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1 1 Victor Prochnik Bruno Ottoni Vaz Instituto de Economia da UFRJ E-mail: [email protected] ! VOLUME VI, CAPÍTULO 2, ! " #$$# 1 Este trabalho é dedicado à memória de Lia Haguenauer, que tanto nos ensinou. Os autores também agradecem a Paulo Gonzaga M. de Carvalho, todos os entrevistados e o apoio do BDMG. Colaboraram os membros do grupo de pesquisa em Cadeias Produtivas - www.ie.ufrj.br/cadeiasprodutivas , bolsistas da FAPERJ Marcélle Gonçalves de Valença e Bruno Folly Guimarães e Silva e a assistente de pesquisa Renata Celeste Guberfain.
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Cadeias Produtivas do Estado de Minas Gerais

Jan 10, 2017

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Victor Prochnik Bruno Ottoni Vaz

Instituto de Economia da UFRJ E-mail: [email protected]

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1 Este trabalho é dedicado à memória de Lia Haguenauer, que tanto nos ensinou. Os

autores também agradecem a Paulo Gonzaga M. de Carvalho, todos os entrevistados e o apoio do BDMG. Colaboraram os membros do grupo de pesquisa em Cadeias Produtivas - www.ie.ufrj.br/cadeiasprodutivas, bolsistas da FAPERJ Marcélle Gonçalves de Valença e Bruno Folly Guimarães e Silva e a assistente de pesquisa Renata Celeste Guberfain.

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SUMÁRIO

1- DIREÇÕES PARA O CRESCIMENTO INDUSTRIAL DE MINAS GERAIS .5

1.1- Ciclos de Investimento e a Oportunidade de Definições para os Rumos do Crescimento Econômico........................................................................ 5

1.2- Oportunidades de Investimento na Economia Brasileira e Prioridades para Minas Gerais ................................................................................. 7

2- OPORTUNIDADES DE INVESTIMENTO E CADEIAS PRODUTIVAS......10

2.1 Cadeias Produtivas.......................................................................................... 10

2.2 Estudo das Oportunidades de Investimento Através da Metodologia das Cadeias Produtivas ............................................................................................ 11

3.1- Estrutura Comparada da Produção do Brasil e dos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo ....................................................................... 14

3.2- Origem comparada da produção do Brasil e dos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. ...................................................................... 15

3.2.1- Importações de Outros Estados ....................................................................... 17 3.2.2- Importações de Outros Países ......................................................................... 18

3.3- Destino Comparado da Produção do Brasil e dos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo........................................................... 20

3.3.1- Destino dentro do País e Respectivo Estado..................................... 20

4- A EVOLUÇÃO RECENTE DAS CADEIAS PRODUTIVAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS ...............................................................................................23

4.1- Evolução do Produto Industrial............................................................... 23

4.2- Evolução Recente do Comércio Internacional .................................... 26

5- AS CADEIAS PRODUTIVAS DE MINAS GERAIS E OPORTUNIDADES DE INVESTIMENTO..............................................................................................28

5.1- A Cadeia Produtiva da Construção Civil...................................................... 28 5.1.1- O Setor da Construção Civil .............................................................................. 28 5.1.2- Materiais de Construção ..................................................................................... 31

5.2- A cadeia Produtiva Metal-Mecânica .................................................................... 32 5.2.1- Perspectivas para o Complexo Eletrônico no Estado de Minas Gerais................................................................................................................................................. 34 5.2.2 Demanda por Melhor Qualidade Ambiental como Oportunidade de Investimento ........................................................................................................................ 38

5.3- A Cadeia Produtiva Química............................................................................ 39 5.3.1- O Aglomerado de Biotecnologia....................................................................... 40 5.3.2 O Setor de Plásticos ........................................................................................ 41

5.4- A Cadeia Produtiva de Têxtil e Calçados ..................................................... 42

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5.5- A Cadeia Produtiva Agroindustrial......................................................... 43 5.5.1- Papel ......................................................................................................................... 44

6- CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES DE POLÍTICAS...............................46

6.1- Uma Hierarquia de Programas de Incentivo ao Investimento e ao Aprimoramento Tecnológico................................................................................... 46

6.1.1- Tipologia para Discutir o Investimento e o Aprimoramento Técnico e Organizacional nas Cadeias Produtivas .................................................................... 47 6.1.2- Aplicação da Tipologia a uma Hierarquia de Programas de Política Industrial ............................................................................................................................... 48

6.2- As Jornadas do Desenvolvimento ................................................................. 51

7- APÊNDICE: A DELIMITAÇÃO DE CADEIAS PRODUTIVAS PARA O BRASIL E ESTADOS DE MINAS GERAIS, SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO...................................................................................................................................52

7.1- O Método de Delimitação de Cadeias Produtivas ..................................... 53

7.2- Características Técnicas das Matrizes Utilizadas e do Emprego do Método Haguenauer................................................................................................... 54

7.2.1- Classificação dos Setores por Cadeia Produtiva ........................................ 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................62

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LISTA DE TABELAS TABELA 1: Investimentos Gerados por Projetos Industriais Decididos e Apoiados pelo INDI, Minas Gerais - 1990/2001 ........................................................................................................................ TABELA 2: Participação Percentual do Valor Agregado das Cadeias Produtivas Regionais na Respectiva Cadeia Brasileira ........................................................................................................ TABELA 3: Participação Percentual do Valor Agregado das Cadeias Produtivas no Valor Agregado do Respectivo Estado, Região ou Valor Agregado da Economia Brasileira ................................. TABELA 4: Origem dos insumos de Produção das Cadeias de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo – 1996 .................................................................................................................................. TABELA 5: Participação das Importações Interestaduais no Total das Importações Interestaduais dos Três Estados .......................................................................................................................... TABELA 6: Estrutura das Importações Interestaduais ................................................................. TABELA 7: Participação Percentual das Importações das Cadeias Produtivas Regionais na Respectiva Cadeia Brasileira ......................................................................................................... TABELA 8: Estrutura das Importações ......................................................................................... TABELA 9: Origem da Demanda Final segundo Complexos (Percentagem) .............................. TABELA 10: Participação das Vendas Interestaduais no Total de Vendas Interestaduais dos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo ............................................................................... TABELA 11: Estrutura das Exportações Interestaduais ............................................................... TABELA 12: Coeficiente de Participação das Exportações Interestaduais na Produção do Estado de Origem ........................................................................................................................................... TABELA 13: Estrutura das Exportações Estaduais e Brasileira .................................................... TABELA 13: Coeficiente de Exportação ........................................................................................ TABELA 15: Taxa Média Anual de Crescimento do Valor da Transformação Industrial - 1996/2000 .. TABELA 16: Distribuição Percentual do Valor da Transformação Industrial por Cadeia Produtiva para o Brasil e o Estado de Minas Gerais - 1996/2000 .................................................................................. TABELA 17: Distribuição Percentual do Valor da Transformação Industrial por Cadeia Produtiva para o Estado do Rio de Janeiro e de São Paulo - 1996/2000 ....................................................................... TABELA 18: Crescimento Médio Anual das Exportações do Brasil e de Minas Gerais ........................ TABELA 19: Estrutura das Exportações do Brasil e do Estado de Minas Gerais .................................. TABELA 20: Crescimento Médio Anual das Importações do Brasil e de Minas Gerais ......................... TABELA 21: Estrutura das Importações do Brasil e do Estado de Minas Gerais ................................... TABELA 22: Distribuição Setorial do Valor Agregado da Cadeia da Construção Civil nos Estado de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo e no Brasil ............................................................................ TABELA 23: Distribuição Setorial do Valor Agregado da Cadeia Metal-Mecânica nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo e no Brasil ............................................................................ TABELA 24: Distribuição do Número de Empresas, Faturamento e Número de Empregados das 200 Maiores Empresas de Tecnologia da Informação pelo Estado de Origem – 2001 ................................. TABELA 25: Maiores Empresas Privadas de Tecnologia da Informação e das Comunicações do Estado de Minas Gerais .......................................................................................................................... TABELA 26: Importações do Setor Eletroeletrônico - Janeiro/ Junho de 2002 .................................... TABELA 27: Distribuição Setorial do Valor Agregado da Cadeia da Química nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo e no Brasil ..................................................................................... TABELA 28: Principais Segmentos Importadores no Setor de Plásticos (US $ milhões, 2000) ........... TABELA 29: Distribuição Setorial do Valor Agregado da Cadeia Têxtil nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo e no Brasil .................................................................................................. TABELA 30: Distribuição Setorial do Valor Agregado da Cadeia Agroindustrial nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo e no Brasil ...................................................................................... TABELA 31: Fonte de Dados Utilizada para Delimitação das Cadeias Produtivas ........................... TABELA 32: Cadeias Produtivas e Respectivas Composições Setoriais ..........................................

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1- DIREÇÕES PARA O CRESCIMENTO INDUSTRIAL DE MINAS GERAIS

1.1- Ciclos de Investimento e a Oportunidade de Definições para os Rumos do Crescimento Econômico

Este capítulo apresenta a estrutura e a evolução recente da indústria de Minas Gerais, segundo suas cadeias produtivas. Ele compara as cadeias produtivas deste Estado, tanto com as cadeias produtivas de São Paulo e do Rio de Janeiro, como com as cadeias produtivas da economia brasileira. Ele também destaca, no Estado de Minas Gerais, as oportunidades de investimento na indústria, procurando mostrar algumas das frentes abertas para o seu crescimento futuro. As oportunidades de investimento e as políticas para o desenvolvimento industrial são muito variadas, por causa da diversidade da economia mineira. Neste estudo são propostas, por exemplo, políticas para a sociedade da informação em Minas Gerais e habitação popular. Por esta razão, nas conclusões, as propostas feitas no decorrer do texto são agregadas segundo uma taxonomia de cadeias produtivas. Uma das características da taxonomia proposta é a incorporação de uma classe de ações de governo voltada exclusivamente para as cadeias cujas atividades são exercidas principalmente pelos segmentos mais pobres da população. Mas as ações de Governo sugeridas no texto só serão eficientes se contarem com efetivo apoio político para sua execução. Assim, a última conclusão é a de uma ação explícita neste sentido, a retomada das JORNADAS DO DESENVOLVIMENTO. Essa discussão sobre ações de governo e das direções que tomou a evolução recente da indústria do Estado e das alternativas de desenvolvimento futuro é relevante no atual contexto econômico. Primeiramente, porque Minas Gerais atravessa um período de baixa cíclica de investimentos, momento propício para a definição das novas direções que o desenvolvimento futuro tende a tomar. Em contraste, durante um ciclo de crescimento, os projetos de investimento tendem a ser interligados. Eles aproveitam as mesmas oportunidades tecnológicas e comerciais, muitas vezes ampliadas por externalidades abertas pelos projetos de investimentos já em andamento e/ou por estratégias de concorrência empresarial. Assim, durante o ciclo de crescimento, costumam ser menores as possibilidades de mudanças de rumo nas direções de crescimento, devido ao entrelaçamento das atividades em que estão sendo realizados os investimentos. De fato, a TABELA 4 mostra que Minas Gerais atravessa um período marcado pela pouca intensidade de investimentos, após ter sido beneficiada pelo miniciclo de crescimento entre os anos de 1995 a 1998. Uma segunda razão para a importância das discussões sobre o próximo ciclo de investimentos é a expectativa de que, na economia nacional, um bom número de grandes projetos poderão vir a ser implantados. Nesse contexto, a possibilidade de

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atrair uma parcela significativa do gasto em investimento deve despertar o interesse de Minas Gerais2. Para Giambiagi (2002), entretanto, existe suficiente capacidade ociosa, na economia nacional, para que o início do ciclo de crescimento não necessite de aportes significativos à capacidade produtiva. Mas outras indicações apontam em direções diferentes. Por exemplo, para diversos autores, como Alem et all (2002) e Frishtak & Cavalcanti (2001), a superação da restrição externa requer importantes investimentos, tanto para incentivar as exportações, como para apoiar a substituição competitiva de importações. Especificamente, no caso da cadeia eletrônica, Alem et all (2002) sugerem que a política industrial se volte para atrair grandes fabricantes internacionais. Eles também afirmam que, entre outros, alguns requisitos a serem considerados para essa política são: “(...) 1. grandes investimentos em infra-estrutura (água e energia); (...) 3. necessidade de grandes investimentos em bens de capital (quase todos sem produção doméstica).” – Alem et all (2002, p. 22).

TABELA 4 Investimentos Gerados por Projetos Industriais Decididos e Apoiados pelo INDI

Minas Gerais - 1990/2001

Ano Investimentos Industriais Apoiados pelo INDI 1 (US$ Milhões)

1990 656,4 1991 489,1 1992 851,6 1993 566,8 1994 388,8 1995 982,7 1996 1264,4 1997 1768,9 1998 1407,0 1999 442,4 2000 385,7 2001 n.d.

FONTES: 1 Anuário Estatístico de Minas Gerais 2000/01 - Fundação João Pinheiro, Governo de Minas Gerais, pág. 256

Portanto, dada a possibilidade de um novo ciclo de investimentos para o País e havendo indicações sobre sua potencial relevância, cabe perguntar que direções deveriam ser privilegiadas e quais são as possibilidades de desenvolvimento que se abrem para o Estado de Minas Gerais. A próxima seção apresenta um quadro geral sobre as direções que podem ser seguidas. As demais seções discutem as possibilidades concretas de desenvolvimento industrial para Minas Gerais.

2 Os dados de investimento apresentados na TABELA 4 devem ser vistos mais como uma

tendência geral do investimento no Estado, pois incorporam apenas projetos industriais apoiados pelo INDI – Instituto de Desenvolvimento Industrial de Minas Gerais.

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1.2- Oportunidades de Investimento na Economia Brasileira e Prioridades para Minas Gerais Na discussão sobre as perspectivas de crescimento para a indústria brasileira, são destacadas outras duas questões estreitamente relacionadas, que Minas Gerais precisa levar em consideração: a inserção internacional do seu parque fabril e a desejada continuação do aumento da produtividade, que vem ocorrendo desde o início da década de noventa. Por exemplo, Moreira (1999) mostra que a distância das empresas, em relação à fronteira da best practice, ainda é muito grande. Para realizar esses ganhos de produtividade, é necessário formar empresas de porte internacional, capazes de competir no mercado global. Para Castro (2002), entre vários outros3, agora é necessário um impulso exportador para retirar o País (e as empresas também) do grupo de risco internacional. Nesse esforço, as empresas devem deixar os mercados de produtos maduros que, internacionalmente, já estão saturados, e procurar os mercados mais dinâmicos. Para isto, é necessário aumentar o conteúdo tecnológico dos seus produtos. A proposta de Castro (2002) traz um desafio para a política industrial do Estado de Minas Gerais. Isto porque, segundo Medeiros (2002, p. 5), “... a matriz [de insumo-produto] deixa clara a fragilidade da estrutura produtiva de Minas Gerais: exporta commodities intensivas em produtos primários, minerais e intermediários de baixo-valor agregado e altamente vulneráveis à oscilação de preços internacionais, e adquire, fora do estado, bens e serviços de maior conteúdo tecnológico.” Frischtak & Cavalcanti (2001) e Alem et all (2002) discutem a substituição competitiva de importações. A substituição é dita competitiva porque se espera que as empresas venham a produzir, no Brasil, tanto para o mercado nacional como para o mercado externo. Os dois trabalhos destacam a cadeia química e a cadeia de insumos do setor de produtos eletrônicos como prioritárias para a substituição competitiva. Mas a participação de Minas Gerais, na produção dessas cadeias, é particularmente pequena. Como os estabelecimentos industriais, em muitos setores, dessas cadeias costumam se localizar em pólos de produção, o número de empresas já instaladas (path dependence) e a infra-estrutura técnica disponível são fatores de atração relevantes de novos investimentos. Nesses setores, potencialmente dinâmicos, Minas Gerais está em relativa desvantagem. Outra via de desenvolvimento, freqüentemente indicada para o Brasil, e, conseqüentemente, para Minas Gerais, é o crescimento econômico voltado para atender ao mercado interno. Essa formulação é, em geral, associada a propostas para diminuir as desigualdades econômicas. Para os diversos proponentes desse modelo de desenvolvimento econômico, existem várias alternativas, muito diferentes entre si, para reativar o mercado interno, em nível nacional, entre as

3 Frischtak & Cavalcanti (2002), por exemplo, propõem um “sistema nacional de

exportações”.

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quais, modificações institucionais, como o aumento do salário mínimo e outras medidas legais; incentivos ao investimento; reorganização do sistema financeiro; programas de obras governamentais e reforma agrária. Essas modificações dependem de decisões ainda não tomadas. Por essa razão, a curto prazo, as duas outras estratégias são mais pragmáticas. Note-se que a preocupação de Medeiros (2002) com o baixo valor agregado da produção de Minas Gerais e o pequeno conteúdo tecnológico das suas exportações pode ser estendida para as três estratégias mencionadas, exportação, substituição competitiva de importações e crescimento voltado para o mercado interno. Em qualquer um desses casos, a política do governo para o investimento deve privilegiar, concomitantemente, o aumento do valor agregado e o aprimoramento técnico de produtos e processos. Mais ainda, o aprimoramento produtivo e tecnológico amplia a competitividade das empresas e, conseqüentemente, sua capacidade de conquistar novos mercados. Há, portanto, um círculo virtuoso entre aumento dos investimentos e desenvolvimento tecnológico. Por essa razão, a taxonomia proposta no final deste trabalho leva essas duas variáveis em consideração. Entretanto, como a capacidade de busca e captação de projetos por parte do governo é um recurso escasso, é importante ponderar a prioridade das alternativas acima apresentadas. A primeira prioridade, a ser levada a cabo imediatamente, deve ser a busca de oportunidades de investimento associadas à substituição competitiva de importações. Isto também devido ao agravamento das contas externas, que ocorre na atual conjuntura. De fato, a crise externa bloqueia importações e abre novos mercados para a produção interna de muitos produtos anteriormente importados. Seria útil, para aumentar o nível de investimentos no Estado, que o governo participasse, ativamente, da atração de projetos desse tipo. Aparentemente, uma onda de substituição de importações já está ocorrendo no País em 2002. Notícias do jornal Valor Econômico (3 de junho de 2002) informam que o volume de importações vem caindo bem mais rápido do que a produção interna. Como essas duas variáveis costumam estar relacionadas, a queda relativa das importações parece indicar a substituição crescente de produtos anteriormente importados. Outro indicador relevante é que a diminuição mais significativa das importações foi observada em setores onde já se esperava que ocorresse um processo de substituição. Segundo o mesmo jornal, a queda das importações se concentra nos setores de equipamentos eletrônicos, peças e outros veículos, material elétrico e elementos químicos. No caso do setor eletroeletrônico, as importações, no primeiro semestre de 2002, diminuíram 35% em relação ao primeiro semestre de 2001. Elas passaram de US$ 7,2 bilhões, no primeiro semestre de 2001, para US$ 4,7 bilhões, em 2002 (www.abinee.org.br). A segunda alternativa, exportações, também é favorecida pela situação atual. Mas, em uma situação de recessão, parte do crescimento das exportações pode ser conseguido pela ocupação de capacidade ociosa. Assim, embora sem o caráter de premência que envolve a primeira alternativa, a busca por projetos exportadores também deve ser considerada prioritária.

