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Campanha da França A Derrota final Batalha da França Os alemães irrompem no Soma Às 4 horas da manhã de 5 de junho, as forças de Von Bock lançaram-se ao ataque, apoiadas por toda a sua artilharia e pelo bombardeio das esquadrilhas de Stukas. O assalto principal foi feito pelo grupo blindado do general Kleist. Partindo de Amiens e Peronne, 2 DPs, integradas por mais de 1.200 tanques, rumaram ao sul, numa manobra de pressão, para romper a frente e separar os exércitos franceses que defendiam a “Linha Weygand”. Os tanques, flanqueando as posições fortificadas, conseguiram se infiltrar rapidamente para sul, mas, as forças de infantaria foram detidas pela encarniçada resistência dos franceses. Ao cair da noite, a Linha Weygand se mantinha de pé, mas, o dispositivo defensivo havia perdido a coesão. Sobre a costa do Canal, o corpo blindado de Hoth irrompeu velozmente pelas linhas francesas. A 7ª DP do general Rommel, cruzou o Soma, através de uma ponte ferroviária, de onde os alemães, horas antes, haviam retirado os trilhos e dormentes para permitir a passagem dos tanques e caminhões.
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Campanha da França

Mar 01, 2023

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Campanha da França A Derrota final

 Batalha da França  Os alemães irrompem no Soma Às 4 horas da manhã de 5 de junho, as forças deVon Bock lançaram-se ao ataque, apoiadas portoda a sua artilharia e pelo bombardeio dasesquadrilhas de Stukas. O assalto principal foifeito pelo grupo blindado do general Kleist. Partindo de Amiens e Peronne, 2 DPs, integradaspor mais de 1.200 tanques, rumaram ao sul, numamanobra de pressão, para romper a frente eseparar os exércitos franceses que defendiam a“Linha Weygand”. Os tanques, flanqueando asposições fortificadas, conseguiram se infiltrarrapidamente para sul, mas, as forças deinfantaria foram detidas pela encarniçadaresistência dos franceses. Ao cair da noite, aLinha Weygand se mantinha de pé, mas, odispositivo defensivo havia perdido a coesão. Sobre a costa do Canal, o corpo blindado deHoth irrompeu velozmente pelas linhasfrancesas. A 7ª DP do general Rommel, cruzou oSoma, através de uma ponte ferroviária, de ondeos alemães, horas antes, haviam retirado ostrilhos e dormentes para permitir a passagemdos tanques e caminhões. 

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No dia seguinte, os alemães repetiram o ataquecom tremenda violência. Uma divisão blindadafrancesa tentou conter o avanço dos tanques devon Kleist, mas, enquanto abria caminho para afrente, foi atacada pela aviação e, em poucosminutos, perdeu mais da metade de seusveículos. Nessa tarde, os exércitos francesescomeçaram a recuar para o sul. Na manhã do dia 7, as forças de von Bockpenetraram na Linha Weygand, em toda a frente.A batalha frente ao Soma estava praticamentevencida. Durante o dia, os tanques de Rommel,com uma investida fulminante, romperam a frentee dividiram em dois, o 10° Exército francês,empurrando parte de suas forças contra ascostas do Canal da Mancha. Nesta noite, osblindados alemães se aproximaram até menos de40 km da cidade de Ruão, situada na foz do rioSena. A oeste, os alemães conseguiram também entrarnas linhas francesas, mediante um movimento de“pinças”, realizado pelos Panzer em torno deSoissons. Diante da ameaça sobre os doisflancos dos três exércitos situados frente aoSoma, a 8 de junho, o Alto Comando francêsordenou uma retirada geral sobre o Sena e azona fortificada ao norte de Paris.  Cai a frente do Aisne A 9 de junho, nova catástrofe abateu-se sobre oExército francês. Às 3:30h, o Grupo de

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Exércitos do general von Rundstedt lançou-se aoataque no leste e, precedidos pelas quatroDivisões Panzer de Guderian, iniciou ocruzamento do rio Aisne. A luta se estendia,assim, a toda a frente. Angustiado, Weygandcompreendeu que o fim estava próximo.  Nessa mesma noite, o Governo francês se reuniucom urgência, para considerar a críticasituação. Weygand informou que, devido à novaofensiva lançada pelos alemães, Paris corriaperigo de ser ocupada a curto prazo. Reynaud,alarmado, tomou as primeiras medidas paraevacuar o governo da capital. O primeiro-ministro informou, também, que, baseado emdespachos de Roma, deveria esperar-se aintervenção da Itália na guerra, em questão dehoras. Enquanto Reynaud conferenciava em Paris com seugabinete, o general De Gaulle, designado quatrodias antes sub-secretário da Defesa, se reuniacom Churchill, em Londres. O chefe francêscomunicou ao dirigente inglês que seu governoestava disposto a prosseguir a luta contra osalemães, ainda que o território francês fossetotalmente ocupado. A resistência continuarianas colônias de ultramar. Churchill recebeu comgrande satisfação a notícia, mas, quando DeGaulle solicitou mais aviões ingleses paracombater na França, a negativa foi contundente.Devido às duras perdas sofridas na batalhaaérea de Dunquerque, a RAF tivera as suasesquadrilhas reduzidas ao mínimo indispensávelpara assegurar a defesa das Ilhas Britânicas.

