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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE (UFF) Reitor: Prof. Dr. Sidney Luiz de Matos Mello Vice-reitor: Prof. Dr. Antonio Claudio Lucas da Nóbrega Pró-reitor de Extensão (PROEX): Cresus Vinicius Depes de Gouvêa Instituto de Letras Diretora: Profa. Dra. Ida Maria Santos Ferreira Alves Vice-diretora: Profa. Dra. Telma Cristina de Almeida Silva Pereira Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas Chefe: Prof. Dr. Beethoven Alvarez Subchefe: Profa. Dra. Luciana Sanchez Mendes XXV SEMINÁRIO DE ESTUDOS CLÁSSICOS DA UFF Fluxos de Ideias na Antiguidade: Cartas e Viagens 10 a 13 de setembro de 2018 Campus Gragoatá Niterói (RJ) Comissão organizadora: Prof. Dr. Beethoven Alvarez, Profa. Dra. Glória Braga Onelley, Prof. Dr. Fábio Cairolli, Prof. Dr. Bruno Gripp, Prof. Dr. Leonardo Ferreira Kaltner, Profa. Ma. Renata Cazarini de Freitas, Érica Marques de Sant’ Anna (discente - UFF) Comitê científico: Profa. Dra. Ana Thereza Basílio Vieira (UFRJ), Prof. Dr. Bernardo Brandrão (UFPR), Prof. Dr. Fernando Brandão dos Santos (UNESP- Araraquara) Gestão das mídias sociais: Érica Marques de Sant’ Anna (discente - UFF) 60 XXV SEMINÁRIO DE ESTUDOS CLÁSSICOS DA UFF Fluxos de Ideias na Antiguidade: Cartas e Viagens 10 a 13 de setembro de 2018 Instituto de Letras (UFF) Campus do Gragoatá Niterói (RJ) Caderno de Resumos 1
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Oct 15, 2020

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE (UFF) Reitor: Prof. Dr. Sidney Luiz de Matos Mello Vice-reitor: Prof. Dr. Antonio Claudio Lucas da Nóbrega Pró-reitor de Extensão (PROEX): Cresus Vinicius Depes de Gouvêa

Instituto de Letras Diretora: Profa. Dra. Ida Maria Santos Ferreira Alves Vice-diretora: Profa. Dra. Telma Cristina de Almeida Silva Pereira

Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas Chefe: Prof. Dr. Beethoven Alvarez Subchefe: Profa. Dra. Luciana Sanchez Mendes

XXV SEMINÁRIO DE ESTUDOS CLÁSSICOS DA UFF

Fluxos de Ideias na Antiguidade: Cartas e Viagens

10 a 13 de setembro de 2018

Campus Gragoatá – Niterói (RJ) Comissão organizadora: Prof. Dr. Beethoven Alvarez, Profa. Dra. Glória Braga Onelley, Prof. Dr. Fábio Cairolli, Prof. Dr. Bruno Gripp, Prof. Dr. Leonardo Ferreira Kaltner, Profa. Ma. Renata Cazarini de Freitas, Érica Marques de Sant’ Anna (discente - UFF)

Comitê científico: Profa. Dra. Ana Thereza Basílio Vieira (UFRJ), Prof. Dr. Bernardo Brandrão (UFPR), Prof. Dr. Fernando Brandão dos Santos (UNESP- Araraquara)

Gestão das mídias sociais: Érica Marques de Sant’ Anna (discente - UFF)

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XXV SEMINÁRIO DE ESTUDOS CLÁSSICOS DA UFF

Fluxos de Ideias na Antiguidade: Cartas e Viagens

10 a 13 de setembro de 2018

Instituto de Letras (UFF)

Campus do Gragoatá – Niterói (RJ)

Caderno de Resumos

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Editoração: Érica Marques de Sant’ Anna

Revisão: Glória Braga Onelley Equipe de monitores: Bárbara Siqueira Martins (coordenadora), Alexsander Tinoco, Bruna Castro, Cecylia Odate, Felipe Cubas, Heloize Moreira, Isadora Fortunato, Jorge Eduardo Teixeira, Júlia Rocha, Layza Nascimento, Lucas Brasil, Lucas Paschoal, Maria Clara Machado, Rita Espíndola, Suellen Moreira, Thais Gomes, Yuri Nascimento.

AGRADECIMENTO

A Comissão organizadora agradece a todos os participantes do XXV Seminário de Estudos Clássicos da UFF – Fluxo de Ideias na Antiguidade: Cartas e Ideias.

Apoio:

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XXV SEMINÁRIO DE ESTUDOS CLÁSSICOS DA UFF

Fluxos de Ideias na Antiguidade: Cartas e Viagens

10 a 13 de setembro de 2018

Instituto de Letras (UFF)

Campus do Gragoatá – Niterói (RJ)

Caderno de Resumos

Niterói, RJ

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“gramática” apareça já em Platão (Sof. 253a), que sentidos atribuir a essa arte, no âmbito da obra do filósofo, no âmbito de uma reflexão mais ampla sobre a linguagem? Sem a pretensão de defender a existência de uma tékhne grammatiké nos termos que encontramos nos textos remanescentes deste gênero, nosso minicurso pretende examinar passagens de relevância contidas ao longo Corpus Platonicum, nas quais o tema das letras (grámmata) e a gramática aparecem articulados ao pensamento filosófico de Platão, com vistas a apreender uma visão de conjunto que nos permita delinear os contornos, a relevância e a pertinência filosófica das letras e da linguagem no âmbito do pensamento platônico. Nosso minicurso considerará, particularmente, passagens de relevo do Crátilo, Fedro e Sofista.

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

Fluxo de Ideias na Antiguidade: Cartas e Viagens ............................................ 4 Breve história do SECUFF................................................................................ 7 PROGRAMAÇÃO

Dia 10 segunda-feira ................................................................................................. 9

Dia 11 terça-feira .................................................................................................... 12

Dia 12 quarta-feira .................................................................................................. 13

Dia 13 quinta-feira .................................................................................................. 17

RESUMOS

Conferência de abertura.......................................................................................... 18

Conferência de encerramento ................................................................................. 18

Mesa 1: A troca epistolar: cartas filosóficas, literárias e pessoais na Antiguidade e hoje ..................................................................................................................................... 20

Mesa 2: Fluxos de bens e pessoas: línguas e costumes sob um estranho poder .........22

Sessão de Comunicações 1 ...................................................................................... 23

Sessão de Comunicações 2 ...................................................................................... 27

Sessão de Comunicações 3 ...................................................................................... 32

Sessão de Comunicações 4 ...................................................................................... 38

Sessão de Comunicações 5 ...................................................................................... 42

Sessão de Comunicações 6 ...................................................................................... 46

Minicurso 1 .............................................................................................................. 52

Minicurso 2 .............................................................................................................. 52

Minicurso 3 .............................................................................................................. 53

Minicurso 4. ............................................................................................................ 53

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FLUXO DE IDEIAS NA ANTIGUIDADE: CARTAS E VIAGENS

O fluxo de informações é crítico para a humanidade desde há muito tempo. Não se trata de uma preocupação exclusivamente da atualidade. Determinadas circunstâncias, como a colonização de territórios ocupados em expansões imperialistas, parecem não distar tanto da disseminação tentacular das mídias digitais sobre nossas vidas hoje. O acesso e a qualidade da informação são temas candentes também nos debates sobre a Antiguidade. Por isso, não é de se estranhar que pesquisadores da comunicação na era pós-industrial evoquem a cidade antiga, a estruturação dos primeiros sistemas de rodagem e postagem para ilustrar como se estruturavam as redes de informações no passado longínquo.

A Antiguidade já se apresentava como um espaço de fluxos de bens, pessoas e ideias. A política de assentamento de soldados nas províncias do Império Romano estabeleceu uma descentralização de duplo objetivo: controle político e defesa territorial. O ciberespaço transcende limites geográficos, mas ocasiona a migração digital, conforme o professor Lorenzo Vilches, da Universidad Autónoma de Barcelona (UAB): “Si es verdade que el formar parte del ciberespacio es condición indispensable para desarollar la capacidad de vivir en una sociedade democrática, la entrada en las redes globales se convierte en una cuestión que concierne a la nueva Roma del império digital” (La migración digital, 2001, p.31).

Se, no nosso mundo contemporâneo baseado em grandes redes telemáticas, deixamos nossas marcas com os cliques, na Antiguidade, as cartas e os relatos de viagens deixavam traços de seus autores e leitores nas redes de comunicação e de transporte. É numa tentativa de mapear essas marcas que os setores de grego e de latim do Instituto de Letras realizam, entre os dias 10 e 13 de setembro de 2018, no campus do Gragoatá, em Niterói (RJ), com o

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sistema de tribunais permanentes e sua composição (presidente do tribunal, júri, testemunhas, oradores de acusação e defesa); no contexto senatorial, estudaremos o protocolo de uma sessão deliberativa e os temas mais comuns ali discutidos; no contexto concional, por fim, mostraremos o funcionamento de um discurso perante o povo (onde acontecia, quem tinha o direito de discursar, qual era o público, quais eram os temas debatidos).

AUSPÍCIOS, ORÁCULOS E SONHOS NA TRAGÉDIA GREGA: A ORESTEIA, DE ÉSQUILO

Profa. Dra. Beatriz de Paoli (UFRJ)

A Oresteia de Ésquilo é a única trilogia supérstite do teatro grego clássico, sendo composta pelas tragédias Agamêmnon, Coéforas e Eumênides, tematicamente interligadas. Representada em 458 a.C., a Oresteia narra as desgraças que se abateram sobre o palácio dos Atridas, lar dos reis conquistadores de Troia. Trata-se de um tema explorado pelos três grandes poetas trágicos. Propomos, neste minicurso, com a apresentação, comentário e discussão dessas três tragédias, expor uma visão geral da tragédia grega. Nossa leitura terá como fio condutor os sinais divinos – que, no caso específico da Oresteia, se manifestam sob a forma de auspícios, oráculos e sonhos -, visto que, mediante os sinais divinos, agem e interagem homens e deuses no palco trágico.

A GRAMÁTICA DE PLATÃO Prof. Dr. Fábio Fortes (UFJF)

Sabemos que o gênero de tratados gramaticais floresceu no período alexandrino, ligado aos ofícios da filologia alexandrina e aos comentários de textos que decorrem de sua atividade. Entretanto, considerando que o termo

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RESUMOS DOS MINICURSOS

A ARGONAÚTICA DE APOLÔNIO DE RODES E A TRADIÇÃO HOMÉRICA Profa. Dra. Ana Alexandra Alves de Sousa (Universidade de Lisboa)

A Argonáutica conta a história de uma viagem à Cólquida feita por um grupo de jovens gregos, liderados por Jasão, em busca do velo de ouro. Apolônio de Rodes escreve o seu poema épico na Alexandria dos Ptolemeus, tomando como modelo os Poemas Homéricos. Estes são evocados numa prodigiosa economia que transfigura constantemente a fonte e torna o poema uma irreverência épica, politicamente relevante. Numa época bem distante dos heróis micênicos, o poeta constrói uma epopeia perfeita, em que consegue colocar em apenas 5836 hexâmetros quase o mesmo número de lemas que a Odisseia: apenas menos 332 lemas do que essa epopeia. Mas a variedade lexical serve para introduzir linhas de leitura inovadoras e incômodas. A intriga torna-se irreverente desde já por apresentar como chefe da missão um herói que se interroga e se angustia, Jasão, o escolhido por Héracles, o herói eleito, notável pela sua força. De fato, depois de os Argonautas elegerem Héracles, este renuncia à função de líder e elege, ele mesmo, Jasão. E Héracles, o chefe que recusa ser chefe e, na viagem, fica para trás, em busca de Hilas, deixando de ser Argonauta, é o herdeiro de uma tradição dramática que o torna personagem de paródia e cômico. A Argonáutica está assim no cerne da crítica, estética e política, no lugar mais grego da época.

A ORATÓRIA CICERORIANA

Prof. Dr. Adriano Scatolin (USP)

O minicurso apresentará uma síntese dos três principais contextos oratórios do fim da República romana, a dizer, o tribunal, o Senado e a assembleia popular, exemplificando-os com trechos selecionados de discursos do corpus oratório de Marco Túlio Cícero (106-43 a.C.). No contexto judicial, abordaremos o

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apoio da Pró-Reitoria de Extensão (PROEX), o XXV Seminário de Estudos Clássicos da UFF (SECUFF) com o tema Fluxo de Ideias Antiguidade: Cartas e Ideias. As atividades, as mais variadas, somam 42 horas: conferências, mesas de debates, comunicações, minicursos, cinema e teatro.

