UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL DEPARTAMENTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO CURSO DE ARTES VISUAIS ATITUDES EXPRESSIVAS DA DANÇA MODERNA NA PINTURA “A DANÇA DA PAIXÃO” JÚLIA MARIA CAMPOS Campo Grande - MS 2005
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL DEPARTAMENTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO
CURSO DE ARTES VISUAIS
ATITUDES EXPRESSIVAS DA DANÇA MODERNA NA PINTURA
“A DANÇA DA PAIXÃO”
JÚLIA MARIA CAMPOS
Campo Grande - MS
2005
1
JÚLIA MARIA CAMPOS
ATITUDES EXPRESSIVAS DA DANÇA MODERNA NA PINTURA
“A DANÇA DA PAIXÃO”
Campo Grande - MS 2005
Relatório apresentado como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Artes Visuais `a Banca Examinadora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,sob a orientação do Prof.Msc. Darwin Longo.
2
À minha família que sempre me incentivou a viver intensamente o mundo da arte, me apoiando e contribuindo para que todo meu esforço tenha um significado.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a todas as pessoas que contribuíram direta e indiretamente para que se tornasse possível a conclusão deste trabalho: ao meu orientador – Darwin Longo, aos professores Marlei Sigrist, Carla de Cápua e Adalberto, a minha professora de ballet - Suzana Leite, a minha família e aos meus amigos.
4
“O gesto é o agente direto do coração”.
Delsarte
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RESUMO
O tema de minha produção plástica para a conclusão do curso de Artes Visuais é
“Atitudes Expressivas da Dança Moderna na Pintura – A Dança da Paixão”, a
linguagem artística é a pintura em tela, apoiada na tendência hiperrealista, e o
enfoque temático é a dança. Escolhi este tema por razões sentimentais, pois minha
experiência como bailarina me induziram a mostrar a arte de dançar, os seus
movimentos/atitudes que mesmo convertidos em pinturas não perderam sua
expressividade. Minha motivação para desenvolver este trabalho foi atingir o desafio
de obter como resultado final, um conjunto de obras capaz de emocionar e de
transmitir uma carga de sentimentos ao expectador. Em cada tela há uma
mensagem pessoal para ser apreciada em seus valores estéticos por cada um. Para
executar o projeto, primeiramente, fiz pesquisas sobre a História da dança e da
pintura, fundamentando a técnica e a metodologia utilizada no trabalho prático.
Adotei como paradigmas os trabalhos de alguns artistas que já produziram com a
mesma temática. Pintei movimentos de dança moderna, tendo como base fotos e
imagens digitais, e o resultado foi uma série de dez movimentos compondo uma
coreografia pintada, que simboliza sentimentos relativos ao amor, presentes no
relacionamento de um casal.
PALAVRAS-CHAVE: Arte, dança, pintura em tela, expressão.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 12
CAP.I BASES FUNDAMENTADORAS 14
1. DA PINTURA 14
1.1 A TENDÊNCIA HIPERREALISTA 17
1.2 AS REFERÊNCIAS: EDGAR DEGAS 19
1.2.1 MATISSE 21
1.2.2 KANDINSKY 23
1.2.3 GREGÓRIO GRUBER 24
1.3 SOBRE A DANÇA 25
1.3.1 DANÇA MODERNA X COTEMPORÂNEA 27
CAP.II METODOLOGIA 30
2.1 TRANSPOSIÇÃO DA EXPRESSÃO CORPORAL DE SENTIMENTOS PARA
A PINTURA 30
2.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 32
CAP.III SOBRE AS OBRAS 35
3.1 ANÁLISE GERAL DAS OBRAS 35
3.2 DOS ELEMENTOS 37
3.2.1 O PALCO – PISO COM LINÓLEO 38
3.2.2 A ILUMINAÇÃO 38
3.2.3 A CORTINA 39
3.3 A DANÇA DA PAIXÃO 39
7
CONSIDERAÇÕES FINAIS 50
BIBLIOGRAFIA 52
PORTIFÓLIO 55
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 - pintura rupestre 15
Figura 2.1 - pintura mural egípcia 16
Figura 3.1 - Leonardo Da Vinci 17
Figura 4.1 - Chuck Close 18
Figura 5.1 – Degas 20
Figura 6.1 - Matisse 22
9
Figura 7.1 - Danças de Palucca 24
Figura 8.1 - Gregório Gruber 25
Figura 9.1 - Gregório Gruber 25
Figura 10.1 - cia de dança Cisne Negro 28
Figura 11.2 - tensão 31
Figura 12.2 - relaxamento 31
10
Figura 13.2 - Croqui para a primeira tela 32
Figura 14.2 - Croqui para a segunda tela 33
Figura 15.3 - Volúpia 40
Figura 16.3 Enleamento 41
Figura 17.3 Emaranhado 42
Figura 18.3 O Amor 43
Figura 19.3 Êxtase 44
11
Figura 20.3 Ruptura 45
Figura 21.3 Reaproximação 46
Figura 21.3 Desesperadamente 47
Figura 22.3 O Abraço 48
Figura 23.3 Aventura 49
12
INTRODUÇÃO
A Dança caracteriza-se como uma das primeiras manifestações de arte,
antes mesmo de polir a pedra e construir abrigos, os homens já se movimentavam
ritmicamente para se aquecer e se comunicar.
Assim sendo, o ato de dançar pode ser definido como uma manifestação
instintiva do ser humano, e que composta por movimentos ordenados e rítmicos tem
como princípio básico as manifestações biológicas dos seres humanos e animais.
Na Dança estão reunidos todos os aspectos belos da vida, pois interfere no
ouvido, na vista e no sentimento estético.
Tendo em vista sua grande capacidade de expressar a alma, de interpretar
os sentimentos humanos com seus movimentos e poses, tive a vontade de registrar
essa linguagem corporal, a qual ao assistirmos em espetáculos ou apresentações
mais informais, em seu término toda a emoção causada se dissolve no ar. Contudo,
pode permanecer em nosso íntimo, através de pinturas desse momento que se
“acabou”.
A partir disso, adotei como tema, para o meu trabalho final de Artes Visuais,
“Atitudes Expressivas da Dança Moderna na Pintura – A Dança da Paixão”, e
elaborei, após pesquisar as bases teóricas que fundamentam este trabalho - a
História da Dança e da Pintura - um trabalho prático que utiliza como meio de
expressão a linguagem da pintura em tela.
Fiz uma leitura bastante pessoal da dança na pintura, mas que se torna
compreensível a todos, principalmente por meio deste relatório. Pois, a minha paixão
pela dança constituiu uma forte e agradável fonte de inspiração e motivação para ter
desenvolvido esse tema, essa razão sentimental atribui-se à minha experiência
pessoal como bailarina.
Portanto, também tenho o grande intuito de comunicar o maravilhoso
mundo da dança, e o turbilhão de emoções que ela produz com todos os seus
elementos combinados.
A opção pela pintura, como linguagem artística para produzir as obras, deve-
se ao fato da minha maior afinidade com essa técnica, antes de cursar a faculdade
13
de Artes já desenvolvia pinturas com muito gosto, como forma de distração e quase
sem conhecimento sobre a mesma. E com os estudos e aulas desenvolvidos
durante o período acadêmico, minha fascinação pela pintura cresceu cada vez mais,
especialmente pelo estilo figurativo e suas diferentes formas de representar o real.
A tendência que usei como referência para pintar foi a pós - modernista,
segundo a estética contemporânea do realismo, nomeada de hiperrealismo, com o
intuito de transcender a pintura e dar maior dramaticidade aos movimentos e
expressões que representei em telas.
Para desenvolver o trabalho prático, manipulei elementos como fotos digitais
e imagens de dança contemporânea para descobrir possibilidades estéticas dentro
da pintura, baseadas nas já existentes, e dentro da estética hiperrealista.
Utilizei os movimentos da dança para traduzir sentimentos relativos ao amor
entre um homem e uma mulher, através da pintura expressiva de cenas de dança
contemporânea, executada em ¹Duo, combinando-os ao fator imposto pelas cores,
para conquistar a beleza e harmonia em tela.