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De Gaulle declarou a Churchill que compreendiasua situação e não insistiu no pedido. Na mesmatarde, regressou a Paris, decidido a lutarfirmemente contra os partidários, cada vezmaiores, de um armistício com os alemães.  Durante o dia 10 de junho, os exércitosfranceses sofreram novas e decisivas derrotas.A oeste, os tanques de Rommel alcançaram, emFécamp, as costas do Canal da Mancha ecompletaram o envolvimento do grosso do 10°Exército francês. Ao centro, as vanguardasalemães ocuparam Chateau Thierty, nas margensdo rio Marne. As forças que defendiam Parisficaram, assim, separadas dos exércitos que, aleste, lutavam nas margens do Aisne. Neste último setor, a situação era extremamentegrave. Os Panzer de Guderian, esmagando tudopela frente em seu avanço, penetraramprofundamente para o sul. Ao entardecer, osfranceses tentaram realizar um contra-ataquecom suas últimas divisões blindadas. A 3ª DB,apoiada por duas divisões mecanizadas, atacou oflanco direito da cunha aberta por Guderian,mas, foi rechaçada, sofrendo terríveis perdas.Os Panzer agora, com o caminho totalmentelivre, avançaram a toda velocidade pelasplanícies de Champanhe, em direção à fronteiraSuiça. A Itália entra na guerra Às 16 horas do dia 10 de junho, o embaixadorfrancês em Roma, André Françoi-Poncet,

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telefonou a Reynaud, informando que acabara dereceber das mãos do conde Ciano a comunicaçãoda declaração de guerra do Governo italiano. Na mesma tarde, Mussolini dirigiu-se à imensamultidão reunida defronte dos balcões doPalácio Veneza, num vibrante discurso,anunciando a entrada da Itália na guerra. ODuce, alarmado com a rapidez do avanço alemão,havia decidido participar da luta, antes queexpirasse a resistência francesa, para fazervaler seus direitos, na hora de repartir osterritórios da nação vencida. Logo depois de receber a comunicação de Poncet,o Governo francês resolveu abandonar Paris. Àmeia-noite, Reynaud acompanhado pelo general DeGaulle, partiu de automóvel à cidade deOrleans. Tão logo se difundiu a notícia,milhares de parisienses lançaram-se em fuga,provocando uma espantosa confusão nas estradaspara o sul. A derrota já era inevitável. No dia 11, asforças de von Bock cruzaram o Sena, em váriospontos e cercaram Paris pelo oeste. Mas, aoperação decisiva ocorreu a leste. Depois decruzar o Aisne, as forças de Rundstedt ocuparama cidade de Reims e partiram a toda velocidadepara o Marne. O Alto Comando da Wehrmachtdecidiu, então, explorar a fundo estapenetração e ordenou ao grupo blindado dogeneral von Kleist rumar, sem demora, para osetor de operações de von Rundstedt. Assim, sobo comando deste chefe, ficou o grosso dos

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blindados; num total de 8 DPs, comandados porGuderian e von Kleist. Mais de 2.000 tanques se precipitaram, então,como uma gigantesca avalanche de fogo e aço,sobre o flanco direito dos exércitos franceses.Guderian recebeu ordens de dirigir suasdivisões a Bensançon e Belfort, para envolverpela retaguarda a Linha Maginot, enquanto vonKleist marchou diretamente ao sul, paracompletar a ocupação do território francês, atéàs costas do Mediterrâneo. Em meio a esta situação crítica, Churchillchegou ao aeroporto da cidade de Briare, ondeWeygand havia instalado o seu QG. De tarde, opremier inglês manteve larga e dramáticaconferência com dirigentes franceses e tomouconhecimento da desesperada situação queenfrentavam os seus exércitos. Reynaud, naocasião, informou que Pétain lhe haviacomunicado que a França deveria solicitar umarmistício aos alemães, sem mais demora. Churchill conclamou Weygand a prosseguir umaguerra sem quartel contra os alemães e aconverter Paris em um campo de trincheiras,para conter o avanço da Wehrmacht. Mas, o chefefrancês já havia ordenado à guarnição daCapital que abandonasse a cidade com suasforças, para evitar a sua destruição. Aresistência em Paris em nada alteraria oresultado final. Queda de Paris