Como assinala Edgar Morin (Os sete saberes necessários à educação do futuro, 2000, p.48), a educação do século XXI, que deve ter a condição humana como objeto essencial, necessita do resgate das ciências naturais para situar o homem no mundo e o das ciências humanas para “colocar em evidência a multidimensionalidade e a complexidade humanas, bem como integrar (na educação do futuro) a contribuição inestimável das humanidades, não somente a filosofia e a história, mas também a literatura, a poesia, as artes”. Em sua 25ª edição, o SECUFF é o evento mais longevo do Instituto de Letras da UFF e apresenta-se como uma oportunidade de discussão transdisciplinar e de sensibilização tanto da comunidade acadêmica como da não acadêmica para as experiências do mundo antigo, seus lugares de memória e as interpretações possíveis de suas matrizes literárias e iconográficas, estruturantes do pensamento ocidental. A celebração desse marco de um quarto de século engloba mais ações neste ano, como a estreia do Cineclube Matrizes Clássicas, que problematiza a mitologia e a história da Antiguidade, em sessões mensais, com a participação de um docente convidado a debater com o público.

A gratuidade de todos os eventos tem como propósito levar os estudos clássicos para além dos portões do campus, alcançando todo o potencial da comunidade UFF.

No âmbito das ações de qualificação e produção acadêmica, o XXV SECUFF busca promover o intercâmbio de ideias entre pesquisadores por meio da divulgação de pesquisas concluídas ou em andamento de discentes e de docentes nas sessões de comunicações simultâneas, que cobrem um vasto

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campo, do ensino de línguas clássicas à filosofia antiga. É forte o propósito também de divulgar e promover a atividade tradutória do grego antigo e do latim para o português, o que se verifica nas comunicações inscritas, mas também na realização de uma conversa sobre tradução de clássicos no Brasil e em Portugal.

A sessão de abertura do XXV SECUFF conta com a conferência “A circulação de cartas e de notícias na Antiguidade Tardia”, proferida pelo Prof. Dr. Julio Cesar Magalhães de Oliveira, do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP), que trata da difusão de informações, nem sempre legítimas, como oportunidade de ação coletiva em ambientes políticos marcados pela incerteza.

As cartas como veículo de informação pública e privada, como plataforma política e filosófica, como referencial de prestígio na Antiguidade e na Modernidade aparecem repetidas vezes ao longo do evento, em mesas de debates e nas sessões de comunicações.

Por fim, a literatura, principal meio de transmissão da cultura greco-romana, recebe inúmeras abordagens no XXV SECUFF, em particular na conferência de encerramento “Leituras de Aristófanes: do grego ao cearensês”, em que a Profa. Dra. Ana Maria César Pompeu, do Departamento de Letras da Universidade Federal do Ceará (UFC), relata como o fluxo de ideias levou à atualização e tropicalização da comédia grega clássica.

A Comissão organizadora

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representação do coro; a dinâmica discursiva entre Agamêmnon e Clitemnestra; a relação entre sacrifício e casamento; a configuração específica do herói Aquiles; a dessacralização do poder de Agamêmnon. Pretende-se também retratar as possibilidades de construção coletiva de conhecimento, eixo do projeto Cineclube Matrizes Clássicas da UFF, decorrentes da experiência com a literatura clássica na ocasião de imersão na sala escura. PALAVRAS-CHAVE: Eurípides; teatro; Cacoyannis; cinema; Ifigênia.

O MITO DE PROMETEU A PARTIR DE DUAS PERSPECTIVAS SÓCIO-HISTÓRICAS

Flávia Araripe Visconti (UFF) Nas civilizações do mundo antigo, o mito manifestava-se como uma tentativa racional de explicação do funcionamento dos fenômenos da natureza e da coletividade, incluindo-se as ações e emoções humanas. Essas crenças elementares eram transmitidas mediante uma tradição oral-poética, o que poderia resultar numa pluralidade de versões ou interpretações de um mesmo mito. Tendo como perspectiva analítica as teorias propostas por Havelock (1981) e Vernant (1985), o presente trabalho tem por objetivo apresentar duas leituras, de dois períodos distintos da literatura grega, relacionadas com o mito de Prometeu. A primeira está presente na Teogonia, poesia composta por Hesíodo, no século VIII a.C.; já a segunda decorre da tragédia Prometeu Acorrentado, composta por Ésquilo entre os anos 452 e 459 a.C. aproximadamente. Depois da análise de ambas as versões, pretende-se evidenciar a principal dessemelhança entre a representação do referido mito nesses dois autores, movimentada principalmente pelas diferentes perspectivas sócio-históricas do contexto de cada um. Em Hesíodo, testemunha-se um relato fundamentado em uma visão religiosa e tradicional de não questionamento dos valores hierárquicos que caracterizavam a Grécia arcaica. Em Ésquilo, por sua vez, percebe-se a figuração da dualidade entre valores morais e tradicionais, do questionamento da legitimidade do poder soberano e do equilíbrio político que se dá com a democracia escrita. PALAVRAS-CHAVE: mitologia; Teogonia; Prometeu Acorrentado.

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terencianos, tornando-os evidências metalinguísticas do processo tradutório da comédia daquele tempo. Nossas reflexões acerca da tarefa e das estratégias de tradução se pautarão, fundamentalmente, nas ideias de Schleiermacher, Sobre os diferentes métodos de traduzir (1813); Walter Benjamin, Die Aufgabe des Übersetzers (1923); Mário Laranjeira, Poética da Tradução (1993); Álvaro Faleiros, Traduzir o Poema (2012), e Paulo Henriques Britto, A Tradução Literária (2012). Este trabalho é fruto do nosso projeto de Iniciação Científica (PIBIC/UFF) e está relacionado com as atividades do Núcleo de Tradução e Criação (NTC/UFF). PALAVRAS-CHAVE: tradução poética; comédia romana; Terêncio; Heautontimorumenos.

IFIGÊNIA EM ÁULIS: EXPERIÊNCIA COM A PEÇA CLÁSSICA

NUM PROJETO DE CINECLUBISMO Jorge Eduardo Cardozo Teixeira (UFF)

Marcos Santos Carlos (UFF) Ifigênia em Áulis é uma peça póstuma do tragediógrafo grego Eurípides, representada em 405 a.C., que relata a difícil decisão do general do exército da Hélade, Agamêmnon, de sacrificar sua filha Ifigênia à deusa Ártemis. Dizia o oráculo que, ao realizar o sacrifício, os ventos alcançariam o acampamento militar grego, no porto de Áulis, permitindo que os navios helenos partissem para a guerra de Troia. Esta comunicação pretende estabelecer relações entre a peça clássica e a adaptação cinematográfica Ifigênia, dirigida por Michael Cacoyannis em 1977, conforme abordadas nas sessões de debate prévio e de projeção do filme durante atividades do projeto de extensão Cineclube Matrizes Clássicas da UFF. Com base na leitura e discussão dos textos “La Ifigenia (1977) de Cacoyannis: realismo trágico y madurez creativa”, de Alejandro Valverde Garcia (2004), e “Aquiles em Ifigênia em Áulis de Eurípides”, de Fernando Brandão dos Santos (2006), bem como do texto dramatúrgico de partida, na tradução de Wilson A. Ribeiro Jr. (dissertação, 2006), serão destacados elementos cruciais tanto na tragédia como no filme: a

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BREVE HISTÓRIA DO SECUFF Prof. Dr. Beethoven Alvarez

Chefe do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas (GLC/UFF)

A história de mais de 30 anos do Seminário de Estudos Clássicos da UFF remonta a 1985, quando, na 37ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), se funda a SBEC (Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos). Antes mesmo da 1ª Reunião Anual da SBEC, em 1986, organizam-se Subsecretarias Regionais para serem órgãos de coordenação local e apoio à Secretaria Geral da SBEC, naquele momento sediada na UFMG, em Belo Horizonte. Uma dessas Subsecretarias é a SE3 (Estado do Rio de Janeiro, exceto capital), que ainda em 1985 organiza o Seminário de Estudos Clássicos, em conjunto com a UFF. Durante os primeiros anos do estabelecimento da SBEC, a SE3 realiza com a UFF ainda mais dois eventos nos mesmos moldes: o II e o III Seminário de Estudos Clássicos, em 1986 e 1987. Depois, até 2009, um total de vinte edições do Seminário, organizadas em parceria com a UFF, são realizadas, quando se encerram as atividades das Secretarias Regionais da SBEC. A partir de então, os docentes dos setores de Letras Clássicas do IL-UFF, em parceria com o CEIA-UFF (Centro de Estudos Interdisciplinares da Antiguidade), assumem a organização do evento, que passa a ter uma periodicidade bienal, e organizam três edições:

Em 2010, o XXI SEC: Representações e Apropriações da Natureza na Antiguidade; Em 2012, o XXII SEC: Narrativa e Ficção; Em 2014, o XXIII SEC: Amizade e Política na Antiguidade.

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Em 2016, muito em função de um grande movimento social contrário à então PEC 241 do Governo Federal, decidiu-se por não se organizar a 24ª edição do evento naquela oportunidade, quando, então, se poderiam comemorar os 30 anos do Seminário de Estudos Clássicos da UFF. Tal comemoração foi realizada no ano seguinte, em 2017, com o XXIV Seminário sob a temática “Crises e transformações: ontem e hoje”.

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breves e longas nos septenários trocaicos, em algumas comédias, possui um efeito expressivo com o conteúdo dramático das peças, e Alvarez (2016), que também defende a existência de um valor expressivo na variação dos versos senários iâmbicos das peças Persa e Estico, ambas de Plauto (c. 254-184 a.C.). Na esteira desses estudos, o presente trabalho pretende observar e analisar a variedade das sílabas métricas presentes em algumas passagens dos senários iâmbicos na peça Asinária, também de Plauto, destacando os efeitos expressivos e dramáticos que essa variação proporciona. Este trabalho é fruto do nosso projeto de monografia de graduação e está relacionado com as atividades do Núcleo de Tradução e Criação (NTC/UFF). PALAVRAS-CHAVE: Plauto; comédia romana; métrica latina; senário iâmbico; verso.

O PUNIDOR DE SI MESMO: O PRÓLOGO DE TERÊNCIO EM TRADUÇÃO

Heloize Moreira Fortunato (UFF) Em nossa pesquisa, propomo-nos, primeiro, apresentar uma tradução do prólogo da peça Heautontimorumenos, do comediógrafo latino Terêncio (195/185 – 159 a.C.), em versos dodecassílabos da língua portuguesa, sendo apresentados, nessa comunicação, os vinte primeiros. A ideia da utilização de um tipo de verso tradicional da língua portuguesa em lugar da tradução em prosa está relacionada com a tentativa de reprodução dos elementos rítmicos presentes na peça de Terêncio, uma vez que também nos interessa traduzir a informação estética. Em seguida, realizaremos uma análise comparativa da tradução de Leonel da Costa Lusitano, também feita em versos, porém decassílabos, publicada em 1788, mais de cem anos após sua morte (1647), texto que apresenta poucas informações quanto às estratégias tradutórias. Esta, até onde temos notícia, é a única tradução em versos da referida peça. Destacamos aqui que diversas peças latinas do mesmo período são traduções ou adaptações de peças gregas, pois autores se utilizavam dos argumentos dessas peças para constituir suas próprias, prática mencionada em prólogos

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A TRADUÇÃO DA COMÉDIA CLÁSSICA NA ATUALIDADE:

UMA TAREFA POSSÍVEL? Stefania Sansone Bosco Giglio (UFRJ)

Aristófanes foi um comediógrafo que produziu suas peças entre os séculos V e IV a. C., e suas peças cômicas tratavam da realidade política do seu tempo, criando caricaturas políticas e um discurso irônico, com base em referências históricas satirizadas por meio de piadas e gracejos. Para compreender essas piadas, os leitores modernos precisam conhecer o contexto em que o autor escrevia, os problemas sociais de Atenas, os políticos e os objetivos de sua comédia, que claramente iam além da intenção de vencer uma competição dramática. Nosso trabalho tem como objetivo mostrar de que maneira é possível “reconstruir” essa linguagem do texto cômico por meio da tarefa tradutória, visto que, segundo Chapman (1983, p. 42), a relação entre a fidelidade para com um texto e a necessidade de transmiti-lo de forma clara e imediata é indispensável para representar as características do gênero. PALAVRAS-CHAVE: comédia antiga; tradução; Aristófanes; Cavaleiros.