O resultado foi um total de dez telas, nas quais tive como intenção imprimir
uma qualidade capaz de expressar os sentimentos humanos relacionados à paixão
entre o casal, ora suaves ora impactantes. E com isso, despertar nos espectadores
uma apreciação capaz de emocioná-los, suscitando uma empolgação gerada pelo
simbolismo de tais movimentos no psicológico de cada um.
Logo, a abordagem que deve ser feita sobre as obras é estética.
Este relatório está dividido em três capítulos subdivididos. No primeiro
capítulo, apresento as bases teóricas que fundamentam o trabalho, demonstrando
os estudos feitos sobre a pintura; os pintores que serviram como paradigmas e a
tendência hiperrealista.
Na seqüência, no segundo capítulo, falo sobre a metodologia, como é feita a
transposição da expressão corporal de sentimentos da dança para a pintura, e os
procedimentos utilizados para executar as obras, as técnicas e os materiais.
Logo após, no terceiro capítulo, realizo uma análise das obras; explicando o
significado de cada um de seus elementos. E por último, faço minhas considerações
finais, fechando o pensamento que segui neste trabalho, e exponho as referências
bibliográficas utilizadas nas pesquisas.
¹ Duo: modalidade de dança executada por apenas dois bailarinos.
14
CAP.I BASES FUNDAMENTADORAS
Neste capítulo, exponho as pesquisas que realizei sobre a pintura e a
dança, apresento um pouco de sua história e suas características, demonstrando
assim suas origens e importância ao longo dos tempos para situar o leitor sobre as
linguagens presentes em meu trabalho, bem como sobre a tendência que busquei
para dar suporte à minha produção, o hiperrealismo.
Também neste capítulo, citarei alguns dos artistas pesquisados, os quais
foram importantes em minhas pesquisas por terem produzido obras com a temática
da dança, conseqüentemente tornaram-se paradigmas para a minha criação.
1. DA PINTURA
Pintura é a atividade artística que consiste na aplicação de pigmentos
coloridos em um plano bidimensional, geralmente em uma superfície já preparada
para tal uso (Mayer, 2002). A superfície de aplicação dos pigmentos também pode
variar, desde murais e paredes até telas próprias para pintura.
Há várias técnicas de pintura, como os afrescos, a pintura a óleo, pintura
mural - feita ou aplicada sobre uma parede -, pintura a têmpera e várias outras.
Estando presente durante toda a evolução humana, a pintura situa-se
atualmente no campo das Belas Artes, cujo objetivo é essencialmente estético,
porém possui um aspecto técnico e depende do bom emprego de materiais; de
pincéis e de tintas. Ela pode ser vinculada tanto à produção de imagens decorativas
quanto a imagens de representação, figurativas ou abstratas.
A pintura possui origens primitivas, surgiu como uma das primeiras formas
de expressão do homem pré-histórico, antes mesmo da escrita já faziam
representações naturalistas e ingênuas nas paredes de suas cavernas. Para esses
15
povos, as pinturas possuíam um significado mágico, acreditavam que se
representassem cenas de caça de animais nas cavernas, logo seriam agraciados
com o mesmo.
Figura 1.1 PALEOLÍTICO. Touro negro. Parte de uma pintura rupestre. Lascaux (França)
Fonte: JANSON, 1998:42
Os homens das cavernas imortalizaram seus desenhos naturalistas de suas
caçadas e animais da época, pintados com tintas que fabricavam de pigmento
retirados do solo. Como por exemplo, nas pinturas encontradas nas cavernas em
Altamira (Espanha) e Lascaux (França) (figura 1.1), em 25.000 aC. Essas pinturas
possuíam um sentido místico, conforme nos informa Gombrich (1999:40):
...as imagens são feitas para protegê - los contra outros poderes que, para eles, são tão reais quanto as forças da natureza. Pinturas e estátuas, em outras palavras são usadas para realizar trabalhos de magia...
A cultura egípcia foi a mais antiga, e produziu um conjunto considerável de
obras na pintura (figura 2.1). O conjunto de sua pintura, se desenvolveu ao longo de
três milênios e refletiu as tradições da cultura em que esteve contextualizada através
das convenções iconográficas que marcavam o uso de imagens. Segundo Gombrich
(1999:60):
16
...eles desenhavam de memória, de acordo com regras estritas, as
quais asseguravam que tudo o que tivesse que entrar no quadro se destacaria com perfeita clareza. O método do artista, de fato, assemelhava – se mais a do cartógrafo que ao do pintor...
Figura 2.1 As filhas de Akenaton. Fragmento de uma pintura mural egípcia, de 1360 a.C.
Fonte: JANSON, 1998:45
Da pintura grega, restou apenas as pinturas em vasos, que revelam um
crescente naturalismo em suas representações, naturalismo este que, no período
helênico, influenciaria a arte e a arquitetura romana.
Foi no período do Renascimento (figura 3.1), que a pintura passou a possuir
uma organização espacial coerente e equilibrada, seus conceitos eram irradiados
sobretudo a partir do grande foco das artes européias de então, a Itália.
17
Figura 3.1 Monalisa. Leonardo Da Vinci.1503-05, painel 77 X53cm.
Museu do Louvre, Paris.
Fonte: JANSON, 1998: 443
No final do Século XIX, surge o impressionismo, introduzindo um tipo de
representação pictórica em que havia a dissolução atmosférica dos objetos.
Em seguida, uma verdadeira explosão experimentalista tomou conta das
artes, desencadeada pelos pós-impressionistas. Foi o momento das vanguardas
artísticas. Surgiram tendências diversas nesse contexto, como o expressionismo e o
fauvismo. O artista passou a realizar uma verdadeira reordenação da realidade
através de sua obra. Mais tarde, no período denominado de pós-moderno, surge o
hiperrealismo em reação à abstração.
1.1 A TENDÊNCIA HIPERREALISTA
Reagindo contra as formas abstratas ou informais da arte, e nomeadamente
contra a arte conceitual que havia desmaterializado a própria arte, o hiperrealismo
surge nos anos sessenta, como um novo retorno à pintura e escultura realista.
18
Todavia, não se trata agora de representar a realidade de uma forma
ilusória, mas de provocar um novo olhar no espectador sobre a própria realidade.
"Mais verdadeiro que o real" ou "tudo é como é, e no entanto é distinto no modo
como nos aparece", são dois dos lemas deste movimento.
Figura 4.1 Frank. Chuck Close. Acrílica s/ tela, 1969
Fonte: internet: www.artsmia.org
Inspirados pela pintura de Edward Hopper, e artistas norte-americanos como
Chuck Close (figura 4.1), Richard Estes e Malcolm Morley, os hiperrealistas
proclamam o retorno ao figurativismo. Ainda que centrado na técnica clássica de
perspectiva e desenho e na preocupação minuciosa com detalhes, cores, formas e
textura, não postula a arte como cópia fotográfica da realidade, segundo Proença
(1989:169):
“o cotidiano vivido pelo homem é um eterno e forte apelo à imaginação criadora do artista. Talvez seja por isso que ao longo da história os movimentos realistas sempre ressurgem. No entanto, é necessário observar que, apesar do nome, as obras realistas nunca foram um retrato fiel da realidade pois a obra de arte é sempre resultado da visão pessoal do artista, sua interpretação do real.”
19
A pintura hiperrealista tem uma definição quase fotográfica, tinha como
proposta representar um tema familiar, explicitando para o observador os aspectos
surpreendentes desse tema, geralmente, pintavam a partir de fotografias, de
preferência em preto e branco; criando em telas planas os efeitos intensos de
volume, luz e profundidade.
Esta tendência artística é a mistura da parcialidade, da contemporaneidade
e da realidade. Com o apoio desta tendência, que construí o meu estilo para pintar,
caracterizando minhas obras como figurativas contemporâneas.
Foi de grande importância esta solução pictórica como recurso estético para
registrar a dança (meu tema), sendo o fator que contribuiu para elevar a
dramaticidade das cenas pintadas.