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 No dia 12, as divisões de Guderian e Von Kleistprosseguiram o seu avanço incontido para o sul.Weygand, então, ordenou que os exércitossituados na Linha Maginot abandonassem deimediato as fortificações e se dirigissem paraoeste, para escapar do cerco e incorporar-se aoresto das forças francesas. Mas, já era tardedemais Dois dias depois, o Grupo de Exércitos C, dogeneral Von Leeb, desencadeou, do norte paraleste, um ataque frontal contra a LinhaMaginot, para completar a manobra deenvolvimento iniciada pelos blindados. Comsupremo esforço, Guderian conseguiu, no dia 17,alcançar a fronteira suíça. O cerco estavaconcluído. Mais de 500.000 soldados francesesacabavam de ficar encurralados, na bacia doReno. Por seu lado, a sorte de Paris estava selada.Na tarde do dia 12, o General Hering,comandante da guarnição, abandonou a cidade, e,no dia seguinte, suas forças retiraram-se parao rio Loire. Atrás, ficou o general Dentz, coma dolorosa missão de render Paris aos alemães.Na madrugada do dia 14 de junho, as unidades devanguarda do 18° Exército de von Kuchlerentraram em Paris. Um grupo de oficiais sedirigiu ao posto de comando do general Dentz eo fez prisioneiro. Rapidamente, segundo umplano pré-determinado, os alemães designaramdestacamentos para os pontos principais dacidade. Pouco depois do meio-dia, os batalhões

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da Wehrmacht desfilaram diante do túmulo dosoldado desconhecido. No Arco do Triunfo,ondulava bandeira nazista. Nesse meio tempo, emTours, os dirigentes franceses achavam-seempenhados numa amarga e violenta polêmica emtorno da questão do armistício. Weygand,apoiado por Pétain, propunha entrar o quantoantes em negociações com os alemães, paraterminar o sacrifício inútil do exército.Reynaud apoiado por De Gaulle, negou-se aabandonar a luta e declarou que estava dispostoa seguir para a África do Norte, para continuardali a guerra contra os alemães. Mas, a magnitude do desastre foi crescendo acada dia. Os partidários da rendição, cada vezmais numerosos, uniram-se em torno do marechalPétain, o velho herói de Verdun. Ele declarouabertamente que estava decidido a não abandonara França, para prestar um último serviço a seuscompatriotas, permanecendo junto deles, na horada derrota. Na noite de 14 de junho, o general Alan Brooke,comandante-chefe das forças inglesas que aindapermaneciam na França, telefonou a Churchill,informando que, em vista dos informes queacabavam de receber do general Weygand, sobre atotal desintegração dos exércitos franceses,considerava necessário evacuar, sem demora,todas as forças inglesas. Churchill, semhesitar, autorizou o plano. No dia 16, quasetodos os soldados ingleses já haviam sidoembarcados para a sua pátria. 

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Pétain assume o governo Pressionado pelos constantes ataques das forçasde von Bock, o restante dos exércitosfranceses, situados frente ao Sena, retirou-sedesordenadamente para o sul, paraentrincheirar-se nas margens do Loire. Ante aameaça do avanço alemão, o governo francêsabandonou Tours no dia 14 e foi para Bordéus,na costa do golfo de Biscaia. Ali sedesenrolaria o último capítulo do drama. Reynaud estava disposto a prosseguir a luta. Nodia 15, enviou De Gaulle à Londres para pedirajuda da Marinha britânica, para transportar omáximo de tropas francesas para as colônias daÁfrica do Norte. Na verdade, tal operação eratotalmente irrealizável. Os exércitos franceseshaviam deixado praticamente de existir, comounidades organizadas. Despedaçados pelo golpesdemolidores das divisões Panzer, eles se haviamdesagregado em grupos isolados. Algumasunidades estavam entrincheiradas na Bretanha, orestante das numerosas divisões estavamagrupadas no Loire e, no leste, três grandesexércitos combatiam encarniçadamente, cercadaspelos tanques de Guderian e pelas forças de vonLeeb.  Quase 8 milhões de refugiados, provenientes dasprovíncias ocupadas haviam invadido todos oscaminhos para o sul, paralisando o deslocamentodas colunas de tropas. As ferrovias etransportes não funcionavam. As redestelegráficas e de comunicações estavam