UMA ANÁLISE MÉTRICA DOS SENÁRIOS IÂMBICOS DE PLAUTO Renan de Castro Rodriguez (UFF)

As peças da Comédia Nova romana, gênero também conhecido como comédia paliata (fabula palliata), foram elaboradas num sistema métrico romano, “traduzido” de um sistema métrico grego, que apresentava uma variedade de versos em sua estrutura poética. Toda essa variedade métrica das peças se organizava em duas partes: os diverbia (partes dialogadas sem acompanhamentos musical) e os cantica (partes recitadas ou cantadas com acompanhamento musical), que estavam ligadas às mudanças dramáticas e performáticas da peça. Entretanto, essa variedade métrica e rítmica não se manifestava apenas entre os diferentes tipos de versos na estrutura poética da comédia, mas também dentro de cenas elaboradas por um único tipo de verso. Diversos estudiosos observaram a relação dessa variação em um único verso, como Gratwick e Lightley (1982), que defendem que a variação de sílabas

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PROGRAMAÇÃO 10 de setembro segunda-feira

15h00-17h00 Comunicações em salas paralelas:

Mesa de Comunicações 1 – Sala 501C Mediação: Prof. Fábio Cairolli (UFF-Letras)

9 MARCIAL, LEITOR DE OVÍDIO Fábio Cairolli (UFF)

9 LAMENTOS DE APOLO: DIÁLOGOS ENTRE GÊNEROS NAS METAMORFOSES DE OVÍDIO Luiz Pedro da Silva Barbosa (UFRJ)

9 PENÉLOPE: UMA LEITURA ENTRE HOMERO E OVÍDIO Gabriela Souza Farias de Azevedo (UFRRJ) e Carla Cristina dos Santos Bento (UFRRJ)

9 A VIAGEM DE ODISSEU E AS ESPERAS DE PENÉLOPE Ana Clara Ferreira Orrico (UFRRJ) e Isabel Cristina Barbosa de Oliveira (UFRRJ)

9 AS VIAGENS DE ODISSEU: UMA FÁBULA REAL Rafael de Almeida Semêdo (USP)

9 O(S) (RE)IMAGINAR(ES) DA CILA: PALAIPHATOS E HOMERO Caroline Caetano de Freitas (PPGLC-UFRJ)

9 O QUE HOMERO SABIA SOBRE O EGITO? Felipe Marques Maciel (PPGLC-UFRJ)

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Mesa de Comunicações 2 – Sala 505C Mediação: Prof. Leonardo Kaltner (UFF-Letras)

9 A NOMENCLATURA DO SISTEMA NOMINAL LATINO NOS RUDIMENTA GRAMMATICAE DOS SÉCULOS XV E XVI: PRIMEIROS RESULTADOS Marcelle Mayne Ribeiro da Silva (UFRJ/ATRIVM)

9 LÍNGUAS CLÁSSICAS: PRÁTICAS DE ENSINO ATRAVÉS DO TEMPO Eduardo da Silva de Freitas (UERJ)

9 ENSINANDO LATIM PARA CRIANÇAS: A COLEÇÃO MINIMUS E O UNIVERSO INFANTIL Caio Mieiro Mendonça (UFRJ)

9 O ENSINO DE LATIM PARA CRIANÇAS E JOVENS NO BRASIL Rhenan Carlos Araújo Pinheiro (UFRJ)

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UMA REFLEXÃO SOBRE OS MATERIAIS DE ENSINO DE LÍNGUA LATINA Luan Pereira dos Santos (UERJ) ENSINO DE LATIM PROJETO LICOM-UERJ: UM RELATO

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Raquel da Costa Pereira (UERJ) O ENSINO DE GREGO KOINÉ LICOM-PLIC, DA UERJ: UMA BREVE

REFLEXÃO ACERCA DAS PRÁTICAS E EXPERIÊNCIAS João Pedro Coutinho (UERJ)

Mesa de Comunicações 3 – Auditório Macunaíma (405B) Mediação: Profa. Renata Cazarini (UFF-Letras)

9 O MAR MEDITERRÂNEO COMO UM ESPAÇO DE CONECTIVIDADE

ENTRE OS HELENOS: AS REPRESENTAÇÕES TEXTUAIS E IMAGÉTICAS DO

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e espaço – no caso, a cidade de Atenas no século V a. C. -, analisamos, mais especificamente, como as referências históricas estão presentes nas traduções investigadas, de maneira a culminar com uma proposta própria de tradução dos cerca de 200 versos do prólogo. Assim, pensando na dupla abordagem da teoria da tradução na qual “ou bem o tradutor deixa o escritor o mais tranquilo possível e faz com que o leitor vá a seu encontro, ou bem deixa o mais tranquilo possível o leitor e faz com que o escritor vá ao seu encontro” (SCHLEIERMACHER, 2007, p. 243), propomo-nos realizar uma tradução que visa à manutenção máxima possível desse aspecto humorístico supracitado. Buscamos ter, em nosso trabalho, um cuidado acurado com relação às referências culturais e históricas feitas no texto grego, ao mesmo tempo em que almejamos tornar o texto acessível para uma geração de novos leitores do século XXI que, em sua maioria, não são estudiosos e/ou conhecedores dos temas e textos clássicos aos quais a comédia aristofânica remete. PALAVRAS-CHAVE: tradução; comédia grega antiga; Aristófanes.

O DESPERTAR DE UMA NOVA ORDEM EM NUVENS, DE ARISTÓFANES

Marcia Regina Menezes (UFRJ) Este trabalho tem como objetivo a passagem da comédia Nuvens, de Aristófanes, em que o protagonista Estrepsíades é mediado por Sócrates na descoberta do conhecimento das deusas Nuvens, nos versos 321-33. No excerto em questão, é possível identificar a transição do conceito de "ver" para o de "entender", na forma como os verbos empregados para o ato de visão, entendimento, conhecimento e crença são utilizados pelo comediógrafo na construção de seu pensamento crítico acerca da "nova educação" que despontava na cidade por meio da atuação dos sofistas, entre os quais o poeta incluíra Sócrates. Contribuíram para o estudo os apontamentos de Jacyntho Brandão (1996) sobre Nuvens como representação do discurso sofista e os de Bruno Snell (2009) sobre o uso do verbo "ver" no grego antigo, além das informações de René Menard (1991) no Dicionário de Mitologia Greco- Romana. PALAVRAS-CHAVE: teatro grego; Aristófanes; Nuvens; Sócrates.

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VACCA ET CAPELLA, OUIS ET LEO: UM RELATO DE UMA SOCIEDADE Luciana Antonia Ferreira Marinho (UFRJ)

Uma narrativa de pequena extensão pode revelar muitas informações de ordem sociocultural de um determinado período histórico. As fábulas elaboradas por Fedro são um bom exemplo disso, pois um autor é um indivíduo participante de um contexto social e histórico como outro qualquer. As leituras de mundo feitas por ele e armazenadas em seu subconsciente podem ser acionadas em um dado momento, quando requisitadas, a fim de constituir sua produção. Em outras palavras, um escritor, como sujeito social que é, consegue resgatar de sua memória, constituída social e historicamente, dados importantes que vão compor seu relato oral ou escrito. O fabulista latino conseguiu, entre outras proezas, resgatar alguns aspectos políticos e sociais de seu tempo e transpô-los para suas narrativas. Desse modo, o intento desta comunicação é observar algumas informações presentes na fábula intitulada Vacca et capella, ouis et leo. Para tanto, apoiar-nos-emos em contribuições sócio-históricas de diversos autores, entre os quais podemos citar Grant (1994), cujo pensamento surgiu como uma perspectiva interessante nesta etapa de nossa investigação, bem como Vieira (1992; 2003) e Marinho (2016). PALAVRAS-CHAVE: gênero fabulístico; fábula fedriana; análise do discurso.

Sessão de Comunicações 6 UMA JORNADA CÔMICA: TRADUÇÕES DO PRÓLOGO DE RÃS

Maria Clara da Cunha Machado (UFF) Neste trabalho, propomo-nos, inicialmente, fazer um estudo do primeiro prólogo da peça Rãs, de Aristófanes, encenada nas Leneias de 405 a. C., bem como uma análise das traduções existentes, com o objetivo de observar as estratégias empregadas pelos tradutores para a manutenção do efeito cômico perseguido por boa parte dos que se dedicam à comédia: o riso. Como os textos supérstites de Aristófanes têm uma relação intrínseca com seu próprio tempo

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PERÍODO ARCAICO Camila Alves Jourdan (PPGH-UFF/NEREIDA/CNPq)

9 A ALEGORIA DA NAU/CIDADE NO CORPUS THEOGNIDEUM Guilherme Lemos Nogueira (UFRJ/PPGLC)

9 INVOCANDO DEUSES E CLAMANDO POR VINGANÇA EM FONTES LITERÁRIAS E EPIGRÁFICAS Renata Cazarini (UFF)

9 O CONTEXTO LINGUÍSTICO-RELIGIOSO DE ISIDORO DE SEVILHA Lucas Ferreira de Oliveira (UFF)

9 FLUXO MIGRATÓRIO: O PROCESSO DE ROMANIZAÇÃO DA LUSITÂNIA Melyssa Cardozo Silva dos Santos (UFF)

9 GASPAR DA GAMA, O LÍNGUA NA EXPANSÃO MARÍTIMA PORTUGUESA – SÉCULOS XV - XVI

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Viviane Lourenço Teixera (UFF- Posling) GLOSSÁRO DE TOPÔNIMOS LATINOS DO BRASIL EM HISTORIA NAVIGATIONIS IN BRASILIAM

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Lucia Pestana da Silva (Fábio Frohwein de Salles Moniz) OS GLOSSARIA LINGUARUM BRASILIENSIUM DE KARL F. P. VON

MARTIUS Thaísa Regly (UFF)

18h00-21h00 Sessão do Cineclube Matrizes Clássicas – Auditório Macunaíma (405B) Filme: Incêndios

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Direção: Denis Villeneuve Canadá/França (2010) 130 min. / 14 anos Exibição seguida de debate com a profa. Renata Cazarini (UFF)

PROGRAMAÇÃO 11 de setembro terça-feira

8h30-10h45 Minicurso 1: A ARGONÁUTICA DE APOLÔNIO DE RODES E A TRADIÇÃO HOMÉRICA – Sala: 501C. Ministrante: Profa. Dra. Ana Alexandra Alves de Sousa (Universidade de Lisboa)

Minicurso 2: A ORATÓRIA CICERONIANA – Sala: 505C. Ministrante: Prof. Dr. Adriano Scatolin (USP)

11h00-13h00 Conferência de abertura – Auditório Macunaíma (405B) A CIRCULAÇÃO DE NOTÍCIAS NA ANTIGUIDADE TARDIA Prof. Dr. Julio Cesar Magalhães de Oliveira (USP) Intervalo para almoço

14h30-16h30 Mesa-redonda 1 - Auditório Macunaíma (405B): A TROCA EPISTOLAR: CARTAS FILOSÓFICAS, LITERÁRIAS E PESSOAIS NA ANTIGUIDADE E HOJE. Prof. Dr. Adriano Scatolin (USP), Profa. Dra. Vanessa Massoni da Rocha (UFF), Prof. Remo Mannarino Filho (PUC-Rio) Mediação: Profa. Renata Cazarini (UFF-Letras)

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45 próprio dos viajantes. O que talvez surpreenda é a ampla presença de relatos de viagens desastrosas no interior da obra. Esta comunicação propõe a análise de duas destas narrativas: a do comerciante Aristômenes (livro 1) e a do deformado Télifron (livro 2). Para tanto, apoiamo-nos em estudos de Zimmerman (2002), Harrison (2002) e Michalopoulos (2006). PALAVRAS-CHAVE: Metamorfoses; Apuleio; viagem; fábula milésia.

ACERCA DA FICCIONALIDADE DA POESIA DO EXÍLIO OVIDIANO: TR. 3.10, 5. 7 E 5. 12

Cecilia Ugartemendía (FFLCH-USP/ FAPESP) Nos Tristia 3. 10, 5. 7 - 7b e 5. 12 - epístolas elegíacas em que Ovídio, relegatus, escreve desde o exílio em Tomos -, o poeta lamenta o lugar indesejável de sua relegação, o que se reflete, segundo ele próprio, em uma poesia de inferior qualidade. Não obstante, ao se queixar disso, demonstra destreza na composição poética. A crítica interpreta essa postura ora como falsa modéstia, ora como argumento para reivindicar a teoria da ficcionalidade do exílio ovidiano. A ficcionalidade foi inicialmente difundida nos anos 1920 (HARTMAN, 1923) e persiste até hoje, tal qual demonstrado no recente doutorado do espanhol Berchez Castaño (2015). Nas elegias escolhidas, que aliás guardam forte relação entre si, encontram-se argumentos que facilmente poderiam alinhar-se a essa tese. O objetivo da comunicação é analisar as epístolas supra, argumentando em favor da invenção do mito do exílio (CLAASSEN, 1999), e contrariamente à ficcionalidade da relegatio ovidiana. A análise será estruturada, em primeiro lugar, pela discussão da forte alusão intertextual na descrição da Cítia ovidiana (Tr. 3. 10) com a apresentada por Virgílio nas Geórgicas. Em segundo lugar, haverá reflexão sobre a persistência da descrição da barbárie tomitana (que não condiz com a documentação da historiografia tradicional sobre o local do exílio) e sua proximidade com a decadência do ingenium do poeta (Tr. 5. 7). Por fim, será analisada a insistência na pose de decadência do talento que contrastaria com a vontade ovidiana de persistir em sua fama e imortalidade poética (5.12). PALAVRAS-CHAVE: Ovídio; exílio; ficcionalidade; Tristia.

