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Luzia 09-03-2016
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Canção das mulheres

Apr 13, 2017

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Luzia Gabriele
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Cano Das Mulheres

CANO DAS MULHERESLuzia09-03-2016Lya Luft

Que o outro saiba quando estou com medo,e me tome nos braos sem fazer perguntas demais.

Que o outro note quando preciso de silncioe no v embora batendo a porta,mas entenda que no o amarei menosporque estou quieta.

Que o outro aceite que me preocupo com elee no se irrite com minha solicitude,

e se ela for excessiva saiba me dizer issocom delicadeza ou bom humor.

Que o outro perceba minha fragilidadee no ria de mim, nem se aproveite disso.

Que se eu fao uma bobagemo outro goste um pouco mais de mim,porque tambm preciso poder fazer tolices tantas vezes.

Que se estou apenas cansadao outro no pense logo que estou nervosa,ou doente, ou agressiva,nem diga que reclamo demais.

Que o outro sinta quanto me di a idia da perda,e ouse ficar comigo um pouco em lugar de voltar logo sua vida,

no porque l est a sua verdademas talvez seu medo ou sua culpa

Que se comeo a chorar sem motivodepois de um dia daqueles,o outro no desconfie logo que culpa dele,ou que no o amo mais.

Que se estou numa fase ruimo outro seja meu cmplice,

mas sem fazer alarde nem dizendo:Olha que estou tendo muita pacincia com voc!

Que se me entusiasmo por alguma coisao outro no a diminua,nem me chame de ingnua,

nem queira fechar essa porta necessriaque se abre para mim,por mais tola que lhe parea.

Que quando sem querereu digo uma coisa bem inadequadadiante de mais pessoas,o outro no me exponha nem me ridicularize.

Que quando levanto de madrugada e ando pela casa,o outro no venha logo atrs de mim reclamando:Mas que chateao essa sua mania, volta pra cama!

Que se eu peo um segundo drinque no restauranteo outro no comente logo: Poxa, mais um?

Que se eu eventualmente perco a pacincia,perco a graa e perco a compostura,o outro ainda assim me ache linda e me admire.

Que o outro filho, amigo, amante, marido no me considere sempre disponvel,sempre necessariamente compreensiva,

mas me aceite quando no estou podendo ser nada disso.

Que, finalmente, o outro entendaque mesmo se s vezes me esforo,no sou, nem devo ser, a mulher-maravilha,mas apenas uma pessoa: vulnervel e forte,incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa uma mulher

Por se tratar de cidade de colonizao alem, as crianas, em quase sua totalidade, falavam alemo, e os livros utilizados nas escolas vinham da Alemanha. Com onze anos, decorava poemas de Goethe e Schiller.Posteriormente, estudou em Porto Alegre (RS), onde se formou em pedagogia e letras anglo-germnicas. Iniciou sua vida literria nos anos 60, como tradutora de literaturas em alemo e ingls.Nasceu no dia 15 de setembro de 1938, em Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul.Sobre a Autora

Achou-se ridcula quando pensou: esse o homem da minha vida! O irmo marista tirou a batina para casar com ela em 1963. Nessa paixo, comeou a escrever poesia. Os primeiros poemas foram reunidos no livro "Canes de Limiar" (1964). Tiveram trs filhos: Suzana, em 1965; Andr, em 1966; e Eduardo, em 1969.Em 1972 lana mais um livro de poemas, "Flauta Doce.Em 1978 lana seu primeiro livro de contos, "Matria do Cotidiano.Conheceu Celso Pedro Luft, seu primeiro marido, quando tinha 21 anos. Ele tinha quarenta. Era irmo marista. Foi numa prova de vestibular.

A fico entrou em sua vida dois anos depois de um acidente automobilstico quase fatal em 1979. Como teve uma viso mais prxima da morte, diz a autora quecomeou a fazer tudo que evitava. conhecida por sua luta contra os esteretipos sociais. "Essas coisas que obrigam as pessoas a ser atletas. Hoje quase uma imposio: a ordem fazer sexo sem parar, o tempo todo. A ordem no fumar, no beber. essa loucura o dia inteiro na cabea. Quem no for resistente acaba enlouquecendo. E a vida fica para trs. Hoje as pessoas esto sofrendo muito. Um sofrimento absolutamente desnecessrio. Especialmente as mulheres que fazem plstica logo que vem uma ruga no rosto. Plsticas de inteira inutilidade".

FORMATAO:LUZIA GABRIELEEMAIL: [email protected]: LYA LUFTBIOGRAFIA: INTERNETIMAGENS: INTERNETMSICA: CANHOTO DA PARABA-MULHER RENDEIRA-VIOLODATA: 09 DE MARO DE 2016

A vida maravilhosa, mesmo quando dolorida. Eu gostaria que na correria da poca atual a gente pudesse se permitir, criar, uma pequena ilha de contemplao, de autocontemplao, de onde se pudesse ver melhor todas as coisas: com mais generosidade, mais otimismo, mais respeito, mais silncio, mais prazer. Mais senso da prpria dignidade, no importando idade, dinheiro, cor, posio, crena. No importando nada. Lya Luft