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A terceira alternativa é a de mais longo prazo. À medida que se configura uma situação de recessão econômica, o interesse em investir para atender o mercado interno é bem menor. Novamente, essa regra geral pode não ser válida quando são analisados projetos específicos. Novos projetos podem ser viáveis se visarem substituir empreendimentos tidos como mais ineficientes. Também se pode argumentar que a terceira alternativa, buscar projetos que visam, prioritariamente, atender ao mercado interno, é a mais importante. Primeiramente, porque o comércio exterior brasileiro representa uma parte relativamente pequena do movimento econômico, não tendo se mostrado, até agora, capaz de sustentar o crescimento do produto nacional. Em segundo lugar, porque é no desenvolvimento do mercado interno que se criam as capacitações para a ampliação da competitividade. Por fim, cabe sugerir que, nas três estratégias, um papel de destaque deve ser dado para as cadeias produtivas intensivas em tecnologia. Segundo Lall (2002), a estrutura econômica se move na direção dos setores intensivos em tecnologia, porque esses setores crescem mais rapidamente do que a média da indústria. Além disso, segundo o mesmo autor, nas cadeias de produtos intensivos em tecnologia estão as maiores oportunidades de aprendizado e as maiores taxas de crescimento da produtividade. Elas são mais flexíveis do que as demais cadeias. Nelas, também, são gerados os spillovers mais intensos. O aspecto a ser destacado é de que os fluxos tecnológicos entre cadeias tendem a ser mais intensos nos sentidos das cadeias intensivas em tecnologia para as maduras e tradicionais e, também, das maduras para as tradicionais. A existência desses vetores de conhecimento e tecnologia e o fato de essas variáveis estarem na base da vantagem competitiva moderna valorizam o papel dos setores intensivos em tecnologia. Outra característica relevante das atividades intensivas em tecnologia é a dificuldade de iniciar o seu desenvolvimento, de forma sustentada, em uma dada região. Segundo Lall (2002), a operação dessas cadeias é intensiva na acumulação de conhecimento, predominantemente tácito. O processo é path dependent, isto é, o sucesso é fruto de esforço cumulativo. O caso do complexo eletrônico, em geral, e da eletrônica, em particular, é interessante porque há uma movimentação, em Minas, para promover o uso das tecnologias da informação e telecomunicações através do Plano de Desenvolvimento das Tecnologias da Informação e Comunicações em Minas Gerais (PDTIC MG). Sugere-se a ampliação do escopo deste Plano, no sentido de transformá-lo, também, em uma política industrial de atração de novos investimentos. Essas e outras propostas são discutidas no restante deste trabalho. De fato, neste estudo, busca-se apontar as oportunidades de investimento associadas às trajetórias acima descritas. Assim, este capítulo analisa as cadeias produtivas de Minas Gerais, examinando sua evolução recente e aspectos do seu potencial de crescimento, tendo em vista as questões acima assinaladas.

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2- OPORTUNIDADES DE INVESTIMENTO E CADEIAS PRODUTIVAS Esta seção apresenta o conceito de cadeia produtiva e algumas das suas aplicações, relacionadas ao estudo das oportunidades de investimento. A discussão continua trabalho anterior — Prochnik & Haguenauer (2002).

2.1 Cadeias Produtivas Uma cadeia produtiva é uma seqüência de setores econômicos, unidos entre si por relações significativas de compra e venda, na qual os produtos são crescentemente elaborados. As cadeias produtivas resultam da crescente divisão do trabalho e da maior interdependência entre os agentes econômicos. Por um lado, as cadeias são criadas pelo processo de desintegração vertical e especialização técnica e social. Por outro lado, as pressões competitivas por maior integração e coordenação entre as atividades, ao longo das cadeias, ampliam as articulações entre os agentes. A rigor, o termo cadeia produtiva se refere mais a situações em que há apenas uma seqüência aproximadamente linear de setores, como é o caso de muitas cadeias de agronegócios. Mas o entrelaçamento de cadeias é comum. Muitas cadeias se repartem e outras se juntam. Não há por que presumir que a teia de cadeias produtivas se espalhe, de maneira uniforme, sobre a estrutura econômica. Ao contrário, as cadeias de uma economia regional podem ser agregadas em conjuntos, ou blocos, de forma que o valor médio das compras e vendas entre os setores constituintes de um bloco seja maior do que o valor médio das compras e vendas desses mesmos setores com os setores de outros blocos. Esses blocos são as macro cadeias, ou complexos industriais. Neste estudo, usa-se, simplesmente, o termo cadeia produtiva, para designar tanto as macro estruturas como as cadeias mais localizadas. O termo complexo industrial é usado como sinônimo de cadeia. Para estudar cadeias produtivas, a tarefa inicial é o esforço de delimitação das cadeias produtivas, que segue metodologia proposta por Lia Haguenauer em Haguenauer, Prochnik, Guimarães e Araújo Jr. (1986) e revista, pela mesma autora, em Haguenauer e Prochnik (2000). Por isto, o método empregado é denominado de Método Haguenauer. A delimitação de macro cadeias é um exercício de identificação de clusters, em uma matriz de trocas entre setores, desenvolvida a partir da matriz de insumo-produto. O processo de delimitação gera uma base de dados sobre as cadeias e seus inter-relacionamentos. A interpretação dessa informação permite discutir as características estruturais da economia em análise. Posteriormente, busca-se agregar, à base de dados, informação sobre o crescimento dos setores

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considerados, para analisar tanto a dinâmica do crescimento das cadeias como as mudanças na composição intra e intercadeias. Em Haguenauer et alli (1986), foram encontradas cinco grandes cadeias, então denominadas de macrocomplexos (construção civil, metal-mecânico, químico, têxtil/ calçados e agroindustrial) e uma cadeia mais isolada (papel e gráfica). Os macrocomplexos foram segmentados, por sua vez, em 22 microcomplexos. Cada microcomplexo estava completamente inserido dentro de um macrocomplexo. Neste trabalho, por exemplo, chegou-se às mesmas estruturas, mas com composições setoriais um pouco diferentes das anteriormente encontradas (as diferenças são explicadas na seção 7.2). Como também explicado nesta seção, optou-se por incluir a cadeia papel e gráfica na cadeia agroindustrial. Por último, note-se que há uma tendência de conjugar os termos cadeias produtivas e clusters (aglomerações) em definições complementares. Nessa ótica, os clusters estariam nos nós das cadeias. No entanto, essa visão nos parece equivocada. As estruturas de produção local também se apóiam em cadeias produtivas, como mostram os próprios estudos sobre agrupamentos produtivos. Assim, os estudos sobre aglomerações locais também são, na maior parte das vezes, trabalhos sobre cadeias produtivas. Neste capítulo, as cadeias produtivas referidas são cadeias localizadas e/ou mais restritas, em termos de composição setorial e alcance geográfico.

2.2 Estudo das Oportunidades de Investimento Através da Metodologia das Cadeias Produtivas A análise de cadeias produtivas procura articular conjuntos de setores econômicos, estabelecendo padrões de comportamento e linhas de causalidade. O objetivo da utilização das cadeias produtivas e dos complexos industriais é exatamente este, o de pesquisar padrões de interdependência, afastando-se, nesse sentido, da tradição de análise setorial. Em particular, nota-se que cresce a interdependência entre os setores, reforçando a importância do conceito de cadeia produtiva. Por exemplo, segundo Hammond (2001), os determinantes da competitividade, agora, podem ser encontrados nas formas de relacionamento entre empresas, ao longo das cadeias e, não, ao nível das empresas consideradas individualmente. O autor se refere à cadeia têxtil, mas suas proposições também se aplicam às demais cadeias industriais:

"Proposição 1: os setores de varejo, confecções e têxteis são crescentemente ligados como um canal através de relações de informação e distribuição. Então, o canal, em vez da firma, se torna a base para a competição. Proposição 2: para os fabricantes de têxteis e confecções, a chave para o sucesso é a habilidade de introduzir elos de informação sofisticados,

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capacidades de previsão e sistemas de administração — isto é, gestão da cadeia de fornecimento. Proposição 3: a fábrica pode gerar benefícios competitivos só se outras mudanças mais fundamentais na gestão da cadeia de fornecimento tiverem sido previamente introduzidas.” — Hammond (2001, 4/8)

Muitas questões têm sido estudadas no nível de análise das macrocadeias. Entre estas, pode ser citado o padrão de especialização da economia regional, as formas de articulação interindustriais, a composição do crescimento conjunto das várias indústrias e cadeias, as decisões de investimento em bloco e, em particular, de diversificação, identificação de indústrias motrizes e de setores estratégicos, etc. Por exemplo, estudo recente sobre oportunidades de investimento na Região Nordeste — Haguenauer e Prochnik (2000) — observou que as cadeias nordestinas são mais atrasadas do que as brasileiras em três sentidos diferentes: 1) no Nordeste, é maior a participação relativa de cadeias de produtos tradicionais; 2) as cadeias da Região Nordeste são mais esgarçadas, havendo diversas brechas dentro delas e 3) dentro de cada cadeia nordestina, em comparação com a mesma cadeia para a economia brasileira, é maior a participação das atividades mais tradicionais da cadeia. A análise de processos regionais de investimento é uma das aplicações mais úteis do conceito de cadeia produtiva. De fato, entre os principais determinantes das decisões de investimento estão o crescimento recente e as perspectivas de crescimento da demanda, nos setores clientes, e a disponibilidade de oferta local de insumos, nos setores fornecedores. No estudo sobre a Região Nordeste, a análise das oportunidades de investimento chegou a resultados muito variados, indicando que essas são muito diversificadas. O mesmo ocorre em Minas Gerais. A rica base mineral e o grande potencial para agricultura, no Estado, assim como a existência de uma indústria bastante diversificada fazem com que as oportunidades de investimento sejam várias. Por essa razão, em vez de apontar oportunidades de investimento pontuais, este trabalho procura agregar as oportunidades de investimento segundo alvo de política pública, em uma tipologia. A tipologia proposta, apresentada na seção de conclusões (seção 6), também leva em consideração, além das oportunidades de investimento, a inserção internacional da cadeia produtiva e as possibilidades de aprimoramento tecnológico e de aumento da produtividade. A tipologia foi criada para orientar a política de Governo. Para cada tipo de cadeia, propõe-se uma política diferente. Essa tipologia orienta a análise realizada neste trabalho. Na seção final, que apresenta as conclusões, são apresentadas propostas de programas diferenciados por tipo de cadeia. Por último, note-se que, entre os fatores que impulsionam o desenvolvimento econômico, especial atenção tem sido dada à introdução e difusão de progresso técnico e do conhecimento, globalização e ao papel das instituições. A globalização e a difusão de tecnologia se articulam à análise de cadeias na tipologia proposta na seção 6.

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Finalmente, pode-se tecer alguns comentários sobre como a análise de cadeias produtivas considera o papel das instituições. Esse aspecto é visível quando se tem em conta a diferença entre o conceito de cadeia e o alcance dos estudos sobre cadeias produtivas. Enquanto o conceito de cadeia produtiva é bastante restrito, incluindo apenas a seqüência de atividades de transformação, os estudos sobre cadeias produtivas abordam todo o entorno das cadeias, incluindo serviços especializados, organizações e programas governamentais, consumo, trabalho e instituições. Em particular, reconhece-se tanto a relevância das organizações locais e das regras formais como a das regras informais. Por exemplo, quanto às atividades de serviços, o conceito de cadeia produtiva, em seu sentido estrito, não as abrange porque as atividades de serviço consomem relativamente poucos produtos industriais. Assim, não se caracterizam, propriamente, cadeias de transformação. Mas o estudo das cadeias produtivas abrange a dinâmica das demais atividades e instituições estreitamente relacionadas com essa transformação. Assim, em muitos casos, se observa a criação de instituições bilaterais ou coletivas que potencializam os efeitos para frente ou para trás. As parcerias entre empresas e a organização de supply chain management são formas de buscar ampliar os resultados da operação conjunta de empresas postadas ao longo das cadeias. Centros de pesquisa regionais, organizações de feiras de vendas de produtos e/ou de aquisição de insumos especializados e máquinas têm o mesmo efeito, aumentando a eficiência dos processos ou as vendas dos produtos finais. Enfim, há uma ampla variedade de iniciativas conjuntas que busca explorar as vantagens do esforço coletivo. Nos ambientes em que essas estratégias são mais bem-sucedidas, o crescimento da produção é maior e as oportunidades de investimento mais numerosas. Observe-se que, ao lado dos fatores citados, que operam ao nível mesoeconômico, a análise de novas oportunidades de investimento, neste estudo, também leva em consideração os condicionantes macroestruturais (disponibilidade de financiamento, custo da mão-de-obra, etc.) e o comportamento dos agentes (empresas locais, empresas de outras regiões, etc.).

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3- A PARTICIPAÇÃO DE MINAS GERAIS NA ECONOMIA BRASILEIRA Neste estudo, foram delimitadas cadeias produtivas para os estados de Minas Gerais, do Rio de Janeiro e de São Paulo. A estas, foram agregados os resultados obtidos por Haguenauer et alli (2001), para o Brasil. Nos quatro casos, chegou-se à delimitação de cinco grandes cadeias, construção civil, metal-mecânica, química, têxtil e calçados e agroindústria. A metodologia está apresentada na seção 7. 3.1- Estrutura Comparada da Produção do Brasil e dos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo A TAB. 2 apresenta a participação relativa das cadeias produtivas estaduais no valor agregado da economia brasileira. Em geral, elas mostram que cerca de um décimo da atividade das cadeias produtivas brasileiras ocorre no Estado de Minas Gerais e, também, no Estado do Rio de Janeiro. Aproximadamente um terço dessa atividade econômica é realizada em São Paulo — note-se que a atividade das cadeias produtivas abrange praticamente toda atividade industrial (com exceção das indústrias diversas), agropecuária e construção civil.

TABELA 5

Participação Percentual do Valor Agregado das Cadeias Produtivas Regionais na Respectiva Cadeia Brasileira

Cadeias produtivas Minas Gerais Rio de Janeiro São Paulo Brasil Construção civil 13,1 9,9 17,3 100,0 Metal-mecânica 16,0 7,5 56,9 100,0 Química 4,0 17,2 32,7 100,0 Têxtil 5,6 9,0 54,6 100,0 Agroindústria 11,5 4,9 28,0 100,0 Total cadeias 11,5 8,9 32,3 100,0 Serviços 8,8 14,3 29,1 100,0 TOTAL 9,8 12,3 30,3 100,0 FONTES: IBGE (2000); FIPE (2001); Haddad, & Domingues (2001) e CIDE (2002)

A TAB. 6 mostra a distribuição do valor agregado das cadeias produtivas nos três estados e no País. Em Minas Gerais, as cadeias cuja participação do valor agregado no total da economia é maior do que a brasileira são: a metal-mecânica, construção civil e agroindústria. São Paulo também é mais especializado na metal-mecânica, mas, dentro dessa cadeia, as especializações de São Paulo e Minas Gerais são bastante diferenciadas, como visto adiante, neste trabalho. A economia fluminense, por sua vez, é mais especializada na cadeia química e nos setores de serviços. Outra cadeia que merece destaque é a química, por ter reduzida expressão no Estado. Mais ainda, parte significativa da química de Minas Gerais é especializada no atendimento à atividade agropecuária. Por isto, como explicado na seção sobre

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metodologia de delimitação de cadeias produtivas, a indústria farmacêutica mineira foi incluída na cadeia agropecuária e, não, na cadeia química, como em outros estados. A dimensão relativamente reduzida dos setores de serviços, em Minas Gerais, decorre, em parte, da especialização do Estado em setores produtores de commodities. Estratégias de crescimento que visem adicionar maior valor agregado a esses setores também levarão a um crescimento mais que proporcional dos setores de serviços mais intensivos em conhecimento, como propaganda, serviços de logística, serviços ligados à moda, etc. São Paulo, além da proeminente participação na cadeia metal-mecânica, também detém grande parte da atividade brasileira da cadeia têxtil e de confecções. Como esta cadeia costuma procurar áreas de salários mais baixos, fases de desconcentração geográfica da industria de São Paulo, beneficiam investimentos produtivos em várias regiões de Minas Gerais. Outra atividade da economia paulista que foge ao padrão do Estado é a construção civil, que tem participação, em São Paulo, menos intensa do que no Brasil.

TABELA 3 Participação Percentual do Valor Agregado das Cadeias Produtivas no Valor

Agregado do Respectivo Estado, Região ou Valor Agregado da Economia Brasileira

Cadeias produtivas Minas Gerais Rio de Janeiro São Paulo Brasil Construção civil 33,5 32,6 15,7 29,3 Metal-mecânica 27,1 16,3 34,3 19,4 Química 5,3 29,3 15,4 15,1 Têxtil 2,0 4,1 6,8 4,0 Agroindústria 32,2 17,7 27,9 32,1 Total cadeias 100,0 100,0 100,0 100,0 Cadeias produtivas 44,3 27,4 40,2 37,8 Serviços 55,7 72,6 59,8 62,2 TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 FONTES: IBGE (2000); FIPE (2001); Haddad, & Domingues (2001) e CIDE (2002)

As cadeias de maior dimensão, na economia brasileira, são as cadeias agroindustrial e construção civil. Minas Gerais diferencia-se da especialização brasileira, pois concentra 27% do seu valor adicionado na metal-mecânica, enquanto no Brasil este valor é de 19,4%. 3.2- Origem comparada da produção do Brasil e dos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. A TABELA 4 mostra a origem dos insumos consumidos na produção. Para cada cadeia e estado, os insumos são classificados segundo sua origem: se na própria região, em outro estado ou no exterior.