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tradição literária dos relatos de viagem, o poeta mantuano resgata o modelo homérico nos moldes da antiga imitatio latina. Analisaremos como Virgílio desenvolveu um importante discurso, tal como defendido por Michel Pêcheux para descrever o Norte da África, com o objetivo de enfatizar sua relevância no interior do projeto augustano para a região. No processo de construção das viagens de Eneias, o poema épico parece ecoar algumas dinâmicas da refundação de Cartago em 29-28 a.C., que ocorria do outro lado do Mediterrâneo e era contemporânea a sua composição. Se, como defende Orlandi (2005, p. 36-7), o funcionamento da linguagem se dá a partir de uma tensão entre processos parafrásticos e polissêmicos, é possível compreender as aproximações e contrastes da Eneida com os discursos de outros autores latinos. PALAVRAS-CHAVE: viagens; Eneida; discurso; Norte da África.

QUANDO AS VIAGENS TERMINAM MAL: OS TESTEMUNHOS DE ARISTÔMENES E TÉLIFRON NAS METAMORFOSES, DE APULEIO

Gabriel Paredes Teixeira (PPGLC-UFRJ/LHIA-UFRJ) Embora tenha fascinado grandes nomes da literatura renascentista por muito tempo, Metamorfoses, de Apuleio, foi considerada por estudiosos uma obra de qualidade duvidosa. Contudo, o avanço dos estudos acerca dos romances helenísticos e latinos nas últimas décadas vem mudando esse panorama, ao revelar mecanismos próprios do gênero até então desconhecidos. Segundo Whitmarsh (2008), estas obras nos apresentam um mundo complexo, tanto em suas hierarquias e política quanto em suas questões étnicas. Apuleio é exemplo dessa realidade complexa. Natural da província de Madauros, no Norte da África, o escritor-filósofo-conferencista iniciou seus estudos em Cartago, concluindo-os em Atenas. Visitou a cidade de Roma ao menos uma vez e, finalmente, estabeleceu-se em Trípoli, onde se casou com uma viúva bem mais velha que ele. A própria biografia do autor revela um mundo repleto de viagens e deslocamentos, tanto de pessoas quanto de ideias. Sendo assim, não é surpresa que seu romance narre as aventuras de um jovem viajante e nem que ele seja composto de “fábulas milésias” - também um estilo de narrativa

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16h30-17h30 CAFÉ COM CONVERSA: TRADUÇÃO DE CLÁSSICOS - Auditório Macunaíma (405B) Profa. Dra. Ana Alexandra Alves de Sousa (Universidade de Lisboa) e Profa. Dra. Ana Maria César Pompeu (UFC) Mediação: Profa. Vanessa Hanes (UFF)

18h00-20h00 Minicurso 3: AUSPÍCIOS, ORÁCULOS E SONHOS NA TRAGÉDIA GREGA: A ORESTEIA DE ÉSQUILO – Sala: 501C. Ministrante: Profa. Dra. Beatriz Cristina de Paoli Correia (UFRJ). PROGRAMAÇÃO 12 de setembro quarta-feira

8h30-10h45 Minicurso 1: A ARGONÁUTICA DE APOLÔNIO DE RODES E A TRADIÇÃO HOMÉRICA – Sala: 501C. Ministrante: Profa. Dra. Ana Alexandra Alves de Sousa (Universidade de Lisboa)

Minicurso 2: A ORATÓRIA CICERONIANA – Sala: 505C. Ministrante: Prof. Dr. Adriano Scatolin (USP)

11h00-13h00 Comunicações em salas paralelas: Mesa de Comunicações 4 - Auditório Macunaíma (405B) Mediação: Prof. Dr. Marcus Reis (UFF-Filosofia)

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9 NOTAS À CARTA-PREFÁCIO DE FLÁVIO ARRIANO ÀS DIATRIBES DE EPICTETO Aldo Lopes Dinucci (UFS)

9 O EXÉRCITO ROMANO E O CORPO HUMANO NA PRIMEIRA CARTA DE CLEMENTE DE ROMA AOS CORÍNTIOS: UMA ANÁLISE DE 1CLE 37.1 – 38.1 Leonardo dos Santos Silveira (UFF/ PUC-RIO)

9 SÊNECA FILÓSOFO: EPÍSTOLAS 64 E 80 – TRADUÇÃO E LÉXICO Angélica de Azevedo Silva (UFF) e Mônica Nunes de Neves (UFF)

9 EPÍSTOLA 65 DE SÊNECA: ETIOLOGIA E DEUS COMO CAUSA PRIMEIRA Luan Moraes de Souza (UFF)

9 PAULO AOS CORÍNTIOS Danilo Azevedo Aguiar (UFRJ)

9 A TRANSPOSIÇÃO DA MENSAGEM DO EVANGELHO DE JESUS CRISTO DA PALESTINA PARA O IMPÉRIO ROMANO José Roberto Barros (UERJ)

Mesa de comunicações 5 – Sala 501C Mediação: Profa. Thaíse Bastos (UFF-Letras)

9 FAMA E INFÂMIA NO EPISÓDIO VIRGILIANO DE DIDO Paulo Gustavo Santos da Silva (PPGLC-UFRJ)

9 SÍMILES ÉPICOS DA ENEIDA: ANÁLISE DE TRADUÇÕES POÉTICAS Jonathan Henrique Marcos de Azevedo (UFF)

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contrário, aproxima-se da persuasiva Fama, divindade que espalha infâmias a respeito da rainha fenícia (Aen. IV, vv. 189-95), e mostra-se um notável difamador dessa figura lendária. PALAVRAS-CHAVE: Virgílio; Eneida; Dido; Fama; infâmia.

SÍMILES ÉPICOS DA ENEIDA: ANÁLISE DE TRADUÇÕES POÉTICAS

Jonathan Henrique Marcos de Azevedo (UFF) Obras da Literatura Latina continuam tendo espaço nos dias atuais graças a suas múltiplas e constantes traduções. No Brasil, a Eneida, de Virgílio (70-19 a.C.), por exemplo, é uma que merece destaque: nos últimos anos, conta com três recentes reedições de anteriores traduções e com duas novas traduções em verso da obra integral. De modo a contribuir com uma pesquisa voltada aos Estudos Clássicos, o presente trabalho tem como objetivo analisar trechos de algumas traduções importantes existentes da Eneida, a saber, as de Barreto Feio e Costa e Silva (Portugal – 1845, 1857), Odorico Mendes (Brasil – 1854, 1858) e Padre Agostinho da Silva (Portugal – 1993), todas em versos decassílabos. Vale ressaltar que a análise em questão partirá de uma discussão reflexiva e teórica sobre o ato de traduzir e que os trechos selecionados não foram escolhidos inadvertidamente, pois contemplam alguns dos diversos símiles épicos que ocorrem na narrativa. Este trabalho se encontra ainda relacionado com o projeto de Iniciação Científica financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) e com as atividades do Núcleo de Tradução e Criação (NTC/UFF). PALAVRAS-CHAVE: Estudos Clássicos; literatura latina; Eneida; crítica de traduções; símiles épicos.

VIAGENS ÉPICAS: A ENEIDA E A CONSTRUÇÃO DO DISCURSO VIRGILIANO SOBRE O NORTE DA ÁFRICA

Geovani dos Santos Canuto (UFF) Na composição dos seis primeiros livros da Eneida, Virgílio narra a história da mítica fuga de Eneias da cidade de Troia e sua chegada ao Lácio. Ao se filiar à

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romana e ainda deixar a mensagem do Evangelho intacta para todos os públicos. Como na técnica de restauração de quadros chamada transposição - que permite transferir somente a película de pintura de um quadro para uma outra base -, Lucas, segundo a proposta de interpretação do presente estudo, transpõe a mensagem do Evangelho da cultura judaica para a romana. Optou- se por fundamentar esse trabalho nas teorias desenvolvidas pelo linguista Dominique Maingueneau. O autor afirma que a análise do discurso tende a formular as instâncias de enunciação em termos de “lugares”, visando a enfatizar a preeminência e a preexistência da topografia social sobre os falantes que aí vêm inscrever-se. Este primado do sistema de lugares é crucial a partir do momento em que raciocinamos em termos de formações discursivas. Nesse sentido, as teorias da análise do discurso serão de grande valia para o estudo proposto. PALAVRAS-CHAVE: análise do discurso; Evangelho de Lucas; Sermão da Montanha; Império Romano.

Sessão de Comunicações 5 FAMA E INFÂMIA NO EPISÓDIO VIRGILIANO DE DIDO

Paulo Gustavo dos Santos da Silva (PPGLC-UFRJ) Segundo Gildenhard (2012, p. 244), “textos canônicos frequentemente determinam qual variante mítica ou interpretação de uma figura lendária desfruta do status hegemônico dentro de uma tradição cultural”. No seu celebrado poema épico nacional, Virgílio, lançando-se a contar sua própria versão da fundação de Roma, silencia definitivamente outras vozes e versões que chegaram a seu tempo, como as de Ênio e Névio, de semelhante status (GOLDSCHMIDT, 2013). Ao fazê-lo, o poeta mantuano insere narrativas míticas outras, tal qual a de Dido, rainha de Cartago, personagem por quem, conforme pontuam alguns, não só transparece nutrir certa simpatia (WEEDA, 2015), como também teria buscado provocar sentimento semelhante em quem conhecesse seus versos (DE WITT, 1907). No presente trabalho, evidenciaremos como Virgílio, em sua construção literária do mito de Dido, ao

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9 VIAGENS ÉPICAS: A ENEIDA E A CONSTRUÇÃO DO DISCURSO VIRGILIANO SOBRE O NORTE DA ÁFRICA Geovani dos Santos Canuto (UFF)

9 QUANDO AS VIAGENS TERMINAM MAL: OS TESTEMUNHOS DE ARISTÔMENES E TÉLIFRON NAS METAMORFOSES, DE APULEIO Gabriel Paredes Teixeira (PPGLC-UFRJ/ LHIA-UFRJ)

9 ACERCA DA FICCIONALIDADE DA POESIA DO EXÍLIO OVIDIANO: TR. 3.10, 5.7 E 5.12 Cecilia Ugartemendía (FFLCH-USP/ FAPESP)

9 VACCA ET CAPELLA, OUIS ET LEO: UM RELATO DE UMA SOCIEDADE Luciana Antonia Ferreira Marinho (UFRJ)

Mesa de comunicações 6 – Sala 505C Mediação: Profa. Glória Onelley (UFF-Letras)

9 UMA JORNADA CÔMICA: TRADUÇÕES DO PRÓLOGO DE RÃS

Maria Clara da C. Machado (UFF) 9 O DESPERTAR DE UMA NOVA ORDEM EM NUVENS, DE ARISTÓFANES

Marcia Regina Menezes (UFRJ) A TRADUÇÃO DA COMÉDIA CLÁSSICA NA ATUALIDADE: UMA TAREFA POSSÍVEL? Stefania Sansone Bosco Giglio (UFRJ)

9 UMA ANÁLISE MÉTRICA DOS SENÁRIOS IÂMBICOS DE PLAUTO Renan de Castro Rodriguez (UFF)

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9 O PUNIDOR DE SI MESMO: O PRÓLOGO DE TERÊNCIO EM TRADUÇÃO

Heloize Moreira Fortunato (UFF) 9 IFIGÊNIA EM ÁULIS: EXPERIÊNCIA COM A PEÇA CLÁSSICA NUM

PROJETO DE CINECLUBISMO Jorge Eduardo Cardoso Teixeira (UFF) e Marcos Santos Carlos (UFF)

9 O MITO DE PROMETEU A PARTIR DE DUAS PERSPECTIVAS SÓCIO- -HISTÓRICAS Flávia Araripe Visconti (UFF)

Intervalo para almoço

14h30-16h30 Mesa-redonda 2 – Auditório Macunaíma (405B): FLUXO DE BENS E PESSOAS: LÍNGUAS E COSTUMES SOB UM ESTRANHO PODER Profa. Dra. Tatiana Ribeiro (UFRJ), Prof. Dr. Fábio da Silva Fortes (UFJF) Mediação: Prof. Beethoven Alvarez (UFF)

16h30-17h30 Conferência de encerramento - Auditório Macunaíma (405B) LEITURAS DE ARISTÓFANES: DO GREGO AO CEARENSÊS Profa. Dra. Ana Maria César Pompeu (UFC)

18h00 - 20h00 Minicurso 3: AUSPÍCIOS, ORÁCULOS E SONHOS NA TRAGÉDIA GREGA: A ORESTEIA DE ÉSQUILO – Sala: 501C Ministrante: Profa. Dra. Beatriz Cristina de Paoli Correia (UFRJ)

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enviadas por uma entidade ou indivíduo. Sabe-se que, desde a Antiguidade, os envios de epístolas eram praticados, como, por exemplo, entre os persas que detinham um sistema postal que cobria quase todo seu império. No período helenístico, a literatura epistolar tornou-se, ainda, mais comum. O próprio governo romano criou um correio para si. Esse correio era chamado de Cursus Publicus e foi criado por Augusto. Todavia, nem toda a correspondência era enviada via Cursus Publicus, porque também era comum que as epístolas fossem enviadas por escravos, amigos ou pessoas contratadas. Reis, filósofos, líderes espirituais e funcionários públicos utilizaram-se desse gênero literário para doutrinar, exortar, aconselhar, consolar e dar instruções. Por isso, pode- se dizer que a epístola pode ser tratada como uma extensão da voz do emissor e também como um de dois lados de uma discussão, ou seja, por meio de uma epístola, tem-se acesso a um lado do conteúdo de um diálogo via correspondência. A epístola que será analisada nessa apresentação é uma epístola paulina destinada aos coríntios. Pretende-se apresentar a ocasião em que Paulo escreveu essa epístola, o motivo, os principais temas tratados e a estrutura da Carta. PALAVRAS-CHAVE: Paulo; epístola; Carta; Corinto.

