de competir com outros, de qualquer

escola e lhes dá a chance de estudos posteriores, torna-os capazes de tomar

decisões e resolver problemas. Essencial para transpor as barreiras que temos hoje.

Ele dá um norte. Ele é o responsável pelo desenvolvimento direto das competências

e habilidades nos indivíduos. É a vida da escola!

O currículo é uma organização necessária para guiar as práticas escolares,

mas o currículo por si só, sem uma mudança de como ele será aplicado na prática,

não soluciona os problemas. Ele sozinho, não fará a transformação. A mudança no

currículo dará o aporte necessário para que se trabalhe com o que realmente é

importante. Mas ele, sozinho, não fará a transformação. Esta virá quando o professor

também se transformar.

A tarefa do currículo, dentre tantas outras é a de dialogar entre as

necessidades sociais,ambientais e cognitivas, adequando-se ao público-alvo e sendo

flexível, entendendo a realidade de cada escola. Deve ser bem planejado,

comprometido com a formação integral do ser humano, refletido, dialogado, para

atingir os objetivos propostos, podendo levar a sociedade ao sucesso,ou,

arbitrariamente ao fracasso. O currículo deve ser construído baseado nesta

sociedade e neste modelo de cidadão que queremos. Nele deve estar claro onde

queremos chegar. Construir o currículo municipal é poder contemplar e ressignificar

nossa prática docente. Serve para ajudar no percurso a seguir. É um caminho.

Essencial para direcionar o fazer pedagógico.

Um currículo, pensado assim, partindo de uma Base Nacional Comum é uma

proposta de mudança, não somente de objetos de conhecimento, ou ordem de

objetos de conhecimento,mas uma proposta para equiparar o ensino brasileiro.

Precisamos ter o cuidado com essa universalização, para que não sejamos ingênuos

no sentido de um mínimo básico e o currículo ficar limitado a isso. Uma sociedade

precisa ser vista em suas peculiaridades, precisa de mais do que um mínimo e isso

precisa ser refletido e garantido. Lembrando sempre que tudo o que for trabalhado

deve fazer sentido para o estudante, precisa ter significado. Se confrontarmos o

currículo que temos em ação hoje com as propostas inovadoras e dinâmicas da

Page 40: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

40

BNCC, com certeza já é será um passo importante para tornar a escola mais atraente

e com mais significado aos estudantes. Por isso essas ideias transformadoras vêm ao

encontro de uma nova cara à educação no Brasil, de seus estados e municípios.

6.7 APRENDIZAGEM

É o processo pelo qual as competências, habilidades, conhecimentos,

comportamento ou valores são adquiridos ou modificados, como resultado de estudo,

experiência, formação,raciocínio e observação. Este processo pode ser analisado a

partir de diferentes perspectivas, deforma que há diferentes teorias de aprendizagem.

Aprendizagem é uma das funções mentais mais importantes em humanos.

A aprendizagem humana está relacionada à educação e desenvolvimento

pessoal. Deve ser devidamente orientada e é favorecida quando o indivíduo está

motivado. O estudo da aprendizagem utiliza os conhecimentos e teorias da

neuropsicologia, psicologia, educação e pedagogia.

Durante a história da humanidade sempre ocorreram processos de ensino e

aprendizagem que conduziram a diferentes abordagens e conceitos. A educação

pode ser exercida em diferentes espaços de convívio social, porém a educação

formal e suas práticas são desenvolvidas em contextos escolares de forma

intencional, planejada, com objetivos, metodologias, tempos espaços determinados e

com uma concepção teórica que a fundamente.

Entendemos que a aprendizagem se dá a partir das relações com outras

pessoas, adultos,crianças que juntos vão construindo suas características, seu modo

de pensar, de agir,de sentir,sua visão de mundo, enfim seu conhecimento. Isto nos

leva a perceber que as interações representam o tecido social, trata-se então de

partilhar atividades, de desenvolver a história individual e coletiva de uma sociedade.

Estas relações envolvem interações com um ou mais parceiros, e também com

a cultura,as crenças e dogmas internalizados e cristalizados destes parceiros,

estabelecendo a necessidade de um jogo dialético que dê conta de trabalhar estas

questões, produzindo então conhecimentos e aprendizagens sociais sempre

mediadas entre os sujeitos e sua cultura. Essa forma de conceber a aprendizagem

Page 41: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

41

nos leva a entender a educação com um ato político e que por assim ser,não pode

ser alienante, deve ser libertadora, desafiadora levando os sujeitos a ler,interpretar e

transformar o mundo (FREIRE, 1987).

Fazer uma opção teoria acerca de como se dá o processo de construção do

conhecimento, não significa dizer que uma única teoria dará conta de explicar como o

indivíduo aprende. Temos clareza de que todas as teorias são provisórias, passíveis

de mudança e que,talvez, esteja nesta premissa o grande valor das teorias enquanto

referenciadoras de práticas -sejam elas pedagógicas ou não.

A educação vista sobre o prisma da aprendizagem representa a vez da voz, o

resgate da vez e a oportunidade de ser levado em consideração. O conhecimento

como cooperação, criatividade e criticidade, fomenta a liberdade e a coragem para

transformar, sendo que o aprendiz se torna no sujeito ator como protagonista da sua

aprendizagem.

Porque nós estamos na educação formando o sujeito capaz de ter história própria, e não história copiada, reproduzida, na sombra dos outros, parasitária.Uma história que permita ao sujeito participar da sociedade. (DEMO, 2000, p.63).

Escolher uma única teoria de aprendizagem, como norteadora das práticas

pedagógicas,não garante que alcancemos os objetivos necessários ao pleno

desenvolvimento do conhecimento. As teorias são provisórias, passageiras, passíveis

de mudanças. É necessário que façamos uso de teorias que contemplem abordagem

histórica cultural, a fim de entender como os indivíduos aprendem.

É querendo superar este tipo de pensamento que buscamos na abordagem

histórica cultural uma referência para o entendimento de como as crianças e os

estudantes aprendem. Para a abordagem histórico-cultural, a aprendizagem e o

conhecimento são ativamente formula dos elaborados pelo sujeito que pensa e

aprende na relação com outro em processos de constante interação.

A tarefa de ensinar nos coloca em constantes reflexões e é possível perceber

que o professor está questionando-se e perguntando-se: “Sou professor. O que fazer

Page 42: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

42

em sala de aula?”E isto nos remete a uma preocupação inicial: Como construir o

conhecimento?

Precisamos superar a simples transmissão de conhecimentos. Precisamos

garantir que esses conhecimentos sejam aprendidos, construídos. Essa competência

para construir o conhecimento,superando a simples transmissão, passa, sem dúvida,

pela concepção que esse professor tem de sociedade, de escola e de conhecimento,

pois somos frutos de uma história, e essa história passa ser fundamental para o

entendimento de nossa prática pedagógica. Não há como falarem metodologia

desgarrada da concepção de educação e de conhecimento. Neste sentido é

importante metodologias que desafiem a produção e elaboração do conhecimento,

que priorizemos o desenvolvimento do senso crítico, que favoreça a criatividade e a

compreensão das explicações propostas.

Existem fatores internos e externos ao próprio indivíduo, que podem facilitar ou

inibir o processo da aprendizagem. Desta forma há uma necessidade de

procedimentos diferenciados, já que estes fatores estão relacionados às

características das pessoas que vamos ensinar.

Adolescentes, crianças e adultos aprendem de forma diferente, passam por

momentos psicológicos e cognitivos diferentes, mas, no processo de ensinar e

aprender, as interações é que de fato devem ser levadas em consideração,

independente da fase de desenvolvimento em que se encontre o sujeito, pois o

resultado dessas apropriações do conhecimento que num primeiro momento são

sociais, tornam-se uma experiência pessoal carregada de sentido, que faz com o que

o sujeito possa devolver esses conhecimentos interpretando-os e usando-os em

diferentes momentos e de diferentes formas.

Assim, para que a prática pedagógica conduza ao sucesso da aprendizagem,

essas questões devem ser consideradas, bem como, o nível das atividades propostas

e o envolvimento dos estudantes na sua execução, pois os espaços e tempos

escolares são locais de intercâmbios e sínteses de ideias e processos pedagógicos, e

precisam ser trabalhados nesta perspectiva. Entender os processos de ensinar e

aprender como processos contínuos e recíprocos nos leva a acreditar que todos os

Page 43: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

43

sujeitos são capazes de aprender e que essa aprendizagem se dá nas relações

sociais, no encontro com o outro, permitindo uma apropriação e uma constante

relação entre os conhecimentos científicos e cotidianos, numa viagem intensa e

prazerosa no universo do saber.

6.7.1 Concepções de Aprendizagem pautadas nas contribuições dos educadores de Capão da Canoa

A aprendizagem deve contemplar as diferenças. É necessário compreender

como o cérebro funciona, como a criança e o adolescente aprendem. Ter domínio dos

diferentes distúrbios de aprendizagem e compreender como fazer as abordagens nos

diferentes casos. Através da utilização de diferentes metodologias, recursos e

estratégias que promovam uma aprendizagem significativa que contemple, de fato,

conceitos com sentido para a vida.

A aprendizagem deve contemplar as diferenças. É necessário compreender

como o cérebro funciona, como a criança e o adolescente aprendem. Ter domínio dos

diferentes distúrbios de aprendizagem e compreender como fazer as abordagens nos

diferentes casos. Através da utilização de diferentes metodologias, recursos e

estratégias que promovam uma aprendizagem significativa que contemple, de fato,

conceitos com sentido para a vida.

Uma aprendizagem qualificativa, integral, formativa, construtiva, de formação

cidadã. Da idade diferentes formas, em diferentes locais. Com estratégias de apoio, a

fim de minimizar as dificuldades encontradas, buscando a superação das realidades.

Que seja uma aprendizagem evolutiva, que de fato os estudantes avancem com

requisitos para o ano que estiverem cursando,como, por exemplo, no mínimo saber

ler no terceiro ano. Com atividades reais,concretas não só em sala de aula, mas fora

dela também, onde os estudantes sejam coautores do seu próprio saber.

Tudo com muito carinho e igualdade de condições. Que de um modo geral as teorias

possam será plicadas na vida cotidiana, no contexto da prática, na vida profissional e

social dos indivíduos.Oferecida de maneira lúdica e prazerosa.

Page 44: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

44

Deve se der de maneira integradora, por centro de interesses e habilidades.

Desenvolvendo habilidades e competências, num espaço saudável, de amizade,

parceria,envolvente, em que professores estudantes, e outros profissionais gostem de

estar juntos. Crítica e reflexiva. Construída a duas mãos: pelo professor e pelo

estudante. Uma Construção diária a partir do cotidiano do estudante da realidade de

cada escola e estimulando as potencialidades de cada estudante. Prazerosa e lúdica

abordando os objetos de conhecimento e objetivos pretendidos. Direta, explicativa e

compartilhada com os educandos, pois muitas vezes as vivências trazidas por eles

são para os educadores uma grande ajuda. Aprendizagem que valorize a bagagem

do estudante, por experiências e vivências.

Aprendizagem abraçando a inclusão, além de uma grande parceria da família e

do sistema: supervisão e direção da escola. Valorizando o papel do professor e os

avanços do estudante. Livre e ao mesmo tempo direcionada.

Deve receber todas as informações que os estudantes trouxerem com

liberdade, porém direcioná-las da melhor forma possível para buscar a reflexão crítica

dos assuntos estudados. Uma aprendizagem transformadora, dialogada,

compesquisas, debates, seminários, trabalhos e muitos outros recursos.

Passada de maneira dinâmica, diferenciada, considerando as inteligências

múltiplas, sem se tornar algo tedioso para os jovens, despertando o interesse deles

para o novo. Desacomodando,saindo da “decoreba”, promovendo uma aprendizagem

significativa. Se os olhares dos professores se direcionarem às metodologias mais

aplicativas, acreditamos que a aprendizagem se tornará,com certeza, mais saborosa.

Nossos estudantes estão sedentos por desafios.Portanto,que saibamos desafiá-los a

buscar o “algo a mais” dando-lhes significado às suas aprendizagens.

Devem-se também, despertar o querer, através da busca, pesquisa, usando

tecnologias e recursos atuais. Que a aprendizagem seja um processo desafiador para

o estudante, instigando a criatividade, reflexão e argumentação. O conhecimento

precisa acompanhar a sua época, mas levando em consideração os valores que

fazem parte do ser humano: bondade, respeito, cuidado,solidariedade, cultura de paz.

Page 45: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

45

A aprendizagem precisa estar ligada à construção e desenvolvimento pleno da

pessoa e é um direito que precisa ser garantido. Útil,reflexiva,qualificada de forma

ampla e universal. De forma progressiva,motivadora,inovadora,criativa,com diferentes

espaços pedagógicos. Numa relação constante de troca professor/ estudante /família.

6.8 PLANEJAMENTO E EDUCAÇÃO

Gandin sugere que se pense em planejamento como uma ferramenta para dar

eficiência à ação humana. Planejamento é processo de busca de equilíbrio entre

meios e fins, entre recursos e objetivos, visando ao melhor funcionamento de

empresas, instituições, setores de trabalho,organizações grupais e outras atividades

humanas.

O ato de planejar é sempre processo de reflexão, de tomada de decisão sobre

a ação; processo de previsão de necessidades e racionalização de emprego de

meios (materiais) e recursos (humanos) disponíveis,visando à concretização de

objetivos, em prazos determinados e etapas definidas,a partir dos resultados das

avaliações (PADILHA, 2001, p. 30).

Ao falarmos de planejamento educacional podemos lançar mão de uma

metáfora a fim de compreender sua relevância. Gandin (2004, p. 48) afirma que “O

vôo das aves, desde o gelado Canadá ao calor do Brasil, ultrapassa todas as

dificuldades porque as aves ‘sabem’ o seu destino.”O mesmo ocorre na gestão da

educação e da aprendizagem: somente podemos atingir objetivos e metas quando

temos clareza de onde estamos, onde queremos chegar, o porquê e como faremos

isso.

Planejar significa projetar para frente, prospectar, definir metas alcançáveis.

Evidentemente que na literatura educacional encontramos vários conceitos com os

quais trabalhamos,porém todos são unânimes em afirmar sua importância no

processo educacional para a garantia do ensinar e do aprender, uma vez que não

existe ensino improvisado.Além disso,o planejamento requer reflexão, análise, tempo

Page 46: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

46

de consolidação e sistematização,ou seja,tempo de materialização de todo o

processo e por último e não menos importante, a avaliação.

A partir daí é necessário pontuar a importância do diagnóstico do processo

educacional e de todos os seus envolvidos, não deixando de considerar os aspectos

sócio econômicos,políticos e culturais, entre outros. Faz-se necessário reconhecer

todas as necessidades, advindas das características e dos problemas e relacionar

estas com a demanda de recursos físicos,humanos,pedagógicos ou financeiros

presentes na escola. Esse entendimento e conhecimento permitem organizar um

planejamento que atenda às reais necessidades da criança e do estudante no âmbito

escolar.

As reflexões se fazem presentes no ato de planejar. Impossível planejar sem

refletir. Desta reflexão e planejamento, decidimos que tipo de sociedade e de homem

se almeja e diante disto proporcionamos ações educacionais que contribuam para

esta formação. Estas ações devem estar vinculadas ao Projeto Político Pedagógico

(PPP) da escola e devem possibilitar a efetivação da intencionalidade, dos desejos e

expectativas, através da reflexão coletiva, envolvendo todos os segmentos da

comunidade educativa. Há necessidade de se estabelecer a coerência entre o que

pensamos o que desejamos alcançar e a prática.

O trabalho coletivo da escola se reflete no planejamento, não somente do

professor. O desafio de planejar, visa à aprendizagem de todos, mas também da

instituição, que por sua vez,num movimento de parceria entre escola/comunidade,

igualmente precisa identificar prioridades,necessidades, avanços, interesses, desejos,

dificuldades, entre outros, com vista a elaborar projetos,aderir a programas, rever seu

PPP e sistematizar um planejamento anual adequado à realidade escolar.

Uma proposta pedagógica construída na coletividade é a garantia para que

isso aconteça e se concretize, É necessário que se enfrente os problemas, uma vez

que cada instituição escolar tem sua própria história e está inserida em um contexto

sócio econômico e cultural que lhe é peculiar.

Page 47: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

47

Na educação, existem diferentes níveis e tipos de planejamento. Com base

nas ideias de Vasconcellos (1999), podemos destacar o Planejamento do Sistema de

Educação que é realizado em nível nacional, estadual ou municipal, que incorpora e

reflete as grandes políticas educacionais. O Planejamento da Escola, ou seja, o

Projeto Político Pedagógico, que é considerado o documento de identidade da

instituição e expressa suas concepções. O Planejamento Curricular, que se constitui

na proposta geral das experiências de aprendizagem que serão ofertadas pela

escola, incorporado nos diversos componentes curriculares.O Projeto de Ensino

Aprendizagem, considerado o planejamento mais próximo da pratica do professor e

da salade aula, refere-se mais estritamente ao aspecto didático.

O planejamento enquanto ferramenta envolve um conjunto de ações, análises

e interpretação de fatos para a identificação e definição de necessidades. O ato de

planejar oportuniza reflexão sobre a prática, tomada de decisão sobre a ação,

previsão de prioridades para o alcance dos objetivos almejados. Evita a improvisação,

qualifica a educação,estabelecendo caminhos que norteiam a ação educativa de

forma mais adequada. A ação educativa da escola e de seu coletivo é orientada pelo

planejamento. Dentre todas as ações que precisam ser contempladas no

planejamento, a garantia das aprendizagens de todos os estudantes também se faz

necessária.

Faz-se necessário realizar um contraponto entre as necessidades, dificuldades

e interesses apresentados pelos estudantes e o que se propõe para aquela

turma/ano. Partindo deste pressuposto, percebe-se a necessidade de contemplar no

planejamento formas distintas de garantira aprendizagem de todos. Idealizaram-se

uma sociedade mais humana em que a ética,a justiça e a solidariedade sejam valores

que predominam na convivência entre os indivíduos, precisamos de uma escola que

viabilize suas ações pedagógicas, contribuindo na formação de cidadãos capazes de

analisar a realidade e interferir nela de forma crítica e consciente. Uma das formas de

efetivarem essa visão de educação precisa, necessariamente, de um planejamento

que garanta uma escola de seu tempo e aulas significativas, contextualizadas,

interativas e inovadoras.

Page 48: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

48

6.8.1. Concepções de planejamento e educação pautadas nas contribuições dos educadores de capão da canoa

Planejar é pensar sobre. Organizar um roteiro, refletir sobre a ação a ser

executada. O planejamento organiza o fazer pedagógico. Para que se tenha

consciência do que se irá propor rede como será proposto, a fim de preservar a

qualidade daquilo que se fará. É escolher, dentre tantos caminhos, qual se mostra

mais eficiente para atingir aquilo ao qual se propõe.

Não existe eficiência no trabalho sem o planejamento. É a linha mestra. Auxilia

na construção de um conhecimento mais organizado e dinâmico. Prepara a ação

pedagógica. Tudo que fazemos com planejamento é mais fácil de dar certo.

O planejamento sempre deve ser feito, principalmente quando se quer realizar

algo diferente. Tudo deve ser combinado, visto e revisto antes de ser executado,

assim podemos garantir melhores resultados. É por meio do planejamento que

definimos como caminhar, para chegar com qualidade aonde queremos. Um bom

planejamento alinhado às competências e habilidades do currículo é que será o fator

determinante para se ter sucesso nos objetivos a serem alcançados.

Ele nos permite criar estratégias para corrigir o que não está funcionando e

aperfeiçoar o que está sendo positivo. Ele permite que haja sequência de trabalho,

dando segurança ao professor e significado para a aprendizagem do estudante.

Favorece a eficiência e a eficácia. Permite uma linha de raciocínio que leva o

estudante a evoluir gradativamente, sem fracionar ou estancar seus conhecimentos.

Planejar requer que professores tenham claro o objetivo a atingir com seus

estudantes. Sem planejamento tudo acaba perdendo o sentido, se perde e vira

“bagunça”.

Planejar exige pesquisa e organização. Com ele podermos ver o resultado das

ações promovidas e ver a necessidade de novos ajustes. É a tentativa de uma

aplicação consciente e responsável de cada conteúdo trabalhado.

Page 49: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

49

Para tudo, planejamento é fundamental. Nada pode ser feito sem

planejamento. Se não se planeja não se sabe o que fazer como ensinar e o que se

deseja alcançar. O planejamento é a forma mais eficaz de organizarmos o tempo de

trabalho.

6.9 AVALIAÇÃO

As instituições públicas brasileiras de Educação Básica possuem como função

precípua garantir a aprendizagem significativa dos educandos, na idade certa.

Conforme enunciado no Parecer CNE/CEB n. 07/2010, p. 48: “O direito a educação

constitui grande desafio para a escola: requer mais do que o acesso a educação

escolar, pois determina gratuidade na escola pública, obrigatoriedade da Pré-Escola

ao Ensino Médio, permanência e sucesso, com superação da evasão e retenção,

para a conquista da qualidade social.

Na esteira da garantia dos direitos à educação, a Constituição Federal de 1988

e à Leide Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9394/96) reafirmam a sua

importância perante os direitos sociais, fazendo compreender a educação como valor

de cidadania e de dignidade do ser humano. Isto supõe condições para a construção

de uma sociedade alfabetizada, objetivando romper com desigualdades sociais e

quaisquer formas de discriminação no Estado Democrático de Direito.

A Educação Infantil, ao ser inserido como primeira etapa da Educação Básica,

passou a significar relevante contribuição no processo formativo da criança,

decorrendo daí a importância de considerar a Escola de Educação Infantil como

ambiente de aprendizagem.

Para constatarmos se as escolas estão desempenhando sua função,

assegurando qualidade sociais na educação pública e se o direito de aprendizagem

está sendo garantido como direito individual, necessita-se considerar as dimensões

da avaliação, definidas no Art. 46 da Resolução CNE/CEB Nº 04/2010:

Page 50: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

50

I – avaliação da aprendizagem;

II – avaliação institucional interna e externa;

III – avaliação de redes de educação básica.

6.9.1 Avaliação da Aprendizagem

A avaliação é uma ferramenta pedagógica que possibilita um olhar diferenciado

sobre o processo de ensinar e aprender, considerando-se os protagonistas (o

educando e o educador)neste processo e as situações oportunizadas para que as

aprendizagens aconteçam. Atentando-se para a avaliação da aprendizagem na etapa

da educação infantil e segundo o Parecer CNE/CEB nº 20/2009, p. 16: “as instituições

de Educação Infantil, sob a ótica da garantia de direitos, são responsáveis por criar

procedimentos para avaliação do trabalho pedagógico e das conquistas das

crianças.” O referido parecer apresenta, ainda, a avaliação como reflexão sobre a

prática pedagógica argumenta que:

A avaliação é instrumento de reflexão sobre a prática pedagógica na busca de melhores caminhos para orientar as aprendizagens das crianças. Ela deve incidir sobre todo o contexto de aprendizagem: as atividades propostas e o modo como foram realizadas, as instruções e os apoios oferecidos às crianças individualmente e ao coletivo de crianças, a forma como o professor respondeu às manifestações e às interações das crianças, os agrupamentos que as crianças formaram, o material oferecido e o espaço eo tempo garantidos para a realização das atividades. (Parecer CNE/CEB nº 20/2009, p.16).

Entende-se a avaliação escolar do educando como resultado sobre todos os

componentes do processo ensino-aprendizagem, como forma de superar as

dificuldades,retornando, reavaliando, reorganizando os sujeitos. Neste sentido, se

estabelece ainda que a avaliação deve ser investigadora, diagnóstica e

emancipadora, concebendo a educação como construção histórica, singular e coletiva

dos sujeitos. Complementa ainda a legislação em pauta que a avaliação necessita ser

um processo permanente, contínuo e cumulativo, que respeite as características

individuais e socioculturais dos sujeitos envolvidos.

Page 51: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

51

Portanto, defende-se a prática da avaliação como atividade pedagógica e

orientadora a serviço da aprendizagem do educando, o qual tem a atuação dinâmica

e participativa na construção do seu próprio conhecimento.

Avaliação, planejamento e registro estão interligados e relacionam-se o tempo

todo durante a efetivação da prática pedagógica, porém, é necessária a definição em

calendário de momentos específicos para o estudo, aprofundamento e o

redimensionamento do planejamento pensado anteriormente. É fundamental

priorizarmos tempo exclusivo para este fim. A sistematização dos registros permite

perceber e acompanhar o desenvolvimento global dos educandos, em sua

individualidade e também na sua coletividade. Desta forma, a organização dos

registros referente ao percurso do educando refletirá a sistematização do planejado e

do vivido,efetivando verdadeiramente uma avaliação formativa. Avaliação esta que

resulta numa leitura ampliada das situações decorrentes de encaminhamentos

pedagógicos, legitimados pelo processo ensino aprendizagem e permite que os

envolvidos sejam considerados os protagonistas do cenário educativo escolar. Na

etapa da Educação Infantil, a avaliação tem como centralidade o acompanhamento e

o registro do desenvolvimento integral da criança,sem finalidade de promoção.

A avaliação caracteriza-se como processo contínuo, participativo, cumulativo e

interativo, observando os aspectos qualitativos sobre os quantitativos. O ato

educativo é percebido como um todo, sendo que o ensino e aprendizagem ocorrem

simultaneamente, onde avaliação e recuperação de aprendizagem (RA) fazem parte

desse processo, acontecendo de forma permanente e paralelamente ao tempo

pedagógico, uma vez que são partes indissociáveis do processo, cujo compromisso

maior é a aprendizagem.

A escola deve proporcionar ao aluno no mínimo, 03 (três) tipos de avaliações

diversificadas e 01 (uma) recuperação paralela, ao longo do trimestre. Assim que

realizada a avaliação, o professor deve retomar os conteúdos não adquiridos e aplicar

a recuperação paralela. É importante lembrar que o objetivo principal da recuperação

paralela é recuperar o conteúdo, com uma nova estratégia de ensino. Para

fechamento da média final deve prevalecer sempre a nota maior. Do 1º ao 3º ano do

Ensino Fundamental (Bloco de Alfabetização), a avaliação é diagnóstica, voltada para

o acompanhamento do desenvolvimento da criança em seu processo de

alfabetização, de forma contínua e sistemática, expressa em Parecer Descritivo,

semestralmente.

Page 52: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

52

Vetada a retenção do aluno no 1º e no 2º ano, sendo que a expressão de

resultado final ao término do ano letivo, far-se-á pela menção A (Aprovado).

No 3º e no 4º ano do Ensino Fundamental os resultados da avaliação do

aproveitamento escolar do aluno no processo ensino-aprendizagem são registrados,

semestralmente, através de Parecer Descritivo, sendo que a expressão de resultado

final ao término do ano letivo far-se-á pelas menções A (Aprovado) ou R (Reprovado).

Do 5º ao 9º ano do Ensino Fundamental os resultados das avaliações do

aproveitamento escolar são registrados trimestralmente, sendo da seguinte forma: !°

trimestre peso 30 (média mínima 18) , 2° trimestre peso 30(média minima18) e 3°

trimestre peso 40(média mínima 21) , Para obter o resultado final do aproveitamento

escolar, somam-se as notas dos trimestres, o aluno deverá alcançar média mínima

60. A média final da nota mínima exigida em cada componente curricular é de 60

(sessenta) observando a freqüência mínima exigida por lei, 75/% (setenta e cinco por

cento) do total de 800 (oitocentas) horas mínimas letivas, distribuídas por um mínimo

de 200 (duzentos) dias de efetivo trabalho escolar.

Considera-se aprovado o aluno que, ao final do período letivo obtiver

aproveitamento escolar igual ou superior a 60 (sessenta). A média para aprovação é

60 (sessenta).

Considera-se a jornada escolar organizada em 4 (quatro) horas diárias, no

mínimo, durante todo o ano letivo, perfazendo uma carga horária anual de, pelo

menos, 800 (oitocentas) horas e 200 (duzentos) dias letivos.

6.10.2 Concepções de Avaliação da Aprendizagem pautadas nasContribuições dos Educadores de Capão da Canoa

Avaliar é observar diversos pontos, pequenos avanços no percurso, grandes

resultados e o conjunto final. Na avaliação os métodos usados devem ser

diversificados, modificados constantemente e reavaliados sempre, pois o professor

também deve refletir a respeito das metodologias que utiliza para avaliar seus

estudantes e observar seus métodos em sua eficácia. O professor deve aplicar

avaliações aos seus estudantes que contemplem avaliar o desenvolvimento das

competências cognitivas e habilidades específicas de cada componente

Page 53: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

53

curricular,podendo variar de acordo com seus objetivos, que por sua vez devem estar

sempre claro se bem delimitados.Desta maneira se torna mais fácil planejar os

instrumentos avaliativos que serão usados para se realizar um perfil diagnóstico do

aprendizado do estudante.

A avaliação pode se dar por meio de observação, anotação. O professor

precisa saber o que o estudante aprende e o que não aprende para poder melhorar o

seu trabalho e ajudar o estudante no que ele precisa. Entendendo que estudantes

aprendem de forma diferente, valorizar o desempenho de cada um. Deve se dar de

forma preventiva, contínua, periódica, qualitativa,sem se sobrepor às observações

diárias. Participativa, avaliando o estudante no dia a dia,levando em consideração os

avanços de cada um. Deve se dar em forma de processo.Onde pequenos progressos

precisam ser "contabilizados". Precisa ser contínua e individualizada, conforme o

nível em que o indivíduo se encontra sua construção, ele em relação a ele mesmo,

seu progresso de construção do conhecimento.