1.2 AS REFERÊNCIAS: EDGAR DEGAS
Edgar Degas (1834 – 1917), possuía uma admiração pelo classicismo de
Ingres e pela obra dos mestres renascentistas, que estudou em diversas viagens à
Itália, fazendo com que se inclinasse para os temas históricos inicialmente, mas
partir de 1862, seu estilo experimentou uma mudança radical: conheceu Édouard
Manet, que o introduziu no círculo dos pintores impressionistas. Os jóqueis, o balé e
as cenas cotidianas passaram a ser seus temas preferidos.
Integrado ao movimento impressionista, Degas reformulou as nossas
percepções visuais. Ele desenvolveu uma estética muito pessoal, caracterizada por
um perfeito estudo do movimento e da composição.
Criou composições que não parecem ter sido compostas, ele sugere toda
uma situação e tudo o que parece ser aleatório em sua obra é cuidadosamente
organizado. Seus quadros são o resultado de uma série de cálculos e de inúmeros
estudos.
20
Este pintor fazia uma idéia mais complexa da pintura que os outros
impressionistas, que estavam preocupados somente com a luz natural e as
paisagens, Degas se concentrou nos movimentos das figuras e na representação de
cenas de interior, com a luz artificial.
Pintou várias temáticas, mas tornou-se popular como "pintor das bailarinas”.
Ele explorou em suas cenas de ballet as possibilidades do tema através de diversas
variações.
Na obra “Ensaio de Ballet no Palco” (figura 5.1) interessa-se pela atmosfera,
o claro-escuro não colorido, se difere das demais obras em que usa cores pastéis, o
que é uma espécie de alusão à nova técnica da fotografia instantânea.
Figura 5.1 Ensaio de Ballet no Palco, Degas/ 1874, óleo s/ tela, 65 X 85cm
Fonte: GROWE, 1994:48
Utilizou cada vez mais perspectivas surpreendentes sobre esse tema, e seus
quadros representam a dureza dos exames de dança da sua época, em que as
candidatas procuravam sua ascensão social e econômica, uma vez que elas eram
pagas por grau de formação. Ele mostra o desgosto das bailarinas exauridas com
os treinos de um trabalho aparentemente fácil.
Ao representar as bailarinas, Degas não se interessa por sua beleza e muito
menos se preocupa com seu estado de espírito. Possui um olhar objetivo, o que
21
realmente lhe importa é o jogo de luz e sombra sobre a forma humana que pode
sugerir movimento ou espaço.
Assim sendo, Edgar Degas é um grande parâmetro para o meu trabalho, no
que se refere á temática desenvolvida e ao estudo do movimento das bailarinas para
compor a obra. Contudo, o motivo e o resultado que pretendi alcançar se distingue
de sua produção, pois em sua obra a bailarina é somente um pretexto para um
quadro. Segundo Argan (1995:106):
... embora sua pesquisa ultrapasse a sensação visual e revele
momentos psicológicos ou situações humanas que o olho não registra sem a vontade cognitiva do pensamento, Degas nunca cedeu a simpatias ou aversões, a impulsos de sentimentos...
1.2.1 MATISSE
Dentre os pintores fauvistas, Matisse (1869-1954) foi o que mais explorou o
sensualismo das cores fortes, ele foi o único a evoluir para o equilíbrio entre a cor e
o traço em composições planas, sem profundidade.
Desenvolveu sua obra gradualmente e alcançou a harmonia com sua
devoção à cor, luz e espaço. Para ele, pintar um quadro significava construir com as
cores.
Influenciado pelas cerâmicas islâmicas, estabeleceu uma regra para si;
cores puras e aplicadas de forma lisa, redução do desenho a linhas arabescas e
espaço com superfícies planas.
Sua obra A Dança (figura 6.1), é uma das maiores obras-primas de nosso
século.
Segundo Argan (1995:259):
22
...O quadro tem um significado mítico – cósmico: o solo é o horizonte terrestre, a curva do Mundo, o céu tem a profundidade azul - turquesa dos espaços interestelares, as figuras dançam como gigantes entre a terra e o firmamento...
Este quadro é uma síntese entre a linha, o volume e a cor. Explora o ritmo das curvas, e a cor não se dissolve em matizes, mas é delimitada pelo traço.
Figura 6.1 A Dança, Matisse/ 1910, tela, 2,60X3,90m
Museu Ermitage ,Leningrado
Fonte: Argan, 1995:260
As características das obras de Matisse, sua estética de pintura, explorando
ao máximo a expressividade das cores na representação pictórica e tratando a cor
como elemento de composição, fizeram parte de minha pesquisa, porém interessei-
me neste artista por ele ter desenvolvido o tema da dança em algumas obras.
Deve-se ressaltar que a pintura que realizo, que se apropria da característica
estética do hiperrealismo, a solução cromática na composição se resolve através da
técnica de modelação cromática. Esta permite simular o real através da solução
plástica pictórica.
Mesmo sua solução plástica sendo diferente da que realizei, tive seu
trabalho como uma referência das possibilidades de se representar uma dança
contemporânea.
23
1.2.2 KANDINSKY
A obra de Wassily Kandinsky (1866-1944) evoluiu do impressionismo até o
abstracionismo. Pouco a pouco, a abstração vai dominando a sua obra até se
converter na sua linguagem natural.
A tendência para o abstrato observa-se ao longo dos anos 20 e 30 em
diversos agrupamentos de pintores, mas o primeiro artista que pinta composições
não figurativas é Kandinsky, que, além disso, escreve e teoriza sobre a abstração.
Ele estudou a psicologia das cores e das formas, que considera os
elementos mais adequados e puros para transmitir a expressão pictórica de uma
emoção. A abstração já se adivinha nas suas séries com uma característica que faz
com que sejam chamadas de líricas, frente à abstração geométrica ou racional
posterior.
A característica emocional de suas obras, muito tem a ver com sua relação
com a música, arte que ele já possuía uma formação.
No livro de título Ponto e Linha sobre Plano o seu autor: Kandinsky, faz uma
análise sistemática, quase científica, dos elementos fundamentais da pintura, que
são o ponto, a linha e o plano.
Aplicando toda a sua teoria de sistematização dos elementos da pintura para
a abstração, também faz uma relação do ponto e da linha na dança, através da
estruturação dos elementos corpóreos.
Na dança, segundo seus estudos, a terminologia ponto, é primeiramente
identificado no ballet clássico, uso das sapatilhas de pontas. Assim, os pontos são
desenhados no chão com os passos nas pontas dos pés. O ponto também aparece
nos saltos, tanto nos verticais da dança clássica, quanto nos da dança
contemporânea, que ao contrário dos saltos verticais, desenha um plano com cinco
pontas: a cabeça, as duas mãos e as duas pontas dos pés.
Sobre a linha na dança contemporânea, ele diz que, todo o corpo e os dedos
desenham linhas de expressões precisas.
Kandinsky, inspirou-se no trabalho da dançarina Gret Palucca, e traduziu
suas figuras e saltos em esquemas gráficos, transpondo num meio bidimensional, a
tensão da expressão corporal e o efeito espacial (figura 7.1).
24
Figura 7.1 Danças de Palucca transformadas em linhas e curvas, 1926
Berlin. Bauhaus-archiv
Fonte: Malorny, 1999:160
A sistematização acima abordada é importante para o trabalho, na medida
que também é importante para o dançarino contemporâneo, ou moderno, ter o
entendimento desta abstração formal geométrica para a sua arte.
Pois, na composição da dança moderna, caracterizam-se como fatores do
movimento. A linha é a situação que o indivíduo descreve no espaço, dada pela
amplitude do movimento, e o eixo; é uma linha reta em torno da qual o corpo
executa um movimento de rotação.
O conhecimento proporcionado por kandinsky também possibilita uma
relação de suas estruturações da dança, usadas para abstração, com os estudos
para se compor movimentos não abstratos. Portanto, este é um aspecto que torna
relevante o estudo deste artista para a minha composição.