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Minas Gerais segue um padrão intermediário ao do Rio de Janeiro, em geral mais aberto a compras de outros estados e países, e de São Paulo, mais fechado. Nota-se, também, que há um padrão consistente, em todas cadeias de Minas Gerais e, também, no setor de serviços, os insumos do próprio Estado compõem entre 60% (química) e 75% (construção civil) do consumo para produção, os de outros estados 21 e 32% respectivamente e, os importados, 3% e 14%. O padrão do Rio de Janeiro é bastante diferenciado. Na construção civil e no setor de serviços, as compras são mais internalizadas do que em outros estados. Já na metal-mecânica e na agroindústria, as compras interestaduais são maiores do que as compras intra-estaduais. São Paulo, por sua vez, tem um terceiro padrão. As cadeias são ainda mais autônomas do que as cadeias de Minas Gerais. Apenas na cadeia química as compras internas são inferiores a 70% das compras totais.

TABELA 4 Origem dos insumos de Produção das Cadeias de Minas Gerais,

Rio de Janeiro e São Paulo – 1996

MG RJ SP Construção Civil Estadual 74,8 91,7 82,8 Outros estados 21,3 7,7 15,4 Internacional 3,9 0,6 1,8 Total 100,0 100,0 100,0 Metal-Mecânico Estadual 62,3 38,5 76,0 Outros estados 26,9 49,7 15,7 Internacional 10,8 11,8 8,3 Total 100,0 100,0 100,0 Química Estadual 59,6 72,7 66,8 Outros estados 26,1 9,3 24,5 Internacional 14,3 18,0 8,7 Total 100,0 100,0 100,0 Têxtil Estadual 61,5 63,4 72,8 Outros estados 27,4 33,8 19,3 Internacional 11,1 2,8 7,8 Total 100,0 100,0 100,0 Agroindústria Estadual 64,7 51,6 72,1 Outros estados 32,2 41,1 25,0 Internacional 3,2 7,3 2,9 Total 100,0 100,0 100,0 Cadeias Produtivas Estadual 65,2 60,5 74,5 Outros estados 27,3 29,5 19,8 Internacional 7,4 10,0 5,7 Total 100,0 100,0 100,0 Serviços Estadual 65,0 95,4 78,2 Outros estados 28,8 1,5 19,2 Internacional 6,1 3,1 2,6 Total 100,0 100,0 100,0 FONTES: IBGE (2000); FIPE (2001); Haddad, & Domingues (2001) e CIDE (2002)

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3.2.1- Importações de Outros Estados A TABELA 5 aborda a mesma questão, origem das compras de insumos, por outro ângulo. Ela mostra a dimensão relativa das compras interestaduais nos três estados. Nota-se que tanto o Estado de Minas Gerais como o do Rio de Janeiro são o destino de cerca de um sétimo das vendas interestaduais de insumos para produção. São Paulo, realizando um pouco mais de dois terços das compras, é o grande mercado intersetorial.

TABELA 5 Participação das Importações Interestaduais no Total das Importações

Interestaduais dos Três Estados

Cadeias produtivas MG RJ SP Três Estados Construção civil 21,1 7,9 71,0 100,0 Metal-mecânica 17,8 29,1 53,4 100,0 Química 8,4 12,0 78,6 100,0 Têxtil 7,7 28,1 64,2 100,0 Agroindústria 14,9 18,4 66,7 100,0 Cadeias produtivas 15,4 20,5 64,1 100,0 Serviços 13,8 1,7 84,5 100,0 TOTAL 14,9 14,7 70,4 100,0 FONTES: IBGE (2000); FIPE (2001); Haddad, & Domingues (2001) e CIDE (2002)

A TABELA 6 mostra que, em todos os estados analisados, as compras de insumos são concentradas nas cadeias metal-mecânica e agroindustrial. Estas são exatamente as cadeias produtivas nas quais a economia de Minas Gerais é relativamente mais especializada. O grande volume de importações indica existência de oportunidades de investimento para o adensamento dessas cadeias. Na maior das cadeias produtivas, na construção civil a participação das compras é bem menor, indicando que a cadeia, no Estado, é bem integrada. Novas oportunidades de investimento, neste caso, estão mais correlacionadas com o aumento da competitividade da cadeia e conseqüente ampliação do mercado inter-regional. Na 5ª seção, é discutida uma proposta para o aumento da sua eficiência técnica. Entretanto, ainda existe, na construção civil, oportunidades de investimento no adensamento da cadeia. Um indicador dessa possibilidade é a maior abertura, para outros estados, das compras interestaduais, quando comparadas com abertura dos outros dois estados — TABELA 6. Por exemplo, parte do granito extraído em Minas Gerais é beneficiado no Espírito Santo e retorna cortado e polido para consumidores mineiros. Finalmente, a TAB. 6 informa que as compras interestaduais de insumos têxteis e químicos são relativamente menos importantes. No caso da cadeia têxtil, isto se deve à sua pequena participação no valor agregado da economia de Minas Gerais. A cadeia têxtil, relativamente às demais cadeias, é bastante aberta para compras

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em outros estados e há, presentemente, por exemplo, uma discussão sobre a viabilidade de se implantar um programa de cultivo do algodão. A fronteira agrícola do Centro-Oeste vem se expandindo e se apresenta como um novo concorrente para a agricultura mineira. Os baixos custos apresentados, nessas áreas, no desenvolvimento de determinadas culturas, devem ser levados em consideração no momento de se investir nesse setor em Minas. Atividades em que Minas é naturalmente mais competitiva requerem investimentos de menor porte, como o café. Investimentos no plantio de algodão e soja, culturas nas quais a região é muito competitiva, requerem novos investimentos em pesquisa, para tornarem-se mais atraentes.

TABELA 6 Estrutura das Importações Interestaduais

Cadeias Produtivas MG RJ SP Três Estados Construção Civil 15,5 4,4 12,6 11,3 Metal-Mecânica 39,8 49,2 28,6 34,4 Química 7,6 8,0 17,0 13,9 Têxtil 2,2 6,2 4,5 4,5 Agroindústria 34,8 32,3 37,3 35,9 Cadeias Produtivas 100,0 100,0 100,0 100,0 Cadeias Produtivas 71,4 96,4 62,9 69,1 Serviços 28,6 3,6 37,1 30,9 TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 FONTES: IBGE (2000); FIPE (2001); Haddad, & Domingues (2001) e CIDE (2002)

3.2.2- Importações de Outros Países A TABELA 7 mostra a participação das importações das cadeias produtivas estaduais na respectiva cadeia brasileira. Sendo adquiridas como insumos de processos produtivos, são, portanto, importações de matérias-primas e produtos intermediários. Novamente, em todos os casos, São Paulo é o principal destino das importações. Minas Gerais está no extremo oposto, sendo o estado que menos importa insumos e matérias-primas do exterior.

TABELA 7 Participação Percentual das Importações das Cadeias Produtivas Regionais na

Respectiva Cadeia Brasileira

Cadeias produtivas Minas Gerais Rio de Janeiro São Paulo Brasil Construção civil 11,3 1,8 24,3 100,0 Metal-mecânica 12,7 12,4 49,9 100,0 Química 3,6 17,9 22,0 100,0 Têxtil 3,6 2,8 30,7 100,0 Agroindústria 6,5 14,4 33,8 100,0 Cadeias produtivas 8,0 13,1 34,8 100,0 Serviços 7,7 9,1 29,5 100,0 TOTAL 7,9 12,1 33,5 100,0

FONTES: IBGE (2000); FIPE (2001); Haddad, & Domingues (2001) e CIDE (2002)

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O valor das importações mineiras e fluminenses do complexo metal-mecânico foram semelhantes em 1996. A base da indústria metal-mecânica é bastante desenvolvida em Minas e esse nível de importações está relacionado com a concentração do final da cadeia em torno a uma única indústria, a automobilística. A concentração em torno a essa atividade possibilita a existência de elos frágeis, que são complementados com importações. A TAB. 8 apresenta a estrutura das importações para produção. O padrão dos três estados, nesse aspecto, é semelhante. As maiores importações ocorrem na cadeia metal-mecânica, onde são classificadas as máquinas e os componentes eletroeletrônicos. Estes dois setores, juntamente com os insumos químicos, são precisamente os que estão na fronteira atual da substituição competitiva de importações, como comentado anteriormente, e merecem atenção especial. A menor participação desses setores na economia de mineira coloca um desafio para este Estado. Isto porque o crescimento acelerado da substituição de importações tende a desfavorecer o desenvolvimento industrial de Minas, em relação aos estados mais propícios à localização desses setores com grande potencial de investimento. A estrutura das importações revela que 58% das importações de Minas Gerais têm como destino o complexo metal-mecânico. Apesar de São Paulo e do Rio de Janeiro também apresentarem grande especialização de importações para esse complexo, o maior percentual é o mineiro. Este dado enfatiza o esgarçamento do complexo metal-mecânico em Minas e no Brasil.

TABELA 8 Estrutura das Importações

Cadeias produtivas Minas Gerais Rio de Janeiro São Paulo Brasil

Construção civil 10,6 1,0 5,2 7,4 Metal-mecânica 58,4 34,6 52,3 36,5 Química 15,2 46,0 21,2 33,5 Têxtil 3,3 1,5 6,4 7,2 Agroindústria 12,5 16,9 15,0 15,4 Total cadeias 100,0 100,0 100,0 100,0 Cadeias produtivas 76,2 81,7 78,5 75,6 Serviços 23,8 18,3 21,5 24,4 TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 FONTES: IBGE (2000); FIPE (2001); Haddad, & Domingues (2001) e CIDE (2002)

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3.3- Destino Comparado da Produção do Brasil e dos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo

3.3.1- Destino dentro do País e Respectivo Estado A TABELA 9 mostra a estrutura da produção vendida para demanda final. Em Minas Gerais, destacam-se as baixas participações das cadeias química e têxtil. A cadeia química vende pouco para a demanda final porque está muito relacionada com a cadeia agroindustrial. As baixas vendas da cadeia têxtil, por sua vez, indicam o porte relativamente pequeno do setor de confecções. Note-se que, na construção das matrizes de insumo-produto, é usual a estimativa da produção informal de alguns setores, entre os quais o de confecções. Por isto, o baixo valor das vendas da cadeia têxtil não é uma conseqüência de uma possível subestimativa do setor de confecções. A demanda final do complexo metal-mecânico em Minas Gerais concentra-se em apenas três setores: fabricação de automóveis, caminhões e ônibus, siderurgia e extrativa mineral. Esses setores concentram 92% da demanda final do complexo. O primeiro setor participa com aproximadamente 51% de demanda final, enquanto o segundo, 32%, e o terceiro, 9%. Dentre os demais setores, encontram-se fabricação de máquinas, eletroeletrônicos e material elétrico. O fato da demanda final desses setores em Minas ser tão baixo, sendo que estes são bens de consumo final, indica que o complexo metal-mecânico em Minas Gerais apresenta falhas. A falta de complementaridade dos setores de um complexo gera ganhos em pesquisa & desenvolvimento, na aquisição de insumos e nas inovações. Assim, a possibilidade de substituição competitiva de importações se apresenta como uma saída para o adensamento dessa cadeia, ampliando a competitividade da indústria mineira. Os três setores da agroindústria que têm maior valor de vendas para demanda final em Minas Gerais são agropecuária, abate e preparação de carnes e indústria do café. As participações desses setores são 37%, 20% e 14%, respectivamente. Somando-se à demanda final desses três setores obtém-se 71% da demanda final para a agroindústria de Minas.

TABELA 9 Origem da Demanda Final segundo Complexos (Percentagem)

Cadeias Produtivas MG RJ SP Brasil Construção Civil 37,7 22,7 28,0 32,9 Metal-Mecânica 34,4 27,7 31,9 21,8 Química 3,3 20,5 9,2 6,8 Têxtil 1,2 6,3 5,9 5,8 Agroindústria 23,4 22,8 25,0 32,7 Cadeias Produtivas 100,0 100,0 100,0 100,0 Cadeias Produtivas 48,1 45,9 46,6 40,9 Serviços 51,9 54,1 53,4 59,1 TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 FONTES: IBGE (2000); FIPE (2001); Haddad, & Domingues (2001) e CIDE (2002).

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Os dados acima discutidos, tanto para a agroindústria, quanto para a metal-mecânica, apontam para uma concentração excessiva das cadeias mineiras nos setores da base do complexo. Na agroindústria, o terceiro setor em vendas para demanda final é a indústria do café que, apesar de não se constituir num setor de base da cadeia, é um produto no qual Minas é especializado. No caso da metal-mecânica, os setores que mais vendem para demanda final também são de base, com exceção do setor automobilístico. Na agroindústria de São Paulo e do Rio de Janeiro, o setor que mais vende para demanda final é outras indústrias alimentares e de bebidas, com respectivamente 30% e 32%. Este setor localiza-se no topo da cadeia e por isso concentra um grande volume de vendas para demanda final. Também é importante notar que a agropecuária aparece em segundo lugar em ambos os estados. A TAB. 10 mostra que São Paulo é o maior exportador para outros estados, seguido de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. As vendas interestaduais de Minas decorrem da sua posição privilegiada nas indústrias de base, com exceção da cadeia química e, também, da competitividade de algumas indústrias (como, por exemplo, automóveis e fertilizantes). São Paulo é o maior exportador interestadual e, simultaneamente, o maior importador dentre os três estados analisados, o que evidencia sua característica de centro dinâmico da economia brasileira, apresentando competências inexistentes em outras regiões e servindo como elo de algumas cadeias nacionais. Minas Gerais é o segundo maior exportador interestadual, dentre os três estados, e suas vendas concentram-se em duas cadeias, construção civil e agroindústria. É importante lembrar que o complexo metal-mecânico também é uma atividade na qual o Estado é muito competitivo. Entretanto, a concentração de suas vendas em um único setor, o automobilístico, faz com que o segmento mineiro apresente valores pequenos, comparativamente ao paulista.

TABELA 10 Participação das Vendas Interestaduais no Total de Vendas Interestaduais dos

Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo

Cadeias produtivas Minas Gerais Rio de Janeiro São Paulo total Construção Civil 43,6 1,4 55,3 100,0 Metal-Mecânica 23,3 6,4 64,1 100,0 Química 17,1 32,2 65,4 100,0 Têxtil 20,5 2,7 77,8 100,0 Agroindústria 29,3 6,6 65,4 100,0 Cadeias Produtivas 25,5 11,1 64,8 100,0 Serviços 14,0 7,1 78,0 100,0 TOTAL 21,2 9,6 69,8 100,0

FONTES: IBGE (2000); FIPE (2001); Haddad, & Domingues (2001) e CIDE (2002) No perfil das vendas interestaduais, apresentado na TAB. 11, observa-se que as cadeias que mais vendem produtos para outros estados são a metal-mecânica e a agroindústria. No nível das cadeias produtivas, o perfil de exportações

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interestaduais de Minas Gerais é relativamente semelhante ao de São Paulo, com maior participação nas cadeias metal-mecânica e agroindústria. As vendas do Rio de Janeiro, por sua vez, são concentradas nas cadeias metal-mecânica e química.

TABELA 11 Estrutura das Exportações Interestaduais

Cadeias Produtivas MG RJ SP Construção Civil 11,7 0,9 5,9 Metal-Mecânica 34,5 20,0 37,4 Química 11,2 57,9 16,8 Têxtil 3,9 1,2 5,9 Agroindústria 38,6 20,1 34,0 Cadeias Produtivas 100,0 100,0 100,0 Cadeias Produtivas 74,9 72,6 57,6 Serviços 25,1 27,4 42,4 TOTAL 100,0 100,0 100,0 FONTES: IBGE (2000); FIPE (2001); Haddad, & Domingues (2001) e CIDE (2002)

A TAB. 12 confirma a maior desconcentração das vendas de Minas Gerais e São Paulo, em relação às vendas do Rio de Janeiro, e acrescenta outro fato relevante. Tanto Minas Gerais como São Paulo são economias mais abertas para o comércio interestadual do que o Rio de Janeiro.

TABELA 12 Coeficiente de Participação das Exportações Interestaduais na Produção do Estado

de Origem

Cadeias Produtivas MG RJ SP Construção Civil 18,2 0,7 14,7 Metal-Mecânica 37,2 15,9 34,0 Química 50,1 28,5 37,5 Têxtil 51,8 3,9 30,0 Agroindústria 40,7 14,2 36,2 Cadeias Produtivas 35,5 16,1 32,4 Serviços 17,3 5,6 23,3 TOTAL 28,1 10,6 27,8

FONTES: IBGE (2000); FIPE (2001); Haddad, & Domingues (2001) e CIDE (2002) 3.3.2- Exportações Internacionais As exportações de Minas Gerais são concentradas nas cadeias metal-mecânica e agroindustrial (ver TABELA 13). A TABELA 17, por sua vez, mostra que as exportações, como destino da produção, são mais importantes para Minas Gerais do que São Paulo e Rio de Janeiro. A cadeia metal-mecânica é particularmente intensiva em exportações. A competitividade internacional de diversos segmentos

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da cadeia deve ser vista como alavanca para o seu adensamento, pelas oportunidades de investimento que ela pode abrir.