A avaliação da aprendizagem deve levar em consideração o cotidiano em sala

de aula.Desta forma se pode dar mais ênfase as coisas boas que os estudantes

atingem e não somente ao que eles não sabem. Uma avaliação contínua, no qual

podemos constatar todos os objetivos alcançados com os estudantes. Emancipatória,

global, avaliando todas as áreas do conhecimento com instrumentos diversos,

buscando a humanização da avaliação. Participativa,realizada através de métodos

diferenciados que busquem construir um estudante crítico e atuante na

sociedade.Contínua, formativa e inclusiva. Jamais classificatória.

Avaliação deve servir para reflexão da prática do professor e do desempenho

do estudante. Deve ser diária e considerar as diversas habilidades envolvidas no

processo, tanto de ensino quanto de aprendizagem. A cada dia devem-se oferecer

suportes para que o estudante tenha aprendizagem igualitária, coletiva e individual,

superando os desafios dos objetos de conhecimento propostos a cada aula. Deve ser

feita de forma a sanar as dificuldades do estudante, não como forma de puni-lo. A

qualidade sempre deve prevalecer sobre a quantidade na avaliação dos resultados.

Muitos recursos e mitologias devem ser utilizados para se avaliar a participação do

Page 54: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

54

estudante, sua evolução, sua criticidade, sua criatividade, enfim, tudo de acordo com

os objetivos definidos no planejamento e verificados na avaliação.

Devemos buscar um meio termo quando se fala em flexibilização da avaliação.

Não tratarmos o assunto com tanta rigidez, mas também não se permitir que a

superficialidade tome conta dos conhecimentos. Se considerarmos um bom

planejamento e tivermos ciência e conhecimento de onde partiram os estudantes,

como e onde se quer que eles cheguem, a avaliação ocorre no caminho, diariamente.

Ela acompanha o processo e não apenas o resultado final.

Entendemos que a avaliação se dá diariamente, diante do contexto

apresentado em cada vivência e de forma muito individual. Apesar do coletivo, cada

estudante tem um processo e um tempo diferente em sua aprendizagem, é muito

importante que isso passe a ser respeitado por todos. Avaliar os estudantes com um

instrumento único para todos, muitas vezes é tirar as chances de um indivíduo

mostrar aquilo que sabe mostrar o seu potencial.

Deve se dar de forma diagnóstica, verificando o que o estudante não aprendeu

para podermos utilizar outras formas de ensinar, sempre visando a aprendizagem.

Processual e organizada, onde o professor registre e avalie de diferentes maneiras o

desenvolvimento do estudante, percebendo assim as diferenças e o tempo na

aprendizagem de cada estudante.Baseada sempre no conhecimento adquirido, mas

sem deixar de lado o crescimento desse estudante como um cidadão. Deve estar

alinhada com todo o planejamento, objetivos a serem conquistados e que garanta o

sucesso de todo o processo. Deve ser avaliado em todas as etapas e em cada

momento específico da caminhada pedagógica. Pode-se trabalhar sim como

processos de memorização, porém não em forma de memorização imposta e

metódica,mas memorização com significado prático, pois o desenvolvimento de

habilidades se dá na prática.

A avaliação estará diretamente ligada ao processo de ensino-aprendizagem,

sendo que esta acontecerá ao longo do processo em simultaneidade de atuações e

intervenções. Assim como o professor, o estudante participará deste processo, se

Page 55: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

55

auto avaliando, refletindo sobre suas ações e aprendizagem, a fim de identificar as

dificuldades apresentadas e habilidades já desenvolvidas.

6.10.3 Avaliação Institucional Interna

A avaliação institucional é a instância na qual o foco é a escola, e é

imprescindível que esteja no Projeto Político Pedagógico. Neste, são estabelecidos

os indicadores que serão avaliados, como as ações a serem articuladas, voltadas

para o compromisso constante com a melhoria da qualidade social da educação.

Participam da avaliação institucional, todos os atores que compõem a comunidade

escolar, e, por conseguinte, construtores do Projeto Político Pedagógico. As práticas

de avaliação para a melhoria da escola na sua globalidade fortalecem a gestão

democrática do ensino público, oportunizando maior participação e as sertividade nas

situações de interesse institucional, bem como a superação das necessidades e

fragilidades detectadas.

Momentos da Avaliação Institucional Interna:

1) Motivação - é o momento de reunir professores, equipe pedagógica, gestores e

funcionários para participar de reuniões de Desenvolvimento Motivacional – com

intuito de desencadear os sete hábitos: a pro atividade, construção de objetivos,

saber distinguir o que é mais importante, ganha/ganha, compreender depois ser

compreendido, criar sinergia e renovar as dimensões físicas, espirituais, mental e

social/emocional.

2) Diagnóstico – levantamento de dados que permita diagnosticar a instituição

escolar e construir critérios e parâmetros para conquistar avanços:

Avaliação Diagnóstica da Documentação Escolar

Avaliação Longitudinal de Matrículas

Avaliação Diagnóstica Horizontal dos Objetos de Conhecimento

Avaliação Diagnóstica Vertical dos Objetos de Conhecimento

Avaliação Diagnóstica dos anos (Educação Infantil e Ensino Fundamental)

Avaliação Diagnóstica dos Eventos Disciplinares

Avaliação Diagnóstica Desempenho Docente

Page 56: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

56

Avaliação Diagnóstica Desempenho Discente

Avaliação Diagnóstica Equipe Técnica Pedagógica

Avaliação Diagnóstica Infra estrutura.

3) Análise da Avaliação Externa – análises dos resultados da participação em

avaliações externas, tais como SAEB, ANA, dentre outros.

4) Indicadores de Mudanças – momento de apresentar os resultados das

avaliações indicando mudanças a curto, médio e longo prazo (universo de dois anos).

6.10.4 Avaliação de Redes de Educação Básica

A avaliação de redes da educação básica compreende o conjunto das escolas

vinculadas a uma rede de ensino. Porém, alguns sistemas de ensino aplicam

avaliação nas unidades a eles vinculadas, envolvendo unidades tanto da rede pública

quanto da privada, sendo que avaliações desta natureza são conhecidas como

avaliações do sistema escolar. As avaliações de rede e as do sistema escolar são

realizadas periodicamente e promovidas por órgãos externos à instituição, com o

objetivo central de sinalizar a qualidade social da educação oferecida ao público-alvo.

Neste sentido, a escola mediante a classificação obtida analisa o resultado alcançado

e replaneja o Projeto Político Pedagógico, com ações voltadas para a melhoria do

processo ensino-aprendizagem e da instituição como um todo.

6.11.1 Os Sujeitos da Inclusão Escolar e o Atendimento Educacional Especializado

De acordo com o Decreto nº 7.611 (BRASIL, 2011), o público-alvo da

Educação Especial é definido por:

• pessoas com deficiência: aqueles que têm impedimentos de longo prazo, de

natureza física,intelectual, mental ou sensorial.

Page 57: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

57

• pessoas com transtornos globais do desenvolvimento: aqueles que apresentam um

quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas

relações sociais,na comunicação ou estereotipias motoras. Inclui-se nesta definição

estudantes com autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett,

transtorno desintegrativo da infância(psicoses) e transtornos invasivos sem outra

especificação.

• pessoas com altas habilidades/super dotação: demonstram potencial elevado e

grande envolvimento com as áreas do conhecimento humano, isoladas ou

combinadas: intelectual,liderança, psicomotora, artes e criatividade.

Em relação aos estudantes com deficiência, pode-se considerar aqueles que

em interação com diversas barreiras atitudinais e arquitetônicas podem ter restringida

sua participação plena e efetiva na escola e na sociedade.

A oferta do Atendimento Educacional Especializado (AEE) não substitui a

escola comum para pessoas em idade de acesso obrigatório ao Ensino (dos 4 anos

aos 17 anos) sendo este atendimento realizado prioritariamente nas salas de

recursos multifuncionais da própria escola ou em outra escola de ensino regular, no

turno inverso da escolarização, podendo ser realizado também em centros de

atendimento educacional especializado públicos e em instituições de caráter

comunitário, confessional ou filantrópico sem fins lucrativos conveniadas com a

Secretaria de Educação, conforme Resolução CNE/CEB n.° 4/2009.

O educador especial juntamente com a supervisão escolar e orientação

educacional é que irá organizar os horários e dias de atendimentos, bem como se o

aluno será atendido individualmente ou em grupo.

Para realizar o AEE, cabe ao professor que atua nesta área, elaborar o Plano

de Atendimento Educacional Especializado – Plano de AEE, documento

comprobatório de que a escola, institucionalmente, reconhece a matricula do

estudante público alvo da educação especial e assegura o atendimento de suas

especificidades educacionais. Neste liame não se pode considerar imprescindível a

apresentação de laudo médico (diagnóstico clínico) por parte do aluno com

deficiência, transtornos globais do desenvolvimento ou altas

Page 58: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

58

habilidades/superdotação, uma vez que o AEE caracteriza-se por atendimento

pedagógico e não clínico segundo Nota técnica nº 04/14. Durante o estudo de caso,

primeira etapa da elaboração do Plano de AEE, se for necessário, o professor do

AEE, poderá articular-se com orientação educacional e com os profissionais da área

da saúde, tornando-se o laudo médico, neste caso, um documento anexo ao Plano de

AEE. Por isso, não se trata de documento obrigatório, mas, complementar, quando a

escola julgar necessário. O importante é que o direito das pessoas com deficiência à

educação não poderá ser cerceado pela exigência de laudo médico. A exigência de

diagnóstico clínico dos estudantes com deficiência, transtornos globais do

desenvolvimento, altas habilidades/superdotação, para declará-lo, no Censo Escolar,

público alvo da educação especial e, por conseguinte, garantir-lhes o atendimento de

suas especificidades educacionais, denotaria imposição de barreiras ao seu acesso

aos sistemas de ensino, configurando-se em discriminação e cerceamento de direito.

Dessa forma, a declaração dos estudantes público alvo da educação especial, no

âmbito do Censo Escolar, deve alicerçar-se nas orientações contidas na Resolução

CNE/CEB, nº 4/2009, garantindo a dupla matricula.

6.11.2 Adaptações Curriculares

Adaptações curriculares, então podem ser definidas como “respostas

educativas que devem ser dadas pelo sistema educacional, de forma a favorecer a

todos os alunos e, dentre estes, os que apresentam necessidades educacionais

especiais” (MEC/SEESP, 2000). As adaptações curriculares podem ser entendidas

como estratégias das quais a escola como um todo devem fazer uso para efetivar a

inclusão escolar do aluno com deficiência. Essas estratégias podem ser divididas em

dois grupos (MEC/SEESP, 2000): adaptações curriculares de grande porte e

adaptações curriculares de pequeno porte. As adaptações curriculares de grande

porte são as modificações que necessitam de aprovação técnico -político-

administrativa para serem colocadas em prática. Dessa forma, compreendem ações

que são de responsabilidade de instâncias político-administrativas superiores, já que

exigem modificações que envolvem ações de natureza política, administrativa,

Page 59: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

59

financeira, burocrática, entre outras. Ou seja, estão além da competência do

professor.

Por sua vez, as adaptações curriculares de pequeno porte envolvem

modificações a serem realizadas no currículo e, portanto, são de responsabilidade do

professor. Tais adaptações têm o objetivo de garantir que o aluno com deficiência

produtivamente do processo de ensino e aprendizagem, na sala comum da escola

regular, com outros alunos da mesma idade que ele. A implementação de tais

estratégias devem ser partilhadas com outros profissionais da escola.

A adaptação curricular é que permite que os alunos participem e se apropriem

dos conteúdos que estão sendo trabalhados em sala de aula. Para viabilizar essa

estratégia, professores do ensino regular e da educação especial precisam trabalhar

juntos, construindo um documento para cada disciplina que necessitar desse recurso,

contando com o apoio da supervisão escolar. O Ensino Colaborativo é um modelo

que visa à parceria entre os professores da educação especial e do ensino regular

para que eles planejem juntos as ações em sala de aula, para o desenvolvimento

escolar e social do aluno com deficiência.

6.11.3 Terminalidade Específica

É facultado ás instituições de ensino, esgotadas as possibilidades pontuadas

nos Artigos 24 e 26 da LDB, viabilizar ao aluno com grave deficiência intelectual ou

múltipla, que não apresentar resultados de escolarização previstos no Inciso l do

Artigo 32 da mesma Lei, Terminalidade Especifica do ensino fundamental, por meio

da certificação de conclusão de escolaridade, com histórico escolar que apresente, de

forma descritiva, as competências desenvolvidas pelo educando, bem como o

encaminhamento devido para a educação de jovens e adultos e para a educação

profissional.

A expedição do termo de Terminalidade Específica somente poderá ocorrer em

casos plenamente justificados, devendo se constituir em um acervo de documentação

individual do aluno que deverá contar com um relatório circunstanciado e histórico

Escolar que somente terá validade se acompanhado da Avaliação Pedagógica

Especializada

Page 60: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

60

6.11.4 Avaliação (educação especial)

A educação é um direito garantido a todas as pessoas, com ou sem

deficiência, ao longo de toda a vida. Diante disso, ressaltamos que há benefícios para

todos os estudantes no convívio escolar. É no espaço escolar que o sujeito é exposto

a diversas e diferentes situações de sociabilização. Aí se desenvolve a cultura, a

linguagem e outras habilidades. Diante desse contexto a avaliação é parte integrante

e inseparável do processo de ensino-aprendizagem. Deve ser vista como um

processo contínuo, de um caminho e não de um lugar, porque implica numa

sequência contínua e permanente de apreciações e de análises qualitativas com

enfoque compreensivo.

O processo de avaliação de um estudante da educação especial deve ser

organizado de forma que sua responsabilidade seja do professor regente da

turma/disciplina, com a cooperação dos profissionais que atuam com o estudante em

questão: professor de Apoio Pedagógico (PAP), professor do Atendimento

Educacional Especializado (AEE), Coordenação Pedagógica, podendo ser

quantitativo (nota) e/ou qualitativo (parecer descritivo). Mas é preciso observar que

tanto a avaliação qualitativa quanto a quantitativa pode servir ou não aos ideais

inclusivos. Ou seja, pode-se prejudicar um estudante, tanto com uma nota baixa,

como com um parecer descritivo cheio de preconceitos e que dê ênfase apenas às

dificuldades e não pontue os avanços obtidos. Portanto, não faz sentido condenar

este ou aquele instrumento de avaliação,mas sim questionar como será utilizado o

resultado expresso neste instrumento.

O conselho de classe, que junta às observações, reflexões e percepções de

todos os profissionais envolvidos diretamente no trabalho com os alunos especiais, é

que deve decidir sobre retenção ou aprovação. Os critérios devem atender a um

comparativo de evoluções dos objetivos traçados no início do ano letivo e àqueles

propostos para o ano seguinte. O nível de evolução dirá se os objetivos foram ou não

alcançados e a partir daí refletir sobre as possíveis tomadas de decisão.

Page 61: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

61

Outra consideração importante é que a avaliação na perspectiva da inclusão

deve ser diversificada, ou seja, devem ser oferecidas oportunidades diversas e

formas diferentes do estudante mostrar o que sabe. De acordo com Santos:

Se o aluno apresenta dificuldades em sua expressão escrita,por exemplo, a escola deve prover formas alternativas através das quais ele possa complementar sua expressão e mostrar o resultado de seu processo educacional (por exemplo, oralizando). Esta forma de avaliar possibilita que um processo de negociação entre aluno e professor se instaure na relação pedagógica, o que por sua vez apenas enriquece a experiência educacional de ambas as partes. (2002, p.1)

Em relação à certificação para os estudantes com deficiências, a Lei de

Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDBEN) garante o seguinte: Terminalidade

específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do

ensino fundamental em virtude de suas deficiências e aceleração para concluir em

menor tempo o programa escolar para os superdotados. (BRASIL, 1996, p. 24). Nos

casos em que se justifique a aplicação do dispositivo legal da terminalidade

específica ou da aceleração, a escola contará com o suporte da Secretaria Municipal

da Educação (SME).

6.11.5 Profissionais do Atendimento Educacional Especializado

É sabido que a falta de formação, fatores históricos e culturais dos professores

do ensino regular são algumas das barreiras que causam dificuldades quando se fala

em implantação da inclusão. Percebe-se que com a implantação das salas de

recursos multifuncionais, nota-se que as barreiras vêm diminuindo gradativamente

através das ações promovidas pelos professores do Atendimento Educacional

Especializado (AEE).

O professor do AEE é um profissional que atua sobre as peculiaridades dos

estudantes da Educação Especial, promovendo recursos, meios, equipamentos,

linguagens e conhecimentos que os apóiam no acesso e participação no ensino

comum. Seu trabalho vai além do ensino de técnicas, códigos, manuseio, treino de

uso dos recursos que dão suporte à escolarização dos estudantes nas turmas

Page 62: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

62

comuns e não visam à aprendizagem de objetos de conhecimento das áreas

curriculares, exceto no caso do AEE para estudantes surdos.

Por meio do atendimento educacional especializado as crianças com

necessidades especiais são atendidas de forma coerente com os princípios da

inclusão. De forma individualizada, com plano de ação diferenciado, o AEE coloca

como desafio a capacidade do professor especializado em encontrar saídas,

descobrir o que pode acrescentar ao seu plano inicial de ação.

6.11.6 A Escola Especial na Perspectiva Inclusiva

A Constituição de 1998 prescreve em seus dispositivos que a educação é um

direito fundamental. Para tanto, os sistemas de ensino devem organizar-se no sentido

de garantir a igualdade, o acesso e a permanência de todos na escola.

Ao estabelecer tais objetivos, o texto constitucional aponta as diretrizes de como

se deve desenvolver a política de educação inclusiva no país, levando em

consideração o direito à igualdade, com visitas ao desenvolvimento pleno e à garantia

de que o cidadão serão dadas todas as condições, no sentido de prepará-lo para o

exercício da cidadania.

A Política Nacional de Educação Especial, publicada em 1994, caracteriza-se a

educação especial como:

[..

.]um processo que visa promover o

desenvolvimento das potencialidades de

pessoas portadoras de deficiências,

condutas típicas ou de altas habilidades, e

que abrange os diferentes níveis e graus

do sistema de ensino. Fundamenta-se em

referenciais teóricos e práticos compatíveis

com as necessidades específicas do seu

alunado. O processo deve ser

integral,fluindo desde a estimulação

essencial até os graus superiores de

ensino.(BRASIL,1994.p.17)

Page 63: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

63

Encontram-se preservadas, no texto deste documento, algumas modalidades em

educação especial, como o disposto na Portaria Interministerial nº69/86. Todavia, destaca-se

que passam a fazer parte dessas modalidades os seguintes serviços: o atendimento

domiciliar;a classe hospitalar;o centro integrado de educação especial;ensino com professor

itinerante;oficina pedagógica;sala de estimulação essencial;e sala de

recursos(KASSAR;REBELO,2011).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) prevê ainda, quando

necessário, “serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às

peculiaridades da clientela de educação especial”, além de especificar que o “ atendimento

educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em

função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes

comuns de ensino regular”(BRASIL, 1996,art.58.)

7. OS FUNDAMENTOS PEDAGÓGICOS DO REFERENCIAL MUNICIPAL COMUMCURRICULAR DE CAPÃO DA CANOA

Ao longo da Educação Básica, as aprendizagens essenciais definidas no

RMCC devem concorrer para assegurar aos estudantes o desenvolvimento de dez

competências gerais, que consubstanciam, no âmbito pedagógico, os direitos de

aprendizagem e desenvolvimento. Na BNCC, competência é definida como a

mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas,

cognitivas e sócio emocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas

da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. Ao definir

essas competências, a BNCC reconhece que a “educação deve afirmar valores e

estimular ações que contribuam para a transformação da sociedade, tornando-a mais

humana,socialmente justa e, também, voltada para a preservação da natureza”

(BRASIL, 2013).

É imprescindível destacar que as competências gerais da Educação Básica,

apresentadas a seguir, inter-relacionam-se e desdobram-se no tratamento didático

proposto para as três etapas da Educação Básica (Educação Infantil e Ensino

Fundamental), articulando-se na construção de conhecimentos, no desenvolvimento

de habilidades e na formação de atitudes e valores, nos termos da LDB.

Page 64: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

64

7.1 COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA

A Base Nacional Comum Curricular tem como fio condutor 10 Competências

Gerais a serem desenvolvidas ao longo da Educação Básica, ou seja, da Educação

Infantil ao Ensino Médio. Essas competências visam assegurar aos alunos uma

formação humana integral e, por isso, não constituem um componente em si. Ao

contrário: elas devem ser tratadas de forma interdisciplinar e transdisciplinar,

capilarizadas por todos os componentes curriculares.

1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o

mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar

aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e

inclusiva.

2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências,

incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade,

para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e

Page 65: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

65

criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes

áreas.

3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às

mundiais,e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.

4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e

escrita),corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens

artística,matemática e científica, para se expressar e partilhar informações,

experiências,ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que

levem ao entendimento mútuo.

5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação

deforma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo

as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir

conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal

e coletiva.

6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de

conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias

do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao

seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e

responsabilidade.

7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular,

negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e

promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo

responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação

ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional,

compreendendo se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos

outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.

Page 66: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

66

9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação,

fazendo-se respeitarem e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos,

com a colhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais,

seus saberes,identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer

natureza.

10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade,

resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos,

democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

7.2 FOCO NO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS

O conceito de competência, adotado pela BNCC, marca a discussão

pedagógica e social das últimas décadas e pode ser inferido no texto da LDB. Ao

adotar esse enfoque, a BNCC indica que as decisões pedagógicas devem estar

orientadas para o desenvolvimento de competências. Por meio da indicação clara do

que os estudantes devem “saber” (considerando a constituição de conhecimentos,

habilidades, atitudes e valores) e, sobretudo, do que deve “saber fazer” (considerando

a mobilização desses conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver

demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo

do trabalho), a explicitação das competências oferece referências para o

fortalecimento de ações que assegurem as aprendizagens essenciais definidas na

BNCC.

7.3 O COMPROMISSO COM A EDUCAÇÃO INTEGRAL

A sociedade contemporânea impõe um olhar inovador e inclusivo a questões

centrais do processo educativo: o que aprender, para que aprender, como ensinar,

como promover redes de aprendizagem colaborativa e como avaliar o aprendizado.

No novo cenário mundial, reconhecer-se em seu contexto histórico e cultural,

comunicar-se,ser criativo, analítico-crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo,

resiliente, produtivo e responsável requer muito mais do que o acúmulo de

Page 67: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

67

informações. Requer o desenvolvimento de competências para aprender a aprender,

saber lidar com a informação cada vez mais disponível,atuar com discernimento e

responsabilidade nos contextos das culturas digitais, aplicar conhecimentos para

resolver problemas, ter autonomia para tomar decisões, ser proativo para identificar

os dados de uma situação e buscar soluções, conviver e aprender com as diferenças

e as diversidades.

Nesse contexto, o RMCC ao alinhar-se a BNCC afirma, de maneira explícita, o

seu compromisso com a educação integral. Reconhece, assim, que a Educação

Básica deve visar à formação e ao desenvolvimento humano global, o que implica

compreender a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, rompendo

com visões reducionistas que privilegiam ou adimensão intelectual (cognitiva) ou a

dimensão afetiva. Significa, ainda, assumir uma visão plural,singular e integral da

criança, do adolescente, do jovem e do adulto - considerando-os como sujeitos de

aprendizagem – e promover uma educação voltada ao seu

acolhimento,reconhecimento e desenvolvimento pleno, nas suas singularidades e

diversidades.Além disso, a escola, como espaço de aprendizagem e de democracia

inclusiva, deve se fortalecer na prática coercitiva de não discriminação, não

preconceito e respeito às diferenças e diversidades.Independentemente da duração

da jornada escolar, o conceito de educação integral com o qual este referencial está

comprometido se refere à construção intencional de processos educativos que

promovam aprendizagens sintonizadas com as necessidades,as possibilidades e os

interesses dos estudantes e, também, com os desafios da sociedade

contemporânea.Isso supõe considerar as diferentes infâncias e juventudes, as

diversas culturas juvenis e seu potencial de criar novas formas de existir.

Assim, o RMCC de Capão da Canoa propõe a superação da fragmentação

radicalmente disciplinar do conhecimento, o estímulo à sua aplicação na vida real, a

importância do contexto para dar sentido ao que se aprende e o protagonismo do

estudante em sua aprendizagem e na construção de seu projeto de vida.

Page 68: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

68

7.4 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA)

Na contemporaneidade, a perspectiva de uma “Educação ao Longo da Vida”

ou A EJA, modalidade de ensino que acolhe sujeitos que, por diferentes fatores

sociais, culturais e econômicos não obtiveram acesso à escolarização na idade

considerada regular, constituindo-se na função de resgatar tais processos

educacionais.

O desafio da escola é permitir uma travessia possível do campo dos sonhos

para a realidade, ofertando a estes sujeitos a aquisição de habilidades e

competências indispensáveis para os desafios cotidianos. Portanto, reinventar a

educação pressupõe construir redes, pontes, articular desejos, ideias, iniciativas e

projetos, visando estabelecer uma proposta sócio/educativa capaz de estimular no

estudante à confiança, a autoestima, as inteligências emocionais e sociais para

compreender a si mesmo e ao outro e, assim, (re) significar o próprio futuro. Para

isso, se faz necessária uma prática educativa que articule currículos, metodologias de

ensino, processos avaliativos e ferramentas tecnológicas que garantam o resgate e a

valorização do conhecimento e da aprendizagem do sujeito.

Para muitos estudantes da EJA os sonhos têm importante papel, sendo muitas

vezes o gatilho que os fizeram seguir em frente, e lutar por tal conquista. Para isso, a

escola tem que ser um sonho coletivo, que retrate o cotidiano e as inquietudes dos

mesmos, descortinando a oferta de novas formas de ser e estar no mundo e na

sociedade.

Nesse contexto, atendendo às normas estabelecidas na Constituição Federal

de 1988 e na LDBEM 9.394/96, considerando as discussões propostas pelas

Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (Resolução CNE/CEB

04/2010), pelo Plano Estadual de Educação (Lei 14705/15), pelo Parecer CNE/CEB

n° 6/2010, que institui diretrizes operacionais para a Educação de Jovens e Adultos,

pela resolução CEEd n°313, de 16 de março de 2011, resolução n° 316, de 17 de

agosto de 2011, resolução CEEd n° 331, de 30 de setembro de 2015, e pela

resolução CEEd n° 336, de 02 de março de 2016 e pela resolução CEEd n°343, de

11 de abril de 2018 ,traça-se a Educação de Jovens e Adultos no Rio Grande do Sul

Page 69: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

69

a partir de uma rede de construção colaborativa e social, que incentiva e qualifica os

processos formativos que se desenvolvem na vivência/convivência humana, no

trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e

organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais, respeitando e

enaltecendo o conhecimento individual.

A juvenilização da EJA é uma preocupação manifesta na Resolução CNE/CEB

n° 03/2010. O artigo 5° em seu parágrafo único faz constar a necessidade de uma

“oferta variada para o pleno atendimento dos adolescentes, jovens e adultos situados

na faixa etária de 15(quinze) anos ou mais, com defasagem idade-série, na Educação

de Jovens e Adultos, assim como nos cursos destinados á formação profissional,

tornando-se necessário incentivar, apoiar as redes e sistemas de ensino a

estabelecerem, de forma colaborativa, política para atendimento dos estudantes

adolescentes de 15(quinze) a 17(dezessete) anos, incentivando, inclusive, “a oferta

de EJA nos períodos escolares diurno”. Conforme Orientação N° 02/2017 CME/CC

entende-se que as matrículas nas modalidades EJA e NEJA sejam efetuadas para

alunos com 18 anos completos.

Idêntica preocupação da atual Resolução CEEd/RS n° 343/2018, a qual em

seu Art.1°, estabelece que a idade de escolaridade obrigatória, conforme Emenda

Constitucional n°59, de 11 de novembro de 2009, é dos 4(quatro) aos 17(dezessete)

anos. Diz ainda a resolução, que a criança entre 12(doze) e 18(dezoito) anos de

idade é adolescente, segundo o Estatuto da criança e do Adolescente (Lei Federal n°

8.069, de 13 de julho de 1990. Em caráter excepcional, para estudantes de 15(quinze

a 17(dezessete) anos mantém-se a possibilidade da EJA diurno, com currículo e

organização pedagógica adequada a esta faixa etária, consideradas suas

características, seus interesses, condições de vida e de trabalho.

Educação de Jovens e Adultos - EJA em caráter de Atendimento

Educacional Especializado será destinada àqueles que não tiveram acesso ou

continuidade de estudos no Ensino Fundamental na idade própria. O direito á

direfença está previsto na Constituição Federal de 1988 – Artigo 208, quando nossa

Lei prescreve que é dever do estado oferecer o atendimento educacional

especializado ás pessoas com deficiências, preferencialmente na rede regular de

ensino.

Page 70: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

70

O CEEd em sua Resolução 343/2018 regularmente a modalidade EJA deve

organizar-se para atender os interesses da aprendizagem e desenvolvimento dos

estudantes jovens, adultos e idosos, e deve constar em Projeto Político Pedagógico

para regulamentar o AEE, assim como os demais serviços e adaptações razoáveis,

para atender às características dos estudantes com deficiência e garantir seu pleno

acesso ao currículo em condições de igualdade, promovendo a conquista e o

exercício de sua autonomia.

7.5 ACELERAÇÃO DE ESTUDOS

A aceleração de estudos constitui-se em um recurso pedagógico para a progressão nos estudos de alunos em situação de atraso escolar.