A TRANSPOSIÇÃO DA MENSAGEM DO EVANGELHO DE JESUS CRISTO DA

PALESTINA PARA O IMPÉRIO ROMANO José Roberto Barros (UERJ)

Este trabalho tem por objetivo apresentar uma proposta de comparação do Sermão da Montanha entre os evangelhos, bem como uma leitura das especificidades da ótica de Lucas em relação aos acontecimentos ocorridos na Palestina para um público romano. Utilizaremos como ferramenta teórica a análise do discurso, por meio da qual observaremos os diversos públicos a serem alcançados pela narrativa de Lucas e seus vários objetivos. Uma das hipóteses para a escrita do Evangelho de Lucas e Atos é o de que tais textos fazem parte da defesa de Paulo em Roma. Por isso, havia a necessidade de descrever e traduzir a cultura, a religião e a filosofia judaica para a cultura

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comunicação pretende apresentar os desafios da tradução e da elaboração dos verbetes, bem como seus resultados preliminares. Foi adotado o texto latino de Sêneca Ad Lucilium epistulae morales na edição de L. D. Reynolds, publicado pela Oxford University Press (1965). PALAVRAS-CHAVE: Sêneca; epístolas; tradução; léxico; latim.

EPÍSTOLA 65 DE SÊNECA: ETIOLOGIA E DEUS COMO CAUSA PRIMEIRA

Luan Moraes de Souza (UFF) Sêneca (c. 4 a.C. - 65 d.C.), principal propagador do estoicismo tardio (ou imperial) em língua latina, faz, na Epístola 65 da coleção endereçada ao amigo Lucílio, afirmações fundamentais sobre a teologia estoica, argumentando que deus é a causa “primeira e geral” do universo (SÊNECA, Epístola 65, §12). Como observa Brad Inwood (SENECA: Selected Philosophical Letters, 2007, p. 138), em seu comentário sobre a Epístola 65, embora o tema central do texto seja a apresentação da etiologia nas correntes platônica, peripatética e estoica, Sêneca acaba delineando os dois princípios da Física estoica, ou seja, 1) deus como a causa, o princípio ativo, e 2) a matéria como aquilo sobre o que age a causa, portanto, um princípio passivo. Afirma o filósofo no parágrafo 12 da referida Epístola: “Investigamos o que seja uma causa? Evidente que é a razão que faz as coisas (em latim, ratio faciens), isto é, deus” (Edificar-se para a morte - Das Cartas morais a Lucílio. Tradução Renata Cazarini, 2016, p. 93). Com base na tradução da Epístola 65, em conjunção com a leitura da Epístola 58, outra em que Sêneca retoma ideias do médio platonismo, e apoiada nos comentários específicos e bastante atualizados de Brad Inwood sobre ambos os textos, a presente comunicação propõe-se explicar o que seja a divindade na teologia estoica, com base nas noções de artífice e matéria. PALAVRAS-CHAVE: Sêneca; estoicismo; etiologia; teologia; latim.

PAULO AOS CORÍNTIOS Danilo Azevedo Aguiar (UFRJ)

O termo epistolé deriva do verbo ĞƉŝƐƚĠůůƃ e, originalmente, aludia a mensagens orais enviadas por meio de um arauto. Todavia, acabou sendo aplicada a cartas

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17 20h00 - 21h00 Sessão de leitura dramática - Auditório Macunaíma (405B) Um deus dormiu lá em casa (Guilherme Figueiredo) Baseada em Anfitrião, de Plauto Ficha Técnica Pesquisa: Beethoven Alvarez e Lucia Cerrone Adaptação: Beethoven Alvarez Direção geral: Elusa Mancini Elenco: Beethoven Alvarez

Eleusa Mancini Giovana Sassi Juliana Antunes Pedro Lopes

PROGRAMAÇÃO 13 de setembro quinta-feira

09h00 - 13h00 Minicurso 4: A GRAMÁTICA DE PLATÃO – Sala: 505C Ministrante: Prof. Dr. Fábio da Silva Fortes (UFJF)

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RESUMOS

Conferência de abertura A CIRCULAÇÃO DE NOTÍCIAS NA ANTIGUIDADE TARDIA

Prof. Dr. Julio Cesar Magalhães de Oliveira (USP)

Nós nos acostumamos a dizer que vivemos em uma sociedade da informação e tendemos a contrastar nosso tempo com as sociedades do passado, que não dispunham de nossos atuais meios de comunicação. Mas como Robert Darnton observou para o século XVII francês, uma sociedade sem telefones, sem televisão, sem e-mail, Internet e tudo mais não era, por isso, um mundo simples e tranquilo. Era simplesmente diferente. Nesta conferência, gostaríamos de estender ao Império Romano Tardio a questão central que Darton propôs para a Paris do Antigo Regime: como os habitantes das cidades mediterrâneas dos séculos IV e V da nossa era tomavam conhecimento dos eventos e transmitiam as informações sobre eles? Mais especificamente, gostaríamos de investigar os meios de coleta, controle e difusão das informações nesse período e as formas oficiais ou clandestinas de que dispunham os habitantes do Império para saciar sua fome de notícias. PALAVRAS-CHAVE: circulação de ideias; Império Romano tardio.

Conferência de encerramento

LEITURAS DE ARISTÓFANES: DO GREGO AO CEARENSÊS Profa. Dra. Ana Maria César Pompeu (UFC)

As comédias de Aristófanes foram encenadas, lidas e recepcionadas das mais diversas formas. Há registro de mais de uma versão de algumas peças, é o caso da comédia As Nuvens, que não teve o êxito esperado pelo poeta no concurso das Dionísias (DUARTE, 2000). Platão parece rivalizar com a comédia, ao criar seus diálogos socráticos, apresentando um Sócrates diferente do cômico, mas semelhante aos protagonistas da comédia (BELTRAMETTI, 2000), como um Diceópolis. Aristóteles apresenta um herói cômico menor, não aristofânico

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39 primeiro com a análise literária de 1Clemente, mostrando questões introdutórias. Depois, segue uma análise histórico-cultural. Por fim, o estudo da perícope propriamente dita. Essa comunicação é fruto de uma pesquisa desenvolvida durante o I Curso de Especialização em Estudos Clássicos junto à cátedra UNESCO Archai da Universidade de Brasília (UnB). O curso foi realizado na modalidade EAD. Uma obra com trabalhos finais selecionados está sendo editada em 2018, incluindo a pesquisa em que se baseia esta comunicação. Entre as obras usadas como referência, temos Cristianismo Primitivo y Paideia Griega, publicada em 1985 e escrita por Werner Jaeger. PALAVRAS-CHAVE: Clemente de Roma; exército romano; corpo humano; cristianismo antigo; helenismo.

SÊNECA FILÓSOFO: EPÍSTOLAS 64 E 80 - TRADUÇÃO E LÉXICO Angélica de Azevedo Silva (UFF)

Mônica Nunes de Neves (UFF) Sêneca, autor latino do século I d.C., deixou para a posteridade uma coleção de epístolas endereçadas a Lucílio, amigo que ele queria ver convertido ao estoicismo, corrente filosófica originada na Atenas helenística. Nessa suposta troca epistolar e em suas demais obras filosóficas, Sêneca, tutor do imperador Nero, pode ser claramente identificado como porta-voz do chamado “estoicismo tardio” ou “imperial”, que valorizava a filosofia como meio de alcançar a vida feliz, isto é, como o percurso para tornar-se um sábio e viver, então, em consonância com a providência divina, o logos. As Epístolas 64 e 80 foram selecionadas como exemplares da quase totalidade da coleção senequiana: retratos do cotidiano que se desdobram em proposições da ética estoica, sem, contudo, fazer teorizações sofisticadas. O projeto de Iniciação Científica “Epístolas 64 e 80 de Sêneca numa abordagem colaborativa e transdisciplinar” reúne duas discentes de diferentes cursos de graduação e tem como eixo metodológico a transdisciplinaridade Filosofia-Letras-Pedagogia. Em seu desenvolvimento, o projeto prevê, após a abordagem crítica das epístolas selecionadas, a tradução em português de cada uma delas e a elaboração de um léxico conjunto de apoio à leitura, com verbetes de caráter filosófico a partir da sua base etimológica. Como a pesquisa está ainda em processo, esta

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Sessão de Comunicações 4 NOTAS À CARTA-PREFÁCIO DE FLÁVIO ARRIANO ÀS DIATRIBES DE EPICTETO

Aldo Lopes Dinucci (UFS) As Diatribes de Epicteto são prefaciadas por uma carta de Arriano endereçada a certo Lúcio Gélio (provavelmente parente de Aulo Gélio), na qual o autor afirma que não compôs as Diatribes - sendo elas meras transcrições das aulas de Epicteto em Hierápolis - e não tomou a iniciativa de torná-las públicas, visto serem somente notas que escreveu para si mesmo e seus próximos, muito embora se tenham disseminado sem que ele assim o desejasse. Diante da inesperada difusão dos escritos, Arriano decidiu dar-lhes forma final e publicá- los. Guiaremos nossa análise pelas traduções comentadas de Epicteto de Souilhé (EPICTÉTE. Entretiens, Livre I. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956) e Dobbin (Epictetus: Discourses. Book I. Oxford: Clarendon, 2008). PALAVRAS-CHAVE: Epicteto; Flávio Arriano; estoicismo imperial.

O EXÉRCITO ROMANO E O CORPO HUMANO NA PRIMEIRA CARTA DE CLEMENTE DE ROMA AOS CORÍNTIOS: UMA ANÁLISE DE 1CLE 37.1 - 38.1

Leonardo dos Santos Silveira (UFF/PUC-Rio) Os Estudos Clássicos apresentam contribuições significativas para a pesquisa dos textos do cristianismo antigo. Eles ajudam no entendimento de que esse cristianismo é plural em sua origem, bem como possibilitam um novo olhar sobre seus textos ao analisar as fronteiras, os limites e as interações culturais que aconteceram no mundo helenizado e no Império Romano. Assim, esses textos apresentam reminiscências de ideias de textos clássicos, que servem de modelo para suas argumentações. Essa comunicação analisa um trecho da Primeira Carta de Clemente de Roma aos Coríntios (1Cle 37.1 – 38.1) em que o exército romano e o corpo humano são usados como exemplo de ordem para os leitores. Ao falar do exército, por exemplo, temos Clemente voltando-se para a tragédia grega ao citar Sófocles e/ou Eurípides. Já em sua descrição sobre o corpo, verifica-se sua ligação com o apóstolo Paulo, mas também com muitos autores antigos, como Tito Lívio. Para tanto, nosso percurso começa

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(WHITMAN, 1964); Plutarco compara Menandro e Aristófanes, exaltando o novo em detrimento do antigo, mas confirma o grande sucesso de Aristófanes entre os antigos gregos. Os comediógrafos romanos seguem Menandro. Aristófanes é traduzido com alguma reserva nas línguas modernas, mas Lisístrata, sua comédia mais obscena, torna-se o ícone de revoluções, inclusive no Brasil. Finalmente, encontramos no cearense matuto a linguagem cômica mais legítima para a oralidade grega das comédias aristofânicas. O falar matuto cearense consiste no uso de apenas uma marca do plural (os prítane), “tu” com o verbo na terceira pessoa (tu vai), na queda dos erres finais e substituição por acento na vogal anterior (aceitá, embaixadô); o mesmo procedimento vale para as terminações em -ou (falô), há a eliminação da sílaba inicial do verbo está (tô, tá), repetições de não, mudando a primeira forma (tu num tá vendo não), “home” por homem, o “lh” por “i” (muié por mulher, aio por alho), uso do diminutivo, substituindo -inho por -in (desse tamanhin), “pra”, “pros, pras” em vez de “para”, “para os” e “para as”, uso das interjeições características (Vixe!), ênfases (Euzin aqui ó, abestaiadin), “mermo” por “mesmo”, a queda do “l” final de algumas palavras (miserave por miserável, terrive por terrível), entonações características (Pense numa sacudida grande!). As alterações ou criações têm intuito expressivo, são intensificadores do sentido. Apesar da aparência, nossa tradução não se caracteriza como etnocêntrica, ou seja, a que, “fundada sobre a primazia do sentido, [...] considera implicitamente ou não sua língua como um ser intocável e superior, que o ato de traduzir não poderia perturbar” (BERMAN, 2013, p. 45), uma vez que busca a fidelidade e a aproximação ao original grego: na manutenção exata dos versos e da primeira palavra de cada linha; na permanência dos termos históricos ou característicos da cultura grega; na tradução dos nomes próprios, com relevância semântica para o enredo da peça, pela aproximação sonora dos termos originais, por exemplo, Dikaiópolis (díkaios, “justo”; pólis, “cidade”) é Justinópolis (comparar com Florianópolis), que nomeia o protagonista de Acarnenses,o cidadão justo

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ou a cidade justa; nas notas que referenciam e explicam as opções de tradução; na intenção explícita de aproximar as festividades juninas do Nordeste brasileiro às Dionísias Rurais da Grécia antiga pelo reconhecimento dos traços estruturais comuns, por serem rituais agrários de fertilidade e manifestações espetaculares, através da tradução da comédia Acarnenses de Aristófanes, do texto original grego de 425 a. C. para o falar matuto cearense, reconhecendo a forte inspiração da Musa da comédia na cultura cearense. PALAVRAS-CHAVE: Aristófanes; linguagem cômica; cearensês.