1.2.3 GREGÓRIO GRUBER
Este artista iniciou uma produção, de 1982-86, de uma série de obras em
diferentes técnicas; pastel, sanguínea, guache e aquarela sobre papel, cujo tema
25
das obras é o filme “Bodas de Sangue”, de Carlos Saura, e o resultado foram
setenta sanguíneas refletindo o filme.
Gruber, depois de ter assistido este filme produziu, possuído por suas
imagens, músicas, cores, dança e tudo mais, obras tendo como referência a
composição do filme, por meio de fotografias desfocadas que tirou de “Bodas de
Sangue”.
Este artista interesse-se pela relação com a figura, o movimento, com a
música e dança. Ele procurou simplificar as formas e concentrou-se na composição.
Essa característica de retratar a dança de um filme através da pintura foi um
forte apelo á minha imaginação, sendo também um grande paradigma, pois construí
obras com base em fotos de um filme, que com as tecnologias desta época fiz fotos
digitais.
Figura 8.1 e 9.1 O Amor, Gregório Gruber/ 1982-86 Fonte: Gruber, 1986:58
1.3 SOBRE A DANÇA
A arte do movimento humano (Wells,1983), plástico-rítmico, abstrato ou
expressivo, realizado individual ou coletivamente é o que chamamos de dança.
A dança é considerada uma das mais antigas das artes, é também a única
que dispensa materiais e ferramentas. Ela só depende do corpo e da vitalidade
26
humana para cumprir sua função, enquanto instrumento de afirmação dos
sentimentos e experiências subjetivas do homem.
Kurt Sachs (1944:223), em sua História universal da dança, diz:
...A dança é a mãe das artes. A música e a poesia existem no
tempo; a pintura e a escultura no espaço. Porém a dança vive conjuntamente no tempo e no espaço. O criador e a criação, o artista e sua obra, nela são uma coisa única e idêntica. Os desenhos rítmicos do movimento, o sentido plástico do espaço, a representação animada de um mundo visto e imaginado, tudo isto é criado pelo homem com seu próprio corpo por meio da dança, antes de utilizar a substância, a pedra e a palavra para destiná-las à manifestação de suas experiências exteriores...
Segundo certas correntes da antropologia (Sachs,1944), as primeiras
danças humanas eram individuais e se relacionavam à conquista amorosa. As
danças coletivas também aparecem na origem da civilização, e suas funções
associavam-se à adoração das forças superiores ou dos espíritos para obter êxito
em expedições guerreiras e de caça, ou ainda para solicitar bom tempo e chuva.
Na atualidade, cada vez mais se toma consciência da importância da dança
como forma de expressão do ser humano. Hoje, ela é percebida por seu valor em si,
muito mais do que um passatempo, um divertimento ou um ornamento. Segundo o
pensamento de Wells (1983:10):
...o corpo imaginativamente treinado será um instrumento grato e maleável a serviço da fantasia, da espontaneidade e da criatividade, onde a dramatização e a improvisação terão ponto de destaque nessa maravilha que pode ser a expressão e dança...
Apresentando a importância da dança e algumas de suas funções ao longo
dos tempos, com o intuito de mostrar que esta arte possui uma característica
expressiva que sempre foi explorada pelo homem, e ainda será muito explorada,
inclusive subsidiando o tema deste trabalho.
27
1.3.1 DANÇA MODERNA X COTEMPORÂNEA
No início do século XX surgiu um período de mudanças e de experiências na
dança, iniciadas com Isadora Duncan na Europa, e Ruth St. Denis nos Estados
Unidos, que foram, por isso, denominadas de dançarinas livres.
A expressão “dança moderna” foi usada pela primeira vez, em abril de 1926,
para qualificar os trabalhos de Martha Granhan (FAHLBUSCH,1990).
Um mundo submisso às flutuações sociais, políticas, econômicas e
científicas, é propício a fortes apelos de espíritos criadores, influenciando sua
maneira de ser, de reagir, de se exprimir e de criar; mas , além disso, traz a
necessidade de trabalhar constantemente o modo de expressão adequado ao
acontecimento presente.
Assim a dança moderna é uma forma de dança em evolução, paralela à
marcha do tempo.
Contemporâneo significa o que é do tempo, no caso o presente, o que é da
nossa época. Moderno significa a atualidade, ou o que está mais próximo da
atualidade.
Assim sendo, é não existem duas modalidades distintas dentro da escola de
dança. O que existe é dança moderna, que é a dança do século XX, a dança da
atualidade.
A única diferença se situa no aspecto coreográfico. De acordo com Fahlbush
(1990:69) podemos dividir a dança moderna em dois aspectos de expressão
coreográfica:
“- A dança de expressão contemporânea que é a forma coreográfica que reflete o período no qual ela foi criada. É a manifestação do mundo e do tempo no qual o coreógrafo vive. Sua abordagem é calcada em fatos ou acontecimentos marcantes de um período, que seja no âmbito político, social, religioso, etc., os quais são
retratados, muitas vezes, como forma de protesto”.
- E dança de expressão moderna que é a forma coreografia que reflete as intenções do coreógrafo, quer seja no plano psicológico, emocional, literário,etc. “
28
Portanto, dança moderna é tudo o que foi feito dentro dessa escola de dança
desde Isadora Duncan até os dias de hoje.
Enquanto a dança moderna é um produto do século XX, a dança clássica se
apresenta como uma parte integrante de um conjunto de tradições que refletem o
espírito e a alma de uma época, os quais devem permanecer intactos para
perpetuar a idéia do passado.
A dança moderna não surgiu por um acidente, mas sim da necessidade
sentida por certos bailarinos de criar frases de movimentos que traduzissem o
interior do executante (figura10.2). É o estudo da técnica de uma dança praticada
com os pés descalços.
Figura 10.1 “Cânticos” Cisne Negro
Fonte: www.cisnenegro.com.br
Esse tipo de dança diverge bastante do ballet acadêmico; suas regras são
diferentes tanto no plano da técnica, quanto na origem da motivação do movimento.
Tem por principio básico proporcionar aos bailarinos a possibilidade da descoberta
de novas formas, de estimular sua criatividade e propiciar a liberdade do estilo de
cada um.
29
Na dança moderna a beleza das formas não é pré-estabelecida; um
movimento será belo ou não, em relação com a finalidade expressiva e com a
veracidade da resposta dada ao sentimento que o origina.
30
CAP.II METODOLOGIA
Neste capítulo relato os caminhos percorridos para executar o trabalho
prático, desde as pesquisas até a ação. Mostro como é feita a transposição da
expressão corporal dos sentimentos da dança para a pintura, através dos princípios
de Delsarte, um dos precursores da dança moderna, e o passo a passo, ou seja os
procedimentos metodológicos, usados para construir e concluir a produção artística.
2.1 TRANSPOSIÇÃO DA EXPRESSÃO CORPORAL DE SENTIMENTOS PARA A PINTURA
Por meio das pesquisas que realizei acerca da História da dança e da dança
moderna, bem como sobre seus precursores, avaliei a modalidade da dança
moderna/contemporânea como a mais apropriada para transmitir os sentimentos que
desejava simbolizar na pintura.
Devido sua capacidade mais expressiva no que se refere aos sentimentos
interiores e abstratos; por sua maior liberdade e por tratar do momento em que
vivemos, podendo ser uma expressão bem individual do criador coreográfico,
característica esta que usufruí para tornar-me uma coreógrafa dos movimentos,
expressando emoções, retratados pela pintura.
François Delsarte, foi um dos precursores da dança moderna
(FAHLBUSCH,1990), examinou o ser humano em todos os seus aspectos, e com
seus estudos definiu as leis da expressão corporal, as quais são encontradas em
todos os sistemas de dança moderna.
Ele caracteriza muito bem como acontece a expressão dos sentimentos no
desenvolver dos movimentos do bailarino, o que utilizei para melhor explicar essa
transposição da dança para a pintura.