A aceleração de estudos será realizada sempre que a escola identificar alunos com defasagem idade/ano.

São considerados alunos com defasagem idade/ano, aqueles que ultrapassaram em dois anos ou mais a idade regular prevista para o ano em que estão matriculados.

O objetivo da aceleração de estudos é corrigir a distorção idade/ano dos alunos que estão cursando os anos finais do Ensino Fundamental, assim como garantir qualidade no processo de ensino-aprendizagem.

Os alunos participantes das turmas de correção de fluxo poderão, ao final do ano letivo, acelerar até dois anos de estudos.

As turmas serão compostas por 20 alunos.

Idade mínima de 13 anos para alunos matriculados no 6º ano do Ensino Fundamental, para alunos matriculados no 8º ano do Ensino Fundamental, idade mínima de 15 anos.

A composição das turmas será realizada conforme normativa do CME.

A escola elaborará projeto específico que será submetido à autorização da supervisão da SME (Secretaria Municipal da Educação).

Page 71: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

71

7.6 EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA

A Constituição Federal, em especial nos Art. 3º inciso IV, Art. 210 § 2º, Art. 215

§ 1°, Art. 216 V § 5° e Art. 231; na Constituição Estadual, prioritariamente nos Art.

221, Art. 264 e Art. 265, traz em seu texto os deveres da República Federativa do

Brasil enquanto Estado Laico e combatente de toda forma de discriminação ou

preconceito, no intuito de promoção de uma educação antirracista e

antidiscriminatória em todo o seu território. As Lei 10.639/ 03, e a 11.645/08 que

alteraram a lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, introduzindo os artigos

26-A e 79-B, determinando a inclusão da temática: História e Cultura Afro-Brasileira,

Africana e dos Povos Indígenas, no currículo das Escolas Públicas e Privadas. E

ainda, o Parecer 03/04 e a Resolução 01/04 do Conselho Nacional de Educação, bem

como a Resolução 267/09 do Conselho Estadual de Educação, que estabelecem

normas a serem observadas para cumprimento da referida Lei nos Sistemas de

Ensino.

Nesta mesma direção, o Plano Nacional de Educação – PNE, Lei Nº13.005 de

25/06/2014 e Plano Estadual de Educação - PEE Lei Nº 14.705, de 25/06/2015,

assim como o Plano Estadual de Implementação das Diretrizes Curriculares

Nacionais e o Ensino das Culturas e Histórias Afro-brasileiras, Africanas e dos Povos

Indígenas, instituído pelo Decreto Estadual nº 53.817/17, vêm na lógica de

estabelecer orientações acerca das obrigações e competências administrativas e

metodológicas da aplicabilidade do conteúdo descrito nas referidas normativas

legais.

No entanto, de nada adianta o extenso material legal que sustenta a

obrigatoriedade do tema da Educação das Relações Étnico-raciais no currículo das

escolas em todos os níveis e modalidades da Educação brasileira, sem o

entendimento da adequada forma que o referido tema deve ser tratado nos mesmos,

bem como nas práticas metodológicas e cotidianas das escolas.

Page 72: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

72

A organização metodológica do ensino nada mais é do que um caminho um

meio pelo qual objetiva-se um fim. Assim espera-se que as escolas, bem como os

sistemas a que pertencem, realizem a revisão curricular necessárias para a

implantação da temática Étnico-racial, uma vez que possuem a liberdade para ajustar

seus conteúdos e contribuir no necessário processo de democratização do espaço

escolar, da ampliação do direito de todos e todas à educação, e do reconhecimento

de outras matrizes de saberes da sociedade brasileira.

O ensino-aprendizagem voltado apenas para a absorção de conhecimento e

que tem sido objeto de preocupação constante de quem ensina deverá dar lugar ao

ensinar a pensar, saber comunicar-se e pesquisar, ter raciocínio lógico, fazer sínteses

e elaborações teóricas, ser independente e autônomo; enfim, ser socialmente

competente, aceitando que a igualdade está apenas no campo dos direitos e que o

exercício da diferença deve ser entendido enquanto prática de alteridade e do

reconhecimento da equidade enquanto possibilidade de tratamento.

A abordagem legal da Educação Escolar Quilombola, começa na Constituição

Federal de 1988, o texto da constituição, art. 68 das disposições transitórias, diz o

seguinte:

“Aos remanescentes das comunidades de quilombos, que estejam ocupando

suas terras é reconhecida sua propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os

respectivos títulos.”

Entretanto, foi apenas em 2003, através do Decreto Federal Nº 4.8878 que foi

regulamentado o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação,

demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades

dos quilombos, sendo o Incra o órgão competente na esfera federal.

Recentemente o termo quilombo tem assumido novos significados. O termo

não se refere apenas a resíduos ou resquícios arqueológicos de ocupação temporal

ou ocupação biológica, nem a ocupações relativas às áreas insurrecionais, mas a

grupos que desenvolvem práticas cotidianas de resistência na manutenção e

Page 73: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

73

reprodução dos seus modos de vida característicos e na consolidação de um território

próprio de uso comum, baseado em laços de parentesco e solidariedade.

De acordo com a Resolução CNE/CEB 08/12, em seu art.9, Educação Escolar

Quilombola é compreendida como: Escolas Quilombolas e Escolas que atendem a

estudantes oriundos de territórios quilombolas. Por escolas quilombolas entendem-se

aquelas localizadas em territórios quilombolas.

A referida norma emitida pelo CNE, sob o nº 08/2012, aponta que “a construção do

projeto político-pedagógico da Escola quilombola, deverá pautar-se na realização de

diagnóstico da realidade da comunidade quilombola e seu entorno, num processo

dialógico que envolva as pessoas da comunidade, as lideranças e as diversas

organizações existentes no território. Na realização do diagnóstico e na análise dos

dados colhidos sobre a realidade quilombola e seu entorno, o projeto político

pedagógico deverá considerar: os conhecimentos tradicionais, a oralidade, a

ancestralidade, a estética, as formas de trabalho, as tecnologias e a história de cada

comunidade quilombola; as formas por meio das quais as comunidades quilombolas

vivenciamos seus processos educativos cotidianos em articulação com os

conhecimentos escolares e demais conhecimentos produzidos pela sociedade mais

ampla. Além disso, a questão da territorialidade, associada ao etno desenvolvimento

e à sustentabilidade socioambiental e cultural das comunidades quilombolas deverá

orientar todo o processo educativo definido no projeto político-pedagógico.”

Neste sentido, é fundamental o desenvolvimento de um currículo construído a

partir das Diretrizes Curriculares Nacional para a Educação Escolar Quilombola na

Educação Básica, considerando que é urgente garantir aos estudantes o direito de se

apropriar dos conhecimentos tradicionais oriundos das comunidades remanescentes

de quilombos e das suas formas de produção, contribuindo para o seu

reconhecimento, valorização e continuidade, já que as escolas, que estão dentro

destas características, não se reconhecem como tal e desconhecem, em sua

maioria, a História e Cultura Afro Brasileira e Africana ou têm experiência consistente

em educação das relações étnicoraciais. O importante aqui, é a possibilidade de uma

apropriação conceitual acerca do tema, com leituras de mundo e de imagens/textos

que ofereçam um embasamento teórico à gestores e professores de escolas em

Page 74: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

74

territórios de quilombos ou que recebem estudantes oriundos de comunidades

remanescentes, no sentido da apropriação, dos princípios e da metodologia que

emana do conceito da Pedagogia Griô e da filosofia de vida quilombola culturalmente

constituída.

7.7 ESTRUTURA DO REFERENCIAL MUNICIPAL COMUM CURRICULAR DE CAPÃO DA CANOA

Em conformidade com os fundamentos pedagógicos deste documento, o

RMCC a luz do que dispõe a BNCC, está estruturado de modo a explicitar as

competências que os estudantes devem desenvolver ao longo de toda a Educação

Básica e em cada etapa da escolaridade,como expressão dos direitos de

aprendizagem e desenvolvimento de todos os estudantes.

A seguir, apresenta-se a estrutura geral deste referencial curricular para as

duas etapas da Educação Básica que são ofertadas na rede municipal de educação

de Capão da Canoa(Educação Infantil e Ensino Fundamental), já com o detalhamento

referente às etapas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, cujos documentos

são ora apresentados.

Também se esclarece como as aprendizagens estão organizadas em cada

uma dessas etapas e se explica a composição dos códigos alfanuméricos criados

para identificar tais aprendizagens.

Page 75: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

75

Page 76: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

76

8.1 MATRIZ CURRICULAR DO ENSINO FUNDAMENTAL.

Períodos Semanais

ÁREA DO CONHECIMENTO

COMPONENTES CURRICULA-

RES

1ºANO

2º ANO

3ºANO

4°ANO

5°ANO

6ºANO

7°ANO

8° ANO

9ºANO

HORAS AULA

HORAS AULA

HORAS AULA

HORAS AULA

HORAS AULA

HORAS AULA

HORAS AULA

HORAS AULA

HORAS AULA

LINGUAGENS

LINGUA PORTUGUESA

5 5 5 5 5 4 4 4 4

EDUCAÇÃO FISICA 2 2 2 2 2 2 2 2 2

ARTE 1 1 1 1 1 2 1 1 1

LÍNGUA INGLESA - - - - - 1 1 1 1

LÍNGUA ESPANHOLA

- - - - - - 1 1 -

ENSINO RELIGIOSO

ENSINO RELIGIOSO

1 1 1 1 1 1 1 1 1

MATEMÁTICA MATEMÁTICA 5 5 5 5 5 4 4 4 4

CIÊNCIAS DA NATUREZA

CIÊNCIAS 2 2 2 2 2 2 2 2 2

CIÊNCIAS HUMANAS

GEOGRAFIA 2 2 2 2 2 2 2 2 2

HISTÓRIA 2 2 2 2 2 2 2 2 2

TURISMO - - - - - - - - 1

TOTAL DE CARGA HORÁRIA

Semanal 20 20 20 20 20 20 20 20 20

Anual 800 800 800 800 800 800 800 800 800

Parecer Descritivo do 1º ao 4º ano, semestralmente.

Page 77: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

77

8.2 Avaliações trimestrais por área do conhecimento.

Área do Conhecimento

Componen-tes Curricula-res

5° 6° 7° 8° 9°

1° 2° 3° 1° 2° 3° 1° 2° 3° 1° 2° 3° 1° 2° 3°

Linguagens

Língua Portuguesa

13 13 18 13 13 18 13 13 18 13 13 18 16 16 20

Língua Inglesa 03 03 04 03 03 04 03 03 04 03 03 04 04 04 05

Língua Espanhola

- - - - - - 03 03 04 03 03 04 - - -

Arte 07 07 09 07 07 09 03 03 04 03 03 04 04 04 05

Ed. Física 07 07 09 07 07 09 08 08 10 08 08 10 06 06 10

Totais - 30 30 40 30 30 40 30 30 40 30 30 40 30 30 40

Matemática Matemática 30 30 40 30 30 40 30 30 40 30 30 40 30 30 40

Ciências da Natureza

Ciências da Natureza

30 30 40 30 30 40 30 30 40 30 30 40 30 30 40

Ciências Humanas

História 15 15 20 15 15 20 15 15 20 15 15 20 12 12 16

Geografia 15 15 20 15 15 20 15 15 20 15 15 20 12 12 16

Turismo - - - - - - - - - - - - 06 06 08

Totais Totais 30 30 40 30 30 40 30 30 40 30 30 40 30 30 40

Ensino Religioso

Ensino Religioso

30 30 40 30 30 40 30 30 40 30 30 40 30 30 40

Avaliações trimestrais.

1° trimestre: peso 30 (média 18)

2° trimestre : peso 30 (média 18)

3° trimestre : peso 40 (média21)

Page 78: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

78

O professor que trabalha com o quinto ano, trabalha por área do conhecimento. O resultado final das avaliações será fornecido aos pais ou responsáveis somente na área do conhecimento.

Para obter o resultado final do aproveitamento escolar, somam-se as notas dos trimestres, o aluno deverá alcançar média mínima 60. A média final da nota mínima exigida em cada componente curricular é de 60 (sessenta).

Page 79: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

79

8.3 Matriz Curricular EJA Anos Iniciais

Área do Conhecimento

Componentes Curriculares

1º Ano 3º Ano 5º Ano Peso dos Componentes curriculares etapa II B

Horas Aula

Horas Aula

Horas Aula

Peso Média

Linguagens

Língua Portuguesa 5 5 5 50 30

Educação Física 2 2 2 25 15

Arte 1 1 1 25 15

Língua Inglesa - - - - -

Língua Espanhola - - - - -

Peso total da área - - - - 100 60

Ensino ReligiosoEnsin Ensino Religioso 1 1 1 100 60

Matemática Matemática 5 5 5 100 60

Ciências da Natureza Ciências 2 2 2 100 60

Ciências Humanas

Geografia 2 2 2 50 30

História 2 2 2 50 30

Turismo - - - - -

Peso Total da área

- - - 100 60

Total de Carga Horária

Semanal 20 20 20 - -

Semestral 400 400 400 - -

Parecer Descritivo semestral da Etapa I e II A (1

º ao 4º ano)

Etapa II B (5º ANO): Peso 100 com média 60 em cada área do conhecimento conforme distribuição acima.

Page 80: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

80

8.4 Modalidade NEJA

Totalidade V (6º e 7º ano) – Totalidade VI (8º e 9º ano)Ensino semipresencial: Plantão Pedagógico semanal (frequência não obrigatória) com a

distribuição das áreas do conhecimento abaixo relacionadas.

Área do Conhecimento

Componentes Curriculares

Totalidade V 6º e 7º ano

Totalidade VI 8º e 9º ano

Peso dos componentes curriculares

Plantão Pedagógico

Plantão Pedagógico

Peso Média

Linguagens

Língua Portuguesa

2 2 50 30

Língua Inglesa 2 2 50 30

Peso total da área

- - - 100 60

Matemática Matemática 2 2 100 60

Ciências da Natureza

Ciências 2 2 100 60

Ciências Humanas

Geografia 2 2 50 30

História 2 2 50 30

Peso total da área

- - - 100 60

OBS: Carga horária semanal sem registro obrigatório, pois é ensino à distância com presença obrigatória somente nos dias das avaliações.

Page 81: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

81

8.4.1 EJA – Organização Curricular Anos Finais

Pesos dos componentes curriculares por área de conhecimento

Área do Conheciment

o

Componentes Curriculares

Etapa III

6º Ano

Etapa IV

7º Ano

Etapa V

8º Ano

Etapa VI

9º Ano

Peso Média Peso Média Peso Média Peso Média

Linguagens

Língua Portuguesa

40 24 40 24 40 24 40 24

Educação Física

15 9 15 9 15 9 15 9

Arte 20 12 20 12

Língua Inglesa 25 15 25 15 20 12 20 12

Língua Espanhola

- - - - 25 15 25 15

Peso total da área

100 60 100 60 100 60 100 60

Ensino Religioso

Ensino Religioso

100 60 100 60 100 60 100 60

Matemática Matemática 100 60 100 60 100 60 100 60

Ciências da Natureza

Ciências 100 60 100 60 100 60 100 60

Ciências Humanas

Geografia 50 30 50 30 50 30 50 30

História 50 30 50 30 50 30 50 30

Turismo - - - - - - -

Peso total da área

100 60 100 60 100 60 100 60

Page 82: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

82

8.4.2 Matriz Curricular EJA – Anos finais

Área do conhecimento

Componentes Curriculares

III IV V VI

Carga Horária

Horas Aula

Carga Horária

Horas Aula

Carga Horária

Horas Aula

Carga Horária

Horas Aula

Linguagens

Língua Portuguesa

80 4 80 4 80 4 80 4

Educação Física 20 1 20 1 20 1 20 1

Arte 40 2 40 2 40 2 40 2

Língua Inglesa 40 2 40 2 40 2 40 2

Língua Espanhola - - - - 40 2 40 2

Ensino Religioso Ensino Religioso 20 1 20 1 20 1 20 1

Matemática Matemática 80 4 80 4 80 4 80 4

Ciências da Natureza

Ciências 40 2 40 2 40 2 40 2

Ciências Humanas

Geografia 40 2 40 2 40 2 40 2

História 40 2 40 2 40 2 40 2

Total carga horária

Semanal 20 20 20 20

Total carga horária

Semestral 400 400 400 400

Dias Letivos - 100 100 100 100 100 100 100 100

400 Horas semestrais 20 Horas semanais 100 Dias Letivos (mínimo)

Avaliação semestral

Peso: 100 (média mínima para aprovação em cada área do conhecimento)

O aluno deverá alcançar média mínima 60 em cada área do conhecimento.

Page 83: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

83

9. ETAPA DO ENSINO FUNDAMENTAL

O Ensino Fundamental no contexto da Educação Básica

Após passar pela etapa da Educação Infantil estruturada pelas interações e

brincadeiras, as crianças iniciam a etapa do Ensino Fundamental, a qual introduz uma

nova estrutura em sua vida escolar baseada em componentes curriculares.

Constituída de nove anos, esta etapa é dividida em duas fases: anos iniciais e

anos finais.

No Ensino Fundamental – anos iniciais e finais, conforme a LDBEN n.º

9.394/96, os estudantes deverão desenvolver a capacidade de aprender por meio do

pleno domínio da leitura, da escrita, do cálculo, da compreensão do ambiente natural

e social, do sistema político, das tecnologias, das artes, dos valores em que se

fundamenta a sociedade e resolver problemas, tornando-se, assim, autônomos e

protagonistas de sua aprendizagem.

Entre os aspectos marcantes que necessitam de especial atenção na etapa do

Ensino Fundamental está a transição da Educação Infantil para o Ensino

Fundamental e dos anos iniciais para os anos finais. O processo de transição pauta-

se em um acolhimento afetivo que garanta segurança e pertencimento a nova

organização escolar (diversidade de horários e tempo escolar, encaminhamentos

metodológicos, número de professores, entre outras), tarefa a ser desenvolvida por

toda a equipe, tanto da instituição de origem como da instituição de destino,

promovendo assim, um diálogo entre diferentes mantenedoras (municipal, estadual

ou privada).

O Ensino Fundamental, com nove anos de duração, é a etapa mais longa da

Educação Básica, atendendo estudantes a partir dos 6(seis) anos de idade completos

em 31(trinta e um) de março. Há, portanto, crianças e adolescentes que, ao longo

desse período, passam por uma série de mudanças relacionadas a aspectos físicos,

cognitivos, afetivos, sociais, emocionais, entre outros. Como já indicado nas Diretrizes

Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de Nove Anos (Resolução

Page 84: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

84

CNE/CEB nº 7/2010), essas mudanças impõem desafios à elaboração de currículos

los para essa etapa de escolarização, de modo a superar as rupturas que ocorrem na

passagem não somente entre as etapas da Educação Básica, mas também entre as

duas fases do Ensino Fundamental: Anos Iniciais e Anos Finais.

A BNCC do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, ao valorizar as situações

lúdicas de aprendizagem, aponta para a necessária articulação com as experiências

vivenciadas na Educação Infantil. Tal articulação precisa prever tanto a progressiva

sistematização dessas experiências quanto o desenvolvimento, pelos alunos, de

novas formas de relação com o mundo, novas possibilidades de ler e formular

hipóteses sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá- las, de elaborar conclusões,

em uma atitude ativa na construção de conhecimentos.

Nesse período da vida, as crianças estão vivendo mudanças importantes em

seu processo de desenvolvimento que repercutem em suas relações consigo

mesmas, com os outros e com o mundo. Como destacam as DCN, a maior

desenvoltura e a maior autonomia nos movimentos e deslocamentos ampliam suas

interações com o espaço; a relação com múltiplas linguagens, incluindo os usos

sociais da escrita e da matemática, permite a participação no mundo letrado e a

construção de novas aprendizagens, na escola e para além dela; a afirmação de sua

identidade em relação ao coletivo no qual se inserem resulta em formas mais ativas

de se relacionarem com esse coletivo e com as normas que regem as relações entre

as pessoas dentro e fora da escola, pelo reconhecimento de suas potencialidades e

pelo acolhimento e pela valorização das diferenças.

Ampliam-se também as experiências para o desenvolvimento da oralidade e

dos processos de percepção, compreensão e representação, elementos importantes

para a apropriação do sistema de escrita alfabética e de outros sistemas de

representação, como os signos matemáticos, os registros artísticos, midiáticos e

científicos e as formas de representação do tempo e do espaço. Os alunos se

deparam com uma variedade de situações que envolvem conceitos e fazeres

científicos, desenvolvendo observações, análises, argumentações e potencializando

descobertas.

As experiências das crianças em seu contexto familiar, social e cultural, suas

memórias, seu pertencimento a um grupo e sua interação com as mais diversas

Page 85: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

85

tecnologias de informação e comunicação são fontes que estimulam sua curiosidade

e a formulação de perguntas. O estímulo ao pensamento criativo, lógico e crítico, por

meio da construção e do fortalecimento da capacidade de fazer perguntas e de

avaliar respostas, de argumentar, de interagir com diversas produções culturais, de

fazer uso de tecnologias de informação e comunicação, possibilita aos alunos ampliar

sua compreensão de si mesmos, do mundo natural e social, das relações dos seres

humanos entre si e com a natureza.

As características dessa faixa etária demandam um trabalho no ambiente

escolar que se organize em torno dos interesses manifestos pelas crianças, de suas

vivências mais imediatas para que, com base nessas vivências, elas possam,

progressivamente, ampliar essa compreensão, o que se dá pela mobilização de

operações cognitivas cada vez mais complexas e pela sensibilidade para apreender o

mundo, expressar-se sobre ele e nele atuar.

Nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental, a ação pedagógica deve ter como foco a alfabetização, a fim de garantir amplas oportunidades para

que os alunos se apropriem do sistema de escrita alfabética de modo articulado ao

desenvolvimento de outras habilidades de leitura e de escrita e ao seu envolvimento

em práticas diversificadas de letramentos. Como aponta o Parecer CNE/CEB nº

11/2010, “os conteúdos dos diversos componentes curriculares [...], ao descortinarem

às crianças o conhecimento do mundo por meio de novos olhares, lhes oferecem

oportunidades de exercitar a leitura e a escrita de um modo mais significativo”

(BRASIL, 2010).

Ao longo do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, a progressão do

conhecimento ocorre pela consolidação das aprendizagens anteriores e pela

ampliação das práticas de linguagem e da experiência estética e intercultural das

crianças, considerando tanto seus interesses e suas expectativas quanto o que ainda

precisam aprender. Ampliam-se a autonomia intelectual, a compreensão de normas e

os interesses pela vida social, o que lhes possibilita lidar com sistemas mais amplos,

que dizem respeito às relações dos sujeitos entre si, com a natureza, com a história,

com a cultura, com as tecnologias e com o ambiente.

Além desses aspectos relativos à aprendizagem e ao desenvolvimento, na

elaboração dos currículos e das propostas pedagógicas devem ainda ser

Page 86: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

86

consideradas medidas para assegurar aos alunos um percurso contínuo de

aprendizagens entre as duas fases do Ensino Fundamental, de modo a promover

uma maior integração entre elas. Afinal, essa transição se caracteriza por mudanças

pedagógicas na estrutura educacional, decorrentes principalmente da diferenciação

dos componentes curriculares. Como bem destaca o Parecer CNE/CEB nº 11/2010,

“os alunos, ao mudarem do professor generalista dos anos iniciais para os

professores especialistas dos diferentes componentes curriculares, costumam se

ressentir diante das muitas exigências que têm de atender, feitas pelo grande número

de docentes dos anos finais” (BRASIL, 2010). Realizar as necessárias adaptações e

articulações, tanto no 5º quanto no 6º ano, para apoiar os alunos nesse processo de

transição, pode evitar ruptura no processo de aprendizagem, garantindo-lhes maiores

condições de sucesso.

Ao longo do Ensino Fundamental – Anos Finais, os estudantes se deparam

com desafios de maior complexidade, sobretudo devido à necessidade de se

apropriarem das diferentes lógicas de organização dos conhecimentos relacionados

às áreas. Tendo em vista essa maior especialização, é importante, nos vários

componentes curriculares, retomar e ressignificar as aprendizagens do Ensino Fundamental – Anos Iniciais no contexto das diferentes áreas, visando ao

aprofundamento e à ampliação de repertórios dos estudantes.

Nesse sentido, também é importante fortalecer a autonomia desses

adolescentes, oferecendo-lhes condições e ferramentas para acessar e interagir

criticamente com diferentes conhecimentos e fontes de informação.

Os estudantes dessa fase inserem-se em uma faixa etária que corresponde à

transição entre infância e adolescência, marcada por intensas mudanças decorrentes

de transformações biológicas, psicológicas, sociais e emocionais. Nesse período de

vida, como bem aponta o Parecer CNE/CEB nº 11/2010, ampliam-se os vínculos

sociais e os laços afetivos, as possibilidades intelectuais e a capacidade de

raciocínios mais abstratos. Os estudantes tornam-se mais capazes de ver e avaliar os

fatos pelo ponto de vista do outro, exercendo a capacidade de descentração,

“importante na construção da autonomia e na aquisição de valores morais e éticos”

(BRASIL, 2010).

Page 87: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

87

As mudanças próprias dessa fase da vida implicam a compreensão do

adolescente como sujeito em desenvolvimento, com singularidades e formações

identitárias e culturais próprias, que demandam práticas escolares diferenciadas,

capazes de contemplar suas necessidades e diferentes modos de inserção social.

Conforme reconhecem as DCN, é frequente, nessa etapa,

Observar forte adesão aos padrões de comportamento dos jovens da mesma idade, o que é evidenciado pela forma de se vestir e também pela linguagem utilizada por eles. Isso requer dos educadores maior disposição para entender e dialogar com as formas próprias de expressão das culturas juvenis, cujos traços são mais visíveis, sobretudo, nas áreas urbanas mais densamente povoadas (BRASIL, 2010).

Há que se considerar, ainda, que a cultura digital tem promovido mudanças

sociais significativas nas sociedades contemporâneas. Em decorrência do avanço e

da multiplicação das tecnologias de informação e comunicação e do crescente

acesso a elas pela maior disponibilidade de computadores, telefones celulares,

tablets e afins, os estudantes estão dinamicamente inseridos nessa cultura, não

somente como consumidores.

Os jovens têm se engajado cada vez mais como protagonistas da cultura digital,

envolvendo-se diretamente em novas formas de interação multimidiática e multimodal

e de atuação social em rede, que se realizam de modo cada vez mais ágil. Por sua

vez, essa cultura também apresenta forte apelo emocional e induz ao imediatismo de

respostas e à efemeridade das informações, privilegiando análises superficiais e o

uso de imagens e formas de expressão mais sintéticas, diferentes dos modos de

dizer e argumentar característicos da vida escolar.

Todo esse quadro impõe à escola desafios ao cumprimento do seu papel em

relação à formação das novas gerações. É importante que a instituição escolar

preserve seu compromisso de estimular a reflexão e a análise aprofundada e

contribua para o desenvolvimento, no estudante, de uma atitude crítica em relação ao

conteúdo e à multiplicidade de ofertas midiáticas e digitais. Contudo, também é

imprescindível que a escola compreenda e incorpore mais as novas linguagens e

Page 88: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

88

seus modos de funcionamento, desvendando possibilidades de comunicação (e

também de manipulação), e que eduque para usos mais democráticos das

tecnologias e para uma participação mais consciente na cultura digital. Ao aproveitar

o potencial de comunicação do universo digital, a escola pode instituir novos modos

de promover a aprendizagem, a interação e o compartilhamento de significados entre

professores e estudantes.

Além disso, e tendo por base o compromisso da escola de propiciar uma

formação integral, balizada pelos direitos humanos e princípios democráticos, é

preciso considerar a necessidade de desnaturalizar qualquer forma de violência nas

sociedades contemporâneas, incluindo a violência simbólica de grupos sociais que

impõem normas, valores e conhecimentos tidos como universais e que não

estabelecem diálogo entre as diferentes culturas presentes na comunidade e na

escola.

Em todas as etapas de escolarização, mas de modo especial entre os

estudantes dessa fase do Ensino Fundamental, esses fatores frequentemente

dificultam a convivência cotidiana e a aprendizagem, conduzindo ao desinteresse e à

alienação e, não raro, à agressividade e ao fracasso escolar. Atenta a culturas

distintas, não uniformes nem contínuas dos estudantes dessa etapa, é necessário

que a escola dialogue com a diversidade de formação e vivências para enfrentar com

sucesso os desafios de seus propósitos educativos. A compreensão dos estudantes

como sujeitos com histórias e saberes construídos nas interações com outras

pessoas, tanto do entorno social mais próximo quanto do universo da cultura

midiática e digital, fortalece o potencial da escola como espaço formador e orientador

para a cidadania consciente, crítica e participativa.

Nessa direção, no Ensino Fundamental – Anos Finais, a escola pode contribuir

para o delineamento do projeto de vida dos estudantes, ao estabelecer uma

articulação não somente com os anseios desses jovens em relação ao seu futuro,

como também com a continuidade dos estudos no Ensino Médio.

Esse processo de reflexão sobre o que cada jovem quer ser no futuro, e de

planejamento de ações para construir esse futuro, pode representar mais uma

possibilidade de desenvolvimento pessoal e social.

Page 89: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

89

O conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens normatizados pela BNCC e

os definidos neste Referencial Curricular de Capão da Canoa, procura ir além da

transmissão de conhecimentos. Propõe que a questão fundamental seja a relação

dos conhecimentos escolares com a prática social dos sujeitos. Em cada componente

curricular, este documento traz uma parte introdutória, onde se apresentam aspectos

que norteiam sua constituição como conhecimento científico organizado

didaticamente.