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paralisadas, em sua maior parte, interrompidas.Além disso, a Luftwaffe, senhora absoluta doscéus, bombardeava incessantemente as rodovias,pontes, centros ferroviários, portos e cidades.Nestas condições, a concentração e transportepara a África de 900.000 soldados, proposta porReynaud e De Gaulle, era totalmenteirrealizável. O desenlace ocorreu, finalmente, 16 de junho.Às 17 horas, o Conselho de Governo iniciou asua histórica sessão. Albert Lebrun, presidenteda República, dirigia a reunião. Reynaud deu aconhecer aos ministros a última mensagem deChurchill. Era a proposta de uma aliançaindissolúvel entre a Inglaterra e a França, nocampo político, econômico e militar. Ambos ospaíses, enquanto durasse a guerra, seriamregidos por um governo comum e teriam um únicoParlamento. Tal projeto havia sido delineadopor Jean Monnet, chefe da missão econômicafrancesa em Londres e apresentado a Churchillpelo general De Gaulle. O primeiro ministroentusiasmado, adotou-o imediatamente, na crençade que reforçaria a posição de Reynaud. Naverdade, ocorreu o contrário. Vários ministros partidários de Pétainassinalaram, indignados, que o planoeqüivaleria a converter a França num satéliteinglês. Segundo eles, a Inglaterra oaproveitaria exclusivamente para apoderar-se daMarinha francesa e das colônias francesas doultramar. 

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Reynaud, abatido, compreendeu que tudo estavaterminado. Entretanto, realizou um derradeiroesforço e disse a seus colegas que a França nãopodia, sob pena de desonrar-se, repudiar oscompromissos que havia contraído com aInglaterra. Seus argumentos dissolveram-se noar. A maioria dos ministros manifestou-se afavor do armistício. Reynaud, então, apresentoua sua renúncia ao presidente Lebrun. Este, semdemora, confiou a chefia do Governo ao marechalPétain. A sorte da França estava selada. Na mesmatarde, De Gaulle chegou a Bordéus de avião e,com surpresa e raiva, inteirou-se da saída deReynaud. Sem hesitar um instante, resolveuretornar à Inglaterra, para prosseguir dali aluta contra os alemães. Para ele, a batalhaestava começando há pouco. Na mesma noite, DeGaulle despediu-se de Reynaud e, no diaseguinte, regressou à Londres, acompanhado pelogeneral britânico Spears. Imediatamente, seunome converteu-se no símbolo da luta pelalibertação da França. O armistício A 17 de junho, o marechal Pétain dirigiumensagem pela rádio ao povo francês e, com vozembargada, anunciou, que, na noite anterior,havia iniciado negociações de paz com osalemães. No mesmo dia, as divisões Panzer de Guderianchegaram à fronteira suíça e completaram o

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cerco da Linha Maginot. A oeste, os tanques dogeneral Hoth penetraram na península daBretanha e ocuparam a cidade de Rennes. Por suavez, Rommel sitiou Cherburg, mas, não pôdeimpedir que as últimas forças inglesasescapassem, através do Canal. A luta chegava aofim. Na frente do Loire, entretanto, os alemãesencontraram uma resistência inesperada.Comandados pelo coronel Michon, os 2.000 jovenscadetes da Escola de Cavalaria de Saumur, seentrincheiraram nas margens do rio e, lutandovalorosamente, detiveram por dois dias, oavanço das tropas de von Bock. Na noite do dia 18, Hitler deixou, de trem oseu QG em Charleville e dirigiu-se a Munique.Ali, se entrevistou com Mussolini e lhecomunicou seus planos sobre o armistício.Permitiria aos franceses conservarem a suafrota, para que não a entregasse aos ingleses;além disso, limitaria a ocupação aosterritórios do norte e da costa do Atlântico.Assim, o governo de Pétain poderia exercer umasoberania nominal sobre a região sul do Loire enão abandonaria a França. Na manhã seguinte, o embaixador espanhol Joséde Lequerica telefonou a Paul Baudouin,ministro das Relações Exteriores de Pétain, ecomunicou-lhe que os alemães estavam dispostosa revelar as condições do armistício aosrepresentantes plenipotenciários que o Governofrancês designasse. Sem demora, o Gabinetedesignou delegados o general Huntziger e LéonNoel, ex-embaixador em Varsóvia. Três altos

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chefes da Marinha, Exército e Aviação atuariamcomo seus assessores. Na tarde de 20 de junho, Huntziger e seuscompanheiros deixaram Tours de automóvel epartiram para o norte. Ao cair da noite,cruzaram as linhas alemães no Loire e foramconduzidos até Paris. Pouco depois das 17 horasdo dia 21 de junho de 1940, os delegadosfranceses chegaram ao bosque de Compiègne. Ali,no vagão ferroviário em que os representantesalemães firmaram a capitulação ao fim daPrimeira Guerra, eles eram esperados porHitler, acompanhado por Goering, Hess, Raeder eKeitel.  Sem pronunciar uma palavra, Hitler convidou osfranceses a se sentarem e, com um sinal de mão,indicou Keitel que iniciasse a leitura dosdocumentos. A emoção contagiava a todospresentes. Depois que Keitel concluiu suaexposição, Hitler ficou de pé e entregou a cadaum dos delegados uma cópia do texto doarmistício. Em seguida, fez a saudação nazistae saiu do vagão. A cerimônia havia terminado, Contudo asdiscussões entre Huntziger e Keitelprolongaram-se até à tarde do dia seguinte.Pouco depois das 18 horas do dia 22 de junho, ochefe francês recebeu a ordem definitiva de seuGoverno para firmar o armistício. Minutosdepois, colocou sua assinatura ao pé dodocumento. Após trocar uma breve saudação com