TABELA 13 Estrutura das Exportações Estaduais e Brasileira

Cadeias Produtivas MG RJ SP Brasil Construção Civil 1,8 1,8 0,9 10,3 Metal-Mecânica 69,9 57,1 55,2 38,0 Química 4,5 31,5 10,2 10,0 Têxtil 1,6 2,7 5,5 8,0 Agroindústria 22,2 6,9 28,3 33,6 Outros 0,0 0,0 0,0 0,1 Cadeias Produtivas 100,0 100,0 100,0 100,0 Cadeias Produtivas 99,9 84,0 80,4 86,3 Serviços 0,1 16,0 19,6 13,7 TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 FONTES: IBGE (2000); FIPE (2001); Haddad, & Domingues (2001) e CIDE (2002)

TABELA 17 Coeficiente de Exportação1

Cadeias Produtivas MG RJ SP BRASIL Construção Civil 0,7 0,2 0,5 3,4 Metal-Mecânica 25,3 7,3 15,4 11,6 Química 8,5 2,9 7,4 4,2 Têxtil 9,4 1,2 8,1 10,7 Agroindústria 8,3 0,8 9,6 7,0 Cadeias Produtivas 11,6 2,6 9,7 7,0 Serviços 0,0 0,4 2,0 1,1 TOTAL 6,1 1,4 5,6 4,1 Nota: 1 o coeficiente de exportações é a participação percentual das exportações no

valor bruto da produção. FONTES: IBGE (2000); FIPE (2001); Haddad, & Domingues (2001) e CIDE (2002)

4- A EVOLUÇÃO RECENTE DAS CADEIAS PRODUTIVAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS

4.1- Evolução do Produto Industrial A economia brasileira cresceu lentamente, no final da década de noventa. Na indústria, o crescimento foi quase nulo, como mostra a TABELA 15 — note-se que as tabelas desta seção não contém dados sobre o setor agropecuário. No período 1996/2000, o pior resultado foi o de São Paulo, cujo produto industrial declinou mais de 7%. O maior declínio deste Estado é mais uma evidência do processo de desconcentração da indústria paulista. Esse processo avançou mais nos setores tradicionais. Parcela significativa da indústria de calçados, por exemplo, migrou para o Nordeste, beneficiada pelos baixos salários, incentivos

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fiscais e boas condições de produção encontrados naquela região — Une & Prochnik (2000). Os investimentos em fiação e tecelagem, no Nordeste, também cresceram muito, no mesmo período — Prochnik (2002). O Rio de Janeiro, por sua vez, se beneficiou do avanço na base da cadeia química, através do aumento da extração de petróleo e de seu refino, mas sem conseguir integrar essa produção para os setores mais à frente na cadeia. Em Minas Gerais, como mostram as TABELA 16 e TABELA 17, cresceu o produto das cadeias da construção civil, metal-mecânica e química. A evolução favorável da cadeia da construção civil é explicada pelo crescimento da produção de minerais não-metálicos (produtos de vidro, cimento e cal), que contrabalançou o declínio da fabricação de móveis. A cadeia agroindustrial de Minas Gerais declinou no período de 1996-2000. A taxa para o Estado é menor do que a observada no Brasil, durante o mesmo período. Esse fato deve-se à rápida expansão da agroindústria do Centro-Oeste no período. Essa nova fronteira agrícola aparece como uma forte concorrente às agroindústrias de Minas e São Paulo. Na cadeia metal-mecânica, a evolução entre os microcomplexos é variada4. Mas o quadro geral é de maior esgarçamento, principalmente nos setores após a base da cadeia. Em uma ponta, cresce a produção siderúrgica e, na outra, apesar da queda da produção automobilística, aumenta a produção de peças e componentes. Entretanto, cai a produção dos setores intermediários mais próximos à base da cadeia, isto é, a indústria mecânica e a fabricação de outros produtos metalúrgicos, como estruturas metálicas e produtos forjados. Examinando os microcomplexos, nota-se que, na produção de bens de capital, aumenta a fabricação de máquinas de uso geral e diminui a fabricação de motores, bombas, tanques e caldeiras. Também cai a produção de estruturas metálicas, possivelmente devido à retração da construção pesada, principalmente obras industriais, no final da década. No microcomplexo automobilístico, aumenta a integração da cadeia produtiva. Apesar da queda da produção de automóveis (entre 1996 e 2000, a taxa foi de -2,8% ao ano), cresce a produção de peças e componentes (5,9% ao ano) e de material elétrico para veículos. A cadeia química, por sua vez, se expande no final dos anos 90. O aumento da produção da cadeia química é derivado do crescimento dos seguintes setores: refino de petróleo, plásticos e fertilizantes. As cadeias cuja produção declina são a têxtil e a agroindustrial. Na têxtil, a produção cai em todos os elos, com destaque para o setor de calçados. Na agroindustrial, por um lado, diminuem a produção de bebidas (-11,7% ao ano, entre 1996/2000), produtos alimentícios (9,9%), produtos de fumo (-31,3%), abate e preparação de carnes (-14,7%) e indústria do café (-15,2%) e leite e laticínios (-6,1%). Por outro lado, aumenta a fabricação de produtos farmacêuticos (9,2%),

4 Os dados mencionados nos próximos parágrafos são oriundos da Pesquisa Industrial

Anual — PIA/IBGE.

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sabões e limpeza (10,8%), celulose, papel e produtos de papel (20,7% ao ano) e açúcar (9,1%).

TABELA 15 Taxa Média Anual de Crescimento do Valor da Transformação Industrial - 1996/2000

Cadeias Produtivas MG RJ SP BR Construção Civil 4,5 -2,9 0,1 2,4 Metal-Mecânica 2,4 -0,8 -2,7 -0,6 Químico 11,3 15,1 3,2 6,6 Têxtil -3,9 -10,5 -7,8 -3,7 Agroindustrial -6,6 -7,7 -5,2 -3,7 TOTAL 0,9 3,2 -1,8 0,4

FONTE: IBGE - PIA 1999 e PIA 2000

TABELA 16 Distribuição Percentual do Valor da Transformação Industrial por Cadeia Produtiva

para o Brasil e o Estado de Minas Gerais - 1996/2000

Cadeias Produtivas MG BR Construção Civil 7,0 8,0 8,2 8,9 Metal-Mecânico 51,3 54,5 32,9 31,7 Químico 8,1 12,0 22,4 28,4 Têxtil 6,0 5,0 8,0 6,8 Agroindustrial 27,0 19,9 27,6 23,4 Serviços Industriais 0,5 0,6 0,9 0,8 TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 FONTE: IBGE - PIA 1999 e PIA 2000

TABELA 17 Distribuição Percentual do Valor da Transformação Industrial por Cadeia Produtiva

para o Estado do Rio de Janeiro e de São Paulo - 1996/2000

Cadeias Produtivas RJ SP Construção Civil 4,6 3,6 4,8 5,2 Metal-Mecânico 29,6 25,3 37,9 36,6 Químico 33,1 51,1 25,2 30,8 Têxtil 5,3 3,0 6,2 4,9 Agroindustrial 25,9 16,6 24,9 21,7 Serviços Industriais 1,5 0,4 1,0 0,9 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 FONTE: IBGE - PIA 1999 e PIA 2000

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4.2- Evolução Recente do Comércio Internacional As tabelas seguintes mostram a evolução recente das exportações e importações das cadeias produtivas do Brasil e dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. O período foi segmentado em duas fases, até 1999 e 1999/2001. Nas duas cadeias mais importantes para Minas Gerais, o comportamento das exportações é inverso ao comportamento das exportações brasileiras. Enquanto, no Brasil, após 1999, as exportações nas cadeias metal-mecânica e agroindustrial crescem mais rapidamente, em Minas, as exportações dessas duas cadeias diminui. No caso da cadeia metal-mecânica, a queda das exportações se deve à diminuição das vendas externas do setor automotivo e à perda de participação das exportações minerais para as exportações oriundas da área mineral de Carajás. No caso da agroindústria, a queda se deve ao fraco dinamismo da cultura do café, frutas, entre outros produtos. Nas demais cadeias, as exportações de Minas Gerais acompanham, em geral, os movimentos das exportações da economia brasileira. O mesmo acontece, em todas cadeias, no caso das importações. As exportações da agroindústria mineira apresentaram um crescimento médio de 5,6% no período de 1994-1999. Mas a tendência se reverte para o período posterior, 1999-2001. Neste período, há uma desvalorização cambial que deveria resultar em um aumento das exportações. Um fator que contribuiu para a queda nas exportações mineiras de produtos agrícolas é a ascensão do Centro-Oeste. As exportações mineiras de têxteis, no período de 1994-1999, cresceram 4,6% ao ano. No período de 1999-2001, essa taxa passa para 41,3%. O grande aumento das exportações têm como um de seus principais fatores a desvalorização cambial, ocorrida no ano de 1999. Além disso, o dado evidencia a competitividade da indústria têxtil mineira.

TABELA 18 Crescimento Médio Anual das Exportações do Brasil e de Minas Gerais

Cadeias Produtivas Brasil Minas Gerais 1994-1999 1999-2001 1994-1999 1999-2001 Construção civil 4,3 10,1 4,2 4,1 Metal-mecânica 1,7 11,5 -1,3 -6,7 Química 1,9 12,4 6,8 3,0 Têxtil -3,3 14,7 4,6 41,3 Agroindústria 2,0 6,9 5,6 -7,6 Outros 9,3 12,2 19,4 18,4 Total 2,0 10,1 2,3 -2,7

FONTE: Secex, estimado pelo CEDEPLAR

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TABELA 19 Estrutura das Exportações do Brasil e do Estado de Minas Gerais

Cadeias Produtivas Brasil Minas Gerais

1994 1999 2001 1994 1999 2001 Construção civil 10,4 11,6 11,7 23,0 25,2 28,8 Metal-mecânica 36,0 35,5 36,4 48,6 40,7 37,4 Química 9,3 9,2 9,6 3,0 3,7 4,1 Têxtil 8,0 6,1 6,6 1,0 1,2 2,4 Agroindústria 33,6 33,6 31,7 23,7 27,8 25,0 Outros 2,7 3,9 4,0 0,7 1,5 2,3 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Total (US$ Milhões) 43.545 48.011 58.223 5.693 6.382 6.048 FONTE: Secex, estimado pelo CEDEPLAR

TABELA 20 Crescimento Médio Anual das Importações do Brasil e de Minas Gerais

Cadeias Produtivas Brasil Minas Gerais 1994-1999 1999-2001 1994-1999 1999-2001 Construção civil 0,3 14,2 -0,6 13,8 Metal-mecânica 10,7 7,3 10,7 5,8 Química 11,0 8,1 16,0 7,3 Têxtil 1,0 -5,0 7,4 -5,6 Agroindústria 1,7 -6,7 -0,9 -8,4 Outros 9,1 5,9 8,1 5,9 Total 8,3 6,3 8,9 5,2 FONTE: Secex, estimado pelo CEDEPLAR

TABELA 21 Estrutura das Importações do Brasil e do Estado de Minas Gerais

Cadeias Produtivas Brasil Minas Gerais

1994 1999 2001 1994 1999 2001 Construção civil 10,7 7,3 8,4 12,4 7,9 9,3 Metal-mecânica 43,5 48,6 49,5 51,5 56,0 56,6 Química 23,3 26,5 27,4 14,1 19,4 20,2 Têxtil 4,7 3,3 2,7 4,4 4,1 3,3 Agroindústria 13,5 9,9 7,6 12,8 8,0 6,1 Outros 4,2 4,3 4,3 4,7 4,5 4,6 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Total (US$ Milhões) 33.079 49.210 55.576 3.223 4.926 5.456 FONTE: Secex, estimado pelo CEDEPLAR

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5- AS CADEIAS PRODUTIVAS DE MINAS GERAIS E OPORTUNIDADES DE INVESTIMENTO

5.1- A Cadeia Produtiva da Construção Civil A cadeia da construção civil é formada pelo setor da construção e de materiais de construção, que rumam para este grande setor. No Brasil, o setor da construção civil responde por 81% do valor agregado da cadeia. Entre as cadeias, é possível distinguir os segmentos da madeira, cimento, cerâmica e vidro. Muitos minerais não-metálicos também são vendidos diretamente à construção civil, passando, apenas, por uma fase de beneficiamento, após a extração. Também existem cadeias de materiais de construção que têm origem em outras cadeias. Em um nível bastante agregado, destacam-se os setores de materiais de construção metálicos (produtos em aço, alumínio, cobre, etc.) e de insumos químicos. As características econômicas do setor da construção são bem conhecidas. O setor é intensivo na geração de emprego e no uso de matérias-primas nacionais. Tradicional, no recurso à tecnologia, se constitui no maior mercado intersetorial da indústria.

TABELA 22 Distribuição Setorial do Valor Agregado da Cadeia da Construção Civil nos Estado

de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo e no Brasil

Minas Gerais1 Rio de Janeiro São Paulo Brasil Construção civil 84,0 89,1 73,7 81,6 Serrarias e fabricação de artigos de madeira e mobiliário 1,2 3,8 7,2 6,9 Fabricação de minerais não-metálicos 14,8 5,6 16,4 8,4 Extrativa mineral (exceto combustíveis) 0,0 1,5 2,7 3,2 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 Nota: 1 Os dados não discriminam entre minerais metálicos e não-metálicos. A indústria

extrativa mineral, em Minas Gerais, está na cadeia metal-mecânica. FONTES: IBGE (2000); FIPE (2001); Haddad, & Domingues (2001) e CIDE (2002)

5.1.1- O Setor da Construção Civil A discussão sobre o setor da construção deve se centrar na discussão sobre como ampliar sua eficiência e baixar os custos das obras. Por um lado, porque, em geral, as empresas de construção crescem incrementalmente, sendo mais raros,

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em comparação com outros setores onde há um patamar mínimo de operação, grandes projetos de investimento. Por outro lado, o gasto em construção civil é uma parcela significativa de qualquer projeto de investimentos, público ou privado. Como a construção civil, no Brasil, é muito ineficiente, existem amplas oportunidades para a diminuição dos custos das obras, o que ofereceria vantagens significativas para potenciais investidores. O Brasil, em geral, e Minas Gerais, em particular, estão em uma posição privilegiada para desenvolver novos produtos e técnicas para aprimorar a construção civil. Isto porque há, no País e, especialmente, em Minas, ampla disponibilidade de insumos de excelente qualidade, cujo aproveitamento ainda pode ser aprimorado. Mas o setor da construção civil é um setor tradicional, no qual várias características estruturais cooperam para tornar menor sua produtividade. Entre elas, por exemplo, estão: as obras são feitas ao ar livre, em regime de produção unitária e, cada uma, em local diferente; as empresas enfrentam ciclos de demanda muito acentuados, o que dificulta a retenção de conhecimento e a sua replicação. É conhecido o caso da construção de edificações, que tem problemas de baixa qualidade e precária eficiência técnica. Os ganhos do segmento de edificações construídas para o mercado imobiliário, em oposição aos conjuntos de habitação popular, são originários, principalmente, dos processos especulativos que envolvem a valorização dos terrenos e a diferenciação artificial do produto, isto é, dos apartamentos. Assim, a eficiência na construção de edificações não é um elemento competitivo relevante, embora, com as altas taxas de juros, a diminuição do tempo de construção tenha se tornado um objetivo comum. Mas o custo do financiamento da aquisição de máquinas também é maior, e, com os baixos salários vigentes, a mecanização e automação, no setor, se dá a passos lentos. Devido a essas características, o setor da construção é, predominantemente, pouco inovador e, prioritariamente, importador de tecnologia de outros setores ou dos segmentos de obras tecnicamente mais especializadas. Os fluxos de progresso técnico para a construção civil se derivam do emprego de máquinas mais modernas, uso de novos insumos e mudanças nos processos construtivos. A questão de como aumentar a eficiência na construção civil requer, portanto, soluções integradoras. São bastante conhecidos os efeitos do emprego de novas máquinas e insumos sobre o progresso técnico na construção civil. Mas os fluxos de conhecimento dentro do setor da construção requerem algumas observações. A introdução e difusão de processos construtivos com maior qualidade e mais eficazes se derivam de programas de habitação popular, onde são menores as possibilidades de ganho oriundos da especulação imobiliária e do embelezamento da planta de construção e maiores as vantagens da adoção da padronização, economias de escala e introdução de novos métodos, em geral.

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Assim, o investimento na construção popular pode ser não apenas uma forma de atender a uma necessidade da população como, também, um meio através do qual se pressione, por maior qualidade e eficiência, um setor tradicionalmente avesso à adoção de novas técnicas. O mesmo ocorre em relação às obras públicas. As novas técnicas, ferramentas e máquinas são, usualmente, introduzidas e testadas nas obras maiores, pelas empresas líderes, sendo, posteriormente, difundidas para obras menores, realizadas por firmas sem o mesmo know-how técnico. Desse modo, também há um importante fluxo de progresso técnico entre os diferentes segmentos da construção. Novos produtos são introduzidos, primeiro, na construção pesada e, depois, são difundidos para a construção popular e para o setor de edificações privadas. Outro aspecto que pode impulsionar a adoção de novas técnicas e melhorar o padrão da construção civil no País é um eventual crescimento do custo da mão-de-obra. Por último, cabe mencionar, como origem de inovações dentro do setor da construção, as obras especializadas, como construção metálica, construção submarina, etc. No caso de Minas Gerais, recomenda-se um programa de apoio à pesquisa em métodos construtivos com vistas à melhoria da produtividade e qualidade da indústria de materiais de construção e edificações, com destaque para a construção especializada, como a construção metálica e componentes pré- moldados de concreto, onde se identificam vantagens, e com ênfase na difusão de inovações. É útil que o programa se articule ao FÓRUM DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL do MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO. Mas, dada sua relevância para Minas Gerais, cabe sugerir que o programa tenha um forte apoio na esfera estadual. Uma possibilidade é um programa de apoio, através da FAPEMIG, a centros de estudo da construção civil popular e construção pesada, em faculdades de engenharia e arquitetura de Minas Gerais. Em São Paulo, o INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO tem uma tradicional atuação nesta área. Mas o vínculo dos institutos de pesquisa a universidades pode ser mais útil, uma vez que essas instituições costumam ter maior capacidade financeira para dar suporte à pesquisa continuada. Outra possibilidade é a vinculação dos institutos a consórcios de empresas, que viriam a cooperar na manutenção dos centros, em troca de suporte na recepção de tecnologia transferida. O gasto em pesquisa, em um programa dessa natureza, tem custos relativamente baixos, seus resultados demoram a aparecer e podem gerar inúmeros benefícios. Todas essas características operam no sentido de interessar, ao Estado, dar partida a um programa de pesquisas nesta área, mesmo que as condições macroeconômicas não indiquem a viabilidade de um aumento significativo da construção popular ou dos gastos públicos em obras a curto prazo. De fato, atualmente, a construção popular é praticamente inviável, devido à inexistência de linhas de crédito compatíveis com baixo poder aquisitivo da população e com alto patamar das taxas de juro. Entretanto, uma possível fase de crescimento da economia conjugada a uma política de redistribuição de renda e de financiamento habitacional pode alterar, com rapidez, o quadro atual.