Quanto ao quadro Organizador Curricular, procurou-se ampliar o proposto na

BNCC, atendendo às especificidades de cada componente curricular. Dessa forma,

apresenta-se a organização progressiva dos conhecimentos dos componentes

curriculares e os objetivos de aprendizagem por ano do Ensino Fundamental a fim de

auxiliar professores e equipes pedagógicas em suas práticas educativas.

Para que estas novas mudanças introduzidas no Ensino Fundamental

possibilitem a melhoria na escolarização dos estudantes, se faz necessário um olhar

atento ao desenvolvimento humano, para que a aprendizagem aconteça observando

as peculiaridades da idade e os direitos das crianças, jovens e adultos, assegurados

pela Constituição Federal e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(LDBEN 9.394/96).

A legitimidade do direito à educação, primando à concepção da educação

inclusiva, deve ser contemplada na formulação e reformulação das ações

pedagógicas. Tais legislações buscam garantir a oferta de escolarização básica

pública, gratuita e de qualidade para todos os brasileiros.

Os componentes curriculares, quadro organizador curricular estão divididos em

seis cadernos: EDUCAÇÃO INFANTIL, ÁREA DA LINGUAGEM, ÁREA DA

CIÊNCIAS HUMANAS, ÁREA DA CIÊNCIAS DA NATUREZA, ÁREA DA

MATEMÁTICA, ENSINO RELIGIOSO.

9.1 ÁREA DA LINGUAGEM

Page 90: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

90

No Ensino Fundamental, a área de Linguagens, nos Anos Iniciais, é composta

pelos seguintes componentes curriculares: Língua Portuguesa, Arte e Educação

Física, e nos Anos Finais, com o acréscimo da Língua Inglesa e a Língua Espanhola.

A finalidade é proporcionar aos estudantes a participação em práticas de linguagem

diversificadas, que lhes permitam a possibilidade de interação e de expressão de

valores, sentimentos, ideologias, ampliando também suas capacidades expressivas

em manifestações artísticas, corporais e linguísticas, como também seus

conhecimentos sobre essas linguagens, em continuidade às experiências vividas na

Educação Infantil.

A área de Linguagens propõe o desenvolvimento do processo de socialização

e comunicação entre os diferentes campos da atividade humana, auxiliando-nos no

uso de recursos favoráveis para a manifestação dos diferentes tipos de linguagem.

Por meio dessas práticas, as pessoas interagem consigo mesmas e com os outros,

constituindo-se como sujeitos sociais.

As linguagens, antes articuladas, passam a ter status próprios de objetos de

conhecimento escolar. Considerando esses pressupostos, e em articulação com as

competências gerais da Educação Básica, a área de Linguagens deve garantir aos

alunos o desenvolvimento das seguintes competências específicas:

Compreender as linguagens como construção humana, histórica, social e

cultural, de natureza dinâmica, reconhecendo-as e valorizando-as como formas de

significação da realidade e expressão de subjetividades e identidades sociais e

culturais.

Conhecer e explorar diversas práticas de linguagem (artísticas, corporais e

linguísticas) em diferentes campos da atividade humana para continuar aprendendo,

ampliar suas possibilidades de participação na vida social e colaborar para a

construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva.

Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e

escrita), corporal, visual, sonora e digital –, para se expressar e partilhar informações,

experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que

levem ao diálogo, à resolução de conflitos e à cooperação.

Page 91: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

91

Utilizar diferentes linguagens para defender pontos de vista que respeitem o

outro e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo

responsável em âmbito local, regional e global, atuando criticamente frente às

questões do mundo contemporâneo.

Desenvolver o senso estético para reconhecer, fluir e respeitar as diversas

manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, inclusive aquelas

pertencentes ao patrimônio cultural da humanidade, bem como participar de práticas

diversificadas, individuais e coletivas, da produção artístico-cultural, com respeito à

diversidade de saberes, identidades e culturas.

Compreender e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação de

forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as

escolares), para se comunicar por meio das diferentes linguagens e mídias, produzir

conhecimentos, resolver problemas e desenvolver projetos autorais e coletivos.

9.2 LÍNGUA PORTUGUESA – CAMPOS DE ATUAÇÃO – ENSINO FUNDAMENTAL

CAMPO DE ATUAÇÃO 1.º AO 5.º ANO

Campo da Vida Cotidiana

Campo da Vida Cotidiana Campo de atuação relativo à participação em situações de leitura, próprias de atividades vivenciadas cotidianamente por crianças, adolescentes, jovens e adultos, no espaço doméstico e familiar, escolar, cultural e profissional. Alguns gêneros textuais deste campo: agendas, listas, bilhetes, recados, avisos, convites, cartas, cardápios, diários, receitas, regras de jogos e brincadeiras.

Campo Artístico-Literário Campo de atuação relativo à participação em situações de leitura,

Page 92: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

92

Campo Artístico-Literáriofruição e produção de textos literários e artísticos, representativos da diversidade cultural e linguística, que favoreçam experiências estéticas. Alguns gêneros deste campo: lendas, mitos, fábulas, contos, crônicas, canção, poemas, poemas visuais, cordéis, quadrinhos, tirinhas, charge/cartum, dentre outros.

CAMPO DE ATUAÇÃO6.º AO 9.º ANO

Campo Jornalístico / Midiático

Trata-se, em relação a este Campo, de ampliar e qualificar a participação das crianças, adolescentes e jovens nas práticas relativas ao trato com a informação e opinião, que estão no centro da esfera jornalística/midiática. Para além de construir conhecimentos e desenvolver habilidades envolvidas na escuta, leitura e produção de textos que circulam no campo, o que se pretende é propiciar experiências que permitam desenvolver nos adolescentes e jovens a sensibilidade para que se interessem pelos fatos que acontecem na sua comunidade, na sua cidade e no mundo e afetam as vidas das pessoas, incorporem em suas vidas a prática de escuta, leitura e produção de textos pertencentes a gêneros da esfera jornalística em diferentes fontes, veículos e mídias, e desenvolvam autonomia e pensamento crítico para se situar em relação ainteresses e posicionamentos diversos e possam produzir textos noticiosos e opinativos e participar de discussões e debates de forma ética e respeitosa.

Vários são os gêneros possíveis de serem contemplados em atividades de leitura e produção de textos para além dos já trabalhados nos anos iniciais do ensino fundamental (notícia, álbum noticioso, carta de leitor, entrevista etc.): reportagem, reportagem multimidiática, fotorreportagem, foto-denúncia, artigo de opinião, editorial, resenha crítica, crônica, comentário, debate, vlog noticioso, vlog cultural, meme, charge, charge digital, politicalremix, anúncio publicitário, propaganda, jingle, spot, dentre outros.

A referência geral é que, em cada ano,

Page 93: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

93

contemplem-se gêneros que lidem com informação, opinião e apreciação, gêneros mais típicos dos letramentos da letra e do impresso e gêneros multissemióticos e hipermidiáticos, próprios da cultura digital e das culturas juvenis.

Diversos também são os processos, ações e atividades que podem ser contemplados em atividades de uso e reflexão: curar, seguir/ser seguido, curtir, comentar, compartilhar, remixar etc. Ainda com relação a esse campo, trata-se também de compreender as formas de persuasão do discurso publicitário, o apelo ao consumo, as diferenças entre vender um produto e “vender” uma ideia, entre anúncio publicitário e propaganda.

Campo da Vida Pública

Trata-se, neste Campo, de ampliar e qualificar a participação dos jovens nas práticas relativas ao debate de ideias e à atuação política e social, por meio do(a): • compreensão dos interesses que movem a esfera política em seus diferentes níveis e instâncias, das formas e canais de participação institucionalizados, incluindo os digitais, e das formas de participação não institucionalizadas, incluindo aqui manifestações artísticas e intervenções urbanas; • reconhecimento da importância de se envolver com questões de interesse público e coletivo e compreensão do contexto de promulgação dos direitos humanos, das políticas afirmativas, e das leis de uma forma geral em um estado democrático, como forma de propiciar a vivência democrática em várias instâncias e uma atuação pautada pela ética da responsabilidade (o outro tem direito a uma vida digna tanto quanto eu tenho);

• desenvolvimento de habilidades e aprendizagem de procedimentos envolvidos na leitura/escuta e produção de textos pertencentes a gêneros relacionados à discussão e implementação de propostas, à defesa de direitos e a projetos culturais e de interesse público de diferentes naturezas. Envolvem o domínio de gêneros legais e o conhecimento dos canais competentes para questionamentos, reclamação de direitos e denúncias de desrespeitos a legislações e regulamentações e a direitos; de discussão de propostas e programas de interesse público no

Page 94: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

94

contexto de agremiações, coletivos, movimentos e outras instâncias e fóruns de discussão da escola, da comunidade e da cidade. Trata-se também de possibilitar vivências significativas, na articulação com todas as áreas do currículo e com os interesses e escolhas pessoais dos adolescentes e jovens, que envolvam a proposição, desenvolvimento e avaliação de ações e projetos culturais, de forma a fomentar o protagonismo juvenil de forma contextualizada. Essas habilidades mais gerais envolvem o domínio contextualizado de gêneros já considerados em outras esferas – como discussão oral, debate, palestra, apresentação oral, notícia, reportagem, artigo de opinião, cartaz, spot, propaganda (de campanhas variadas, nesse campo inclusive de campanhas políticas) – e de outros, como estatuto, regimento, projeto cultural, carta aberta, carta de solicitação, carta de reclamação, abaixo-assinado, petição online, requerimento, turno de fala em assembleia, tomada de turno em reuniões, edital, proposta, ata, parecer, enquete, relatório etc., os quais supõem o reconhecimento de sua função social, a análise da forma como se organizam e dos recursos e elementos linguísticos e das demais semioses envolvidos na tessitura de textos pertencentes a esses gêneros. Em especial, vale destacar que o trabalho com discussão oral, debate, propaganda, campanha e apresentação oral podem/devem se relacionar também com questões, temáticas e práticas próprias do Campo de Atuação na Vida Pública. Assim, as mesmas habilidades relativas a esses gêneros e práticas propostas para o Campo Jornalístico / Midiático e para o Campo das práticas de ensino e pesquisa devem ser aqui consideradas:*discussão, debate e apresentação oral de propostas políticas ou de solução para problemas que envolvem a escola ou a comunidade e propaganda política. Da mesma forma, as habilidades relacionadas à argumentação e à distinção entre fato e opinião também devem ser consideradas nesse campo.

CAMPO DE ATUAÇÃO 6.º AO 9.º ANOTrata-se de ampliar e qualificar a participação

Page 95: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

95

Campos das práticas estudos e pesquisas

dos jovens nas práticas relativas ao estudo e à pesquisa, por meio de: • compreensão dos interesses, atividades e procedimentos que movem as esferas científica, de divulgação científica e escolar; • reconhecimento da importância do domínio dessas práticas para a compreensão do mundo físico e da realidade social, para o prosseguimento dos estudos e para formação para o trabalho; e • desenvolvimento de habilidades e aprendizagens de procedimentos envolvidos na leitura/escuta e produção de textos pertencentes a gêneros relacionados ao estudo, à pesquisa e à divulgação científica. Essas habilidades mais gerais envolvem o domínio contextualizado de gêneros como apresentação oral, palestra, mesa-redonda, debate, artigo de divulgação científica, artigo científico, artigo de opinião, ensaio, reportagem de divulgação científica, texto didático, infográfico, esquemas, relatório, relato (multimidiático) de campo, documentário, cartografia animada, podcasts e vídeos diversos de divulgação científica, que supõem o reconhecimento de sua função social, a análise da forma como se organizam e dos recursos e elementos linguísticos das demais semioses (ou recursos e elementos multimodais) envolvidos na tessitura de textos pertencentes a esses gêneros. Trata-se também de aprender, de forma significativa, na articulação com outras áreas e com os projetos e escolhas pessoais dos jovens, procedimentos de investigação e pesquisa. Para além da leitura/escuta de textos/produções pertencentes aos gêneros já mencionados, cabe diversificar, em cada ano e ao longo dos anos, os gêneros/produções escolhidos para apresentar e socializar resultados de pesquisa, de forma a contemplar a apresentação oral, gêneros mais típicos dos letramentos da letra e do impresso, gêneros multissemióticos, textos hipermidiáticos, que suponham colaboração, próprios da cultura digital e das culturas juvenis.

9.3 ARTE

Page 96: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

96

A Arte nos conduz a processos de criação, crítica, estesia, expressão, fruição e

reflexão, sobre as formas e fenômenos artísticos em suas diversas manifestações,

trazendo a possibilidade da construção de poéticas pessoais, de formas de ver e

produzir arte, individual e coletivamente, com a devida valorização da pesquisa, das

vivências e das experiências, orientada pela abordagem triangular (contextualizar,

fazer e apreciar), através dos objetos de conhecimento (contextos e práticas,

elementos da linguagem, materialidades, processos de criação, matrizes estéticas e

culturais, sistemas da linguagem, notação e registro musical, patrimônio cultural, arte

e tecnologia), propostos pela BNCC.

A Arte, assim como os demais componentes curriculares, é um dispositivo para

a socialização, humanização e cognição, potencializa o desenvolvimento da

sensibilidade, das emoções e das sensações. Relaciona, ética e esteticamente, as

várias dimensões da vida social, cultural, histórica, política e econômica,

reconhecendo a diversidade, no respeito às diferenças e na valorização da cultura

local, regional, nacional e mundial, através do diálogo intercultura.

A estrutura do componente curricular Arte está organizada a partir das

linguagens artísticas - Artes Visuais, Dança, Música e Teatro - apresentadas com

esta nomenclatura na Lei de Diretrizes e Bases - LDB 9394/96 e nos Parâmetros

Curriculares Nacionais - PCNs. Na BNCC, as linguagens artísticas foram chamadas

de unidades temáticas. Neste documento, o componente curricular Arte volta

apresentado como linguagens artísticas e as propostas de ações para integração das

mesmas, nomeadas pela BNCC de Artes Integradas, são chamadas de eixos

transversais.

A Arte na escola contribui, consideravelmente, para a efetividade das

competências gerais da BNCC, através da prática e fruição nas diversas

manifestações das artes tradicionais e contemporâneas. As Artes Visuais

proporcionam a construção do olhar, um olhar mais sensível para o mundo, um olhar

mais atento. A Música desenvolve e aprimora a escuta e permite conhecer e

preservar a produção de nossas tradições e de outros povos, explorando seus ritmos

e melodias.

A Dança articula a relação corpo-espaço-movimento. O Teatro explora as

expressões corporais e vocais, proporcionando a representação de si e de outros,

Page 97: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

97

exercitando a empatia e a reflexão sobre como agir em circunstâncias diversas. E

todas as linguagens buscam em poderar os estudantes, tornando-os protagonistas de

suas histórias, fortalecendo a troca de ideias e o trabalho individual, coletivo e

colaborativo.

A Arte consiste em um aprendizado ao longo da vida, progressivamente,

construindo o conhecimento através da pesquisa e da investigação. Para isso, é

imprescindível a experimentação, a prática artística, o fazer e o refazer, só assim a

experiência nos toca, afeta e transforma. Pode-se identificar, analisar, discutir e

refletir depois de experimentar e vivenciar.

Todas as proposições aqui abordadas são possíveis de serem propostas em

sala de aula, observando a importância da formação específica dos professores. Este

referencial foi escrito a partir da BNCC e das contribuições recebidas do Referencial

Curricular Gaúcho, espera-se que ele motive os docentes a proporem experiências

artísticas nas escolas da rede Municipal.

Competências específicas de Arte para o Ensino Fundamental

Explorar, conhecer, fruir e analisar, criticamente, práticas e produções

artísticas e culturais do seu entorno social e de diversas sociedades, em distintos

tempos e contextos, para reconhecer e dialogar com as diversidades.

Compreender as relações entre as linguagens da Arte e suas práticas

integradas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das novas tecnologias de

informação e comunicação, pelo cinema e pelo audiovisual, nas condições

particulares de produção, na prática de cada linguagem e nas suas articulações.

Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e culturais especialmente aquelas manifestas na arte e na cultura brasileiras, sua tradição e

manifestações contemporâneas, reelaborando-as nas criações em Arte.

Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação,

ressignificando espaços da escola e de fora dela no âmbito da Arte.

Mobilizar recursos tecnológicos como formas de registro, pesquisa e criação

artística.

Page 98: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

98

Estabelecer relações entre arte, mídia, mercado e consumo,

compreendendo, de forma crítica e problematizadora, modos de produção e de

circulação da arte na sociedade.

Problematizar questões políticas, sociais, econômicas, científicas,

tecnológicas e culturais, por meio de exercícios, produções, intervenções e

apresentações artísticas.

Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e

colaborativo nas artes.

Analisar e valorizar o patrimônio artístico nacional e internacional, material

e imaterial, com suas histórias e diferentes visões de mundo.

9.4 LÍNGUA INGLESA

Considerando o disposto na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) –

documento de caráter normativo, que se constitui referência nacional para formulação

dos currículos dos sistemas e redes de educação, o currículo de Língua Inglesa do

Rio Grande do Sul foi construído no intuito de ajudar a superar a fragmentação das

políticas educacionais, ensejar o fortalecimento do regime de colaboração entre as

duas esferas de governo e ser balizador da qualidade da educação.

A aprendizagem de Língua Inglesa é referida na Lei nº 13.415/2017, que prevê

que “no currículo do ensino fundamental, a partir do sexto ano, será ofertada a língua

inglesa” (Art. 2º). Deste modo, considerando sua obrigatoriedade a partir do sexto

ano, entende-se que a construção dos documentos das escolas que optam pela

oferta da Língua desde os Anos Iniciais deve dialogar com o Currículo construído a

partir do disposto em Legislação.

Para tanto, propõe-se neste documento um patamar comum de aprendizagens

a todos os estudantes, definidas de forma a assegurar que o estudante possa

desenvolver as dez competências gerais, que são definidas como a mobilização de

conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver demandas complexas da

vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho.

Page 99: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

99

Assim, entende-se que é responsabilidade do docente garantir as

aprendizagens essenciais citadas nesse documento, de modo que os alunos, quando

da transferência para escolas de um mesmo município ou ainda diferentes

municípios, o que atualmente é realidade em nosso Estado, não sofram prejuízos.

Em um mundo social cada vez mais globalizado e plural, aprender a língua

inglesa propicia a criação de novas formas de engajamento e participação dos

alunos, contribuindo para o exercício da cidadania ativa, além de ampliar as

possibilidades de interação e mobilidade, abrindo novos percursos de construção de

conhecimentos e de continuidade nos estudos.

Pesquisas oriundas de diferentes autores comprovam que para que uma língua

obtenha um status considerado global deve desempenhar um importante papel no

mundo. Deste modo, a língua inglesa ocupa este importante papel, visto que é

possível identificá-la em diferentes países, em domínios tais como Política, Economia,

Imprensa, Propaganda, Radiodifusão, Cinema, Música Popular, Viagens

Internacionais e segurança, Educação (especialmente em áreas como ciência e

tecnologia) e Comunicações.

O entendimento da Língua Inglesa como língua franca favorece uma educação

linguística voltada para a interculturalidade, isto é, para o reconhecimento das (e o

respeito às) diferenças, e para a compreensão de como elas são produzidas nas

diversas práticas sociais de linguagem, o que favorece a reflexão crítica sobre

diferentes modos de ver e de analisar o mundo, o(s) outro(s) e a si mesmo.

A língua inglesa amplia a possibilidade de participação e circulação,

principalmente nas práticas sociais do mundo digital, criando novas formas de

identificar e expressar ideias, sentimentos e valores.

Desse modo, o professor deve adotar uma atitude de acolhimento e

legitimação dos diferentes repertórios linguísticos e culturais, o que possibilita

questionarmos à visão de um único inglês “correto” a ser ensinado. Em outras

palavras, não se pretende fugir do “uso padrão”, mas sim tratar usos locais do inglês

e recursos linguísticos a eles relacionados na perspectiva de construção de um

repertório linguístico, que deve ser analisado e disponibilizado ao aluno para dele

fazer uso, observando sempre a condição de inteligibilidade na interação linguística.

Page 100: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

100

Portanto, o ensino da Língua Inglesa, sob a perspectiva de uma língua franca,

implica deslocá-la de um modelo ideal de falante, considerando a importância da

cultura no ensino-aprendizagem da língua e buscando romper com aspectos relativos

à “correção”, “precisão” e “proficiência” linguística.

O currículo de Língua Inglesa é apresentado em Eixos Organizadores que,

ainda que trabalhados de forma separada na explicitação da BNCC, estão

intrinsecamente ligados, estando organizados por eixos, unidades temáticas, objetos

de conhecimento e habilidades.

São propostos cinco eixos organizadores para a Língua Inglesa: oralidade,

leitura, escrita, conhecimentos linguísticos e dimensão intercultural. O eixo Oralidade

aborda o uso oral da Língua Inglesa, com foco na compreensão (ou escuta) e na

produção oral (ou fala), vivenciando o emprego da Língua em diferentes situações

cotidianas. O eixo Leitura oportuniza a interação do leitor com o texto escrito,

especialmente sob o foco da construção de significados, com base na compreensão e

interpretação dos gêneros escritos. O eixo Escrita apresenta práticas de produção de

textos que enfatizam tanto a natureza processual e colaborativa quanto prática social

que contribuem para o desenvolvimento de uma escrita autêntica, criativa e

autônoma. O eixo Conhecimentos Linguísticos refere-se ao estudo do léxico e da

gramática, consolidando-se pelas práticas de uso, análise e reflexão sobre a língua,

sempre de modo contextualizado, articulado e a serviço das práticas de oralidade,

leitura e escrita. E, por fim, o eixo Dimensão Intercultural em que aprender inglês,

enquanto língua franca, implica problematizar os diferentes papeis da própria Língua

Inglesa no mundo, seus valores, seu alcance e seus efeitos nas relações entre

diferentes pessoas e povos – em contínuo processo de interação e (re)construção.

As unidades temáticas, em sua grande maioria, repetem-se e são ampliadas

as habilidades a elas correspondentes. Foram selecionados objetos de conhecimento

e habilidades para cada unidade temática, os quais são enfatizados em cada ano de

escolaridade (1º, 2º, 3º 4º, 5º, 6º, 7º, 8º e 9º anos). Diante disto, este documento

fornece o embasamento para a construção dos currículos e planejamentos de ensino,

cujos conteúdos serão desenvolvidos pelo professor, que irá abordá-los de acordo

com o perfil de sua turma, aprofundando tais conhecimentos ao longo do tempo

(currículo espiralado), haja vista que o docente tem autonomia para tal ação. Cabe

Page 101: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

101

salientar, ainda, que o professor irá escolher as metodologias que julgar mais

apropriadas, bem como ferramentas que considere criativas.

Cabe ao docente trabalhar, principalmente, a interdisciplinaridade, pensando

nos cidadãos que queremos formar e que sociedade queremos construir.

Competências específicas de língua inglesa para o ensino fundamental

Identificar o lugar de si e o do outro em um mundo plurilíngue e multicultural,

refletindo, criticamente, sobre como a aprendizagem da língua inglesa contribui para

a inserção dos sujeitos no mundo globalizado, inclusive no que concerne ao mundo

do trabalho.

Comunicar-se na língua inglesa, por meio do uso variado de linguagens em

mídias impressas ou digitais, reconhecendo-a como ferramenta de acesso ao

conhecimento, de ampliação das perspectivas e de possibilidades para a

compreensão dos valores e interesses de outras culturas e para o exercício do

protagonismo social.

Identificar similaridades e diferenças entre a língua inglesa e a língua

materna/outras línguas, articulando-as a aspectos sociais, culturais e identitários, em

uma relação intrínseca entre língua, cultura e identidade.

Elaborar repertórios linguístico-discursivos da língua inglesa, usados em

diferentes países e por grupos sociais distintos dentro de um mesmo país, de modo a

reconhecer a diversidade linguística como direito e valorizar os usos heterogêneos,

híbridos e multimodais emergentes nas sociedades contemporâneas.

Utilizar novas tecnologias, com novas linguagens e modos de interação, para

pesquisar, selecionar, compartilhar, posicionar-se e produzir sentidos em práticas de

letramento na língua inglesa, de forma ética, crítica e responsável.

Conhecer diferentes patrimônios culturais, materiais e imateriais, difundidos

na língua inglesa, com vistas ao exercício da fruição e da ampliação de perspectivas

no contato com diferentes manifestações artístico-culturais.

Page 102: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

102

9.5 LÍNGUA ESPANHOLA

Todos os seres se comunicam de alguma forma, mas somente o homem o faz

através da linguagem, um sistema de “símbolos” sonoros utilizados por um mesmo

grupo de um país ou região, conhecido por língua ou idioma.

Assim, constituem-se as diferentes línguas que conhecemos hoje. É através

dela que cada grupo expressa sua cultura, costumes, pensamento e tudo o que existe

ao seu redor e em sua sociedade, com domínio e fluidez, possibilitando uma

comunicação adequada. Quando isso não acontece pode causar rupturas, mal

entendidos e até discussões entre os falantes.

O ensino da Língua Espanhola é importante, pois estamos cercados de países

que falam a referida língua. Por isso, entender o funcionamento deste ensino e saber

como o sistema educativo estará abordando-o é fundamental para o sucesso do

ensino/aprendizagem dos futuros aprendizes língua.

Resta-nos esperarmos a situação do ensino da Língua Espanhola estabelecer-

se no sistema educativo e acreditar que o contexto do espanhol no currículo escolar,

faça parte do dia a dia dos alunos.

Então dominar está língua é abrir as portas para o mercado de trabalho,

podendo ser um importante diferencial para uma boa colocação, neste mundo da

informação.

O Componente Curricular de Língua Espanhola é trabalhado no 7°(sétimo) e

8°(oitavo) ano do Ensino Fundamental de acordo com a matriz curricular.

9.6 ENSINO RELIGIOSO

O ser humano se constrói a partir de um conjunto de relações tecidas em

determinado contexto histórico-social, em um movimento ininterrupto de apropriação

e produção cultural. Nesse processo, o sujeito se constitui enquanto ser de imanência

(dimensão concreta, biológica) e de transcendência (dimensão subjetiva, simbólica).

Page 103: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

103

Ambas as dimensões possibilitam que os humanos se relacionem entre si, com a

natureza e com a(s) divindade(s), percebendo-se como iguais e diferentes.

Ambas as dimensões possibilitam que os humanos se relacionem entre si,

com a natureza e com a(s) divindade(s), percebendo-se como iguais e diferentes.

A percepção das diferenças (alteridades) possibilita a distinção entre o “eu”

e o “outro”, “nós” e “eles”, cujas relações dialógicas são mediadas por referenciais

simbólicos (representações, saberes, crenças, convicções, valores) necessários à

construção das identidades.

Tais elementos embasam a unidade temática Identidades e alteridades, a

ser abordada ao longo de todo o Ensino Fundamental, especialmente nos anos

iniciais. Nessa unidade pretende-se que

os estudantes reconheçam, valorizem e acolham o caráter singular e diverso

do ser humano, por meio da identificação e do respeito às semelhanças e diferenças

entre o eu (subjetividade) e os outros (alteridades), da compreensão dos símbolos e

significados e da relação entre imanência e transcendência.

A dimensão da transcendência é matriz dos fenômenos e das experiências

religiosas, uma vez que, em face da finitude, os sujeitos e as coletividades sentiram-

se desafiados a atribuir sentidos e significados à vida e à morte. Na busca de

respostas, o ser humano conferiu valor de sacralidade a objetos, coisas, pessoas,

forças da natureza ou seres sobrenaturais, transcendendo a realidade concreta.

Essa dimensão transcendental é mediada por linguagens específicas, tais

como o símbolo, o mito e o rito. No símbolo, encontram-se dois sentidos distintos e

complementares. Por exemplo, objetivamente uma flor é apenas uma flor.

No entanto, é possível reconhecer nela outro significado: a flor pode despertar

emoções e trazer lembranças. Assim, o símbolo é um elemento cotidiano

ressignificado para representar algo além de seu sentido primeiro. Sua função é fazer

a mediação com outra realidade e, por isso, é uma das linguagens básicas da

experiência religiosa.

Tal experiência é uma construção subjetiva alimentada por diferentes

práticas espirituais ou ritualísticas, que incluem a realização de cerimônias,

Page 104: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

104

celebrações, orações, festividades, peregrinações, entre outras. Enquanto linguagem

gestual, os ritos narram, encenam, repetem e representam histórias e acontecimentos

religiosos. Desta forma, se o símbolo é uma coisa que significa outra, o rito é um

gesto que também aponta para outra realidade.

Os rituais religiosos são geralmente realizados coletivamente em espaços e

territórios sagrados (montanhas, mares, rios, florestas, templos, santuários,

caminhos, entre outros), que se distinguem dos demais por seu caráter simbólico.

Esses espaços constituem-se em lócus de apropriação simbólico-cultural, onde os

diferentes sujeitos se relacionam, constroem, desenvolvem e vivenciam suas

identidades religiosas.

Nos territórios sagrados frequentemente atuam pessoas incumbidas da

prestação de serviços religiosos. Sacerdotes, líderes, funcionários, guias ou

especialistas, entre outras designações, desempenham funções específicas: difusão

das crenças e doutrinas, organização dos ritos, interpretação de textos e narrativas,

transmissão de práticas, princípios e valores etc. Portanto, os líderes exercem uma

função pública, e seus atos e orientações podem repercutir sobre outras esferas

sociais, tais como economia, política, cultura, educação, saúde e meio ambiente.

Esse conjunto de elementos (símbolos, ritos, espaços, territórios e

lideranças) integra a unidade temática Manifestações religiosas, em que se pretende

proporcionar o conhecimento, a valorização e o respeito às distintas experiências e

manifestações religiosas, e a compreensão das relações estabelecidas entre as

lideranças e denominações religiosas e as distintas esferas sociais.