31
Os estudos de Delsarte surgiram da necessidade de aliar o conhecimento da
linguagem do corpo com a linguagem da alma, proporcionando uma investigação
sistemática dos traços e suas diversas variações de emoções como o medo, o amor,
a cólera, a tristeza.
Com o conhecimento dos princípios de Delsarte, o bailarino consegue
exprimir seus pensamentos e emoções, utilizando-se de seu corpo ao praticar
conscientemente o controle da contração (figura 11.2) e do relaxamento (figura
12.2), os quais sugerem um estado de tensão e um estado de abandono.
Estudou a relação entre a voz, o movimento, a expressão e a emoção do ser
humano. Através de suas pesquisas, ele percebeu que a expressão humana é
composta basicamente pela tensão e o relaxamento dos músculos, e que para cada
emoção existe uma correspondência corporal específica. Esse princípio foi a base
da técnica de uma das mais famosas bailarinas modernas, Marta Graham.
Figuras 11.2 e 12.2 Bailarinos realizando ,respectivamente, contração e relaxamento,
princípios de Delsarte, FONTE: filme “The Company”, foto tirada por Júlia Maria Campos
A lei da elevação , praticada por bailarinos da dança moderna, inicia-se com
a posição de curvar sobre si mesmo, como na posição fetal, e continua pelo
desenvolvimento inteiro do corpo até a posição de pé, com os braços afastados,
exprimindo assim a sensação de realização de beleza e verdade, enquanto que ao
realizar o movimento inverso, o bailarino, exprime a negação, a feiúra e a falsidade.
32
2.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para o desenvolvimento do projeto, na primeira etapa fiz um levantamento
bibliográfico de livros, revistas ou de outras publicações que se relacionavam com a
Arte da Pintura e da Dança, servindo como material para a fundamentação teórica.
Após o estudo teórico sobre o tema das obras, e da linguagem adotada para
expressá-la, a próxima etapa foi a elaboração de croquis das formas que seriam
pintadas, tive como base fotografias dos movimentos de dança. Em seguida, analisei
as cores para relacioná-las aos sentimentos da maneira mais adequada, segundo a
intenção de causar emoção.
Fig. 13.2 Croqui selecionado para a pintura da primeira tela, foto:Júlia Maria Campos
A partir de técnicas de pintura já conhecidas, experimentei tintas até que
aprovei a tinta óleo como a que melhor propiciou o efeito estético que desejava, pois
ela possibilita uma pintura mais homogênea no que se refere à mistura das cores na
tela, na busca de uma textura e volume sem marcas. Outro fator é seu maior tempo
de secagem, o que possibilita melhor qualidade no caso de correções.
Assim sendo, técnica de pintura utilizada nos trabalhos finais, foi a tinta óleo
sobre tela, usando como referência a estética da pintura hiperrealista.
33
Todas as telas possuem a mesma dimensão, 50 X 70cm, para que esse
padrão caracterize o aspecto de quadros de uma seqüência, sendo uma alusão às
películas que compunham as filmagens ou até mesmo um álbum fotográfico.
Cumprindo estas etapas, fiz a seleção dos modelos dos croquis (figuras 13.2
e 14.2) que alcançaram o resultado mais expressivo e que melhor atendiam a
proposta, a fim de já iniciar a confecção dos trabalhos finais.
Fig. 14.2 Croqui selecionado para a pintura da segunda tela, foto:Júlia Maria Campos
Para criar as situações dos movimentos que o compõe, utilizei o artifício da
fotografia e de imagens digitais, sendo esta uma característica de como faziam os
pintores hiperrealistas. Busquei várias imagens de grupos e companhias de dança
moderna em livros, e principalmente nos sites da internet de alguns grupos como,
por exemplo, Cisne negro, Ballet Guaíra, Déborah Colker, e outros.
As demais fotos são do filme de dança “The Company”, que assisti e
fotografei, pois continha coreografias de dança moderna/contemporânea com
movimentos que me interessaram. Em alguns casos, manipulei essas imagens
deixado-as em preto e branco para não interferir muito no modo de pintar.
34
Dessa forma, adquiri um grande repertório de imagens e pude fazer uma
seleção das fotos usadas para criar minha composição. Escolhi intuitivamente, mas
de acordo com o que melhor se encaixava na minha proposta expressiva.
Partindo deste material como suporte, transformei-os e concluí a ação em
uma série de dez movimentos pintados.
Este capítulo tratou sobre o conteúdo temático, o qual deve situar o leitor
sobre o contexto teórico da dança, necessário para o entendimento do próximo
capítulo que cruzará a forma e o conteúdo, realizando-se a análise.
35
CAP.III SOBRE AS OBRAS
Neste capítulo, falarei da minha visão sobre as obras, o que elas
representam e qual o olhar que se fazer sobre as mesmas, de modo a esclarecer
meus objetivos, fazendo uma análise da poética que construí para elaborar e dar
conclusão à produção artística relatada.
3.1 ANÁLISE DAS OBRAS
Em minha produção prática fiz uma união entre a dança e a pintura, uma vez
que desenvolvi na pintura em tela cenas que possuem a dança como temática,
intituladas “Atitudes Expressivas da Dança Moderna na Pintura – A Dança da
Paixão”.
Defino “atitudes expressivas da dança moderna” como momentos em que a
expressão dos sentimentos humanos, relacionados à paixão entre um casal, foram
captados e representados em movimentos, posições (atitudes) da dança moderna
que aliados à composição cênica originada pelas cores, luz e sombra, foram
retratados na pintura em tela.
A poética das minhas pinturas tem como enfoque temático a dança, o qual é
feito segundo minha visão pessoal de artista bailarina. Reduzi os campos da “dança”
à dança moderna, mais especificamente, a modalidade dançada somente por dois
bailarinos, o Duo.
A minha intenção ao utilizar a dança como ferramenta para desenvolver a
temática, foi a de criar obras capazes de transpor movimentos corporais (de caráter
espacial) a uma superfície concreta e estática (o suporte), fazendo assim uma
conexão entre esses dois meios distintos e apresentar uma coreografia em tela, que
materializa a poética do trabalho.
36
Surgiu então a necessidade do subtítulo “A Dança da Paixão”, o qual se
refere ao nome da coreografia originada pela seqüência dos movimentos do casal
de bailarinos pintados.
O mais importante nessas pinturas é sua força expressiva própria, o intuito
de que elas sejam apreciadas pelo público de forma que eles possam se identificar
com as mesmas, transpondo-se para dentro da dança que pintei.
E é por esse motivo que escolhi pintar apoiada na tendência hiperrealista,
para que as “atitudes expressivas da dança da paixão” sejam familiares aos
observadores, os quais podem ser induzidos por seu imaginário a se colocar no
lugar dos bailarinos ali retratados. Essa resposta emocional do público é
fundamental para cumprir a função estética impressa nas obras.
Qualifiquei as imagens em movimentos de transição até se chegar no
movimento clímax ou tema. Pois, é dessa forma que se passa uma coreografia
dançada, os bailarinos tomados por seus personagens e expressando seus
sentimentos dançam, mas no aspecto técnico executam movimentos de preparação,
alongamento até executarem os mais impactantes ou mais complexos. Como pode
ser observado através dos estudos de Delsarte, sobre expressão dos sentimentos
no desenvolver dos movimentos do bailarino, brevemente exposto no Cap.II.
Os movimentos tema são aqueles que representam a intenção central, que é
seguida com os movimentos de transição, os quais servem para juntar os temas, ou
movimentos.
Baseada nisso, criei a minha visão de uma coreografia de dança nas telas,
que assim como numa dança possuem uma seqüência; começo, meio e fim, bem
como uma intenção ou conteúdo.
Na “Dança da Paixão”, como já foi exposta, a intenção é emocional, é de
mostrar a dança do relacionamento de um casal, que passa da paixão aos
desentendimentos, alegrias e indiferenças, e finalizando com uma reconciliação.
Todas as obras possuem alguns elementos em comum, mas que variam de
uma cena para outra com o sentido de marcar a evolução que acontece na
coreografia. Tais elementos são a cortina no fundo, o palco coberto pelo linóleo e a
iluminação.