Mesa 1: A TROCA EPISTOLAR: CARTAS FILOSÓFICAS, LITERÁRIAS E PESSOAIS NA ANTIGUIDADE E HOJE

INTERFACES ENTRE O FAZER LITERÁRIO E O GÊNERO EPISTOLAR: NOTAS SOBRE CARTAS DE AMOR E AS HEROIDES, DE OVÍDIO

Profa. Dra. Vanessa Massoni da Rocha (UFF)

“Não é na esperança de dobrar-te com minha prece que te envio essas palavras; sou levada por um deus que me domina”. Levando-se em conta esse trecho da carta de Dido a Eneias, pretende-se analisar os diálogos e imbricações entre o fazer literário e o gênero epistolar. Nesse sentido, privilegia-se a primeira publicação epistolar reconhecida como ficção (excluindo-se as epístolas do texto bíblico): os poemas As Heroides de Ovídio, publicados em português em 2007, com tradução de Dunia Marinho Silva, sob o nome de As Heróides ou Cartas de amor. Nessa obra, Ovídio, reconhecido como o poeta do amor em Roma, apropria-se de personagens da mitologia já presentes em Homero e Virgílio, tais como Fedra, Safo, Penélope e Medeia para permitir-lhes contar as aventuras dos amados e seus sentimentos diante das partidas. A narrativa se tece através de 21 cartas que elas escrevem a seus amantes, nas quais revelam suas tristezas, angústias, medos e ansiedades pelo breve retorno deles. Não parece à toa, por conseguinte, a ideia de que o epistolar flerta de alguma maneira com o feminino. Desde Ovídio e suas “cartas de heroínas”, elas podem ser lidas como recurso das mulheres para se inserirem no mundo, até então, masculino, como Madame de Sévigné no

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topônimos latinos do Brasil. A referida obra encontra-se depositada no acervo da Divisão de Obras Raras da Fundação Biblioteca Nacional, instituição em que se desenvolve o projeto de Extensão “Os clássicos no acervo de obras raras da Biblioteca Nacional”, coordenado pelo prof. dr. Fábio Frohwein de Salles Moniz. Nesta apresentação, exporemos o levantamento lexical feito a partir dos capítulos 1-10 do corpus e abordaremos questões não previstas no início da pesquisa, mas que surgiram no decorrer da análise, a exemplo de substantivos indeclináveis relativos a espécies da fauna e da flora brasileiras. Apresentaremos, ainda, versões preliminares de alguns verbetes do glossário produzidos até o momento. PALAVRAS-CHAVE: glossário latino; Humanismo; léxico latino; território brasileiro; topônimos.

OS GLOSSARIA LINGUARUM BRASILIENSIUM DE KARL F. P. VON MARTIUS Thaísa Regly (UFF)

Os Glossaria Linguarum Brasiliensium (Glossários das Línguas Brasileiras) de 1863, publicados como o segundo volume de uma série de estudos intitulado Beiträge zur Ethnographie und Sprachenkunde Amerikas zumal Brasiliens (Contribuições para a Etnografia e a Filosofia da América, especialmente do Brasil), sendo o primeiro volume designado Zur Ethnographie (Sobre Etnografia), de autoria do naturalista bávaro Karl F. P. von Martius (1794- 1868), que acompanhou uma expedição científica ao Brasil em época anterior à Independência, entre os anos de 1817 e 1820, foram publicados em latim, alemão e português, registrando as línguas indígenas da época, e constituídos de um estudo lexical em que há a descrição de 109 dialetos indígenas do Brasil em meados do século XIX. Analisaremos a obra como participante de um amplo contexto intercultural que envolvia tanto o Império do Brasil quanto outros atores internacionais, como o reino da Baviera e os círculos científicos da época, sendo também este tema vinculado à História da Ciência. PALAVRAS-CHAVE: latim científico; contato linguístico; naturalismo; histografia da linguística.

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nos séculos XV e XVI, para o contato linguístico, assim como o hebraico, língua sapiencial. Diante desses aspectos, nossa exposição apresentará traços inerentes que nos ajudarão a entender o papel desempenhado pelo mais famoso língua das navegações portuguesas do final do século XV e início do XVI: o judeu Gaspar da Gama. A pesquisa tem como base, entre outros textos, Dinâmicas de poder dos intérpretes/língua portugueses na Ásia de João de Barros (2011), de Sara Maria Milreu Casais de Almeida Rocha. Como trabalhamos com objetos bibliográficos, nosso trabalho tem a investida teórico-metodológica para um estudo reflexivo. Sendo assim, opta-se pela abordagem qualitativa a fim de alcançar os propósitos por nós estabelecidos. Entre eles: a origem e a participação de Gaspar da Gama nas navegações portuguesas e os aspectos que circundavam um língua/intérprete nos séculos em questão. PALAVRAS-CHAVE: língua; intérprete; Gaspar da Gama; contato linguístico.

GLOSSÁRIO DE TOPÔNIMOS LATINOS DO BRASIL EM HISTORIA NAVIGATIONIS IN BRASILIAM

Lucia Pestana da Silva (UFRJ) Este trabalho objetiva apresentar os primeiros resultados do projeto de Iniciação Científica intitulado “Glossário de topônimos latinos do Brasil em Historia navigationis in Brasiliam”. A pesquisa partiu do pressuposto de que a elaboração de um glossário de topônimos latinos do Brasil é de suma importância para um determinado setor da sociedade, a saber, historiadores, pesquisadores e profissionais que lidam com obras raras em latim sobre o território brasileiro, seja para fins de tratamento, seja para busca, localização e leitura. Além disso, os topônimos latinos do Brasil ilustram o processo de renovação do léxico latino durante o Humanismo, servindo ao estudo sobre procedimentos de criação de neologismos em latim. O corpus selecionado para investigação foi Historia navigationis in Brasiliam (Viagem à terra do Brasil, na edição brasileira), do pastor, missionário e escritor francês Jean de Léry (Côte- d'Or, c. 1536 – Suíça, c. 1613), em razão da quantidade significativa de

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21 no classicismo francês. Escritas na primeira fase da vida de Ovídio e contemporâneas da demais poesia de amor ovidiana, As Heroides talvez sejam a primeira coletânea poética assumidamente de autoria masculina e de voz feminina na história da literatura ocidental. Cartas vislumbradas como veículo através do qual as mulheres se permitem ocupar um lugar novo, não passivo, lugar de quem não se limita a esperar o retorno e se lança, pela escrita, em direção ao amante, exigindo-lhe que regresse prontamente e compartilhando as incertezas de um amor que precisa sobreviver ao abandono. PALAVRAS-CHAVE: gênero epistolar; Heroides; Ovídio.

A CARTA VII DE PLATÃO: O SURGIMENTO DO DISCURSO AUTOBIOGRÁFICO NA GRÉCIA ANTIGA

Prof. Dr. Remo Mannarino Filho (PUC - Rio)

Encontra-se em uma epístola do período clássico o mais antigo discurso autobiográfico da cultura grega – aquela que passou à história como a Carta VII de Platão. De autoria disputada, tal documento convida a uma série de estudos e considerações em diversas áreas do saber; a potência filosófica do exercício autobiográfico, a disseminação da escrita alfabética no mundo antigo, mas também o lugar e a importância do gênero epistolar na cultura grega. O propósito da fala é o de explorar especificamente esta última questão, relacionando-a ocasionalmente com as anteriores e estabelecendo uma comparação com os usos documentados de cartas nos séculos V e IV a.C. na Grécia antiga. PALAVRAS-CHAVE: gênero epistolar; Platão; Carta VII.

AS COLEÇÕES DE CARTAS DE CÍCERO E DE PLÍNIO, O JOVEM Prof. Dr. Adriano Scatolin (USP)

Nesta fala, apresentaremos os corpora epistolográficos de Marco Túlio Cícero e de Plínio, o Jovem. Faremos um apanhado sobre a importância histórica das duas coletâneas, as divisões dos livros, os principais destinatários das cartas. PALAVRAS-CHAVE: gênero epistolar; Cícero; Plínio, o Jovem.

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Mesa 2: FLUXOS DE BENS E PESSOAS: LÍNGUAS E COSTUMES SOB UM ESTRANHO PODER

A TIRANIA RECLAMA UMA INTERVENÇÃO FILOSÓFICA: PLATÃO E O CORRETO USO DA LINGUAGEM PARA A FILOSOFIA EM SIRACUSA

Prof. Dr. Fábio da Silva Fortes (UFJF)

Em que pese a discussão sobre a autenticidade da Carta VII de Platão, trata- se, sem dúvida, de peça crucial para compreender o pensamento de Platão, sobretudo nos que diz respeito às relações, nem sempre pacíficas, entre escrita e filosofia. Considerando que se trata, além disso, de documento que contém informação de caráter histórico e biográfico sobre três diferentes momentos em que Platão se havia dirigido a Siracusa a fim de aconselhar a classe governante local, temos como meta refletir, particularmente, sobre a experiência que Platão teria tido com o tirano Dionísio II, de Siracusa, que culmina, por um lado, em um aparente insucesso da filosofia em um contexto de tirania, mas, por outro, oferece-nos uma reflexão importante sobre o poder e os limites da linguagem para a filosofia. PALAVRAS-CHAVE: Platão; tirania; linguagem.

OS CITAS DE HERÓDOTO: UM AVESSO DA PÓLIS? Profa. Dra. Tatiana Ribeiro (UFRJ)

A palestra tem por escopo observar os parâmetros utilizados por Heródoto na descrição do espaço dos Citas, em toda a sua pluralidade étnica, no livro IV (1- 144) das Histórias. Habitantes de um território que nada possui de maravilhoso, excetuando-se seus rios, nômades privados de cidades e fortalezas, povo múltiplo que encerra uma alteridade marcante entre si, os Citas figuram na obra do historiador como um exemplo muitas vezes avesso àquilo que representam os gregos de Heródoto como modelo de civilização. Verificar-se-á em que medida a Cítia constitui uma imagem representativa não só da alteridade como também de um mundo quase selvagem, regido por nómoi exóticos ao extremo. PALAVRAS-CHAVE: Heródoto; Citas.

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35 cristã pedagógica. Tais questões abordadas e trabalhadas por Isidoro são encontradas em sua obra principal, as Etimologias, tida como seu trabalho mais importante. Nota-se nesse projeto do Bispo de Sevilha uma retomada dos estudos relacionados com a língua latina e a Cultura Clássica. PALAVRAS-CHAVE: Isidoro de Sevilha; Etimologias; política cristã pedagógica; linguística; cristianismo.