Na unidade temática Crenças religiosas e filosofias de vida, são tratados

aspectos estruturantes das diferentes tradições/movimentos religiosos e filosofias de

vida, particularmente sobre mitos, ideia(s) de divindade(s), crenças e doutrinas

religiosas, tradições orais e escritas, ideias de imortalidade, princípios e valores

éticos.

Os mitos são outro elemento estruturante das tradições religiosas. Eles

representam a tentativa de explicar como e por que a vida, a natureza e o cosmos

foram criados. Apresentam histórias dos deuses ou heróis divinos, relatando, por

meio de uma linguagem rica em simbolismo, acontecimentos nos quais as divindades

agem ou se manifestam.

Page 105: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

105

O mito é um texto que estabelece uma relação entre imanência (existência

concreta) e transcendência (o caráter simbólico dos eventos). Ao relatar um

acontecimento, o mito situa-se em um determinado tempo e lugar e, frequentemente,

apresenta-se como uma história verdadeira, repleta de elementos imaginários.

No enredo mítico, a criação é uma obra de divindades, seres, entes ou

energias que transcendem a materialidade do mundo.

São representados de diversas maneiras, sob distintos nomes, formas, faces e

sentidos, segundo cada grupo social ou tradição religiosa.

O mito, o rito, o símbolo e as divindades alicerçam as crenças, entendidas

como um conjunto de ideias, conceitos e representações estruturantes de

determinada tradição religiosa. As crenças fornecem respostas teológicas aos

enigmas da vida e da morte, que se manifestam nas práticas rituais e sociais sob a

forma de orientações, leis e costumes.

Esse conjunto de elementos originam narrativas religiosas que, de modo

mais ou menos organizado, são preservadas e passadas de geração em geração

pela oralidade. Desse modo, ao longo do tempo, cosmovisões, crenças, ideia(s) de

divindade(s), histórias, narrativas e mitos sagrados constituíram tradições específicas,

inicialmente orais. Em algumas culturas, o conteúdo dessa tradição foi registrado sob

a forma de textos escritos.

No processo de sistematização e transmissão dos textos sagrados, sejam

eles orais, sejam eles escritos, certos grupos sociais acabaram por definir um

conjunto de princípios e valores que configuraram doutrinas religiosas. Estas reúnem

afirmações, dogmas e verdades que procuram atribuir sentidos e finalidades à

existência, bem como orientar as formas de relacionamento com a(s) divindade(s) e

com a natureza.

As doutrinas constituem a base do sistema religioso, sendo transmitidas e

ensinadas aos seus adeptos de maneira sistemática, com o intuito de assegurar uma

compreensão mais ou menos unitária e homogênea de seus conteúdos.

No conjunto das crenças e doutrinas religiosas encontram-se ideias de

imortalidade (ancestralidade, reencarnação, ressurreição, transmigração, entre

outras), que são norteadoras do sentido da vida dos seus seguidores. Essas

Page 106: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

106

informações oferecem aos sujeitos referenciais tanto para a vida terrena quanto para

o pós-morte, cuja finalidade é direcionar condutas individuais e sociais, por meio de

códigos éticos e morais. Tais códigos, em geral, definem o que é certo ou errado,

permitido ou proibido. Esses princípios éticos e morais atuam como balizadores de

comportamento, tanto nos ritos como na vida social.

Também as filosofias de vida se ancoram em princípios cujas fontes não

advêm do universo religioso. Pessoas sem religião adotam princípios éticos e morais

cuja origem decorre de fundamentos racionais, filosóficos, científicos, entre outros.

Esses princípios, geralmente, coincidem com o conjunto de valores seculares de

mundo e de bem, tais como: o respeito à vida e à dignidade humana, o tratamento

igualitário das pessoas, a liberdade de consciência, crença e convicções, e os direitos

individuais e coletivos.

O desenvolvimento e a organização do Referencial Curricular de Capão da

Canoa foram elaborados em consonância com as Competências Gerais da BNCC e

do Referencial Gaúcho. Para tanto, o Ensino Religioso deve atender os seguintes

objetivos:

a. Proporcionar a aprendizagem dos conhecimentos religiosos, culturais

e estéticos, a partir das manifestações religiosas percebidas na

realidade dos educandos sempre contemplando as 4 matrizes

religiosas que forma a religiosidade brasileira (Indígena, Afro,

Ocidental e Oriental);

b. Propiciar conhecimentos sobre o direito à liberdade de consciência e

de crença tanto individuais e coletivas, com o propósito de promover o

conhecimento e a efetivação do que está prescrito na Declaração

Universal dos Direitos Humanos;

c.Desenvolver competências e habilidades que contribuam para o

diálogo entre perspectivas religiosas e seculares diferentes devida,

exercitando o respeito à liberdade de concepções e o pluralismo de

ideias, de acordo com a Constituição Federal;

d.Contribuir para que os educandos construam seus sentidos pessoais

de vida a partir de valores, princípios éticos e da cidadania.

Page 107: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

107

e.As Competências Específicas apontadas para o Ensino Religioso na

BNCC e referencial Gaúcho e, por consequência,presentes no

Referencial Curricular Municipal do Território de Capão da Canoa,

efetivam oprescrito na LDB/96/97 e são propositivas ao indicar a

importância de:

1. Conhecer os aspectos estruturantes das diferentes tradições/organizações

religiosos e filosofias de vida, a partir de pressupostos científicos, filosóficos,

estéticos e éticos.

2. Compreender, valorizar e respeitar as manifestações religiosas e filosofias de

vida, suas experiências e saberes, em diferentes tempos, espaços e territórios.

3. Reconhecer e cuidar de si, do outro, da coletividade e da natureza, enquanto

expressão de valor da vida.

4. Conviver com a diversidade de crenças, pensamentos, convicções, modos de

ser e viver.

5. Analisar as relações entre as tradições religiosas e os campos da cultura, da

política, da economia, da saúde, da ciência, da tecnologia e do meio ambiente.

6. Debater, problematizar e posicionar-se frente aos discursos e práticas de

intolerância, discriminação e violência de cunho religioso, de modo a

assegurar os direitos humanos no constante exercício da cidadania e da

cultura de paz.

Dessa forma, as Competências Gerais e Específicas propostas para o Ensino

Religioso foram contempladas e tratadas no âmbito dos Direitos e habilidades.Por conseguinte, as Unidades Temáticas correlacionam-se entre si e recebem

ênfases diferentes, de acordo com cada ano de escolarização. As Habilidades são

os conhecimentos básicos essenciais que os estudantes têm direito de aprender.

Ao considerar as especificidades da disciplina, ressalta-se que os

encaminhamentos metodológicos devem primar pela garantia dos direitos de

aprendizagem e estar em consonância com a legislação vigente.

Page 108: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

108

A avaliação deve ser concebida sob uma perspectiva formativa com a

finalidade de acompanhamento do processo de ensino e aprendizagem.

9.7 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS

Os Componentes Curriculares de História, Geografia e Turismo, constituem no

ensino fundamental a área de Ciências Humanas, cujo objetivo é oportunizar

conhecimentos, competências e habilidades que serão mobilizados na resolução de

problemas complexos, que ocorrem em sociedade e no mundo em transformação, a

partir da perspectiva do desenvolvimento da autonomia, dos valores, da criatividade e

do pensamento crítico. É sob esta perspectiva que a área de Ciências Humanas,

dentro de uma concepção de currículo que contemple a diversidade da sociedade

atual e que respondam à emergência de nosso tempo, requer mais do que reproduzir

dados e denominar classificações, já que educar “na” e “para” a cidadania significa

saber se informar, se comunicar, argumentar, compreender e agir, enfrentar

problemas de qualquer natureza, participar socialmente, de forma prática e solidária,

ser capaz de elaborar críticas ou propostas e, especialmente, adquirir uma atitude de

permanente aprendizado. Nestes princípios, a área de Ciências Humanas abarca e

insere-se na perspectiva de se integrar com as demais áreas do conhecimento para

contribuir com a consecução das 10 Competências Gerais da Educação Básica

normatizadas na BNCC.

9.8 GEOGRAFIA

Compreender a ciência geográfica, requer uma visão clara a respeito da

constituição de sua teoria: suas leis e princípios, os quais permitem analisar um

determinado fenômeno.

Pensar a Geografia requer uma revisão minuciosa e detalhada dos conceitos

que lhe dão forma. Como Ciência Social, a Geografia tem como objeto de estudo a

sociedade, que é objetivada pela análise de cinco conceitos-chaves que entre si

Page 109: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

109

guardam forte grau de parentesco, pois todos se referem à ação humana sobre a

superfície terrestre: espaço, lugar, território, região e paisagem.

Tendo essa perspectiva conceitual fundamental ao desenvolvimento da prática

pedagógica, a Geografia vincula-se a uma reflexão pedagógica que diz respeito às

necessidades de seu tempo histórico, às transformações sofridas pela sociedade na

pós-modernidade e à necessidade de dar conta da pluralidade de interesses e

diversidade de nosso educando.

Longe de se constituir uma orientação pragmática e estanque, as diretrizes

curriculares da Geografia, expressas neste documento, devem funcionar como

norteadoras da estruturação dos currículos escolares e os desdobramentos que na

prática ocorrerão em sua transposição didática.

O documento divide-se em cinco eixos temáticos: o sujeito e seu lugar no

mundo, conexões e escalas, mundo do trabalho, formas de representação e

pensamento espacial, natureza, ambientes e qualidade de vida. Estes eixos são

comuns a todos os anos do Ensino Fundamental e a partir deles ocorrem

desdobramentos em objetos de conhecimento e a inserção de habilidades que

potencializam a consecução das competências gerais da BNCC, tendo como

perspectiva a progressão contínua e espiralar das aprendizagens.

9.9 HISTÓRIA

A Base Nacional Comum Curricular tem um compromisso com a educação

integral do estudante, pensando na sua formação e desenvolvimento global, visando

à construção de uma sociedade justa, ética, responsável, democrática, inclusiva,

sustentável e solidária..

Todo o conhecimento sobre o passado é também um conhecimento do

presente elaborado por distintos sujeitos. O historiador indaga com vistas a identificar,

analisar e compreender os significados de diferentes objetos, lugares, circunstâncias,

temporalidades, movimentos de pessoas, coisas e saberes. histórico é perceber a

forma como os indivíduos construíram, com diferentes linguagens, suas narrações

sobre o mundo em que viveram e vivem, suas instituições e organizações sociais.

Page 110: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

110

O exercício do “fazer história”, de indagar, é marcado, inicialmente, pela

constituição de um sujeito. Em seguida, amplia-se para o conhecimento de um

“outro”, às vezes, semelhante. muitas vezes, diferente.

No que se refere, especificamente, ao componente de História, a Base rompe

tanto com a cronologia quanto com a visão eurocêntrica da história tradicional.

Entram em cena novos atores, novas sociedades, novos caminhos, que sempre

estiveram na História, mas nem sempre receberam a devida importância.

Acompanhando a BNCC, o Referencial Curricular Gaúcho, no que se refere

especificamente à disciplina de História, O Município de Capão da Canoa, mantém

seu foco na aprendizagem dos alunos nos diferentes tempos e espaços, tendo a

preocupação de integrar o currículo com a diversidade regional de nosso Estado.

Também, é importante contemplar os temas integradores como ética, cidadania,

cultura e valorização das diversidades, assegurando a multiplicidade de olhares sobre

o mundo. Nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, a prioridade é a construção e o

embasamento do conhecimento. Assim, a aprendizagem parte do “eu”, do “outro” e

do “nós”, até a vida em sociedade e na cidade.

Ao longo dos Anos Iniciais, as habilidades são desenvolvidas em diferentes

graus de complexidade, sendo que, nos 4º e 5º anos, são analisados processos mais

longínquos na escala temporal, como a circulação dos primeiros grupos humanos.

Ainda no 5º ano, a ênfase está em pensar a diversidade dos povos e das culturas e

suas formas de organização.

A noção de cidadania, com direitos e deveres, e o reconhecimento da

diversidade das sociedades pressupõem uma educação que motive o convívio e o

respeito entre os povos.

Nos Anos Finais do Ensino Fundamental, o conhecimento é ampliado,

necessitando de maior abstração. O 6º ano busca trabalhar a noção de tempo e de

espaço com as primeiras sociedades e a antiguidade clássica. O ano seguinte mostra

as relações entre a América, a África e a Europa. O conceito de modernidade e as

relações ocidente/oriente são apresentadas com vista ao aprofundamento dos

aspectos políticos, econômicos e sociais, não esquecendo de inserir o território

brasileiro nesse contexto.

Page 111: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

111

No 8º ano, busca-se compreender o mundo contemporâneo, com os distintos

olhares do século XIX, procurando valorizar os acontecimentos no Rio Grande do Sul.

O último ano do Ensino Fundamental trabalha com a História do Brasil, a partir da

Proclamação da República até os dias atuais, trazendo em seu cerne a História do

Rio Grande do Sul ao longo de todo esse período.

Por fim, nunca é demais salientar que a BNCC e, por consequência, o

Referencial Curricular Gaúcho e o Municipal, não são currículos sobrepostos, mas um

caminho que deva ser percorrido. Aquilo que é importante para a comunidade escolar

deve ser contemplado no Plano Político Pedagógico e no currículo, mostrando que a

escola é um espaço vivo.

9.10 TURISMO

O Componente Curricular Turismo tem o papel de difundir os conhecimentos

em uma localidade com o intuito de envolver munícipes com sua própria cultura, meio

ambiente e o turismo.

Estudar Turismo no Ensino fundamental possibilita ao jovem estudante ser

um cidadão que valoriza e protege tanto o patrimônio natural quanto o cultural,

preservando o meio ambiente e difundindo a cultura local. Além disso, com o

conteúdo de atendimento e qualidade este recebe noções sobre como ser um bom

anfitrião, assumindo assim um papel de turista consciente responsável pelo ambiente

visitado.

O Mercado de trabalho é promissor, para isso é imprescindível que o jovem

tenha condições de chegar a este preparado.

O componente curricular Turismo, através do estudo da Hospitalidade e do

Bem Receber apresenta ao jovem o mercado de trabalho, ensinando a este regras

básicas de comportamento, perfil profissional e elaboração de Curricullum Vitae.

As aulas de Turismo, também proporcionam ao estudante Saídas de Campo,

que possuem o objetivo principal de integrar os conceitos estudados em aula com a

realidade atual.

No Território de Capão da Canoa, trabalha-se o componente curricular de

Turismo a partir da educação infantil ao 9°(nono) ano do Ensino Fundamental. Dá-se

Page 112: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

112

prioridade ao mês de abril, aniversário do Município. São desenvolvidas as seguintes

habilidades:

Preposições e melhorias para melhor aproveitamento dos recursos turísticos

e culturais, história do município, símbolos do município, limites do município, pontos

turísticos, população, entretenimento, hino, atividades econômicas.

Também é importante ressaltar que questões atuais, principalmente eventos

e questões sociais são abordadas nas aulas de Turismo como forma de situar o

jovem adolescente na realidade vivenciada no dia a dia.

9.11 ÀREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA

Ao longo da história do ensino de Ciências no Brasil identificam-se momentos

que caracterizam as consequências deste ensino no atual cenário da educação.

Considerar estes aspectos históricos remete-nos a obter elementos essenciais para

identificar a trajetória de como chegamos aos conteúdos e objetivos de

aprendizagem; ao entendimento da influência do método científico no método de

ensino e a relação da história e filosofia da ciência com o ensino de Ciências; ao

estudante como sujeito ativo, participativo e com seus conhecimentos espontâneos;

ao letramento científico e a leitura do mundo contemporâneo; ao ensino por

investigação; ao contexto da ciência, tecnologia e sociedade e as consequências

ambientais; entre outras características do processo ensino-aprendizagemem

Ciências.

Por meio dos registros presentes nos documentos orientadores nacionais,

como também vários estudos e pesquisas, é possível perceber este percurso e

identificar os diversos momentos e contextos que caracterizam este ensino.

A introdução do ensino de Ciências no Brasil com foco nos anos iniciais e finais

do Ensino Fundamental é recente, visto que, somente com a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação nº. 5.692, promulgada em 1971, Ciências passou a ter caráter

obrigatório nas oito séries do primeiro grau (hoje, 1º ao 9º ano). Na década de 70, o

projeto nacional da época era o de modernizar e desenvolver o país e nesse

Page 113: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

113

contexto, o ensino de Ciências foi considerado importante componente para

preparação do trabalhador qualificado conforme foi estipulado pela referida Lei.

Atualmente, a constante presença da ciência e da tecnologia no cotidiano das

pessoas, vem interferindo no modo como assuntos referentes a estes temas são

abordados em diferentes espaços da sociedade. Além disso, com os avanços da

ciência, a influência da tecnologia, e as implicações destas na sociedade, é

necessário que a escola oportunize uma formação que permita o acesso à cultura

científico-tecnológica e possibilite ao estudante assumir responsabilidades, refletir e

discutir criticamente acerca da produção, construção social e utilização da tecnologia

no dia a dia conforme seu contexto social.

Na área de Ciências da Natureza, o processo de ensino aprendizagem deve

conduzir o estudante à compreensão de como a ciência e a tecnologia são

produzidas, enfatizando-as como uma forma de obter conhecimento sobre o mundo

em que se oferecem oportunidades para interpretação dos fenômenos naturais, para

estabelecer relações dos seres humanos com o ambiente e com a tecnologia e

assim, compreender os aspectos sobre a evolução e os cuidados da vida humana, da

biodiversidade e do planeta.

A intenção é ampliar a curiosidade dos estudantes, incentivá-los a levantar

hipóteses e se apropriar de conhecimentos sobre os fenômenos físicos e químicos,

sobre os seres vivos e as relações que se estabelecem envolvendo a natureza e a

tecnologia. Nesse sentido questiona-se, como organizar e fundamentar ações

pedagógicas a respeito da área de Ciências da Natureza no Ensino Fundamental que

contribuam para a formação integral do estudante.

O ensino de Ciências, precisa assegurar aos estudantes do Ensino

Fundamental o acesso ao conhecimento produzido e sistematizado pela humanidade,

como também, o acesso a procedimentos e estratégias da investigação científica, na

perspectiva do ensino por investigação. Neste contexto, o próprio documento das

Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de nove anos (BRASIL,

2010), elucida que, a organização do trabalho pedagógico deve levar em conta a

mobilidade e a flexibilização de tempos e espaços escolares, a diversidade de

materiais, o planejamento, as atividades quemobilizem o raciocínio, as atitudes

investigativas, entre outras funções cognitivas.

Page 114: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

114

Portanto, é fundamental possibilitar aos estudantes a vivência de situações de

aprendizagem, para que possam: entender e analisar o contexto vivenciado, propor

problemas, levantar hipóteses, coletar dados, sistematizar o conhecimento por meio

de registros, elaborar conclusões e argumentos com base em evidências,

desenvolver ações de intervenção na melhoria da qualidade de vida individual,

coletiva e socioambiental, aplicando os conhecimentos adquiridos e apropriados por

meio da ação investigativa

Ressalta-se que o ensino por investigação, não deve ser interpretado como

sendo uma única forma de abordagem para o ensino de Ciências, é mais uma

possibilidade de se apropriar do conhecimento e da interpretação sobre o mundo.

Ao docente do Ensino Fundamental cabe, no seu fazer pedagógico, criar

momentos para estabelecer diálogos entre saberes e relações entre a história da

ciência e o componente curricular de Ciências, integrando os conhecimentos

científicos escolares com o desenvolvimento científico-tecnológico ao longo da

história. Além destas relações, também é necessário considerar que o estudante já

possui conhecimentos acumulados de sua vivência, e que a todo momento está

interagindo com o meio e atuando em diferentes situações.

Nesse sentido, o ensino de Ciências por meio de sua organização e

concretização, possibilita ao estudante o acesso ao conhecimento científico

didatizado ao investigar sobre os fenômenos da Natureza e compromete-se com o

desenvolvimento do letramento científico (BRASIL, 2017), que envolve a capacidade

de compreender e interpretar o mundo(natural, social e tecnológico), e assim, permite

ao estudante dispor de conhecimentos científicos e tecnológicos, necessários para se

desenvolver na vida diária, para conhecer as complexas relações entre ciência,

tecnologia e sociedade e assim ser capaz de fazer escolhas conscientes que

envolvam tanto o nível individual, quanto o coletivo e o socioambiental.

Nessa perspectiva, oportuniza-se ao estudante se envolver com questões

socioambientais e tecnológicas, a ponto de conhecer e atuar frente a estes assuntos

em âmbito local e global, ter interesse pela ciência e percebê-la como construção

humana, reconhecendo sua importância para ele e para a sociedade e compreender

sua relação histórica e social.

Page 115: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

115

Neste material, organizam-se Objetos de Conhecimento e Objetivos de Aprendizagem (habilidades), de cada ano do Ensino Fundamental, em três

unidades temáticas. Entendem-se por unidades temáticas aquelas que definem a

organização dos Objetos de Conhecimento que se relacionam aos Objetivos de Aprendizagem (habilidades) ao longo dos nove anos do Ensino Fundamental, de

modo a articular o conhecimento escolar e permitir amplas formas de ver e

compreender o meio de maneira crítica, a partir do entendimento das relações

existentes na realidade.

De acordo com a Base Nacional Comum Curricular - BNCC (BRASIL, 2017), a

unidade temática Matéria e energia contempla o estudo de materiais e suas

transformações, fontes e tipos de energia utilizados na vida em geral, na perspectiva

deconstruir conhecimento sobre a natureza da matéria e os diferentes usos da

energia. A unidade temática Vida e evolução, propõe o estudo de questões

relacionadas aos seresvivos, suas características e necessidades, e a vida como

fenômeno natural e social, os elementos essenciais à sua manutenção e à

compreensão dos processos evolutivos quegeram a diversidade de formas de vida no

planeta. Na unidade temática Terra e Universo, busca-se a compreensão de

características da Terra, do Sol, da Lua e de outros corposcelestes, suas dimensões,

composição, localizações, movimentos e forças que atuam entre eles.

Propõe-se para cada ano, um conjunto de conhecimentos essenciais

apresentados neste documento, a fim de buscar a superação de qualquer

fragmentação ou ruptura dos Objetivos de Aprendizagem (habilidade) no processo

de transição do Ensino Fundamental – anos iniciais e finais e, desse modo, ao

término da etapa de ensino, o estudante terá um percurso contínuo de aprendizagem.

Por meio do planejamento e da ação pedagógica docente é possível superar a

fragmentação dos conteúdos escolares com a integração das unidades temáticas,

estabelecendo uma articulação entre os Objetos de Conhecimento e os Objetivosde Aprendizagem (habilidades). Entende-se que, em cada unidade temática,os

objetivos de aprendizagem (habilidades), podem ser desdobrados e abordados pelos

professores em função dos contextos regionais, culturais, econômicos e

socioambientais.

Page 116: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

116

A fim de contribuir para a organização e reelaboração das Propostas

Pedagógicas Curriculares da Educação Básica das redes de ensino de Capão da

Canoa apresentam-se os Objetos de Conhecimento e os Objetivos de Aprendizagem (habilidades) que se articulam com as unidades temáticas de

Ciências, por meio do organizador curricular, considerando o aprendizado necessário

para cada ano do Ensino Fundamental.

9.12 ÀREA DE MATEMÁTICA

O Referencial Curricular Municipal do Território de Capão da Canoa, no que

tangencia a Área de Matemática para o Ensino Fundamental, ao alinhar-se à Base

Nacional Comum Curricular e o Referencial Curricular Gaúcho, reafirma o

compromisso com a formação humana integral e reconhece que o conhecimento

matemático se faz necessário a todos os estudantes, seja pela sua aplicabilidade na

sociedade contemporânea, seja pelas suas potencialidades para a formação de

cidadãos críticos, cientes de suas responsabilidades sociais. Busca através da

formação do pensamento matemático, focar na superação da visão compartimentada

que privilegia a memorização de fatos e técnicas, comprometendo-se com a

aprendizagem relacionada com a compreensão de fenômenos, a construção de

representações significativas e argumentações consistentes nos mais variados

contextos, inclusive no contexto da própria matemática.

É consenso no meio educacional e social a ideia de que a Matemática é uma

construção humana que, além da quantificação de fenômenos determinísticos –

contagem, medições de objetos, grandezas – e aplicação de técnicas de cálculo com

números e grandezas, estuda também os fenômenos de caráter aleatório, ou seja,

preocupa-se com os fenômenos do campo da incerteza. É uma das áreas do

conhecimento capaz de criar sistemas abstratos, que organizam e inter-relacionam

fenômenos do espaço, do movimento, das formas e dos números, associados ou não

ao mundo físico, social e cultural. Nesse sentido, pode-se afirmar que, apesar da

Matemática ser considerada uma ciência hipotético-dedutiva, por suas

demonstrações se apoiarem em axiomas e postulados, é relevante destacar o papel

heurístico das experimentações para a aprendizagem da Matemática.

Page 117: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

117

A Matemática, além de desempenhar um papel formativo, na medida em que

possibilita o desenvolvimento dos diversos tipos de raciocínio (lógico, dedutivo,

indutivo, relacional, processual etc.), usados na realização de diferentes atividades,

desde a observação, a análise, a formulação e a testagem de hipóteses, até a

validação desses raciocínios e a construção de provas e demonstrações

matemáticas, desempenha também o papel instrumental, que é utilitário e visa a

resolução de problemas em situações de diversos contextos do cotidiano, de outras

áreas de conhecimento, além da própria matemática.

Considerando o papel instrumental da matemática, é importante salientar que a

contextualização matemática transposta da vida cotidiana para as situações de

aprendizagem, resulta na elaboração de saberes intermediários, permitindo ao

estudante maiores possibilidades de compreender os motivos pelos quais estuda um

determinado conteúdo, dando significado a estes. Desta forma, a contextualização

pode ser considerada um dos meios para desenvolver a capacidade de

argumentação e conexão de ideias, permitindo ultrapassar o processo de aplicação

de técnicas e compreensão, para entender fatores externos aos que normalmente

são explicitados, de modo a que o objeto de conhecimento matemático possa ser

compreendido dentro do panorama histórico de ordem social e cultural.

Em consonância com as competências e habilidades que definem o letramento

matemático e em articulação com as competências gerais da BNCC (2017) que

norteiam as aprendizagens, a área de Matemática e, por consequência, o

componente curricular de Matemática devem garantir aos estudantes do Ensino

Fundamental, tanto da etapa I como da etapa II, o desenvolvimento das seguintes

competências específicas:

• RECONHECER que a Matemática é uma ciência humana, fruto das necessidades e

preocupações de diferentes culturas, em diferentes momentos históricos e é uma

ciência viva, que contribui para solucionar problemas científicos e tecnológicos e para

alicerçar descobertas e construções, inclusive no mundo do trabalho.

• DESENVOLVER o raciocínio lógico, o espírito de investigação e a capacidade de

produzir argumentos convincentes, recorrendo aos conhecimentos matemáticos para

compreender e atuar no mundo.

Page 118: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

118

• COMPREENDER AS RELAÇÕES entre conceitos e procedimentos dos diferentes

campos da Matemática (Aritmética, Álgebra, Geometria, Estatística e Probabilidade) e

de outras áreas do conhecimento, sentindo segurança quanto à própria capacidade

de construir e aplicar conhecimentos matemáticos, desenvolvendo a auto estima e a

perseverança na busca de soluções.

• FAZER OBSERVAÇÕES sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitativos

presentes nas práticas sociais e culturais, de modo a investigar, organizar,

representar e comunicar informações relevantes, para interpretá-las e avaliá-las

crítica e eticamente, produzindo argumentos convincentes.

• UTILIZAR processos e ferramentas matemáticas, inclusive tecnologias digitais

disponíveis, para modelar e resolver problemas cotidianos, sociais e de outras áreas

de conhecimento, validando estratégias e resultados.

• ENFRENTAR situações-problema em múltiplos contextos, incluindo-se situações

imaginadas, não diretamente relacionadas com o aspecto prático-utilitário, expressar

suas respostas e sintetizar conclusões, utilizando diferentes registros e linguagens

(gráficos, tabelas, esquemas), além de texto escrito na língua materna e outras

linguagens para descrever algoritmos, como fluxogramas e dados.

• DESENVOLVER e/ou discutir projetos que abordem, sobretudo, questões de

urgência social, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e

solidários, valorizando a diversidade de opiniões de indivíduos e de grupos sociais,

sem preconceito de qualquer natureza.

• INTERAGIR com seus pares de forma cooperativa, trabalhando coletivamente no

planejamento e desenvolvimento de pesquisas para responder a questionamentos e

na busca de soluções para problemas, de modo a identificar aspectos consensuais ou

não na discussão de uma determinada questão, respeitando o modo de pensar dos

colegas e aprendendo com eles. Com a intencionalidade de garantir o

desenvolvimento destas oito competências específicas e assegurar o direito à

aprendizagem dos conhecimentos matemáticos considerados essenciais para a

formação humana integral e, ainda, com objetivo de orientar as escolas na

organização de sua Proposta Político Pedagógico e, por consequência no

planejamento do trabalho em sala de aula, o Referencial Curricular Gaúcho, seguindo

as premissas da BNCC (2017), propõe ao componente curricular de Matemática um

Page 119: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

119

conjunto de habilidades relacionadas aos diferentes objetos de conhecimentos, aqui

entendidos como:

– conteúdos, conceitos e processos – que por sua vez, são organizados em unidades

temáticas, sendo elas: Números, Geometria, Álgebra, Grandezas e Medidas e

Probabilidade e Estatística.