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5.1.2- Materiais de Construção Atrás do setor da construção civil, na cadeia produtiva, estão os segmentos que produzem materiais de construção e, ainda mais atrás, a extração de minerais para a construção civil. A tendência geral da cadeia produtiva é a de aumento do valor agregado da produção de insumos da construção relativamente ao valor agregado pela construção civil propriamente dita. Nesses segmentos, existe um amplo leque de oportunidades de investimento, incluindo muitas possibilidades para micro e pequenas empresas. Os mesmos institutos de pesquisa universitários, encarregados de estudar a construção civil, podem apoiar esses segmentos através de muitas práticas participativas, como seminários, redes de tecnologia, exibição de resultados de pesquisa, transferência de tecnologia, etc. Estudos apontam ainda, como obstáculo ao desenvolvimento dos setores produtores de materiais de construção e de mineração das matérias-primas não-metálicas, do setor de materiais de construção. Devido ao grande número de micro e pequenas empresas, a participação do SEBRAE/MG pode ser útil no apoio à resolução desse problema. Entre os materiais de construção, foi visto, por executivos da cadeia, como promissor, o segmento de artefatos de concreto. Entre os minerais, por sua vez, houve menção a pedras decorativas, como a ardósia, cujas exportações são significativas, e o granito. Quanto a este último, foi informado que a agregação de valor, em Minas Gerais, é muito baixa. Existem casos em que os blocos são transportados para o Espírito Santo em bruto, para lá serem cortados em placas e enviados de volta, para clientes em Minas Gerais. Os materiais elétricos também apresentam boas oportunidades de investimento. Eles são mencionados na seção sobre a cadeia metal-mecânica. Outro setor relevante da cadeia da construção é o setor de cerâmica. O Brasil é um grande produtor e consumidor mundial de cerâmicas de revestimento. Em 1999, o Brasil foi o maior consumidor mundial desses produtos (10,2% do consumo mundial). Seguem-se China, Espanha, EUA e Itália. Os mercados mais dinâmicos, ou seja, com maiores taxas de crescimento da demanda, no período de 95/99, foram México (100%), China (70,3%), EUA (65,1%), Brasil (48,9%), Espanha (38,4%) e Formosa (37,5%). Mas, entre os maiores mercados, apenas os EUA são um grande importador. Cerca de 67% do consumo aparente é coberto por importações. As importações brasileiras são reduzidas. Por isto, não há chance de investimentos para substituição de importações. Parte do parque industrial do setor se situa em São Paulo, relativamente próximo ao Estado de Minas Gerais. Essa localização também dificulta a implantação de novos investimentos, que teriam que concorrer com os produtores paulistas. Os novos investimentos da indústria estão se dirigindo para o Nordeste, devido aos custos de transporte entre os locais de produção atual e esse mercado.

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Também cabe observar que Minas Gerais tem duas fábricas de grande porte de cerâmicas e azulejos que abastecem adequadamente o mercado local. Assim, não há espaço para novos investimentos, com exceção da produção de pisos, que Minas Gerais importa, pagando altos custos de frete. Por último, note-se que pode haver investimento para exportação, preferencialmente voltados para o mercado dos Estados Unidos, maior importador mundial. Mas os produtores de Santa Catarina e de São Paulo estão organizados em pólos de produção e as vantagens desse tipo de organização não são facilmente superáveis. Assim, à exceção da produção de pisos, o setor de cerâmica não deve se constituir em prioridade para a política de investimentos de Minas Gerais. ������������� ��������������������

A cadeia metal-mecânica é a mais importante cadeia industrial do Estado. O capítulo 1 deste trabalho aponta o sucesso de Minas Gerais no desenvolvimento de longo prazo da cadeia metal-mecânica. Entre 1960 e 1999, a participação da cadeia, no produto estadual, aumenta de 37,5% para 51%. Mais ainda, o crescimento dessa cadeia se dá em meio à forte transformação estrutural, com o progressivo aumento da participação dos setores a jusante, entre os quais se destaca a fabricação de automóveis e outros veículos. O desenvolvimento da metal-mecânica, no Estado, é fruto do processo de reversão da polarização de São Paulo. Esse movimento beneficiou, principalmente, Minas Gerais e o Paraná, alcançando, também, outros estados, como a recente implantação da indústria automobilística na Bahia e no Rio de Janeiro. A TAB. 23 evidencia, como o principal problema da cadeia metal-mecânica de Minas Gerais, o porte relativamente pequeno dos setores intermediários. Essa fragilidade está associada à existência de uma forte complementaridade entre os estados de Minas Gerais e São Paulo. Minas Gerais vende, para São Paulo, insumos primários ou pouco elaborados, e compra da indústria paulista produtos mais elaborados, peças, componentes e máquinas. Um dos setores mais problemáticos é a indústria mecânica. Por um lado, afetado pela liberalização das importações e, por outro lado, pela queda da demanda do mercado sob encomenda, principalmente estatal. As maiores empresas do setor se voltaram para novos segmentos e adaptaram seu processo produtivo, principalmente para fornecer para a Petrobrás e para exportação. Ainda de acordo com os entrevistados, as oportunidades de investimento, na cadeia metal-mecânica, são muito pontuais. Foram citadas oportunidades em produtos de aço inoxidável, bens de capital para mineração, fundidos de ferro e aço e na construção metálica.

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TABELA 23

Distribuição Setorial do Valor Agregado da Cadeia Metal-Mecânica nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo e no Brasil

� Minas Gerais Rio de Janeiro1 São Paulo1,2 Brasil1 � ����� �� ����� �� � � ������ �� �� � � ������ � �� �� 30,0 1,4 15,2 13,0 � ����� �� ���� �� ��� � ����� � � �� ������������� 12,4 14,5 20,5 29,2 � ����� �� ���� ����� ��� ����� �� ������� ���� ���� nd 4,0 16,8 nd � ����� �� ������ ����� ������ �� �� �� ������� �������������� � �� � 0,1 4,3 12,5 13,9 � ����� �� ������ ����� ������ �� �� �� ������� ����������� ���� � 1,8 5,4 13,2 8,8 � ����� �� ���� ����� �� ���� ����� �� �� �� 9,7 21,3 13,8 17,3

���� �� ������� !"������ 3,3 5,6 2,3 6,1

# ���� �� ��� 30,2 43,5 5,8 11,8

$ % ������ ��� �� �����&�% � ���� � � ���� ���'� 12,6 0,0 $ % ���� ����� ���� ������ � ��� �� ������ ��� ����� ������ � � ���� ���� nd 0,0 0,1 ������ 100,0 100,0 100,0 100,0 Notas: 1 a indústria extrativa mineral foi alocada à cadeia da construção civil. Os dados não

discriminam entre minerais metálicos e não metálicos. 2 A extração de petróleo e gás foi alocada à cadeia metal-mecânica — ver nota metodológica.

FONTES: IBGE (2000); FIPE (2001); Haddad, & Domingues (2001) e CIDE (2002) Uma discussão pormenorizada do esgarçamento da cadeia metal-mecânica de Minas Gerais é encontrada no Capítulo 1 deste Volume, de autoria do Prof. Mauro Borges Lemos. Já para os setores da base da cadeia metal-mecânica, uma análise detalhada é apresentada no Volume V deste trabalho, assinado pelo Prof. Germano de Paula. Dada a contribuição destes autores, a próxima seção enfoca dois aspectos específicos da cadeia metal-mecânica de Minas Gerais: o setor de componentes eletrônicos e a possibilidade de desenvolvimento de um segmento de instrumentos para apoio à proteção ao meio ambiente. Quanto ao primeiro, embora seu porte, no Estado, seja muito pequeno, este setor é, não apenas um importante difusor de novas tecnologias, como, também, apresenta a maior oportunidade de substituição competitiva de importações. Quanto ao segmento de instrumentos para apoiar a proteção ao meio ambiente, note-se que existem outras possibilidades semelhantes, em que há potencial de mercado para desenvolver um setor de instrumentos, associado a uma atividade de serviços. Dois exemplos são os instrumentos médicos e odontológicos. Por isto, a proposta feita é, também, um exemplo de um conjunto mais amplo de possibilidades relativamente semelhantes.

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5.2.1- Perspectivas para o Complexo Eletrônico no Estado de Minas Gerais5 O complexo eletrônico abrange os setores que produzem bens de consumo eletrônicos (rádio, TV, videocassetes, etc.), equipamentos de telecomunicações, produtos de informática (computadores e seus componentes), software e serviços de telecomunicações e processamento de dados. Observando apenas os segmentos industriais, a TAB. 23 mostra que o setor de fabricação de aparelhos e equipamentos de material eletrônico tem dimensão muito reduzida, em Minas Gerais, respondendo apenas por 0,1% do valor agregado pelo conjunto de cadeias produtivas. Em comparação, o mesmo setor, no Rio de Janeiro, detém 6,3% de participação no valor agregado das cadeias produtivas no Estado e, em São Paulo, 12,5%. A TABELA 24, por sua vez, apresenta a distribuição das 200 maiores empresas de tecnologia da informação por unidades selecionadas da Federação. Empresas de bens de consumo eletrônico não foram consideradas. A participação do Estado de Minas Gerais, em termos de número de empresas, é pequena. Entre as 200 maiores, apenas onze são de Minas Gerais (relação completa na TAB. 25). Em termos de faturamento e número de empregados, a participação de Minas Gerais é ainda menor.

TABELA 24 Distribuição do Número de Empresas, Faturamento e Número de Empregados das 200 Maiores Empresas de Tecnologia da Informação pelo Estado de Origem - 2001

Nº Empresas Faturamento Nº Empregados

Minas Gerais 5,5% 2,5% 2,6% Rio de Janeiro 12,0% 33,0% 27,0% São Paulo 62,5% 55,9% 54,6% Outros Estados 20,0% 8,6% 15,8% Total (%) 100,0% 100,0% 100,0% Total 200 US $ 51,8 bilhões 240.224 FONTE: Info Exame (2002)

O pequeno porte do setor dificulta a geração de externalidades e o acúmulo de conhecimento e, conseqüentemente, diminui a atratividade de novos investimentos.

5 Agradeço o estimulante apoio do Dr. Paulo Villela, Coordenador do Programa de TIC da SECT-MG, para a realização desta seção.

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TABELA 25

Maiores Empresas Privadas de Tecnologia da Informação e das Comunicações do Estado de Minas Gerais

Nome Posição entre as

200 maiores Vendas

(US $ milhões) Nº Empregados

TELEMIG CELULAR 25 478,6 2.014 MAXITEL 36 292,5 nd CTBC TELECOM 38 275,6 925 ENGESET 74 82,6 2.026 CTBC CELULAR 76 81,1 208 RM SISTEMAS 128 23,9 435 DELTATRONIC 160 11,2 130 MICROCITY 164 10,3 61 ATT/PS 169 9,2 124 MSA-INFOR 174 8,7 79 GRUPO A&C 188 6,9 245 FONTE: Info Exame (2002)

Em Minas Gerais, existem dois pólos de fabricação de produtos eletrônicos, um em Santa Rita do Sapucaí e municípios vizinhos, outro no entorno da capital. Segundo os entrevistados, o pólo de Santa Rita do Sapucaí tem duas desvantagens. A primeira se refere ao porte das empresas, em geral pequenas e médias, com estrutura administrativa deficiente. A outra é a concorrência com o pólo de Campinas, que oferece infra-estrutura científica e tecnológica superior. Mas há, também, algumas vantagens. O pólo é muito próximo da cidade de São Paulo (cerca de 120 km) e a gestão do cluster é eficiente. Note-se, também, que o pólo de Santa Rita do Sapucaí é um dos cinco clusters selecionados pelo programa Cresce Minas, elaborado pela FIEMG, para receber apoio do Estado. Embora não se compare à infra-estrutura de Campinas, o pólo de Santa Rita do Sapucaí também se apóia em um conjunto de instituições locais de ensino e pesquisa. Essas são fortemente comprometidas com o desenvolvimento econômico local. Por exemplo, o gestor do pólo é o Pró-Reitor da Faculdade de Engenharia de Itajubá. Entre as empresas maiores, atualmente, a empresa francesa ALSTON está em Itajubá e, segundo entrevistados, a empresa ERICSON está estudando uma parceria na região. De fato, técnicos entrevistados para este trabalho acreditam que a entrada de uma grande empresa, possivelmente estrangeira, poderia alavancar o desenvolvimento do pólo. Esta exerceria o papel de estruturante. Mas enfatizaram a necessidade de forte participação do Governo no processo de atração de empresas desse porte. Citaram, como exemplo dessa dificuldade, o fracasso na atração para Minas do fabricante norte-americano de computadores DELL e da segunda fábrica da EMBRAER. No primeiro, o Estado perdeu a concorrência para o Rio Grande do Sul e, no segundo, para São Paulo. Os entrevistados também ressaltaram que

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algumas empresas do pólo de Santa Rita do Sapucaí estão sendo atraídas para a Bahia, devido aos incentivos fiscais oferecidos, o que pode prejudicar a consolidação dessa aglomeração industrial. Outras formas de desenvolvimento possível é a cooperação tecnológica. A cooperação tecnológica abrange desde acordos técnicos até a formação de joint ventures. A maior empresa do pólo de Santa Rita do Sapucaí, atualmente, é uma joint venture entre uma empresa de Taiwan (PHIHONG) e outra brasileira (PWM), para a produção de carregadores de celulares. O pólo da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) tem empresas com porte maior, como a JABIL (hardware) e a ENGETRON (produção de no breaks). Com a vantagem de ser um grande centro urbano, com maior infra-estrutura técnica e científica do que Santa Rita do Sapucaí, a RMBH tem maiores chances de atrair investimentos em uma empresa estruturante do que a Região do Sul de Minas Gerais. Uma das vantagens do pólo da RMBH é a maior disponibilidade de empresas de software e de serviços de processamento de dados. Isto porque, no complexo eletrônico, há uma forte inter-relação entre os setores de serviços e os setores industriais. Isto porque, devido à convergência tecnológica, os produtos eletrônicos são intensivos no uso de software e outros serviços de teleinformática. O agrupamento de empresas de software, serviços, produção de hardware, órgãos do Governo do Estado e universidades produziu uma comunidade com interesse em promover o desenvolvimento das tecnologias da informação e comunicação em Minas Gerais. A Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais, no seu PROGRAMA DE TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO, congregou essa comunidade, que formulou o PLANO DE DESENVOLVIMENTO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÕES EM MINAS GERAIS (PDTIC MG). O PDTIC-MG tem três grandes objetivos até 2004: "1) colocar Minas Gerais em posição de destaque no cenário das Tecnologias da Informação e Comunicações, em sintonia com a posição ocupada no ranking econômico nacional; 2) fortalecer o sistema de Pesquisa e Desenvolvimento e 3) impulsionar a universalização do acesso". PDTIC (2001, p.1). O PDTIC, entretanto, não se constitui numa política industrial. Seu foco são ações na infra-estrutura, suporte institucional e consumo. Mas essas ações são complementares. Portanto, seria útil ampliar a articulação entre a promoção de novos empreendimentos e o apoio ao desenvolvimento científico e tecnológico. Em particular, no caso da eletrônica, é necessário, como disse um entrevistado, formar um grupo tarefa, para fazer o trabalho de prospecção. A proposta deste trabalho é a de ampliação do PDTIC-MG, para incorporar a dimensão de política industrial, e a sua implantação como um programa estadual semelhante ao programa federal SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO (www.socinfo.gov.br). Cabe, portanto, fazer algumas observações sobre o SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO. Este programa foi instituído pela Presidência da República, em 1999, e é coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Sua proposta é

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enfatizar a inovação tecnológica. Para isto, ele pretende implantar uma infra-estrutura de telecomunicações avançada (uma rede de alta velocidade para pesquisa), que sirva de apoio à criação de novas aplicações e de subsídio para testes. Com as aplicações, espera-se promover o desenvolvimento de sistemas para ampliar a competitividade das empresas instaladas no Brasil, prover políticas sociais (educação, saúde, etc.), diminuir a exclusão digital e aumentar a eficiência do governo (através do governo eletrônico). Alguns participantes do trabalho de criação do PDTIC foram entrevistados sobre a pertinência de criação, em nível estadual, de um programa semelhante ao SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO, como desdobramento do PDTIC. Eles foram, sem exceção, favoráveis à iniciativa e, entre as diversas informações úteis, destacaram pontos importantes, que expomos a seguir: • Existe a necessidade de se fazer um grande diagnóstico do nível de uso do

capital intelectual por parte do parque industrial mineiro. Acredita-se que o grau de difusão das tecnologias da informação e comunicação, em Minas Gerais, é baixo. O empresariado mineiro, além de conservador, não está a par nem do potencial dessas tecnologias nem das oportunidades de financiamento existentes. O emprego atual das tecnologias da informação e comunicação é, principalmente, para substituir 'força muscular' por operação automatizada e, não, para usar os dados e a informação que essas tecnologias geram.

• A educação à distância foi apontada como oportunidade de grande importância para um esforço conjunto das instituições e governo do Estado de Minas Gerais.

• Alguns entrevistados lamentaram que o PDTIC não chegou a ser colocado em prática. Para isto, é necessário que seja feita alocação de verbas, orçamento, cronograma de aplicações e, principalmente, que haja um forte compromisso do governo com o Plano.

• Diversas iniciativas isoladas poderiam ser beneficiadas e participar de um programa estadual para a sociedade da informação, ampliando o alcance do PDTIC. Entre essas, destacam-se os núcleos do SOFTEX, programa de PARQUES TECNOLÓGICOS e a REDE METROPOLITANA DE ALTA VELOCIDADE, além do PROGRAMA DE RECICLAGEM PARA PROFESSORES, da UFMG.

A essas iniciativas, certamente deve-se agregar a participação dos órgãos públicos encarregados da promoção do investimento produtivo, para fomentar o desenvolvimento do complexo eletrônico, em geral, e a atração de empresas estruturantes, em particular. Note-se que a conjuntura econômica é bastante propícia para essa última iniciativa. Como visto anteriormente, aparentemente há, na economia brasileira, um processo de substituição competitiva de importações em curso. As importações de produtos eletroeletrônicos caíram 35%, no primeiro semestre de 2002, em relação a igual período de 2001. A TABELA 26 detalha, por segmento, a queda das importações.