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Keitel, Huntziger e seus companheirosdirigiram-se a Paris, para viajar para Roma. Tão logo os delegados franceses abandonaramCompiègne, um destacamento alemão começou adesmontar o vagão. Por ordem de Hitler, ohistórico veículo deveria ser conduzidoimediatamente a Berlim, junto com a placa e omonumento comemorativo da vitória francesa de1918. Na madrugada de 21 de junho, o Exércitoitaliano, por ordem de Mussolini, lançou-se aoataque contra a fronteira sul da França, nosetor dos Alpes. Apesar da esmagadorasuperioridade de seus efetivos, os italianosnão conseguiram vencer a dura resistência dastrês divisões alpinas francesas. No diaseguinte, as forças de von Rundstedt receberama rendição das tropas francesas agrupadas naLinha Maginot e prosseguiram sem demora o seuavanço para o sul. Na tarde de 24 de junho, Huntziger firmou emRoma o armistício com a Itália. Às 21 horas, oAlto Comando francês ordenou o cessar fogo atodas as unidades e logo após a meia-noite, osúltimos remanescentes do exército francêsdepuseram as armas em todas as frentes. Acampanha da França, desse modo, estavaterminada. Anexo 

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Nas cidades alemães fronteiriças (viagem de umcorrespondente)Aquisgrân, maio, 19O correspondente chegou a esta cidade após umdia de viagem de Berlim, junto com outrosjornalistas, rumo à frente belga, comautorização do Alto-Comando alemão. Durante aviagem, passeantes dominicais e grupos decrianças que dava alegres “vivas”, ao vernossos carros militares e agitavam flores,rindo despreocupadamente e indiferentes ao queocorria. Seguramente, não há sinais de que opaís está em guerra. Nas redondezas de Hanover,os automóveis se detiveram e os jornalistaspuderam ver um avião inglês de bombardeioderrubado na noite anterior. Era uma massa demetal retorcido que jazia nas encostas de umpequeno riacho, no meio do campo A héliceestava quebrada e o motor, destroçado, a algunsmetros do local. Parte do avião se haviaqueimado. Dos 5 tripulantes que desceram depára-quedas, 4 haviam sido presos, mas o outrofugira para um bosque próximo. No caminho deBerlim, o correspondente passou ao lado decompridas colunas motorizadas de abastecimentoque se dirigiam para a frente; também vimosdois grandes trens de carga conduzindoautomóveis, canhões, cozinhas de campanha eoutro levado tropas. Várias colunas decaminhões vazios voltavam para leste; um desseslevava, atados em seus radiados, capacetesbelgas. As pontes estavam guardadas porpoliciais, em sua maior parte, homens maduros.O único veículo que passou pelo correspondente

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foi um carro militar, que corria a uns 120km/hora e levava metralhadoras antiaéreas  Os alemães em ParisDepois de um dos maiores êxodos da históriamoderna, os parisienses que ficaram viram umespetáculo convincente de que nada do que sedizia do Exército alemão era fantasia.Cada soldado alemão, cada peça de material doExército, era da melhor qualidade. Ocorrespondente percorreu de bicicleta ascolunas alemães que eram dirigidas através dacidade por soldados corpulentos, levandodistintivos de sinais brancos e vermelhos.Desde as primeiras horas da manhã, quando astropas começaram a entrar, o povo oscontemplava silenciosamente e em atitudehostil, ainda que algumas moças trocassemsaudações com os soldados. O correspondentepôde ver duas moças sentadas, juntamente comsoldados, sobre um pequeno canhão. Os alemãesordenaram à população, em tom cortês mas firme,que todos circulassem. Os policiais franceses,que agora estavam desarmados e não conduziamsuas máscaras contra gazes, receberaminstruções do governador militar francês,general Dentz, no sentido de serem corteses enão demonstrarem antagonismo e encontraram,como é lógico, grandes dificuldades paracumprir essas ordens. Tais gendarmes formavampequenos grupos nas esquinas, onde falavamentre si em voz baixa, enquanto soldados emuniformes de campanha dirigem o trânsito.