É importante ressaltar, que todos os elementos trabalhados na pintura em
tela possuem, dentro da temática, um significado subjetivo, não têm somente um
caráter de matéria, mas uma essência que caracteriza toda poética artística.
37
Assim, quando falo em iluminação estou me referindo às das cores que vão
variando, como se fosse a nossa percepção da luz artificial colorida do teatro
projetada sobre o ambiente, que interfere na cor da cortina, do piso, das roupas e na
cor da pele dos bailarinos.
A tinta, é a matéria que além de sua composição, pigmentos e aglutinantes,
produz uma certa sensação, neste caso de realidade, depende do seu uso na arte.
A iluminação inicial é na cor vermelha, mudando para a amarela,
desta para a azul e por fim na branca com azul projetada somente sobre os
bailarinos, apagando o fundo, que se torna preto.
3.2 DOS ELEMENTOS
Explicarei cada um dos elementos pintados em minhas obras, esclarecendo
sua função dentro da composição e da poética.
O palco, coberto com o linóleo, com iluminação e a cortina no fundo
(ou cenário) são elementos que estão praticamente sempre presentes nas
apresentações de dança, e tornam-se comuns na vida dos bailarinos, logo
que começam a apresentar-se entram em com contato com tudo isso e
acostumam-se com esse mundo.
Usei esses elementos para compor o cenário em que se passa a
“Dança da Paixão”, eles estão muito relacionados ao espetáculo, podendo ser
identificados e ser familiar tanto para bailarinos quanto ao público.
38
3.2.1 O PALCO – PISO COM LINÓLEO
Com o palco, busquei representar um ambiente espacial, no qual o
bailarino se movimenta, onde a seleção dos movimentos das “atitudes
expressivas da dança moderna” tomam lugar.
O linóleo é o piso especial utilizado para se dançar, também muito
comum para os bailarinos. Ele é colocado sobre o palco, que geralmente é de
madeira, e fixado com uma fita própria. Na composição é possível observar as
marcas dessa fita no piso.
3.2.2 A ILUMINAÇÃO
A iluminação é representada pelas cores que pintei a cortina do fundo, e que
influencia na cor de toda a obra.
As dez telas estão divididas em quatro momentos, marcados pelas cores
que representam a luz vermelha; em três cenas, amarela; em três cenas, azul; em
três cenas, e azul e branca na cena final.
Seguindo essa ordem cromática os movimentos passam da cor quente à
fria, e em cada trio de cor tem-se uma monocromática, a luz esmaecida, ressaltando
o que chamo de movimento clímax.
39
3.2.3 A CORTINA
Este elemento é bastante característico de teatros, somente depois de
aberta a cortina começa o espetáculo, gerando um estado de ansiedade nos
espectadores, que querem logo saber o que irá se suceder.
Na composição ela funciona como cenário, no fundo do teatro, e é nela que
se percebe primeiramente a sugestão da iluminação dada à obra. Ela produz o
contraste do fundo com as figuras, e também varia seu ritmo, através de suas
dobras, ora em ritmo acelerado, ora em ritmo mais calmo. Essa sensação foi
colocada como forma de referência a música presente nesta dança silenciosa.
3.3 A DANÇA DA PAIXÃO
Dando continuidade à análise das obras, farei breves comentários sobre
cada uma delas, destacando as principais idéias da composição e sua poesia,
colocando-as na sua seqüência coreográfica.
40
Figura 15.3 Volúpia, Júlia Maria/ Óleo sobre tela, Medidas: 50 X 70 cm
Fotografia: Júlia Maria
A primeira obra, intitulada Volúpia (figura 15.3), abre a “Dança da Paixão”
em uma cena em que o casal encontra-se intensamente apaixonado. A posição do
movimento mais a característica monocromática da pintura, na cor vermelha, é que
reforça esse clima da composição. Há uma mistura de serenidade com as dobras da
cortina e a tensão do vermelho e os corpos dos bailarinos.
Esta cena é um movimento tema, é o clímax da paixão, e na seqüência dois
movimentos de transição seguem o tema, e juntam os movimentos.
41
Figura 16.3 Enleamento, Júlia Maria/ Óleo sobre tela, Medidas: 50 X 70 cm
Fotografia: Júlia Maria
O Enleamento (figura 16.3), representa o momento em que o casal se
envolve, e que um se prende ao outro. Nesta obra a iluminação, representada pela
cor da cortina, continua vermelha, mas agora ela apenas interfere na cor da
composição, deixando de ser monocromática, é possível identificar a cor das roupas
e da pele. Pode-se observar a mudança no ritmo das dobras da cortina, que estão
mais próximas e a sua cor vermelha também foi sutilmente alterada, tornando-se
mais viva. E as marcas do linóleo tornam-se mais visíveis.
42
Figura 17.3 Emaranhado, Júlia Maria/ Óleo sobre tela, Medidas: 70 X 50 cm
Fotografia: Júlia Maria
A próxima obra encerra a seção de vermelhos (figura 17.3). Os elementos
da composição seguem com as mesmas características.
Nesta seção, as diferenças entre o casal não são muito marcantes,
permitindo a mulher ocasionalmente levantar o homem. Eles continuam presos,
entrelaçados, e seus apoios encaixam-se entre si como peças de um quebra-
cabeça.
Esses movimentos de transição juntam o próximo movimento tema: o amor
(figura 18.3). E a partir desta cena inicia-se uma nova seção, toda influenciada pela
cor amarela.
43
Figura 18.3 O Amor, Júlia Maria/ Óleo sobre tela, Medidas: 50 X 70 cm
Fotografia: Júlia Maria
A luz amarela nesta obra (figura 18.3) ainda contém resquícios da cor
vermelha, o que resulta em uma composição com sombras nas cores laranja claro e
escuro. O foco da luz amarela está sobre casal e faz projetar uma sombra de seus
corpos no palco. Esse efeito isola o casal que, pela posição, está repleto de amor,
carinho e um afeto profundo.
44
Figura 19.3 Êxtase, Júlia Maria/ Óleo sobre tela, Medidas: 50 X 70 cm
Fotografia: Júlia Maria
Na seqüência, pode-se observar a grande variação desta seção, que
começa com o amor, depois de ter passado a paixão, e nesta obra (figura 19.3) o
homem roda a mulher em êxtase e logo após se distanciam.
Os elementos desta seção também passam por variações maiores, em
relação à iluminação, que inicialmente, em O Amor, é amarela, mas puxando para o
laranja, e em Êxtase, uso um amarelo claro, iluminando o cenário.
45
Figura 20.3 Ruptura, Júlia Maria/ Óleo sobre tela, Medidas: 50 X 70 cm
Fotografia: Júlia Maria
A obra acima encerra a seção amarela (figura 20.3) com um movimento de
transição, em que o desejo começa a transformar-se em rejeição. A cortina possui
um ritmo diferenciado das demais, o casal encontra-se mais afastado, e a iluminação
começa a sofrer alterações, com influencia da cor azul que está por vir.
46
Figura 21.3 Reaproximação, Júlia Maria/ Óleo sobre tela, Medidas: 70 X 50 cm
Fotografia: Júlia Maria
Mudando a iluminação para a cor azul, a primeira cena, demarca uma
reaproximação do casal, mas sem muito afeto, é um movimento de transição, em
posição de alongamento, que ainda conduzirá ao clímax.
47
Figura 21.3 Desesperadamente, Júlia Maria/ Óleo sobre tela, Medidas: 70 X 50 cm
Fotografia: Júlia Maria
Na composição seguinte (Figura 21.3), a mulher tenta desesperadamente
tocar o homem, impedida pelo próprio parceiro que se afasta.
Este também é um movimento de transição, em que o clima se aproxima ao
movimento tema seguinte.
48
Figura 22.3 O Abraço, Júlia Maria/ Óleo sobre tela, Medidas: 70 X 50 cm
Fotografia: Júlia Maria
Mas na seqüência um abraço (figura 22.3), o fim do tormento que estavam
passando representado por um abraço carinhoso e ao mesmo tempo apaixonado de
novo. A pintura caracterizada pela monocroma, ressalta a emoção também pela
ênfase da cor azul, com uma sensação de calmaria e de infinito.