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TABELA 26

Importações do Setor Eletroeletrônico - Janeiro/ Junho de 2002

US$ Milhões Áreas 2001 2002

Var.%

Automação Industrial 468,2 372,9 -20,4% Componentes 3.506,5 2.391,4 -31,8% Equipamentos Industriais 611,5 695,0 13,7% GTD 107,6 104,2 -3,1% Informática 551,3 390,2 -29,2% Material de Instalação 297,8 212,6 -28,6% Telecomunicações 1.502,1 397,8 -73,5% Utilidades Domésticas 209,8 142,8 -31,9% Total 7.254,7 4.707,0 -35,1% FONTE: www.abinee.org.br

5.2.2 Demanda por Melhor Qualidade Ambiental como Oportunidade de Investimento A crescente demanda por uma melhor qualidade do meio ambiente também tem a capacidade de gerar oportunidades de investimento diversificadas. Segundo o especialista Carlos Eduardo Frickmann Young, é difícil delimitar a indústria de equipamentos e produtos para controle e aprimoramento do meio ambiente porque muitos itens são de uso variado, como tubos, usados em saneamento, válvulas, equipamento de decantação, etc. Mas o controle ambiental se dá em vários níveis e, nos níveis mais sofisticados, os equipamentos são mais especializados. Por exemplo, se, no tratamento primário e secundário da água, são usadas técnicas simples como grades, para separar resíduos do líquido, e fossas, no chamado tratamento terciário a complexidade e sofisticação dos equipamentos (tratar contaminação por metais pesados, por exemplo) é muito maior. No setor ambiental, a tendência é de rápida evolução da tecnologia e crescente especialização das técnicas e dos profissionais. Assim, na prática, na área ambiental, há uma conjunção entre a sofisticação dos equipamentos, complexidade da tecnologia e graduação profissional. O setor ambiental, portanto, forma uma área de progresso técnico. Mas, segundo o Prof. Young, em muitos casos, há uma distância entre a estrutura técnico-científica e os organismos de proteção ao meio ambiente. Ele sugere uma política do governo não apenas de incentivo a investimentos na produção de equipamentos e produtos para o meio ambiente, mas uma política integrada, envolvendo um tratamento conjunto das questões de formação profissional, oferta de produtos e serviços, regulamentação, etc. Na formulação e condução dessa política, deveriam participar universidades, instituições de apoio à pesquisa e os órgãos estaduais e municipais de proteção

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ao meio ambiente. A dimensão de fomento à produção deveria incluir atividades como incentivo à formação de incubadoras de empresas (prestadoras de serviços e montadoras de equipamento pró-meio ambiente), certificação de produtos, suporte à transferência de tecnologia, apoio ao patenteamento, disseminação de informação técnica a empresas para permitir adaptação de produtos tradicionais para o uso na proteção do meio ambiente, etc.

5.3- A Cadeia Produtiva Química A cadeia produtiva da química é relativamente reduzida, em Minas Gerais. Um dos poucos segmentos relevantes é o de fertilizantes, localizado no Triângulo Mineiro e Região Sul de Minas Gerais. Segundo Fernando Lage, no momento, não há novas oportunidades de investimento no setor. Do ponto de vista da atração de novos investimentos, o segmento de cosméticos e perfumes é, atualmente, atrativo. Segundo os entrevistados, ‘Minas Gerais já tem longa história em cosméticos’. Existe abundância de mão-de-obra especializada e empresas conhecidas, como a SKALA, em Uberaba, ÁGUA DE CHEIRO e L´AQUA DE FIORI, na RMBH. Além de concordarem que o setor pode crescer, os entrevistados afirmaram que o setor é intensivo em emprego e suas compras são multiplicadoras de atividade, ao envolverem insumos como plásticos e embalagem. Outros segmentos interessantes para novos investimentos são os de biotecnologia e de plásticos. As duas seções seguintes detalham as oportunidades de investimento para esses segmentos.

TABELA 27 Distribuição Setorial do Valor Agregado da Cadeia da Química nos Estados de Minas

Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo e no Brasil

� Minas Gerais Rio de Janeiro São Paulo Brasil � ����� �� ����� �� ���"��� �� ( ��� �������� ��" � ����� 0,0 16,9 22,3 13,8 )� �� ������������� �"�� �� ����� ��������� �� ���� � 2,4 5,8 22,5 11,4 )� �� �������������� � �� 0,0 3,6 15,4 6,2 � ����� �� ����� �� ���� �� �� ����� ����� 25,3 11,2 34,8 15,3 � ����� �� �������� �� ���� �� �� ��� !� ���� �� �� �� 36,7 4,0 26,3 14,1 * �"�� ����� ���� ������� �� ������� ���� �� �� �� 35,6 14,6 1,0 42,1 $ % ���� ����� ���� ������ � ��� �� ������ ��� ����� ������ � � ���� ���� 0,0 43,9 0,0 10,9 ������ 100,0 100,0 100,0 100,0 FONTE: IBGE (2000); FIPE (2001); Haddad, & Domingues (2001) e CIDE (2002)

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5.3.1- O Aglomerado de Biotecnologia Há consenso, entre todos entrevistados e, também, na literatura técnica, sobre a vocação de Minas Gerais para o desenvolvimento da biotecnologia. Por exemplo, o aglomerado de biotecnologia na Região Metropolitana de Belo Horizonte foi escolhido, pelo programa Cresce Minas (www.cresceminas.org.br), como um dos cinco aglomerados a serem privilegiados pela política de desenvolvimento industrial do Estado6. O fator locacional relevante, no caso da biotecnologia, é a infra-estrutura científica e tecnológica. Segundo uma pesquisa do CEDEPLAR-UFMG, existe uma grande concentração de professores-doutores — cerca de 160 — em áreas correlacionadas com a biotecnologia, na mesma universidade. O agrupamento tem forte efeito multiplicador. Em decorrência da sua atividade, outros centros de estudos em biotecnologia estão emergindo em universidades espalhadas por Minas Gerais. Essa é uma vantagem de Belo Horizonte, onde está o principal pólo de biotecnologia da América Latina. Em Belo Horizonte, também está localizada a FUNDAÇÃO BIOMINAS, única incubadora privada do Brasil, voltada para o desenvolvimento de empresas emergentes de biotecnologia. Até maio de 2002, dezesseis empresas passaram pela incubadora, tendo seis delas se graduado. A FUNDAÇÃO BIOMINAS completou, recentemente, um levantamento das empresas que mantêm atividades relacionadas com biotecnologia no Brasil. Ela concluiu que “(...) existem, no País, pelo menos 354 empresas identificadas como elos de produção biotecnológica (...)”. (Lobato, P. — Os Resultados da Pesquisa Tecnológica — Relatório Biotecnologia, Gazeta Mercantil, 13 de maio de 2002, p. C-3). A receita conjunta dessas empresas corresponde a uma participação, no PIB, entre 0,9% e 1,5%. Analisando as empresas por estado de localização, a pesquisa concluiu que “(...) depois de São Paulo, que concentra 42% dos negócios, Minas Gerais já vem em segundo lugar, com 29%, uma participação muito distante da do Rio de Janeiro, terceiro colocado com apenas 9% das empresas.” (Lobato, P. op. Cit.) Entre as empresas do pólo de biotecnologia, a BIOBRÁS, que produz insulina e recentemente foi adquirida por uma empresa dinamarquesa, e a VALLÉE, produtora de vacinas para gado em maior porte, implantaram fábricas em Montes Claros, atraídas por incentivos fiscais.

6 O aglomerado também se espalha para o município de Montes Claros, onde atuam algumas subsidiárias de empresas cuja matriz se situa na capital do Estado.

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5.3.2 O Setor de Plásticos� Embora não tenha sido mencionada, tanto nas entrevistas realizadas, como na literatura consultada, a vocação, em Minas Gerais, para a instalação de um pólo petroquímico, pode indicar a possibilidade de investimentos na produção de alguns tipos de plásticos. Esse potencial não advém do nível atual de demanda, cujas perspectivas de crescimento não são boas, como afirmou um entrevistado. De fato, segundo ele, o investimento mínimo, hoje, para fazer uma nova fábrica, é muito alto, requerendo um mercado substancial. Esse seria apenas o caso da instalação de uma indústria estruturante, estratégica. Por exemplo, o investimento da POLO, empresa que faz o plástico BOPE e concorre com a VOTORANTIM, é de cerca de 40 milhões de dólares. A empresa importa, de outros estados, a sua principal matéria-prima, o polipropileno.

TABELA 28 Principais Segmentos Importadores no Setor de Plásticos (US $ milhões, 2000)

Segmento da Indústria de Plásticos Importações + � �� ������, �� ���� ��- !. �� ������&��� �� � ���� �� ���"�� ��'� 173 . ���"����/ �� �0, �� ���� �&$ �� ���� ����$ �� �������1 ��� � �����. � ���� �����2 ��� �� � ���� 3� � � ������4�5�������4�� �� �� ��� ��. �� ����3+ ��������. ���6 ������ ����� ��� � � �����7 ������ 3+ ���� ����)����� ������� 0'�

145

$ � ����� �� �����, �� ���� �&� ��% ����� ��% �������� ����� � ������������������ 0'� 97 + � �� ������, �� ���� ���. �!. ����� ��� 71 �� ��� ����+ �� ��8 �����+ � �% � ������� �� ���� ��&��� ����"��% �� ����� ���'� 63 + � �� ���, �� ���� ��. �� ��������, �� ���� ��$ ������"�� ����&� � �� � ���� ���"�� ����'� 56 . ���� ����� ��/ � � ���� ��&� ������ � ��� 9 �� � �'���, ������&���� �� ��� �'�� 15 , �� ���� ������)� �0���� ��������$ �� ���� � 14 * �� ����� �� �����, �� �� �� ������, �� ���� �� 10 + ��� ���� ��������, �� ���� �� 3# �� ��� � ��)� � ���������, �������)� � � ��� ��� ����$ �� ���� 10 Total 653 FONTE: SECEX, calculado por Souza (2002)

Mas com o progressivo encarecimento das importações, há espaço para a ampliação do processo de substituição competitiva de importações, como mostra o trabalho de Souza (2002), que relaciona seis segmentos cujas importações são significativas. Para a autora, as principais chances de substituição competitiva de importações ocorrem nesses segmentos. Note-se, também, que a estrutura da indústria de plásticos é caracterizada pela presença de poucas grandes empresas e um grande número de pequenas e médias. Assim, mesmo que não seja visível, atualmente, o mercado para investimentos de grandes empresas, é útil buscar atrair empresas menores, principalmente se essas operarem processos mais intensivos em tecnologia ou fornecerem insumos sofisticados capazes de contribuir para a competitividade ou mesmo atração de outras, situadas mais abaixo sobre as cadeias produtivas.

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5.4- A Cadeia Produtiva de Têxtil e Calçados Segundo os dados disponíveis e as entrevistas realizadas, existem quatro questões centrais na inserção competitiva da cadeia têxtil mineira. A primeira diz respeito à distância em relação à origem da principal matéria-prima, o algodão. Atualmente, o principal pólo produtor de algodão, no Brasil, está na Região Centro-Oeste, distante das fábricas, implicando num custo de transporte significativo. A segunda questão relevante é sobre as fibras sintéticas. A evolução dos produtos têxteis tem sido na direção da crescente participação de matéria-prima sintética e artificial. Mas a indústria de Minas Gerais é especializada em produtos a base de algodão. As fibras sintéticas são, em grande parte, importadas de outros estados. A terceira questão é o baixo peso relativo do setor de confecções. Como mostra a TAB. 29, a participação do setor de confecções, no valor agregado da cadeia têxtil, em comparação com São Paulo e Brasil, é muito pequena.

TABELA 29 Distribuição Setorial do Valor Agregado da Cadeia Têxtil nos Estados de Minas

Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo e no Brasil

� Minas Gerais Rio de Janeiro São Paulo Brasil � ����� �� ��������� ����� ��� � ������� ���� ���� 12,0 61,7 31,1 34,8 � ����� �� ����� ��� �������������� ������ ����� ����� 32,0 8,1 15,0 19,2 )� �� �������( % ���� 56,0 30,2 53,9 46,0 ������ 100,0 100,0 100,0 100,0 FONTES: IBGE (2000); FIPE (2001); Haddad, & Domingues (2001) e CIDE (2002) A resultante das três questões mencionadas, importação de algodão e de fibras sintéticas e pequeno desenvolvimento do setor de confecções, é o nível baixo de autonomia média da cadeia têxtil em Minas Gerais (40%). A diferença, em relação a São Paulo e Brasil, é maior pelo lado das compras, pois a cadeia têxtil mineira compra, na própria cadeia, apenas 27% das suas compras totais, enquanto a cadeia têxtil de São Paulo realiza, na cadeia, 80% das suas compras. A quarta e última questão é a modernização do setor têxtil de Minas Gerais. Trabalho do BDMG (1999) informa que as pequenas e médias empresas do setor têxtil estão mais defasadas do que as empresas maiores. Assim, ao lado de financiar os projetos das grandes empresas têxteis, é útil examinar, mais detidamente, os problemas das empresas menores. Principalmente sua inserção em nichos específicos de mercado. É discutível, entretanto, se os quatro problemas apontados deveriam ter a mesma prioridade de política industrial. Iniciando-se pela questão das fibras sintéticas e artificiais, note-se que esses setores são intensivos em escala e a instalação de novos empreendimentos, em Minas Gerais, pode não ser factível, por provocar excesso de capacidade.

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Sobre um maior apoio à plantação de algodão, observe-se, a esse respeito, que os incentivos fiscais dados à Região Centro-Oeste não atingem o Estado de Minas Gerais, tornando-se difícil a equiparação de vantagens competitivas. Quanto aos setores de fiação e tecelagem, a pesquisa do BDMG refere-se a pequenas e médias empresas. Como há um processo de concentração em curso, nesses segmentos, a viabilidade do investimento em empresas de menor porte deve ser analisado caso a caso. Entre as quatro questões assinaladas, diversas razões contribuem para um interesse em formular uma política de apoio e incentivo ao setor de confecções. O comércio internacional de confecções vem aumentando mais rapidamente do que o comércio internacional global, enquanto este último, por sua vez, vem crescendo mais do que o comércio internacional de produtos têxteis (fiação e tecelagem). De fato, entre 1995 e 2000, o comércio internacional de confecções cresceu 5,9 % ao ano; o comércio internacional, para todos os produtos, cresceu a uma taxa anual de 4,6%, e o de produtos têxteis aumentou apenas 2,6 % ao ano. Há interesse, entre as empresas de Minas Gerais, em seguir essa tendência e trabalhar no sentido de aprimorar seus produtos. Pesquisa do BDMG (1999) sobre o setor têxtil do Estado de Minas Gerais aponta que "A expectativa do setor para o curto prazo é de ampliação das vendas de produtos de maior valor agregado, como vestuário e produtos para o lar, principalmente as pequenas e médias empresas, que estão se organizando em consórcios ou associações para viabilizar o acesso ao mercado externo". (BDMG,1999) Minas Gerais apresenta diversas vantagens competitivas no setor de confecções, como disponibilidade de mão-de-obra relativamente barata, capacitação técnica e matéria-prima (significando, portanto, o adensamento da cadeia). Some-se a isso o fato do segmento de confecções ser uma das poucas atividades industriais na qual a produtividade, na década de 90, não se expandiu significativamente. Dado que sugere a existência de muitas oportunidades para investimentos competitivos. Finalmente, os entrevistados apresentaram-se céticos quanto às perspectivas de um maior desenvolvimento do setor de calçados. A migração da indústria de calçados para a Região Nordeste, comentada anteriormente, também atingiu empresas de Minas Gerais.

5.5- A Cadeia Produtiva Agroindustrial Na comparação com as cadeias dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, nota-se que a mais relevante cadeia de Minas Gerais é a agroindustrial. Seu valor agregado é um pouco menor do que a metade do valor agregado pela cadeia agroindustrial paulista e um pouco menor do que o dobro da cadeia agroindustrial do Rio de Janeiro.

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Os entrevistados demonstraram preocupação com a cadeia agroindustrial que, segundo eles, "(...) vive grande decadência". Essa questão, entretanto, é abordada no primeiro capítulo deste volume. Cabe, entretanto, um comentário sobre o setor de papel, cujas perspectivas são promissoras, de acordo com os entrevistados. Eles apontam que o Estado possui uma fábrica de celulose, localizada próxima ao Estado de São Paulo, grande consumidor de papel. Por essa razão, a seção 5.5.1 apresenta mais dados sobre o setor de produção de papel.

TABELA 30 Distribuição Setorial do Valor Agregado da Cadeia Agroindustrial nos Estados de

Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo e no Brasil

� Minas Gerais Rio de Janeiro São Paulo Brasil 4 ������� �� ����������� �� ������������������� 5,4 39,0 21,2 9,6 � ����� �� ����� �� ���"��� �� ( ��� �������� ��" � ����� 2,2 0,0 0,0 0,0 )� �� ���������� �� ������ �� "�� �� 3,8 32,6 17,2 7,9 )� �� �������������� � �� 0,9 0,0 0,0 0,0 7 �� �"�� ��� �� ������ �� ��������� �� �� �� �������� � � ��� ��" � � 6,7 3,4 4,0 5,9 � ����� �� �����"�� ����� ����� �� ������������ �� ����� �������� �� ��� � 5,2 0,0 2,6 2,3 . �������� ��� ���� ����� ��� ��� 5,7 4,0 2,3 4,7 * ��"���� �� ����� ��� ���� ���������������� �� ��� n.d. 6,2 6,1 0,0 )� �� ���������� � � ��� 2,6 3,8 3,8 1,2 )� �� ��������� �"� � 4,2 0,9 0,5 1,7 . � �� �� � ���� 63,4 10,0 42,3 66,7 ������ 100,0 100,0 100,0 100,0 FONTES: IBGE (2000); FIPE (2001); Haddad, & Domingues (2001) e CIDE (2002)

5.5.1- Papel O setor de papel é favorável a novos investimentos. Por um lado, há uma tendência, no mundo e no Brasil, de aumento do consumo do produto. Por outro, as firmas brasileiras são competitivas e tem condições de melhorar sua participação, tanto no mercado interno como nas exportações globais. O mercado mundial cresceu, nos anos 90, a uma taxa anual média de 3,1%. As regiões de maior crescimento foram Ásia/Oceania (5,3%) e América Latina (3,4%). Apenas na China o consumo de papel cresceu 11% ao ano. A produção mundial está concentrada em quatro países (Estados Unidos, Japão, Canadá e China), que fabricaram mais de 53% do papel consumido no mundo, em 1999. Note-se, entretanto, que há uma tendência à desconcentração da produção. Na década de 90, a produção, na Coréia do Sul, cresceu 8% ao ano e, na Indonésia, 19% ao ano.

