Introdução
O presente projeto se coloca o objetivo de ser uma plataforma física capaz de absorver os atuais processos de construção do espaço decorrentes de relações sociais em constante mudança. Inserindo-se na cidade de São Carlos como um fragmento de uma cidade imaginada a partir da leitura do território, este procura ser autônomo na sua constituição, porém aberto em relação ao âmbito urbano. Neste sentido, não apresenta um programa específico. Sendo as relações sociais cada vez mais flexíveis e efêmeras, considera-se a mudança como dado constante no projeto. Consequentemente, pensando o edifício como um objeto que ‒em princípio‒ tende a ser fixo e durável, procura-se uma forma “polivalente”. Ou seja, uma forma que permita vários usos sem ela mesma perder os seus traços característicos. Assim, não se procura a mais “neutra” das soluções, porém um espaço adequado ao contexto em que se insere, permitindo uma flexibilidade mínima.
Trabalhou-se principalmente em elementos considerados “fixos” (como estrutura, elementos de circulação, pisos, cotas) a partir de diretrizes do “partido” arquitetônico, específico para o local de implantação. Neste sentido, o espaço interno do edifício é para ser reorganizado eventualmente de acordo com os usos determinados pelas pessoas ou instituições que ocupam o lugar, evitando assim a sua obsolescência e substituição (demolição e reconstrução). Em outras palavras, é pensado para ser “finalizado” pelas relações sociais que habitam o edifício em cada momento. Através deste caráter polivalente procura-se discutir uma produção do espaço urbano que tende à segregação de funções, que gera tanto edifícios que se tornam obsoletos num curto período de tempo ‒por responder a questões muito específicas‒ como uma expansão urbana desnecessária nas periferias. O presente projeto tenta potencializar outras formas de apropriação de espaço que tenderiam à integração e à cidade compacta.
Território
Escolheu-‐se como local a cidade de São Carlos. A área de intervenção pode ser entendida como de transição entre o centro histórico e um bairro, limite determinado por uma via de circulação de carros.
-Existem áreas de difícil transposição para o pedestre que
devem ser tratadas. Novos percursos negariam estes limites e potencializariam diferentes usos. -Reconheceu-se também um gradiente de privacidade no
local que será respeitado. Este é determinado por áreas predominantemente residenciais por um lado e centralidades comerciais e de serviços pelo outro. -A relação imediata com o terminal rodoviário Paulo Egydio
Martins pressupõe uma conexão do local com redes de transporte tanto a nível local como regional. Assim, pensa-se o local como parte de um sistema urbano ainda mais complexo.
A partir de visitas ao local e do estudo do plano diretor da cidade conseguiu-se determinar algumas diretrizes para o projeto:
Projeto
O terreno é um lugar de transição. Por um lado, confluem nele estruturas viárias importantes, assim como redes de transporte. Por outro lado, está em c o n t a t o c o m a temporalidade interna do bairro. Nessa dicotomia foi t r a ba l hado o c a r á t e r pol ivalente do projeto. Pensou-se no objeto em si, reagindo à escala do contexto.
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BIBLIOGRAFIA