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Na sexta-feira, o general Dentz havia publicadouma proclamação, exortando a população adominar qualquer pensamento hostil e a nãoresistir às tropas em circunstância alguma. Jápela tarde, quando mais de 30.000 soldadosalemães haviam atravessado a cidade, o povodespojara a máscara da animosidade e erafreqüente ver pessoas que abandonaram seucaminho, para ajudar os alemães a se orientaremna grande cidade.  “... A luta deve cessar...”Dramática mensagem do marechal Pétain ao povoda França, quando se tornou chefe do governo, apedido do Presidente da República.“Franceses: ao responder a um pedido doPresidente da República, assumo desde hoje achefia do Governo da França. Seguro do afeto denosso admirável Exército que luta com umheroísmo digno de sua larga tradição militarcontra um inimigo superior em número e armas;certo de que com sua magnífica resistência oExército cumpriu as obrigações com seusaliados; seguro do apoio dos ex-combatentes quetive a honra de comandar e certo da confiançado povo inteiro - entrego-me à França paraatenuar o seu infortúnio. Nestas horas penosas,penso nos refugiados sofredores que, totalmentesem recursos, erram pelas nossas estradas.Expresso-lhes minha compaixão e carinho. Com ocoração dolorido, digo-lhes hoje que a lutadeve cessar. À noite, dirigi-me ao adversáriopara perguntar se está disposto a buscarcomigo, como soldados, depois da batalha e da

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forma honrosa, os meios para por fim àshostilidades. Todos os franceses devemcongregar-se em torno do Governo que presidonestas duras provas e suportar em silêncio aangústia para obedecer somente à fé no destinoda Pátria”.  A Itália declara guerra à França e à InglaterraDiscurso de Mussolini:“Combatentes de terra, mar e ar, camisas-negrasda revolução e das legiões; homens e mulheresda Itália, do império e do reino da Albânia:escutai! A hora marcada pelo destino golpeia nocéu da nossa pátria: a hora das decisõesirrevogáveis. A declaração de guerra já foientregue aos embaixadores da Inglaterra eFrança. Baixamos à luta contra as democraciasplutocráticas e reacionárias do Ocidente, queem todos os tempos criaram obstáculos à marchae com freqüência atentaram insidiosamentecontra a própria existência do povo italiano.Empunhamos as armas para resolver jásolucionado o problema de nossas fronteirascontinentais e de nossas fronteiras marítimas;queremos romper as cadeias de ordem territoriale militar que nos estrangulam em nosso mar,pois um povo de 45 milhões de almas não éverdadeiramente livre se não tem acesso aooceano.Italiano: na memorável reunião em Berlim disseque de acordo com as leis da moral fascista,quando se tem um amigo, marcha-se com ele até ofim. Temos agido assim e continuaremos a fazê-

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lo com a Alemanha, seu povo e suas vitoriosasforças armadas.Neste momento de transcendental importânciatemos dirigido nossos pensamentos a SuaMajestade o rei imperial, que, como sempre,interpretou a alma da mãe-pátria e saudamos aoFuhrer, chefe da Grande Alemanha unida.Italianos: tomai as armas e mostrai tenacidade,ardência e valor”.“Não se deixe matar ...”A declaração de guerra da Itália e Inglaterrafoi entregue por Galeazzo Ciano aosembaixadores respectivos, François-Poncet e SirPercy Loraine. As reações de ambos foram muitodiferentes. O embaixador francês, emocionado,afirmou a Ciano que a declaração era “... umapunhalada num homem caído...” e assegurou aoministro italiano das Relações Exteriores que“...os alemães são senhores duros. Vocês tambémse darão conta disto...” Por último, ao sair daChancelaria, disse-lhe, assinalando o uniformede aviador que Ciano trajava: “Não se deixematar...”. Por seu lado, o embaixador inglês,fleumático recebeu a notícia sem demonstrarqualquer perturbação. Ao se despedirem,fizeram-no com “um largo e cordial aperto demãos”.   Mensagem de Weygand a suas tropas“Oficiais e soldados do Exército francês:Depois de uma série ininterrupta de violentasbatalhas, eu vos dou a ordem de cessar a luta.Se a sorte das armas nos foi contrária, pelomenos vós respondestes magnificamente aos

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chamados que dirigi ao vosso patriotismo, vossavalentia e vossa tenacidade. Nossos adversáriosrenderam homenagens às vossas virtudes desoldados dignos de nossas glórias e de nossastradições.A honra foi salvaPodeis sentir-vos orgulhosos de vós mesmos; coma satisfação do dever cumprido contribuireispara criar aquela confiança nos destinos daFrança que no decurso dos séculos soube superaroutros reveses.Permanecei unidos e confiais em nossos chefes.Continuais submetidos à mais estritadisciplina. Neste caso nem vossos sofrimentosnem os sacrifícios de nossos camaradas tombadosno campo da honra terão sido em vão. Seja ondeestiverdes, vossa missão não terminou ainda.Vós continuareis sendo a estrutura da pátria.Vossa missão de amanhã será a reconstruçãomoral e material. Elevai os corações, amigos.Viva a França”. Última ordem-do-dia de Weygand“Oficiais e soldados:“22.000 de vossos camaradas continuaram aresistência da Linha Maginot durante 5 diasapós a entrada em vigor do armistício... Estapágina de valentia e de fidelidade ao devermilitar se junta àquelas que vós escrevestes.Constituirão o testamento do Exército atual noqual encontrarão amanhã... a fé no seu própriodestino”.   Estado de algumas unidades francesas aoterminar a luta