49
Figura 23.3 Aventura, Júlia Maria/ Óleo sobre tela, Medidas: 70 X 50 cm
Fotografia: Júlia Maria
Chegamos ao fim da coreografia pintada da “Dança da Paixão” com a obra
acima, a qual representa um recomeço para o casal que já esteve intensamente
apaixonado.
Para marcar o final, esta obra (figura 23.3) não possui um de seus
elementos compositivos, que é a cortina. A intenção é a de provocar uma sensação
de desconhecimento do que ainda acontecerá neste relacionamento, assim a luz
branca e azul está somente sobre o casal, e o fundo desaparece, tornando-se preto.
O homem carregando a mulher em seu colo caminha sem o amparo da cortina, por
um caminho ilimitado.
50
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A linguagem artística escolhida para executar o tema e que deu unidade à
obra apresentada como trabalho final do curso de Artes Visuais, foi a pintura.
Enquanto o tema, “Atitudes Expressivas da Dança Moderna na Pintura – A Dança da
Paixão” , relaciona-se à dança.
Essas duas grandes artes, como pode ser visto, possuem em comum as
suas origens pré-históricas. Elas surgem em meio ao povo selvagem que as
desenvolvem intuitivamente como formas de expressão e como diversão.
Apresentam-se com imensa importância e representatividade na História da
humanidade e perdura como primordial recurso de expressão artístico até os dias
atuais, mesmo consignando as modificações oriundas de cada época.
Para executar este projeto foi preciso conciliar a ação com o conhecimento
teórico. Este exercício, tornou-me possível estabelecer os paradigmas que me
ajudaram a compreensão do fazer artístico de artistas nos movimentos pesquisados.
Proporcionou-me a percepção de como sua produção estabelece intrinsecamente
aos acontecimentos culturais, sociais, políticos e econômicos de época e que regem
o cenário em que se vive, influenciando e suscitando novos movimentos artísticos
com características distintas e peculiaridades.
Neste percurso de descobertas, desenvolvi uma linguagem artística que
caracteriza a minha forma de pintar, e para colocá-la em prática, utilizei como
referência um movimento do universo da pintura.
O conjunto de obras expressa uma forma de poesia em que usei a temática
da dança, para criar situações expressivas com seus movimentos. Dessa forma, a
dança tornou-se imprescindível para pintar. Enquanto o estilo da pintura, com base
no hiperrealismo, foi fundamental para enriquecer e transpor na pintura a dança da
paixão, pois essa solução plástica produz uma sensação táctil, através de uma
ilusão óptica causada pela textura e o volume.
Assim, fui capaz de expressar nas minhas obras o meu fazer artístico e
conquistar os meus objetivos, numa pintura figurativa expressiva, que não apenas
retrata ou copia o real, mas que contém minha intenção e meu empenho de tentar
51
transmitir sentimentos e alcançar a harmonia, através da interação da dança com a
pintura.
Sei que os estudos feitos até agora não bastam para a minha formação
artística completa. Sempre é necessário renovar, através de conhecimentos
provenientes das novas pesquisas, que levam em consideração os conhecimentos
vivenciados das pesquisas realizadas. Revendo sempre para apreender o
conhecimento que se pode ter passado despercebido.
Mas, com essa experiência, adquiri um conhecimento significativo, que me
dá a capacidade analisar a arte contemporânea com um olhar crítico, ao mesmo
tempo livre de preconceitos, e aceitar novas possibilidades estéticas, ao entender as
inovações artísticas. Por isso, entendo que estou apenas começando minha
caminhada nas Artes.
52
BIBLIOGRAFIA
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ELLMERICH, Luís. História da Dança. 2ª ed. São Paulo: Boa Leitura Editora, 2000.
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ENCICLOPÉDIA SEMANAL ILUSTRADA. Editora Abril Cultura. Páginas 166, 167 e 168.
ESSERS, Volkmar. Matisse. 2ª ed. São Paulo: TASCHEN, 1993. FAHLBUSCH, Hannelore. Dança Moderna – Contemporânea. Rio de Janeiro: Editora Sprint, 1990.
FARO, Antônio José. Pequena História da Dança. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,1986.
FUX, Maria. Dança Experiência de Vida. 3ª ed. São Paulo: Sammus Editorial, 1983.
GALVÃO, Nádia Santos Nunes e Mário Ferreira dos Santos. Convite à Estética e Convite à Dança. 1ª ed. São Paulo: Editor Logos, 1961. GOMBRICH, E.H. A História da Arte. 16ª ed. Rio de Janeiro: LTC Editora,1999. GROWE, Bernd. Degas. 1ª ed. São Paulo: TASCHEN, 1994.
53
GRUBER, Gregório. Bodas de Sangue. 1ª ed. São Paulo: BEST Editora LTDA, 1986.
JANSON, W. H. História da Arte. 6ª ed. Lisboa: FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN, 1998. KANDINSKY, Wassily. Ponto e linha sobre plano. São Paulo: Martins Fontes, 2001. LEGER, Fernand. Funções da Pintura. São Paulo: Nobel, 1989. LOUIS, Murray. Dentro da Dança. 1ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992.
MALORNY, Ulrike Becks. Wassily Kandinsky. 1ª ed. Espanha: Taschen, 1999.
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PEDROSA, Ismael. Da Cor a Cor inexistente. 8ª ed. Rio de Janeiro: Léo Christiano Editorial LTDA, 2002.
PROENÇA, Graça. História da Arte. São Paulo: Editora Ática S.A.., 1989. READ, Hebert. Uma História da Pintura Moderna. 1ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. SACHS, Kurt. História Universal da Dança. Buenos Aires: Ediciones Cantral,1944.
SCHAPIRO, Meyer. A Arte Moderna: Séculos XIX e XX. 1ª ed. São Paulo: Edusp,1996. WELLS, René. O Corpo se Expressa e Dança. 2ª ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora, 1983.
54
OUTRAS FONTES: <http://www.ciadeborahcolker.com.br> capturado em 20/04/2005. <www.cisnenegro.com.br> capturado em 23/06/2005.
55
Portifólio
Júlia Maria Campos
56
Este trabalho é o resultado da minha produção plástica para a
conclusão do curso de Artes Visuais. A linguagem artística das obras é a
pintura (óleo sobre tela) e o tema é a dança.
Expressei o meu fazer artístico em uma pintura figurativa, apoiada no
hiperrealismo, e que não apenas retrata ou copia o real, mas que contém minha
intenção de transmitir sentimentos e alcançar a harmonia, com a interação da dança
e a pintura.
Os movimentos de dança moderna foram pintados baseados em fotos e
imagens digitais. E como resultado apresento uma série de dez movimentos que
compõem uma coreografia pintada, em telas de 50 X 70 cm.
Na “Dança da Paixão” a intenção é emocional, é a de mostrar a dança do
relacionamento de um casal, que passa da paixão aos desentendimentos, alegrias e
indiferenças, e finalizando com uma reconciliação.
Cada obra possui uma mensagem pessoal para ser apreciada em seus
valores estéticos por cada um.