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A produção brasileira cresceu, no mesmo período, apenas 4,4% ao ano, taxa inferior, portanto, à observada na produção mundial. Mas há grandes diferenças entre os segmentos. O principal obstáculo à ampliação da produção nacional ocorre no segmento de papel para imprensa, no qual, como mencionado adiante, a produção brasileira está em ampla desvantagem. Nos demais segmentos, a produção nacional vem crescendo rapidamente e é internacionalmente competitiva em muitos segmentos. As exportações brasileiras são concentradas nos segmentos de papéis especiais e papéis para imprimir/escrever. O aumento das exportações, principalmente nesses dois segmentos, fez com que, entre 1990 e 1999, a participação das exportações na produção nacional tenha aumentado de 20% para 29%. O comércio mundial de papel vem crescendo mais rapidamente que a produção. No início da década de 90, o comércio mundial de papel equivalia a 23% da produção mundial e, em 1999, chegou a 29% da produção. Os cinco maiores exportadores (Canadá, Finlândia, Estados Unidos, Suécia e Alemanha) vêm perdendo participação no comércio mundial, abrindo espaço para novos países, com destaque para a Indonésia e a Coréia do Sul. No Brasil, o consumo per capita ainda é muito baixo. Enquanto o brasileiro consumia 37 kilos de papel por ano, em 1997, o consumo per capita, nos países desenvolvidos, superava os 200 kilos por ano. Mais importante ainda é observar que o consumo de papel é bastante elástico em relação à renda. Assim, com o País retomando o crescimento econômico, o consumo de papel aumentará rapidamente. Para ampliar a competitividade e a produção nacional, existem, pelo menos, dois gargalos relevantes. O primeiro ocorre no segmento de papel de imprensa, que é importado sem pagar nenhum imposto, enquanto o sucedâneo nacional paga impostos e taxas diversas como o PIS e a COFINS. Espera-se que esse obstáculo termine com a aprovação de uma lei específica, que está tramitando no Congresso Nacional. Outro problema é o porte relativamente pequeno das empresas nacionais. No setor, em nível internacional, por contraste, crescem as escalas mínimas necessárias para novos empreendimentos. Nesse aspecto, para ganhar escala, o setor deveria passar por um processo de fusões, com a formação de grupos empresariais mais robustos. Os segmentos mais viáveis para novos investimentos são os de papel para imprensa, papel para imprimir e escrever e papéis especiais. Tanto em papel para imprensa como no segmento de papel para imprimir e escrever, as importações são significativas. No primeiro caso, há um problema legal, acima mencionado, a ser superado. Mas no caso do papel para imprimir e escrever, novos investimentos já são viáveis. Principalmente se realizados através da aquisição de máquinas que fazem o beneficiamento de papéis já processados, sem revestimento. Nesse caso, o gasto em um novo projeto é menor, aumentando sua viabilidade econômica.

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Outras oportunidades de investimento estão associadas a potenciais mudanças nas preferências dos consumidores e na tecnologia. De fato, no mercado do papel, observa-se uma freqüente mudança no perfil de demanda. Por exemplo, no Brasil, por um lado, acabou o consumo de sacolas de supermercado e papel mata-borrão. Por outro lado, são cada vez mais usados os filtros de papel e as fraldas descartáveis. As modificações de produtos revelam mudanças tecnológicas e nas preferências dos consumidores. A continuidade desse movimento, principalmente no segmento de papéis especiais, assegura que, freqüentemente, estão se abrindo novas oportunidades de investimento.

6- CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES DE POLÍTICAS Este capítulo tem duas propostas, gerais, que se aplicam a todas cadeias produtivas. A primeira é sobre a organização de programas governamentais para apoiar o investimento e o aprimoramento técnico. Sugere-se que os programas devem variar segundo o tipo de cadeia produtiva. A taxonomia de cadeias produtivas, apresentada na seção 7, é usada para mostrar características dos programas que podem ser seguidos. A segunda conclusão diz respeito à dimensão política dos programas propostos. Na prática, observa-se que esses programas, muitas vezes, fracassam devido à sua baixa prioridade política. Por isso, propõe-se retomar uma iniciativa antiga do BDMG e do Governo de Minas Gerais, as JORNADAS DO DESENVOLVIMENTO. O ponto alto das JORNADAS DO DESENVOLVIMENTO, como visto a seguir, está em um encontro das autoridades estaduais, incluindo o Governador, com as lideranças locais, pactuando o programa de desenvolvimento para as cadeias produtivas relevantes para a região.

6.1- Uma Hierarquia de Programas de Incentivo ao Investimento e ao Aprimoramento Tecnológico Foi argumentado, no início do trabalho, que é importante aliar a política de incentivo ao investimento com a política de aprimoramento técnico/produtivo das cadeias produtivas. Por um lado, esse aprimoramento amplia a competitividade de empresas, setores e cadeias, leva à conquista de mercados e abre novas oportunidades de investimento. Por outro lado, certos investimentos são decisivos para alavancar a capacidade da cadeia em ampliar sua competitividade. Por exemplo, a cadeia eletrônica seria beneficiada pela entrada de uma empresa estruturante, e a cooperação técnica, entre as empresas do pólo de calçados de

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Nova Serrana, poderia ser maior se houvesse mais empresas produtoras de insumos, ferramentas ou mesmo bens de capital para esse segmento industrial. Assim, existe um círculo virtuoso entre ampliação da competitividade e a realização de novos investimentos. Também foi visto que existe uma ampla variedade de oportunidades de investimento no Estado de Minas Gerais. Para entender esse quadro rico e variado, é útil recorrer-se à taxonomia de cadeias produtivas proposta a seguir, que procura indicar tanto a extensão da cooperação técnica como o grau de desenvolvimento econômico da cadeia.

6.1.1- Tipologia para Discutir o Investimento e o Aprimoramento Técnico e Organizacional nas Cadeias Produtivas� Para discutir, de forma associada, as oportunidades de investimento e o aprimoramento tecnológico e organizacional dentro das cadeias produtivas, é preciso levar em consideração a diversidade dos agentes e a intensidade das formas de cooperação. Nesse caso, propõe-se uma tipologia de cadeias produtivas, segundo o grau de desenvolvimento econômico de suas atividades. Essa tipologia é usada, na próxima seção, para classificar e analisar as políticas públicas de apoio ao aumento da competitividade e investimento. • Trabalhadores por conta própria ou micro empresas informais: caracterizam

as cadeias muito atrasadas, como, por exemplo, agricultura em minifúndios ou aglomerações de grupos de costureiras, em favelas ou bairros pobres. A produtividade e qualidade, nesses casos, são muito baixas. A produção é artesanal. Sua vantagem advém, predominantemente, do baixíssimo custo da mão-de-obra ou de habilidades artísticas ou culturais (por exemplo, artesanato). Usualmente, os trabalhadores ou suas pequenas organizações são inteiramente dominados pelo circuito comercial ou pelos clientes, através do financiamento das suas atividades.

• Empresas pequenas, informais ou formais: caracterizam as aglomerações

industriais tradicionais, como pólos de confecções, calçados e de produção de materiais de construção. Um exemplo significativo é o pólo de calçados, em Nova Serrana. O trabalho é realizado em organizações formalmente estruturadas, embora, muitas vezes, sem sequer registro legal. Apesar do baixo nível de produtividade e qualidade e do desconhecimento de métodos de gestão, já há uma preocupação inicial com essas questões (por exemplo, interesse em se saber como melhor calcular custos e preços, como medir a qualidade dos insumos adquiridos e a rapidez da produção; neste último caso, para informar, aos clientes, os prazos de entrega). Há um grau mínimo de automação, por exemplo, um microcomputador e acesso à Internet, para utilização de serviços bancários e envio de mails. As empresas da ponta da cadeia produtiva recorrem a estruturas de comercialização informal, como o comércio de sacoleiros, ou vendem para pequenas lojas.

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• Empresas médias: estão, nesta classe, tanto agrupamentos de empresas maiores, de setores tradicionais, como agrupamentos de empresas menores, de setores intensivos em tecnologia. São agrupamentos de empresas cujo porte e capacitação lhes permitem a adoção de ações coletivas. Portanto, formam clusters, isto é, agrupamentos de empresas que exibem estruturas de interação e produção mais sofisticadas. Por exemplo, organizam feiras, elegem e pressionam políticos, desenvolvem ações de atração, para o local, sobre vendedores de bens de capital e insumos, etc. Muitas já recorrem à organização em células de produção, serviços de consultoria de gestão, etc. Seus serviços administrativos são automatizados e parte da produção também. Suas vendas podem alcançar qualquer ponto do mercado nacional, mas as exportações, em geral, são esporádicas. Em Minas Gerais, um exemplo é o do pólo de Santa Rita do Sapucaí, discutido neste trabalho.

• Empresas grandes: compostos por grandes firmas, estes agrupamentos são

definidos muito mais por relações de compra do que pelo compartilhamento de espaço geográfico determinado. A relação entre as empresas busca seguir as regras do just-in-time externo, isto é, com adoção de regras e controles de qualidade e eficiência. Parte das operações de compra e venda é automatizada. Atingem o mercado nacional e, muitas vezes, são costumeiramente exportadores e/ou importadoras. Possivelmente, o exemplo mais conhecido, em Minas Gerais, é o da FIAT AUTOMÓVEIS.

Note-se, também, que, em muitas cadeias, empresas maiores se relacionam, diretamente, com grande número de empresas menores, formando aglomerações com empresas de tamanho misto. Por exemplo, empresas dos pólos de confecção compram suas matérias-primas de grandes empresas têxteis e, algumas vezes, vendem para grandes cadeias varejistas. Às vezes, existe grande dependência das empresas pequenas em relação às grandes. Por exemplo, quando as grandes fornecem os insumos e know-how, organizam a produção (por exemplo, ditam padrões de produto e de qualidade) e, também, compram o produto final das pequenas. Quanto maior a dependência, mais importante é realizar a análise integrada.

6.1.2- Aplicação da Tipologia a uma Hierarquia de Programas de Política Industrial Antes de apresentar a tipologia, cabe enfatizar que o foco da proposta são as cadeias produtivas e, não, agrupamentos de indústria. Por exemplo, quando se propõe um programa para a Sociedade da Informação ou para a cadeia da construção civil, está-se propondo uma política que, embora enfatizando os agrupamentos existentes, atravessa todo Estado. Trabalhadores por conta própria ou micro empresas informais: este caso é relevante porque nele a política industrial é, na prática, uma política de rendas. Do ponto de vista estrito da contribuição para a produção para o mercado interno e externo, essa é a classe de cadeias quantitativamente menos relevante. Um caso

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particular e potencialmente exportador é o do artesanato, muitas vezes realizado nesse nível de organização. Outro caso, mais comum, é da facção, em que cooperativas de trabalhadores realizam as atividades mais intensivas em mão-de-obra, por encomenda de empresas exportadoras maiores. Muitas vezes, essas cooperativas são, predominantemente, de mulheres, que realizam o trabalho perto de suas residências, onde podem cuidar dos filhos menores. Também estão nessa classe trabalhadores da construção civil (obras de reforma, pequenas construções) e a agricultura familiar. Nessa classe da tipologia, o custo do investimento por oportunidade de negócio é muito pequeno e os principais obstáculos costumam ser de natureza organizacional. Por exemplo, muitas vezes, a produção é dominada pelo circuito financeiro. Nesse contexto, o microcrédito é uma política eficiente de incentivo ao desenvolvimento das atividades. O aprimoramento técnico, no caso dessas cadeias, é, substancialmente, relacionado a mudanças no processo de trabalho, com adoção de novas ferramentas ou, no máximo, máquinas de pequeno porte. Assim, o ensino profissional e outras formas de aprendizado direto são muito relevantes para o aumento da produtividade. Por exemplo, junto à cultura do algodão orgânico, em TAUÁ, Estado do Ceará, atua a ESPLAR, uma ONG conhecida por seu trabalho junto a culturas orgânicas. A ESPLAR tem um escritório na região, que organiza visitas de apoio técnico, onde agentes treinados (outros agricultores), por exemplo, ensinam aos agricultores como fazer as curvas de nível no terreno de cultura. Mas, muitas vezes, existem necessidades sistêmicas cuja superação requer um apoio mais consistente. Em TAUÁ, a ESPLAR implantou e gerencia um laboratório de controle da praga do Bicudo. Na prática, observa-se que existe, no Brasil, uma grande diversidade de organizações oferecendo programas de apoio a comunidades mais pobres. Entre essas, encontram-se grandes empresas, em programas de gestão social, agências de todos os níveis do governo, ONGs e outras instituições privadas como o SEBRAE. A principal característica dessa oferta é a falta de coordenação entre os agentes. Na verdade, essas organizações, muitas vezes, competem entre si. Uma proposta é a de organização de agências locais, que reúnam toda a diversidade de organizações que se interessam por executar programas junto às comunidades mais carentes, que formam esse tipo de cadeia produtiva. Nessas agências, seria realizada a coordenação entre os ofertantes e o planejamento do atendimento à cadeia produtiva e à comunidade — Prochnik (2002). A) Empresas pequenas, informais ou formais: neste grupo estão as cadeias de empresas pequenas de setores tradicionais, como calçados, confecções, materiais de construção (telhas, por exemplo) e pequenas minerações. Nesse nível de organização, as vendas podem alcançar outros estados. Quando os produtos são mais simples e a produção informal, a distribuição comercial também segue canais menos sofisticados, como as redes de sacoleiras.

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Mas já há possibilidade concreta de produção para exportação, através de cooperativas, ou, mais comumente, para exportadores. No último caso, as empresas colaboram para as exportações, terceirizando a produção de firmas maiores, que têm os contratos com os clientes finais. Portanto, elas fazem, predominantemente, atividades de montagem de peças. Nessa classe da tipologia, em geral, os investimentos são incrementais, requerendo uma oferta de crédito com alta capilaridade. As vantagens competitivas essenciais são espúrias, como pagamento de baixos salários, informalidade da produção e recurso a matérias-primas mais baratas e acabamento menos sofisticado. A política do governo, para o aprimoramento da cadeia produtiva, nesse nível de organização, assume o caráter de extensionismo industrial. Outro exemplo seria o pólo de calçados de Nova Serrana (Crocco. 2002). O tipo de organização que gerencia ou lidera esse processo é diferente do anterior, porque essa aglomeração industrial já tem capacitação técnica para organizar o processo de aprimoramento tecnológico. No caso de Nova Serrana, "... o CENTRO DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL — o sindicato patronal local — tem uma ação destacada no sentido de integração entre as empresas. Dentre as suas atividades, se destacam o aluguel de um equipamento de CAD para as empresas; a construção de um laboratório de testes para aferir a qualidade dos calçados produzidos pelos filiados; a oferta de cursos de treinamento de mão-de-obra e a criação, em conjunto com o CEFET, de um curso de técnicos em calçados." — Crocco (2002, p. 5) As estratégias de intervenção bem-sucedidas procuram aliar programas de governo às instituições locais. Em particular, é útil formar um conselho local, do qual participem as principais lideranças empresariais e dos trabalhadores, para funcionar como elo entre o programa de governo e a economia local. B) Empresas médias: este grupo é composto por cadeias de empresas pequenas, de setores mais intensivos em tecnologia, ou empresas médias e grandes, de setores maduros ou tradicionais, fabricando produtos mais sofisticados. Os produtos podem atingir o mercado nacional ou até mesmo serem exportados. Na exportação, elas costumam se encaixar na categoria que vende para produtores em Original Equipment Manufacturing (OEM)7. Seu nível de autonomia, frente aos exportadores, é, portanto, muito baixo. A política industrial e comercial deve procurar formas de conseguir o up-grade para a

7 Produtor em Original Equipment Manufacturing (OEM) é a empresa cliente, que contrata a produção, fornece o desenho, especificações do produto e sua qualidade, incluindo as da embalagem e do empacotamento, e coloca sua marca. O fornecedor controla a produção e o cliente controla a distribuição. Em relação à montagem, o produtor é mais autônomo e o seu aprendizado é mais favorecido. O aprendizado incide tanto sobre operação de produção, como, também, sobre características das operações dos elos para trás e para frente na cadeia produtiva.

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categoria seguinte, ODM, Original Design Manufacturing, que são empresas em que o fornecedor realiza não apenas as atividades do fornecedor para firmas OEM, como, também, fornece o desenho e especificações e gerencia a logística da produção. O fornecedor, entretanto, segue os requisitos do comprador quanto à embalagem e seus rótulos, incluindo o uso da marca do importador. Quanto ao apoio ao investimento, esse grupo está no extrato inferior das empresas que têm acesso ao crédito dos órgãos oficiais. Para elas, a simplificação de rotinas, diminuição de prazos de atendimento e descentralização da oferta de crédito democratizam a difusão do crédito. Em Minas Gerais, como mencionado anteriormente, um exemplo é o do pólo de Santa Rita do Sapucaí. O pólo já conta com um sistema de planejamento próprio. As instituições de ensino locais mantêm intensa troca de experiências com as empresas, na maioria das vezes formadas por ex-alunos — Lemos & Diniz (1998). O que difere esse grupo do anterior é o maior comprometimento com atividades coletivas e um nível técnico mais sofisticado. Na prática, essas variáveis são difíceis de medir. Algumas diferenças, entretanto, são significativas. Por exemplo, nesse grupo há maior recurso ao conhecimento científico. A Universidade, portanto, assume um papel de maior relevância, em comparação com centros técnicos que costumam apoiar a classe anterior. Empresas grandes: são essas empresas as que devem implantar o supply chain management, isto é, o lean retailing (Hammond, 2001). Nesse caso, a política do governo abrange apoio ao financiamento do investimento e da atividade tecnológica, infra-estrutura tecnológica, defesa da concorrência e apoio à comercialização externa e à participação em algumas iniciativas, como consórcios de empresas e universidades. Esses consórcios são particularmente interessantes no caso do desenvolvimento ou adaptação de novas tecnologias, como é, na cadeia têxtil, o caso do HARVARD CENTER FOR TEXTILE AND APPAREL RESEARCH, em pesquisas sobre comércio eletrônico, logística empresarial, etc. Nas perspectivas de exportação, também se aplica, nesse caso, a discussão sobre upgrade das empresas, realizada no item anterior. A categoria seguinte ao ODM é o OBM, Original brandname manufacturing, onde o fornecedor vende o produto com embalagem e rótulo, seguindo suas próprias especificações e marcas de comércio. Algumas empresas já conseguiram esse aprimoramento e estão investindo no exterior. Esses casos devem ser melhor estudados, pois essa é a direção que se preconiza.