A Matemática como componente curricular específico da Área do

Conhecimento Matemático, abrange os diferentes campos que a compõe,

considerando suas linguagens, práticas, conceitos, processos e formas de pensar,

que se mantém em construção ao longo da história.

O conhecimento matemático reúne um conjunto de ideias fundamentais que se

articulam entre si, perpassando e integrando as unidades temáticas. Dentre as ideias

fundamentais da matemática, destacam-se: a equivalência, a ordem, a

proporcionalidade, a interdependência, a representação, a variação e a aproximação,

que segundo a BNCC (2017), são ideias importantes para o desenvolvimento do

pensamento matemático dos estudantes, podendo se converter, na escola, em

objetos do conhecimento, estabelecendo conexões naturais tanto entre os objetos do

conhecimento matemático, como entre as temáticas que contextualizam o currículo

escolar, no decorrer dos nove anos do Ensino Fundamental.

Nessa perspectiva, as unidades temáticas se apresentam correlacionadas e

orientam a formulação das habilidades a serem desenvolvidas no decorrer de ano a

ano do Ensino Fundamental. Apresentam características específicas que, articuladas

com as demais unidades e áreas do conhecimento, permitem o desenvolvimento

humano integral do sujeito. Destaca-se a seguir algumas ênfases de cada unidade

temática, considerando a temporalidade de escolarização.

A unidade temática Números, tem como finalidade desenvolver o pensamento

numérico, que implica o conhecimento de maneiras de quantificar atributos de objetos

e de julgar e interpretar argumentos baseados em quantidades. No processo da

construção da noção de número, os estudantes precisam desenvolver, entre outras,

as ideias de aproximação, proporcionalidade, equivalência e ordem, noções

fundamentais da Matemática. Para essa construção, é importante propor, por meio de

situações significativas, sucessivas ampliações dos campos numéricos. No estudo

desses campos numéricos, devem ser enfatizados registros, usos, significados e

Page 120: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

120

operações. No Ensino Fundamental – Anos Iniciais, a expectativa em relação a essa

temática é que os estudantes resolvam problemas com números naturais e números

racionais cuja representação decimal é finita, envolvendo diferentes significados das

operações, argumentem e justifiquem os procedimentos utilizados para a resolução e

avaliem a plausibilidade dos resultados encontrados. Em relação aos cálculos,

espera-se que os alunos desenvolvam diferentes estratégias para obtenção dos

resultados, como: estimativa, cálculo mental, algoritmos e uso de calculadoras. Com

referência ao Ensino Fundamental – Anos Finais, a expectativa é de que os

estudantes resolvam problemas com números naturais, inteiros e racionais,

envolvendo as operações fundamentais, com seus diferentes significados e,

utilizando estratégias diversas, com compreensão dos processos neles envolvidos.

Os estudantes devem dominar o cálculo de porcentagens, porcentagem de

porcentagem, de juros, de descontos e acréscimos, bem como os conceitos de

economia e finanças, visando a educação financeira.

A unidade temática Álgebra, tem como finalidade o desenvolvimento de um

tipo especial de pensamento – pensamento algébrico – que é essencial para utilizar

modelos matemáticos na compreensão, representação e análise de relações

quantitativas de grandezas e, também, de situações e estruturas matemáticas,

fazendo uso de letras e outros símbolos. Para esse desenvolvimento, é necessário

que os estudantes identifiquem regularidades e padrões de sequências numéricas e

não numéricas, estabeleçam leis matemáticas que expressem a relação de

interdependência entre grandezas em diferentes contextos, bem como criar,

interpretar e transitar entre as diversas representações gráficas e simbólicas, para

resolver problemas por meio de equações e inequações, com compreensão dos

procedimentos utilizados. As ideias matemáticas fundamentais vinculadas a essa

unidade são: equivalência, representação, variação, interdependência e

proporcionalidade. Nessa perspectiva, é imprescindível que algumas dimensões do

trabalho com a álgebra estejam presentes nos processos de ensino e aprendizagem

desde o Ensino Fundamental – Anos Iniciais, como as ideias de regularidades,

generalização de padrões e propriedades da igualdade. No Ensino Fundamental –

Anos Finais, os estudantes devem compreender os diferentes significados das

variáveis numéricas em uma expressão, estabelecer uma generalização de uma

Page 121: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

121

propriedade, investigar a regularidade de uma sequência numérica, indicar um valor

desconhecido em uma sentença algébrica e estabelecer a variação entre duas

grandezas. Como a álgebra mantém estreita relação com o pensamento

computacional, cumpre salientar a importância dos algoritmos e de seus fluxogramas,

como uma sequência finita de procedimentos que permite resolver um determinado

problema. A unidade temática Geometria, preocupa-se com o estudo de posição e

deslocamentos no espaço, formas e relações entre elementos de figuras planas e

espaciais o que leva ao desenvolvimento do pensamento geométrico dos estudantes.

Esse pensamento é necessário para investigar propriedades, fazer conjecturas e

produzir argumentos geométricos convincentes. Destaca-se o aspecto funcional que

deve estar presente no estudo da geometria, mais especificamente as

transformações geométricas (simetria). As ideias matemáticas fundamentais

associadas a essa temática são: a construção, a representação, a variação e a

interdependência. No Ensino Fundamental – Anos Iniciais, espera-se que os alunos

identifiquem e estabeleçam pontos de referência para a localização e o deslocamento

de objetos, construam representações de espaços conhecidos e estimem distâncias,

usando, como suporte, mapas (em papel, tablets ou smartphones), croquis ou outras

representações. Em relação às formas, espera-se que os estudantes indiquem

características das formas geométricas tridimensionais e bidimensionais, associem

figuras espaciais e suas planificações e vice-versa.

Espera-se, também, que nomeiem e comparem polígonos, por meio de

propriedades relativas aos lados, vértices e ângulos. O estudo das simetrias deve ser

iniciado por meio da manipulação de representações de figuras geométricas planas

em quadriculados ou no plano cartesiano e com recursos de softwares de geometria

dinâmica. No Ensino Fundamental – Anos Finais, o ensino de Geometria precisa ser

visto como consolidação das aprendizagens já realizadas. Devem realizar tarefas que

analisam e produzem transformações e ampliações/reduções de figuras geométricas

planas, identificando os elementos variantes e invariantes, visando conceitos de

congruência e semelhança, conceitos essenciais para reconhecer as condições

necessárias e suficientes para obter triângulos congruentes ou semelhantes e realizar

demonstrações simples, que desenvolvem o raciocínio hipotético-dedutivo. Outro

ponto a destacar, é a aproximação entre a álgebra e a geometria, com as

representações no plano cartesiano, através de ponto e retas, até o sistema de

equações do primeiro grau.

Page 122: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

122

A unidade temática Grandezas e Medidas propõe o estudo das medidas e das

relações entre elas, favorecendo a integração da Matemática a outras áreas de

conhecimento, tendo como ideias fundamentais a equivalência, proporcionalidade,

representação, interdependência, variação e aproximação. No Ensino Fundamental –

Anos Iniciais, a expectativa é que os estudantes reconheçam que medir é comparar

grandezas com uma unidade e expressar o resultado da comparação por meio de um

número. Sugere-se o uso de unidades não convencionais para fazer as comparações

e medições, o que dá sentido à ação de medir, evitando a ênfase em procedimentos

de transformação de unidades convencionais. No Ensino Fundamental

– Anos Finais, a expectativa é a de que os estudantes reconheçam

comprimento, área, volume e abertura de ângulo como grandezas associadas a

figuras geométricas e que consigam resolver problemas envolvendo essas grandezas

com o uso de unidades de medida padronizadas mais usuais. Além disso, espera-se

que estabeleçam e utilizem relações entre essas grandezas e entre elas e grandezas

não geométricas, tais como: densidade, velocidade, energia, potência, entre outros.

Outro ponto a ser destacado refere-se à introdução de medidas de capacidade de

armazenamento de computadores como grandeza associada a demandas da

sociedade moderna. Nesse caso, é importante destacar o fato de que os prefixos

utilizados para byte (quilo, mega, giga) não estão associados ao sistema de

numeração decimal, de base 10.

Na unidade temática Probabilidade e Estatística, são estudados a incerteza e o

tratamento de dados/informações. Ela propõe a abordagem de conceitos, fatos e

procedimentos presentes em muitas situações-problema da vida cotidiana, das

ciências e da tecnologia. Assim, todos os cidadãos precisam desenvolver habilidades

para coletar, organizar, representar, interpretar e analisar dados em uma variedade

de contextos, de maneira a fazer julgamentos bem fundamentados e tomar as

decisões adequadas. Isso inclui raciocinar e utilizar conceitos, representações e

índices estatísticos para descrever, explicar e predizer fenômenos. As ideias

fundamentais da Matemática associadas à Probabilidade e Estatística são a variação,

a interdependência, a ordem, a representação, a equivalência, entre outras. A

finalidade no Ensino Fundamental – Anos Iniciais, é promover a compreensão de que

nem todos os fenômenos são determinísticos. Para isso, o início da proposta de

trabalho com probabilidade está concentrado no desenvolvimento da noção de

Page 123: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

123

aleatoriedade, de modo que os estudantes compreendam que há eventos certos,

eventos impossíveis e eventos prováveis. No Ensino Fundamental – Anos Finais, o

estudo deve ser ampliado e aprofundado, por meio de atividades nas quais os

estudantes façam experimentos aleatórios e simulações para confrontar os resultados

obtidos. Espera-se, também, que tenham habilidades de planejar e construir relatórios

de pesquisas estatísticas descritivas, incluindo medidas de tendência central,

construção de tabelas e diversos tipos de gráficos. Nesse planejar, inclui-se a

definição de questões relevantes ao tema e da população a ser pesquisada, definindo

se o estudo é populacional ou amostral e quando necessário definir a técnica de

amostragem adequada. Com relação à estatística, os primeiros passos envolvem o

trabalho com a coleta e a organização de dados de uma pesquisa de interesse dos

estudantes. A leitura, a interpretação e a construção de tabelas e gráficos têm papel

fundamental, bem como a forma de produção de texto escrito para a comunicação de

dados.

Cumpre-se destacar que em todas as unidades temáticas, a delimitação dos

objetos de conhecimento e das habilidades considera que as noções matemáticas

são retomadas, ampliadas e aprofundadas ano a ano da escolaridade.

A compreensão do papel que determinada habilidade representa, no conjunto

das aprendizagens demanda, a compreensão de como ela se conecta com

habilidades dos anos anteriores, o que leva à identificação das aprendizagens já

consolidadas, e em que medida o trabalho para o desenvolvimento da habilidade em

questão serve de base para as aprendizagens posteriores. Portanto, a definição das

habilidades e a progressão ano a ano se baseia na compreensão e utilização de

novas ferramentas e na complexidade das situações-problema propostas, cuja

resolução exige a execução de mais etapas ou noções de unidades temáticas

distintas. Nesse sentido, faz-se necessária uma leitura não fragmentada e vertical,

objetivando identificar como foi estabelecida a articulação entre os objetos de

conhecimento e progressão das habilidades indicadas.

Salienta-se que o desenvolvimento do conjunto de habilidades apresentado

neste referencial, está intrinsecamente relacionado às formas de organização da

aprendizagem matemática, com base na análise de situações da vida cotidiana, de

outras áreas do conhecimento e da própria Matemática, abrindo espaço para que a

escola mobilize os objetos de conhecimento matemático, a fim de que o estudante

Page 124: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

124

tenha competência na resolução de problemas relacionados aos temas transversais,

como: meios de produção, economia, pluralidade cultural, segurança, educação

alimentar e nutricional, educação financeira, tecnologias digitais, meio ambiente,

dentre outros, de maneira que o leve a protagonizar as transformações da sua

realidade local, regional e global.

Nessa lógica, o professor como mediador do processo educativo, ao planejar

sua prática pedagógica, deve considerar que, para aprendizagem de conceito ou

procedimento matemáticos é fundamental diversificar as estratégias, os recursos

didáticos, entre eles os tecnológicos, os jogos, os desafios, considerando que as

escolhas metodológicas devem proporcionar um contexto significativo para os

estudantes. De acordo com o que apontam documentos curriculares recentes e em

consonância com BNCC (2017), os processos matemáticos de resolução de

problemas, de investigação, de desenvolvimento de projetos e da modelagem podem

ser citados como formas privilegiadas da atividade matemática, motivo pelo qual são,

ao mesmo tempo, objeto e estratégia para a aprendizagem ao longo de todo o Ensino

Fundamental. Esses processos de aprendizagem são potencialmente ricos para o

desenvolvimento de competências fundamentais para o letramento matemático

(raciocínio, representação, comunicação e argumentação) e para o desenvolvimento

do pensamento computacional.

Com o intuito de garantir as unidades temáticas citadas e seus respectivos

direitos de aprendizagem, o quadro organizador curricular das etapas I e II do Ensino

Fundamental contendo a unidade temática, o objeto de conhecimento, as habilidades

constam nos cadernos das áreas. Cabe destacar que as habilidades foram

construídas a partir da BNCC Nacional e a Gaúcha.

Page 125: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

125

10 EDUCAÇÃO INFANTIL

A EDUCAÇÃO INFANTIL NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

A partir da homologação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a

Educação Infantil, apresenta-se o desafio da elaboração de um documento de

orientação às instituições de ensino que ofertam essa etapa da Educação Básica,

incorporando as determinações legais do documento normativo e respeitando as

características do Território Gaúcho.

Concorrem para esta elaboração se constituir em desafio fatores como a

diversidade sociocultural e estrutural dos municípios, das redes e dos sistemas de

ensino e seus diferentes projetos para atendimento das crianças de 0 a 5 anos nas

escolas de Educação Infantil. No entanto, um dos fatores comuns a todos é o

compromisso de atender, com qualidade, a ampliação da oferta da Educação Infantil

instituída na Meta 1 do Plano Estadual de Educação.

Nesse sentido, a BNCC avança como elemento de interlocução entre os

Sistemas Municipais, a rede estadual e as redes privadas que buscam a melhoria da

qualidade na Educação Infantil, promovendo a equidade das práticas pedagógicas

apoiadas nos direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento. Para isso, é

importante que os sistemas e redes de ensino e as instituições escolares organizem

seus planejamentos com foco no reconhecimento das necessidades dos estudantes,

levando em conta suas diferenças e priorizando o acesso, permanência e sucesso de

todos os alunos, independentemente de sua condição.

Um dos indicadores de qualidade é a existência, em cada instituição, de um

projeto político pedagógico elaborado e revisado constantemente pelos profissionais

Page 126: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

126

que nela atuam, considerando “as orientações legais vigentes e [...] os

conhecimentos já acumulados a respeito da educação infantil” (BRASIL, 2009, p. 37).

É no Projeto Político Pedagógico que se consolida o currículo e se definem as

especificidades para o trabalho articulado entre o cuidar e o educar inerente à

Educação Básica.

Os Projetos Políticos Pedagógicos da Educação Infantil, desde 2009,

orientadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEIs),

estabelecidas pela Resolução nº 5/2009 – CNE/CEB devem ter como seus eixos

norteadores as interações e a brincadeira. “Essas crianças podem construir e

apropriar-se de conhecimentos por meio de suas ações e interações com seus pares

e com os adultos, o que possibilita aprendizagens, desenvolvimento e socialização”

(BRASIL, 2017, p. 35).

Brincadeiras e interações acontecem diariamente entre as crianças e

representam o direito à infância, a viver e crescer em um ambiente lúdico e prazeroso

que lhes proporcione segurança e confiança. Mas, isso não significa que esses

momentos dispensem a necessidade de intencionalidade e planejamento da prática

pedagógica, pois os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento se tornam mais

complexos ou diferentes em cada faixa etária. Nesse sentido, é importante planejar

considerando as singularidades e o direito de aprender de todos.

Além dos eixos interações e a brincadeira, a Base Nacional Comum Curricular,

compreendendo a criança por inteiro – corpo, mente e emoções, aponta a

importância de conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se como

direitos essenciais de aprendizagem e desenvolvimento. A estruturação dos

currículos prevista na Base Nacional Comum Curricular com uma organização em

campos de experiência reafirma as DCNEIs, em especial o seu artigo 3º:

O currículo da Educação Infantil é concebido como um conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de idade. (BRASIL, 2009, p.1).

Page 127: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

127

Os objetivos de aprendizagem estão organizados em cinco campos de

experiências: O eu, o outro e o nós; Corpo, gestos e movimentos; Traços, sons, cores

e formas; Escuta, fala, pensamento e imaginação; e Espaços, tempos, quantidades,

relações e transformações. Esses campos “constituem um arranjo curricular que

acolhe as situações e as experiências concretas da vida cotidiana das crianças e

seus saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio

cultural” (BRASIL, 2017, p.38). Essa é uma forma de fortalecer a Educação Infantil

com a sua especificidade no trabalho educativo, não confundindo com práticas

antecipatórias e preparatórias, que pouco contribua para o processo formativo da

criança.

Na sua estruturação, a Base Nacional Comum Curricular define agrupamentos

para as crianças em três fases, sendo estas: bebês, crianças bem pequenas e

crianças pequenas. Essas fases consideram a proximidade dos objetivos, “que

correspondem, aproximadamente, às possibilidades de aprendizagem e às

características do desenvolvimento das crianças”. (BRASIL, 2017, p. 42).

Partindo das premissas da Base Nacional Comum Curricular sobre os eixos

integradores, os direitos essenciais de aprendizagem e desenvolvimento, os campos

de experiências e a estruturação dos currículos, se pautam a elaboração do

Referencial Curricular: princípios, direitos e orientações. O documento está

organizado em cinco seções, nas quais e se apresentam: Considerações históricas

da Educação Infantil, Princípios básicos da Educação Infantil e os direitos de

aprendizagem, Concepções norteadoras do trabalho pedagógico na Educação

Infantil, Articulação entre Educação Infantil e Ensino Fundamental e Organizador

Curricular.

Desta forma, em função da relevância de contextualizar a Educação Infantil,

inicia-se com uma breve retomada da sua história no Brasil, desde os Jardins da

Infância iniciados ao final do século XIX, até sua inserção na Educação Básica.

Observa se que seu reconhecimento enquanto direito das crianças e das famílias é o

resultado de intensas lutas sociais pela sua inclusão nas legislações e nas políticas

públicas brasileiras.

Page 128: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

128

Em seguida, são apresentados os princípios básicos da Educação Infantil

segundo as DCNEIs, demonstrando a articulação destes com os direitos de

aprendizagem estabelecidos na Base Nacional Comum Curricular. A concepção de

criança que pauta o documento é apresentada na sequência. Os tópicos seguintes

seguem a estrutura da Base Nacional Comum Curricular apresentada anteriormente,

trazendo os eixos interações e a brincadeira inserida nos campos de experiências.

A necessária articulação entre as etapas Educação Infantil e Ensino

Fundamental são abordados buscando incentivar as redes e instituições quanto ao

planejamento de ações para tornar essa transição adequada, garantindo o direito de

infância. Isso significa que é preciso evitar rupturas nesse processo, privilegiando a

relação e diálogo entre as etapas envolvidas, tanto na elaboração dos currículos,

como em sua prática.

O organizador curricular é apresentado na sequência, trazendo os objetivos

estabelecidos pela Base Nacional Comum Curricular enriquecido com

desdobramentos, tornando-os mais específicos para cada idade que compõe os

agrupamentos. A opção de estabelecer objetivos por idade, e não pelos

agrupamentos indicados na Base Nacional Comum Curricular, está pautada na

autonomia das redes e sistemas de ensino quanto à formação das turmas.

Outra característica presente no organizador curricular é a inclusão de

“saberes e conhecimentos” como elementos que, associados aos campos, aglutinam

uma série de objetivos próximos e marcam a intencionalidade das práticas docentes

que oportunizam a construção de “sentidos sobre a natureza e a sociedade,

produzindo cultura” (BRASIL, 2009, p.1).

Finalmente, é importante descrever o caminho percorrido e a sistemática da

elaboração do Referencial Curricular Gaúcho para a etapa da Educação Infantil. Por

determinação do Ministério da Educação (MEC) através da Portaria nº 331/2018 –

SEB/MEC, cabe ao Estado, em regime de colaboração com os Municípios, a

implementação da Base Nacional Comum Curricular no território Gaúcho segundo os

critérios estabelecidos na mesma. Assim, constituiu-se o Comitê Executivo Estadual e

a Assessoria Técnica Estadual para implementação da Base Nacional Comum

Page 129: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

129

Curricular, cujas funções foram, dentre outras, indicar e orientar um grupo de

especialistas em Educação Infantil para redigir a versão preliminar.

Esta versão, posta em consulta pública e também objeto de estudo de eventos

de formação continuada das redes de ensino, recebeu contribuições dos educadores

e da comunidade se tornando um documento representativo das aspirações e

necessidades da Educação Infantil no Estado do Rio Grande do Sul, inclusive com

oportunidade de rever as questões relacionadas à inclusão, igualdade, diversidade e

equidade, as quais devem permear todo o trabalho. Toda prática pedagógica

desenvolvida na Educação Infantil deve considerar a identificação das necessidades

educacionais especiais dos estudantes, bem como as intervenções necessárias em

ambiente de ensino para o atendimento de todos os alunos.

Dessa maneira, a Base Nacional Comum Curricular e o Referencial Curricular

Gaúcho, além de trazerem a obrigatoriedade da elaboração ou reorganização

curricular, recolocam na pauta das políticas públicas a discussão sobre a infância e

sobre a necessidade de aprofundamento dos fundamentos e concepções que

amparam as práticas pedagógicas na Educação Infantil.

Page 130: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

130

11 CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL

A compreensão da historicização da Educação Infantil revela-se como aspecto

importante a ser considerado nos estudos que se dedicam à construção de propostas

de trabalho pedagógico para esta etapa, visto que ao longo dos anos diferentes

concepções acerca da criança, de sua aprendizagem e de seu desenvolvimento

foram se constituindo histórica e socialmente. Estas concepções tanto servem de

base como influência para as práticas pedagógicas na Educação Infantil, bem como

para as políticas educacionais atuais.

De acordo com Oliveira (2012), na segunda metade do século XIX devida à

abolição da escravatura, a migração de grande parte da população da zona rural para

a zona urbana, e as altas taxas de mortalidade infantil, apareceu às primeiras

intenções em se criar espaços para atendimento às crianças. Estas primeiras

iniciativas de caráter assistencialista surgem com o objetivo de combate à pobreza,

sendo consideradas pelo poder legislativo, como ato de caridade. Por volta de 1875,

por influência européia, surgiram os primeiros “Jardins da Infância” promovidos pela

iniciativa privada e só por volta de 1896 é que foram criados os primeiros espaços

públicos para atendimento à infância.

É possível constatar que a Educação Infantil, já nesta época, surge com

características diferentes relacionadas à classe social das crianças, em que o ato de

cuidar e de educar eram dissociados, sendo o primeiro destinado às crianças pobres

caracterizada, segundo Oliveira (2012) por uma educação compensatória. Por sua

vez, o segundo seria destinado para as crianças da classe dominante (BRASIL,

2009).

Segundo Oliveira (2012), no início do século XX há o aumento da urbanização

acentuado pelo processo de industrialização, muitas mulheres ingressam no mercado

de trabalho e a grande exploração imposta pelo capitalismo aos operários, impulsiona

movimentos reivindicatórios.

Page 131: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

131

Concomitante a isso, os problemas com a falta de saneamento básico e de

infra-instrutora em muitas cidades, trazem implicações à saúde pública, gerando

grandes epidemias. Assim, por volta de 1920, surgem as primeiras creches como

uma forma de solução para problemas sociais de mães que tinham filhos e

precisavam trabalhar ao mesmo tempo em que se traduzem em medidas de

prevenção de doenças e possíveis epidemias.

Em 1943 há um grande aumento na procura por creches, sendo este o

resultado da consolidação das leis trabalhistas e consequente aumento da

participação da mulher no mercado de trabalho (OLIVEIRA, 2012).

O reconhecimento das creches e pré-escolas como um direito social, ocorre

somente com a promulgação da Constituição Federal de 1988, na qual a Educação

Infantil passa a ser assegurada pelo Estado. A este fato deve-se o início da

construção de uma nova identidade, seja de caráter assistencial ou preparatório para

as etapas posteriores de escolarização (BRASIL, 2009).

Este período marca o início de um processo, ainda que embrionário, de uma

valorização do trabalho pedagógico na Educação Infantil, em que apareceram, ao

mesmo tempo, projetos políticos pedagógicos mais sistematizados e discussões

sobre a preocupação com a saúde da criança. A Carta Magna traz um conjunto de

direitos sociais até então esquecidos pelo poder público, passando a ficar em

evidência o reconhecimento do direito da criança à educação e o dever do Estado na

garantia do seu cumprimento. Isso representa uma mudança significativa no

entendimento sobre o que uma instituição de Educação Infantil pode/deve oferecer às

crianças, considerando também seus familiares (OLIVEIRA, 2012).

De acordo com Barbosa e Ritcher (2015), com a aprovação da Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional em 1996 (LDBEN/96), e a inserção da

Educação Infantil como primeira etapa da Educação Básica, houve a possibilidade de

uma grande expansão de creches e pré-escolas. A partir daí políticas públicas

educacionais passam a ser definidas para essa etapa e há uma continuidade no

processo de reflexão sobre a sua função.

Page 132: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

132

Neste percurso, é possível identificar que a Educação Infantil é recente dentro

da história da educação brasileira e faz parte de um contexto de luta de classes cuja

função vem passando por diferentes mudanças. Esse marcos histórico permite o

entendimento de muitas questões peculiares que ainda vêm sendo debatidas, como,

por exemplo, a relação entre cuidar e educar e o condicionamento de um local para

“deixar” as crianças que permite o trabalho de seus pais.

Nesse sentido, definir as características e os princípios básicos da Educação

Infantil, considerando a legislação vigente e os avanços das produções teóricas a

respeito das singularidades das crianças, seu desenvolvimento, aprendizagens e

necessidades, significa avançar no entendimento da criança como sujeito de direitos.

12 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL E OS DIREITOS DA APRENDIZAGEM

Conforme o Parecer nº 20/2009 - CNE/CEB, (BRASIL, 2009 p. 4) que revisa as

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEIs) de 1999 e

embasa as novas diretrizes estabelecidas pela Resolução nº 5/2009 - CNE/CEB, as

unidades de Educação Infantil, constituem-se em um espaço organizado

intencionalmente em que são considerados “[...] critérios pedagógicos, o calendário,

horários e as demais condições [...]” que garantam seu funcionamento.

Assim, por seu caráter educativo atrelado à exigência de formação mínima e

específica dos profissionais e ao fato de estar submetida a legislações que regulam

seu credenciamento e funcionamento, a Educação Infantil como primeira etapa da

Educação Básica deve seguir os princípios estabelecidos nas suas diretrizes, os

quais são definidos no artigo 6º:

As propostas pedagógicas de Educação Infantil devem respeitar os seguintes princípios: I – Éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e singularidades. II – Políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática. III – Estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão nas diferentes

Page 133: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

133

manifestações artísticas e culturais (BRASIL, 2009, p. 2).

São princípios que se complementam e expressam uma formação

fundamentada na integralidade do ser humano, que precisa apropriar-se dos sentidos

éticos, políticos e estéticos na construção da sua identidade pessoal e social. Esses

princípios estão vinculados à Base Nacional Comum Curricular por meio da definição

de seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento, os quais pretendem assegurar.

As condições para que as crianças aprendam em situações nas quais possam desempenhar um papel ativo em ambientes que as convidem a vivenciar desafios e a sentirem-se provocadas a resolvê-los, nas quais possam construir significados sobre si, os outros e o mundo social e natural (BRASIL, 2017,p. 35).

Os direitos de conhecer-se e de conviver relacionam-se aos princípios éticos,

os direitos de expressar e de participar partem dos princípios políticos e os direitos de

brincar e de explorar contemplam os princípios estéticos.

Page 134: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

134

12.1 PRINCÍPIOS ÉTICOS

Os princípios éticos estão relacionados às ações e às relações estabelecidas

com e entre as crianças, com e entre os adultos das unidades de Educação Infantil

também com seus familiares, com experiências e vivências de responsabilidade,

solidariedade e respeito. Neste sentido, é preciso intencionalidade na organização do

trabalho pedagógico, partindo de saberes e conhecimentos que garantam a

participação e expressão das crianças, de modo a promover a sua autonomia.

Isso implica considerar no percurso da aprendizagem e do desenvolvimento a

afetividade e os vínculos estabelecidos pelas crianças, de modo que estes promovam

uma autoestima positiva, bem como uma construção afirmativa de identidade do seu

grupo social.

Nesse processo, a criança tem a possibilidade de conhecer-se, conhecer ao

outro e conviver na diversidade étnico-racial, cultural, regional, religiosa, dentre

outras, respeitando o ser humano e os espaços em que vivem. Experiências que

promovam o autocuidado, o respeito ao próximo e ao meio ambiente estão

associadas aos seguintes direitos expressos na Base Nacional Comum Curricular:

Page 135: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

135

Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário.

Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas (BRASIL, 2017, p.36).

12.2 PRINCÍPIOS POLÍTICOS

A ideia de cidadania, de criticidade e de democracia ligada aos princípios

políticos, embora complexa, é construída nas experiências e vivências em que a

criança tem oportunidade de se expressar e de participar. Estão associados à função

da educação enquanto formadora de cidadãos críticos, que considerem o coletivo e o

individual, o que implica se identificar enquanto sujeito ativo, que está inserido em

uma sociedade podendo transformá-la. Assim, as crianças devem desde bem

pequenas aprender a ouvir e respeitar a opinião do próximo, podendo também se

manifestar relatando acontecimentos, sentimentos, idéias ou conflitos.