FLUXO MIGRATÓRIO: O PROCESSO DE ROMANIZAÇÃO DA LUSITÂNIA Melyssa Cardozo Silva dos Santos (UFF)

Durante a Segunda Guerra Púnica (218 a.C. - 201 a.C.), o exército romano invadiu Cartago objetivando abater as tropas cartaginesas e, ao mesmo tempo, dominar toda a Península Ibérica. Embora a vitória sobre os cartagineses tenha sido atingida, o domínio da região não foi tão fácil. De acordo com Amaral (2017, p. 29), derrotados estes, foi preciso caminhar mais ao oeste e vencer a tribo mais aguerrida de celtiberos - a dos lusitanos. Foi iniciada outra batalha, agora entre o exército romano e os descendentes do deus Lusus, estes sob o comando de Viriato. Após mais uma vitória dos romanos, a região da tribo derrotada tornou-se uma província do Império: a Lusitânia Romana. Mesmo após as invasões germânica (suevos e visigodos) e muçulmana, as características da romanização foram mantidas, como as divisões territoriais, o cristianismo, o latim, a construção de estradas, a cultura, etc. Tal absorção, cultural e linguística, foi considerada um grande processo civilizacional (AMARAL, 2017, p. 33) não somente para a Lusitânia, como também para toda a Península Ibérica. PALAVRAS-CHAVE: romanização; Lusitânia; Império Romano.

GASPAR DA GAMA, O LÍNGUA NA EXPANSÃO MARÍTIMA PORTUGUESA - SÉCULOS XV - XVI

Viviane Lourenço Teixeira (UFF - Posling) O trabalho tem por objetivo abordar aspectos que evidenciem as diferenças existentes entre língua e intérprete e a importância do contato linguístico na expansão marítima portuguesa. As línguas clássicas (latim e grego) serviam,

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meio de um ritual. A seleção, tradução e análise de 32 defixiones entre as quase 300 recuperadas na Britannia, província do Império Romano, e suas correlações linguísticas com textos literários de I a.C. a II d.C. foram desenvolvidas durante o I Curso de Especialização em Estudos Clássicos, modalidade EAD, junto à cátedra UNESCO Archai da UnB. Uma obra com trabalhos finais selecionados está sendo editada em 2018, incluindo a pesquisa em que se baseia esta comunicação. Fonte fundamental da pesquisa foi The Temple of Sulis Minerva at Bath - The Finds from the Sacred Spring, de Barry Cunliffe, Oxford University Committee for Archaeology (1988). PALAVRAS-CHAVE: latim; defixiones; vingança; arqueologia; Britannia.

O CONTEXTO LINGUÍSTICO-RELIGIOSO DE ISIDORO DE SEVILHA Lucas Ferreira de Oliveira (UFF)

Ao observarmos a história do cristianismo, em especial para sua época de consolidação como instituição, notaremos que os estudos linguísticos foram centrais para a formação e o estabelecimento da Igreja tal qual a conhecemos hoje. No período denominado por muitos historiadores como “Antiguidade Tardia”, há de se notar a centralidade desses estudos linguísticos associados a uma teologia cristã. Vale ressaltar que nos atentaremos aqui a questões relativas à parte ocidental da Europa deste período, ou seja, aos antigos territórios romanos da parte ocidental. Nesse período, destaca-se a forte presença do cristianismo não apenas como religião, mas como elemento unificador dentro desse cenário europeu fragmentado, conforme aponta Luciano César Garcia Pinto, em sua dissertação sobre a obra de Isidoro de Sevilha, de 2008. Nesse contexto cristão bastante complexo, destaca-se a presença de Isidoro de Sevilha, bispo da cidade de Sevilha na segunda metade do século VII, parte do então reino hispano-visigodo de Toledo. Isidoro teve papel ímpar na formação eclesiástica de seu tempo, além de desempenhar função de extrema importância no contexto político de seu reino. O Bispo, considerado o último “Pai da Igreja”, irá desenvolver estudos principalmente ligados aos campos da linguagem associados à língua latina e a uma política

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RESUMOS

Sessão de Comunicações 1 MARCIAL, LEITOR DE OVÍDIO

Fábio Cairolli (UFF)

Será apresentado um conjunto de passagens de Marcial, em que o autor emula a poesia de Ovídio, com o objetivo de compreender as estratégias daquele autor na apropriação de material da obra deste. Partindo da classificação de Cenni (2009), que divide a passagem de seu corpus em citações (citazioni) e ecos (riecchegiamenti), propõe-se uma nova tipologia para a emulação de Ovídio por Marcial. PALAVRAS-CHAVE: intertextualidade; emulação; Marcial; Ovídio; poética clássica.

LAMENTOS DE APOLO: DIÁLOGOS ENTRE GÊNEROS

NAS METAMORFOSES DE OVÍDIO Luiz Pedro da Silva Barbosa (UFRJ)

Esta comunicação aborda um conjunto de passagens da obra Metamorfoses, de Públio Ovídio Nasão, que se unem por um aspecto marcante em sua temática, já abordado outrora por Fulkerson (2006). Trata-se das passagens de Faetonte, nos livros I e II, Ciparisso, no livro X e Jacinto, também no livro X. Essas passagens mostram-se como os principais, entre muitos mitos, a retratar o deus Febo Apolo em um momento de lamento fúnebre. A recorrência da representação do deus de modo lamentoso suscita o questionamento acerca das causas que levam Ovídio a retratá-lo de tal maneira, bem como dos meios que emprega. Deste modo, com base na comparação entre essas três passagens, mostramos os elementos do texto que revelam caminhos possíveis de interpretação para nossos questionamentos. Os estudos mostram que esses mitos se configuram como importantes pontos de diálogo entre diversos gêneros (Keith, 2002), em meio a um tom épico solene das Metamorfoses de Ovídio. PALAVRAS-CHAVE: Metamorfoses; Apolo; gênero; lamento.

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PENÉLOPE: UMA LEITURA ENTRE HOMERO E OVÍDIO Gabriela Souza Farias de Azevedo (UFRRJ)

Carla Cristina dos Santos Bento (UFRRJ) Este trabalho busca fazer uma comparação entre a personagem Penélope da Odisseia de Homero e sua recriação literária na Epístola I, “De Penélope a Ulisses”, que forma parte das Heroides, do poeta latino Ovídio (43 a. C. – 17/18 d. C.). Para traçar nossa análise comparativa, partiremos de um estudo acerca do tempo em que essas narrativas aparecem, levando em consideração a transformação do mito, que podemos verificar em Ovídio, por meio da imaginação da perspectiva feminina na composição da voz que escreve a carta. Nesse sentido, acreditamos que, com a fabulação de uma nova Penélope, há também uma elaboração complexa dessa personagem que fala de si, possibilitando novas e diferentes leituras biográficas a partir da reelaboração ficcional no poeta latino. Com efeito, a epopeia homérica torna-se um hipotexto à Epístola I, que passa a ser compreendida, nessa relação entre ambas, como um hipertexto, uma vez que esta se deriva daquela, correspondendo ao que Gérard Genette propõe a respeito dos processos de transtextualidade. PALAVRAS-CHAVE: Odisseia; Heroides; transtextualização.

A VIAGEM DE ODISSEU E AS ESPERAS DE PENÉLOPE Ana Clara Ferreira Orrico (UFRRJ)

Isabel Cristina Barbosa de Oliveira (UFRRJ) Neste trabalho, procuraremos compreender a espera com base na comparação entre as personagens Odisseu e Penélope, na Odisseia de Homero, e no romance A Odisseia de Penélope (2005), da escritora canadense Margaret Atwood. Ao analisarmos essas narrativas, tendo em vista a recriação do mito encontrada no enredo de Atwood, parece-nos relevante discutir como se processa a perspectiva de viagem para cada uma das personagens, isto é, Penélope e Odisseu. Se, por um lado, lemos em Homero um fluxo ininterrupto de deslocamentos, como parte do projeto da composição heroica de Odisseu, por outro, entendemos as esperas de Penélope por meio de uma perspectiva

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do discurso poético quanto a mudanças e conflitos político-sociais ocorridos na pólis. Nesse cenário, a estabilidade da aristocracia mostra-se ameaçada pela ascensão de classes inferiores, cujos homens, ignorantes de leis e justiça (vv. 53-4), são designados kakoí ou homens vis. Nos dísticos compreendidos entre os versos 667-82, a persona poética, consciente das alterações políticas, sociais e morais processadas na pólis, transmite, por meio de linguagem enigmática, a grande ameaça representada pelos kakoí à classe dos agathoí, tendo em vista que estes últimos, destituídos de seus antigos privilégios e associando-se com os novos ricos, abandonam os vínculos tradicionais de amizade que, nos Teognidea, se assentam na confiança e fidelidade partidárias. Para Gregory Nagy (1984, p. 244) e Onelley (2004, p. 33-42; 2009, p. 63-7), a nau, ameaçada pela tempestade, constitui uma alegoria que contém uma mensagem enigmática endereçada aos agathoí, grupo integrado de phíloi fundamental para a constituição da pólis de Mégara. PALAVRAS-CHAVE: Corpus Theognideum; phílos agathós; alegoria.

INVOCANDO DEUSES E CLAMANDO POR VINGANÇA EM FONTES LITERÁRIAS E EPIGRÁFICAS

Renata Cazarini (UFF) Diz a sabedoria popular que a vingança é um prato que se come frio, mas a Justiça era excessivamente lenta e incerta para muitos no Império Romano, a ponto de alimentar a prática da magia como dispositivo legítimo de reparação. Um corpus composto de documentos literários e epigráficos latinos (tabellae defixionum) foi traduzido e analisado com o objetivo de traçar possíveis aproximações e distanciamentos entre a elite e a não elite. Embora se distingam pela elocução, os documentos, investigados em conjunto, atestam que a magia era um dispositivo horizontal, não restrito à mentalidade menos elitizada, aceito como garantidor do justiçamento numa instância que corria paralela à do poder dos homens. A literatura e as placas de imprecação revelam a crença na força da palavra e do ritmo encantatório. Acima de tudo, a convicção de que se tinha o direito de pleitear a intervenção dos deuses por

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Sessão de Comunicações 3 O MAR MEDITERRÂNEO COMO UM ESPAÇO DE CONECTIVIDADE ENTRE OS

HELENOS: AS REPRESENTAÇÕES TEXTUAIS E IMAGÉTICAS DO PERÍODO ARCAICO Camila Alves Jourdan (PPGH – UFF/NEREIDA/CNPq)

A prática da navegação entre os helenos foi desenvolvida juntamente com o sistema políade e, antes disso, pelos povos que margeavam o Mediterrâneo (ARNAUD, 2005; BOARDMAN, 1986; CORVISIER, 2008). Mesmo com o reconhecimento da bacia do Mediterrâneo por meio de seu "mapeamento naval", o medo de um ambiente inóspito continuava a existir. No entanto, isso não impediu os helenos de realizarem projetos que envolvessem diretamente o mar, como a expansão e fundação de colônias (MALKIN, 1998). Estes processos, através do imaginário social helênico, construíram tradições orais (posteriormente textualizadas) e imagéticas. As representações do imaginário naval e marinho foram fixadas nos textos e imagens que circulavam por várias regiões do Mediterrâneo (JOURDAN, 2017). Nesta comunicação, buscaremos compreender, pela análise de documentação textual e cenas em vasos do período arcaico, as "representações sociais" (JODELET, 2001) forjadas pelos helenos sobre o mar e a prática da navegação. Para tanto, consideramos o contexto helênico de expansão no Mediterrâneo, as conexões e redes construídas por numerosas póleis e novas fundações. Metodologicamente, usaremos a leitura lexical das “grades de leitura” de Françoise Frontisi-Ducroux (1975) e, para análise imagética, as "unidades formais mínimas" da proposta de Claude Bérard (1983). PALAVRAS-CHAVE: navegação; Mediterrâneo; gregos.

A ALEGORIA DA NAU/CIDADE NO CORPUS THEOGNIDEUM

Guilherme Lemos Nogueira (PPGLC - UFRJ) Em dísticos vários do Corpus Theognideum, transparece a amargura do sujeito

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plural e plurissignificativa. Como uma imagem invertida da viagem sem fim, a personagem feminina passa a representar, simbolicamente, aqueles que não podem alterar sua história uma vez que seu percurso de espera se atrela às partidas do marido. Logo, é da recriação no romance canadense que uma nova trajetória passa a ser imaginada, questionando, com isso, a noção do herói e reinventando uma mulher capaz de transformar seu lugar nas representações da espera. PALAVRAS-CHAVE: recriação do mito; Penélope; narrativa feminina contemporânea.

AS VIAGENS DE ODISSEU: UMA FÁBULA REAL Rafael de Almeida Semêdo (FFLCH – USP/FAPESP)

Dos cantos 9 a 12 da Odisseia, Odisseu conduz sua performance de aventuras diante dos feácios. Neste trabalho, pretendo argumentar, na esteira de Hugh Parry (1994), Scott Richardson (1996) e Irene de Jong (2001), que, na realidade narrativa da Odisseia, suas aventuras se baseiam livremente nas viagens "reais" do herói após Troia. Utilizo-me da metodologia narratológica de Bal (1985) e de Jong (2001) para dividir o relato de Odisseu em duas camadas: 1) "fábula", o que aconteceu, e 2) "história", como o que aconteceu é narrado. Embora possamos suspeitar que Odisseu não relate suas viagens de maneira inteiramente honesta (história), podemos, sim, pensar que ele esteja relatando em sua narrativa eventos verdadeiros (fábula). Richardson (1996) chama o procedimento a partir do qual se pode averiguá-lo de “teste de autenticação” - tomam-se os eventos mencionados por Homero fora da performance de Odisseu para se atestar aquilo que se passa dentro dela. Parry (1994), Richardson (1996) e de Jong (2001) atestam a veracidade, no âmbito da "fábula", de quatro eventos relatados: Ciclope, Circe, o gado de Hélio e Calipso. Aqui, apresento o teste de autenticação aplicado à "fábula" da nékuia, a viagem às bordas do Hades. PALAVRAS-CHAVE: Homero; Odisseia; Odisseu; aventuras; nékuia.