6.2- As Jornadas do Desenvolvimento A segunda proposta é uma retomada das JORNADAS DO DESENVOLVIMENTO. As JORNADAS DO DESENVOLVIMENTO foram idealizadas pelo então Presidente do BDMG, Dr. Hindemburgo Pereira Diniz. Elas começaram em 1967, após a

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consecução, pelo Banco, do primeiro Diagnóstico da Economia Mineira, e duraram aproximadamente até 1975. As JORNADAS DO DESENVOLVIMENTO foram eventos que marcaram o apoio do Estado de Minas Gerais a programas de desenvolvimento econômico para suas principais regiões. Elas se constituíram, principalmente, em uma mobilização do Governo para respaldar o planejamento realizado para uma dada região e buscavam assegurar condições políticas para sua efetiva implantação. Uma JORNADA DO DESENVOLVIMENTO é precedida pelo planejamento participativo para a região. Nessa fase, são discutidas as principais linhas de ação para o desenvolvimento regional e acordadas as participações das diversas instâncias do governo. O evento central é uma visita programada, do Governador, políticos mineiros e técnicos do governo federal e estadual a uma cidade-pólo, por alguns dias. Nessa visita, são debatidas questões pertinentes à economia nacional, estadual e local, enfatizando esta última. Muitas vezes, o grupo também vai conhecer algumas das maiores empresas da região. Mas o principal significado de uma JORNADA DO DESENVOLVIMENTO é político. Seu evento confirma o apoio do Estado ao plano de desenvolvimento previamente alinhavado, para todos os agentes participantes. Esse apoio é fundamental, porque a implantação de um plano de desenvolvimento econômico local ou regional pode encontrar muitos obstáculos e resistências não relacionados com a disponibilidade de financiamento das atividades previstas. Mas se o plano tem o suporte direto e claro do Governo do Estado, essas resistências são muito mais facilmente enfrentadas. Assim, fica claro que, para o desenvolvimento econômico estadual, não basta a proposição de planos de governo para o desenvolvimento, como as propostas da seção precedente. É necessário divisar também um mecanismo de apoio político e de sinalização, para os agentes envolvidos, da intensidade desse apoio. A reedição das JORNADAS DO DESENVOLVIMENTO é um instrumento poderoso nesse sentido.

7- APÊNDICE: A DELIMITAÇÃO DE CADEIAS PRODUTIVAS PARA O BRASIL E ESTADOS DE MINAS GERAIS, SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO

O método de delimitação de cadeias produtivas. Este trabalho apresenta a delimitação de cadeias produtivas para o Brasil e os estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Os exercícios de delimitação são feitos a partir das matrizes de insumo-produto para as respectivas regiões. Foram usadas matrizes de insumo-produto indicadas pela TAB. 31.

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TABELA 31 Fonte de Dados Utilizada para Delimitação das Cadeias Produtivas

Região Matriz Insumo-Produto Brasil IBGE (2000) Minas Gerais FIPE (2001) São Paulo Haddad, E. & Domingues, E. (2001) Rio de Janeiro CIDE (2002)

FONTE: Elaboração do autor Nos quatro casos, a delimitação das cadeias produtivas foi feita com base em dados para 1996. Mas as classificações por setor, adotadas nas diferentes matrizes, não são iguais. A compatibilização entre as classificações é discutida na próxima seção.

7.1- O Método de Delimitação de Cadeias Produtivas Para delimitar cadeias produtivas, foi utilizada a metodologia proposta em Haguenauer, Prochnik, Guimarães e Araújo Jr. (1986) e aperfeiçoada em Haguenauer e Prochnik (2000). É preciso esclarecer que o método foi proposto e aperfeiçoado pela primeira autora, Lia Haguenauer. Por essa razão, ele é denominado, aqui, de método Haguenauer. Como visto a seguir, a delimitação de macrocadeias se assemelha a um exercício de identificação de clusters (agrupamentos). A delimitação das cadeias produtivas é realizada em dois passos consecutivos. O primeiro consiste em estimar uma matriz de transações entre setores, diferente, em vários aspectos abaixo relacionados, da matriz de compras e vendas intersetoriais �����������, onde ������� é a matriz de coeficientes técnicos diretos e � é o vetor de produção por setor. Na matriz estimada, procura-se manter apenas as transações que denotam o processo de transformação das matérias-primas, pelas sucessivas etapas de produção. Deseja-se representar a especificidade dos diferentes processos industriais, enfatizando a coesão entre os setores componentes das cadeias. As atividades e setores eliminados são os seguintes: • Vendas de materiais auxiliares (combustíveis, energia, etc.), etc. • Vendas de embalagens (sacaria, vidro, etc.). • Compra e venda de serviços. • Vendas de bens de capital. Isto porque as compras de bens de capital não

são proporcionais ao nível de atividade do processo de transformação. • Produtos para escritório (alguns tipos de vendas de materiais elétricos, etc.). Diversas razões explicam os passos de identificação da matriz de transações usada para delimitar cadeias produtivas. Eles são apresentados e discutidos em Haguenauer et alli (1986); Haguenauer & Prochnik (2000) e Haguenauer et alli (2001) e, por essa razão, não são aqui discutidos.

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O segundo passo é classificar, na matriz de transações assim obtida, os setores em cadeias produtivas. A técnica empregada é bastante direta: a cada setor, são considerados relacionados os setores que são seus maiores clientes e fornecedores. Para isto, tanto pelo lado das compras como pelo lado das vendas, é escolhido um limite de compras (ou vendas) acumulado, para considerar os setores selecionados. Nos exercícios de delimitação realizados, foi sempre considerado o limite de 50%. Assim, a cada setor, foram associados, pelo lado das suas vendas (compras), seus clientes (fornecedores), em ordem de importância decrescente de compras (vendas). A associação de novos setores para quando o volume de compras (vendas) conjuntas dos setores escolhidos iguala ou ultrapassa o limite de 50% das vendas do setor em consideração. Desta forma, as cadeias produtivas são constituídas por conjuntos de setores que realizam, entre si, grande parte de suas transações de compra e venda. Foi necessário escolher um limite para as compras e vendas porque observa-se, na estrutura econômica representada pela matriz de transações, que cada setor transaciona, em maior ou menor grau, com todos os demais. Assim, a decisão de qual é o ponto de corte entre as cadeias é, necessariamente, arbitrária. Mas o método empregado não garante, em diversos casos relevantes, a total separação entre as cadeias. Assim, é necessário efetuar cortes arbitrários entre setores, para se chegar a cadeias produtivas constituídas de sentido analítico. Nos gráficos, as relações que estão dentro do limite de 50%, mas associam setores de cadeias produtivas diferentes (portanto, que sofreram cortes arbitrários) são apresentadas por linhas tracejadas. Por essa razão, uma das características centrais do algoritmo Haguenauer é a sua clareza. À medida que os critérios são mais explícitos (em relação a métodos alternativos, como a análise fatorial, por exemplo), o trabalho do analista de dados é mais simples. A clareza no método facilita a interpretação e debate dos resultados. Por último, note-se a semelhança entre os resultados alcançados nos diferentes exercícios de delimitação. Como visto na próxima seção, as diferenças, de caso para caso, na composição setorial de cada cadeia, são pequenas. O método Haguenauer, portanto, parece ser bastante robusto, o que é outra característica positiva que recomenda o seu emprego.

7.2- Características Técnicas das Matrizes Utilizadas e do Emprego do Método Haguenauer Nesta seção, são explicadas as peculiaridades do processo de delimitação de cadeias produtivas em cada caso. Para a economia brasileira, a delimitação dos complexos foi realizada por Haguenauer et alli (2001). Neste caso, o único procedimento adicional adotado foi

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o de agregar algumas cadeias encontradas por esta autora, para melhor comparar a estrutura da economia brasileira com as dos estados selecionados. A decisão da cadeia maior, na qual se insere a cadeia mais restrita, foi tomada tendo em vista as relações de compra e venda estabelecidas pela cadeia mais restrita. Assim, enquanto Haguenauer et alli (2001) separam um "complexo eletrônico", neste trabalho o complexo eletrônico foi agregado ao complexo metal-mecânico. No mesmo sentido, o setor "indústria papel e gráfica" foi incluído no complexo agroindustrial, diferentemente da delimitação feita por Haguenauer (texto para discussão 786), que considerou este setor como um complexo em si, ou uma cadeia colapsada. As matrizes de insumo-produto para Minas Gerais e para São Paulo resultaram de estimativas realizadas pela FIPE/USP, a partir da matriz brasileira e dados regionais. A mesma metodologia foi empregada em ambos os casos. Por isto, tanto os problemas encontrados, no emprego do método de delimitação, como as soluções divisadas, foram as mesmas. O principal problema adveio do fato de ambas matrizes terem sido calculadas a partir de uma matriz de transações intersetoriais para o Brasil. Não existem, portanto, as matrizes setor-produto e produto-setor. Isso dificulta o emprego do método Haguenauer, pois os produtos a serem eliminados têm que ser estimados. Este é o caso das vendas de anúncios e serviços gráficos, que devem ser zeradas. Mas, como essa atividade tem uma participação muito reduzida, dentro do setor "indústria de papel e gráfica", optou-se por não modificar os valores das vendas do setor "indústria de papel e gráfica". As vendas de óleos combustíveis também devem ser zeradas (matéria-prima auxiliar). Mas a participação deste produto, nas vendas do setor refino do petróleo e indústria petroquímica, é significativa. Por isto, suas vendas foram estimadas e o valor resultante subtraído das vendas do setor refino de petróleo e indústria petroquímica. Algumas vendas de produtos não podem ser caracterizadas como fazendo parte de uma cadeia produtiva. As vendas de vidro, para a indústria de bebidas, são para embalar o produto. Mas o produto embalado não é constituído de vidro. Logo, essas vendas não devem ser levadas em consideração dentro de uma análise de complexos. De forma semelhante, os produtos que tipicamente devem ter algumas de suas vendas desconsideradas são: produtos de material elétrico, artigos de plástico, papel, celulose, papelão e artefatos, álcool de cana e cereais, outros produtos têxteis, outros produtos metalúrgicos e artigos de vidro. Os setores fabricação de aparelhos de material elétrico, indústria de transformação de material plástico e outros metalúrgicos são constituídos por um único produto. Logo, nesses casos, só foi preciso anular normalmente os valores das vendas desses setores, como se fossem os produtos.

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Nos setores de elementos químicos e de indústria têxtil, que são compostos por mais de um produto, foi utilizado o mesmo método do setor refino do petróleo e indústria petroquímica (com relação ao produto óleos combustíveis). Mas, ao invés de desconsiderar todas as vendas dos produtos, como feito com o produto óleos combustíveis, só não foram levadas em consideração as vendas que não fazem parte de uma cadeia produtiva, como a venda de outros produtos têxteis para a agropecuária, que é a venda de sacos apenas para embalar os grãos. No caso dos minerais não-metálicos, que não é constituído apenas pelo produto artigos de vidro, o objetivo inicial era encontrar quanto das vendas de fabricação de minerais não-metálicos de São Paulo para cada setor era na verdade venda de artigos de vidro. A necessidade de se encontrar essa proporção deve-se ao fato de que, na elaboração de complexos, nem todas as vendas de artigos de vidro devem ser levadas em consideração. Vidros são amplamente consumidos, mas, do ponto de vista dos complexos, as compras devem ser levadas em consideração quando os produtos consumidos são utilizados como insumos (tornando-se parte integral do produto), pois desta maneira caracteriza-se a existência de uma cadeia produtiva. Os valores de vendas deveriam então ser anulados, quando não fizessem parte de uma cadeia. O processo utilizado para se encontrar quanto das vendas de minerais não-metálicos era, na realidade, venda de artigos de vidro (os dados não constavam da matriz insumo produto SP 1996), foi de utilização da mesma proporção encontrada na pesquisa industrial anual (PIA), de 1996. É feita, portanto, a hipótese de que a relação produção de vidro/produção de minerais não-metálicos, nos dados da PIA, é igual à relação em São Paulo e que essa proporção é igual para todos os setores. Note-se, também, que as versões disponíveis da matriz de São Paulo e de Minas Gerais são ainda preliminares. Por essa razão, na matriz de transações referente a Minas Gerais, os setores fabricação de outros veículos, peças e acessórios e leite e laticínios, que ainda apresentam algumas inconsistências, não foram incluídos nos complexos. Esses setores foram agregados em um setor à parte, denominado de “outros”. De forma semelhante, na Matriz de São Paulo, ainda existem alguns resíduos que impedem a igualdade do valor bruto da produção calculado na linha e na coluna. Esses resíduos foram alocados a uma linha, junto da linha de valor agregado, denominada de “outros”. Por último, existe a questão de como alocar o setor "indústrias diversas". Este setor foi agregado ao setor serviços, tanto por sua pequena participação no produto dos setores de serviços (na matriz para o Brasil, a participação do setor "indústrias diversas", no setor "serviços", é de apenas 0,66%), como pela composição do setor de serviços. Este setor, por exemplo, já inclui algumas atividades com características bastante próximas às industriais, como a oferta de serviços de utilidade pública.

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7.2.1- Classificação dos Setores por Cadeia Produtiva Com a aplicação do método Haguenauer, são encontradas as cadeias produtivas e delimitadas suas composições em termos de setores. O método tem se mostrado bastante robusto, pois os diversos exercícios de delimitação têm chegado às mesmas cadeias, com composição setorial bastante semelhante. As cadeias produtivas e suas respectivas composições setoriais estão na Tabela 32. Nesse sentido, este trabalho não foi exceção. Na delimitação de cadeias produtivas, nas matrizes insumo-produto de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, foram encontradas as mesmas cinco grandes cadeias, construção civil, metal-mecânica, química, têxtil e agroindústria. Nos três exercícios, assim como no referente à matriz para o Brasil, cuja delimitação em cadeias foi feita por Haguenauer (2001), a cadeia papel e gráfica foi colocada na cadeia agroindustrial. Esse procedimento é justificado pelos dados existentes (o setor agroindústria é seu principal fornecedor) e, também, porque não há uma preocupação com o número relativamente pequeno de setores das matrizes de insumo-produtos. Isto porque, como o trabalho compara quatro matrizes diferentes, a diversidade de situações encontradas é bem ampla, mesmo com o elevado grau de agregação das matrizes. Desde o primeiro estudo — Haguenauer et alli (1986) —, procurou-se delimitar cadeias mais ou menos abrangentes, de forma que as do segundo tipo, os microcomplexos, são parte das do primeiro tipo, os macrocomplexos. Nesse contexto, a cadeia papel e gráfica sempre foi considerada um objeto à parte, pois não tinha dimensões suficientes para se constituir num macrocomplexo, nem seus setores são muito inter-relacionados com outros setores, de forma a constituir um microcomplexo. Mas as diferentes cadeias da cadeia agroindustrial, como café, óleos vegetais e carnes, também têm essa propriedade, são relativamente independentes das demais cadeias agroindustriais. Por essa razão também, e dado o interesse em se trabalhar com reduzido número de cadeias, a cadeia papel e gráfica foi considerada dentro da cadeia agroindustrial. Assim, os quatro exercícios de delimitação considerados levam às mesmas cinco cadeias produtivas. Quanto à composição setorial das cadeias, houve um pequeno número de diferenças entre os quatro exercícios. Embora em baixo número, algumas dessas diferenças têm significado econômico relevante e são, a seguir, apresentadas. A TAB. 32 apresenta as composições setoriais resultantes de todos exercícios de delimitação. Na matriz de Minas Gerais, o setor de farmacêutica e perfumaria foi localizado na cadeia agroindustrial e, não, na cadeia química, como nos outros casos. Isso se deve ao tipo de atividade predominante neste setor mineiro, mais voltado para a saúde animal. Também em Minas Gerais, a extração de minerais, que nos demais estados e no Brasil está na cadeia da construção civil, foi alocada à cadeia metal-mecânica. Ao

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contrário dos demais estados e do Brasil como um todo, em Minas Gerais a extração de minerais metálicos é mais importante do que a extração de minerais não-metálicos. Por último, o setor indústria da borracha que, nos demais estados e no Brasil, está na cadeia química, foi considerado na cadeia agroindustrial em Minas Gerais, porque suas compras são oriundas principalmente desta cadeia. Em São Paulo, o setor de extração de petróleo e gás está na cadeia metal-mecânica, enquanto, nos demais estados e no Brasil, o setor é a base da cadeia química. O motivo é a inexistência de extração de petróleo e gás no Estado de São Paulo, em 1996. Há, entretanto, produção de carvão, que também pertence ao mesmo setor, mas tem seus principais clientes na cadeia metal-mecânica. A matriz do Rio de Janeiro segue uma metodologia um pouco diferente quanto à sua composição em setores. Foram considerados três setores adicionais, não encontrados nos demais estados e no Brasil: indústria fonográfica, ourivesaria e equipamentos hospitalares. Indústria fonográfica está na cadeia química, ourivesaria e equipamentos hospitalares estão na cadeia metal-mecânica.

TABELA 32 Cadeias Produtivas e Respectivas Composições Setoriais

CADEIAS

PRODUTIVAS BRASIL

CADEIAS PRODUTIVAS MINAS GERAIS

CADEIAS PRODUTIVAS SÃO PAULO

CADEIAS PRODUTIVAS RIO DE JANEIRO

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