Na Base Nacional Comum Curricular aparecem os direitos de:

Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens.

Participarativamente, com adultos e outras infantil e também com as crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando (BRASIL, 2017, p. 36).

Page 136: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

136

12.3 PRINCÍPIOS ESTÉTICOS

A estética diz respeito à formação da sensibilidade capaz de apreciar e elevar

a imaginação e permitir a criação, capacidades importantes para o desenvolvimento

integral da criança. As práticas pedagógicas devem conduzir ao contato e à

aprendizagem sobre as especificidades expressas em diferentes tipos de

manifestações artísticas e culturais. Para isso a criança deve vivenciar experiências

diversas, que estimulem sua sensibilidade e valorizem seu ato criador. Desta forma,

por meio de sensações, que devem ser as mais diversificadas possíveis, as crianças

desenvolvem sua percepção que consequentemente contribui para se tornarem

criativas.

Muitas brincadeiras são manifestações culturais e artísticas próprias da

infância e permitem a expressão da liberdade e da ludicidade. A brincadeira é uma

forma de interação e também promotora do desenvolvimento. É preciso considerar

que ao brincar a criança explora objetos, aprende sobre as diferentes funções sociais

da cultura e desenvolve o controle de conduta, pois realiza as ações de um adulto o

imitando em diferentes papéis.

Na Base Nacional Comum Curricular, os princípios estéticos aparecem nos

direitos de:

Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais.

Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia (BRASIL, 2017, p. 36).

Page 137: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

137

Assim, os princípios e os direitos das crianças somente podem ser efetivados

se corresponderem a um determinado entendimento de infância e de criança, pois

estão associados às características do seu desenvolvimento, considerando a forma

como se relacionam com o mundo e consequentemente como aprendem e se

desenvolvem.

Page 138: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

138

13 CONCEPÇÕES NORTEADORAS DO TRABALHO PEDAGOGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A compreensão da relevância da função pedagógica na Educação Infantil é

recente. Durante grande parte da história da infância, a prática de atender as crianças

era despretensiosa, ou seja, bastava um local onde a criança pudesse estar sob os

olhares de um adulto.

À medida que a Educação Infantil passa a ser objeto de pesquisas e avança na

constituição de um arcabouço teórico, é respaldada pela obrigatoriedade de formação

específica de professor para efetivar uma prática intencionalmente pedagógica.

A Base Nacional Comum Curricular reafirma a intencionalidade educativa que

direciona o trabalho pedagógico na Educação Infantil, ou seja, a reflexão que embasa

a intenção do professor e a sua concretização na prática planejada. Essa

intencionalidade se pauta nos pressupostos próprios desta etapa e, principalmente,

na ciência de que a criança é partícipe da sua educação. Como cita a Base Nacional

Comum Curricular:

Essa intencionalidade consiste na organização e proposição, pelo educador, de experiências que permitam às crianças conhecer a si e ao outro e de conhecer e compreender as relações com a natureza, com a cultura e com a produção científica, que se traduzem nas práticas de cuidados pessoais (alimentar-se, vestir-se, higienizar-se), nas brincadeiras, nas experimentações com materiais variados, na aproximação com a literatura e no encontro com as pessoas (BRASIL, 2017, p. 36).

Um dos princípios postos na legislação para a Educação Infantil é o cuidar e o

educar, e o brincar em um processo de interação.

Essa relação que é indissociável exige atenção aos momentos que permeiam

o cotidiano da Educação Infantil, ricos de vivências e experiências. O professor

precisa, nesse contexto, “refletir, selecionar, organizar, planejar, mediar e monitorar o

conjunto das práticas e interações, garantindo a pluralidade de situações que

promovam o desenvolvimento pleno das crianças” (BRASIL, 2017, p. 36).

Page 139: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

139

As transformações que ocorrem na vida das crianças durante a Educação

Infantil são intensas e rápidas. Ao planejar, o professor precisa dedicar especial

atenção à sua mediação nas aprendizagens e desenvolvimento, observando que as

transformações podem ocorrer de diferentes formas e tempos.

A criança conhece e expressa seu “mundo” por meio das interações e

brincadeiras. Ela organiza seu pensamento e se comunica o que aponta a

importância da atenção a essa expressão própria da infância, pois, ao mesmo tempo

em que o professor é um observador atento e conhece sua criança acompanhando e

analisando o processo de desenvolvimento, também pode direcionar sua ação por

meio de novas brincadeiras, que oportunizem situações de desenvolvimento e

aprendizagem (OLIVEIRA, 2010).

Há muitas situações que merecem atenção do professor no planejamento de

suas ações na educação infantil, como: a organização dos espaços e do tempo, a

igualdade nas relações e o respeito às diferenças, a relação e parceria com as

famílias e o direito da criança à infância, entre outras.

Nesse sentido, o Referencial Curricular Gaúcho: princípios, direitos e

orientações traz uma breve discussão sobre a concepção de criança, os eixos

norteadores da Educação Infantil (as Interações e a Brincadeira) e os Campos de

Experiências, como orientação para a organização dos currículos nessa etapa da

Educação Básica, considerando nesta organização a educação inclusiva, assim como

a flexibilização do currículo para as adaptações que atentem às especificidades de

cada educando.

Page 140: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

140

14. CONCEPÇÃO DA CRIANÇA.

A definição do conceito de criança só é possível quando permeada pela

reflexão acerca da concepção de infância e sua construção histórica. Assim para

compreender a criança enquanto sujeito histórico é fundamental pensá-la inserida em

práticas sociais de infância, histórica e socialmente determinada.

Ao aprofundar esse entendimento, percebem-se diferenças de concepções.

Em resumo, na Idade Média a criança era vista como mini adulto, compartilhando

suas vestimentas e até mesmo suas tarefas. Mais tarde, nos Séculos XVI e XVII a

infância passa a ser apenas uma etapa de vida que diferencia a criança do adulto.

Com o advento das reformas religiosas, a infância passa a ganhar maior atenção, e

algumas questões, como a afetividade e sua importância no desenvolvimento infantil,

passam a ser consideradas (ARIÈS, 1978).

Na mesma linha de pensamento, no século XX, ainda com bases religiosas,

caberia a família, a Igreja e a sociedade a formação moral da criança, direcionando-a

no caminho do bem (OLIVEIRA, 2010). Mais tarde, com todo o processo de abertura

política e redemocratização vivida no Brasil, à infância passa ser vista com mais

atenção, o que significa que a criança passa ser considerado um ser histórico e

cultural, pertencente à sociedade e portadora de direitos e deveres (OLIVEIRA,

2002).

Assim, é necessário compreender a criança enquanto sujeito ativo que se

desenvolve continuamente, na medida em que estabelece relações sociais nas quais

há a apropriação de conhecimentos pertencentes ao patrimônio cultural. Dentro deste

contexto, o papel da Educação se constitui fundamental, uma vez que neste espaço

há o ensino intencional de saberes e conhecimentos que promovem o

desenvolvimento humano.

Segundo Kramer (2007) esta concepção ganha força com a elaboração de

alguns documentos que acentuam os direitos da criança cidadã, como Estatuto da

Criança e do Adolescente, Lei nº 8069/1990, a nova LDBEN, Lei nº 9394/96, o

Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil e mais tarde com as Diretrizes

Page 141: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

141

Curriculares Nacionais para a Educação Infantil que em seu artigo 4º indica à

necessidade de entender se a criança como:

Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura (BRASIL, 2009, p. 1).

Portanto, ainda com muitos direitos a ser alcançado, não se pode negar

avanços qualitativos na Educação Infantil, onde a concepção de criança passa ser

entendida como ser integral, vista em todos os seus aspectos. Isso significa que a

educação ofertada à criança, desde bebê, necessita ser intencional, com espaços e

recursos pedagógicos que promovam o desenvolvimento humano por meio de

aprendizagens significativas.

A Educação Infantil possui especificidades e a criança que frequenta essa

etapa da Educação Básica, deve ser respeitada a partir de suas manifestações de

aprendizagem, que revelam o processo de desenvolvimento, o qual, em cada

período, tem marcos referenciais comuns, a depender das intervenções educativas.

Por isso que é importante assegurar práticas mediadoras entre os conhecimentos

sistematizados e os saberes cotidianos, considerando que as aprendizagens são

dependentes da qualidade das mediações oportunizadas pela comunicação, pela

ação com os objetos e pelas brincadeiras.

Page 142: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

142

15. AS INTERAÇÕES E A BRINCADEIRA NA PROPOSTA CURRICULAR.

Barbosa (2010) apresenta três funções da Educação Infantil presente nas

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2009): social,

política e pedagógica. Estas funções se articulam nas instituições que, ao receber

uma criança, devem levar em consideração suas necessidades biológicas e

cognitivas para a promoção da autonomia e desenvolvimento de valores que

contribuirão nas relações com os outros, desta forma assumindo uma função social.

Ao objetivar a busca por igualdade de direitos e exercício de cidadania, revela-se a

função política e por fim, ao conceber estes espaços enquanto promotores de

aprendizagens e possuidores de intencionalidade para a ampliação de saberes e

conhecimentos de diferentes áreas, revela-se a função pedagógica (BARBOSA,

2010).

De acordo com o Parecer nº 20 (BRASIL, 2009), que fundamenta as Diretrizes

Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, para cumprir estas funções é

necessário que o Estado complemente as ações das famílias assumindo sua

responsabilidade na promoção de igualdade, na qual o espaço escolar deve ser

considerado promotor de convivência e ampliação de saberes e conhecimentos que

permitirão a construção de identidades coletivas e conseqüente desenvolvimento

humano.

Desta forma, a Educação Infantil possui dois eixos para a organização

intencional das práticas pedagógicas: as interações e a brincadeira. Estes eixos

estruturantes são apresentados no artigo 9º das Diretrizes Curriculares Nacionais

para a Educação Infantil (BRASIL, 2009), no qual se propõe uma organização

curricular que garanta a aprendizagem por meio de experiências.

Por sua vez, a Base Nacional Comum Curricular apresenta cinco campos de

experiências que se aproximam de forma articulada às definições do referido artigo.

Desta forma, optou-se neste documento por apresentar os incisos correspondentes a

cada campo de experiência, para que possibilite a relação das Diretrizes Curriculares

Page 143: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

143

Nacionais para a Educação Infantil com os objetivos de aprendizagens definidos pela

Base Nacional Comum Curricular.

O EU, O OUTRO E O NÓS – É na interação com os pares e com adultos que as crianças vão constituindo um modo próprio de agir, sentir e pensar e vão descobrindo que existem outros modos de vida, pessoas diferentes, com outros pontos de vista. Conforme vivem suas primeiras experiências sociais (na família, na instituição escolar, na coletividade), constroem percepções e questionamentos sobre si e sobre os outros, diferenciando-se e, simultaneamente, identificando- se como seres individuais e sociais. Ao mesmo tempo em que participam de relações sociais e de cuidados pessoais, as crianças constroem sua autonomia e senso de autocuidado, de reciprocidade e de interdependência com o meio. Por sua vez, na Educação Infantil, é preciso criar oportunidades para que as crianças entrem em contato com outros grupos sociais e culturais, outros modos de vida, diferentes atitudes, técnicas e rituais de cuidados pessoais e do grupo, costumes, celebrações e narrativas. Nessas experiências, elas podem ampliar o modo de perceber a si mesmas e ao outro, valorizar sua identidade, respeitar os outros e reconhecer as diferenças que nos constituem como seres humanos.

CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS – Com o corpo (por meio dos sentidos, gestos, movimentos impulsivos ou intencionais, coordenados ou espontâneos), as crianças, desde cedo, exploram o mundo, o espaço e os objetos do seu entorno, estabelecem relações, expressam-se, brincam e produzem conhecimentos sobre si, sobre o outro, sobre o universo social e cultural, tornando-se, progressivamente, conscientes dessa corporeidade.

Por meio das diferentes linguagens, como a música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz de conta, elas se comunicam e se expressam no entrelaçamento entre corpo, emoção e linguagem. As crianças conhecem e reconhecem as sensações e funções de seu corpo e, com seus gestos e movimentos, identificam suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo, ao mesmo tempo, a consciência sobre o que são seguro e o que pode ser um risco à sua integridade física. Na Educação Infantil, o corpo das crianças ganha centralidade, pois ele é o partícipe privilegiado das práticas pedagógicas de cuidado físico, orientadas para a emancipação e a liberdade, e não para a submissão. Assim, a instituição escolar precisa promover oportunidades ricas para que as crianças possam sempre animadas pelo espírito lúdico e na

Page 144: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

144

interação com seus pares, explorar e vivenciar um amplo repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo, para descobrir variados modos de ocupação e uso do espaço com o corpo (tais como sentar com apoio, rastejar, engatinhar, escorregar, caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas, saltar, escalar, equilibrar-se, correr, dar cambalhotas, alongar-se etc.).

TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS – Conviver com diferentes manifestações artísticas, culturais e científicas, locais e universais, no cotidiano da instituição escolar, possibilita às crianças, por meio de experiências diversificadas, vivenciarem diversas formas de expressão e linguagens, como as artes visuais (pintura, modelagem, colagem, fotografia etc.), a música, o teatro, a dança e o audiovisual, entre outras. Com base nessas experiências, elas se expressam por várias linguagens, criando suas próprias produções artísticas ou culturais, exercitando a autoria (coletiva e individual) com sons, traços, gestos, danças, mímicas, encenações, canções, desenhos, modelagens, manipulação de diversos materiais e de recursos tecnológicos. Essas experiências contribuem para que, desde muito pequenas, as crianças desenvolvam senso estético e crítico, o conhecimento de si mesmas, dos outros e da realidade que as cerca.

Portanto, a Educação Infantil precisa promover a participação das crianças em tempos e espaços para a produção, manifestação e apreciação artística, de modo a favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da criatividade e da expressão pessoal das crianças, permitindo que se apropriem e reconfigurem, permanentemente, a cultura e potencializem suas singularidades, ao ampliar repertórios e interpretar suas experiências e vivências artísticas.

ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO – Desde o nascimento, as crianças participam de situações comunicativas cotidianas com as pessoas com as quais interagem. As primeiras formas de interação do bebê são os movimentos do seu corpo, o olhar, a postura corporal, o sorriso, o choro e outros recursos vocais, que ganham sentido com a interpretação do outro. Progressivamente, as crianças vão ampliando e enriquecendo seu vocabulário e demais recursos de expressão e de compreensão, apropriando-se da língua materna – que se torna, pouco a pouco, seu veículo privilegiado de interação. Na Educação Infantil, é importante promover experiências nas quais as crianças possam falar e ouvir, potencializando sua participação na cultura oral, pois é na escuta de histórias, na participação em conversas, nas descrições, nas narrativas elaboradas individualmente ou em grupo e nas implicações com

Page 145: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

145

as múltiplas linguagens que a criança se constitui ativamente como sujeito singular e pertencente a um grupo social. Desde cedo, a criança manifesta curiosidade com relação à cultura escrita: ao ouvir e acompanhar a leitura de textos, ao observar os muitos textos que circulam no contexto familiar, comunitário e escolar, ela vai construindo sua concepção de língua escrita, reconhecendo diferentes usos sociais da escrita, dos gêneros, suportes e portadores. Na Educação Infantil, a imersão na cultura escrita deve partir do que as crianças conhecem e das curiosidades que deixam transparecer. As experiências com a literatura infantil, propostas pelo educador, mediador 88 entre os textos e as crianças, contribuem para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo.

Além disso, o contato com histórias, contos, fábulas, poemas, cordéis etc. propicia a familiaridade com livros, com diferentes gêneros literários, a diferenciação entre ilustrações e escrita, a aprendizagem da direção da escrita e as formas corretas de manipulação de livros. Nesse convívio com textos escritos, as crianças vão construindo hipóteses sobre a escrita que se revelam, inicialmente, em rabiscos e garatujas e, à medida que vão conhecendo letras, em escritas espontâneas, não convencionais, mas já indicativas da compreensão da escrita como sistema de representação da língua.

ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES – As crianças vivem inseridas em espaços e tempos de diferentes dimensões, em um mundo constituído de fenômenos naturais e socioculturais. Desde muito pequenas, elas procuram se situar em diversos espaços (rua, bairro, cidade etc.) e tempos (dia e noite; hoje, ontem e amanhã etc.). Demonstram também curiosidade sobre o mundo físico (seu próprio corpo, os fenômenos atmosféricos, os animais, as plantas, as transformações da natureza, os diferentes tipos de materiais e as possibilidades de sua manipulação etc.) e o mundo sociocultural (as relações de parentesco e sociais entre as pessoas que conhece; como vivem e em que trabalham essas pessoas; quais suas tradições e seus costumes; a diversidade entre elas etc.). Além disso, nessas experiências e em muitas outras, as crianças também se deparam, frequentemente, com conhecimentos matemáticos (contagem, ordenação, relações entre quantidades, dimensões, medidas, comparação de pesos e de comprimentos, avaliação de distâncias, reconhecimento de formas geométricas, conhecimento e reconhecimento de numerais cardinais e ordinais etc.) que igualmente aguçam a curiosidade. Portanto, a Educação Infantil precisa promover experiências nas quais as crianças possam fazer observações, manipular

Page 146: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

146

objetos, investigar e explorar seu entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de informação para buscar respostas às suas curiosidades e indagações.

Assim, a instituição escolar está criando oportunidades para que as crianças ampliem seus conhecimentos do mundo físico e sociocultural e possam utilizá-los em seu cotidiano.

É possível verificar a repetição de alguns incisos nos campos de experiências,

o que revela a presença necessária da intercomplementaridade para esta etapa da

Educação Básica.

O currículo da Educação Infantil deve estar presente nos projetos político-

pedagógicos das instituições, enquanto resultado de uma construção coletiva. Este

deve servir para organizar as práticas pedagógicas que acontecem na instituição e

que têm o objetivo geral de promover o desenvolvimento humano.

De acordo com o artigo 3º das Diretrizes Curriculares Nacionais para a

Educação Infantil, o currículo é concebido como:

Conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de idade (BRASIL, 2009, p. 1).

Estas práticas devem acontecer por meio de experiências e relações sociais

estabelecidas nas instituições, devendo existir a intencionalidade pedagógica que

considere o cuidar e educar como indissociáveis. Além disso, devem-se considerar os

conhecimentos trazidos pelas crianças enquanto ponto de partida, no qual o professor

deve promover por meio do trabalho pedagógico organizado, a aprendizagem dos

saberes e conhecimentos.

Neste documento é possível identificar saberes e conhecimentos relativos aos

objetivos de aprendizagem, proporcionando sistematização e organização do trabalho

Page 147: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

147

docente e possibilitando interligações entre esses. Por exemplo: ao objetivar a

experiência de desenvolver a contagem oral, o professor pode promover a

experiência de pular corda ao som de uma música que conte de um a dez, mas este

deve ter consciência de que outras habilidades, como o equilíbrio, estão sendo

desenvolvidas neste momento.

O ensino de conteúdos, representados neste documento por saberes e

conhecimentos, constituem-se um compromisso político com a aprendizagem e com

o desenvolvimento das crianças de todas as idades e em qualquer condição social,

física, motora, sensorial, cognitiva, de saúde física ou mental.

Page 148: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

148

16 CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS.

Considerar as interações e a brincadeira enquanto ato das próprias crianças

significa pensar em possibilidades de experienciar e isso compreende o fazer, o agir,

a participação e a vivência. Os campos de experiências permitem uma organização

curricular intercomplementar que considera as especificidades relativas a cada faixa

etária, o que significa pensar em diferentes modos de perceber e agir sobre o mundo.

Cabe aos professores promover o encontro de crianças de diferentes idades e criar

condições para que a brincadeira aconteça.

Há uma relação entre os objetivos de cada campo e as áreas do saber

organizadas em disciplinas no Ensino Fundamental, uma vez que essas expressam a

classificação dos conhecimentos acumulados pela humanidade. Porém, é importante

evitar a antecipação da etapa seguinte à Educação Infantil, “disciplinarizando” os

campos.

Neste sentido, ao se efetivar o trabalho com os campos de experiências se

apresentam diferentes encaminhamentos metodológicos, os quais se sustentam em

abordagens teóricas sobre como as crianças aprendem e se desenvolvem, bem como

sobre a intencionalidade educativa, o que repercute no papel do professor, no

planejamento, na organização da prática pedagógica, na avaliação e na organização

do tempo, dos espaços e dos materiais. São definições a serem feitas no currículo

propriamente dito, uma vez que estão articuladas a outras concepções, as quais são

escolhas fundamentadas teoricamente. Mesmo sendo opções das redes e/ou das

instituições, os encaminhamentos metodológicos devem assegurar o conhecimento,

cujo acesso é direito da criança.

Os Campos de Experiências “constituem um arranjo curricular que acolhe as

situações e as experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes,

entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural” (BRASIL,

2017, p. 38).

A categoria experiência está associada tanto aos saberes e conhecimentos

que as crianças trazem ao chegarem na Educação Infantil, como aqueles que estão

Page 149: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

149

no currículo escolar e que, garante, plenamente, o acesso das crianças às ricas e

diversas experiências e que lhes permite a apropriação das objetivações humanas,

proporcionando aprendizagens e, por conseguinte, a elevação do seu

desenvolvimento a patamares superiores, de forma completa. Está, assim, associada

diretamente ao fazer pedagógico planejado a partir dos currículos estabelecidos em

cada rede ou instituição.

Os campos de experiências não seguem uma ordem de prioridade, são

complementares e interligados e devem estar equilibrados no planejamento dos

professores, propiciando os direitos de aprendizagem e desenvolvimento aos bebês,

às crianças bem pequenas e às crianças pequenas. Conforme a Base Nacional

Comum Curricular são cinco os campos de experiências:

O eu, o outro e o nós - É na interação com os pares e com adultos que as crianças vão constituindo um modo próprio de agir, sentir e pensar e vão descobrindo que existem outros modos de vida, pessoas diferentes, com outros pontos de vista. Conforme vivem suas primeiras experiências sociais (na família, na instituição escolar, na coletividade), constroem percepções e questionamentos sobre si e sobre os outros, diferenciando-se e, simultaneamente, identificando- se como seres individuais e sociais. Ao mesmo tempo em que participam de relações sociais e de cuidados pessoais, as crianças constroem sua autonomia e senso de autocuidado, de reciprocidade e de interdependência com o meio. Por sua vez, na Educação Infantil, é preciso criar oportunidades para que as crianças entrem em contato com outros grupos sociais e culturais, outros modos de vida, diferentes atitudes, técnicas e rituais de cuidados pessoais e do grupo, costumes, celebrações e narrativas. Nessas experiências, elas podem ampliar o modo de perceber a si mesmas e ao outro, valorizar sua identidade, respeitar os outros e reconhecer as diferenças que nos constituem como seres humanos (BRASIL, 2017, p. 38).

Considerando este campo, percebe-se que organizar um currículo neste

enfoque significa reconhecer a importância da formação a partir do social, criando

condições que permitam às crianças o início da formação da identidade, com

percepção do mundo à sua volta, do qual são partícipes e sujeitos de direito. Na

Educação Infantil é importante oportunizar que as crianças entrem em contato com

Page 150: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

150

diferentes grupos sociais e culturais, conhecendo outros modos de vida, costumes e

manifestações culturais com o intuito de ampliarem seus conhecimentos.

As imensas transformações pelas quais as crianças passam na infância,

especialmente na etapa da Educação Infantil, estão imersas no mundo material e

cultural a que tem acesso. Assim, os objetivos traçados a partir do campo “O eu, o

outro e o nós” demonstram a necessidade de organização, pelo professor, de

momentos de educação e de ensino planejados intencionalmente.

Outro campo que a Base Nacional Comum Curricular apresenta é o de:

Corpo, gestos e movimentos - Com o corpo (por meio dos sentidos, gestos, movimentos impulsivos ou intencionais, coordenados ou espontâneos), as crianças, desde cedo, exploram o mundo, o espaço e os objetos do seu entorno, estabelecem relações, expressam-se, brincam e produzem conhecimentos sobre si, sobre o outro, sobre o universo social e cultural, tornando se, progressivamente, conscientes dessa corporeidade. Por meio das diferentes linguagens, como a música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz de conta, elas se comunicam e se expressam no entrelaçamento entre corpo, emoção e linguagem. As crianças conhecem e reconhecem as sensações e funções de seu corpo e, com seus gestos e movimentos, identificam suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo, ao mesmo tempo, a consciência sobre o que é seguro e o que pode ser um risco à sua integridade física. Na Educação Infantil, o corpo das crianças ganha centralidade, pois ele é o partícipe privilegiado das práticas pedagógicas de cuidado físico, orientadas para a emancipação e a liberdade, e não para a submissão. Assim, a instituição escolar precisa promover oportunidades ricas para que as crianças possam sempre animadas pelo espírito lúdico e na interação com seus pares, explorar e vivenciar um amplo repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo, para descobrir variados modos de ocupação e uso do espaço com o corpo (tais como sentar com apoio, rastejar, engatinhar, escorregar, caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas, saltar, escalar, equilibrar se, correr, dar cambalhotas, alongar-se etc.) (BRASIL, 2017, p. 39).

O corpo é, para a criança, um meio de expressão e comunicação que a auxilia

em sua relação com o mundo. As experiências e vivências com o corpo são

progressivas e emancipatórias, na medida em que são possíveis a percepção e o

Page 151: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

151

domínio do funcionamento do próprio corpo, reconhecendo seus limites e

possibilidades. As diferentes linguagens são manifestadas por meio do corpo, onde a

criança revela sua compreensão de mundo, sentimentos, necessidades.

O campo “Traços, sons, cores e formas” está relacionado ao ambiente que as

crianças vão, paulatinamente, descobrindo e atribuindo significados. São experiências

e vivências diversas com materiais naturais ou produzidos, em ambientes com

estímulos visuais e sonoros que promovam expressividade e criatividade.

Conforme a Base Nacional Comum Curricular, este campo busca possibilitar à

criança:

Traços, sons, cores e formas - Conviver com diferentes manifestações artísticas, culturais e científicas, locais e universais, no cotidiano da instituição escolar, possibilita às crianças, por meio de experiências diversificadas, vivenciarem diversas formas de expressão e linguagens, como as artes visuais (pintura, modelagem, colagem, fotografia etc.), a música, o teatro, a dança e o audiovisual, entre outras. Com base nessas experiências, elas se expressam por várias linguagens, criando suas próprias produções artísticas ou culturais, exercitando a autoria (coletiva e individual) com sons, traços, gestos, danças, mímicas, encenações, canções, desenhos, modelagens, manipulação de diversos materiais e de recursos tecnológicos. Essas experiências contribuem para que, desde muito pequenas, as crianças desenvolvam senso estético e crítico, o conhecimento de si mesmas, dos outros e da realidade que as cerca. Portanto, a Educação Infantil precisa promover a participação das crianças em tempos e espaços para a produção, manifestação e apreciação artística, de modo a favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da criatividade e da expressão pessoal das crianças, permitindo que se apropriem e reconfigurem, permanentemente, a cultura e potencializem suas singularidades, ao ampliar repertórios e interpretar suas experiências e vivências (BRASIL, 2017, p. 39).

O Campo “Escuta, fala, pensamento e imaginação” está relacionado à

linguagem que se efetiva nas diferentes práticas sociais. É por meio das múltiplas

linguagens, tomadas de forma contextualizada, que a criança amplia suas

possibilidades de se comunicar e conhecer o mundo. Esse campo envolve

Page 152: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

152

experiências e vivências com a produção e a compreensão das diversas linguagens

em diferentes contextos e suportes, considerando a relação entre estas e o

pensamento.

Assim, promove aprendizagens que permitem à criança agir, sentir, pensar e

atribuir significados sobre diferentes aspectos no seu entorno. Por meio de

experiências significativas, a criança pode criar uma imagem positiva de si, manifestar

preferências, comunicar-se por meio de diferentes linguagens e ampliar suas relações

sociais.

Na Base Nacional Comum Curricular o campo se apresenta como:

Escuta, fala, pensamento e imaginação - Desde o nascimento, as crianças participam de situações comunicativas cotidianas com as pessoas com as quais interagem. As primeiras formas de interação do bebê são os movimentos do seu corpo, o olhar, a postura corporal, o sorriso, o choro e outros recursos vocais, que ganham sentido com a interpretação do outro. Progressivamente, as crianças vão ampliando e enriquecendo seu vocabulário e demais recursos de expressão e de compreensão, apropriando-se da língua materna – que se torna, pouco a pouco, seu veículo privilegiado de interação. Na Educação Infantil, é importante promover experiências nas quais as crianças possam falar e ouvir, potencializando sua participação na cultura oral, pois é na escuta de histórias, na participação em conversas, nas descrições, nas narrativas elaboradas individualmente ou em grupo e nas implicações com as múltiplas linguagens que a criança se constitui ativamente como sujeito singular e pertencente a um grupo social.

Desde cedo, a criança manifesta curiosidade com relação à cultura escrita: ao ouvir e acompanhar a leitura de textos, ao observar os muitos textos que circulam no contexto familiar, comunitário e escolar, ela vai construindo sua concepção de língua escrita, reconhecendo diferentes usos sociais da escrita, dos gêneros, suportes e portadores. Na Educação Infantil, a imersão na cultura escrita deve partir do que as crianças conhecem e das curiosidades que deixam transparecer. As experiências com a literatura infantil, propostas pelo educador, mediador entre os textos e as crianças, contribuem para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo. Além disso, o contato com

Page 153: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

153

histórias, contos, fábulas, poemas, cordéis etc. propicia a familiaridade com livros, com diferentes gêneros literários, a diferenciação entre ilustrações e escrita, a aprendizagem da direção da escrita e as formas corretas de manipulação de livros. Nesse convívio com textos escritos, as crianças vão construindo hipóteses sobre a escrita que se revelam, inicialmente, em rabiscos e garatujas e, à medida que vão conhecendo letras, em escritas espontâneas, não convencionais, mas já indicativas da compreensão da escrita como sistema de representação da língua (BRASIL, 2017, p. 40).