ATITUDES EXPRESSIVAS DA DANÇA MODERNA NA PINTURA
“A DANÇA DA PAIXÃO”
57
Volúpia
Autor: Júlia Maria
Técnica: óleo sobre tela
Medidas: 50 X 70
Fotografia: Júlia Maria
Enleamento
Autor: Júlia Maria
Técnica: óleo sobre tela
Medidas: 50 X 70 cm
Fotografia: Júlia Maria
58
Emaranhado
Autor: Júlia Maria
Técnica: óleo sobre tela
Medidas: 70 X 50 cm
Fotografia: Júlia Maria
59
O Amor
Autor: Júlia Maria
Técnica: óleo sobre tela
Medidas: 50 X 70 cm
Fotografia: Júlia Maria
60
Êxtase
Autor:Júlia Maria
Técnica: óleo sobre tela
Medidas: 50 X 70 cm
Fotografia: Júlia Maria
61
Ruptura
Autor:Júlia Maria
Técnica: óleo sobre tela
Medidas: 50 X 70 cm
Fotografia: Júlia Maria
62
Reaproximação
Autor:Júlia Maria
Técnica: óleo sobre tela
Medidas: 70 X 50 cm
Fotografia: Júlia Maria
Desesperadamente
Autor:Júlia Maria
Técnica: óleo sobre tela
Medidas: 70 X 50 cm
63
O Abraço
Autor:Júlia Maria
Técnica: óleo sobre tela
Medidas: 70 X 50 cm
Fotografia: Júlia Maria
64
Aventura
Autor:Júlia Maria
Técnica: óleo sobre tela
Medidas: 50 X 70 cm
Fotografia: Júlia Maria
65
CURRÍCULO
Dados pessoais Nome:Júlia Maria Campos Endereço: Rua Desembargador Guy de Mesquita, n°10 Bairro: São Francisco CEP: 79009-750 Cidade: Campo Grande, MS Nascimento:26/09/1984 RG: 1272946 SSP MS CURSOS REALIZADOS E OFICINAS
Curso de MODERNO/COMTEMPORÂNEO, com a professora Leandra Vagliatti de Souza, no Ballet Só Dança Auxiliadora, de 28 de abril a 01 de maio de 2001, carga horária de 14 horas;
Curso de JAZZ, com o professor e coreógrafo Romano Vargas, no colégio Dom Bosco/MS, no período de 30 de setembro, 02, 04, 07, 09, 11 de outubro de 2002, carga horária de 16 horas;
Curso de Ballet Clássico, com o professor e coreógrafo Ronaldo Martins, no colégio Dom Bosco/MS, de 27 a 28 de novembro de 2003, carga horária de 5 horas;
“O Processo Criativo”, ministrado por Charles Watson, no museu de Arte Contemporânea de MS, de 24 a 28 de março de 2004, carga horária de 20 horas;
EXPOSIÇÕES REALIZADAS
2003 – UFMS – Cabeças DAC Coletiva dos acadêmicos da disciplina de Escultura I
2004 – UFMS – Relevos
66
DAC Coletiva dos acadêmicos da disciplina de Escultura II AGENDA CULTURAL 2002
Ballet Só Dança Auxiliadora em “A Boutique Fantástica”, 17/11/2002, Palácio Popular da Cultura;
3° Mostra Corumbá – Santuário Ecológico da Dança, 29 de maio a 2 de junho de 2002, na cidade de Corumbá – MS;
4° Semana de Artes Visuais, de 2 a 6 de dezembro de 2002, Departamento de Comunicação e Artes, bloco 8, UFMS;
I Festival “Ballet: Arte para Todos – A Bela e a Fera”, 16 de dezembro de 2002, Teatro Glauce Rocha
VI New Fest Dance de Campos de Jordão/SP, 28 de agosto à 02 de setembro/2002, Auditório Cláudio Santoro - Campos de Jordão/SP;
CIRCUITO UNIVERSITARIO DE TEATRO – “Cecília, A Vendedora de Chipa, Rubens/Artaud”, 23 de setembro de 2002, Teatro Glauce Rocha;
“Tchaikovsky – Convite à Dança”, Beatriz de Almeida Estúdio de Dança, 10 de dezembro/2002, Teatro Glauce Rocha;
2003
Ballet Só Dança Auxiliadora XII Noite de Gala , 29/06/2003, Teatro Glauce Rocha;
Ballet Dom Bosco III Noite de Gala, 28/06/2003, Teatro Dom Bosco;
Semana de Artes Visuais, Imagem e Som, outubro/2003, Departamento de Comunicação e Artes, bloco 8, UFMS;
CIA. DE TEATRO DE VANGUARDA PRIMITIVA PARAFUSO DE VELUDO – “Exercícios de Ser Criança”, 2003, anfiteatro do bloco 8 – UFMS;
“Papel Encharcado” – vernissage da artista plástica Priscilla Paula Pessoa, 15 de abril/2003, Morada dos Baís;
II Mostra de Dança de Dourados, 06 de julho/2003, Teatro Municipal de Dourados/MS;
67
VII New Fest Dance de Campos de Jordão/SP, 22 a 28 de agosto/2003, Auditório Cláudio Santoro - Campos de Jordão/SP;
“Ópera do Malandro”, Carlinhos de Jesus - Cia de Dança Isadora Duncan, 24 de novembro/2003, Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo;
“Pedro e o Lobo” Beatriz de Almeida Estúdio de Dança, 12 de dezembro/2003, Teatro Glauce Rocha;
“Sem Lugar” Primeiro Ato Grupo de Dança, 23 de maio/2003, Teatro Glauce Rocha;
“Gaudi Acervo”, 24 de outubro/2003, MASP – Museu de Arte de São Paulo
5° Bienal Internacional de Arquitetura e Design de São Paulo, 25 de outubro/2003, Parque do Ibirapuera/SP;
Panorama da Arte Brasileira 2003 – “(desarrumado) 19 Desarranjos”, 25 de outubro/2003, MAM/SP;
Exposição Triângulos Roxos, 20 de setembro/2003, SESC Camillo Boni;
Palestra “Arquitetura Histórica Pantaneira”, 06 de setembro/2003, anfiteatro da UNIDERP (Ceará);
2004
7° International Gym & Dance Festival/“Riccione Perla Danza”, 25 de junho a 2 de julho/2004, Riccione – Itália
Visita ao “Musei Vaticani” e “Cappella Sistina”, 06 de julho/2004, cidade do Vaticano/Roma, Itália;
Visita ao “Musei di Stato”, 03 de julho/2004, Repubblica di San Marino/Itália;
Visita ao “Musei San Francesco”, 03 de julho/2004, Repubblica di San Marino/Itália;
Visita ao “Musei Capitolini” e “Museo Borghese”, 05 de julho/2004, Roma/Itália;
“Dimensões Paralelas” - exposição das obras do artista Robert Espíndola, 26 de agosto/2004, UNIDERP (Ceará);
26° Bienal de São Paulo, 28 de outubro/2004, Parque do Ibirapuera/SP;
Visita à Pinacoteca do Estado de São Paulo, 30 de outubro/2004, Praça da Luz - SP;
68
30° Espetáculo de Dança Ballet Isadora Duncan, 05 de dezembro/2004, Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo;
2005
A gravura brasileira no acervo do MARCO, 29 de março/2005, MARCO – Museu de Arte Contemporânea/ MS
Farnese (objetos), 30 de abril/2005, Centro Cultural Banco do Brasil/SP;
Visita à Pinacoteca do Estado de São Paulo, 30 de abril/2005, Praça da Luz - SP;
VII Litoral Dance Festival, de 02 a 05 de junho/2005, na cidade de Caraguatatuba;
4 Artistas da América do Sul, 30 de junho/2005, MARCO – Museu de Arte Contemporânea/ MS
ENEA SP – Encontro Nacional dos Estudantes de Arquitetura, 18 a 24 de julho/2005, São Paulo;
Visita à Pinacoteca do Estado de São Paulo, 21 de julho/2005, Praça da Luz - SP;
Visita ao “Museu da Arte Sacra de Ouro Preto”, 28 de abril/2005, Ouro Preto/MG;
Visita ao “Museu da Inconfidência – Sala Manoel da Costa Athaíde”, 28 de abril/2005, Ouro Preto/MG;
Visita ao “Museu Aleijadinho – Paróquia Nossa Senhora da Conceição”, 27 de abril/2005, Ouro Preto/MG;
Visita ao “Museu Oscar Niemeyer - MAM”, 29 de maio/2005, Curitiba;
Peça teatral "Balada", grupo "Vários Avariados Teatro Experimental",14 de maio; Teatro Prosa do Sesc Horto, Campo Grande/MS.
“Dança Campo Grande 2005”, 25 de agosto, Teatro Glauce Rocha, Campo Grande/MS.