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O(S) (RE)IMAGINAR(ES) DA CILA: PALAIPHATOS E HOMERO Caroline Caetano de Freitas (PPGLC - UFRJ)

A comunicação tem como objetivo apresentar um estudo sobre a história exegético-racionalista do mito da Cila escrita, no século IV a. C., por Palaiphatos em seu tratado WĞƌŞ ĂƉşƐƚƃŶ. O estudo tem como ponto de referência o canto XII de Odisseia, no episódio em que Odisseu encontra Circe e o alerta sobre os perigos que ele enfrentará ao sair de sua ilha, sendo um desses perigos a Cila. Com base nesse relato, será feito o estudo da composição da história de Cila (re)imaginada por Palaiphatos. O trabalho faz parte do projeto de pesquisa sobre a racionalização dos Seres híbridos no tratado WĞƌŞ ĂƉşƐƚƃŶ, de Palaiphatos. PALAVRAS-CHAVE: mito; Palaiphatos; Homero; Cila; exegese racionalista.

O QUE HOMERO SABIA SOBRE O EGITO?

Felipe Marques Maciel (PPGLC - UFRJ) São várias as referências a povos não helênicos tanto na Ilíada como na Odisseia. Mais do que ocupar uma função narrativa (como, por exemplo, a estratégica identidade “cretense” de Odisseu) ou servir de modelo (como os Feácios da Esquéria) ou antimodelo (os Ciclopes, dos quais Polifemo é sua expressão máxima), a caracterização de outros povos feita por Homero é uma via privilegiada de acesso aos discursos que o poeta conhecia em relação às sociedades do Mediterrâneo — no caso dos povos “não fantásticos”, é importante ressaltar. Nesta comunicação, pretendemos analisar, em primeiro lugar, o contato entre egípcios e gregos sob um viés histórico e, depois, entender como Homero descreve o Egito na Ilíada e na Odisseia, procurando compreender o valor narrativo dessas caracterizações, principalmente no que diz respeito às atitudes estrangeiras e o lugar que elas ocupam no contexto ficcional de ambos os poemas. Para atingir nosso objetivo, utilizaremos como instrumental metodológico a análise do discurso (Eni L. P. Orlandi) e a narratologia (Irene J. F. de Jong). PALAVRAS-CHAVE: Homero; Ilíada; Odisseia; Egito; poesia épica.

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Ludus Latinus, um material disponível on-line, fornecido pela Biblioteca Augustana, da Hochschule Augsburg (http://www.hs- augsburg.de/~harsch/augustana.html). Além desse material, desenvolvemos exercícios que remetem aos textos abordados em aula, a fim de que os alunos retomem o vocabulário e firmem os aspectos gramaticais por meio da leitura, não apenas da explicitação das regras gramaticais. PALAVRAS-CHAVE: ensino; latim.

O ENSINO DE GREGO KOINÉ LICOM-PLIC, DA UERJ: UMA BREVE REFLEXÃO

ACERCA DAS PRÁTICAS E EXPERIÊNCIAS João Pedro Coutinho (UERJ)

O trabalho destina-se a refletir acerca do ensino de grego koiné, considerando algumas propostas utilizadas no Projeto LICOM-PLIC Grego Bíblico, da UERJ. Aproveitando as discussões feitas ao longo do século XX em torno do ensino de línguas, parte-se da ideia de que o curso pode ir além da preocupação com as análises gramaticais e sintáticas da língua e valorizar o trabalho com texto como objeto principal do processo de ensino-aprendizagem. O grego koiné não é tratado como uma língua morta que deva ser estudada apenas por meio de tabelas e regras, mas como veículo de comunicação do passado e com o passado, considerando especialmente o registro legado pelos textos que compõem o Novo Testamento da Bíblia. No LICOM-PLIC Grego Bíblico da UERJ, essas ideias são aplicadas com base nas obras A Gramática do Grego do Novo Testamento, de James Swetnam, e o Aprenda o Grego do Novo Testamento, de John H. Dobson. PALAVRAS-CHAVE: grego; ensino; língua; Novo Testamento.

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UMA REFLEXÃO SOBRE OS MATERIAIS DE ENSINO DE LÍNGUA LATINA Luan Pereira dos Santos (UERJ)

O trabalho discute os materiais e o desenvolvimento de material para o ensino de língua latina tomando por base as experiências do LICOM-PLIC Latim, da UERJ. De fato, tem-se discutido bastante sobre as abordagens de ensino de língua latina, mas a principal metodologia para o ensino de latim ainda hoje é o tradicional método gramático-tradutório. Ele é a forma mais antiga de pôr um aluno em contato com uma língua estrangeira, e nele está baseada a maioria de nossos materiais de ensino. A rigor, são materiais que trabalham com exercícios de memorização de regras, a fim de que o aluno domine a morfologia e a sintaxe. Acontece que a maioria desses materiais produzidos em solo brasileiro são apenas súmulas gramaticais, que oferecem uma descrição simplificada da morfossintaxe latina. Considerando-se que o ensino de língua latina no Brasil passou por grandes crises e que não só o prestigio do Latim, mas também a vontade de se aprender essa língua já não são mais os mesmos, propõe-se que o material didático seja uma ferramenta para enfrentar essa crise. PALAVRAS-CHAVE: materiais de ensino; latim; ensino.

ENSINO DE LATIM NO PROJETO LICOM-UERJ: UM RELATO

Raquel da Costa Pereira (UERJ) Desde o século XX, o ensino de línguas estrangeiras passou por grandes transformações. Alguns métodos foram propostos, assim como o gramático- tradutório, o direto, o audiolingual e a abordagem comunicativa. Tradicionalmente, porém, o ensino de Línguas Clássicas, especialmente o de latim, é feito de acordo com o método gramático-tradutório. No Projeto Línguas para a Comunidade da UERJ, o LICOM, temos tentado uma abordagem diferente da maneira tradicional. Estamos utilizando, com adaptações, o método direto. Tentamos diminuir o uso da primeira língua e enfatizar o uso da língua-alvo em sala de aula. A leitura é uma das habilidades privilegiadas, e o seu desenvolvimento é trabalhado junto com a aquisição de vocabulário por meio dos textos não originais. O material que utilizamos para esse projeto é o

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Sessão de Comunicações 2 A NOMENCLATURA DO SISTEMA NOMINAL LATINO NOS RUDIMENTA

GRAMMATICAE DOS SÉCULOS XV E XVI: PRIMEIROS RESULTADOS Marcelle Mayne Ribeiro da Silva (UFRJ/ATRIVM)

Esta comunicação objetiva apresentar os primeiros resultados da pesquisa de Iniciação Científica intitulada “A nomenclatura do sistema nominal latino nos Rudimenta grammaticae dos séculos. XV e XVI”. A pesquisa partiu do pressuposto de que mapear e analisar os compêndios de gramática latina de uma determinada época ajuda a compreender o pensamento linguístico da mesma. Para tanto, este estudo procedeu da análise do prefácio e da nomenclatura do sistema nominal latino dos Rudimenta Grammaticae, de Niccolò Perotti, publicados pela primeira vez em 1473, na Itália. Contudo, a reimpressão de 1475 foi escolhida para compor o corpus da pesquisa, por constar no acervo da divisão de Obras Raras da Fundação Biblioteca Nacional, instituição em que se realiza o projeto de extensão “Os clássicos no acervo de obras raras da Biblioteca Nacional”, coordenado pelo professor doutor Fábio Frohwein de Salles Moniz. A análise de tais aspectos da obra foi amparada pela Análise do Discurso, pois “é no meio do discurso que devemos, pois, estudar as coerções sociais que determinam a linguagem” (FIORIN, 1998). Nesta fase da pesquisa, investiga-se o processo de escritura, publicação e utilização dos Rudimenta, a fim de compreender para quem e com que finalidade o latim ali exposto era ensinado, isto é, busca-se entender a função social do ensino/aprendizagem de latim naquela época. Além disso, está em processo um levantamento bibliográfico acerca do gênero rudimenta, com o intuito de mapear em que situações e por quem tais compêndios eram utilizados. PALAVRAS-CHAVE: Renascimento; Humanismo; Níccolo Peroti; Rudimenta Grammaticae; Ensino de Latim.

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LÍNGUAS CLÁSSICAS: PRÁTICAS DE ENSINO ATRAVÉS DO TEMPO Eduardo da Silva de Freitas (UERJ)

A apresentação aborda alguns momentos da história do ensino do latim e do grego como línguas não maternas. Mencionam-se, brevemente, não só alguns métodos e materiais para o ensino dessas línguas, como também alguns dos grupos que se dedicavam a estudá-las na Antiguidade, na Idade Média e na Modernidade. A ideia é pensar as transformações ocorridas no processo de difusão do conhecimento desses idiomas a partir dos resquícios das práticas do passado. A partir disso, estabelece-se uma comparação entre o ensino dessas línguas no passado e no presente. Os critérios para a comparação das práticas antigas e modernas são fornecidos pelas reflexões desenvolvidas no campo da linguística aplicada desde o século XX para o ensino de línguas. Neste sentido, parte-se da ideia de que as línguas clássicas devem ser entendidas como línguas estrangeiras e de que os métodos e materiais devem adequar-se às necessidades e aos interesses de estudantes que têm, em princípio, pouco ou nenhum conhecimento desses idiomas. PALAVRAS-CHAVE: ensino; línguas clássicas; práticas.

ENSINANDO LATIM PARA CRIANÇAS:

A COLEÇÃO MINIMUS E O UNIVERSO INFANTIL Caio Mieiro Mendonça (UFRJ)

No ano de 2015, após mais de meio século da extinção do latim do Ensino Fundamental no Brasil, é publicada a tradução da coleção Minimus, de Barbara Bell. Composta por quatro livros (dois do aluno e dois do professor) e originalmente voltada para o ensino de crianças britânicas, a coleção trata de diversas questões relacionadas com a língua sem se dissociar do universo infantil. As estórias giram em torno da rotina da família de um militar romano residente de Vindolanda, uma antiga província da Grã-Bretanha, e ainda contam com a presença de Minimus, o ratinho narrador. Este trabalho apresenta os conteúdos de uma etapa inicial da pesquisa que se estrutura no Plano Nacional do Livro Didático de 2018 e é orientada por um objetivo, qual seja, analisar na coleção a relação entre o aluno e a obra, levando em

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consideração os seguintes aspectos: qual a adequação dos livros com a realidade de seus estudantes; como se dá a progressão da aprendizagem; como as atividades se mostram atraentes, significativas, desafiadoras e instigantes a esses estudantes; qual a relação dos temas abordados com o cotidiano e com as experiências dos estudantes e como o projeto gráfico- editorial se ajusta às necessidades desse público. PALAVRAS-CHAVE: ensino de línguas clássicas; latim para crianças; Minimus.

O ENSINO DE LATIM PARA CRIANÇAS E JOVENS NO BRASIL Rhenan Carlos Araújo Pinheiro (UFRJ)

Desde a década de 1960, após a promulgação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em 20 de dezembro de 1961 (Decreto nº 4.024), o número de publicações didáticas para o ensino da língua latina dedicadas ao público infantojuvenil vem reduzindo gradativamente no Brasil. Essa diminuição se justifica pelo fato de o latim não figurar na referida Lei como disciplina obrigatória para ambos os ciclos do ensino secundário, isto é, ginásio e colegial. A não obrigatoriedade do latim e a decorrente restrição de publicações didáticas destinadas ao ensino da língua latina vêm tornando, desde então, o ensino do latim para esse público um grande desafio no Brasil. Buscando delinear a trajetória do ensino do latim para crianças e jovens, desde a chegada dos europeus até o século XXI e observando os principais fatos históricos e os textos normativos que afetaram esse percurso, a presente pesquisa, em fase introdutória, pretende observar a repercussão dessas mudanças na elaboração dos programas e conteúdos de materiais didáticos, paradidáticos e literários sobre o ensino do latim e cultura clássica em língua portuguesa brasileira. Os textos teóricos que nortearam as análises propostas são Amarante (2013), Cardoso (2013); Ribeiro (2014) e Tuffani (2006). PALAVRAS-CHAVE: ensino; latim; crianças; século XXI.

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