O campo que trata das noções de tempo, espaço, quantidades, relações,

transformações e outras ligadas à construção do raciocínio lógico é, na Base

Nacional Comum Curricular, o campo que compreende:

Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações - As crianças vivem inseridas em espaços e tempos de diferentes dimensões, em um mundo constituído de fenômenos naturais e socioculturais. Desde muito pequenas, elas procuram se situar em diversos espaços (rua, bairro, cidade etc.) e tempos (dia e noite; hoje, ontem e amanhã etc.).

Demonstram também curiosidade sobre o mundo físico (seu próprio corpo, os fenômenos atmosféricos, os animais, as plantas, as transformações da natureza, os diferentes tipos de materiais e as possibilidades de sua manipulação etc.) e o mundo sociocultural (as relações de parentesco e sociais entre as pessoas que conhece; como vivem e em que trabalham essas pessoas; quais suas tradições e seus costumes; a diversidade entre elas etc.). Além disso, nessas experiências e em muitas outras, as crianças também se deparam, frequentemente, com conhecimentos matemáticos (contagem, ordenação, relações entre quantidades, dimensões, medidas, comparação de pesos e de comprimentos, avaliação de distâncias, reconhecimento de formas geométricas, conhecimento e reconhecimento de numerais cardinais e ordinais etc.) que igualmente aguçam a curiosidade. Portanto, a Educação Infantil precisa promover experiências nas quais as crianças possam fazer observações, manipular objetos, investigar e explorar seu entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de informação para buscar respostas às suas curiosidades e indagações. Assim, a instituição escolar está criando oportunidades para que as crianças ampliem seus conhecimentos do mundo físico e sociocultural e possam utilizá-los em seu em seu cotidiano. (BRASIL, 2017, p. 40).

Page 154: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

154

Aspectos do dia a dia como o meio ambiente, animais, plantas, materiais

produzidos e naturais, fenômenos físicos e químicos, organização social são

elementos possíveis para a promoção de experiências e vivências importantes nesse

campo. Assim, os campos de experiências concretizam uma identidade para a

Educação Infantil com foco nos direitos de aprendizagens e desenvolvimento

expressos em objetivos para as crianças, os quais serão atingidos com a organização

intencional da prática pedagógica.

Page 155: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

155

17 EDUCAÇÃO ESPECIAL

A inclusão é parte de um movimento social, prevista na Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional nº 9394/96 em seu artigo 58, que define por direitos

fundamentais de participação de qualquer pessoa em espaços comuns, que

acompanha mudanças de identidades, de valores, de crenças, de práticas

educacionais e de eliminação de barreiras atitudinais. (BRASIL, 2010). Não diz

respeito apenas à escola ou à aprendizagem, mas perpassa em sua efetivação todas

as esferas sociais.

A Declaração de Salamanca é o documento que fundamenta o conceito de Educação

Inclusiva.

Princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças devem aprender juntas, sempre que possível, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que elas possam ter. Escolas inclusivas devem reconhecer e responder às necessidades diversas de seus estudantes, acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de um currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de ensino, usam de recurso e parceria com as 69 comunidades. [...]. Educação inclusiva é o modo mais eficaz para construção de solidariedade entre crianças com necessidades educacionais especiais e seus colegas. (1994, p.5

A individualidade do sujeito deve ser respeitada e não se constituir apenas

num discurso vazio, por isso, esse conceito de inclusão precisa ser amplamente

refletido. É necessária uma mudança das práticas e dos currículos escolares, a fim de

que isso aconteça de forma efetiva.

Há também que se investir na formação continuada dos diferentes profissionais

da educação: professores, supervisores, orientadores, funcionários de modo geral e

até mesmo das próprias famílias das demais crianças envolvidas na construção

desse processo social inclusivo.

Page 156: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

156

Em se falando de inclusão, cabe à sociedade estimular e promover todos os

recursos necessários, de modo a permitir que as pessoas com deficiências possam

viver com autonomia e possam participar de forma plena de todos os aspectos da

vida.

Neste contexto, a educação inclusiva torna se um direito inquestionável e

incondicional. De acordo com a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com

Deficiência, ratificada pelo Brasil através do Decreto Executivo nº 6.949 de 2009, o

artigo 24 versa que, [...] para efetivar esse direito sem discriminação e com base na

igualdade de oportunidades, os Estados partes assegurarão sistema educacional

inclusivo em todos os níveis, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida [...].

Esse princípio exige a construção de novas legislações, novas políticas e

novos rumos pedagógicos da educação especial e ele alavanca os processos de

criação e desenvolvimentos de propostas pedagógicas possam garantir as condições

de acesso, permanência e participação de todos os estudantes nos níveis e

modalidades de ensino. Os princípios definidos na atual política são ratificados pelas

Conferências Nacionais de Educação – CONEB/2008 e CONAE/2010, que no

documento final salientam:

Na perspectiva da educação inclusiva, cabe destacar que a educação especial tem como objetivo assegurar a inclusão escolar de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas turmas comuns do ensino regular, orientando os sistemas de ensino para garantir o acesso ao ensino comum, a participação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados de ensino; a transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a educação superior; a oferta do atendimento educacional especializado; a formação de professores para o atendimento educacional especializado e aos demais profissionais da educação, para a inclusão; a participação da família e da comunidade; a acessibilidade arquitetônica, nos transportes, nos mobiliários, nas comunicações e informações; e a articulação intersetorial na implementação das políticas públicas. (BRASIL, 2008).

Page 157: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

157

Ações direcionadas como parcerias intersetoriais, formações, orientações às

escolas, itinerância, atendimento educacional especializado, buscam agregar valor à

função de garantia da inclusão nos espaços escolares. Os pais dos estudantes

devem estar envolvidos nessas modalidades buscando impedir a segregação, o

isolamento e a discriminação.

A Convenção da Guatemala (1999), promulgada no Brasil pelo Decreto nº

3.956 de 8 de outubro de 2001, reafirma que as pessoas com deficiência têm os

mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas,

definindo discriminação como:

[...] toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, antecedente de deficiência, consequência de deficiência anterior ou percepção de deficiência presente ou passada, que tenha o efeito ou propósito de impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte das pessoas portadoras de deficiência de seus direitos humanos e suas liberdades fundamentais. (BRASIL, 2001, p. 2).

Acreditar nas potencialidades, respeitar as diferenças, aceitando e inserindo o

indivíduo no contexto social, isso é inclusão. Um processo lento, flexível, voltado à

oportunização de diferentes vivências e experiências. Isso demanda uma nova práxis,

a práxis do sentir e do fazer de fato, não apenas a práxis de defender ideias. Na

escola, a práticainclusiva rompe com as fronteiras individuais queperpetuam a origem

social do preconceito e da discriminação às pessoas e, por sua vez, das pessoas com

deficiência.

17.1 OS SUJEITOS DA INCLUSÃO ESCOLAR

De acordo com o Decreto nº 7.611 (BRASIL, 2011), o público-alvo da

Educação Especial é definido por:

• Pessoas com deficiência: aqueles que têm impedimentos de longo prazo, de

natureza física, intelectual, mental ou sensorial.

Page 158: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

158

• Pessoas com transtornos globais do desenvolvimento: aqueles que apresentam um

quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas

relações sociais, na comunicação ou estereotipias motoras. Inclui-se nesta definição

estudantes com autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett,

transtorno desintegrativo da infância (psicoses) e transtornos invasivos sem outra

especificação.

• Pessoas com altas habilidades/superdotação: demonstram potencial elevado e

grande envolvimento com as áreas do conhecimento humano, isoladas ou

combinadas: intelectual, liderança, psicomotora, artes e criatividade.

Em relação aos estudantes com deficiência, podem-se considerar aqueles que

em interação com diversas barreiras atitudinais e arquitetônicas podem ter restringida

sua participação plena e efetiva na escola e na sociedade.

17.2 CURRÍCULO

No contexto da inclusão escolar da pessoa com deficiência, é importante

pensar no currículo e a sua influência nesse processo. Uma análise referente ao

mesmo na atualidade provoca ações para se debruçar sobre ele a partir de uma nova

perspectiva: a pós-estruturalista. Ou seja, assim como a identidade do sujeito

contemporâneo, o currículo, também, é o produto de significações sociais e culturais

que forjam também identificações. E estas, por sua vez, são tecidas a partir da ideia

da existência do outro, de forma simples, daquele que é “diferente”. Nesse sentido, o

trabalho desenvolvido tem por objetivos, promover a valorização e discussão sobre o

Currículo na escola inclusiva na perspectiva da educação especial, e dessa forma

salientar a importância da construção curricular em uma prática de educação

inclusiva significativa para discentes e docentes.

A inclusão é definida como a garantia, a todos, do acesso contínuo ao espaço

comum da vida em sociedade, sociedade essa que deve estar orientada por relações

de acolhimento à diversidade humana, de aceitação das diferenças individuais, de

esforço coletivo na equiparação de oportunidades de desenvolvimento, com

qualidade, em todas as dimensões da vida (BRASIL/CNE, 2001).

Page 159: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

159

Nesse contexto entendemos que a educação voltada às pessoas com

necessidades educacionais especiais está fundamentada nos princípios da

preservação da dignidade humana, na busca da identidade e no exercício da

cidadania.

O processo de ensino e aprendizagem deve evitar a restrição de currículos

adaptados, ensino individualizado, terminalidade específica, objetivos educacionais

reduzidos, facilitação de atividades, critérios de avaliação abrandados, categorização

dos estudantes e homogeneização das turmas, sob o risco de a educação formal não

cumprir seu verdadeiro papel: a construção de um cidadão independente.

17.3 EDUCAÇÃO INTEGRAL

A BNCC afirma o comprometimento com a educação integral dos sujeitos.

Desta forma, o Referencial Curricular de Capão da Canoa ratifica que esta

perspectiva se constitui como um dos princípios norteadores na construção deste

momento educacional.

A educação integral vem sendo discutida, no Brasil, desde os Pioneiros, em

1930. Diferentes propostas multifacetadas sobre esta temática desenharam alguns

projetos em todo território brasileiro.

Nesse sentido a percepção do sujeito na social, culturais, éticos e cognitivos,

permite compreender e aceitar que todos os estudantes são iguais em capacidades,

sendo as desigualdades reflexos dos diferentes contextos. E é nessa perspectiva que

este documento todos os envolvidos na seara educativa o direito de aprender. Este

direito fundamental inscrito na Constituição Federal do Brasil e em tantos outros

dispositivos legais e normativos precisam estar presentes nos projeto experiências

significativas em todos os âmbitos da formação humana, as descobertas e

aprendizagens que dão sentido as trilhas curriculares.

Importa alinhar conceito ao considerar o Referencial Currículo de Capão da

Canoa, Educação Integral e Escola em Tempo Integral:

Page 160: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

160

a) Escola em Tempo Integral pressupõe ampliação da jornada escolar em, no

mínimo 7 horas, e uma proposta pedagógica que pense o Currículo de forma a

atender o estudante neste espaço de tempo;

b) Educação Integral não é o mesmo que Escola em Tempo Integral, ou seja, não

está relacionada, diretamente com jornada escolar. É entender o estudante em

seu desenvolvimento global.

Como a própria BNCC traz em seu texto introdutório, implica “compreender a

complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, rompendo com visões

reducionistas que privilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão

afetiva”. Exige uma visão plural, singular e integral da criança, do adolescente, do

jovem e do adulto e suas capacidades de aprendizagem.

Cabe, agora, a nós educadores, assumirmos a intenção pedagógica de

elaborar nosso currículo, considerando a Educação Integral como eixo central deste

processo construído a muitas mãos.

17.4 AVALIAÇÃO

A educação é um direito garantido a todas as pessoas, com ou sem

deficiência, ao longo de toda a vida. Diante disso, ressaltamos que há benefícios para

todos os estudantes no convívio escolar. É no espaço escolar que o sujeito é exposto

a diversas e diferentes situações de sociabilização. Aí se desenvolve a cultura, a

linguagem e outras habilidades. Diante desse contexto a avaliação é parte integrante

e inseparável do processo de ensino-aprendizagem. Deve ser vista como um

processo contínuo, de um caminho e não de um lugar, porque implica numa

sequência contínua e permanente de apreciações e de análises qualitativas com

enfoque compreensivo.

O processo de avaliação de um estudante da educação especial deve ser

organizado de forma que sua responsabilidade seja do professor regente da

turma/disciplina, com a cooperação dos profissionais que atuam com o estudante em

Page 161: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

161

questão: professor de Apoio Pedagógico (PAP), professor do Atendimento

Educacional Especializado (AEE), Coordenação Pedagógica, podendo ser

quantitativo (nota) e/ou qualitativo (parecer descritivo). Mas é preciso observar que

tanto a avaliação qualitativa quanto a quantitativa pode servir ou não aos ideais

inclusivos. Ou seja, pode-se prejudicar um estudante, tanto com uma nota baixa,

como com um parecer descritivo cheio de preconceitos e que dê ênfase apenas às

dificuldades e não pontue os avanços obtidos.

Portanto, não faz sentido condenar este ou aquele instrumento de avaliação,

mas sim questionar como será utilizado o resultado expresso neste instrumento.

O conselho de classe, que junta as observações, reflexões e percepções de

todos os profissionais envolvidos diretamente no trabalho com os alunos especiais, é

que deve decidir sobre retenção ou aprovação. Os critérios devem atender a um

comparativo de evoluções dos objetivos traçados no início do ano letivo e àqueles

propostos para o ano seguinte. O nível de evolução dirá se os objetivos foram ou não

alcançados e a partir daí refletir sobre as possíveis tomadas de decisão.

Outra consideração importante é que a avaliação na perspectiva da inclusão

deve ser diversificada, ou seja, devem ser oferecidas oportunidades diversas e

formas diferentes do estudante mostrar o que sabe. De acordo com Santos:

Se o aluno apresenta dificuldades em sua expressão escrita, por exemplo, a escola deve prover formas alternativas através das quais ele possa complementar sua expressão e mostrar o resultado de seu processo educacional. Esta forma de avaliar possibilita que um processo de negociação entre aluno e professor se instaure 73 na relação pedagógica, o que por sua vez apenas enriquece a experiência educacional de ambas as partes. (2002, p.1).

Em relação à certificação para os estudantes com deficiências, a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) garante o seguinte: Terminalidade

específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do

ensino fundamental em virtude de suas deficiências e aceleração para concluir em

menor tempo o programa escolar para os superdotados. (BRASIL, 1996, p. 24). Nos

Page 162: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

162

casos em que se justifique a aplicação do dispositivo legal da terminalidade

específica ou da aceleração, a escola contará com o suporte técnico da Secretaria

Municipal da Educação (SME).

17.5 PROFISSIONAL DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO

É sabido que a falta de formação, fatores históricos e culturais dos professores

do ensino regular são algumas das barreiras que causam dificuldades quando se fala

em implantação da inclusão. Percebe-se que com a implantação das salas de

recursos multifuncionais, nota-se que as barreiras vêm diminuindo gradativamente

através das ações promovidas pelos professores do Atendimento Educacional

Especializado (AEE),

O professor do AEE é um profissional que atua sobre as peculiaridades dos

estudantes da Educação Especial, promovendo recursos, meios, equipamentos,

linguagens e conhecimentos que os apóiam no acesso e participação no ensino

comum. Seu trabalho vai além do ensino de técnicas, códigos, manuseio, treino de

uso dos recursos que dão suporte à escolarização dos estudantes nas turmas

comuns e não visam à aprendizagem de objetos de conhecimento das áreas

curriculares, exceto no caso do AEE para estudantes surdos.

Por meio do atendimento educacional especializado as crianças com

necessidades especiais são atendidas de forma coerente com os princípios da

inclusão. De forma individualizada, com plano de ação diferenciado, o AEE coloca

como desafio a capacidade do professor especializado em encontrar saídas,

descobrir o que pode acrescentar ao seu plano inicial de ação.

Page 163: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

163

18 . ARTICULAÇÃO ENTRE A EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL

Até aqui foram abordadas questões relacionadas à Educação Infantil, sua

construção ao longo do tempo e aspectos a serem considerados na mediação da

aprendizagem e do desenvolvimento da criança nesta etapa de ensino. Quando essa

etapa se encerra e inicia-se outra, o Ensino Fundamental – Anos Iniciais, é preciso

atenção a essa transição, muitas vezes complexa para a criança e a família, pois

pode ser vista como um momento de ruptura.

As instituições de ensino precisam lembrar que a criança não deixa de ser a

criança quando passa a ser estudante.

Essa idéia de dissociação é equivocada e muitas vezes podem causar

consequências no desenvolvimento da criança. Sobre essa relação Kramer cita:

Educação infantil e ensino fundamental são indissociáveis: ambos envolvem conhecimentos e afetos; saberes e valores; cuidados e atenção; seriedade e riso [...]. Na educação infantil e no ensino fundamental, o objetivo é atuar com liberdade para assegurar a apropriação e a construção do conhecimento por todos [...]. Nos dois, temos grandes desafios: o de pensar a creche, a pré-escola e a escola como instâncias de formação cultural; o de ver as crianças como sujeitos de cultura e história, sujeitos sociais (2007, p. 20)

Com o tempo, construiu-se o conceito de que ao passar para os Anos Iniciais

do Ensino Fundamental, a criança deixa de ser criança, como se houvesse uma

ruptura na infância. São comuns os adultos, sejam os pais ou os professores, falarem

para a criança frases do tipo: “agora as coisas ficaram sérias” ou “chegou a hora de

estudar”. Sobre isso, Nascimento discorre:

Pensar sobre a infância na escola e na sala de aula é um grande desafio para o ensino fundamental que, ao longo de sua história, não tem considerado

Page 164: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

164

o corpo, o universo lúdico, os jogos e as brincadeiras como prioridade. Infelizmente, quando as crianças chegam a essa etapa de ensino, é comum ouvir a frase “Agora a brincadeira acabou!”. Nosso convite, e desafio, é aprender sobre e com as crianças por meio de suas diferentes linguagens. Nesse sentido, a brincadeira se torna essencial, pois nela estão presentes as múltiplas formas de ver e interpretar o mundo (2007, p. 30).

Suely Amaral Mello (2012) ressalta que é necessário compreender o processo

de aquisição da linguagem escrita como formação da atitude leitora e produtora de

textos na Educação Infantil. Sobre esse aspecto, a autora discorre o sentido que as

crianças atribuirão à escrita será adequado se ele for coerente com a função social,

coerente com o significado social da escrita. Pode-se mostrar às crianças – por meio

das vivências que proporcionadas envolvendo a linguagem escrita – que a escrita

serve para escrever histórias e poemas, escrever cartas e bilhetes, registrar planos,

intenções e acontecimentos, por exemplo, (MELLO, 2012, p. 78).

Nesse sentido, primordialmente na Educação Infantil, o professor deve

organizar atividades que favoreçam a compreensão da função social da escrita com o

intuito de captar as intenções comunicativas dos textos e ampliar o repertório

vocabular das crianças. Essas são aprendizagens essenciais que antecedem o

ensino técnico dos procedimentos para a escrita.

Desde que nasce a criança faz parte de um mundo letrado, com diversas

manifestações de leitura e escrita, a escola de Educação Infantil é o espaço onde a

criança terá a oportunidade de pensar a escrita em sua função social, por meio de

diversas linguagens e interações sociais, mas, é no Ensino Fundamental que esse

processo é sistematizado por meio da alfabetização, na qual a criança amplia,

progressivamente, suas capacidades de compreender a leitura e a escrita (LEAL,

ALBUQUERQUE, MORAIS, 2007).

Portanto, infância, criança e as singularidades deste período de vida devem na

Educação Infantil, assim como no Ensino Fundamental, ser o foco do processo de

ensino aprendizagem, pautado nos mesmos princípios. Como explicita o documento

da BNCC, deve “garantir integração e continuidade dos processos de aprendizagens

Page 165: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

165

das crianças, respeitando suas singularidades e as diferentes relações que elas

estabelecem com os conhecimentos” (BRASIL, 2017, p. 51).

Desta forma, ante as orientações do documento, é necessário que as

instituições conversem entre si, dando continuidade ao processo, inclusive

compartilhando as informações de vida da criança, como relatórios, portfólios ou

outros registros que evidenciem os processos vivenciados por ela, dando

oportunidade para que ela progrida em todos os seus aspectos (BRASIL, 2017).

Sendo assim, é indispensável à articulação dos currículos e das práticas

pedagógicas que envolvem essas etapas, de modo que as instituições de ensino

sejam incentivadas a traçarem formas de tornar essa transição tranquila, pautada na

relação e continuidade do processo de aprendizagem e desenvolvimento humano.

Page 166: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

166

19 ORGANIZADOR CURRICULAR

A proposta de organização curricular compõe a sequência do Referencial

Curricular Gaúcho na etapa da Educação Infantil. É composta de seis partes

correspondentes às idades das crianças, ampliando a divisão apresentada na Base

Nacional Comum Curricular que é dividida em bebês (zero a 1 anos e 6 meses),

crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses) e crianças pequenas

(4 anos a 5 anos e 11 meses). O detalhamento por idades busca contribuir com o

trabalho do professor independente da organização de turmas adotada pelo Sistema

de ensino ou instituição.

Para cada idade são apresentados os campos de experiências e os objetivos

definidos pela Base Nacional Comum Curricular, identificados com o código original e

em negrito, em seguida aparecem às complementações válidas o Gaúcho, por meio

de objetivos correlacionados. Considerando o desdobramento em idades, alguns

objetivos constantes na Base Nacional Comum Curricular se repetem e os objetivos

elaborados buscam trazer uma complexificação gradativa.

Considerando que os alunos possuem ritmos de aprendizagem muito

diferentes uns dos outros, as graduações das complexidades devem acompanhar o

desenvolvimento de cada indivíduo.

No quadro do organizador curricular, a opção foi por identificar os saberes e

conhecimentos a serem trabalhados relacionando-os aos objetivos de aprendizagem

e desenvolvimento. Conforme expresso anteriormente, essa opção busca garantir o

direito da criança ao conhecimento sistematizado, enfatizando a intencionalidade no

planejamento docente.

Page 167: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

167

20. MATRIZ CURRICULAR -- EDUCAÇÃO INFANTIL

Áreas do conhecimento

Campo de Experiências

Indicadores Fixos

BaseNaciona

l Comum

Linguagem e Códigos

Escuta, fala, pensamento e imaginação

Mínimo de:

- Dias letivos anuais: 200 dias;- Carga horária anual: 800.

Traços, sons, cores e formas

Corpo, gestos e movimentos

Espaço, tempo, quantidades, relações e transformações.

Ciências da Natureza

Eu, o outro e o nós;

Avaliações para Educação Infantil:

Parecer Descritivo semestralmente na etapa Creche e Pré-Escolar.

Page 168: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

168

21 REFERÊNCIAS

ARIÈS, P. História social da infância e da família. Tradução: D. Flaksman. Rio de Janeiro: LCT, 1978.

BARBOSA, M. C. Especificidade da ação pedagógica com bebês. ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL: CURRÍCULO EM MOVIMENTO – Perspectivas Atuais. Belo Horizonte, novembro de 2010.

BARBOSA, M. C.; RITCHER, S. R. S. Campos de Experiência: uma possibilidade para interrogar ocurrículo. In: FINCO, D.; BARBOSA, M. C.; FARIA, A. L. Goulart. (Orgs.). Campos de experiências naescola da infância: contribuições italianas para inventar um currículo de educação infantil brasileiro. Campinas, SP: Edições Leitura Crítica, 2015. p. 247-272.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. (Série Legislação Brasileira).

________________. Estatuto da Criança e do Adolescente, Câmera dos Deputados, Lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990. DOU de 16/07/1990 – ECA. Brasília, DF.

________________. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 de dezembro de 1996.

________________. Ministério de Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Brasília, 1998.

________________. Indicadores de Qualidade na Educação Infantil. Secretaria da Educação Básica. Brasília, 2009.

________________. Parecer CNE/CEB nº. 20/2009 de 11 de novembro de 2009. Diretrizes CurricularesNacionais para a Educação Infantil. Brasília: Conselho Nacional de Educação, Câmara de Educação Básica - CEB. Dez. 2009.

________________. Resolução nº 5/2009, de 17 de dezembro de 2009.Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: Conselho Nacional de Educação, Câmara de Educação Básica. Brasília, 2009.

________________. BRASIL. Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), Brasília, DF, n. 127, 7 de julho de 2015. Secção I, p. 1677-7042

________________. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base. Brasília, MEC/CONSED/UNDIME, 2017.

________________. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP Nº: 15/2017, de 15 de dezembro de 2017, da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Page 169: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

169

Brasília, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, seção 1, p. 146, 21 de dezembro, 2017.

________________. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CP nº 2, de 22 de dezembro de 2017. Institui e orienta a implantação da Base Nacional Comum Curricular, a ser respeitada obrigatoriamente ao longo das etapas e respectivas modalidades no âmbito da Educação Básica. Brasília, Diário oficial da União, 22 de dezembro, 2017.

________________. Portaria nº 331, de 5 de abril de 2018. Programa de Apoio a Implementação da Base Nacional Comum Curricular – Pro BNCC e estabelece diretrizes, parâmetros e critérios para sua implementação. Diário Oficial da União, ed. 66. Brasília, DF. 04. abr. 2018. Seção 1. pg. 10

KRAMER, Sonia. A infância e sua singularidade. In: BEAUCHAMP Jeanete, PAGEL, Sandra Denise, NASCIMENTO, Aricélia Ribeiro (Org.). Ensino fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. p. 13-24.

LEAL, Telma Ferraz. ALBUQUERQUE, Eliana Borges. MORAIS, Gomes de Morais. Letramento e alfabetização: pensando a prática pedagógica. In: BEAUCHAMP, Jeanete, PAGEL, Sandra Denise, NASCIMENTO, Aricélia Ribeiro (Org.). Ensino fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. p. 69-96.

MELLO, Suely Amaral. Letramento e alfabetização na Educação Infantil, ou melhor, formação da atitude leitora e produtora de textos nas crianças pequenas. Educação Infantil e Sociedade, p. 75, 2012. NASCIMENTO, Anelise Monteiro. A Infância na escola e na vida: uma relação fundamental. In: BEAUCHAMP Jeanete, PAGEL, Sandra Denise,

NASCIMENTO, Aricélia Ribeiro (Org.). Ensino fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. p. 25-32.

OLIVEIRA, Zilma R. (org.). Educação Infantil: fundamentos e métodos. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2010.

________________ O Trabalho do Professor na Educação Infantil. São Paulo: B.

_______________ BRASIL. Emenda constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009. Diário Oficial da União,Brasília, 12 de novembro de 2009, Seção 1, p. 8. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc59.htm>.

________________ Base Nacional Comum Curricular. Versão final, publicada em 20 dezembro de 2017. Disponível em: <basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/02/bncc-20dezsite.pdf>.

Page 170: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

170

________________Ministério da Educação. Conselho Nacional da Educação e Câmara da Educação Básica. Resolução nº 4, de 13 de julho de 2010. Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/index.php/rock-res2010/4766res01913072010anexo01/download>.

________________.Lei nº9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases deeducação nacional. Brasília, DF: Congresso Nacional, 1996.

________________.Resolução CNE/CEB de 3 de abril de 2002. Institui Diretrizes Operacionais para a Educação Básica.

________________.Resolução CNE/CP de 22 de dezembro de 2017. Institui e orientam a implantação da Base Nacional Comum Curricular, a ser respeitadas obrigatoriamente ao longo das etapas respectivas modalidades no âmbito da Educação Básica.

________________... Ministério da Educação. Conselho Nacional da Educação e Câmara da Educação Básica. Parecer nº 7, de 7 de abril de 2010. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Disponível em: <www.mec.gov.br>.

CHARLOT, B. Da relação com o saber, formação dos professores e globalização: questões para a educação hoje. Porto Alegre: Artmed, 2005.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

GANDIN, D. A prática do planejamento participativo: na educação e em outras instituições, grupos e movimentos dos campos culturais, social, político, religioso e governamental. Petrópolis, 12. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.

GIROUX, H. A. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica daaprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997

LOPES, E. Flexibilização curricular: um caminho para o atendimento de aluno com deficiência, nas classes comuns da Educação Básica. Disponível em:<http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/786-4.pdf

VASCONCELLOS, C. S. Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem projeto político pedagógico. 2. ed. São Paulo: Libertad, 1999.

VYGOTSKY, L.; L. A. R. Estudos sobre a história do comportamento: o macaco, o primitivo acriança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.

_________________; CANDAU, V.M. In: BRASIL. Indagações sobre o currículo: currículo, conhecimento cultura. 2008.

HOYOS, Rafael Eugenio Andrade. Dialectologiahispanoamericana y ensernanzadelespanol. In Língua e Literatura, ANO III.

Page 171: Capão da Canoa · Web viewEm 2017, a rede municipal de educação de Capão da Canoa melhorou em todos os indicadores do índice de desenvolvimento da educação básica, tanto na

171

GALVÃO, I. H. W. A concepção dialética do desenvolvimento infantil. Petrópolis/RJ:Ed. Vozes,2001.

GIMENO S, J.; GÓMEZ, A. I. P. Compreender e transformar o ensino. 4. ed. Porto Alegre: ARTMED,1998.

Inventário Turístico – Capão da Canoa