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A 19ª Divisão do 7° Exército compreendia:1.000 homens23 metralhadoras3 canhões de 25 mm, 1 de 35 mm, 1 de 47 mm e 1de 75 mmA 29ª Divisão, já sem infantaria, compreendia:5 canhões de 75 mm e 1 de 25 mmA 47ª Divisão compreendia:700 homens7 canhões de 75 mm e 7 de 155 mmA 24ª Divisão ficara reduzida a algumascentenas de infantes, sem armas pesadas. Oresto das unidades “combatentes” do exércitofrancês se encontrava em condições similares.  Armistício Franco-Germânico1. As hostilidades devem cessar imediatamente eas tropas francesas devem depor as armas.2. (Este artigo determina os limites da Françaocupada)3. Nas regiões ocupadas, a Alemanha terá todosos direitos de nação ocupante.4. As forças navais, militares e aéreas daFrança serão desmobilizadas e desarmadas.5. Como garantia, a Alemanha poderá exigir aentrega em boas condições de toda a artilharia,tanques, armas antitanques em serviço, aviação,armas de infantaria, tratores e munições queexistam no território que não será ocupado.6. Todas as armas que ficam no territórioocupado... serão depositados sob a fiscalizaçãoalemã e italiana.

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7. As defesas... e armamentos que se acham noterritório ocupado serão entregues em bomestado.8. A esquadra francesa... será desmobilizada edesarmada sob a fiscalização alemã e italiana.9. Deverá ser fornecida toda informação ...sobre as minas e defesas navais.10. O Governo francês não empreenderá nenhumaação hostil... Será vedado aos membros dasforças armadas abandonar o território francês.11. Nenhum barco mercante francês deverá sairdo porto. Os barcos mercantes que estejam forada França deverão ser chamados... ou partirãopara portos neutros.12. Nenhum avião francês deverá levantar vôo.Todos os aviões estrangeiros deverão serentregues...13. Todos os estabelecimentos... e reservas demateriais militares deverão ser entreguesintactos.14. Todas as estações de comunicações semfios... deixarão de funcionar.15. O Governo francês facilitará o transportede mercadorias entre a Itália e a Alemanha peloterritório não ocupado.16. O Governo francês deverá repatriar apopulação dos território ocupados.17. O Governo francês impedirá o transporte devalores dos territórios ocupados aos nãoocupados ou para o exterior.18. Os gastos... manutenção das tropas deocupação alemã correrão por conta da França.19. Todos os prisioneiros de guerra alemãesdeverão ser postos em liberdade.

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20. Todos os prisioneiros de guerrafranceses... permanecerão na mesma condição atéa conclusão da paz.21. (Este artigo contém os detalhes referentesà proteção e à conservação dos materiaisentregues)22. A comissão alemã de armistício ...coordenará as condições do mesmo com ascontidas no armistício franco-italiano.23. O armistício entrará em vigor tão pronto...seja concluído acordo militar com o Governoitaliano.24. O presente armistício... poderá serdenunciado...se o Governo francês não cumprirsuas obrigações...”  Charles De GaulleParis. Ano 1922. Num modesto apartamento dobairro Dupleix, quatro capitães do Exércitofrancês conversam animadamente. Arte militar,tática e estratégia são os temas que tomam suaatenção. São eles os capitães Bridoux, Georges-Picot, Loustanau-Lacau e Charles André JosephMarie De Gaulle. Todos são egressos do Saint-Cyr e compartilharam as trincheiras da guerrade 1914. Aparentemente, um profundo vínculo osune. Contudo, bastarão pouco anos para fazerque seus caminhos se bifurquem. Bridouz seráministro da Guerra de Laval em 1942, enquantoDe Gaulle será condenado à morte pelo Governode Pétain; de sua parte, Bridoux, em 1945, serácondenado à morte pelo Governo De Gaulle.Loustanau-Lacau, depois de passar a guerradeportado na Alemanha, converteu-se num

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deputado. Georges-Picot, inimigo de De Gaulle,não poderá nunca tirar da mente do líder daFrança Livre a lembrança de sua atuação naSíria, durante a luta que se desenvolveu entrefranceses, na qual se opôs ao futuro chefe deEstado.Rumo à imortalidade ou à morteBordéus, 17 de junho de 1940. Um avião detransporte, inglês, levanta vôo do aeródromolocal, com destino à Londres. Vários oficiaisingleses viajam a bordo. Entre eles,silencioso, um alto e magro oficial francêsolha, do alto, a terra que só daí a 5 anosvoltará a pisar. Dois dias depois, a Rádio deLondres levará aos quatro cantos cardeais a vozdo então obscuro general: Eu, general DeGaulle, ante a confusão espiritual dosfranceses, ante a destruição de um governo quejá caiu nas mãos do inimigo, estou convencidode falar em nome da França...Quem é ele? O que deseja?Aos 19 anos, diploma-se em Saint-Cyr e escolhea arma da Infantaria. Cumpre sua primeiramissão sob as ordens do então coronel Pétain.Seus destinos não se afinaram muito a partirdeste momento. Ao eclodir a Primeira Guerra, DeGaulle é tenente. Será ferido, citado na ordemdo dia, promovido a capitão, ferido novamente,citado, uma vez mais e, por último prisioneiro.No começo da Segunda Guerra sua atuação aindaque infrutífera, será destacada. Ante apenetração dos blindados alemães no norte daFrança, conduzirá a batalha das quaseimprovisadas forças blindadas francesas. Velhostanques, tripulados por homens sem treinamento,

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serão postos sob as suas ordens, no últimomomento, como um supremo esforço para deter oavanço alemão. Ele os lançará várias vezes aoataque, sacrificando-os a sacrificando-se elemesmo à derrota inevitável. A partir de 19 dejunho de 1940, dia em que, por sua vez, lançouao mundo o repto da França Livre, luta semdescanso para converter o minúsculo grupo decolaboradores em algo que seja mais do que umasimples paródia de governo. Depois vem alibertação, o texto da capitulação inimiga,posto em suas mãos pelo General Leclerc, Paris,a glória, o aplauso. Quinze anos depois, nummomento crucial da história da França, seu nomevoltará a surgir do passado. E novamente estaráali, encabeçando um governo. Deixará umaprofunda marca na história de seu país.  Proclamação do General De GaulleLondres, junho 23“O armistício aceito pelo Governo de Bordéus éuma capitulação. Esta capitulação foi firmadaantes do esgotados todos os meios deresistência. Esta capitulação entregou aoinimigo, que os empregará, nossos exércitos,nossas armas, nossos navios, nosso aviões enosso ouro. Por conseguinte e por força maior,será constituído, de acordo com o Governobritânico, um Comitê Nacional francês querepresente os interesses da pátria e doscidadãos resolvidos a manter a independência dopaís e decididos a contribuir aos esforços daguerra até a vitória comum com os aliados. OComitê Nacional dará conta de seus atos, seja

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ao Governo francês legal ou independente, tãologo exista um, ou aos representantes do povo,logo que as circunstâncias lhe permitam reunir-se em condições compatíveis com a liberdade, adignidade e a segurança.O Comitê Nacional francês tomará sob suajurisdição todos os cidadãos francesespresentes e assumirá a direção de todos oselementos militares e funcionáriosadministrativos que se encontram ou cheguem aencontrar-se. A guerra não está perdida, apátria não foi morta, a esperança não sedesvaneceu. Viva a França”.Na FrançaBordéus, junho 23Em caráter oficial, anunciou-se que o generalDe Gaulle, que fora rebaixado a seu grauanterior de coronel, será julgado dentro embreve por um tribunal militar acusado de haver-se negado a regressar, a ter feito uso de seuposto e de haver dirigido em territórioestrangeiro um apelo aos oficiais e soldadosfranceses.  Artigo 4° Pelo artigo 4° do armistício Franco-Germânico,a França comprometia-se a desmobilizar edesarmar as forças de terra, mar e ar, mantendosomente as necessárias para manter a ordem.Interrogado o general alemão von Keitel sobre onúmero de homens que podiam permanecer armadose mobilizados, respondeu com uma cifra: - 100mil...

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A quantidade tinha um significado amargo paraos representantes franceses. Efetivamente, 100mil tinham sido os homens que o Tratado deVersalhes havia permitido que a Alemanhaconservasse em armas, após a Primeira Guerra.Era a revanche do vencido de então, agoravencedor...  CompiègneQuando a Alemanha solicitou o armistício no anode 1918, o marechal Foch, tratando de evitaruma evidente humilhação para os representantesalemães, escolheu para a assinatura do mesmo umlugar deserto, arborizado, distante e secreto.Foi no bosque de Compiègne e só tiveramconhecimento do mesmo o senhor Clémenceau e omarechal Pétain.A firma do armistício se reduziu a um atopuramente protocolar desprovido da folharadapublicitária que tivesse feito dele umaverdadeira representação teatral. Os direitosdo vencedor cederam ante o espíritocavalheiresco.Em 1940, a situação foi diferente. Osrepresentantes alemães elegeram o mesmo lugar,com uma intenção de revanche evidente, mas tudonão terminou assim. O ato foi concebido comespetaculosidade teatral: muita gente, música eaté um filme foi rodado durante a cerimônia.Nada foi guardado contra os representantesfranceses, inclusive palavras a que não podiamresponder.  

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